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BIOPOLÍTICA: FORMAS 
DE INGERÊNCIA, 
ESTRATÉGIAS DE 
RESISTÊNCIA
Prof. Andréa Lobo
Michel Foucault: a analítica do poder
 Michel FOUCAULT (1926-1984) é considerado
um dos principais expoentes do pensamento
filosófico contemporâneo.
 Seu projeto filosófico mapeia uma “analítica
do poder”, mediante a qual valendo-se de uma
compreensão genealógica, visa à investigação
da história da verdade no ocidente.
Michel Foucault: percurso intelectual
 Em sua trajetória intelectual, o filósofo francês
desenvolveu aquilo que André DUARTE
sintetizou como uma “pesquisa histórico-
genealógica” de inspiração nietzschiana,
investigando, primeiramente, a constituição
dos saberes em relação à sua configuração e
aos seus deslocamentos frente ao campo
epistêmico: o elemento subterrâneo que
configura o que pode ser pensado, o
enunciável e o indizível, em diferentes épocas
e espaços.
Michel Foucault: percurso intelectual
 A essa primeira fase do seu percurso
intelectual, também denominada arqueológica,
correspondem obras como A História da
Loucura na Idade Clássica (1961);
Nascimento da Clínica (1963); As Palavras e
as Coisas (1966) e A Arqueologia do Saber
(1969).
Michel Foucault: percurso intelectual
 As obras da década de 1970 são denominadas por
Roberto Machado (2006) como parte da segunda
fase da investigação foucaultiana, também
denominada Genealógica.
 Contemplam o desenvolvimento de um método
genealógico na configuração de uma analítica do
poder na modernidade em sua relação com os
saberes, destacando-se os textos: Nietzsche, a
Genealogia e a História (1971); O Poder Psiquiátrico
(1974); Vigiar e Punir (1975); Os Anormais (1975);
Nascimento da Biopolítica (1978-1979); História da
Sexualidade I – A Vontade de Saber (1976) e A
Microfísica do Poder (1979), entre outros.
Michel Foucault: percurso intelectual
 A terceira e última fase do pensamento
foucaultiano é caracterizada como Ética, e a ela
correspondem os volumes 2 e 3 da História da
Sexualidade (1984), O Uso dos Prazeres e O
Cuidado de Si; O que é um autor (1983); A
hermenêutica do Sujeito (1981-1982); A Verdade
e as Formas Jurídicas (1996), entre outros. É
nesta fase que se situam os textos em que se
pode perceber um debate mais intenso sobre as
possibilidades de resistência às estratégias de
sujeição postas pelos diferentes discursos que
atravessam a categoria do sujeito.
Michel Foucault: a analítica do poder
 Segundo FOUCAULT, até o final do século
XVII, o poder se exercia como uma instância
unidimensional, centrada no Estado e
caracterizada por táticas de repressão e
proibição impostas aos súditos.
 O poder de Estado se manifestava no direito
que se atribuía aos reis de dispor sobre a vida
e a morte dos seus súditos, poder que,
podendo causar a morte, se permitia deixá-los
viver.
Michel Foucault: a analítica do 
poder
 Um poder que se exercia, portanto, na base
do confisco. O principal bem do qual o
soberano poderia se apropriar era a vida dos
seus súditos e a forma dessa apropriação era
o gládio.
 Ex. Execução de Damiens.
Michel Foucault: a analítica do 
poder
 Com as transformações econômicas, políticas e
sociais que tiveram lugar na Europa entre o final
do século XVII e o início do século XVIII nota-se,
segundo FOUCAULT, uma modificação nos
mecanismos de poder.
 O direito de morte, então prerrogativa dos reis,
passou a ser reorganizado nos diferentes saberes
que, ao engendrarem formas de poder, passaram
a ordenar e classificar a vida, mantendo-a,
desenvolvendo suas forças, fazendo-as crescer
em função dos reclames de uma nova ordem
econômica e social.
Michel Foucault: a analítica do 
poder
 Nas palavras do autor: “... o velho direito de
causar a morte ou deixar viver foi substituído
por um poder de causar a vida ou devolver à
morte.”[grifos no original].(FOUCAULT, 2005,
p.30).
 Os novos mecanismos de poder, que se
desenvolveram em íntima relação com os
saberes científicos dos séculos XVIII e XIX,
passaram a centrar seus olhares para o corpo,
centro de todas as atenções.
Biopoder: fases 
 Iniciava-se a era do “bio-poder”, que, de acordo
com FOUCAULT, pode ser dividida em duas
fases. A primeira localizada entre os séculos XVII
e primeira metade do século XVIII, caracterizada
pelo desenvolvimento do corpo-máquina.
Chamou-a sociedade disciplinar.
 A segunda, que se desenvolveu a partir da
segunda metade do século XVIII, e que tinha
como meta o corpo-espécie, denominou
biopolítica.
Poder Disciplinar: adestração dos 
corpos
 À implementação de mecanismos de saber-poder
dirigidos ao corpo-máquina, na sociedade
disciplinar, se vinculam dispositivos de vigilância e
disciplinarização, destinados a formatar os corpos
dos indivíduos, transformando potências
orgânicas em agentes mecânicos.
 Numa conjuntura disciplinar, os corpos são
formatados por meio de tecnologias de
disciplinarização, aplicadas em centros de
confinamento (prisões, quartéis, hospitais...), são
adestrados de modo a atender aos conceitos de
subjetividade subjacente a cada saber.
Poder Disciplinar: adestração dos 
corpos
 A esses mecanismos de disciplinarização se
associaram estratégias de vigilância – a
regulamentação do tempo e a arquitetura
panóptica, por exemplo, mecanismos que ao
promoverem a generalização do policiamento,
instituíram o controle dos indivíduos pelos
próprios indivíduos, ou seja, o
autopoliciamento, cujo objetivo era a
instituição da sujeição dos indivíduos à norma.
Poder Disciplinar: adestração dos 
corpos
 Esse processo, que teve sua origem em fins
do século XVII, ainda se manifesta nos dias
de hoje, ou seja, ainda é presente a tentativa
dos saberes-poderes de engendrarem formas
de disciplinarização dos corpos, entendidos
enquanto máquinas orgânicas. Ex. a
disposição das carteiras em uma sala de aula.
Arquitetura Panóptica
Poder Disciplinar: adestração dos 
corpos
 Ao projeto de normalização de sujeito,
engendrado pelos saberes-poderes nascidos
entre os séculos XVIII e XIX, está associado o
desenvolvimento de uma tecnologia destinada à
formatação da vida, um bio-poder, constituído de
redes de poder direcionadas a focalizar a vida,
modelando-a, administrando-a, ordenando-a
segundo um padrão de normalidade que, em
última instância, ambicionava a criação de corpos
dóceis e úteis, equiparados de modo a se ajustar
às exigência do setor fabril.
Biopolítica: gestão calculista da 
vida
 A partir da segunda metade do século XIX, se
configura um novo aspecto do biopoder: a
biopolítica.
 Biopolítica, em linhas gerais, é o conceito que
em Foucault define essa característica das
tecnologias disciplinares, que se deslocaram
do controle dos indivíduos para o controle das
populações.
Biopolítica: gestão calculista da 
vida
 Contrastando com os modelos tradicionais de poder,
pautados pela ameaça da morte, no bojo dos saberes e
poderes em que se forma, a biopolítica se apresenta
como uma “grande medicina social” que, em nome da
saúde, da higiene, desenvolve dispositivos de controle
da vida.
 Os meios de correção, agora aplicados à população,
não se apresentam mais como meios de punição, mas,
via medicalização e higienização dos corpos e de sua
hereditariedade, se apresentam como meios de
transformação dos indivíduos.
 Permite aplicar a sociedade uma distinção entre o
normal e o patológico e impor um sistema de
normalização dos comportamentos, dos afetos.
Biopolítica: gestão calculista da 
vida
 Se à implementação de mecanismos de
saber-poder dirigidos ao corpo-máquina (em
um contexto disciplinar) se vinculam
dispositivos de vigilância e disciplinarização,
no contexto de uma biopolítica, o controle se
destinaàs populações – visando mapear,
conduzir fenômenos como nascimento,
reprodução, deslocamentos, doenças e morte.
 Saberes: Demografia, Geografia, Estatística,
Economia, Eugenia...
Biopolítica: gestão calculista da 
vida
 No contexto da passagem de uma sociedade
disciplinar para uma sociedade biopolítica, o que
se tem é outra figura do sujeito, não mais aquele
sujeito múltiplo e multifacetário da fábrica, mas o
sujeito anônimo das populações, o sujeito
pensado em termos de nação, raça, classe,
espécie. Porções homogêneas definidas
mediante critérios científicos (vindos da Biologia –
raça, espécie – ou da Sociologia – classe) e da
Psiquiatria (normais – anormais, loucos – sãos)
passíveis de serem governadas, ou de forma
mais radical, passíveis de serem sujeitadas.
Biopolítica: gestão calculista da 
vida
 Por isso, numa conjuntura biopolítica, esse
complexo e intrincado jogo de saberes e poderes,
age de modo a incrementar, a fomentar a vida,
potencializando-a no sentido de sua utilidade
econômica, tornando mais potente suas aptidões,
para melhor utilizá-las. Mas, por meio de um
conjunto de mecanismos de controle, vigilância e
punição, canaliza essas mesmas forças
corporais, coordenando-as de modo a torná-las
obedientes, adestradas; satisfazendo, assim, os
objetivos da rede de saberes-poderes pelas quais
a existência dos indivíduos é atravessada (Sibilia,
2002, p. 32).
Biopolítica: gestão calculista da 
vida
 Autores na esteira do pensamento foucaultiano sugerem,
porém, que, a partir da segunda metade do século XX, essa
situação tem passado por modificações e a essa nova
configuração do biopoder denominam sociedade de controle
(PELBART, NEGRI, HARDT, SIBILIA).
 Se nos primeiros tempos da era industrial o tempo e os
corpos tendiam a ser convertidos, através das estratégias do
biopoder, em forças produtivas controladas para funcionar
como máquinas orgânicas, fixando-se a existência dos
indivíduos em função do aparato de produção capitalista, e
numa conjuntura subsequente, diluídos e concebidos como
meras potências biológicas, a partir da segunda metade do
século XX, essa situação tem se intensificado.
Sociedade de Controle
 O controle, antes dirigido ao corpo individual,
depois à espécie, agora parece voltar-se
diretamente para o cérebro, buscando
direcionar, disciplinar os nossos afetos, nossa
capacidade de criar, de sentir, de se motivar.
 Saberes: psicofarmacologia, marketing
subliminar (desde a década de 1950, ambos
os saberes).
Marketing Subliminar
Sociedade de Controle
 A era analógica e mecânica, cedeu à supremacia
de uma era digital, onde as forças vitais
destinadas a alimentar o capitalismo são
processadas de uma forma impressionantemente
rápida, lançando e substituindo, no mercado, a
todo momento, novas formas de subjetividade
prontas para serem consumidas e logo
descartadas, rompendo de vez a possibilidade
real da manutenção de uma individualidade, de
uma identidade única. Em vez disso, modos de
ser comercializáveis e adquiríveis, que variam
conforme a lógica do mercado, são postos
continuamente a venda.
Sociedade de Controle
 Se na sociedade industrial cada indivíduo em
particular era moldado, modelado, adestrado
de modo a compor, juntamente com os
demais, uma única massa, diluindo assim, sua
identidade; no contexto de uma “Sociedade de
Controle”, tanto a noção de indivíduo como a
de massa perderam a sua relevância, o seu
sentido. A noção de consumidor começa a
ganhar espaço.
Sociedade de Controle
 Na sociedade atual, onde impera um capitalismo
tecnologizado, fluídico, globalizado e volátil, as
pessoas são ordenadas de acordo com perfis de
consumo, em nichos de mercado.Nessa nova
dimensão do capitalismo, os dispositivos
analógicos de identificação e localização dos
indivíduos na massa, cedem espaço a
dispositivos digitais, que reduzem os seres
humanos a um conjunto de informações,
facilmente acessáveis, por meio de cartões
magnéticos e senhas, e que identificam as
pessoas segundo o seu perfil enquanto
consumidores.
Sociedade de Controle
 Perfil que, armazenado em uma série de bancos
de dados, colhidos a partir de diferentes formas e
acessados continuamente pelas empresas de
marketing, tende não só a reduzir o indivíduo a
função de consumidor como a transformá-lo no
principal produto à venda. É a sua existência, a
sua capacidade, a sua afetividade, sua
conectividade, sua criatividade que estão,
constantemente, sendo postas a venda e sendo
consumidas, num tipo de capitalismo que se
propõe a vender produtos sob a forma velada de
serviços, estilos de vida, sensações,
subjetividades.
Sociedade de Controle
 É nesse contexto, de um poder que opera
diretamente no cérebro, numa sociedade de
controle em que o controle é buscado pelos
próprios indivíduos, que se expande o consumo
de medicamentos psicoativos.
 Nossos afetos foram catalogados, patologizados
(ex. DSM 5), fomos reduzidos à termos
biológicos, quantitativos, substâncias químicas.
Nossa felicidade e nossa tristeza agora viraram
produtos de consumo, via pílulas da “felicidade”
(ISRS).
Sociedade de Controle
 Nesse contexto, as forças do ser vivente
deixam de ser consideradas o recurso usado
para mover o braço mecânico da produção
capitalista para se transformar no capital a
ser vendido pelo sistema, conforme propõe
Peter Pál PELBART:
Sociedade de Controle
Nesse contexto, as forças vivas presentes por toda parte na rede
social deixam de ser apenas reservas passivas à mercê de um
capital insaciável, e passam a ser consideradas elas mesmas um
capital, ensejando uma comunialidade de autovalorização. (...) A
potência de vida da multidão, no seu misto de inteligência coletiva,
afetação recíproca, produção de laço, capacidade de invenção de
novos desejos e novas crenças, de novas associações e novas
formas de cooperação, é cada vez mais a fonte primordial de
riqueza do próprio capitalismo. Uma economia imaterial que produz
sobretudo informação, imagens, serviços, não pode basear-se na
força física, no trabalho mecânico, no automatismo burro, na
solidão compartimentada. São requisitados dos trabalhadores sua
inteligência, sua imaginação, sua criatividade, sua conectividade,
sua afetividade – toda uma dimensão subjetiva e extra-econômica
antes relegada ao domínio exclusivamente pessoal e privado, no
máximo artístico. (PELBART, 2003, p. 23-24)
Sociedade de Controle
 O indivíduo transformou-se no consumidor,
principal produto a ser comprado e vendido e que,
por isso, tem sua vida codificada e digitalizada a
partir de uma série de informações que, mais do
que sua localização num dado contexto social,
histórico, cultural ou geográfico, tendem a
detectar seus deslocamentos, suas referências,
sua subjetividade e o modo como se relaciona
com as pessoas. Do status que desfruta enquanto
consumidor, depende o âmbito da esfera de
poder de uma pessoa no mundo globalizado.
Sociedade de Controle
 Nesse “admirável mundo novo”, é vendida a
necessidade de que todos precisam estar
conectados, por meio de cartões digitais, e-
mails, chips, redes sociais e outras aparatos
tecno-científicos que credenciam o indivíduo a
existir no mercado – que é o no que se
transformou o mundo. Vende-se a
necessidade da conexão e a opinião de que,
não estar conectado é estar excluído, e que,
estar excluído, não é algo interessante.
Sociedade de Controle
 Nesse complexo sistema de informações e
fluxos de capital intercambiáveis em que se
transformou o mundo globalizado, somos não
mais um corpo-máquina, somos um complexo
de informações, cujo acesso, programação e
reprogramação constante, constituem-se o
centro da ambição capitalista.
Sociedade de Controle
 Ter acesso a essas informações e o poder de
reprogramá-lase assim, conduzir a vida desde os
seus interstícios e reorndená-las de acordo com a
lógica oscilante do mercado, criando, recriando e
descartando, continuamente, à velocidades cada
vez maiores, modos de ser, anulando e
inutilizando identidades, tem sido uma
possibilidade cada vez mais presente e real, que
se manifesta, desde as experiências da
engenharia genética até o uso das
subliminaridade pelas agências de publicidade.
Sociedade de Controle
 Desse modo, nota-se a transição do homem-
máquina, o sujeito da fábrica, do produtor
disciplinado, do corpo adestrado do indivíduo
formatado na massa; para o sujeito da
empresa, consumidor endividado, corpo e
alma forjados e descartados vorazmente pela
lógica do mercado.
Sociedade de Controle
 Nessa nova lógica, a forma de sujeição não é
a disciplina rígida das instituições de
confinamento, mas, segundo Paula SIBILIA, a
sujeição do consumidor ao endividamento
perpétuo, que não é criado para ser quitado,
mas para que o consumidor permaneça
envolto numa rede de dominação sutil, fluida,
formada pela seqüência trabalho, renda,
consumo, endividamento.
Sociedade de Controle
 Por isso, a divisão entre tempo de trabalho e
tempo de lazer, de descanso, tempo com a
família não mais se percebe. A divisão entre
ambiente de trabalho e ambiente de descanso,
lazer, não mais se observa. Os funcionários da
empresa não precisam, mais, necessariamente,
estar confinados, no ambiente, das fábricas, para
serem disciplinados: são monitorados
continuamente por “coleiras eltrônicas”, formas
eficazes de se rastrear o tempo dos sujeitos-
consumidores: e-mails, pagers, celulares...
Sociedade de Controle
 Não há horários laborais fixos, mas também
não há mais horários de lazer específicos,
pois trabalha-se por metas, por projetos...
Foram derrubadas as paredes que limitavam o
espaço da fábrica: num mundo de capitalismo
flutuante, o confinamento está por toda a
parte: a dívida é a forma atual de
confinamento.
Sociedade de Controle
 Em nome da produtividade, da atualização constante,
da informação e da informatização, submetemo-nos a
um ritmo intermitente de atividades, que desconhece
os limites entre o atual e o virtual, entre o real e o
digital. E isso porque é como se estivéssemos
sempre devendo, sempre em débito: intensifica-se a
sensação constante de que nunca temos conforto
suficiente, informação suficiente, currículo suficiente,
tecnologia suficiente, curtidas o suficiente, afeto
suficiente, dinheiro suficiente e por isso, nunca temos
tempo suficiente (como se tempo fosse algo que
pudéssemos diminuir ou aumentar).
Sociedade de Controle
 Vivemos assim, endividados, não só
financeiramente, mas em vários aspectos da
nossa vida. Nossa subjetividade não mais nos
pertence, nossa criatividade é vendida, o tempo
todo, por muito pouco, muito pouco mesmo. E
somos nós que a colocamos à venda, buscamos
ardentemente isso, vendendo nossa imagem,
nosso dia-a-dia, nossos afetos, desejos,
momentos, quer seja para as empresas, quer seja
para as redes sociais (onde somos o principal
produto à venda).
Sociedade de Controle
 Eis que tornamo-nos o principal produto do
capitalismo. Nossa vida, à venda e o controle
sobre ela, introjetado, disseminado em nossos
comportamentos, anseios e palavras. Assim
fica bem mais difícil se desvencilhar. Forma
inteligente de confinamento, sem muros,
fluídica e sempre em expansão.
Sociedade de Controle
 Por isso, a exclusão de uma maioria que não
tem renda suficiente para ter dívidas, por isso,
a ineficácia das formas tradicionais de luta
política – greves, sindicatos... – por isso, a
necessidade de arregimentar novas formas de
subjetividade, como diria DELEUZE.
Sociedade de Controle
 Se é na vida que o poder impera é porque 
nela reside a fonte da maior resistência ao 
poder, como afirmou FOUCAULT: “... que lá 
onde há poder há resistência e, no entanto (ou 
melhor, por isso mesmo) esta nunca se 
encontra em posição de exterioridade em 
relação ao poder...”. (FOUCAULT, 2005, p. 91) 
Por isso, cabe a pergunta de PELBART:
Sociedade de Controle
 Parafraseando Benjamin, seria preciso escovar-
se esse presente a contrapelo, e examinar as
novas possibilidades de reversão vital que se
anunciam nesse contexto. Pois nada do que foi
evocado pode ser imposto unilateralmente de
cima para baixo, já que essa subjetividade
vampirizada, essas redes de sentido
expropriadas, esses territórios de existência
comercializados, essa formas de vida visadas não
constituem uma massa inerte e passiva a mercê
do capital, mas um conjunto vivo de estratégias.
Sociedade de Controle
 A partir daí, seria preciso perguntar-se de que
maneira, no interior dessa megamáquina de
produção de subjetividade, surgem novas
modalidades de se agregar, de trabalhar, de
criar sentido, de inventar dispositivos de
valorização e autovalorização?

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