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APOSTILA PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

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Pesquisa 
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nullnullnullnullnullnullnullnullnullnullSUMÁRIOnullnullnullnull- Processo de construção do conhecimento........................................................................................... 3null- O método em Ciências Humanas e a Pesquisa Social....................................................................... 15null- Métodos e técnicas de Pesquisa Social.............................................................................................. 23null- O funcionamento e o estruturalismo no Serviço Social....................................................................... 39null- Métodos qualitativos e O Serviço Social e suas implicações.............................................................. 51null- Abordagem Compreensiva, Interacionista e Fenomenológica............................................................ 63null- Dialética, Complexidade e Reconstrução do objeto no Serviço Social............................................... 75
SUMÁRIO 
Processo de Construção do conhecimento ..........................................
O Método em Ciências Humanas e a Pesquisa Social ..........................
Métodos e técnicas de Pesquisa no Serviço Social ..............................
O Funcionamento e o Estruturalismo no Serviço Social .........................
Métodos Qualitativos e o Serviço Social e suas Implicações .................
Abordagem Compreensiva, Interacionista e Fenomenológica ................
Dialética, Complexidade e Reconstrução do Objeto no Serviço Social ...
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nullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullnullA vida é melhor para aqueles que fazem o possível para ter o melhor.null
CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
Introdução
Para iniciarmos nossos estudos, você deve rever alguns conteúdos das disci-
plinas Metodologia Científi ca e Teorias Sociológicas, estudadas no primeiro 
período do curso. Nas referidas disciplinas, especialmente as primeiras unidades 
servirão de base para o que você vai estudar a partir de agora. Por exemplo, em 
relação à Metodologia Científi ca, você vai precisar das discussões sobre o conhe-
cimento, dos métodos e das técnicas de pesquisa. Já em Teorias Sociológicas, 
será importante a releitura dos temas relacionados ao início das ciências sociais, 
a abordagem positivista e as metodologias qualitativas. Assim você terá uma 
maior compreensão de como se dá o processo de observação da realidade a 
partir das ciências sociais, bem como suas características centrais e reconhe-
cerá o processo de investigação no Serviço Social, seus aspectos centrais, como 
teorias e metodologias, no processo de investigação, como indispensável para 
a ação do assistente social.
Toda nossa experiência de vida resulta em um processo de construção 
de conhecimentos. Desde os primeiros dias de vida, os estudos na escola, o 
trabalho, o cotidiano dos lares, a amizade e o carinho na convivência com 
as demais pessoas e com os diversos grupos sociais contribuem sobremaneira 
para acumular conhecimentos. Em outros termos, viver é conhecer e produzir 
conhecimentos.
Neste capítulo, você vai estudar sobre como se produz o conhecimento, 
quais seus tipos, sua relação com a realidade, como se dá o processo de inves-
tigação e, concomitantemente, a produção do conhecimento, tendo como foco 
central o Serviço Social. Começaremos com alguns conceitos.
1.1 Conhecimento e realidade: conceituando
Não se conhece algo se não houver uma relação entre o sujeito conhecedor, 
o objeto a ser conhecido e o contexto que envolve o sujeito e o objeto, a partir
de uma realidade. Para começo de conversa, vamos deixar claro quais os signi-
fi cados de conhecimento e de realidade e, em seguida, saber como se dá essa 
relação entre um e outro.
A capacidade do ser humano de vivenciar diversas experiências e arquivar 
na memória tudo o que está a sua frente ou que já passou contribui para o que 
Processo de construção 
do conhecimento 1
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
chamamos de conhecimento. Mas não seria possível conhecer se não tivés-
semos os sentidos e o pensamento. A partir desses elementos, a relação do 
sujeito com o objeto se completa, favorecendo, assim, o conhecimento. Dessa 
forma, a participação do sujeito é fundamental para que haja conhecimento.
A realidade, por sua vez, consiste em um conceito que envolve várias discus-
sões. A questão que se coloca é: o que é realidade? Para saber o que é reali-
dade, é preciso se voltar ao sentido e ao pensamento, elementos já indicados 
como indispensáveis para o conhecimento.
Reflita
Você sabe de fato o que é realidade? Por exemplo, quando você afirma 
que é real o que viu ou o que defende em algum momento, o que o leva a 
crer que é algo real?
Para que você considere algo como realidade, primeiramente é neces-
sária a capacidade de perceber, sentir e relacionar isso com a sua vida 
ou o contexto em que já viveu ou ainda está vivendo. Quando você afirma 
que estudou hoje em uma telessala da sua cidade, mais precisamente na 
sala dois, por exemplo, logo está querendo mostrar uma pequena parte do 
seu dia e que considera muito importante para sua vida. Todavia o que é 
real nessa afirmação só será de fato se você vivenciou essa experiência e, 
por sua vez, tem como provar para determinadas pessoas que queiram ou 
precisam saber.
Você não precisa, é claro, inventar para você mesmo que fez o que disse, 
mas pode precisar provar para o seu patrão, o seu namorado, enfim para 
alguma pessoa. Mas é claro que o que existe ou acontece pode não ser conhe-
cido por alguém, no entanto não deixa de ser real. Todavia, no que se refere à 
demonstração do que existe, isso sim precisa dos elementos essenciais para que 
outras pessoas possam saber de fato que existe ou que existiu o que você afirma. 
Veja, portanto, que está posta a necessidade de saber o que é real e o que é 
realidade. Não é por acaso que a realidade é uma categoria ou um objeto de 
estudo das ciências sociais.
Conforme o Minidicionário Houaiss, realidade é “tudo o que existe de ver-
dade, o que é real” (2004, p. 625). Já no que tange ao real, o mesmo 
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
dicionário afirma que é “aquilo que tem existência palpável, concreta, que 
existe de fato, de verdade”(2004, p. 624).
Quando alguém se refere à questão da realidade, em geral, o que está implí-
cito é a leitura e a compreensão do mundo nos seus diversos aspectos. Assim a 
realidade social, isto é, o que envolve o ser humano e a sociedade têm sido alvo 
de diversas discussões e preocupações por parte dos cientistas sociais.
Para conhecer a realidade, os sociólogos, os antropólogos, os cientistas os 
políticos, os historiadores, entre outros cientistas sociais, adotam determinadas 
metodologias, conforme suas respectivas visões de mundo. Temos, portanto, 
concepções diferentes acerca da forma de se estudar a sociedade, o que, conse-
quentemente, gerou várias abordagens e a adoção de metodologias conforme a 
necessidade apontada pelos pesquisadores; são formas de buscar aprender as 
realidades, as abordagens, como: o positivismo, a fenomenologia, o marxismo, 
a metodologia compreensiva, o estruturalismo e a teoria da complexidade, que 
você vai estudar ao longo desta disciplina.
Saiba mais
Para uma compreensão mais ampla acerca do que seja realidade e conhe-
cimento, leia o livro A construção social da realidade, dos autores Peter 
Berger e Thomas Luckmann. A sua primeira edição é de 1966, mas ainda é 
bastante atual. Há também uma publicação mais recente (2002) feita pela 
editora Vozes. Veja também As novas Sociologias – construções da realida-
de social, de Philippe Corcuff, publicado pela editora Edusc, em 2001.
Agora que você refletiu um pouco sobre conhecimento e realidade, vamos 
tratar dos tipos de conhecimento surgidos ao longo da história da humanidade, 
conforme você já viu em Metodologia Científica. É claro que não é preciso se 
alongar nesse tema, mas é importante retomar conceitos para maior aproveita-
mento e compreensão da importância do conhecimento na sociedade.
1.2 Os tipos de conhecimento
Os tipos de conhecimento fundamentais até os dias de hoje são os seguintes: 
comum (também conhecido como empírico ou popular), religioso (ou teológico), filo-
sófico e científico. São considerados ainda o mitológico e o artístico como formas 
de conhecimento, embora apresentem diferentes formas de perceber o mundo.
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
Reflita
Baptista (1993, p. 2) afirma que “o conhecimento é um instrumental de tra-
balho do profissional na sua ação sobre o objeto e é, ao mesmo tempo, pre-
liminar e concomitantemente à sua construção”. Você concorda com ele?
O conhecimento empírico é o da experiência, do cotidiano de cada um 
de nós que contribui significativamente para agir no mundo, orientar-se e fazer 
as atividades necessárias. Se você tomar como exemplo o estudo que ora 
está realizando, vai perceber que, muito embora esteja envolvido em uma 
atividade acadêmica do curso de Serviço Social, para conseguir fazer o que 
precisa com vistas ao conhecimento e à sua formação, logo precisou antes de 
tudo de uma variedade de conhecimentos a respeito do seu mundo, até mesmo 
para chegar ao seu local de estudo. Veja então que o conhecimento comum é 
indispensável para que você possa alcançar novos conhecimentos mais deta-
lhados e aprimorados, como é o caso da formação que espera alcançar com 
o final do curso.
Quando a experiência em si já não se mostra suficiente para compreender 
determinadas coisas ou assuntos, você logo busca uma forma de conhecer, dife-
rentemente do que fazia, como procedimento normal, raciocinando rapidamente 
para resolver algo, como a simples necessidade de ir à faculdade de ônibus ou 
de carro particular.
Em relação ao conhecimento religioso ou teológico, sabemos que, nos primór-
dios da humanidade, os primeiros habitantes do planeta já buscavam explicar os 
fenômenos ao seu redor, como a chuva, o fogo, o trovão, por exemplo, a partir da 
crença em deuses ou divindades. Dizem que esse tipo de comportamento se deu 
tendo em vista que, quando alguns homens já não sabiam como explicar concre-
tamente por que determinados fenômenos ocorriam à sua volta, alegavam que 
poderia ser talvez pelo fato de que algum deus estivesse enfurecido com eles por 
algum motivo, ou como forma de repreensão pelos seus atos. Assim temos o surgi-
mento do conhecimento religioso como parte dessa perspectiva de explicação das 
coisas a partir de crenças no sobrenatural, nas divindades ou na espiritualidade.
O conhecimento religioso se caracteriza por sua generalidade, simbologia 
e aspecto ético acentuado (JOHAN, 1997).
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
À medida que o homem vai se desenvolvendo, juntamente com a sociedade, 
ele percebe a capacidade de pensar de forma aguçada, o que o leva a refletir 
sobre os diversos assuntos. Nasce então o conhecimento filosófico que, por sua 
vez, possibilitou mais adiante o surgimento do conhecimento científico, que se 
desenvolveu a partir do surgimento da industrialização.
Johan (1997, p. 29) ensina que
A atitude primeira do homem diante da realidade não é a de um 
sujeito analítico que a examina em profundidade, mas a de um 
ser que atua praticamente nas suas relações com a natureza e 
com os outros homens. Por isso ele necessita da reflexão filosó-
fica, através da qual destrói a pseudoconcreticidade e a pretensa 
independência dos fenômenos, demonstrando o seu caráter deri-
vado da essência.
Quando nos referimos à realidade, é indispensável levar em conta a capa-
cidade de pensar, de refletir sobre tudo que faz parte do universo humano. O 
sentimento e o pensamento estão intimamente relacionados à reflexão filosófica, 
o que permite a ação dos indivíduos, dos grupos e de organizações.
Considerando as palavras do autor, sobre a reflexão filosófica, e relacio-
nando com o papel do assistente social, podemos inferir que não faria sentido 
algum o trabalho desse profissional se ele não tivesse a compreensão de que 
sua ação está intimamente relacionada com a filosofia. Isso porque, ao atuar, o 
assistente social age a partir do que pensa sobre o mundo, as coisas e toma as 
decisões conforme sua filosofia adotada como a mais aceitável ou correta por 
ele. Por outro lado, ao pensarmos no trabalho em uma instituição, por exemplo, 
devemos levar em conta a filosofia que movimenta ou direciona as ações dos 
seus dirigentes e empregados.
O conhecimento científico, por seu turno, surge com a necessidade da 
precisão, da comprovação, da organização, tendo em vista o desenvolvimento 
da industrialização. Como você já estudou em Teorias Sociológicas, a ciência 
tem suas bases já na Grécia Antiga; em seguida, avança com o Renascimento 
e o Iluminismo, aprimora-se e segue até os nossos dias com o avanço da tecno-
logia presente em todas as esferas da sociedade.
Cabe à ciência a garantia do desenvolvimento da sociedade da maneira 
mais segura, eficiente e eficaz. Isso é o que se espera da ciência. Mas esse tipo 
de conhecimento não deve ser considerado absoluto ou superior, até mesmo 
porque é feito pelos homens e permeado de interesses e de ideologias. Se 
você tem alguma dúvida sobre isso, lembre-se das guerras, da bomba atômica 
lançada na cidade de Hiroshima, do nazismo e do fascismo, das ditaduras que 
ocorreram na América Latina, entre outras formas de ação humana baseadas na 
ciência e a serviço do poder e de interesses escusos.
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Para o conhecimento científico, a realidade a ser conhecida não se apre-
senta como um objeto à mostra, claro, transparente. Há, sim, uma distinção 
entre as coisas tal como aparecem em um primeiro momento à nossa per-
cepção e como são na realidade (JOHAN, 1997).
O conhecimento apresenta uma estreita relação com a realidade. Ao longo 
da história, o homem foi construindo tipos de conhecimento na esperança de 
alcançar ou de apreender a realidade. Sabemos que o conceito de realidade 
deve ser compreendido a partir da capacidade humana de pensar e de sentirpara depois agir. Também não se pode imaginar ou ter a ciência como algo 
absoluto e superior, do contrário, corre-se o risco de adotar uma conduta faná-
tica em relação a esse conhecimento.
No próximo item, você estudará o processo de observação da realidade e as 
ciências sociais. Trata-se de buscar compreender como as ciências sociais procuram 
explicar as diferentes realidades a partir de metodologias, conceitos e teorias.
1.3 O processo de observação da realidade e as ciências sociais
Observar a realidade requer acuidade e paciência. A tarefa das ciências 
sociais é observar a realidade de maneira que permita à sociedade respostas 
favoráveis às descobertas das causas dos problemas ou dos fenômenos sociais.
Mas é evidente que essa não é uma tarefa fácil de realizar, até mesmo porque 
o objeto de estudo das ciências sociais é por demais complexo, uma vez que se 
trata do homem e da sociedade nas suas mais diversas formas de atuação.
A realidade, como você já viu anteriormente, deve ser compreendida a 
partir da capacidade humana de sentir, de pensar e de agir. Vejamos, agora, 
sobre a forma de observação da realidade por parte das ciências sociais, os 
problemas ou as dificuldades enfrentados pelos cientistas sociais para alcançar 
o que chamamos de conhecimento da realidade.
Os estudos em torno da realidade iniciaram, de forma mais clara, a partir 
do século XIX, quando a Revolução Industrial já produzira diversas situações que 
estão entre o que podemos chamar de aspectos positivos e negativos. Mas não 
devemos esquecer que há muito tempo se buscou compreender os problemas 
sociais, a cultura, a política, a vida em sociedade.
Os filósofos gregos como Sócrates, Platão e Aristóteles abordaram a reali-
dade de diferentes maneiras. Antes desses filósofos já tínhamos também outros 
que apresentaram suas preocupações em torno da vida e da sociedade ou, em 
outros termos, ocuparam-se da vida dos homens.
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Ao longo da história, acontecimentos como o Renascimento e o Iluminismo permi-
tiram diferentes abordagens, agora com uma preocupação com a racionalidade, o 
que favoreceu, portanto, o desenvolvimento das ciências sociais mais adiante.
A questão que surge, quando se trata de estudar a realidade, é a seguinte: 
como estudar cientificamente a realidade? A partir de então, os estudiosos se 
debruçaram para encontrar respostas a essa questão.
Ao se tratar de estudo da realidade, logo podemos nos perguntar: mas que 
realidade? O que chamamos de realidade? Na busca de um caminho para 
o estudo da sociedade, dos problemas, dos fenômenos que surgem na socie-
dade, é que estudiosos como Augusto Comte se basearam nas ciências natu-
rais. Por isso ele pensou na objetividade que a ciência da sociedade, no caso 
a Sociologia, por exemplo, deve ter. Dessa maneira, Comte procura estudar 
a sociedade com a mesma lógica e metodologia usadas nas ciências como 
biologia, física, química e na astronomia.
O precursor do positivismo teve essa ideia porque não imaginava como 
alguém poderia demonstrar objetividade, comprovação dos estudos da socie-
dade, sem uma metodologia que permitisse encontrar as causas dos fenômenos 
ou, em outros termos, encontrar o que se denomina nas ciências de Leis Naturais. 
Nessa perspectiva positivista, só se aceita como ciência o que pode ser mensu-
rado, quantificado, demonstrado estatisticamente ou visto concretamente. Então 
temos, na busca de observação da realidade social, a questão da objetividade, 
isto é, estudar a sociedade tal qual se faz nas ciências da natureza.
Essa questão da objetividade gerou várias discussões e polêmicas nas ciên-
cias sociais por parte de importantes estudiosos da área até os dias atuais. A 
maneira de perceber e de estudar a sociedade nunca foi algo de consenso por 
parte dos intelectuais. No caso dessa perspectiva positivista, Comte buscava 
demonstrar que não havia outro caminho ou metodologia diferente dessa ótica 
da objetividade a partir das Leis Naturais. Esse teórico se colocava contrário 
a toda percepção idealista a respeito do estudo da sociedade. Essa visão é 
também conhecida como objetivismo, que “tem como projeto estabelecer regula-
ridades objetivas (estruturas, leis, sistemas de relações etc.) independentemente 
das consciências individuais” (BOURDIEU citado por CORCUFF, 2001, p. 17). 
O objetivismo dá prioridade ao objetivo na análise dos fenômenos sociais, 
enquanto que o subjetivismo prioriza o subjetivo, a interpretação, ou seja, aquilo 
que não pode ser mensurado e quantificado.
O objetivismo procura seguir as regras rígidas traçadas pelo positivismo. 
Tal procedimento tem sido contestado por diferentes teóricos. Bourdieu cita-
do por Corcuff (2001, p. 17) ensina que “o objetivismo constitui o mundo 
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
social como um espetáculo oferecido a um observador que assume um 
‘ponto de vista’ sobre a ação e que, importando do objeto, age como se 
ele fosse destinado unicamente ao conhecimento”.
Os estudiosos que se colocam contrários ao objetivismo são subjetivistas, 
até mesmo porque não veem como estudar aquilo que é tão complexo, como a 
sociedade, de forma totalmente voltada para o objetivo. É por isso que surgiram 
outras perspectivas teóricas e metodológicas, como a análise compreensiva, de 
Max Weber, que você já estudou em Teorias Sociológicas, e a fenomenologia, 
assunto que você vai estudar mais especificadamente adiante.
Embora tenha sido de grande relevância a contribuição teórica e metodo-
lógica de Augusto Comte no que diz respeito à forma de estudar a sociedade 
e seus fenômenos, os estudiosos que se seguiram demonstraram as lacunas 
deixadas pelo positivismo comtiano. Essas lacunas deram margem para a busca 
de estudos mais voltados para uma visão subjetiva, o que se apresenta como 
uma metodologia qualitativa, enquanto que a outra é quantitativa.
Como o próprio termo já indica, a metodologia quantitativa prioriza o que 
pode ser medido, enquanto a qualitativa prioriza o não quantificável, como é o 
caso de estudar os comportamentos e os sentidos dados às ações sociais.
Agora, para uma maior compreensão a respeito dessa polêmica entre obje-
tivo e subjetivo, vejamos um exemplo de como isso se apresenta no âmbito do 
Serviço Social: o assistente social que atua em uma determinada instituição, em 
geral, está a serviço do que lhe é determinado para realizar. No caso de uma 
intervenção do poder público em uma determinada comunidade, para traçar o 
perfil socioeconômico de sua população, o assistente social é o agente institu-
cional responsável pelo levantamento de dados junto às pessoas para saber as 
condições de moradia, de renda familiar, dos problemas centrais que as pessoas 
vivenciam na sua localidade, entre outros. Para tanto, esse profissional lança 
mão de um questionário, geralmente fechado ou misto, isto é, com perguntas 
para marcar a alternativa correspondente ou com outras para que o informante 
dê a sua opinião sobre a realidade na qual vive. Temos, portanto, o uso de uma 
metodologia quantitativa, tendo em vista que se procura mensurar os dados e, 
em seguida, apresentar o relatório detalhado para a instituição na qual atua. 
De posse dos dados quantitativos, é que se discute com a equipe o que deve ser 
feito para resolver os principais problemas verificados com a pesquisa.
No caso da aplicação de uma metodologia qualitativa, o assistente social atua 
de forma detalhada e comedida, por meio de observações in loco, de entrevistas 
com pessoas da comunidade para saber sobre os principais problemas e como as 
pessoas de lá buscam suas soluções possíveis. O relatório final a ser apresentado 
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
pelo assistente social deve levar em conta tudo o que observou, procurar perceber 
o sentido dado aos problemas encontradospor parte das pessoas da comunidade 
para, em seguida, tirar suas possíveis conclusões. Sobre métodos e técnicas de 
pesquisa no Serviço Social, você vai estudar de forma mais detalhada adiante.
Observar a realidade não é tarefa simples, como se pode imaginar. Cabe aos 
cientistas sociais encontrarem o caminho mais adequado para estudar a sociedade, 
de maneira que se encontrem as respostas necessárias. Com isso, é possível agir 
de forma que proporcione às pessoas uma melhor qualidade de vida e, evidente-
mente, respostas para enfrentar os seus problemas e suas especificidades. Existem 
duas formas de estudar a sociedade: pelo objetivismo ou pelo subjetivismo. Assim 
vemos que é necessária cautela suficiente para buscar estudar e compreender a 
sociedade com os seus respectivos problemas e situações diversas.
Você viu até aqui como se observa a realidade, a partir das ciências sociais. Viu 
também que o estudo da realidade social demanda acuidade para evitar precipita-
ções e interpretações ou conclusões apressadas que não levam a nada. Assim, no 
intuito de garantir segurança e precisão nos estudos da sociedade, surgiram duas 
formas de abordagem da realidade: o objetivismo e o subjetivismo. Aquele prioriza 
o que é mensurável ou quantificável, enquanto que o segundo dá prioridade ao não 
quantificável, isto é, aos aspectos subjetivos presentes nos processos e nas relações 
existentes na sociedade. Cabe ao positivismo a perspectiva objetivista e, por outro 
lado, a abordagem compreensiva, o subjetivo. Assim temos as correntes de estudos 
e análises da sociedade como o positivismo, a fenomenologia, o marxismo, que se 
destacam no que tange aos estudos ou observação da realidade social.
A questão da observação da realidade é uma constante preocupação das 
ciências sociais e, a partir da observação científica, são realizadas as investi-
gações e se produzem novos conhecimentos. Vejamos, a seguir, a relação entre 
investigação, trabalho e produção do conhecimento.
1.4 Investigação, trabalho e produção de conhecimento
Pensar a investigação como dimensão constitutiva do trabalho do assis-
tente social e como subsídio para a produção do conhecimento sobre processos 
sociais e reconstrução do objeto da ação profissional consiste em uma impor-
tante reflexão sobre o Serviço Social e sua prática.
Sabemos que o assistente social tem à sua frente uma infinidade de problemas 
e de necessidades na atuação junto às questões sociais. Portanto não se pode 
prescindir da tarefa da produção do conhecimento na empreitada desse profis-
sional. Para uma ação efetiva e de qualidade que proporcione às populações 
respostas concretas no que tange aos seus problemas, como os relacionados à 
saúde, à habitação, à violência, à prostituição, entre outros, o assistente social 
deve ter uma conduta séria, um faro de pesquisador que lhe permita alcançar o 
sucesso desejado no que se refere à solução dos problemas da sociedade.
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
No próximo item, esse tema (investigação, trabalho e produção de conheci-
mento) continuará como objeto de nossa discussão.
1.5 A investigação na prática profissional em Serviço Social
Baptista (1993, p. 1) assevera que,
No Serviço Social, assumido como profissão interventiva, o 
conhecimento a ser construído pela investigação tem como hori-
zonte não apenas a compreensão e a explicação do real, mas a 
instrumentação de um tipo determinado de ação.
Para uma determinada ação, temos uma intenção e, no Serviço Social, não 
é diferente. As palavras de Baptista nos remetem também à necessidade da 
instrumentação de um determinado tipo de ação. É importante refletir sobre 
essa questão, até mesmo para que não se pense em uma concepção de instru-
mentação pautada no objetivismo e no tecnicismo, o que pode levar a ações e 
conclusões equivocadas sobre o trabalho do assistente social.
Baptista (1993, p. 2) ainda acrescenta que,
No exercício de sua prática, o profissional pode ter diferentes 
motivos para investigar, os quais muitas vezes estão imbricados 
em uma mesma pesquisa. É o motivo “dominante”, o motivo 
“central” que, de certa forma, vai definir a natureza da investi-
gação encetada.
Considerando essa afirmação, a autora destaca três aspectos fundamentais 
na investigação como prática do assistente social. Veja quais são a seguir.
Subsidiar e instrumentalizar a prática.•	
Ampliar a capacidade de “comunicação racional”.•	
Construir conhecimento científico.•	
A respeito do primeiro, a autora chama atenção para a necessidade de 
adquirir conhecimentos condizentes para uma atuação na realidade, o que 
exige o pensamento (lógica), o discurso do conhecimento (aspectos epistemoló-
gicos) e também as técnicas.
O assistente social pode atuar no sentido de dar subsídios e instrumentali-
zação de sua prática, mas sem necessariamente ser um mero técnico indiferente 
aos problemas e às realidades que vivencia junto às populações. Assim passa a 
ser um mero reprodutor do sistema, conformado com determinadas realidades 
que se repetem a cada dia e são alimentadas por meio de práticas que não 
passam de assistencialistas.
Ao contrário dessa postura conservadora, é necessário que o assistente 
social possa “encaminhar suas reflexões e seus resultados em um sentido histó-
rico, social, político e técnico de produção de conhecimentos que tem em vista 
uma prática mais consequente” (BAPTISTA, 1993, p. 2).
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
Observe que a prática desse profissional não significa focalizar apenas o 
cumprimento de determinadas tarefas, como, por exemplo, a aplicação de um 
questionário em um determinado bairro ou setor da cidade. O que move a ação 
do assistente social, pelo menos o que deve movimentar, é a intenção que se 
concretiza em uma determinada ação. Assim, se esse profissional é limitado no 
que tange aos conceitos e às teorias e a uma visão crítica da sociedade, não 
fará praticamente nada que permita uma mudança significativa da realidade na 
qual está inserido e atuando.
A teoria permite a orientação para a incursão no mundo social e apoiado na 
teoria é que se faz a escolha certa dos métodos e das técnicas a serem utilizados 
na prática do assistente social. Somente assim, esse profissional terá condições 
para atuar junto às populações e no trato com as questões sociais.
Sobre a capacidade de ampliação de comunicação racional, conforme as 
ideias de Baptista (1993), deve-se levar em conta que a prática do assistente social 
requer uma reflexão contínua sobre a sua ação e a forma com que vai atuar na 
sociedade. Mas é importante saber que o termo comunicação racional já conduz 
a uma prática consciente, intencional em torno do objeto da ação profissional.
Quanto à construção do conhecimento científico e o Serviço Social, o que 
está em questão é a prática do assistente social, que não deve ser utilitarista 
e muito menos descompromissada com a necessidade de transformação da 
sociedade. Essa perspectiva de transformação necessária, com vistas à solução 
de problemas sociais, requer uma atitude científica. Isso não significa neces-
sariamente uma prática objetivista, mas a elaboração de “conhecimentos que 
permitam aos assistentes sociais responder às exigências pragmáticas de sua 
ação profissional”, como afirma Baptista (1993, p. 8).
A investigação consiste em uma tarefa importante na prática do Serviço 
Social. Sem a consciência de que são necessários conhecimentos teóricos e 
metodológicos para a ação diante das questões sociais, o assistente social não 
logrará êxito no que tange à mudança social e, consequentemente, a solução de 
determinados problemas sociais.
A partir do exposto, podemos inferir que há uma forte relação entre 
conhecimento e realidade; daí que, ao longo do tempo, os seres humanos 
foram buscando compreender o mundo e seus desafiospara viver. Nesse 
sentido, surgiram os tipos de conhecimentos: empírico, religioso, filosófico e 
científico. Tais conhecimentos são fundamentais para o mundo ainda hoje e, 
em função da racionalidade industrial, o conhecimento científico passou a ser 
cada vez mais utilizado. No Serviço Social, temos o uso constante do conhe-
cimento científico, como também uma produção de conhecimento que se dá 
no processo de trabalho do assistente social, tendo em vista as diferentes reali-
dades nas quais trabalha. Com isso, torna-se indispensável a investigação, 
isto é, a pesquisa científica.
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06
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CAPÍTULO 1 • PesqUisA sOCiAL i
No capítulo seguinte, você estudará o método em ciências humanas e a 
pesquisa social. Esse é um tema indispensável para os cientistas sociais e para 
todos aqueles que trabalham com pesquisa social, como é o caso do assistente 
social. Com isso, você poderá aprofundar alguns pontos que foram sinalizados até 
então. Por exemplo, serão destacados os principais métodos em ciências sociais, 
o conceito de metodologia e as abordagens qualitativas e quantitativas.
 
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
O método em ciências 
humanas e a pesquisa social 2
Introdução
Na disciplina de Metodologia Científi ca, você teve oportunidade de 
estudar os conceitos e os aspectos metodológicos básicos para o estudo cientí-
fi co. No capítulo anterior, aprendeu sobre realidade e investigação no Serviço 
Social. Esses assuntos servirão para você fundamentar a questão dos métodos 
nas ciências sociais e, agora, conceituar metodologia de pesquisa e conhecer 
os métodos e os aspectos centrais da pesquisa social em ciências humanas e 
suas particularidades.
Você viu, no capítulo anterior, que, para se conhecer o que chamamos de 
realidade, a partir da capacidade de pensar e de sentir, é preciso pesquisar. 
Para tanto, é necessário sabermos o que queremos com a pesquisa e de que 
forma será realizada. Para isso, precisamos de metodologias. Nas ciências 
sociais, é indispensável que o pesquisador esteja munido de uma metodologia 
que favoreça o caminho mais seguro para atingir os seus objetivos. A fi m de 
assentarmos no tema proposto, um ótimo passo é, primeiramente, saber o que 
signifi ca pesquisar. Como devemos pesquisar? Para que se pesquisa? Questões 
como essas são fundamentais para ajudar a compreender o conceito de meto-
dologia da pesquisa, objeto de estudo deste capítulo. Aqui você terá a oportu-
nidade de saber o que é metodologia da pesquisa e conhecer a metodologia 
qualitativa e a quantitativa, utilizadas no Serviço Social.
2.1 O que é metodologia de pesquisa
Quando nos referimos à metodologia da pesquisa, estamos tratando da 
metodologia científi ca. Pensar em pesquisa nos remete a pensar no que é e 
como se deve pesquisar. Nesse caso, temos necessidade de uma prática cons-
ciente, científi ca, para que sejam alcançados os resultados concretos no que diz 
respeito às questões sociais, objeto de ação do assistente social.
O conceito de pesquisa diz respeito a algo que se busca para atender a 
determinados objetivos, como, por exemplo, saber qual o perfi l socioeconômico 
de um determinado município. Pesquisar é se debruçar sobre uma variedade de 
coisas, situações e problemas que possibilitem atender aos objetivos defi nidos 
pelo pesquisador. Pesquisar é ainda ser criterioso na forma de buscar informa-
ções sufi cientes para responder a determinadas questões.
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CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
Pesquisar é buscar sistematicamente dados para saber sobre as causas e os 
efeitos de um determinado fenômeno. No caso da pesquisa social, pesquisar é buscar 
saber quais os fatores que podem explicar determinados fenômenos sociais, como 
o desemprego, a pobreza, a violência etc. Minayo e outros (2000, p. 17) ensinam 
que a pesquisa é “a atividade básica da ciência na construção da realidade”.
Minayo e outros (2000, p. 25) acrescentam que
A pesquisa é um labor artesanal, que se não prescinde da criativi-
dade, se realiza fundamentalmente por uma linguagem fundada 
em conceitos, proposições, métodos e técnicas, linguagem esta 
que se constrói com um ritmo particular.
Muito pertinente a afirmação dos autores quando relaciona pesquisa com o 
labor artesanal, isso porque a atividade da pesquisa não é algo pronto e acabado 
que deve ser visto como um único padrão. A pesquisa requer trabalho e arte, o que 
se apresenta no cotidiano do pesquisador e nas inúmeras situações com as quais se 
defronta no seu cotidiano, para chegar à resposta de um determinado problema.
Os autores também lembram que a pesquisa implica uso de linguagens, 
conceitos, métodos e técnicas; portanto não se pesquisa sem uma compreensão 
sobre um determinado assunto, ou objeto de estudo. Da mesma forma, é preciso 
saber que caminho o pesquisador deve seguir para chegar a reunir os elementos 
necessários à resolução de determinadas questões.
A metodologia da pesquisa diz respeito à forma como se faz a pesquisa, 
é o caminho a ser percorrido pelo pesquisador para alcançar seus objetivos. É 
ainda, conforme Minayo e outros (2000, p. 16) “o caminho do pensamento e a 
prática exercida na abordagem da realidade”.
Os autores afirmam que
A metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, a 
teoria e a metodologia caminham juntas e intrincavelmente inse-
paráveis. Enquanto conjunto de técnicas, a metodologia deve 
dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz 
de encaminhar os impasses teóricos para o desafio da prática 
(MINAYO e outros, 2000, p. 16).
A metodologia implica o uso de métodos e de técnicas para se chegar a um 
fim. Mas, não é somente isso, como nos alerta os autores. A metodologia implica 
ainda uso de instrumentos e requer do profissional uma visão crítica a respeito 
da realidade na qual vive e estuda.
No Serviço Social, a metodologia da pesquisa é indispensável, contanto 
que o assistente social não conceba a pesquisa como uma mera tarefa de coletar 
dados sem nenhum propósito claro.
As principais metodologias utilizadas no Serviço Social, conforme o objeto 
e os objetivos, podem ser de caráter quantitativo e ou qualitativo. Assim temos 
06
16
CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
uma variedade de métodos e de técnicas a serem utilizados pelo pesquisador e 
assistente social.
A metodologia quantitativa dá prioridade a tudo o que pode ser mensurado, 
como o uso de questionários, escalas, amostragens. O profissional, ao adotar 
essa metodologia, tem uma percepção generalizada, quando confia piamente 
nos dados coletados e transformados em gráficos, tabelas e ou escalas.
Na prática, geralmente o assistente social é impelido a assumir essa conduta 
objetivista. Um exemplo do uso dessa postura se dá na adoção demasiada de 
aplicação de formulários e de questionários junto à população, sem que o profis-
sional tenha a noção de fato da realidade em que foi inserido para trabalhar, 
muitas vezes, pela instituição a que está ligado.
Almeida (2001, p. 1) assevera que
A pesquisa enquanto forma de investigar a realidade social já era 
utilizada pelo Serviço social desde 1917, através da metodologia 
do diagnóstico social criada por Mary Richmond. A autora refere 
“a investigação ou coleta dos dados reais” como primeiro passo 
para a realização do diagnóstico, seguindo-se “o exame crítico e 
a comparação das realidades averiguadas” para ser possível a 
interpretação e esclarecimento da dificuldade social.
A base teórica que orientou por muito tempo a pesquisa no Serviço Social 
era de caráter positivista, portanto mais voltado para o objetivismo, com o uso 
acentuadode técnicas e instrumentos de mensuração da realidade social. A partir 
da década de 80, com o Movimento de Reconceituação, a pesquisa ganha um 
novo enfoque, agora com uma preocupação com o homem e sua totalidade.
O que reclamava o Movimento de Reconceituação era uma maior articu-
lação da teoria com a prática. Almeida (2001, p. 1) ensina que “a pesquisa 
é resgatada como condição básica para a construção teórico-metodológica do 
projeto profissional de ruptura”. Nesse sentido, buscava-se a superação do prag-
matismo tradicional na profissão, conforme acentua o autor.
A partir de então, a pesquisa no Serviço Social passou a utilizar uma 
metodologia do tipo qualitativa, com o uso de técnicas e instrumentos voltados 
para os aspectos subjetivos e comportamentais, antes ignorados na metodo-
logia tradicional.
A pesquisa qualitativa originalmente foi desenvolvida pelos antropólogos e, 
após, pelos sociólogos. Mais tarde foi descoberta por educadores e outras 
áreas do conhecimento (ALMEIDA, 2001, p. 2).
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CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
As principais orientações teóricas que permeiam a abordagem qualitativa 
são: a fenomenologia, o interacionismo simbólico e a análise compreensiva, 
cuja ênfase está no indivíduo e não na sociedade como um todo. Tais aborda-
gens serão estudadas nos capítulos 4 e 5. As principais técnicas de pesquisa 
qualitativa são: estudo de caso, observação participante, história de vida, entre-
vista, entre outras.
A seguir, você estudará o método em ciências humanas e a pesquisa social. 
Perceba como, ao longo do tempo, os cientistas sociais buscaram novos cami-
nhos que os fizessem aproximar de uma explicação mais concreta das reali-
dades sociais, tarefa que não é tão simples.
2.2 O método em ciências humanas e a pesquisa social
As ciências humanas apresentam características peculiares que as diferen-
ciam das chamadas naturais ou exatas. A diferença fundamental está na natu-
reza do seu objeto de estudo: o ser humano e a sociedade. Sem dúvida, trata-se 
de um objeto que exige bastante atenção e paciência da parte do pesquisador.
A partir de agora, serão desenvolvidos os conteúdos sobre os métodos em 
ciências humanas, com destaque para suas particularidades e seus principais 
aspectos. Você vai estudar sobre os principais métodos e técnicas das ciências 
humanas e saber sua importância na investigação da realidade.
Como o nome indica, as ciências humanas se ocupam em estudar o ser 
humano e a sociedade. Você deve estar se perguntando: como é isso? Como 
se estuda o homem e a sociedade? Pois bem, essa é a pergunta que os cien-
tistas sociais fizeram ao longo do tempo e, ainda hoje, continuam a fazer, espe-
cialmente quando precisam realizar alguma pesquisa social. É na busca de 
responder a questões como essa que surgiram as metodologias a serem adotadas 
nas pesquisas que tratam da sociedade. Estamos nos referindo ao método nas 
ciências humanas.
A tentativa de estudar cientificamente a sociedade por parte de estudiosos 
como Augusto Comte, como você já estudou em Teorias Sociológicas e também 
no capítulo anterior deste caderno, baseou-se nos métodos utilizados nas ciên-
cias naturais. Comte pensava na objetividade das ciências sociais tal qual se 
pode encontrar nas ciências seguintes: química, física, biologia, matemática e 
astrologia. Mas por que será que o precursor do positivismo resolveu fazer isso? 
Podemos dizer que, na visão desse estudioso, como as ciências exatas traba-
lham com métodos e técnicas que permitam mensurar, quantificar, experimentar 
para se chegar a um resultado comprovável no que diz respeito à identificação 
das causas dos fenômenos, assim ele imaginou que isso poderia ser feito para 
estudar os fenômenos sociais. Em outras palavras, Comte percebia que existem 
leis naturais na sociedade que a regem, portanto pode ser estudada, assim como 
se faz nas ciências da natureza.
18
CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
Com essa ideia, Augusto Comte funda o positivismo que, mais tarde, influen-
ciaria significativamente os estudos da sociedade. As ciências sociais fundam-se 
sob égide positivista. A sociologia, a antropologia, a economia, o direito, a 
psicologia social, a história passam a adotar, a partir de seus pesquisadores, 
toda uma metodologia que auxiliasse nas pesquisas e nos estudos da sociedade 
de modo claro, objetivo, mensurável e sem rodeios.
A partir de então, os pesquisadores buscam compreender as diferentes 
culturas, a política e as diversas realidades sociais por meio do paradigma positi-
vista, cuja metodologia se coloca a serviço da sociedade industrial e capitalista.
O modelo positivista é adotado como o único considerado científico pelo 
fato de trabalhar com a mesma lógica e metodologia das ciências naturais. Para 
se saber as causas de determinados fenômenos sociais, acreditava-se que, de 
posse de instrumentos e de técnicas de mensuração, tudo seria esclarecido.
A ideia central do modelo positivista de pesquisa e análise da sociedade 
defende a neutralidade científica, de modo que buscou nas ciências naturais a 
metodologia da mensuração e da experimentação.
Observe que essa forma de abordagem você viu também em Teorias Socio-
lógicas, especialmente sobre o positivismo e o funcionalismo em Comte e 
Durkheim, respectivamente.
Em uma sociedade que se industrializava de forma acelerada, esse modelo 
seria suficiente e único para encontrar respostas concretas aos fenômenos sociais; 
pelo menos é o que se esperava. Mais tarde, à medida que as pesquisas e os 
estudos eram difundidos, começou a se formar um ambiente de discussões. De 
um lado, pesquisadores e cientistas sociais pareciam maravilhados com os resul-
tados alcançados. De outro lado, surgiam várias críticas ao modelo quantitati-
vista que também foi acusado de cientificista, devido à “frieza” com que tratava 
as questões sociais.
No positivismo, “a realidade é exterior ao indivíduo e a apreensão dos 
fenômenos é feita de forma fragmentada” (BAPTISTA, 1994, p. 19). Esse é um 
dos problemas centrais da abordagem objetivista. A partir dessa perspectiva, o 
indivíduo é tratado como mero objeto de pesquisa, sem que possa intervir na 
realidade e alterá-la.
Baptista (1994, p. 20) afirma que
As pesquisas orientadas sob esse paradigma utilizam a experi-
mentação, que é uma criação artificial cuja operacionalização 
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19
CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
faz uso de uma lógica hipotético-dedutiva. A metodologia da 
experimentação busca a veracidade ou falsidade de hipóteses, 
validadas por processos dedutivos matemáticos, tipo causa e 
efeito. Os resultados são expressos em número, intensidade e 
ordenação; a realidade é exterior ao sujeito, com interdepen-
dência entre sujeito e objeto; as relações são lineares, ou seja, o 
processo é unilateral entre pesquisa e pesquisador: buscam-se o 
consenso, conhecimentos operacionais, índices quantitativos.
O modelo positivista nas ciências sociais aos poucos dá lugar à abordagem 
qualitativa. Baptista (1994, p. 21) acrescenta que
A abordagem quantitativa, quando não exclusiva, serve de 
fundamento ao conhecimento produzido pela pesquisa qualita-
tiva. Para muitos autores a pesquisa quantitativa não deve ser 
oposta à pesquisa qualitativa, mas ambas devem sinergica-
mente convergir na complementaridade mútua, sem confinar os 
processos e questões metodológicas a limites que atribuam, sem 
confinar os processos e questões metodológicas a limites que atri-
buam os métodos quantitativos exclusivamente ao positivismo ou 
aos métodos qualitativos ao pensamento interpretativo, ou seja, a 
fenomenologia, a dialética, a hermenêutica.
Observe que a autora não ignora o uso da metodologia quantitativa quando 
se refere à qualitativa, mas lembraque uma pode muito bem ser usada com a 
outra. Não se esqueça de que estamos tratando de ciência e, portanto, trabalhar 
com a abordagem qualitativa é mais uma opção do pesquisador, no sentido de 
vislumbrar os aspectos internos, isto é, interpretar, buscar uma explicação do 
fenômeno social a partir de dentro. Isso significa considerar os valores, inten-
ções, ideologias, crenças, comportamentos, por exemplo.
Na metodologia qualitativa, em vez da objetividade, damos lugar à subje-
tividade, à interpretação. Essa perspectiva ajuda a uma maior compreensão do 
fenômeno, uma vez que o pesquisador passa a dar maior atenção ao informante 
e à sua realidade.
Reflita
De que forma devemos utilizar as abordagens quantitativas e qualitativas? 
Quando e como podemos trabalhar com essas perspectivas metodológi-
cas? Será que devemos nos ater apenas a uma metodologia para pesquisar 
e atuar no Serviço Social?
É importante saber que o fato de ter surgido outra proposta metodológica, 
em contraposição ao objetivismo, como é o caso da análise interpretativa, não 
20
CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
significa que agora o pesquisador deve se apoiar apenas nessa nova metodo-
logia para atender a todas as necessidades de análise social. É para isso que 
Baptista (1994) chama a atenção.
Para atuar com base no objetivismo, o assistente social se utiliza de instru-
mentos e técnicas de mensuração dos dados. Assim faz uso de questionários, esta-
tísticas, escalas de experimentação. Em vários casos, é evidente que é necessário 
esse tipo de abordagem da realidade. Mas, por outro lado, não se deve ter o 
objetivismo como único e perfeito para a análise e a compreensão dos fenômenos 
sociais: pobreza, violência, prostituição, corrupção, desemprego, entre outros.
No caso da adesão à análise interpretativa, o assistente social prioriza as 
formas de inserção da realidade que permitam compreender os fatores subje-
tivos, os motivos das ações sociais, os comportamentos, entre outros.
As pesquisas qualitativas fazem uso de instrumentos e técnicas como a 
observação participante, a história de vida, o estudo de caso, a história oral, 
a análise de conteúdo, as entrevistas, a pesquisa-ação e os estudos etnográ-
ficos, como aponta Baptista (1994). Esses métodos e técnicas de pesquisas serão 
trabalhados no capítulo subsequente.
Saiba mais
Existe uma gama de obras sobre as metodologias qualitativas, entre elas, 
você pode encontrar o livro Metodologias qualitativas na sociologia (Pe-
trópolis: Vozes, 1987) da autora Tereza Maria Frota Haguette. Trata-se de 
uma importante obra referente ao assunto e nele você pode encontrar as 
principais abordagens qualitativas, tais como: a fenomenologia, o intera-
cionismo simbólico, além dos métodos e das técnicas, como: entrevista, 
observação, história de vida, história oral, as quais são, também, utiliza-
das no Serviço Social. Veja também A arte de pesquisar, de Mirian Gol-
denberg (Rio de Janeiro: Record, 1999), que trata de como fazer pesqui-
sa qualitativa em ciências sociais. A autora trabalha com questões como 
métodos e técnicas qualitativas e destaca as implicações e a importância 
dessa forma de pesquisar.
Os métodos nas ciências humanas requerem uma postura da parte do 
pesquisador ou do cientista social de muita atenção, paciência e, acima de 
tudo, atitude crítica. O objeto de estudo das ciências humanas é de natureza 
diferente das ciências naturais ou exatas. Por isso necessita de flexibilidade para 
a pesquisa e a análise da realidade. Na busca da objetividade, predominou por 
muito tempo o paradigma positivista, o que levou a uma conduta indiferente da 
parte do pesquisador com os sujeitos/indivíduos, verdadeiros responsáveis pela 
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CAPÍTULO 2 • PesqUisA sOCiAL i
realidade social. As lacunas deixadas pela prática objetivista levou à formu-
lação de novos métodos e técnicas de análise social: a metodologia qualitativa, 
com prioridade para a interpretação da realidade.
A partir do que foi visto neste capítulo, é importante que você tenha perce-
bido que a pesquisa é indispensável para se chegar à compreensão de um 
determinado fenômeno. Para tanto, é necessário o uso de uma metodologia 
adequada, de modo a proporcionar ao pesquisador e ao profissional das ciên-
cias sociais elementos suficientes para a compreensão das realidades.
Ao relacionar com o Serviço Social, você deve ter percebido nas metodolo-
gias qualitativas e quantitativas formas de busca de compreensão e de explicação 
da sociedade. Em outros termos, significa a utilização de uma conduta científica, 
seja a partir de um olhar da objetividade ou da subjetividade. O uso do modelo 
subjetivo não significa adotar uma prática alheia à ciência, nem descartar total-
mente a objetividade, mas sim optar por uma conduta flexível e introspectiva.
No próximo capítulo, você estudará sobre métodos e técnicas de ação e 
de pesquisa no Serviço Social. Serão destacados os principais métodos e as 
técnicas de pesquisa e de ação no Serviço Social e sua importância para a 
análise das realidades e das questões sociais.
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
Métodos e técnicas de 
pesquisa no Serviço Social 3
Introdução
No primeiro capítulo, tratamos do conhecimento e da realidade e, no 
segundo, dos métodos em ciências humanas e da pesquisa social. A releitura 
dos temas abordados até então servirão de suporte para você articular a questão 
da prática do Serviço Social com seus métodos e suas técnicas, como também, 
as implicações das metodologias utilizadas nessa área.
O Serviço Social, assim como qualquer outra área, necessita de métodos e 
técnicas para a pesquisa e a ação. O assistente social tem diante de si o desafi o de 
trabalhar com o que é por demais complexo, ou seja, o ser humano e a sociedade. 
Isso envolve valores, interesses, poder, ideologia, entre outras necessidades na 
relação do indivíduo com a sociedade. Nesse sentido, para a prática do Serviço 
Social, o assistente social necessita saber quais as principais formas de ação 
profi ssional junto às diferentes realidades que se apresentam no seu cotidiano. Isso 
signifi ca pensar em questões como as seguintes: o que fazer, como, por quê, para 
quê, com quem e quais os possíveis resultados que serão alcançados. Essas são 
algumas perguntas que se fazem presentes toda vez que se precisa trabalhar com 
as questões sociais. Com isso, o assistente social precisa de uma metodologia que 
lhe dê suporte para atingir os objetivos do seu trabalho.
Neste capítulo, você vai estudar sobre os métodos e as técnicas de pesquisa e 
de ação utilizadas no Serviço Social. Serão trabalhados os principais aspectos da 
pesquisa quantitativa e qualitativa e suas implicações quanto ao Serviço Social.
3.1 Os métodos e as técnicas no Serviço Social
O trabalho do assistente social demanda uma gama de recursos teóricos e 
metodológicos necessários para atender à sociedade e ao próprio profi ssional 
da área. O Serviço Social se detinha em um tipo de trabalho voltado para o 
atendimento social, mais especifi camente de uma maneira sutil, sem uma preo-
cupação maior com a mudança social.
Na verdade, como você já estudou em disciplinas anteriores (como em 
Introdução ao Serviço Social e Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos 
do Serviço Social), o trabalho do assistente social se resumia a ações isoladas, 
no auxílio aos menos favorecidos, mas como se fosse uma ação de caridade, 
de modo que via no assistido um problema isolado, alheio aos mecanismos que 
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
mantêm a estrutura injusta da sociedade e ao modeloeconômico e social respon-
sável pela desigualdade social.
A forma de pesquisa e de prática do Serviço Social nasceu com base em uma 
perspectiva teórica e metodológica positivista; o que significa ter uma postura 
dos problemas sociais conforme a lógica e os interesses da sociedade industrial 
capitalista. Na prática, o assistente social atuava de forma pontual, munido de 
instrumentos e técnicas objetivistas: formulários, questionários, experimentos.
Como aponta Quadrado (s/d, p. 1), a pesquisa enquanto forma de investigar 
a realidade social já era utilizada pelo Serviço Social desde 1917, por meio 
da metodologia do diagnóstico social criado por Mary Richmond. Essa autora 
refere “a investigação ou coleta dos dados como reais”, como primeiro passo 
para a realização do diagnóstico, seguindo-se “o exame crítico e a comparação 
das realidades averiguadas” (RICHMOND citado por QUADRADO, s/d, p. 1) 
para ser possível a interpretação e o esclarecimento da realidade social.
No Brasil, a metodologia quantitativa foi também por muito tempo a prin-
cipal forma de prática do Serviço Social, seja no que diz respeito à ação ou à 
pesquisa social. Somente com o Movimento de Reconceituação, nos anos 80, é 
que a pesquisa é resgatada como condição básica para a construção teórico-me-
todológica do projeto profissional de ruptura.
Você já viu sobre a metodologia quantitativa, suas características gerais e 
principais aspectos. Agora, vejamos sobre essa metodologia no Serviço social.
3.2 Métodos quantitativos no Serviço Social
Já sabemos que a metodologia quantitativa prioriza os aspectos que possi-
bilitam a mensuração dos dados: questionários, estatísticas, experimentação, 
amostras. No Serviço Social, essa metodologia, embora tenha sua importância, 
tem contribuído muito mais para uma prática conservadora. Não se pode negar 
a relevância dos métodos quantitativos para verificar algo da realidade social; 
o que não deve haver é uma supervalorização do uso de métodos e técnicas 
quantitativas, o que leva a falhas na percepção da realidade, uma vez que há 
uma forte tendência a considerar realidade apenas o que pode ser medido por 
meio de estatísticas, gráficos, tabelas ou demonstrado com experimentações.
Reflita
Considerando o uso da metodologia quantitativa, por meio de questioná-
rios, estatísticas, amostras, escalas, por exemplo, em que medida essa for-
ma de abordagem pode ser utilizada, de modo que não favoreça uma con-
duta extremamente técnica por parte do profissional assistente social?
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24
CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
O Serviço Social, quando se preocupava apenas com o diagnóstico quan-
titativo de uma dada realidade social, deixava de lado determinados aspectos 
da realidade que não apareciam nos dados quantitativos. Isso levava a inter-
pretações muitas vezes precipitadas e atitudes de indiferença no que se refere à 
relação pesquisador e pesquisado – no caso, assistente social e assistidos.
A metodologia quantitativa surgiu a partir da necessidade de se ter algo 
concreto que possibilitasse uma compreensão acerca de determinados fe-
nômenos sociais. O termo quantitativo diz respeito à quantidade, isto é, 
aquilo que pode ser mensurado.
Minayo e outros (2000, p. 30) nos ensinam que
A questão do quantitativo traz a reboque o tema da objetivi-
dade. Isto é, os dados relativos à realidade social seriam obje-
tivos se produzidos por instrumentos padronizados, visando a 
eliminar fontes de propensões de todos os tipos e apresentar uma 
linguagem observacional neutra.
Como destacam os autores, a questão da objetividade constitui uma preocu-
pação central à necessidade de objetividade, isto é, daquilo que pode ser demons-
trado com propriedade e segurança, a ponto de não deixar nenhuma dúvida. Com 
isso, surge o quantitativismo na pesquisa social, o que significa o uso indiscrimi-
nado de instrumentos e técnicas como questionários, formulários, tabelas, amostras, 
escalas, experimentos, entre outros recursos que possibilitem a mensuração.
Para os adeptos da metodologia quantitativa, a realidade social poderia ser 
mensurada de tal forma que seria possível o controle total de determinados 
fenômenos sociais. Mas o uso de métodos e técnicas quantitativas, embora 
tenha sua importância, pode iludir o pesquisador na busca da objetividade. 
Por exemplo, não é pelo fato de se ter aplicado um questionário, utilizando 
estatísticas, que se deve ter como verdade absoluta uma determinada pes-
quisa. Foi por isso que surgiram os métodos e as técnicas qualitativos, os 
quais percorrem um caminho diferente da perspectiva quantitativa.
Optar pela metodologia qualitativa é adotar um caminho oposto ao da quan-
titativa. Esse tipo de pesquisa se preocupa “nas ciências sociais, com um nível 
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
de realidade que não pode ser quantificado [...] trabalha com o universo de 
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes”, afirmam Minayo 
e outros (2000, p. 22).
Esse tipo de metodologia se opõe à objetividade e à rigidez adotada na 
quantitativa. Qualitativo significa se preocupar com a qualidade e não com a 
quantidade. Aspectos comportamentais, significados, valores, costumes, entre 
outros aspectos, são estudados a partir da abordagem qualitativa. Você vai 
estudar mais detalhadamente esse assunto nos capítulos 5, 6 e 7.
Para alguns autores, como é o caso de Minayo e outros (2000, p. 15), o 
“objeto das ciências sociais é essencialmente qualitativo. A realidade social é 
o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com toda riqueza de signifi-
cados dela transbordante”. Veja, portanto, como as ciências sociais apresentam 
fortes discussões, como esta que você pode perceber: será que devemos utilizar 
somente uma dessas metodologias e ignorar a outra? Evidentemente que não, 
pois ambas têm sua importância no estudo dos fenômenos sociais.
Para atender à necessidade de compreensão dos fenômenos sociais, as 
ciências sociais, entre elas a Sociologia, nasceram com base positivista, de 
modo a priorizar uma metodologia quantitativa para o estudo da sociedade. 
Foi com o processo de industrialização que a pesquisa social se desenvolveu. 
A dinâmica social protagonizada pelo surgimento das indústrias, pela urbani-
zação e pelo mercado demandou estudos diversos com vistas à formação de 
uma sociedade organizada.
Reflita
Você já pensou sobre as diversas necessidades que uma cidade tem para 
atender à sua população? Se você parar para pensar sobre a estrutura de 
uma cidade, como residências, comércio, indústrias, áreas de lazer, entre 
outros espaços, perceberá que tudo demanda um mínimo de organização 
e, consequentemente, conhecimento.
Os estudos realizados acerca das populações e de suas demandas têm 
contribuído significativamente para que os gestores das cidades saibam que 
ações devem ser realizadas a curto, médio e longo prazo.
É de posse dos indicadores sociais que é possível adotar medidas necessá-
rias para as áreas como: saúde, educação, moradia, segurança, entre outras 
necessidades sociais. Você já estudou na disciplina de Indicadores Sociais como 
os dados quantitativos são fundamentais para a compreensão de determinados 
aspectos da realidade social.
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
Baptista (1994, p. 25) nos ensina que,
Ao invés de serem excludentes ou opostas, as técnicas qualita-
tivas e quantitativas, se devidamente utilizadas em uma pesquisa, 
poderão ser igualmente eficazes no aproveitamento e conheci-
mento do tema em estudo. O importante é ressaltar que o pesqui-
sador deve não só estar seguro das referências teórico-metodo-
lógicas em que se está apoiando para que possa transitar e semovimentar sem se sentir em uma camisa de força de uma ou 
outra linha metodológica.
A pesquisa social pode ser feita com base em métodos quantitativos ou 
qualitativos. Estes últimos têm sido bastante priorizados para o estudo de ques-
tões sociais. Não se pode radicalizar quanto à importância desta ou daquela 
metodologia, mas é importante saber até que ponto uma complementa a outra. 
O surgimento de estudos com bases qualitativas trouxe importantes descobertas 
e contribuiu para se ter uma visão mais ampla sobre determinadas realidades.
No Serviço Social, o uso das duas metodologias (quantitativa e qualitativa) 
pode ser encontrado em diversas situações. Conforme você já estudou até aqui, 
nota-se a predominância de técnicas quantitativas, especialmente quando se 
usam questionários, formulários, dados estatísticos, amostras, escalas e outras 
formas de mensuração de dados da realidade social.
As duas metodologias têm sido fundamentais para estudar aspectos da reali-
dade social. Quando se precisa saber sobre índices da saúde, da segurança, 
sobre moradia, epidemias, entre outros, os dados quantitativos são indispensá-
veis. As diversas organizações da sociedade, como empresas, escolas, hospitais, 
prefeituras e demais órgãos (públicos ou privados), em geral, para fazer algum 
tipo de acompanhamento de qualquer segmento da sociedade, necessitam levar 
em conta os dados quantitativos.
É importante também saber que dados quantitativos podem ser utilizados 
para fazer uma leitura qualitativa de determinada realidade social. Portanto 
não se deve pensar em utilizar apenas uma metodologia em qualquer pesquisa 
social. De acordo com objetivos e objeto a ser estudado, é possível escolher 
instrumentos e técnicas qualitativas e ou quantitativas.
Saiba mais
Entre os vários livros de métodos e técnicas temos, também, na área de 
Serviço Social uma excelente produção. Indicamos, para você aprofundar 
o assunto desenvolvido neste capítulo, a obra A pesquisa em Serviço Social 
e nas áreas humano-sociais, organizada por Heloísa de Carvalho Barrili e 
outros autores, publicada pela editora Edipucrs, em 1998. Aproveite!
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
3.3 Instrumentos de coleta de dados em pesquisa quantitativa
Toda pesquisa necessita ser feita com instrumentos e técnicas que favoreçam 
ao pesquisador uma percepção mais ampla possível sobre o problema estudado. 
Assim, ao longo do tempo, os cientistas sociais foram criando pouco a pouco um 
leque de instrumentos e de técnicas, conforme as necessidades e os contextos 
nos quais se encontravam. Veja alguns aspectos desse tipo de abordagem.
3 .3 .1 Amostragem
Lakatos e Marconi (1991, p. 30) ensinam que “a amostra é uma parcela conve-
nientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo”.
As amostras podem ser: a) simples, b) sistemáticas, c) aleatórias de múltiplo 
estágio, d) estratificada proporcional e estratificada não proporcional, e) por 
conglomerado, f) por tipicidade, g) por quotas.
As autoras descrevem cada tipo de amostra e apresentam as suas vantagens 
e desvantagens. Observe o quadro a seguir.
Quadro 1 Tipos de amostras – um comparativo.
TIPO DESCRIÇÃO VANTAGENS DESVANTAGENS
1. Aleatória 
simples
Atribuir a cada •	
elemento da 
população um 
número único.
Selecionar a •	
amostra utili-
zando números 
aleatórios.
Requer o mínimo •	
de conhecimento 
antecipado da 
população.
Livra de possí-•	
veis erros de 
classificação.
Facilita a análise •	
de dados e o 
cálculo de erros.
O conhecimento •	
da população, 
que o pesqui-
sador possa ter, 
é desprezado.
Para a mesma •	
extensão da 
amostra, os 
erros são mais 
amplos do que 
na amostragem.
2 . Sistemática
Usar ordem •	
natural ou 
ordenar a 
população. 
Selecionar ponto 
de partida 
aleatório entre 1 
e 10.
Selecionar •	
a amostra 
segundo 
intervalos 
correspondentes 
ao número 
escolhido.
Dá como efeito a •	
estratificação e, 
portanto, reduz 
a variabilidade 
em compa-
ração com A, 
se a população 
é ordenada 
com respeito 
à propriedade 
relevante.
Simplifica a •	
colheita de 
amostra; permite 
verificação fácil.
Se o intervalo •	
de amostragem 
se relaciona a 
uma ordenação 
perió dica da 
população, 
pode ser intro-
duzida variabili-
dade crescente.
Se há efeito de •	
estratificação, 
as estimativas 
de erro tendem 
a ser altas.
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
TIPO DESCRIÇÃO VANTAGENS DESVANTAGENS
3. Aleatória de 
múltiplo estágio
Usar uma forma •	
de amostragem 
aleatória 
em cada um 
dos estágios, 
quando há pelo 
menos dois 
estágios.
Oferece listas •	
de amostragem, 
identificação 
e numeração 
apenas para 
elementos das 
unidades de 
amostragem 
selecionadas.
Diminui os custos •	
de viagem se 
as unidades de 
amostragem 
são definidas 
geograficamente.
Os erros •	
tendem a ser 
maiores do 
que em A ou B, 
para a mesma 
extensão da 
amostra.
Os erros •	
crescem com 
o decréscimo 
do número de 
unidades de 
amostragem 
escolhidas.
4. Estratificada
a) Proporcional
b) Não Proporcional
Escolher, de •	
cada unidade 
de amos-
tragem, amostra 
aleatória 
proporcional 
à extensão da 
unidade de 
amostragem.
É a mesma •	
que a anterior, 
exceto que a 
extensão da 
amostra não é 
proporcional 
à extensão da 
unidade de 
amostragem, 
mas ditada por 
considerações 
analíticas ou de 
conveniência. 
Assegura repre-•	
sentatividade 
com respeito 
à propriedade 
que dá base 
para classificar 
as unidades; 
garante, pois, 
menor variabili-
dade que A 
ou C.
Decresce a •	
possibilidade 
de deixar de 
incluir elementos 
da população 
por causa 
do processo 
classificatório.
Podem ser •	
avaliadas as 
características 
de cada estrato, 
pois são feitas 
comparações.
É mais eficiente •	
que a anterior 
para compara-
ções de estratos.
Sob pena de •	
aumentar o 
erro, requer 
informação 
acurada acerca 
da proporção 
de população 
em cada 
estrato.
Se não há listas •	
estratificadas 
disponíveis, 
prepará-las 
pode ser 
dispendioso; 
possibilidade 
de classificação 
errônea e de 
aumento da 
variabilidade.
Menos eficaz •	
do que a 1 
para determinar 
características 
da população, 
isto é, maior 
variabilidade 
para a mesma 
extensão da 
amostra.
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
TIPO DESCRIÇÃO VANTAGENS DESVANTAGENS
5. Por conglomerado
Selecionar •	
unidades por 
alguma forma 
de amostragem 
aleatória; 
as unidades 
últimas são 
grupos; selecio-
ná-los alea-
toriamente e 
fazer contagem 
completa de 
cada uma.
Possibilita •	
baixos custos 
de campo se os 
conglomerados 
são definidos 
geograficamente.
Requer relaciona-•	
mento de indiví-
duos apenas nos 
conglomerados 
escolhidos.
Podem ser •	
avaliadas as 
características 
dos conglome-
rados, bem como 
da população.
É suscetível de •	
utilização em 
amostras subse-
quentes, já que 
os selecionados 
são os conglo-
merados e não 
os indivíduos e 
a substituição de 
indivíduos pode 
ser permitida.
Erros maiores •	
para extensões 
semelhantes, 
do que os que 
ocorrem em 
outras amostras 
probabilistas.
Capacidade •	
para colocar 
elemento da 
população 
em um só 
conglomerado 
é exigida; a 
incapacidade 
de assim agir 
pode resultar 
em duplicação 
ou omissão de 
indivíduos.
6 . Por tipicidade
Selecionar um •	
subgrupo de 
população que, 
à luz das infor-
mações dispo-
níveis, possa 
ser consideradocomo represen-
tativo de toda 
a população; 
Fazer contagem 
completa ou 
subamostragem 
desse grupo.
Reduz custo •	
de preparação 
da amostra e 
do trabalho de 
campo, pois 
unidades últimas 
podem ser 
escolhidas de 
modo que fiquem 
próximas umas 
das outras.
Variabilidade •	
e desvios das 
estimativas 
não podem ser 
controlados ou 
medidos.
Generalizações •	
arriscadas ou 
considerável 
conhecimento 
da população 
e do subgrupo 
selecionado é 
requerido.
7 . Por quotas
Igual a 6•	
Introduzir •	
algum efeito de 
estratificação.
Desvios devido à •	
classificação que 
o observador 
faz dos sujeitos 
e à seleção não 
aleatória em 
cada classe são 
introduzidos.
Fonte: Lakatos e Marconi (1991, p. 57-58).
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
As considerações das autoras são importantes para perceber como uma 
pesquisa social pode ser feita de várias formas. Contudo é necessário saber que 
técnica pode ser mais útil para o estudo de determinada questão social. Você 
pode perceber também como cada uma das formas apresentadas apresenta suas 
vantagens e desvantagens no que diz respeito à confiabilidade que oferece.
Conforme Lakatos e Marconi (1991), a escolha do instrumental metodológi-
co está diretamente relacionada com o problema a ser estudado; a escolha 
dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa, ou seja, a natu-
reza dos fenômenos, o objeto da pesquisa, os recursos financeiros, a equipe 
humana e outros elementos que possam surgir no campo da investigação.
Lembre-se de que uma amostra tem sua relevância quando de fato ela repre-
senta algo, isto é, se oferece condições para que se tenha um perfil ou noção do 
universo (população) estudado.
Laville e Dione (1999, p. 169) afirmam que
O caráter representativo de uma amostra depende evidentemente 
da maneira pela qual ela é estabelecida. Diversas técnicas foram 
elaboradas para assegurar tanto quanto possível tal representati-
vidade; mas apesar de seu requinte, que permite diminuir muitas 
vezes os erros de amostragem, isto é, as diferenças entre as 
características da amostra e as da população de que foi tirada, 
tais erros continuam sempre possíveis, incitando os pesquisadores 
a exercer vigilância e seu senso crítico.
A representatividade significa que a pesquisa feita aponta aquilo que a 
maioria ou a totalidade pensa ou sabe sobre algo, muito embora seja por 
amostra, uma vez que é praticamente impossível saber tudo sobre algo ouvindo 
toda a população.
3.3.2 Questionários e formulários
Consiste em uma das formas mais comuns de pesquisa quantitativa e apre-
senta-se de três formas: a) aberto, b) fechado e c) misto.
No aberto, temos uma pergunta que permite ao respondente apresentar 
livremente sua opinião sobre o assunto. Veja a seguir um exemplo.
O que significa o curso de Serviço Social para você?
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
No questionário fechado, temos uma pergunta e, em seguida, um conjunto 
de opções para que o pesquisado responda. Observe o exemplo.
Como você analisa o curso de Serviço Social?
a) ruim
b) regular
c) bom
d) ótimo
Observe que esse tipo de questão obriga o respondente a escolher uma das 
opções apontadas, isto é, trata-se de um tipo de questionário que não apresenta 
liberdade para o indivíduo pesquisado. Assim é possível uma maior manipu-
lação. Em outros termos, significa que as respostas poderão não revelar de fato 
aquilo que se apresenta.
Quanto ao misto, inclui os dois tipos de questões, abertas e fechadas. Veja 
o exemplo seguir.
Como você analisa o curso de Serviço Social?
a) ruim
b) regular
c) bom
d) ótimo
Por quê?
Conforme Costa (1987), os questionários são necessários sempre que um 
cientista não dispõe de dados previamente coletados por instituições públicas 
sobre determinados dados.
3.3.3 Formulário
O formulário é um tipo de questionário que, em geral, apresenta um nível de 
questões que exige a presença do pesquisador para preencher.
Em geral, o assistente social que trabalha em algum órgão público ou privado 
lança mão desses instrumentos de pesquisa. No caso dos órgãos públicos, tem 
sido muito comum a sua utilização.
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
Veja no quadro a seguir as vantagens e desvantagens dos questionários e 
formulários, conforme aponta Lakatos e Marconi (1991).
Quadro 2 Questionário e formulários – um comparativo.
INSTRUMENTO VANTAGENS DESVANTAGENS 
Questionário
Economiza tempo, viagens •	
e obtém grande número de 
dados.
Atinge maior número de •	
pessoas simultaneamente.
Abrange área geográfica •	
mais ampla.
Economiza pessoal, tanto •	
em adestramento quanto em 
trabalho de campo.
Obtém respostas mais rápidas •	
e precisas.
Há maior liberdade nas •	
respostas, em razão do 
anonimato.
Há mais segurança, pelo fato •	
de as respostas não serem 
identificadas.
Há menos risco de distorção, •	
pela não influência do 
pesquisador.
Há mais tempo para •	
responder e em hora mais 
favorável.
Há mais uniformidade na •	
avaliação, em virtude da 
natureza impessoal do 
instrumento.
Obtém respostas que •	
materialmente seriam 
inacessíveis.
Percentagem pequena •	
dos questionários que 
voltam.
Grande número de •	
perguntas sem respostas.
Não pode ser aplicado a •	
analfabetos.
Impossibilidade de •	
ajudar o informante 
em questões mal 
compreendidas.
A dificuldade de •	
compreensão, por parte 
dos informantes, leva 
a uma uniformidade 
aparente.
Na leitura de todas as •	
perguntas, antes de 
respondê-las, pode uma 
questão influenciar a 
outra.
A devolução tardia preju-•	
dica o calendário ou sua 
utilização.
O desconhecimento das •	
circunstâncias em que 
foram preenchidos torna 
difícil o controle e a 
verificação.
Nem sempre é o esco-•	
lhido quem responde ao 
questionário.
Exige um universo mais •	
homogêneo.
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CAPÍTULO 3 • PesqUisA sOCiAL i
INSTRUMENTO VANTAGENS DESVANTAGENS 
Formulário
Utilizado em quase todo •	
segmento da população: 
analfabetos, alfabetizados, 
populações heterogêneas 
etc., porque seu preen-
chimento é feito pelo 
entrevistador.
Oportunidade de estabelecer •	
rapport, devido ao contato 
pessoal.
Presença do pesquisador, •	
que pode explicar os obje-
tivos da pesquisa, orientar o 
preenchimento do formulário 
e elucidar significados de 
perguntas que não estejam 
muito claras.
Flexibilidade, para adap-•	
tar-se às necessidades de 
cada situação, podendo 
o entrevistador reformular 
itens ou ajustar o formulário 
à compreensão de cada 
informante.
Obtenção de dados mais •	
complexos e úteis.
Facilidade na aquisição de •	
um número representativo de 
informantes, em determinado 
grupo.
Menos liberdade nas •	
respostas, em virtude 
da presença do 
entrevistador.
Risco de distorções, •	
pela influência do 
aplicador.
Menos prazo para •	
responder às perguntas; 
não havendo tempo para 
pensar, elas podem ser 
invalidadas.
Mais demorado, por ser •	
aplicado a uma pessoa 
de cada vez.
Insegurança das •	
respostas, por falta do 
anonimato.
Pessoas possuidoras •	
de informações neces-
sárias podem estar em 
lugares muito distantes, 
tornando a resposta 
difícil, demorada e 
dispendiosa.
Fonte: Lakatos e Marconi (1991, p. 98-112).
Tanto o questionário quanto o formulário requerem bastante cuidado e respon-
sabilidade na sua formulação. As perguntas devem ser pensadas conforme o 
objetivo que se pretende alcançar com a pesquisa. É importante

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