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4 Historia da musica Ocidental

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História da Música 
Ocidental
Marco Cardoso
http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
Pesquisa de internet
Marco Cardoso http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
índice
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA MÚSICA ------------------- 6 
1 – Definição ..................................................................................................................... 6 
2 - O som ............................................................................................................................ 7 
3 – História da Música .................................................................................................... 8 
A MÚSICA MEDIEVAL - DO SÉCULO 7 AO 15 ------------- 10 
1 - Introdução ................................................................................................................. 10 
 2 – Música religiosa medieval ...................................................................................... 10 
2.1 – Ars Antiqua – séculos 7 a 13 ...................................................................... 11 
2.1.a - Características .................................................................................... 11 
2.1.b - Canto Gregoriano - século 7 ...................................................... 11 
2.1.c - Organum - séculos 9 a 13 ............................................................................ 12 
2.1.d - Outros gêneros religiosos ............................................................................. 14 
2.2 – Ars Nova - séculos 14-15 ................................................................................... 15 
2.3 – A história da notação ......................................................................................... 16 
3 – Música profana Medieval ....................................................................................... 18 
A MÚSICA RENASCENTISTA (SÉCULOS 15-16) ---------- 20 
1 – Introdução ................................................................................................................. 20 
2 – Características gerais ............................................................................................... 21 
3 – Música vocal ............................................................................................................. 22 
3.1 – Religiosa .............................................................................................................. 22 
3.2 – Profana ................................................................................................................ 24 
4 – Música instrumental ................................................................................................. 24 
4.1 – Erudita ................................................................................................................ 24 
4.2 – Dança ................................................................................................................... 25 
4.3 – Utilitária ............................................................................................................... 25 
5 – Vida musical .............................................................................................................. 25 
A MÚSICA BARROCA - (DO FINAL DO SÉCULO 16 A 
MEADOS DO SÉCULO 18) 
 ----------------------------------------------------------------------------- 28 
Pág. 2
Marco Cardoso http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
I - Introdução ................................................................................................................. 28 
2-Caracteristicas gerais ................................................................................................ 28 
3 - Música vocal 
 .......................................................................................................................................... 30 
3.1 – Ópera 
 ...................................................................................................................................... 30 
3.2 - Oratório e paixão ................................................................................................. 34 
3.3 - Cantata ................................................................................................................ 35 
3.4 - Gêneros religiosos ............................................................................................... 35 
3.5 - Outros gêneros menores...................................................................................... 35 
4 - Música instrumental ................................................................................................ 35 
4.1 - Concerto grosso ................................................................................................... 35 
4.2 - Concerto solo ...................................................................................................... 36 
4.3 - Trio sonata ........................................................................................................... 37 
4.4 - Suíte 
 ...................................................................................................................................... 37 
4.5 - Fuga ..................................................................................................................... 39 
4.6 - Outros gêneros instrumentais 
 ...................................................................................................................................... 40 
5 - Vida musical ............................................................................................................. 40 
ROCOCÓ : UM PERÍODO DE TRANSIÇÃO - (MEADOS 
DO SÉCULO 18) ------------------------------------------------------ 42 
O CLASSICISMO - (DA SEGUNDA METADE DO 
SÉCULO 18 ATÉ O INÍCIO DO SÉCULO 19) --------------- 43 
1 - Introdução ................................................................................................................. 43 
2 - Características gerais ............................................................................................... 44 
3 - Forma ........................................................................................................................ 45 
3.1 - Forma-sonata ....................................................................................................... 45 
3.2 - Forma-canção ..................................................................................................... 46 
3.3 - Forma-romance .................................................................................................. 46 
3.4 - Tema e variações ................................................................................................ 46 
3.5 - Forma minueto-e-trio .......................................................................................... 47 
3.6 - Forma rondó ....................................................................................................... 47 
4 - Gêneros ..................................................................................................................... 48 
4.1 - Instrumental ....................................................................................................... 48 
4.1.a - Sonata e música de câmara .......................................................................... 48 
4.1.b - Sinfonia ........................................................................................................ 49 
4.1.c - Concerto solo ............................................................................................... 49 
4.2 - Vocal .................................................................................................................. 50 
Pág. 3
Marco Cardoso http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
4.2.a - Ópera ........................................................................................................... 50 
4.2.b - Outros gêneros ............................................................................................. 51 
5 - Vida musical ......................................................................................................... 51 
A MÚSICA DO SÉCULO XIX ------------------------------------- 52 
1 - Introdução ................................................................................................................. 52 
2 - Características gerais ............................................................................................... 54 
3 - Música instrumental ................................................................................................ 56 
3.1 - sinfonia, sinfonia de programa, poema sinfônico, abertura e música de câmara 
 ......................................................................................................................................56 
3.2 - Concerto solo ....................................................................................................... 58 
3.3 - Miniaturas musicais ............................................................................................ 59 
4 - Música vocal ............................................................................................................. 60 
4.1 - Ópera ................................................................................................................... 60 
4.2 - Música vocal de câmara e música coral .............................................................. 62 
4.3 - Gêneros religiosos .............................................................................................. 62 
A MÚSICA DE TRANSIÇÃO ENTRE OS SÉCULOS XIX E 
XX ------------------------------------------------------------------------ 63 
A MÚSICA DO SÉCULO XX – PARTE 1 ---------------------- 64 
1 – Introdução ................................................................................................................. 64 
2 - Características gerais ............................................................................................... 65 
3 - Principais tendências e compositores ..................................................................... 67 
3.1 - CLAUDE DEBUSSY (1862/1918) .................................................................... 67 
3.2 - ERIK SATIE (1866/1925) .................................................................................. 68 
3.3 - ALEXANDER SKRIABIN (1872/1915) ............................................................ 68 
3.4 - IGOR STRAVINSKY (1882/1971) ..................................................................... 68 
3.5 - NEOCLASSICISMO .......................................................................................... 69 
3.6 – ATONALISMO E DODECAFONISMO - ESCOLA DE VIENA .................... 72 
3.7 - SERIALISMO INTEGRAL ............................................................................... 76 
3.8 - FUTURISMO ...................................................................................................... 77 
3.9 – MICROTONALISMO ........................................................................................ 78 
A MÚSICA DO SÉCULO XX -------------------------------------- 79 
3.10 - CHARLES IVES (1874/1954) ......................................................................... 79 
3.11 - EDGAR VARÈSE (1883/1965) ........................................................................ 79 
3.12 - OLIVIER MESSIAEN (1908/1992) ................................................................. 80 
3.13 - JOHN CAGE (1912/1992) ................................................................................ 81 
3.14 - ALEATÓRIA OU INDETERMINADA ........................................................... 82 
3.15 - PERFORMÁTICA E MULTIMÍDIA ................................................................ 82 
Pág. 4
Marco Cardoso http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
3.16 – CONCRETA ..................................................................................................... 83 
3.17 - ELETRÔNICA ................................................................................................. 83 
3.18 - COMPUTADOR ............................................................................................... 84 
3.19 - ELETROACÚSTICA ...................................................................................... 84 
3.20 - NEO-EXPRESSIVIDADE ............................................................................... 85 
3.21 - SONORISMO ................................................................................................... 86 
3.22 - MINIMALISMO .............................................................................................. 88 
3.23 – POLITÉCNICA ................................................................................................. 89 
BIBLIOGRAFIA SELECIONADA ------------------------------- 92 
Pág. 5
Marco Cardoso http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA MÚSICA 
1 – Definição 
A palavra MÚSICA é de origem grega e significa "A FORÇA DAS MUSAS". Estas 
eram as ninfas que ensinavam aos seres humanos as verdades dos deuses, semideuses e 
heróis, através da poesia, da dança, do canto lírico, do canto coral, do teatro etc. Todas 
estas manifestações eram acompanhadas por sons. Então MÚSICA, numa definição 
mais precisa, seria a "ARTE DE ENSINAR".
Até o século 15 ou 16, a atividade musical era exclusivamente utilitária: tinha função 
ritual (em todas as religiões de todos os povos de todo o mundo), tinha função de 
comunicação (os trovadores, os rapsodos que levavam notíciasetc.), função de trabalho 
(marinheiros, soldados etc.), cotidiana (ninar, lavar roupa etc.), lazer (canções e dança, 
música ambiente nas cortes, acompanhando poemas e peças teatrais) e outras atividades 
sócio-artísticas (educação, medicina, militar, moda etc., propaganda - comerciais, 
políticas, etc., hinos de todos os tipos etc.).
A noção de ARTE DA MÚSICA, voltada exclusivamente para a criação ABSTRATA 
de obras que explorassem os parâmetros musicais, só surgiu no Renascimento europeu e 
em países como a França, a Itália, a Inglaterra e a Alemanha. É claro que encontramos 
nos padres medievais esta pesquisa ou mesmo na China, na Índia, na Grécia Antiga e 
entre os árabes, mas o alcance racionalista ocidental foi mais profundo, pois além dos 
tratados teóricos, desenvolveu-se toda uma grafia uniforme e precisa para registrar os 
sons (2 objetivos: fixação para execução, documentação e estudo e o desenvolvimento 
da imprensa musical). Esta MÚSICA, denominada muitas vezes de ERUDITA (ou 
CLÁSSICA ou de CONCERTO) é um tipo de experimentação que não tem uma 
utilidade prática e que serve somente para apreciação estética e destinada a um ambiente 
designado pelo compositor. 
Assim, MÚSICA é a ARTE DA INTELIGÊNCIA HUMANA TRABALHAR COM 
SONS e tem por objetivo a universalidade, a abstração e a exploração técnica.
Pág. 6
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2 - O som
A matéria-prima da música é o som, que é uma forma de energia que se propaga pelo ar, 
pela água e por outros meios, perturbando-os de alguma maneira, e é captada pelos 
ouvidos. A ciência que estuda o som é a Acústica. 
O som, em Música, é definido por 6 parâmetros que se relacionam entre si:
ALTURA (acústica: freqüência): é a nota ou o tom. Com ela definimos se o som é grave 
ou agudo. Da relação entre os sons formamos a Melodia (a sucessão temporal de sons), a 
Harmonia (a simultaneidade de sons), a Textura (tecido da música ou quantidade de 
eventos em determinado momento de uma composição). Em contraposição temos o 
SILÊNCIO (em música: pausa). É de fundamental importância na estruturação musical. 
A Altura só foi fixada teoricamente a partir do século 9 d.C.
DURAÇÃO (acústica: tempo cronológico): é a duração de emissão do som. Definimos 
com a duração se o som é curto ou longo. A relação entre as durações forma os ritmos. 
Muitos destes ritmos foram extraídos da natureza ou do corpo humano ou são criações 
abstratas. A duração só foi fixada a partir do século 13 d.C. 
DINÂMICA/INTENSIDADE (acústica: amplitude): é a força ou a suavidade 
imprimida ao tocar um som. A dinâmica só começou a ser trabalhada a partir do século 
18.
TIMBRE (acústica: material do objeto sonoro): são as vozes, os instrumentos ou 
aqueles aparelhos que os compositores elegem para intermediar suas idéias musicais. 
Mesmo existindo por milhares de anos, os instrumentos musicais passaram a ser 
explorados em todos os seus recursos sistematicamente a partir do século 19. 
ARTICULAÇÃO (acústica: ataque): são os modos de produzir o som. São os tipos de 
toques, golpes e efeitos aplicados pelo executante na voz ou instrumento, modificando a 
sua qualidade. Apesar de sempre existir por milhares de anos, só no século 17 é que foi 
tratada teoricamente. 
ANDAMENTO (acústica: velocidade): é a velocidade de execução de um som. Até o 
século 17 era intuitivo, mas depois passou a ser estudado com objetividade. No século 
19, foi fixado matematicamente com o metrônomo e, no século 20, voltou a ser intuitivo.
Dependendo do contexto histórico (cultura, política, ciência, religião, artes etc.) do 
compositor, a relação dele com estes elementos físicos/musicais é que engendram as 
formas, os gêneros e os estilos.
 
Pág. 7
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3 – História da Música 
A noção de História da Música é praticamente recente. Tem uns 150 a 200 anos no 
máximo.
Os primeiros historiadores da música (e da História Geral - política, econômica, social 
etc.) começaram a organizar tudo com o nacionalismo romântico no início do século 19. 
Tudo era narrado através de fatos bastante vagos e lendários e datações imprecisas e 
arbitrárias. 
Na música isto se agravava porque muitos registros e até partituras desapareciam 
rapidamente. O repertório praticamente se constituía de estréias, porque a imensa 
maioria das peças era feita para uma única ocasião ou era tocada logo depois de 
composta e, sem ser grosseiro, a música era considerada um artigo supérfluo e 
descartável, apesar da sua estreita colaboração nos rituais religiosos e em festas 
políticas. 
E esta história começava em Bach (recém descoberto) e terminava em Wagner - no 
máximo. No século 20, ampliou-se com a inclusão da música medieval (cantos 
gregorianos, danças e o repertório dos menestréis, trovadores etc.), os coralistas 
renascentistas e a óperas do século 17, desde Monteverdi, Lully e outros e os 
compositores do Modernismo (Debussy, Stravinsky, Bartók, etc.).
Assim, a História da Música que estudamos é a História da Música da Europa Ocidental. 
Esta música não é a única, não é a mais importante e não é melhor do que a de outros 
povos e civilizações. É aquela na qual estamos inseridos culturalmente e que 
aprendemos e trabalhamos todo o seu arcabouço teórico, tocamos os instrumentos 
inventados ou desenvolvidos por ela e elegemos os compositores daquele continente 
como nossos modelos. Além disto nós delimitamos seu estudo a partir da Idade Média, 
mais precisamente aquelas músicas registradas depois do século 7.
As músicas dos períodos Primitivo e Antigüidade (civilizações egípcias, mesopotâmicas, 
gregas, romanas e de outros povos) e do início da Idade Média estão perdidas, apesar do 
trabalho arqueomusicológico. O que nos resta são pinturas ou esculturas de músicos, 
referências literárias ou religiosas, instrumentos, algumas teorias musicais e supostas 
"partituras", tudo muito fragmentado, disperso e precário.
De qualquer forma, o que influenciou a música européia foram as teorias gregas 
(modificadas pelos interesses dos teóricos medievais) e a contínua utilização de diversos 
instrumentos daquelas civilizações antigas. A prática musical dos judeus influenciou os 
cânticos dos cristãos. As atividades musicais dos povos germânicos e dos árabes 
influenciaram toda a música profana medieval com seus instrumentos, formas, ritmos e 
estruturações harmônicas.
As músicas chinesas, indianas e de outros povos asiáticos, possuem uma estrutura 
diferente e uma história independente, que pouco se relacionou com a da Europa, a não 
ser em épocas mais próximas. As músicas dos africanos, dos ameríndios e dos oceânicos 
só agora estão merecendo pesquisas científicas etnomusicológicas mais profundas.
Pág. 8
Marco Cardoso http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
As divisões históricas em períodos estilísticos são recentes e estão sujeitas ainda a 
revisões. No caso da música, muitos períodos não têm sincronismo com os das outras 
artes e nem se referem a algum detalhe específico musical. Muitos historiadores, para 
inserir a música num contexto sócio-cultural, batizam-na com tal ou qual nome, mas há 
muita polêmica. Mantive as denominações para uma orientação básica, mas pode ser que 
tudo isto mude algum dia.
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CAPÍTULO II
A MÚSICA MEDIEVAL - do século 7 ao 15
1 - Introdução 
O termo “medieval” vem da expressão latina "medium aevum" (época intermediária) 
dada pelos historiadores renascentistas ao período compreendido entre o 
desaparecimento do Império Romano e os novos interesses pela cultura greco-romana no 
século 15. O regime sócio-econômico predominante foi o feudalismo, caracterizadopela 
exploração da terra e por uma complexa hierarquia político-militar entre as pessoas. Este 
regime dividiu a Europa em minúsculos territórios. O fator de coesão era a Igreja 
Católica que, de fato, decidia o destino de todos.
É um engano qualificar este período como a "Idade das Trevas": ao contrário, a sua rica 
produção cultural sintetizou os conhecimentos greco-romanos, germânicos, árabes, 
judaico-cristãos, bizantinos, etc., manifestou-se em todas as áreas artísticas 
(arquitetura, marcenaria, artes visuais como pintura, escultura, vitrais, iluminuras etc., 
literatura como canções de gesta, romances de cavalaria, baladas, fábulas etc.) e 
continuou a investigar os princípios da ciência e da filosofia. Os seminários e conventos 
mantiveram gigantescas bibliotecas. Enfim, este período, mesmo com suas guerras, 
epidemias, fanatismos, misticismos, etc. preservou a civilização humana na sua 
integridade. O campo musical nos dá uma pequena mostra da riqueza cultural do 
período.
 2 – Música religiosa medieval 
As músicas mais antigas, que podemos executar com muita fidelidade, são os cantos 
gregorianos criados para o culto católico. 
Da música cristã primitiva só nos restam os poemas, mas, mesmo assim, os 
pesquisadores percebem que a origem dos cânticos era muito diversificada: 
• salmos e hinos religiosos dos judeus; 
• canções profanas de outras culturas (Grécia, Roma, entre outras) adaptadas ao 
pensamento cristão 
• criações próprias cristãs
Até o século 4, todos os fiéis participavam das várias cerimônias, cantando, batendo as 
mãos e os pés, dançando discretamente e até tocando instrumentos, tais como: harpa, 
saltério, órgão, trompete, sinos etc.
Pág. 10
Marco Cardoso http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
No século 5, a Igreja Católica, querendo uniformizar o seu culto em todos os lugares, 
tratou de desenvolver um estilo único e criar uma escritura musical exata. Para 
suplementar isto fundou a "Schola Cantorum", em Roma, onde os padres-compositores 
deveriam estudar. A partir de então um coro profissional passou a exercer todas as 
funções musicais nas cerimônias. Instrumentos não eram mais permitidos, pois foram 
considerados pelo clero, como terrenos ou demoníacos, enquanto a voz humana foi 
valorizada por ser uma criação divina. Mesmo assim, algum instrumento era utilizado, 
com ou sem autorização dos religiosos, para sustentar a correta afinação do coro. Depois 
de muitos debates, o canto gregoriano foi oficializado no início do século 7. 
2.1 – Ars Antiqua – séculos 7 a 13 
A música medieval denominada "Ars Antiqua" (arte antiga) é aquela que abrange desde 
o canto gregoriano até a invenção do moteto, dos séculos 7 ao 13. 
2.1.a - Características 
A música religiosa deste período é estreitamente ligada ao canto gregorian que serve de 
base para todas as composições. Sua sonoridade é muito diferente da nossa realidade, 
mas, também por causa disto, os cantos gregorianos nos envolvem, criando um clima de 
tranqüilidade e as primeiras experimentações do organum nos aparecem como 
curiosidades experimentais e ruidosas. Nesta época criaram a terminologia musical 
(incluindo o nome das notas), criaram a grafia e desenvolveram as primeiras teorias 
musicais ocidentais. 
2.1.b - Canto Gregoriano - século 7 
Gregório I, papa entre 590 a 604, e outros compilaram, compuseram e 
organizaram vários poemas e canções, que foram reunidos nos livros:
- Graduale (cantos solos e corais para todas as festas católicas)
- Kyriale (cantos para as partes fixas das missas) 
- Antiphonale (cantos, hinos e orações dos monges) 
Esta música tem as seguintes características:
- é o canto oficial da Igreja Católica; 
- o texto é em latim; 
- a importância é dada ao texto e não à música (objetivo é propagar a fé e não fazer 
um recital); 
- deve ser cantado, obrigatoriamente, só por homens (mas recentes pesquisas em 
conventos, descobriram milhares de cânticos compostos e interpretados por 
mulheres); 
Pág. 11
Marco Cardoso http://marcocardosoguitarra.blogspot.com/
- não pode ter acompanhamento instrumental de qualquer espécie; 
- é prosódico (um tipo de canto falado);
- melodias simples com pouca mudança de notas e uma tessitura menor que uma 
oitava;
- monofônico (uma única linha melódica); 
- diatônico (escalas sem alteração cromática ou microtonal); 
- modal (escalas de sete sons, ligeiramente diferentes das nossas escalas); 
- o ritmo depende das palavras, portanto é livre de fórmulas de compasso; 
- não tem preocupação com a dinâmica; 
- o andamento, geralmente, é lento; 
- os compositores são anônimos, pertencentes ao clero.
A melodia do canto gregoriano depende da forma do poema e se desenvolve numa linha 
quase que infinita, descendo e subindo por graus conjuntos e com raros saltos 
intervalares. Ela tem caráter sereno e é uniforme em suas nuances.
Não havia um regente, apenas os ensaiadores ou professores de canto que regiam o 
grupo com o rolo da partitura, apelidado de "solfa" (uma espécie de brincadeira com os 
nomes das notas - e daí vem a palavra "solfejo", treino melódico-rítmico). Escrevia-se a 
música com bico de pena de ponta quadrada e tinta em um rolo de pergaminho, de cor 
bege. 
No século 19 esta música foi batizada, pelos monges de Solesmes (França), de "canto 
gregoriano", em homenagem àquele papa. Também recebeu o nome de "cantochão" 
("cantus planus" em latim) no século 13, para diferenciá-lo do "canto mensurado", 
quando inventaram as figuras rítmicas, 
2.1.c - Organum - séculos 9 a 13 
A origem mais provável desta palavra é grega e, talvez, signifique "voz". Outros optam 
por instrumento. Na Idade Média, entretanto, foi o nome que se deu aos primeiros 
trabalhos polifônicos, ou melhor, às primeiras manifestações documentadas deste tipo de 
textura musical. Há até pesquisadores demonstrando que era uma técnica não religiosa 
adotada pelos padres. 
Organum também recebeu o nome de diafonia ("conjunto de dois sons" em grego). 
Partindo do cantochão os compositores acrescentaram uma segunda voz. O cantochão, 
base desta música, recebeu a denominação de "vox principalis" ou "cantus firmus" 
("canto firme" em latim). A segunda voz foi chamada de "vox organalis" ou "discantus" 
("canto diferente" em latim). Para embelezar e reforçar a sonoridade, usavam 
instrumentos. 
Pág. 12
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Um tipo especial de organum é o "organum melismático". A palavra "melisma" em 
grego significa "canção". Na técnica medieval de composição de organa, melisma 
passou a significar um fragmento melódico ou grupo de notas baseado numa sílaba. Em 
outras palavras: a voz composta era trabalhada em pequenos fragmentos, fazendo vários 
movimentos livres com notas curtíssimas, tecendo uma espécie de bordadura em torno 
das notas do cantochão, que foram transformadas em notas de durações longas. 
Provavelmente esta técnica teve origem nas improvisações feitas pelos próprios cantores 
durante os rituais, além de alguma influência popular. 
A voz do cantochão passou a se chamar tenor ("sustentador" em latim) porque 
sustentava as notas longas. Este tipo de organum era cantado no final do ofício religioso, 
para torná-lo mais solene, nobre e ou impressionante. A invenção deste tipo de 
ornamentação causou muita polêmica entre os líderes religiosos,pois, muitas vezes, 
havia uma liberação para o seu uso, outras vezes era controlado e, em outras épocas, era 
totalmente proibido. 
Neste começo passam a elaborar as regras de combinação de notas ou, em termos 
musicais, principiam a desenvolver as técnicas do contraponto (puntum contra punctum 
- "ponto contra ponto" em latim).
Nos séculos 12 e 13, na Espanha e na França, padres pesquisavam um outro tipo de 
organum, colocando mais vozes acima do canto gregoriano. Primeiro eles compunham o 
cantus firmus, de origem gregoriana ou de alguma melodia profana, mas deformado 
pelos melismas. Depois faziam a segunda voz, mais tarde, experimentavam uma terceira 
voz e, ainda, uma quarta. A composição de cada voz deveria estar relacionada com o 
cantus firmus. Temos os nome de dois padres-compositores baseados em Notre-Dame: 
Leonin (c 1163/c 1201) e Perotin (início do século 13). Um outro nome que se preservou 
para História foi o da abadessa-compositora Hildegard de Bingen (1098/1179 - 
Alemanha).
Com várias vozes cantando simultaneamente, surgiu o problema rítmico: como 
organizar a escrita destas vozes para que cantem conjuntamente ,sem distorcer a 
intenção do compositor ?
É claro que eles "sentiam" as durações, mas era preciso criar uma grafia coerente, que 
procurasse abarcar todas as nuances e sutilezas rítmicas. Assim, no século 13, muitos 
sinais foram inventados, inclusive para os momentos em que não havia som. 
As notas eram escritas nas cores preto, vermelho ou azul conforme as combinações 
rítmicas. As pausas eram sempre em preto. As figuram tomam as formas de quadrado, 
retângulo e diamante. Para distribuir no pergaminho todas as partes, os monges 
escreviam o tenor na parte de baixo e, para as outras vozes, repartiam em colunas na 
superior. Nas últimas décadas do século 13, todos os organa desaparecem devido a 
outras experimentações musicais.
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2.1.d - Outros gêneros religiosos 
Sempre houve, independente das ordens e contra-ordens papais, trechos durante as 
cerimônias católicas (missas, procissões, ofícios dos monges etc.) em que se usavam ou 
se criavam tipos diferentes de músicas. Estilisticamente eram como os cantos 
gregorianos, mas com uma maior flexibilidade para se adaptar às funções ritualísticas ou 
para a participação dos leigos. 
Exemplos:
- Aleluia (deformação da palavra jubilus - "alegria" em latim): ornamentação na 
melodia da palavra; 
- Amém ("assim seja" em latim): ornamentação na melodia da palavra; 
- Antífona: alternação de coros; 
- Hino: canto de louvor para algum santo; 
- Responsório: melodia para solo e coro; 
- Salmodia: recitativo solo ou recitativo com solista e coro; 
- Seqüência: melodia repetida para solista ou para coro; 
- Tropo: interpolações melódico-textuais entre duas palavras ou frases de um cântico 
qualquer. 
Surgiram novos gêneros:
Clausula (século 12) 
Esta palavra significa "fechamento" em latim. Na parte final do organum, o compositor 
fazia o tenor melismático e as outras vozes eram mais ornamentadas. O cantus firmus 
original é completamente destruído. Os compositores, muitas vezes, substituíam uma 
clausula por uma outra, mesmo se a anterior fosse de um outro compositor diferente. A 
conseqüência da clausula é a destruição completa das melodias gregorianas. Assim os 
compositores procuram pensar em peças nas quais poderiam criar idéias originais. 
Conductus (século 12/13) 
É uma palavra latina que significa "condução". Era a música que acompanhava a entrada 
do padre para a missa. O ritmo básico era o de marcha para acompanhar os andar das 
pessoas. Opcionalmente, havia introdução e poslúdio puramente instrumentais. As 
melodias não eram baseadas em nenhuma composição anterior, porque dependiam da 
forma do poema a ser musicado.
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Moteto (Século 13) 
Moteto é uma palavra que vem do francês e significa "palavra pequena". Na História 
encontramos muitas grafias diferentes assim como sinônimos: mutetus, motellus, 
mocteta, modulatio, modulus, cantio etc. Em música passou a significar música com 
palavras, ou, especificamente, melodia em que foi acrescentado um texto original. 
O moteto foi estruturado a partir de técnicas composicionais de vários gêneros: organum 
de Notre-Dame, conductus, clausula, canções profanas, danças e experimentações 
contrapontísticas. No início, consistiu na substituição do texto religioso de um organum 
por um texto novo. Depois desenvolveu-se com a superposição ou a criação de novos 
textos e melodias acima das vozes originais. 
Estas melodias, com o decorrer do tempo, passaram a ser mais elaboradas, influenciadas 
pela música não-religiosa da época. Ao serem compostas elas eram concatenadas com a 
voz do cantus firmus, não importando a relação intervalar com as outras vozes. Os 
idiomas dos textos adicionais eram de origens variadas, podendo ser cantados 
simultaneamente em línguas diferentes. A forma do moteto era livre porque dependia do 
poema. Instrumentos reforçavam ou substituíam as vozes humanas. O moteto assumiu 
diferentes feições com o passar dos séculos, dos estilos e dos propósitos de cada 
compositor.
Em todos estes tipos de músicas (dos organa até os motetos) ainda não havia o regente, 
apenas ensaiadores, que, no momento da execução, ficavam em algum instrumento, 
quando este era permitido.
2.2 – Ars Nova - séculos 14-15 
A expressão Ars Nova (significa, em latim, "arte nova") é o título de um livro do 
compositor medieval Philip de Vitry, que analisava as novas técnicas composicionais 
deste período.
A música da Ars Nova tem as seguintes características:
- a polifonia contrapontística domina todos os gêneros de composições religiosas; 
- uso de melodia profana ou criada pelo compositor como cantus firmus; 
- técnica do falso bordão (expressão derivada do francês medieval: fors bordon - 
literalmente "fora do grave"): é uma técnica de composição, harmonização e 
improvisação oriunda da Inglaterra, que consiste em colocar o cantus firmus no 
agudo e acrescentar duas linhas melódicas inferiores; 
- acompanhamento instrumental dobrando e substituindo as vozes; 
- como as músicas tornaram-se mais complexas, foi necessário alguém para coordenar 
todo o grupo: apareceu então a figura do mestre de capela (literalmente um professor 
de música de uma igreja) que dirigia com a solfa. 
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Principais compositores: 
• Philip de Vitry (1291/1361); 
Compositor e poeta francês. Foi bispo e funcionário público de vários reis franceses. 
Também foi diplomata. publicou um livro sobre a música da época e desenvolveu a 
teoria e a grafia sobre o ritmo. Só nos restam dele 12 motetos religiosos.
• Guillaume de Machaut (c 1300/1377)
Compositor francês. Também foi poeta. Serviu como padre e funcionário público a 
vários membros importantes da corte francesa. Das suas obras temos motetos e missas, 
além de muitas canções profanas.
• Guillaume Dufay (c 1398/1474) 
Compositor francês. Era também padre. Trabalhou em Roma no coro papal e na corte de 
Ferrara. Além de música religiosa (cerca de 100), compôs muitas canções profanas. É 
considerado o maior compositor do século 15. 
• Gilles Binchois (c 1400/1460)
Compositor e organista franco-belga. Foi também padre em várias capelas pelo interior 
belga e norte francês.Também foi funcionário público da corte borgonhesa. Além de 
compor para a igreja, ele fez várias canções com temas profanas. Restam-nos dele 150 
composições.
Normalmente a carreira deles começava como menino-cantor de coro da sua paróquia e, 
caso se ordenasse padre, iam mudando de cidade, conforme as funções eclesiásticas o 
exigissem, até atingir um alto cargo, freqüentemente num centro político importante, no 
qual era responsável por todo o tipo de música. 
2.3 – A história da notação 
Os povos antigos (gregos, romanos e hebreus) tentaram inventar um sistema de escrita 
musical, mas tudo se perdeu com o decorrer do tempo. Uma tentativa de assinalar as 
alturas ocorreu durante os séculos 4 e 5 com abreviações de expressões latinas para 
cantar a mesma altura, um tom acima, um tom abaixo etc.
Uma notação mais elaborada, no princípio do século 7, consistiu em acrescentar, acima 
do texto a ser cantado, sinais derivados da gramática grega. Adotavam-se três:
/ \ ^
Esses sinais receberam o nome de neumas ("ar" em grego). Os neumas não indicavam 
com precisão as notas, mas ajudavam os cantores, junto com o movimento das mãos dos 
ensaiadores ou professores de canto, a lembrar da direção da melodia. Do século 9 ao 
13, os neumas se desenvolveram graficamente e ficaram assim:
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Para ajudar a encontrar a altura exata, 
começaram a escrever as letras do alfabeto 
latino, entre os neumas e o texto, ao menos 
na primeira nota. Um auxílio efetivo 
ocorreu quando lançaram mão de uma 
linha horizontal vermelha para indicar um 
tom central, para o qual foi escolhido o fá 
(abaixo do dó central), uma altura média e 
confortável para a voz masculina. Mais 
tarde colocaram uma outra, de cor amarela 
ou verde, sobre a anterior para indicar o dó 
central.
 
Guido d'Arezzo (c 991/c 1033; Itália), descreve o uso do "tetragrama", ou conjunto de 
quatro linhas, todas em vermelho, no século 10. As duas novas linhas eram colocadas do 
seguinte modo: uma entre as duas antigas e a outra, nova, acima ou abaixo das antigas 
conforme a extensão da melodia. O "pentagrama", as atuais cinco linhas, só foi 
inventado no século 12 para escrever as primeiras músicas polifônicas e canções e 
danças profanas. As linhas suplementares só surgiram no século 16.
Ao inventarem uma quantidade maior de pautas, necessitou-se usar as claves ("chaves" 
em latim) para entender e decifrar as alturas, evitando-se também colorir cada linha com 
uma cor diferente. As claves são escritas no começo da música e sua linha varia 
conforme a tessitura do cântico. As duas claves usadas naquela época eram:
A clave de sol, derivada da letra G, só apareceu em meados do século 14.
Como cada monge, ao copiar a música, a escrevia com a sua própria caligrafia, 
modificava o desenho da letra das claves originais, até que, por volta do século 16, com 
a imprensa musical, estes símbolos padronizaram-se.
As notas musicais alcançadas pelos medievais religiosos eram as seguintes:
(escala)
A letra G (gamma em grego) era a nota mais grave e passou, portanto, a ser sinônimo de 
tessitura ou escala.
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O nome das notas foi supostamente dado por Guido d'Arezzo, procurando facilitar a 
memorização das melodias. Pesquisando centenas de cânticos, deparou, num hino a são 
João Batista que cada verso começava com uma altura diferente e imediatamente 
superior ao anterior. Assim ele trocou as letras pelas sílabas:
C Ut
D Re
E Mi
F Fa
G Sol
A La
O nome da nota restante surgiu, no final do século 15, da contração do nome do santo 
homenageado: Sancte Ioannes (SI).
 
Giovanni Battista Doni (1595/1647), compositor e teórico italiano. Para facilitar o 
solfejo no idioma do seu país, trocou o nome da nota ut pela primeira sílaba do seu nome 
do, adotado posteriormente por espanhóis e portugueses. Os franceses continuaram com 
o nome da nota original. E os ingleses e os alemães continuam com as letras, mas, para o 
solfejo, adotaram os nomes com algumas modificações devido às suas pronúncias 
nacionais. 
O nome dos acidentes também nasceu nesta época. Com a necessidade de rebaixar em 
meio tom o B, a fim de evitar o trítono, eles o escreviam com a letra minúscula 
arredondada, b , acima da pauta, chamando-lhe de be molle ("b suave" , "b macio" ou "b 
mole" em latim) ou be rotundum ("b redondo"). E quando queriam o B natural, 
escreviam-no de forma quadrada, b , chamando-lhe de be quadratum ("b quadrado") 
ou be durum ("b duro"). Com os freqüentes rebaixamentos das outras notas e suas 
respectivas voltas ao natural, estas expressões se universalizaram. Em português 
tornaram-se "bemol" e "bequadro". Na Alemanha, a letra B é si bemol e H é si natural; 
isto porque os monges medievais daquele país não colocavam o traço inferior no "b 
quadrado".
O sustenido ("elevado" em latim) surgiu da mesma necessidade em relação ao trítono, 
mas elevando-se em meio tom a nota fá. Naquela época uma cruz era colocada acima da 
nota. Depois, seguindo os passos do bemol, todas as outras notas puderam ser 
sustenizadas. O uso sistemático dos acidentes só se deu no século 17. A grafia das 
durações ainda não era uma preocupação fundamental dos padres e só foi desenvolvida a 
partir do século 13, adaptada dos antigos neumas.
3 – Música profana Medieval 
A palavra profano significa, em grego, "o que está à frente do templo religioso" ou "fora 
do prédio religioso" e, por extensão, aqueles assuntos que não são religiosos. A palavra 
não induz a anti-religiosidade, embora se use normalmente com este sentido. 
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A Igreja Católica, devido à confusão das invasões estrangeiras na Europa, 
principalmente nos séculos 3 a 6, procurou registrar a variedade de manifestações 
culturais. Assim ela poderia conhecer a mentalidade do seu novo "rebanho", ao mesmo 
tempo em que se utilizava de muitos de seus elementos para tecer sua própria 
simbologia. Não podemos esquecer que muitos homens e muitas mulheres pertencentes 
ao clero tinham origem destes povos e que, inconscientemente ou não, contribuíam com 
algo diferente ao pensamento cristão. 
Assim, a partir do século 8, mais ou menos, os padres, que, a princípio, eram os únicos 
que sabiam grafar músicas, registraram milhares e milhares de canções de trabalho, de 
guerra, de marinheiros, de crianças, de ninar, de casamentos etc. Temos, também, 
preservadas as canções e danças tidas como simples lazer feitas pelos compositores 
profissionais. Nas canções, os assuntos variam entre o amor, a amizade, o escárnio e a 
pornografia mais deslavada, passando pelas aventuras, guerras, sátiras políticas e 
acontecimentos cotidianos.
Na sua maioria, eram peças monofônicas, mas existiam peças polifônicas e 
heterofônicas. O que nos resta são as melodias e poucas sobreviveram inteiras. O que 
ouvimos delas são arranjos modernos, com raríssimos grupos musicais fazendo uma 
pesquisa profunda. As peças eram modais, com escalas de variados números de notas, 
incluindo de uma nota só até divisões microtonais, além do cruzamento frutífero com os 
modos eclesiásticos oficiais.
Os principais gêneros eram: lai, virelai, balada caccia, rondeau e madrigal, entre outros. 
Ao longo dos séculos, deram origem às principais formas instrumentais ocidentais. O 
instrumental era riquíssimo. Como conseqüência das invasões, misturaram-se 
instrumentos gregos, romanos, judeus, árabes, celtas, vikings, entre outros. Os conjuntos 
eram formados por uma gama variada de timbres, freqüentemente os que tinham em 
mãos naquele momento. Os arranjos dos grupos atuais são baseados em ilustrações e 
narrativas da época, mas há sempreuma intenção nossa de fazer combinações por 
família, jogo de timbres e mais outras "modernidades", distorcendo um pouco a 
originalidade medieval. 
Não conhecemos o nome da imensa maioria dos compositores destas canções e danças, 
mas, do que sabemos, muitas delas eram feitas por nobres, religiosos, camponeses e reis. 
Além deles temos os menestréis, trovadores, segréis, jograis, mestres-cantores e outros 
que, cruzando a Europa, divulgavam suas músicas e notícias em geral. Havia muitos 
torneios e desafios entre eles e muitas brigas sem música também.
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CAPÍTULO III
A MÚSICA RENASCENTISTA (séculos 15-16)
1 – Introdução
O Renascimento foi um movimento cultural muito complexo, que nasceu na Itália, por 
volta do século 14, e se espalhou pela Europa cem anos depois. Para o seu surgimento 
contribuíram centenas de causas existenciais e comerciais. Entretanto, podemos levantar 
algumas características gerais: 
- o humanismo;
- o cientificismo e o início da tecnologia atual;
- a valorização da cultura greco-romana; 
- a liberdade de circulação de idéias;
- a economia capitalista com todas as sua conseqüências: o incremento comercial, as 
primeiras indústrias e o estabelecimento dos bancos, o ressurgimento das cidades e a 
solidificação das nações, o colonialismo, o imperialismo e a globalização, a suposta e 
imaginável supremacia européia cristã-ocidental, o pragmatismo político, as novas 
pesquisas científicas e a vitória do racionalismo na filosofia, a crítica religiosa e a 
diversidade de crenças, a fundação de universidades e a divulgação do saber pela 
imprensa etc... 
Esta época marca o início do mundo moderno. 
Por comodidade, adotamos esta denominação para a Música no período compreendido 
entre 1450 e 1600, mas, nela mesma, não aconteceu uma transformação profunda, igual 
à ocorrida em outras áreas do conhecimento humano (comparemos, como exemplo, com 
a Literatura, a Geografia ou a Física). Pelo contrário, houve somente um 
desenvolvimento de algumas técnicas explicadas adiante.
Muitos historiadores justificam este rótulo dizendo que a Música "renasceu" durante o 
século 15, tendo, por pressuposto, desaparecido nos séculos anteriores. A atividade 
musical é inerente a todas as civilizações e nunca, em nenhum momento, deixou de 
existir, seja em rituais, seja em trabalhos ou seja em festas. Vimos quantas músicas em 
estilos diversos apareceram na Idade Média e nunca houve uma pausa. Outros ainda 
argumentam que "a música ficou mais alegre", baseando-se nos textos das canções 
populares da época, mas muitas canções medievais e hinos religiosos medievais 
"expressam" alegria.
Por último, os músicos do século 16 não conseguiram resgatar a música greco-romana. 
Somente apareciam referências àquelas culturas nas citações ou textos literários em 
canções e motetos ou em títulos de músicas instrumentais. A música mesma não é da 
Grécia e nem de Roma ! 
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2 – Características gerais
A música ainda era escrita nos modos medievais, mas com muitas modulações, 
transposições, alterações cromáticas e até microtonais, nos gêneros medievais e sob a 
supervisão da Igreja Católica, orientando os padres-compositores. 
A mudança mais interessante em relação à Ars Nova foi que o contraponto atingiu um 
alto grau de complexidade e sofisticação, com combinações intrincadas de até 64 vozes. 
Apesar do compositor fazer primeiro o cantus firmus, ele já começa a pensar na 
dimensão vertical da música, isto é, em harmonia, no movimento concatenado das 
vozes. A partir de então todas as partes têm que combinar entre si e nada pode ser 
colocado por acaso. Os acordes de terças e sextas eram usados em tempos fortes, mas os 
uníssonos, quartas, quintas e oitavas justas começavam e terminavam a música. 
A imitação de melodias inteiras ou trechos é mais freqüente entre as vozes. Surge a 
subdivisão binária, isto é, a notação métrica, e abandonam teorias de ritmos medievais. 
Surge a idéia da fórmula de compasso. Ritmos de danças eram aproveitados. As cores 
das figuras tornam-se brancas para as longas e pretas para as curtas. Isto porque 
começaram a usar papel de cor branca, ao invés do pergaminho. (A palavra fusa vem do 
latim e significa "fragmento") 
São feitas experiências acústicas como a 
multiespacialidade (exemplo: distribuição 
do coro em vários lugares da igreja) e 
efeitos vocais variados (gritos, resmungos 
e sons de animais, entre outros).
Há uma rica profusão de novos 
instrumentos na Europa que foram 
reunidos em famílias, chamadas consortes, 
(talvez esta palavra tenha vindo de 
concerto, "reunião" em latim), desejando 
extrair um som homogêneo da música. 
Assim apareceram os consortes da flauta 
doce, da viola da gamba, do cromorne, 
etc... Na maioria das vezes, todos tocavam 
em pé, costume que só acabou no final do 
século 18. 
 
A música religiosa ainda era regida pela solfa em lugares pequenos, mas outros regem 
do órgão. Na música instrumental nos palácios, nos castelos e nas cortes surge a figura 
do "mestre da música", que, sendo primeiro-instrumentista do grupo, dirige todos no seu 
instrumento (cravo, flauta doce, viola medieval. violino, alaúde etc.). 
As músicas eram escritas em pequenos cadernos chamados cartelas. Os compositores as 
escreviam a lápis e, depois de copiarem ou executarem as peças, apagavam tudo e 
compunham outra por cima. E, como a escrita se complicou e aumentou o número de 
vozes, escreviam todas as partes separadas. 
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Surge a imprensa musical. Muitas vezes as edições eram patrocinadas pelos reis ou 
nobres querendo homenagear ou prestigiar um de seus empregados-músicos. 
3 – Música vocal 
3.1 – Religiosa
Missas, hinos, motetos e outros cânticos eram compostos para suprir todas as 
necessidades católicas. Dois gêneros de missas apareceram: a "missa paródia", na qual o 
compositor citava alguma melodia preexistente, e a "missa paráfrase", na qual um canto 
gregoriano, muito modificado, era ouvido. 
No final do século 16, os luteranos criaram para o seu culto uma música muito simples, 
feita para que todos os seus fiéis a cantassem, ao contrário da prática católica, muito 
elaborada. Esta música para o serviço luterano recebeu o nome de "coral". Ela é um 
movimento de acordes com melodias curtas, sem ornamentação e ritmos fáceis. As 
origens das melodias eram de temas folclóricos e cânticos católicos adaptados para a 
nova religião e criações próprias. 
Então a Igreja Católica, descobrindo a vantagem deste estilo musical, procurou 
simplificar os seus próprios cantos. A alta cúpula eclesiástica, no espírito da Contra-
Reforma, exigiu que os compositores evitassem toda a parafernália contrapontística e 
fizessem peças homofônicas e sem experimentações rítmicas. Basicamente, a música 
passou a ser escrita para um coro pequeno, sem acompanhamento instrumental, surgindo 
daí a expressão "coro a capella". Somente eram admitidos homens para cantar este 
repertório. As vozes agudas eram feitas por meninos, contratenores e "castratti". 
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Nesta época as vozes tinham os nomes:
Algumas vezes as vozes mais agudas ainda eram chamadas de "discantus" e "cantus", 
respectivamente. 
No final deste período, sopranoe contralto passaram a designar também as vozes 
femininas. Os termos para as vozes mezzo soprano ("soprano médio" em italiano) e 
barítono ("som pesado" em grego) só surgiram no século 17. 
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Nome medieval Nome renascentista Significado e função
Supremus ou Superius
(latim)
Soprano (italiano) Escrita na parte superior 
da partitura, é a voz mais 
aguda da música, 
carregando, na maior parte 
das vezes, a melodia
Altus (latim) Contralto (italiano) Escrita acima do tenor, é 
voz mais grave que a 
soprano, preenchendo a 
parte intermediária da 
trama polifônica
Contraltus (latim) Contratenor (italiano) Escrita na pauta abaixo da 
altus é voz mais aguda que 
o tenor e preenche a parte 
intermediária da trama 
polifônica
Tenor (latim) Tenor Sua origem era a voz que 
sustentava o cantus firmus, 
ficando entre a voz agudas 
e a grave e preenchia a 
parte intermediária da 
trama polifônica
Bassus (latim) Basso (italiano) Escrita abaixo de todas e na 
parte inferior da partitura, 
passando a ter a função de 
tenor ou sustentar o canto
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3.2 – Profana 
Uma grande parte da documentação musical deste período é composta por músicas 
vocais profanas dos mais variados tipos, funções, estilos e origens: festas, 
comemorações, saudações, serenatas, reuniões em tavernas, teatro etc... E todo o tipo de 
gente a fazia: reis, princesas, bispos, músicos profissionais, bobos da corte e cantores de 
rua anônimos, entre outros. 
A qualidade destas músicas era igual às canções do rádio e da televisão de hoje - eram 
compostas diariamente e logo caíam no esquecimento - e entraram para a História 
porque são exemplos da produção cultural do período. 
Entre os gêneros renascentistas podemos destacar: 
- frótola ("frutinha" em italiano): canção estrófica de tema amoroso com 
acompanhamento instrumental em uníssono ou ornamentado; 
- villancico ("sertanejo" em castelhano): música com refrão e acompanhamento 
instrumental de vihuela - instrumento de cordas dedilhadas e outros instrumentos, 
dobrando a melodia, fazendo figurações e marcando o ritmo; 
- chanson ("canção" em francês): escrita para conjunto a três, quatro ou cinco vozes, 
era trabalhada em contraponto nota-a-nota; o canto era silábico, desenvolvendo 
assim uma simplicidade harmônica e formal; os temas eram retirados de 
acontecimentos cotidianos, políticos, amorosos, eróticos, pornográficos etc...; 
- madrigal ("mãe" em italiano): tem esse nome porque era cantado em italiano e não 
em latim; reuniu várias características da frótola, chanson e técnicas 
contrapontísticas; o canto era muitas vezes silábico; tinha acompanhamento 
instrumental; a forma dependia do poema; a temática era pastoril-amorosa; os 
compositores, querendo expressar o texto, fazem experimentações com a monodia - 
melodia-e-acorde, com as dissonâncias e com os ritmos. 
4 – Música instrumental
Podemos dividir a produção instrumental renascentista em três grandes grupos: 
4.1 – Erudita 
Dentro da música ocidental, começa-se a esboçar uma preocupação em trabalhar com 
todos os parâmetros do som, em seus detalhes e nuances, além do seu nível de execução. 
Este tipo de procedimento pode ser chamado de música erudita. É uma denominação 
muito pesada, rigorosa e enfadonha, mas é preferível a música "séria", música "culta", 
música "elevada", música "clássica", música de "ponta", música de "pesquisa", música 
de "laboratório", música "experimental" etc...
Até então quem buscava isto eram os padres-compositores, mas somente para a 
funcionalidade religiosa da música. Agora as peças começam, pela primeira vez, a 
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refletir a sua especificidade sonora, sem apoios literários, visuais ou funcionais, e até os 
seus nomes passam a ser dados segundo o seu aspecto estrutural. 
Desenvolveram-se vários gêneros: 
- canzona da sonar ("canção para soar" em italiano): versão instrumental de peças 
cantadas; as primeiras canzoni eram para teclado ou alaúde e depois foram escritas 
para conjuntos instrumentais; 
- fantasia in nomine: tema e variações baseadas num tema religioso para teclado ou 
cordas; 
- fantasia: peça livre contrapontística para teclado ou cordas; 
- ricercare ("procurar" em italiano): peça com estilo imitativo para órgão ou alaúde; 
- toccata ("tocar" em italiano): peça livre para teclado, com passagens virtuosísticas; 
- sonata ("soar" em italiano): peça para instrumentos de cordas. 
Usam-se os termos sinfonia ("reunião de sons" em grego) e concerto ("reunião" ou 
"ajuntamento" em latim) para designar peças para qualquer combinação instrumental e 
vocal, tanto religiosas quanto profanas. 
4.2 – Dança
A produção era enorme porque os compositores tinham que fornecer músicas para todas 
as festas do castelo, palácio ou corte onde trabalhavam. Temos que contar as que 
também foram compostas para as festas populares e tavernas. As mais comuns, entre 
outras, eram a pavana, galharda, bransle, chacona e passacalha. 
4.3 – Utilitária
Havia ainda composições específicas para algum serviço dentro do palácio. São marchas 
diversas (militares, nupciais ou fúnebres), músicas para cerimônias políticas ou 
execuções etc... 
5 – Vida musical
Os músicos eram empregados das igrejas, das cortes ou das famílias ricas. A maior parte 
eram padres-compositores. Tinham contratos rigorosos e viviam sob ameaça constante 
de perda de emprego, sem falar nas rivalidades com outros músicos e empregados, 
agravadas ainda mais com as disputas e confusões políticas, religiosas, etc... 
Todos compunham nos gêneros e temáticas da época por obrigação ou por vontade 
própria. Assim vemos lado a lado música religiosa, danças, marchas militares, música 
erudita e canções pornográficas nos catálogos dos compositores. 
 
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Alguns centros musicais e seus mais destacados compositores foram: 
Holanda
Heinrich Isaac (c1450/1517)
Jacob Obrecht (c1450/1505)
Jan Sweelink (1562/1621) 
Bélgica
Adrian Willaert (c1490/1562)
Cyprian de la Rore (?1515/1565)
Jacob Clement (?1510/?1556)
Johannes Ockenghem (c1410/?1497)
Nicolas Gombert (c1495/c1560)
Orlande de Lassus (?1530/1594)
Pierre de la Rue (c1460/1518)
França
Clément Janequin (c1485/1558)
Josquin Desprez (c1440/1521)
Inglaterra 
William Byrd (?1543/1623)
Thomas Morley (?1557/1602)
John Dowland (?1563/1626)
Orlando Gibbons (1583/1625) 
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Itália
Gioseffo Zarlino (1517/1590)
Andrea Gabrieli (1533/1585)
Claudio Merulo (1533/1604)
Giovanni Gabrieli (?1553/1612) 
Giovanni Pierluigi da Palestrina (?1525/1594)
Luca Marenzio (?1553/1599)
Carlo Gesualdo (c1561/1613)
Claudio Monteverdi (1567/1643)
Adriano Banchieri (1568/1634) 
Espanha
Juan del Encina (1468/?1530)
Tomás de Victoria (1548/1611)
A música deste período foi sendo descoberta em meados do século 19 e divulgada 
através de estudos, edições , execuções e gravações. A herança musical do renascimento 
para a composição atual consiste nas técnicas do contraponto e dos princípios do 
tonalismo. 
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CAPÍTULO IV
A MÚSICA BARROCA - (do finaldo século 16 a 
meados do século 18) 
I - Introdução 
Os séculos 17 e 18 da história humana são caracterizados pelas grandes disputas nos 
mares entre Inglaterra, Espanha e Holanda, por causa das colônias americanas e 
africanas, e pelas guerras religiosas entre católicos e protestantes na Europa. Na política 
a burguesia apóia os monarcas contra os senhores feudais. 
Nas ciências (medicina, astronomia, química etc.) e na filosofia há um contínuo 
desenvolvimento pela pesquisa: a razão passa a ser a primeira condição para a felicidade 
do ser humano (mais tarde esta maneira de pensar desembocaria no Iluminismo). 
Os artistas refletiram, então, esta expansão, intensidade, contradição, exuberância e 
diversidade culturais, buscando expressar toda a infinitude do universo, a transitoriedade 
do tempo e as contradições de visão de mundo. 
A palavra barroco vem da língua portuguesa e significa "pérola irregular". Foi adotada 
internacionalmente para caracterizar um estilo sutil, ornamentado e pomposo nas Artes 
Plásticas, na Arquitetura e na Literatura dos séculos 16 a 17. Na música, começa em fins 
do século 16 e vai até meados do século 18. Na época era um termo pejorativo e tinha a 
conotação de grotesco. Os historiadores da Arte, a partir do século 19, recuperaram-no 
com um significado mais conceituado. 
2-Caracteristicas gerais 
Os compositores abandonam a polifonia e a homofonia-coral e adotam a homofonia-
melódica (melodia e acompanhamento) com a progressão de acordes tonais: I-IV-V-
I. Esta progressão constante de acordes, que sustenta a melodia, chama-se baixo 
contínuo. Como estes acordes não eram escritos com todas as notas, os compositores 
inventaram o sistema de baixo cifrado: números e símbolos para resumir e indicar a 
harmonia que seria realizada pelos intérpretes. 
Há uma valorização de ritmos de danças, que são utilizados para estruturar as peças. 
Desde o século 17, os valores se fixam, excluindo as mais longas. Os nomes das figuras 
foram adaptados conforme o país. Em português a seqüência fica: semibreve, mínima, 
semínima, colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa (a palavra colcheia significa 
"gancho", do francês). Tomam a forma redonda. As figuras com bandeirolas começam a 
ser unidas. A unidade básica se torna a semibreve. Inventa-se a barra de compasso, as 
fórmulas de compasso, as indicações de andamentos, o arco de ligadura, as quiálteras, 
os acentos e algumas expressões de dinâmica. 
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Há uma profusão de ornamentos, todos derivados de práticas antigas e populares. No 
Barroco tinham uma dupla função: afirmar a harmonia e dar cor à pouca sonoridade dos 
instrumentos. Os principais ornamentos são: trinado, grupeto, mordente, apojatura, 
glissando e floreio. 
Os compositores e teóricos elaboraram a Teoria dos Afetos, que consiste em associar as 
tonalidades, os contornos melódicos, os padrões rítmicos, os timbres e as dinâmicas a 
determinados sentimentos, humores, ações, idéias, pensamentos, histórias, paisagens etc. 
Cada músico tinha uma tabela para si, para cada ocasião ou para cada obra. E divergiam 
muito com a lista dos outros compositores. 
Com o crescente interesse pela música instrumental, os compositores resolveram 
determinar os timbres de modo claro e objetivo nas partituras. Só em obras para 
diletantes havia uma maior liberdade para a escolha dos instrumentos. 
A orquestra começa a se formar no século 17. O grupo musical recebeu este nome 
porque os músicos ocupavam o lugar originalmente destinado aos dançarinos nos teatros 
internos, construídos nos palácios da nobreza nos séculos 15 e 16. A palavra orquestra 
significa lugar para a dança em grego. Num primeiro momento estas primitivas 
orquestras, que tocaram as primeiras óperas, balés e faziam músicas para peças teatrais, 
eram conjuntos amorfos constituídos de flautas-doce, oboés, trompetes, trombones, 
harpas, cravos, alaúdes, tiorbas, violas medievais, entre outros - um verdadeiro "violão 
gigante", como apelidaram na época. Na realidade era um grupo que se juntava, quando 
da necessidade da produção do espetáculo. 
Com o desenvolvimento do tonalismo, os compositores procuraram um maior equilíbrio 
entre os timbres. Assim a orquestra padrão ficou formada pelas cordas (família dos 
violinos) e por um instrumento que fizesse os acordes. As funções eram estas: a melodia 
sempre a cargo dos primeiros violinos, as notas intermediárias da harmonia a cargo dos 
segundos violinos e das violas, as notas graves para os violoncelos e contrabaixos e a 
realização dos acordes para o teclado (órgão ou cravo). 
Mais tarde começaram a se utilizar dos sopros de madeiras (oboé e fagote) e da trompa. 
No começo do século 18, acrescentaram a flauta transversal e, mais tarde, clarinetes, 
trompetes, trombones e percussão. Um ou outro instrumento diferente era utilizado para 
efeitos cênicos (trompetes e percussão para batalhas) ou para uma personagem: Orfeu 
com alaúde, Nero com harpa, entre outros. 
Para coordenar os conjuntos instrumentais e/ou corais, o maestro ("professor" em 
italiano) - normalmente o próprio compositor - tocava o baixo-contínuo virado de costas 
para o público ou usava um bastão para marcar a primeira batida (battuta em italiano) do 
compasso. 
Aparecem os primeiros virtuoses de instrumentos, que são músicos especializados em 
executar determinados instrumentos com habilidade e técnica perfeitas. 
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3 - Música vocal 
3.1 – Ópera 
É uma abreviatura da expressão italiana opera in musica ou seja obra literária posta em 
música. Na época surgiram também as denominações: favola in musica ("lenda 
musicada") ou dramma per musica ("teatro musicado"). Há muitos exemplos de artes 
cênicas acompanhadas por música em todas as épocas anteriores, tanto no Ocidente 
quanto no Oriente, mas o processo que levou a criar este espetáculo foi, no mínimo, 
curioso. 
Um grupo de intelectuais de Florença, os membros da Camerata Fiorentina, queria 
recriar, dentro do espírito renascentista literário, as tragédias gregas, que eram 
acompanhadas por música. Só que ao traduzir uma expressão grega que significava 
"declamando", eles a traduziram por "cantando" (nas palavras italianas "per recitare 
cantando"). De um erro de tradução, sem querer, criaram um novo gênero musical ! 
Para efetivar o projeto, lançaram mão de uma novidade da época: a monodia (do grego 
"um som") ou melodia acompanhada, por entenderem que esta poderia expressar os 
sentimentos humanos convenientemente, segundo a estética deles. A música polifônica, 
de acordo com esta tese, seria inadequada. 
Após várias tentativas frustradas, a primeira ópera, que poderia receber esta 
denominação, seria La Dafne de 1597, com música de Jacopo Peri (1561/1633) e Jacopo 
Corsi (1561/1602) e libreto de Ottavio Rinuccini (1562/1621), baseada na mitologia 
grega, conforme o gosto renascentista. Infelizmente a música se perdeu. 
A primeira ópera completa que nos resta, com duas versões musicais, é Eurídice de Peri, 
versão de 1600, e Giulio Caccini (1545/1618), de 1602, e baseadas num libreto de 
Rinuccini. Cada versão foi concebida para duas festas diferentes. 
Uma das mais antigas óperas La favola d"Orfeo, foi estreada em Mântua, no ano de 
1607. A música é de Claudio Monteverdi (1567/1643) e o libreto é de Alessandro 
Striggio (c1540/1592). 
Esta ópera rompeu com o padrão anterior, porque Monteverdi, queria que a música 
ajudasse na expressão do texto (stilo concitato, "estilo excitado" em italiano) e não mera 
acompanhadora da palavra, conforme defendiam os florentinos (stilo recitativo ou 
rapprasentativo). Além disto, as óperas de Monteverdi tinham mais canções e menos 
recitatos. Foi o começo do bel-canto.

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