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1 UNIVERSIDADE PAULISTA DISCIPLINA: POLÍTICAS DE SAÚDE PROFª JULIANA KENIA MARTINS DA SILVA FINANCIAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) Até 1988 imperou no Brasil o conceito de seguro, vale dizer, cobertura do Estado apenas para as pessoas que tivessem vínculo direto e formal com o processo econômico e com a produção de bens e serviços. A saúde era tratada como questão de misericórdia. A Constituição Federal de 1988 (CF/88), pretendeu substituir o conceito de seguro (cobertura ao contribuinte direto) pelo conceito de seguridade social – cobertura ao cidadão. A Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde foram reconhecidas como direitos nos termos dos artigos 194 a 204. Ao criar o conceito de Seguridade Social (saúde, assistência e previdência) com o objetivo de garantir os princípios fundamentais, sobretudo relativos à cidadania e à dignidade da pessoa humana (Art. 1° da Constituição de 1988), o legislador determinou que seria constituído o Sistema Único de Saúde – SUS, art. 198, com base em três principais alicerces: Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; Atendimento integral, com prioridade para as ações preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; Participação da comunidade. Assim, além do princípio de universalidade na cobertura, a Saúde também se organiza pelo princípio da integralidade. Juntos, universalidade e integralidade são princípios organizativos fundamentais para compreender o gasto e a necessidade de financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Para garantir os recursos financeiros para fazer frente às necessidades do SUS, o Governo arrecada impostos e contribuições destinadas à Seguridade social (saúde, previdência e assistência). Os recursos das contribuições para a Seguridade Social só podem ser usados em despesas da Seguridade Social (saúde, previdência e assistência), conforme diz a Constituição. Já os impostos podem ser utilizados nas outras despesas que o Governo faz, mas também para completar o financiamento da Seguridade Social Em relação à seguridade social, no que tange a gestão do Regime Geral de Previdência Social, é organizada pelo Ministério da Previdência Social e executada principalmente pelo Instituto Nacional do Seguro Social, com o auxílio das secretarias estaduais de assistência social. Estão também diretamente envolvidos na seguridade social o Ministério da Saúde (e as respectivas secretarias dos estados da federação), o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e o Ministério do Trabalho e Emprego. O art. 195 da Constituição Federal estabelece as contribuições sociais que são fontes de receita para o financiamento da Seguridade Social: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 2 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Além das contribuições sociais, arrecadadas pelo governo federal, outros tributos e transferências constitucionais e legais constituem fontes de financiamento do SUS. Esses tributos e transferências estão definidos nos art. 155 a 159 da Constituição. No caso dos estados, os tributos são: Imposto sobre Transmissão "Causa Mortis" e Doação (ITCD), Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). As transferências constitucionais e legais são: Cota-Parte do Fundo de Participação do Estado (FPE) e Cota-Parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI-Exportação). Para os municípios, os tributos são: Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos (ITBI), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e Imposto Territorial Rural (ITR). As transferências constitucionais e legais são: Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Cota- Parte Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), Cota-Parte do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Cota-Parte do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e Cota-Parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI-Exportação). Para o Distrito Federal, as fontes de financiamento do SUS são os tributos e transferências constitucionais e legais de competência tributária municipal e estadual. A Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, que regulamentou o art. 198 da Constituição Federal, trata em seus artigos 5º (União), 6º (Estados e Distrito Federal) e 7º (Municípios e Distrito Federal) das bases de cálculo e aplicações mínimas em ações e serviços públicos de saúde, como poder ser visto no documento disponibilizado também para este estudo. AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE (ASPS) São consideradas despesas com ações e serviços públicos de saúde (ASPS), conforme a Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012 (LC 141/2012), aquelas voltadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde que atendam, simultaneamente, aos princípios estatuídos no art. 7º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e às seguintes diretrizes: I - sejam destinadas às ações e serviços públicos de saúde de acesso universal, igualitário e gratuito; 3 II - estejam em conformidade com objetivos e metas explicitados nos Planos de Saúde de cada ente da Federação; e III - sejam de responsabilidade específica do setor da saúde, não se aplicando a despesas relacionadas a outras políticas públicas que atuam sobre determinantes sociais e econômicos, ainda que incidentes sobre as condições de saúde da população. No art. 3º da referida lei, são listadas como sendo aquelas referentes a: I - vigilância em saúde, incluindo a epidemiológica e a sanitária; II - atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de complexidade, incluindo assistência terapêutica e recuperação de deficiências nutricionais; III - capacitação do pessoal de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS); IV - desenvolvimento científico e tecnológico e controle de qualidade promovidos por instituições do SUS; V - produção, aquisição e distribuição de insumos específicos dos serviços de saúde do SUS, tais como: imunobiológicos, sangue e hemoderivados, medicamentos e equipamentos médico- odontológicos; VI - saneamento básico de domicílios ou de pequenas comunidades, desde que seja aprovado pelo Conselho de Saúde do ente da Federação financiador da ação e esteja de acordo com as diretrizes das demais determinações previstas nesta Lei Complementar; VII - saneamento básico dos distritos sanitários especiais indígenas e de comunidades remanescentes de quilombos; VIII - manejo ambiental vinculado diretamente ao controle de vetores de doenças; IX - investimento na rede física do SUS, incluindo a execução de obras de recuperação,reforma, ampliação e construção de estabelecimentos públicos de saúde; X - remuneração do pessoal ativo da área de saúde em atividade nas ações de que trata este artigo, incluindo os encargos sociais; XI - ações de apoio administrativo realizadas pelas instituições públicas do SUS e imprescindíveis à execução das ações e serviços públicos de saúde; e XII - gestão do sistema público de saúde e operação de unidades prestadoras de serviços públicos de saúde. Analisando o documento “BASE DE CÁLCULO E APLICAÇÃO MÍNIMA PELOS ENTES FEDERADOS EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE”, observe a tabela abaixo contendo informações consolidadas sobre as despesas em ações e serviços públicos de saúde, total e per capita, da União, estados, Distrito Federal no ano de 2010. 4 Tabela 1. Despesas com Ações e Serviços Públicos de Saúde financiadas por recursos próprios, 2010 Fonte: Ministério da Saúde/Secretaria Executiva/Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento/ Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde - SIOPS (Gasto Estadual e Municipal); SPO/SE e Fundo Nacional de Saúde - FNS (Gasto Federal) e IBGE (PIB). Gastos em R$ mil correntes Por esfera de governo Unidades da Federação e Regiões 5 Atividade complementar – Políticas de Saúde SOMENTE PARA A NUTRIÇÃO Observação: para responder este questionário, você deverá utilizar como fonte de estudo os seguintes documentos: 1. Lei Orgânica da Saúde 8.080/1990 2. Documento do Ministério da Saúde: BASE DE CÁLCULO E APLICAÇÃO MÍNIMA PELOS ENTES FEDERADOS EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE 3. Material didático disponibilizado para a disciplina: FINANCIAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) EXERCÍCIOS PARA SEREM ENTREGUES, INDIVIDUALMENTE E FEITO A MÃO 1. Para tratar do financiamento que as esferas do Estado devem aplicar nos serviços de saúde deve-se, antes de tudo, definir quais são as despesas com ações e serviços públicos de saúde para evitar que o dinheiro seja gasto indevidamente. Descreva quais são estas ações em saúde pública. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Sobre este assunto responda as questões 2, 3 e 4: 2. Em relação à base de cálculo a aplicação mínima em ações e serviços de saúde dos municípios: a. Quais são os componentes da arrecadação de impostos dos municípios? b. Qual o percentual desta arrecadação deve ser investido em serviços e ações de saúde? 3. Sobre o financiamento proveniente do Estado, responda: a. Na base de cálculo utilizada para determinar o montante arrecadado, explique o por quê da subtração das arrecadações. É legal? b. Dê uma explicação plausível para o menor percentual destinado a aplicação nos serviços de saúde ser menor para o estado do que para os municípios. 4. Em relação às informações de financiamento da esfera Federal, responda: a. Qual o valor previsto para ser aplicado pelo Governo Federal em ações e gastos com saúde? b. Para definir os valores a serem transferidos do Governo Federal a Estados, Distrito Federal e Municípios, cite cinco critérios que podem ser utilizados. 5. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) serão depositados em uma conta única do município? Quem é responsável pela fiscalização do uso racional deste recurso?
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