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Kohlenberg & Tsai (2006) Psicoterapia Analitica Funcional.pdf

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Psicoterapia Analítica 
Funcional
Criando Relações Terapêuticas 
Intensas e Curativas
Robert J. Kohlenberg 
Mavis Tsai
ESETec
www.facebook.com/groups/livrosparadownload
www.slideshare.net/jsfernandes/documents
Psicoterapia: Analítica
Funcional
Criando Relações Terapêuticas 
Intensas e Curativas
Robert J. Kohlenberg
Universidade de Washington 
Seattle, Washington
Mavis Tsai
Psicóloga Clínica 
Seattle, Washington
T radução 
O r g a n iz a d o r a 
Rachel Rodrigues Kerbauy
' Traduzido por
Fátima Comte 
M ali Delitti 
Maria Zilah da Silva Brandão 
Priscila R, Oerdylt 
Rachel Rodrigues Kerbauy 
Regina Christina Wielenska 
Roberto A. Banaco 
Roosevelt Starling
Reim pressão
ESETe©
Editores Associados
Santo André, 2006
K ohlenberg Robert I. (199 !)
Psicoterapia Analítica Funcional: Criando Relações Terapêuticas Intensas e 
Curativas / Robert J. Kohlenberg e Mavis Tsai.
Inclui referências bibliográficas e índice remissivo 
ISBN 85-88303-02-7
1. Terapia Comportamental, 2.Psicoterapeuta e paciente. I. Tsai. M avis. II. Titulo 
[DNLM: 1. Comportamento. 2, Relações terapeuta-paciente. 3. Terapia psicana- 
lítica. 238 págs.
WM. 460 . 6 IC79f]
RC489.B4K 65 2001
616.89’142-cc20 91-21357
CIP.
Versão em Língua Portuguesa 
Editora: Teresa Cristina Cume Grassi 
Revisora: Irene Forlivesi
Título do original (inglês)
Functional Analytic Psychotherapy
Creating Intense and Curative Therapeutic Relationships
Copyright© 1991 Plenum Press, New York 
A Division of Plenum Publishing Corporation 
233 Spring Street, New York, N.Y. 1033
Direitos exclusivos para Língua Portuguesa 
Copyright ©2001 ESETec Editores Associados
ESETec
Editores Associados
A solicitação de exemplares poderá ser feita à ESETec 
( 11) 4990 56 83/4438 68 66 
www.esetec.com.br 
eset@uol.com.br
A os nossos pais 
Jack e B ess K ohlenberg 
Edw in e Em ily Tsai, 
cujo am o r constante, apoio e orgulho 
fo ram o sustentáculo de nossas lutas e 
realizações.
Edição de Língua Portuguesa
Nós nos sentimos profundamente honrados pela tenacidade demonstrada por 
nossos colegas brasileiros na produção da edição em português do livro Functional 
Analytic Psychotherapy (FAP). Por muito tempo o Brasil tem se destacado na 
aplicação da análise do comportamento aos problemas clínicos, e este livro 
posic iona a FAP dentro desse gênero. N ossos colegas brasileiros estão 
empenhados em várias pesquisas instigantes e no desenvolvimento da FAP, e 
nós tem os um a dívida de gratidão para com eles, pelo trabalho que tiveram na 
tradução desse livro. Robert Kohlenberg mantém relações de amizade com quase 
todos os que contribuíram para esta tradução e guarda lembranças agradáveis 
de momentos em que estiveram juntos.
Traduzir um livro de psicoterapia analítica funcional (FAP) é uma tarefa 
difícil, devido às sutilezas dos conceitos teóricos e à sensibilidade para temas 
culturais que se faz necessária. Os tradutores m antiveram contato conosco e 
temos a certeza de que eles fizeram um trabalho muito bom. Nós gostaríamos de 
agradecer, por seu trabalho, às seguintes pessoas: Irene Forlivesi pelo prefácio, 
Roosevelt Starlingpelo Capítulo 1, Regina C. W ielenskapelo Capítulo 2, Maly 
Delitti pelo Capítulo 3, Roberto Alves Banaco pelo Capítulo 4, Fátima Conte
viii Prefácio
pelo Capítulo 5, Priscila Derdyk pelo Capítulo 6 , Maria Zilah Brandão pelo 
Capítulo 7, e Rachel Rodrigues Kerbauy pelo Capítulo 8 .
Em especial, desejamos expressar nossa profunda gratidão a Rachel 
Rodrigues Kerbauy, porter iniciado e coordenado este árduo empreendimento. O 
trabalho de todos neste livro nos ajuda a alimentar o sonho de que um público cada 
vez maior de terapeutas e de clientes pode ser inspirado e enriquecido pela FAP.
R. J. K.
e
M. T.
Prefácio
Este livro nasceu da experiência acumulada ao longo de muitos anos, tratando 
e pensando a respeito de nossos clientes. Nós encaramos este trabalho como 
um manual de tratamento que contem orientações para a criação de relações 
terapêuticas que sejam profundas, intensas, significativas e benéficas. Este livro 
não é um a coleção de técnicas, mesmo tendo a inclusão de várias delas. Mais do 
que isto, nós descrevemos um referencial teórico que pretende servir de guia 
para a atividade do terapeuta. Embora a teoria da qual fazemos uso seja 
particularmente muito adequada para a nossa proposta, nós perdemos a maioria 
do nosso público no momento em que mencionamos seu nome. Desta forma, os 
próprios alicerces com os quais contamos, podem prejudicar o nosso desejo de 
compartilhar a estimulação intelectual e os nossos insights clínicos.
É difícil para os clínicos adotarem novas técnicas que leram em um 
livro. Eles não estão particularmente propensos a serem receptivos quando estas 
técnicas estão baseadas numa teoria que provoca um a forte reação negativa. 
Entretanto, esta teoria é amplamente mal-interpretada e mal-compreendida; como 
conseqüência, o primeiro capítulo fornece explicações sobre os principais tópicos 
do behaviorismo radical, abordando alguns desses mal-entendidos (talvez você
Prefácio
não tenha notado, mas nós omitimos o nome da teoria). No Capítulo 1, nós 
também mostramos como o behaviorismo radical conduz o foco da atenção 
para a relação terapeuta-cliente.
Pretendia-se que este livro fosse lido mais ou menos na seqüência, mas 
isto não é obrigatório. Cada capítulo é praticamente independente do outro, 
porque muitos dos conceitos menos conhecidos são retomados, mesmo que eles 
já tenham sido apresentados num capítulo anterior. Os temas de conteúdo mais 
teórico e abstrato estão contidos nos três primeiros capítulos, e nos capítulos 
seguintes a ênfase maior é dada à aplicação clínica. Para alguns leitores, iniciar 
a leitura por estes capítulos mais clínicos poderia avivar o interesse em examinar 
os capítulos teóricos anteriores.. Nós esperamos que, ao percorrer os capítulos e 
observar novas formas de aplicação dos conceitos, ocorra um efeito cumulativo 
e os conceitos se tornem mais compreensíveis.
No segundo capítulo, nós evidenciamos os princípios de como fazer 
psicoterapia analítica funcional (FAP). Embora forneçamos cinco princípios, 
somente o primeiro é realmente necessário, e esperamos que seja este a ser 
guardado na memória: “prestar atenção aos comportamentos clinicamente 
relevantes”; é nisto que se concentra este livro.
Talvez o terceiro capítulo venha a ser o mais difícil. É a primeira vez 
que são apresentados alguns dos conceitos do comportamento verbal. Também 
é explicado um sistema que analisa o que o cliente diz. Uma ‘saída de emergência’ 
é oferecida aos leitores que não querem perder tempo no aprendizado do sistema, 
ao contrário, querem dirigir-se diretamente para as principais conclusões.
As emoções e o afeto são fundamentais no processo terapêutico. Contudo, 
nós seguimos por um caminho ligeiramente diferente daquele da maioria dos 
outros sistemas terapêuticos. Concluímos que, por um lado, os sentimentos não 
causam os problemas de um cliente nem são os responsáveis pela mudança 
terapêutica. Mas, por outro lado, a terapia não funciona se os sentimentos não 
ocorrem. Este e outros paradoxos são explicados no Capítulo 4, no qual se 
espera que a nossa discussão sobre a expressão dos sentimentos traga um a luz 
adicional a este tópico polêmico.
Todas as pessoas pensam e têm cognições. Além disso, as cognições 
têm um papel primordial na terapia. N o Capítulo 5, nós expomos de um a nova 
forma a visão do behaviorismo radical sobre estes fenômenos, resultando em 
um a abordagem que, acreditamos, será útil aos psicoterapeutas, inclusive aos 
terapeutas cognitivos.
Prefácio xi
N este livro, a aplicação da teoria behaviorista se estendeu para além 
dos seus dom ínios costumeiros. Esta extensãoocorre em seu maior grau no 
Capítulo 6, no qual abordam-se os problemas do sei f. um tópico esporadicamente 
discutido nos círculos behavioristas. Nós apresentam os o s e l f como uma 
experiência altamente pessoal que se manifesta de diversas maneiras, .algumas 
m ais adaptativas do que outras, Borderíine, e transtorno narcisista e de 
personalidade múltipla estão incluídos entre as formas mal-adaptativas que 
colocam os em discussão, Nós explicamos os problemas do s e lf como sendo o 
resultado de várias condições externas que acontecem durante o desenvolvimento, 
tanto norm al quanto patológico, na infância.
N o Capítulo 7, nós desafiamos a afirmação de que a focalização da 
FAP na relação terapêutica nada mais é do que a psicanálise com nova leitura. 
São examinados os conceitos psicanalíticos de transferência e aliança terapêutica 
e o m odelo relacional da terapia de relações objetais. Argumenta-se sobre a 
questão da FAP ocupar um espaço único entre as terapias psicodinâmicas e 
com portam entais atuais.
Dependendo de qual seja o interesse dos leitores, alguns podem considerar 
que nós deixamos a melhor parte para o final. Nosso último capítulo se aprofunda 
nas precauções éticas, no processo de supervisão, nos problemas inerentes à 
m etodologia tradicional de pesquisa e suas implicações para a pesquisa da FAP, 
e em com o os princípios da FAP podem ser ampliados para que consigam 
abranger problem as do mundo exterior à terapia.
É necessário fazer uma referência à terminologia comportamental usada 
neste livro. A linguagem comportamental pode proporcionar novos insights sobre 
os fenôm enos clínicos e transmite o que pretendemos dizer a respeito de como a 
terapia pode ajudar e do porquê dos problemas dos clientes. Entretanto, esta 
term inologia não foi desenvolvida no ambiente psicoterapêutico, sendo, por isso, 
pouco eficiente para comunicai' os fenômenos que lá ocorrem. Nós procuramos 
perm anecer entre a linguagem dos behavioristas radicais e aquela usada pela 
m aioria dos clínicos. Algumas vezes a pendência foi maior para um dos lados, 
m as nós tentamos obter o m elhor da riqueza que cada um a delas contem.
Este livro surgiu de um capítulo que constou no livro “Psychotherapists 
in Clinicai Practice" (1987), editado por N eil Jacobson. Nós somos gratos a 
N eil por nos ter encorajado a dar o primeiro passo. No nosso livro, a aplicação 
clínica foi facilitada por meio do uso de transcrições de casos e da ênfase dada 
ao comportamento verbal do cliente. O capítulo que trata do se lf evoluiu de um 
artigo escrito originalmente por Robert Kohlenberg e M arsha Linehan.
xii Prefácio
Bob Kohlenberg gostaria de reconhecer a importância que teve sua 
filha Barbara na gênese deste livro, pois ela foi a responsável pelo ‘retomo à 
v id a ’ de um b eh av io rista rad ica l ex tin to . Seu filho A ndy con trib u iu 
significativamente com perspectivas éticas, ao mesmo tempo em que seu filho 
Paul o lembrava da importância de se ter uma mente investigativa, bom humor 
e compromisso. Seu irmão David esteve sempre presente para escutar, fato 
que foi essencial para a elaboração deste livro. M avis, querida co-autora, 
enriqueceu a vida dele com seu amor e intelecto ilimitados, os quais forneceram 
a linha-mestra que é o âihago da FAP.
Mavis Tsai reverencia a lembrança de N ed Wagner, seu primeiro 
orientador de pós-graduação. Foi de inestimável valor o entusiasmo que ele 
demonstrou por suas idéias e textos quando ela era ainda um a “caloura” na pós- 
graduação. No curto período de dois anos, N ed infundiu nela um universo de 
confiança, curiosidade e compaixão. Seus outros dois orientadores, Stanley Sue 
e Shirley Feldman-Summers, também desempenharam papel essencial em seu 
desenvolvimento como psicóloga. Também foram mentores Laura Brown, James 
Coleman e Ron Smith. Bob, co-autor e seu parceiro na vida, inundou-lhe a vida 
com seu profundo amor, mente fértil e presença marcante, dando-lhe razão e 
alegria de viver.
Os colegas de clínica Carla Bradshaw, Barbara Johnstone, Karen 
Liridner, Vickie Sears, Ellen Sherwood, e Alejandra Suarez leram um a parte ou 
todo o manuscrito em suas diferentes etapas de execução e forneceram importante 
feedback.
Temos uma dívida especial com Anne Uemura, amiga e companheira 
muito próxima, que passou incontáveis horas revisando cada palavra de nosso 
manuscrito e nos ofereceu críticas detalhadas e construtivas.
Willard Day foi uma grande inspiração. Seu trabalho demonstrou que a 
interpretação é uma atividade essencial do behaviorista radical. Seu encanto 
pelas novas idéias tomou-se um refugio no qual elas poderiam crescer e prosperar.
Steve Hayes estabeleceu as bases para a aplicação dos princípios 
behavioristas radicais na psicoterapia de adultos. Stanley Messer, o primeiro 
estudioso com orientação psicodinâmica que levou a sério nosso trabalho, nos 
deu um feedback crítico valioso.
A próxima geração de terapeutas FAP - Michael Addis, James Cordova, 
Daria Broberg, Victoria Follette, Allan Fruzzeti, Enrico Ganaulti, Kelly Koemer, 
M arty S tern , Ju lian Som ers, Paula T ruax, e Jenn ifer W altz - nossos
Prefácio xiii
agradecimentos pela generosidade demonstrada enquanto as idéias começavam 
a surgir e um sistema estava se desenvolvendo.
Agradecemos aos nossos clientes que dividiram conosco suas mais 
profundas dores e alegrias. Cada um de nossos clientes contribuiu para a nossa 
perspicácia clínica e m odelou quem somos como terapeutas. Para proteger a 
individualidade dos clientes que estão descritos nas histórias de casos, foram 
alterados todos os nom es e outras informações que poderiam identificá-los.
O falecim ento de B. F. Skinner representa um a grande perda para todos 
aqueles que o admiraram. A essência de seu trabalho de uma vida toda consistia 
na esperança de que pudéssemos melhorar nossas vidas e o mundo no qual 
vivemos. Foi com base neste legado que nós escrevemos este livro, e lamentamos 
que ele não teve a oportunidade de lê-lo e testemunhar mais um dos inúmeros 
efeitos que seu trabalho teve sobre as pessoas.
R.J.K.
M.T.
Sumário
Capítulo 1
I n t r o d u ç ã o ........................................................................................................... 1
Princípios Filosóficos do Behaviorismo R ad ical............................................ 3
A natureza contextual do conhecimento e da realidade........................... 3
Uma visão não-mentalista do comportamento: o enfoque nas variáveis
ambientais que controlam o comportamento..................................... 5
O interesse está centrado no comportamento verbal controlado por 
eventos diretamente observados........................................................ 6
Suportes Teóricos da FAP ................................................................................ 8
Reforçam ento.............................................................................................. 9
Especificação de comportamento clinicamente relevante................... 15
Preparando a generalização....................................................................... 17
Capítulo 2
Aplicação C lín ica da Psico terap ia A nalítica F uncional........................... 19
Problemas do cliente e comportamentos clinicamente relevantes.................. 19
CRB 1: Problemas do cliente que ocorrem na sessão .......................... 20
CRB2: Progressos do cliente que ocorrem na sessão........................... 21
CRB3: Interpretações do comportamento segundo o cliente................. 25
Avaliação inicial ......y ............................................................................ . 26
Técnica Terapêutica: As Cinco R e g ra s ......................................................... 27
Regra 1: Prestar atenção aos C R B s ..........................................................27
Regra 2 : Evocar C R B s .......................................................................... 30
Regra 3: Reforçar CRB2s........................................................................ 32
Regra 4: Observe os efeitos potencialmente reforçadores do compor­
tamento do terapeuta em relação aos CRBs do cliente....................... 40
Regra 5: Forneça interpretações de variáveis que afetam o compor­
tamento do cliente................................................................................. 41
Exemplo de Caso Clínico ............................................................................... 47
Capítulo 3
Suplem entação: A um entando a capacidade do te rap eu ta p a ra
identificar com portam entos clinicam ente relevantes .......................... 51
Classificação de Comportamento V erbal....................................................... 51
O Sistema da FAP de Classificação das Respostas do C liente.............. 54
Classificação e Observação de Comportamento Clinicamente Relevante 65 
Exemplos de Classificação de Respostas do C lien te .......................... 67
Situações Terapêuticas que Freqüentemente Evocam Comportamentos
Clinicamente Relevantes .................................................................................. 69
Capítulo 4
O Papel de Emoções e Lem branças na M udança do Comportamento..,, 75
Emoções ............................................................................................................... 75
Aprendendo os Significados dos Sentim entos..................................... 78
Sentimentos como Causas de Com portam ento.................................... 80
Expressando sen tim en tos........................................................................ 82
Evitando sentimentos ............................................................................... 84
Grau de contato com variáveis de con tro le ........................................... 85
Lembranças ......................................................................................................... 89
Implicações C lín icas .......................................................................................... 92
Ofereça uma Racional Comportamental para Entrar em Contato com
Sentim entos........................................................................................... 93
Aumente o Controle Privado de Sentim entos..................................... 94
Aumente a Expressão de Sentimentos pelo T erapeuta....................... 96
Melhore o Contato do Cliente com Variáveis de C ontro le ................. 97
Cjiso Ilustrativo .................................................................................................. 103
xvi Sumário
Capítulo 5
Cogmições e C re n ç a s ......................................................................................... 107
Terapia C ognitiva................................................................................................. 108
Problemas com a terapia cognitiva e o paradigma^45C....................109
Formulação Revisada da Terapia C ogn itiva .................................... 111
A Revisão FAP do A —> B -> C ...................................................................... 114
Comportamento Modelado por Contingências....................................... 114
Tatos e Mandos: Dois Tipos de Comportamento Verbal........................ 115
Comportamento Governado Por R eg ras ............................................... 122
Estr uturas Cognitivas e Comportamento Modelado por Contingências 125
Implicações Clínicas da Visão da FAP Sobre as C renças.............................. 126
Focalizando o pensamento aqui e agora ............................................... 127
Levando em consideração o papel variável que os pensamentos podem
e x e rc e r ..................................................................................................... 128
Ofereça explicações relevantes sobre os problemas do clien te .......... 132
Use com cuidado a manipulação cognitiva d ire ta ............................... 133
Ilustração de Caso ............................................................................................. ^
Capítulo 6
O s e lf ................................................................................................................... 137
Definições Comuns do S e l f ................................................................................. 138
Uma Formulação Behaviorista do S e l f ............................................................. 139
Conceitos Básicos ..................................................................................... 141
A emergência do “Eu” como uma pequena unidade funcional............... 145
Qualidades do “Eu” ................................................................................. 153
Desenvolvimento Mal-adaptativo da Experiência do S e lf ............................. 156
Distúrbios menos graves de S e l f ........................................................... 156
Distúrbios graves do self.......................................................................... 162
Implicações C lín icas........ ................................................................................... 173
Reforçando a fala na ausência de dicas externas específicas............... i 74
Combinar tarefas terapêuticas com 0 nível de controle interno no 
repertório do cliente............................................................................. 176
Sumário
xv iii Sum ário
Reforçando tantas declarações “eu X’' do cliente quanto possível 182
Capítulo 7
Psicoterapia Analítica Funcional : Um a poníe entre a Psicanálise 
e a T erapia C om portam enta l....................................................................... . 187
A FAP em Contraste com Enfoques Psicodinâm icos.................................... 188
T ransferência .............................................................................................. 188
A Aliança Terapêjitica............................................................................. 196
Relações Objetais ..................................................................................... 199
FAP em Contraste com Terapias Atuais do Comportamento.......................... 202
FAP: Um Raro Nicho entre a Psicanálise e a Terapia Comportamental ..... 205
Capítulo §
Reflexões sobre ética, supervisão, pesquisa e tem as culturais................ 209
Temas É tic o s ....................................................................................................... 209
Proceda cuidadosam ente......................................................................... 210
Evite Exploração Sexual................................ ......................................... 211
Esteja Alerta para Interromper Tratamentos Ineficien tes............. 212
Atente para Valores Opressivos e Preconceituosos............................. 212
Evite Tirania Emocional........................................................................... 213
Supervisão da FAP ........................................................................................... 215
Pesquisa e A valiação.......................................................................................... 217
Falhas dos Modelos Convencionais de Pesquisa................................... 218
Métodos Alternativos de Coleta de Dados que Influenciam a Prática 
C lín ic a ..................................................................................................... 220
Problemas Culturais Decorrentes da Perda de Comunicação .................... 225
C o n c lu são ............................................................................................................. 228
R efe rên c ias ..........................................................................................................229
índ ice ............................................................................................ .......................... 235
1
Introdução
Quando penso naqueles pacientes que eu vi experimentarem uma grande mudança, eu sei
que o fogo estava na relação te rapêu tica... H avia luta e m edo, proxim idade, am or e
terror- H avia intim idade e afronta, apreensão e vergonha... era uma jornada significativa, 
m ais para o paciente que vinha buscar ajuda mas, de fato, para ambos os participantes 
Era um processo que percorria todo o desenrolar da terapia e deixava a ambos, paciente 
e terapeuta, alterados pela e x p e r iê n c ia .A relação terapêutica está no próprio centro 
da psicoterapia e é o veículo através do qual a mudança terapêutica acontece (Greben,
1981, p. 453 -454)
Independente da sua orientação teórica, a maioria dos clínicos experientes teve 
clientes memoráveis, cujas mudanças excederam em muito, e de maneira m ar­
cante, os objetivos formais da terapia. Para estes clientes, a descrição de Greben 
parece capturar um aspecto importante do que foi o processo terapêutico, mesmo 
que o tratamento tenha sido baseado numa teoria bastante diferente da sua 
perspectiva psicodinâmica. Entretanto, o que falta nos escritos de Greben, bem 
como na maioria dos sistemas terapêuticos que enfocam a relação entre o 
terapeuta e o cliente, é um sistema conceituai coerente, com construtos teóricos 
bem definidos que conduzam, passo a passo, à formulação de orientações 
precisas para a terapia.
Descreveremos um tratamento que tem um referencial conceituai claro 
e preciso e, ainda assim, parece produzir o que Greben descreve. Chamamos 
nosso tratamento de psicoterapia analítica funcional (FAP) e talvez possa 
causar um a certa surpresa o fato dele derivar de um a análise funcional 
skinneriana do ambiente psicoterapêutico típico. Seus fundamentos estão na 
obra de B. F. Skinner (por ex., 194.5, 19.53, 1957, 1974). Na seção seguinte, 
iretnos rever os princípios filosóficos mais importantes do behaviorismo radical.
1
2 Prefácio
Muito embora a FAP seja um tipo de terapia comportamental, ela é 
bastante diferente das terapias comportamentais tradicionais, tais como o treina­
mento em habilidades sociais, reestruturação cognitiva, dessensibilização e terapia 
sexual. Ao contrário daquelas, as técnicas utilizadas pela FAP são concordantes 
com as expectativas dos clientes, que buscam uma experiência terapêutica 
pro-funda, tocante, intensa. Além disso, ela também se ajusta muito bem a 
c lien tes que não o b tiveram um a m elhora adequada com as terap ias 
comportamentais convencionais e àqueles que têm dificuldades em estabelecer 
relações de intimidade e/ou têm problemas interpessoais difusos, pervasivos, 
tais como os que recpbem diagnósticos tipificados pelos do Eixo II do DSM- 
III-R (American Psychiatric Association, 1987). Para manejar estes problemas 
enraizados, a FAP conduz o terapeuta a uma relação genuína, envolvente, 
sensível e cuidadosa com seu cliente, e, ao mesmo tempo, apropria-se com 
vantagens das definições claras, lógicas e precisas do behaviorismo radical.
Infelizmente, o behaviorismo radical tem sido largamente incompreendido 
e rejeitado. Quando perguntamos aos nossos colegas o que lhes vinha à mente 
frente ao termo behaviorismo radical, suas respostas incluíram: (1) “Eu penso 
nas caixas de Sldnner. Sinto um a rejeição visceral. Eu acho que ele é simplista 
e que nega a realidade de um psiquismo intemo, rico e complexo, que interage 
com a realidade externa. Paia mim, o behaviorismo sempre me pareceu muito 
arrogante, ao reduzir o incrível mistério de existir, de ser, “ao que pode ser 
observado” e (2) “Você já ouviu aquela dos dois behavioristas radicais que fazi­
am amor apaixonadamente? Depois, um perguntou para o outro: Foi bom para 
você! Como foi para mim?” . Estas reações - que o behaviorismo radical é 
simplis-ta, que reduz ações significativas somente ao que pode ser obseivado e 
que re-quer consenso público - são representativas dos mal-entendidos que a 
maioria dos clínicos mantêm. Essas distorções são devidas, em parte, à natureza 
cripto-gráfica das obras de Skinner, o que lhe dificulta ser interpretado 
corretamente, e também devido ao fato de que o behaviorism o radical é 
freqüentemente confun-dido com o behaviorismo metodológico ou convencional, 
que é bem mais conhecido. Em contraste com o behaviorism o radical, o 
behaviorismo metodo-lógico exige consenso público para as suas observações. 
Estudando somente o que pode ser publicamente observado, o behaviorismo 
metodológico exclui o estudo direto da consciência, dos sentimentos e dos 
pensamentos. Já bem cedo Sldnner (1945) diferenciava a sua abordagem do 
resto da psicologia, declarando que a sua “dor de dentes é simplesmente tão 
física quanto a minha máquina de escrever” (p. 294) e rejeitava o pré-requisito 
do consenso público. Para ser mais precisa, a anedota acima, contada pelos 
nossos colegas, deveria com eçar assim: “Você já ouviu aquela dos dóis 
behavioristas m etodológicos... ?” .
Introdução 3
P R IN C ÍP IO S F IL O S Ó F IC O S D O B E H A V IO R IS M G R A D IC A L
Quando alguém diz “radical” , é comum vir à mente a imagem de um 
extremista de olhos esbugalhados. O que geralmente não se sabe é que a palavra 
radical vem do latim radix, significando raiz. “O verdadeiro radical* é aquele 
que tenta chegar à raiz das coisas, que não se distrai pelo superficial, vendo 
floresta no lugar de árvores. É bom ser radical. Qualquer pessoa que pense com 
profundidade será um deles” (Peclc, 1987, p. 25). Assim é que o behaviorismo 
radical é uma teoria rica e profunda, que procura chegar às raízes do compor­
tamento humano. Lapsos verbais, o inconsciente, poesia, espiritualidade e metá­
fora, são exemplos dos temas que têm sido discutidos pelo behaviorismo radical. 
Sentimentos e outras experiências privadas são também considerados e “a 
estimulação originada no corpo desempenha importante papel no comportamento” 
(Skirmer, 1974, p. 241). Muito embora seja difícil condensar os vários volumes 
da obra de Skinner num breve resumo do behaviorismo radical, o texto que se 
segue é uma tentativa de descrever os seus princípios filosóficos básicos.
A na tu reza contextuai do conhecim ento e da realidade
Skinner rejeita a idéia de que, conhecendo-se algo sobre um a coisa, a 
expressão deste nosso conhecimento consista numa declaração sobre o quê 
aquele objeto do conhecimento é; a idéia de que esta coisa possa ter, de alguma 
foima, um a identidade permanente, como um ente real da natureza. Podemos 
atribuir' o status de “coisa” a eventos principalmente porque estamos habituados 
a falar sobre o mundo como sendo composto de objetos, que sentimos possuir 
em um a constância ou estabilidade próprias. N a verdade, a m eta original da 
ciência, qual seja a descoberta de verdades objetivas, tem se mostrado cada 
vez mais inalcançável. No seu núcleo, ciência é ou o comportamento dos 
cientistas, ou os artefatos dessas atividades, e o comportamento científico, por 
sua vez, é presumidarnente controlado pelo mesmo tipo de variáveis que 
governam quaisquer outros aspectos do comportamento humano complexo. 
Desta forma, os cientistas são, em si mesmos, não mais do que organismos que 
se comportam e as obser-vações que produzem não podem ser separadas dos 
interesses e atividades do observador.
Esta posição antiontológica de Skinner é similar ao ponto de vista 
construtivista ou kantiano (Efran, Lulcens & Lukens, 1988). No século XVIII o 
filósofo Immanuel Kant, um dos pilares da tradição intelectual ocidental, propôs
4 Capítulo 1
que o conhecimento é a invenção de um organismo ativo, interagindo com um 
ambiente, Em contraste. John Locke, fundador do empirismo britânico, via o 
conhecimento como o resultado do mundo externo imprimir uma cópiadele 
mesmo numa mente inicialmente “em branco”. Decorre daí que Locke considera 
as imagens mentais como sendo basicamente “representações” ou “descobertas” 
de algo fora do organismo, enquanto Kant assevera que as imagens mentais 
são inteiramente criações ou “invenções” do organismo, originadas como um 
subproduto do seu percurso através da vida. Os construtivistas reconhecem o 
papel ativo que elas desempenham na criação de um a visão do mundo e na 
interpretação das suas, observações em termos daquela visão.
Traduzindo essas posições em termos de prática clínica, uma empreitada 
objetivista, como a psicanálise clássica, é construída em torno da crença de que 
a verdade objetiva pode ser descoberta e, quando adequadamente revelada, 
conduziria a uma saúde mental melhorada. Por outro lado, a crença constrativista 
é que uma boa intervenção gera as suas próprias verdades. Terapeutas objetivistas 
querem saber o que realmente aconteceu 110 passado. Terapeutas construtivistas 
estão mais interessados na “história”, como uma chave para a narrativa que 
está se desdobrando e que dará aos eventos contemporâneos 0 seu significado. 
Ou seja, a história e o meio ambiente imediato daquele que percebe, influenciam 
a percepção da experiência original e da sua recordação. As lembranças reais e 
os seus significados podem, assim, manter pouca semelhança com os eventos e 
os seus significados no passado. Muito embora uma verdade objetiva sobre 0 
passado possa ser impossível de ser descoberta, 0 próprio processo de rememorar 
e descobrir significados é considerado como sendo uma intervenção que levará 
à melhora do cliente. Por exemplo, se uma cliente relata um sonho sobre incesto 
e em seguida põe em dúvida a sua veracidade, a ênfase não estaria em se o 
incesto ocorreu ou não, mas sim, preferencialmente, nas verdades inerentes ao 
sonho, nas condições que ela experimentou em sua vida que poderiam conduzir 
a tal sonho. Assim, se for efetiva em termos de benefício terapêutico ou de 
progressos na terapia, a intervenção terapêutica que envolve a recuperação de 
memórias do passado gera as suas próprias verdades.
Na tradição construtivista, 0 behaviorismo radical enfatiza 0 contexto e 
o significado. Tire algo do seu contexto e ele perderá 0 seu significado. Ponha 
este algo em um novo contexto e ele significará outra coisa. Esta é uma das 
razões pelas quais Hayes (1987) prefere o term o contextualism o para 0 
behaviorismo radical. Problemas, mentais ou de qualquer outra natureza, não 
existem isoladamente. Eles são imputações de significado que se formam dentro
Introdução 5
de uma determinada tradição e têm significado somente dentro desta tradição. 
Até mesmo experiências que as pessoas consideram puramente físicas são, na 
verdade, modeladas pela linguagem e pelas experiências prévias. A dor, por 
exemplo, não é simplesmente o disparo de terminações nervosas; é em parte 
sensação, em parte ideação temerosa: um revestim ento de interpretações 
envolvendo sensações (Efran etal., 1988).
M as no m ais das vezes, e ainda que a posição con tex tualista 
(construtivista) possa ser intelectualmente atrativa, é difícil trazer estas idéias 
para a nossa prática de vida em geral e é particularmente difícil trazê-las para 
as práticas terapêuticas. É dizer que psicoterapeutas (behavioristas radicais 
incluídos) podem aceitar o contextualismo em nível intelectual mas não fazem o 
mesmo em nível emocional. Como colocado por Furman e Ahola (1988):
Quando discutimos filosofia com os nossos colegas, talvez possamos concordar prontamente 
em que não existe uma única maneira de ver as coisas. Mas quando isso toca as nossas próprias 
crenças sobre clientes específicos, tendemos a nos apegar com tenacidade às nossas próprias 
verdades. Esquecemo-nos de que idéias são fabricadas pelos observadores e, finalmente, 
convencemos a nós mesmos de que, de algum modo, elas nos oferecem um diagrama da 
realidade... Por que pensamos que sabemos quando, na verdade, simplesmente imaginamos, 
construímos, pensamos ou acreditamos? (p. 30).
U m a visão não-m entalista do com portam ento : o enfoque nas variáveis 
am bientais que controlam o com portam ento
O behav io rism o rad ical explica a ação hum ana em term os de 
comportamento ao invés de entidades ou objetos dentro do cérebro. Assim, ao 
invés de “memória” e “pensamento”, a análise baseia-se em “lembrando” e “pen­
sando” . O comportamento de introduzir uma m oeda numa máquina automática 
de venda de doces é visto como comportamento, e não como um mero sinal que 
indica a presença de alguma entidade fora do comportamento em si mesmo, tais 
como impulso, desejo, expectativa, atitude ou um a desorganização das funções 
egóicas. Uma explicação adequada estaria centrada não em entidades mentais, 
mas naquelas variáveis que afetam o comportamento, tal como o número de ho­
ras sem alimentar-se. No mentalismo, processos psicológicos internos, como 
“força de vontade” e “medo do fracasso”, adquirem poderes homunculares para 
causar a ocorrência de outros eventos, esses mais comportamentais. Explicações 
do comportamento serão incompletas se não envolverem a busca, tão retroativa
6 Capítulo 1
quanto possível, de antecedentes observáveis do comportamento presentes no 
meio-ambiente. Muitas das “explicações” psicológicas mais difundidas pouco 
mais fazem do que especificar algum processo intemo como sendo a causa de 
um aspecto particular do comportamento. Neste caso, é um questionamento 
inteiramente razoável pedirmos explicações sobre o quê faz esse processo intemo 
agir como ele age.
É importante notar que Skinner faz objeções a coisas que sejam mentais, 
não a coisas que sejam privadas. Entretanto, aos eventos privados Skinner não 
atribui qualquer outro status distintivo que não seja o da sua privacidade. Eles 
provêm do mesmo material dos comportamentos públicos e estão sujeitos aos 
mesmos estímulos discriminativos e reforçadores que afetam todos os compor­
tamentos. Assim sendo, na visão de Skinner a resposta privada de um cliente 
pode ter tanto (ou tão pouco) efeito causal no seu comportamento subseqüente 
como poderia ter uma resposta pública.
A ssim é que, ao procurar explicações para o comportamento, os 
behavioristas radicais percebem a si mesmos como estando, essencialmente, 
engajados numa busca por “variáveis de controle”. Eventos são considerados 
como variáveis de controle quando eles são percebidos como estando, de alguma 
forma, relacionados ao comportamento. O comportamento verbal que descreve 
uma relação entre um comportamento e variáveis de controle é chamado de 
declaração de uma relação funcional e a tentativa sistemática de descrever 
relações funcionais é chamada de análise funcional do comportamento.
O interesse está centrado no com portam ento verbal controlado por eventos 
d iretam ente observados
Todo comportamento verbal, não importa quão privado pareça ser o 
seu conteúdo, tem as suas origens no am biente. Em bora os fenôm enos 
relacionados ao funcionamento verbal humano possam variar do mais intima­
mente pessoal ao mais publicamente social, toda linguagem que faça sentido 
tem a sua forma eficaz modelada pela ação da comunidade verbal. Desta forma, 
quando uma falante diz que ela vê uma imagem dentro da sua mente, o que está 
sendo dito precisa ter-lhe sido ensinado, na sua infância, por outros que não po­
deriam ver dentro da sua mente. Assim, para o processo de ensino os “professores” 
precisariam, necessariamente, dispor de eventos diretamente observáveis (ver 
Capítulos 4 e 6).
Que fatores estão envolvidos em levar 0 falante a falar 0 que ele ou ela 
faz? Conhecer de maneira completa 0 que leva a pessoa a falar alguma coisa é 
entender o significado do que foi dito no seu sentido mais profundo (Day, 1969). 
Por exemplo, para entender o que um a pessoa quer dizer quando ela fala que 
acabou de terum a experiência de estai' fora do corpo, procuraríamos por suas 
causas. Primeiramente, desejaríamos saber sobre a estimulação que foi experi­
mentada no corpo. A seguir, gostaríamos de saber porque um estado corporal 
particular foi experimentado como fora do corpo. Desta forma, procuraríamos 
causas ambientais na história passada daquela pessoa, incluindo as circunstâncias 
que ela encontrou enquanto crescia e que resultaram nela falar “corpo”, “fora 
do”, “acabo de ter” e “Eu” (uma descrição de algumas experiências que resultam 
em “Eu” está apresentada no Capítulo 6). Tão logo saibamos de todos estes 
fatores, entenderemos profundamente 0 significado do que ela quis dizer.
A observação direta é altamente valorizada como um método de reunir 
dados relevantes. Entretanto, é importante notar que o que é observado não 
necessita ser público. Skinner tem uma posição crítica no que diz respeito à 
filosofia da “verdade por consenso”, uma perspectiva freqüentemente adotada 
porbehavioristas convencionais os quais sustentam atese de que 0 conhecimento 
científico necessita ser de natureza essencialmente pública. De fato, na maioria 
das vezes é mais fácil considerar a observação como algo privado, porque somente 
uma pessoa pode participar de um ato singular de observação. Mas o interesse 
não está restrito somente aos eventos que, em princípio, são considerados como 
sendo observáveis por uma outra pessoa. Os behavioristas radicais sentem-se 
livres para observar ou mesmo responder às suas próprias reações a uma sonata 
de Beethoven, assim como eles estão livres para observar a reação de qualquer 
outra pessoa (Day, 1969). Uma vez que a observação do comportamento tenha 
ocorrido, os observadores são encorajados a falarem interpretativamente sobre 
0 que foi observado, reconhecendo que a interpretação particular que for feita 
por eles será um a função da sua própria história pessoal. Simplesmente, eles 
têm a esperança de que 0 quê eles vêem, venha a exercer uma crescente influência 
no que eles dizem.
A influência ampliada do mundo naquilo que é dito é também entendida 
como um contato ampliado com 0 mundo. O contato é altamente desejável para 
o cientista e pode ser visto como o núcleo da ciência. U m contato ampliado é 
também desejável para a maioria dos clientes que comparecem à psicoterapia. 
Por exemplo, clientes que não expressam emoções (ver Capítulo 4), podem 
também ser descritos como pessoas que estão evitando contato com situações 
que eliciam emoções e por isso poderiam ter dificuldades em relações íntimas.
Introdução 7
Capítulo 1
Os princípios filosóficos vistos acima - que o conhecimento é contextuai, 
que o comportamento é compreendido de maneira não-mentalista e que mesmo o 
comportamento verbal mais privado tem as suas origens no ambiente - fornecem a 
linguagem e o conceito de natureza humana que pretendem tomai' clara a inte­
ração entre o comportamento de um indivíduo e o ambiente natural. Conceitos 
behavioristas radicais têm sido usados tanto para explicar uma ampla gama de 
práticas terapêuticas, como a psicanálise e a dessensibilização, como também para 
explicar experiências humanas como o sentimento, a apreensão, o self e a raiva.
Uma outra aplicação dos conceitos sldnnerianos, denominada análise 
experimental do comportamento, é uma abordagem mais estreita e que utiliza 
analogias com procedimentos de condicionamento operante, desenvolvidos em 
laboratórios, para solucionar problemas clínicos da vida cotidiana. Usamos o 
termo ‘analogias’ porque existem diferenças significativas entre a aplicação clí­
nica e o trabalho de laboratório (como discutiremos mais tarde), diferenças 
essas que têm importantes implicações para a psicoterapia. Na seção seguinte, 
estaremos desenvolvendo os nossos argumentos sobre como os fundamentos da 
análise experimental do comportamento compõem o suporte teórico da FAP.
S U P O R T E S T E Ó R IC O S D A F A P
O interesse da análise experimental do comportamento está centrado no 
reforçamento, na especificação dos comportamentos clinicamente relevantes e 
na generalização (Reese, 1966; Kazdin, 1975; Lutzker & Martin, 1981). Estes 
procedimentos têm se mostrado extremamente poderosos no tratamento de 
pacientes institucionais, estudantes em sala de aula e crianças muito jovens ou 
severamente perturbadas, populações para as quais o terapeuta pode exercer 
um grande controle sobre o arranjo ambiental cotidiano. Com as exceções de 
Hayes (1987) e Kohlenberg e Tsai (1987), o behaviorismo radical e a análise 
experimental do comportamento têm sido negligenciadas como um a fonte de 
procedimentos para o tratamento de adultos em consultórios psicológicos. Esta 
desatenção ao behaviorismo radical como fonte de idéias para a psicoterapia de 
adultos é -um tanto misteriosa para nós. Conforme já fizemos notar, a teoria é 
extensiva e engloba muitos dos conceitos relevantes para o psicoterapeuta. Além 
disso, esta concepção teórica tem estado disponível já há um bom tempo. Muitas
In trodução 9
das idéias relevantes para a psicoterapia foram publicadas nos anos 50 (Skinner, 
195.3, 1957). Há também muitos profissionais, analistas experimentais do 
comportamento, que estão familiarizados com estes princípios teóricos e que 
estão igualmente interessados no trabalho clínico. É bem possível que o próprio 
sucesso da análise experimental do comportamento em ambientes controlados 
(por ex,, hospitais, escolas) tenha impedido a sua aplicação ao ambiente 
psicoíerápico, bem menos controlado. O que estamos sugerindo é que os analistas 
experimentais do comportamento foram tão bem sucedidos com uma aplicação 
limitada da teoria que não examinaram as implicações bem mais extensas do 
behaviorismo radical, relevantes para a psicoterapia de adultos.
Um obstáculo adicional às aplicações do behaviorismo radical vem das 
d ificu ldades na transposição dos m étodos da análise experim ental do 
comportamento para a situação psicoterapêutica. Como algumas das restrições 
que a situação de tratamento em consultório de pacientes adultos estabelece 
para esta transposição, temos: o contato terapeuta/cliente limitado a uma ou 
mais horas de terapia por semana, o fato do terapeuta não ter acesso ao compor­
tamento do cliente fora do atendimento e a falta de controle sobre as contingências 
fora da sessão. A FAP tem a sua base na investigação de como o reforçamento, 
a especificação de comportamentos clinicamente relevantes e a generalização 
podem ser obtidos dentro das limitações de um a situação típica de tratamento 
em consultório.
R eforçam ento
A modelagem direta e o fortalecimento de repertórios comportamentais 
mais adaptativos através do reforçamento são centrais no tratamento analítico- 
comportamental. Usamos o termo reforçamento no seu sentido técnico, genérico, 
referindo-se a todas as conseqüências ou contingências que afetam (aumentam 
ou diminuem) a força do comportamento. A definição de reforçamento é fun­
cional, ou seja, algo pode ser definido como um reforçador se, depois da sua 
apresentação, há o efeito de aumentar ou diminuir a força do comportamento 
que o precedeu.
Para alguns leitores esta definição pode ser insatisfatória, de vez que 
ela não identifica reforçadores específicos como sorvete, sexo ou confeitos de 
chocolate. O reforçamento não pode ser definido desta forma porque ele é um 
processo: um objeto funciona como um reforçador somente no contexto de um
10 Capítulo 1
dado processo e não pode ser identificado independentemente dele. Ainda que 
um sorvete possa reforçar o comportamento de um a pessoa, poderá não ter 
qualquer efeito sobre o comportamento de uma outra e, portanto, não seria um 
reforçador para o comportamento. Além disso, o reforçamento pode atuar sobre 
algo que não gostamos. Por exemplo, um dentista que esteja presente no horário 
combinado para o nosso atendimento,reforça nosso comportamento de marcar 
horários para outros atendimentos, mesmo que o tratamento dentário seja, em si 
mesmo, uma experiência desagradável.
Mais ainda: é importante notar que o reforçamento não é um processo 
consciente. Muito 'do nosso comportamento foi modelado por processos de 
reforçamento antes mesmo que aprendêssemos a falar. Quando o reforçamento 
ocorre, ocorre também uma mudança física no nosso cérebro, da qual não nos 
damos conta. Ainda que possamos experimentar um a sensação de prazer ou 
uma inclinação para agir desta ou daquela maneira, nós não percebemos o 
fortalecimento do nosso comportamento. Por exemplo, se um moço diz “Amo 
você” para a sua namorada e ela sorri calorosamente e diz “Eu também amo 
você”, ele poderá sentir uma sensação de prazer em seu coipo e pensar “Isto é 
maravilhoso!”. Mas, neste exato momento, o prazer independe do processo de 
fortalecimento. O pensamento “isto é maravilhoso!” foi o resultado da sensação 
de prazer, no sentido de que ele estava descrevendo os seus sentimentos para ele 
mesmo. Seu comportamento foi fortalecido e também ocorreram aqueles senti­
mentos e pensamentos prazeirosos. De maneira alguma a consciência dos pensa­
mentos e sentimentos que acompanharam o processo de reforçamento são neces­
sários para que o comportamento seja fortalecido.
D esde o in íc io dos tem pos, som en te aq u e las c ria tu ra s cujo 
comportamento fosse fortalecido pelas suas conseqüências puderam adaptar-se 
a um ambiente em constante mudança e assim sobreviverem. Desta forma, o 
processo de reforçamento é o resultado da evolução. Conforme discutiremos 
mais adiante com maiores detalhes, é um processo comportamental básico que 
conduz à consciência, ao pensamento, ao self e à essência da experiência humana.
O m om ento e o lugar do reforçamento
Uma das características bem conhecidas do reforçamento é que quanto 
mais próximo das suas conseqüências (no tempo e no espaço) um comportamento 
estiver, maiores serão os efeitos deste processo. Qualquer um que já tenha
Introdução 11
dispensado pelotas de comida a um rato numa caixa de Skinner, pôde observar 
os efeitos deletérios que o atraso do reforçador pode ter no comportamento do 
animal. Todavia, o processo de modelagem é eficaz, se a pressão na barra e a 
pelota de comida estiverem bem próximas uma da outra, no tempo. De maneira 
semelhante, é fácil para o terapeuta reforçar, e assim fortalecer, as habilidades 
de relaxamento do cliente enquanto elas ocorrem no consultório. Ou seja, quando 
solicitado, o cliente prontamente relaxará 110 consultório, porque o terapeuta 
está presente e pode reforçar diretamente o comportamento. Por outro lado, é 
amiúde um problema fazer com que os clientes cumpram um programa de 
relaxamento em casa, entre os atendimentos, pois o terapeuta só pode reforçar 0 
comportamento quando os clientes comparecem à consulta.
Para 0 paciente de consultório, isto implica em que os efeitos do 
tratamento serão mais significativos se os comportamentos-problema e as 
melhoras ocorrerem durante a sessão, onde estes estarão, no tempo e no espaço, 
o mais perto possível do reforçamento. Esta é a razão pela qual a FAP é um 
tratamento para problemas cotidianos que também ocorrem durante 0 atendimento 
terapêutico. Exemplos de tais problemas incluem as dificuldades nas relações 
de intimidade, incluindo os medos do abandono, da rejeição e de ser “engolido” 
na relação; dificuldades na expressão de sentimentos; afetos inapropriados, 
hostilidade, hipersensibilidade a críticas, ansiedade social e comportamentos 
obsessivos-compulsivos. As palavras acima não se referem a estados mentais 
ou internos. São utilizadas aqui como termos descritivos de uso geral, para dar 
ao leitor uma idéia da gama de comportamentos observáveis do cliente que, sob 
as condições apropriadas, podem ser evocados e modificados durante a terapia.
Uma outra característica importante da FAP - e que é de certa maneira 
problemática - é que melhoras no comportamento do cliente que ocorrem no 
consultório, deveriam ser reforçadas im ediatam ente. O reforçam ento de 
comportamentos durante a sessão é problemático porque a própria tentativa de 
aplicar 0 reforçamento de m aneira imediata e contingente pode também, 
inadvertidamente, tomá-lo ineficaz e até mesmo contraproducente.
O problema em aplicar 0 reforçamento durante o tratamento nasce da 
imitação dos métodos da análise experimental do comportamento. Com 0 
propósito de atingir a meta de reforçar a resposta o mais prontamente possível, 
os analistas experimentais do comportamento, quando clinicando, usaram 
procedimentos análogos aos usados, em laboratório, em experimentos operantes 
com animais. Aqueles clínicos adotaram a regra “Dê a pelota de comida 
imediatamente após a resposta” e fizeram uma transposição literal para a situação
12 C apítulo 1
clínica: “Dê o confeito de chocolate imediatamente depois que a criança 
permanecer na cadeira por dois minutos.”. Entretanto, o propósito dos expe­
rimentos de laboratório era o de estudar os parâmetros do reforçamento e não o 
de beneficiar o sujeito ou obter uma generalização do comportamento para a 
sua vida cotidiana.
Ferster (1967, 1972b,c) discutiu extensamente as implicações clínicas 
da utilização do reforçamento arbitrário, tal como o empregado em montagens 
de laboratório, contrastando-o com o tipo de reforçamento que ocorre no ambiente 
natural. Antecipando os riscos do uso do reforçamento no tratamento de pacientes 
de consultório, Ferster'avisava que muitas das recompensas utilizadas pelos 
analistas experimentais do comportamento - alimento, objetos simbólicos e 
elogios -poderiam ser arbitrárias. Ele via isso como um sério problema clínico 
de vez que, comportamentos reforçados arbitrariamente somente ocorreriam 
quando o controlador estivesse presente ou se o cliente estivesse interessado no 
tipo específico de recompensa que estivesse sendo oferecida, Como exemplo de 
um reforçamento arbitrário que foi distorcido, ele citava o caso de um autista 
que apresentava mutismo eletivo e, tratado pela análise do comportamento, parava 
de falar quando o alimento não estava presente.
Reforçamento Natural versus Arbitrário
Devido às deficiências do reforçamento arbitrário, a FAP orienta-se 
para prover reforçamento natural às melhoras do cliente que ocorrem durante a 
sessão. Nossas sugestões sobre como fazer isso se encontram no Capítulo 2. As 
comparações abaixo ajudarão a destacar a diferença entre os dois tipos de 
reforçamento. Reforçadores arbitrários e naturais diferem em quatro dimensões 
básicas, como expomos a seguir:
1. Quão ampla ou estreita é a classe de respostas? O reforçamento 
arbitrário especifica um desempenho estreito enquanto o reforçamento natural é 
contingente a uma ampla classe de respostas. Por exemplo, um professor que 
esteja usando reforçamento arbitrário para ensinar um menino disléxico a ler, 
está sujeito a estar sendo limitado e contraproducente em sua prática. Como é o 
caso de qualquer pessoa usando reforçam ento arbitrário com propósitos 
educacionais, este professor precisa decidir quais os comportamentos que serão 
reforçados e quais os punidos. Ele decide punir o menino por ler uma revista em 
quadrinhos ao invés do livro texto. Este professor está mostrando uma das defi-
In trodução 13
ciências do uso de reforçamento arbitrário, ou seja, ele está pedindo uma resposta 
estreita - ler o livro-texto - e perdendo de vista a classe de respostas muito mais 
ampla de ler, em geral. O reforçamento natural inerente à leitura (tais como os 
proporcionados pelas informações, pelo divertimento) reforça uma ampla classe 
de respostas, que inclui ler revistas em quadrinhos, resultados de corridas e 
tantos outros. Assim, um dos riscos no uso de reforçamento arbitrário é que ele 
pode inadvertidamente interferir como reforçamento natural e com a aquisição 
do comportamento-alvo.
2 . O comportamento desejado existe no repertório da pessoal 0 
reforçamento natural inicia com um desempenho já existente no repertório da 
pessoa, enquanto o reforçamento arbitrário não leva em conta, no mesmo grau 
do reforçamento natural, o repertório de comportamentos existente na pessoa. 
Tal é o caso quando uma mãe critica a primeira tentativa de sua filha em costurar 
um a peça em curva e não leva em conta o seu nível de habilidade em costear. A 
utilização da crítica como reforçamento arbitrário fez com que essa mãe falhasse 
em ver que a sua filha estava se saindo bem para o nível das suas habilidades 
atuais em costura. Por contraste, o reforçamento natural consistiria na apreciação, 
por essa mãe, de uma peça de costura utilizável que a filha conseguiu fazer em 
sua primeira tentativa, desconsiderando a sua aparência.
3. Quem proporciona o reforçamento è o prim eiro beneficiado? 
Reforçamento arbitrário produz mudanças de comportamento na pessoa sendo 
reforçada que somente beneficiam a pessoa que faz o reforçamento. Nenhum 
beneficio precisa ser oferecido à pessoa submetida ao reforçamento arbitrário. 
N a verdade, pessoas são freqüentem ente prejudicadas pelo reforçamento 
arbitrário. Adultos que abusam sexualmente de crianças usam reforçadores 
arbitrários (ameaças, elogios, abuso físico) para obter aceitação. Muitas vezes 
eles reivindicam benefícios para a criança dizendo “que ela quis isso” ou “ela 
teve experiências de sexualidade e dessa forma foi beneficiada”. Este argumento 
é ridículo; qualquer adulto que usa sexualmente uma criança não o faz para 
beneficiar a ela, a criança. Na verdade, o abuso sexual pode causar uma ampla 
variedade de problemas e, especificamente, interfere com o reforçamento natural 
do comportamento sexual que ocorre em relações íntimas consensuais.
4. Para o comportamento que está sendo apresentado, o reforçador 
oferecido é típico e comumente presente no ambiente natural? Uma outra 
maneira de formular esta mesma pergunta é: “Para este comportamento em 
particular, qual seria o reforçamento mais provável no ambiente natural?”. 
Reforçadores naturais são partes mais estáveis e fixas do ambiente natural do
14 Capítulo 1
que os reforçadores arbitrários. Este aspecto do reforçam ento é o mais 
facilmente perceptível, de vez que um observador não necessita da história dos 
indivíduos envolvidos numa operação de reforçamento para que possa dizer 
quão típico é o reforçamento que está sendo utilizado. Por exemplo, a maioria 
das pessoas concordaria que dar doces ao seu filho para que ele vista o casaco 
é arbitrário, ao passo que lhe chamar a atenção por estar sem casaco é natural. 
Pagar à sua filha para que pratique no piano é arbitrário ao passo que o fato 
dela tocar simplesmente pela música criada é natural. De igual maneira, multar 
o seu cliente em alguns centavos por não manter contato visual é arbitrário, 
enquanto que é natural deixar que a sua atenção flutue.
Em resumo, o reforçamento natural é diferente do reforçamento arbitrário 
por fortalecer um a ampla classe de respostas, por ter em consideração o nível de 
habilidade da pessoa, por beneficiar primariamente a pessoa sendo reforçada ao 
invés da pessoa que proporciona o reforço e por ser típico e de ocorrência comum 
no ambiente natural. Entretanto, a maior parte das conseqüências não se encaixa 
perfeitamente nas categorias associadas tanto ao reforçamento arbitrário quanto 
ao natural e, provavelmente, apresentam dimensões de ambos os tipos.
Embora nenhuma pesquisa tenha comparado diretamente os reforça- 
mentos arbitrário e natural, dados que fundamentam a nossa posição provieram, 
paradoxalmente, de pesquisas orientadas cognitivãmente e planejadas para 
desacreditar a ênfase behaviorista no reforçamento. A pesquisa concernia aos 
efeitos de recompensas externas sobre a motivação intrínseca (estes termos não 
são comportamentais mas foram aqueles usados pelos investigadores nãó- 
behavioristas). Por exemplo, Deci (1971), num estudo típico deste tipo de 
pesquisa, pagou a um grupo de sujeitos para encontrarem soluções corretas 
para um quebra-cabeças e comparou este grupo a um outro, ao qual foi dado o 
mesmo problema, porém sem qualquer pagamento pelo encontro da solução. 
Quando deixados sós por oito minutos, numa situação de “descanso”,'os sujeitos 
pagos ocuparam menos tempo manipulando o quebra-cabeças do que os sujeitos 
sem pagamento. Após uma revisão da literatura sobre este tipo de pesquisa, 
Levine e Fasnacht (1974) argumentaram que “recompensas externas” são 
arriscadas, por apresentarem pouco poder de permanência (isto é, uma resistência 
reduzida à extinção) e interferem com a generalização, “solapando” assim o 
próprio com portam ento que elas visavam fortalecer. Operacionalm ente, 
“recompensas externas” e “motivação intrínseca” correspondem aos conceitos 
de Ferster de reforçamento arbitrário e natural. Assim, embora os dados sobre 
motivação intrínseca tenham tido o intento original de demonstrar deficiências
Introdução 15
na abordagem behaviorista, esses dados podem ser vistos, alternativamente, 
como um exemplo no qual o reforçamento arbitrário mostrou efeitos negativos.
Especificação de com portam ento clinicam ente relevante
Além do reforçamento, a análise do comportamento é caracterizada por 
sua atenção à especificação dos comportamentos de interesse. O termo compor­
tamento clinicamente relevante (CRB) inclui tanto os comportamentos-problema 
como os comportamentos finais desejados. Discutiremos os dois componentes 
da especificação de comportamentos clinicamente relevantes - a observação e a 
definição comportamental - e examinaremos as implicações disso para a condu­
ção de terapias de pacientes em consultórios.
Obsei-vação
A obseivação é um pré-requisito necessário para a definição compor­
tamental dos CRBs (comportamentos clinicamente relevantes). Os behavioristas 
assumem que, se os comportamentos podem ser observados, então eles podem 
ser especificados e contados. Obviamente, o comportamento-problema do cliente 
não pode ser observado a menos que ele ocorra na presença do terapeuta. Para 
atender a este requisito, os analistas do comportamento têm (a) tratado clientes 
que estão com seu movimento restrito, tais como aqueles hospitalizados ou 
internados em presídios, ou (b) tratado problemas graves e que se manifestam 
com alta freqüência, como ecolalia em crianças autistas.
Ainda que seja conveniente usar problemas graves e ambientes restritos 
para observar diretamente o comportamento-problema, qualquer problema que 
possa ser diretamente obseivado é adequado para uma análise do comportamento.
O ambiente psicoterapêutico do cliente de consultório atende a este requisito 
caso o problema cotidiano do cliente seja de tal natureza que também ocorra 
durante o atendimento. Um exemplo significativo, ainda que trivial, é o de alguém 
que procura tratamento por ter ficado “sem palavras” ao relatar ao seu médico 
suas queixas e que realmente fica “sem palavras” quando está relatando esse 
seu problema ao terapeuta. Fundamentada no pré-requisito da observação, uma 
abordagem terapêutica analítico-comportamental para um paciente de consultório
16 Capítulo 1
enfoca aqueles problemas do mundo externo ao consultório que também ocorrem 
durante a sessão.
Definindo comportamenialmente os CRBs
Tradicionalmente, os analistas do comportamento têm formulado 
descrições comportamentais de comportamentos-alvo que se refiram exclu­
sivamente a;comportámentos observáveis. Este requisito atende ao propósito de 
obter-se confiabilidade, m edida por consenso entre os observadores. Os 
observadores, os quais devem concordar se um problema de comportamento 
ocorreu ou não, habitualmente incluem o terapeuta e pelo menos uma outra 
pessoa. Entretanto e porconveniência, esta outra pessoa utilizada como obser­
vador costuma ser relativam ente inexperiente, tal como um estudante de 
graduação. Observadores inexperientes podem realizar o trabalho quando os 
comportamentos de interesse são simples, tais como completar um problema de 
matemática, a ocorrência de um tique facial ou o comportamento de roer unhas. 
Mas são eles mesmos um problema, quando os comportamentos são algo mais 
complexos (por ex., ansiedade e discórdia conjugal). Quando os comportamentos- 
problema são mais complexos, é necessário um treinamento, antes que os 
observadores possam fazer o trabalho. Por outro lado, a quantidade de treina­
mento que pode ser dada é limitada. Assim, o uso de observadores relativamente 
ingênuos tem colocado um limite prático com relação à complexidade dos 
comportamentos com os quais os analistas do comportamento têm trabalhado. 
Por exemplo, estariam excluídos tratamentos que envolvessem comportamentos 
finais que não existissem no repertório dos observadores, fato que não pode ser 
remediado através do treinamento do observador. Exemplos de tais compor­
tamentos do cliente incluem reações interpessoais mais sutis, como as relacionadas 
às relações de intimidade e à aceitação de riscos interpessoais.
Na prática, é quase impossível obter-se a desejada objetividade com 
base nas descrições comportamentais típicas que são formuladas para problemas 
aplicados (Hawkins & Dobes, 1977). Não obstante, o consenso entre os 
observadores é enormemente facilitado se o comportamento que está sendo 
observado existe no repertório dos observadores. Ainda que certas habilidades 
(por ex., lances livres no basquete ou o desempenho físico de um ginasta) possam 
ser observadas e avaliadas com confiabilidade por alguém que não possui essas 
habilidades, geralmente é difícil obter-se confiabilidade na observação de compor­
Introdução 1 7
tamentos interpessoais complexos que inexistam no repertório do observador. 
Conseqüentemente, é mais fácil para os terapeutas perceberem e descreverem 
comportamentos clinicamente relevantes se o comportamento final desejado fizer 
parte do seu próprio repertório. Como exemplo, poderia ser difícil para um 
terapeuta que não tenha estabelecido relações de intimidade em* sua vida, 
discriminar, no cliente, a presença ou a ausência desses comportamentos.
Por estas razões e para os tipos mais sutis de problemas que a psico- 
terapia de clientes adultos apresenta, a observação direta e a definição comporta- 
mental do problema e dos comportamentos finais desejados podem ser levadas a 
cabo se (a) os comportamentos relacionados ao problema ocorrem durante a 
sessão e desta maneira podem ser diretamente observados, e se (b) o terapeuta e 
os observadores forem cuidadosamente selecionados de forma que eles mesmos 
tenham, em seus repertórios, os comportamentos finais desejados para o cliente.
P rep aran d o a generalização
A terapia será ineficaz caso o cliente melhore no ambiente terapêutico 
mas esses ganhos não se transfiram para a vida cotidiana. Por isso, a genera­
lização tem sido um a preocupação fundamental para os analistas do compor­
tamento. A melhor maneira para preparar a generalização é conduzir a terapia 
no mesmo ambiente no qual o problema ocorre. Historicamente, os analistas do 
comportamento têm conseguido este objetivo através do oferecimento de reforça- 
mento imediato em instituições, salas de aula, na residência do cliente ou onde 
mais seja possível conduzir o tratamento no mesmo ambiente onde o problema 
ocorreu.
Como podemos medir ou determinar se dois ambientes são similares? 
Um a análise formal procura descrever e comparar os ambientes em termos das 
suas características físicas. As limitações deste tipo de análise são encontradas 
quando comparamos dois ambientes que são diferentes em alguns aspectos, 
mas semelhantes em outros. Por exemplo, se você conduzir um tratamento para 
déficits de atenção numa classe de educação especial, os comportamentos adqui­
ridos generalizar-se-iam para uma classe regular ou para o ambiente doméstico? 
Para evitar este problema, a comparação pode ter por base uma análise funcional. 
Os ambientes são então comparados com base no comportamento que eles evo­
cam, ao invés das suas características físicas. Se eles evocarem o mesmo 
comportamento, então são funcionalmente similares.
Embora análises do com portam ento não sejam tradicionalm ente 
conduzidas num ambiente de psicoterapia para adultos, elas poderiam ser, se o 
ambiente terapêutico for funcionalmente similar ao ambiente cotidiano do cliente. 
Uma similaridade funcional entre estes dois ambientes estará demonstrada se 
comportamentos clinicamente relevantes ocorrerem em ambos os ambientes. 
Por exemplo, um homem cujo problema apresentado é uma hostilidade que se 
desenvolve em relações interpessoais próximas, demonstrará que o ambiente 
terapêutico é funcionalmente similar ao seu cotidiano se ele desenvolver uma 
hostilidade em relação ao terapeuta na medida em que uma relação mais próxima 
venha a se estabelecer entre eles.
Neste capítulo, lançamos as bases para a psicoterapia analítica funcional, 
descrevendo seus pressupostos teóricos e filosóficos. Como esquematizado no 
prefácio, os Capítulos 2 e 3 são dedicados às técnicas de manejo clínico e a 
estratégias para ampliar as percepções do terapeuta. A seguir, nos Capítulos 4 
e 5, revemos os conceitos, o papel e a importância das recordações, das emoções 
e da cognição para a mudança do comportamento. No Capítulo 6 , formulamos 
uma teoria comportamental do desenvolvimento da noção do self e discutimos 
suas implicações clínicas. N o Capítulo 7, comparamos e contrastamos a FAP 
com a psicanálise e com outras terapias comportamentais e demonstramos que 
a FAP aproveita-se dos melhores atributos desses dois enfoques. Finalmente, 
temas éticos e temas culturais, de supervisão e de pesquisa são examinados no 
Capítulo 8.
18 Capítulo 1
Aplicação Clínica da 
Psicoterapia Analítica Funcional
A aplicação clínica da FAP será discutida em term os de certos tipos de 
comportamento do cliente e do terapeuta, os quais ocorrem ao longo da sessão 
de terapia. Os comportamentos do cliente são seus problemas, progressos e
i interpretações. Os comportamentos do terapeuta são métodos terapêuticos, que 
incluem evocar, notar, reforçar e interpretar o comportamento do cliente.
PR O B LEM A S D O C L IE N T E E C O M PO R TA M EN TO S 
C L IN IC A M E N T E RELEV A N TES
Tudo que um terapeuta pode fazer para auxiliar os clientes ocorre durante 
a sessão. Para o behaviorista radical, as ações do terapeuta afetam o cliente 
através de três funções de estímulo: 1) discrim inativa, 2) eliciadora e 3) 
reforçadora. Um estímulo discriminativo refere-se às circunstâncias externas 
nas quais certos comportamentos foram reforçados e onde, conseqüentemente, 
tom am -se mais prováveis de ocorrer. A m aior parte de nosso comportamento 
está sob controle discriminativo e é usualmente conhecido como comportamento 
vo lu n tá r io (com p o rtam en to operan te ). U m co m p ortam en to e lic iado
19
20 C apítulo 2
(comportamento respondente) é produzido de modo reflexo e é costumeiramente 
denominado involuntário, A função reforçadora (discutida no Capítulo 1) refere- 
se às conseqüências que afetam o comportamento. Cada ação do terapeuta possui 
um ou mais destes três efeitos. Por exemplo, uma ação do terapeuta poderia ser 
perguntar ao cliente “O que você está sentindo agora?” O efeito discriminativo 
afirma que “agora é apropriado você dizer como se sente.” A questão, entretanto, 
poderia também ser aversiva para o cliente e, assim, puniria o comportamento 
que precedeu a questão do terapeuta; esta é a função reforçadora. A função 
eliciadora da pergunta poderia fazer o cliente enrubescer, suar e induzir outros 
estados coiporais.Os motivos pelos quais o cliente reage destas formas à pergunta 
sobre sentimentos encontram-se em sua história de vida.
Ao assumirmos que (1) o único modo do terapeuta ajudar o cliente é 
por meio das funções reforçadoras, discriminativas e eliciadoras das ações do 
terapeuta, e que (2) estas funções de estímulo no decorrer da sessão exercerão 
seus maiores efeitos sobre o comportamento do cliente que ocorrer na própria 
sessão, então a principal característica de um problema que poderia ser alvo da 
FAP é que ele ocorra durante a sessão. Além disso, os progressos do cliente 
também deverão ocorrer durante a sessão e serem naturalmente reforçados pelos 
reforçadores existentes na sessão. O mais importante é que os reforçadores sejam 
as ações e reações do terapeuta em relação ao cliente.
Três comportamentos do cliente que podem ocorrer durante a sessão 
são de particular relevância e são denominados comportamentos clinicamente 
relevantes (CRB).
CRB1: Problem as do cliente que ocorrem na sessão
CRB ls referem-se aos problemas vigentes do cliente e cuja freqüência 
deveria ser reduzida ao longo da terapia. Tipicamente, os C R B ls são esquivas 
sob controle de estímulos aversivos. Tal comportamento pode ser ilustrado por 
casos clínicos reais, como os descritos abaixo:
1. Uma cliente cujo problema é não ter amigos e que afirma “não saber 
conquistá-los” exibe comportamentos como: evitar contato visual, res­
ponder a perguntas falando excessivamente, de um modo impreciso e 
tangencial, tem uma “crise” atrás da outra e exige ser cuidada, fica
Aplicação Clínica da FAP 21
enfurecida se o terapeuta não Lhe fornece todas as respostas, e freqüen­
temente queixa-se de que o mundo não se importa com ela e lhe reservou 
a pior parte.
2. Um homem cujo principal problema é evitar relacionamentos amorosos 
sempre decide, antecipadamente, sobre o que vai falar na terapia, vigia 
o relógio para encerrar a sessão pontualmente, afirma que só poderá 
ter sessões quinzenais em função de limitações financeiras (embora 
sua renda anual seja superior a trinta mil dólares), e cancela a sessão 
subseqüente àquela em que fez um a importante revelação a respeito 
de si mesmo.
3. Um homem que se descreve como “erem ita” diz que gostaria de 
construir um a relação de intimidade, está há três anos em terapia e 
continua periodicamente a brincar com seu terapeuta afirmando que 
este só se interessa pelo dinheiro do cliente e secretamente o rejeita.
4. Uma mulher cujo padrão é mergulhar em relacionamentos inatingíveis, 
apaixona-se pelo terapeuta.
5. Uma mulher, que foi abandonada por pessoas que “se cansam” dela, 
inicia temas novos ao final da sessão, freqüentemente ameaça se matar 
e apareceu bêbada na casa do terapeuta no meio da noite.
6 . Um homem, com ansiedade para falar, “congela” e não consegue se 
comunicar com o terapeuta na sessão.
CRB2: Progressos do cliente que ocorrem n a sessão
Durante os estágios iniciais do tratamento, estes comportamentos não 
são observados ou possuem uma baixa probabilidade de ocorrência nas ocasiões 
em que ocorre um a instância real do problema clínico, o CRB1. Por exemplo, 
considere um cliente cujo problema é se afastar e vivenciar sentimentos de baixa 
auto-estima quando “as pessoas não lhe dão atenção” durante conversas ou 
outras situações sociais. Este cliente pode dem onstrar um padrão similar de 
comportamentos de afastamento durante um a consulta na qual'o terapeuta não 
presta atenção às suas palavras e interrompe seu discurso antes que termine de 
falar. Prováveis CRB2s para esta situação incluem um repertório de compor­
tamento asseitivo que dirigiria o terapeuta de volta para o que o cliente estava
22 Capítulo 2
dizendo, ou a discriminação do crescente desinteresse do terapeuta pelo que 
estava sendo dito até o momento em que, de fato, interrompeu o cliente.
O caso abaixo ilustra o desenvolvimento dos CRB2s de um a cliente. 
Joanne, uma mulher brilhante e sensível, que buscou terapia em função de uma 
ansiedade constante, insônia e recorrentes pesadelos de estupro. Embora ela 
suspeitasse ter sido abusada sexualmente pelo pai na infância, ela não guardava, 
especificamente, lembranças de tal abuso. Ela melhorou gradualmente no decoirer 
dos seis anos de terapia com o segundo autor. Alguns dos CRB2s fortalecidos 
em diferentes momeiltos do tratamento foram:
1.Recordar-se e responder com emoção. Durante a infância, Joanne 
viveu uma década de indizível terror, envolvendo dor física e emocional provocada 
por quem supostamente deveria amá-la, o pai. Recordar e reagir emocionalmente 
a estes eventos não foi reforçado. Ao invés disso, era funcional esquecer e reagir 
de forma não-emocional, e ela evitou estímulos que poderiam evocar sentimentos 
indesejáveis. Sua esquiva era pervasiva, e associada às experiências precoces 
de não ser validada, passou a sentir-se desprovida de um senso de s e l f (ver 
Capítulo 6). Joanne evitou reviver sentimentos como dor, terror, impotência e 
furianão estabelecendo relacionamentos de intimidade. Ela não era aberta, não 
confiava nos outros e não se mostrava vulnerável. Um objetivo terapêutico foi 
reduzir a esquiva generalizada e aumentar os CRB2s de lembrar-se e viver a dor 
pelo ocoirido. Gradualmente, Joanne foi encorajada a aumentar seu contato 
com as recordações vívidas de tortura física e emocional, um processo que foi 
terrivelmente penoso.
2.Aprender a dizer o que deseja (ou seja, que suas necessidades são 
importantes e merecem atenção). Como ocorre com quase todos os sobreviventes 
de abuso sexual, Joanne foi reforçada por dar ao seu pai o que ele desejava, mas 
fortemente punida por ter seu próprio desejo. Ela codificou este fato como não 
tendo o direito de esperar algo dos outros e aprendeu que “desejar é ruim” . Eu a 
encorajei a desejar- e gradualmente estes CRB2s foram fortalecidos. Deste modo, 
tentei reforçar qualquer pedido que eu pudesse, com referência a aspectos como 
os téfnas a discutir, a duração e freqüência das sessões e reasseguramentos 
verbais. Além disso, foi explicado a Joanne que suas necessidades eram 
importantes e que se eu ou outra pessoa não as preenchessem, ela não deveria se
Aplicação Clínica da FAP 23
considerar “má” por tèr desejos, necessidades. Um incidente importante ocorreu 
por volta do quarto mês de terapia, quando m e ligou às 23:30 hs., durante um 
episódio de flashback. Joanne estava em pânico e gritava. Na medida em que 
reconheci seu telefonema como um CRB2, perguntei-lhe se gostaria de ter uma 
sessão naquele momento, o que ela aceitou de imediato. Mais tarde Joanne contou- 
m e ter sido muito difícil aceitar a oferta, embora estivesse apavorada e precisasse, 
de fato, estar comigo. Quando respondi à sua necessidade, o “querer” foi 
reforçado. Subseqüentemente, Joanne aprendeu a me solicitar sessões extras e 
conversas pelo telefone quando isto fosse necessário, e seu comportamento de 
expressar suas necessidades e desejos se generalizou para outros relacionamentos. 
Com o aumento da força destes CRB2s, ocorreu mudança correspondente quanto 
a sentir que “desejar” é aceitável e que suas necessidades são importantes.
3. Confiar. Como as reações de seu pai eram erráticas e imprevisíveis, 
Joanne foi reforçada por antecipar e tomar-se hipervigilante com relação a tal 
comportamento da parte de terceiros. Ela contou-me que levou seis meses até 
que passasse a confiar que eu viria pontualmente à sessão, conforme combinado 
com ela. “Eu tinha todos esses medos - de que você me julgasse louca ou me 
ferisse, de que meus sentimentos lhe assustassem e o fizessem se afastar de 
mim. Mais do que me reconfortai', você me fez examinar o que eu estava sentindo 
em relação a você. Eu dizia que não o faria e você me respondia que você 
precisava confiar na sua experiência.” Então Joanne tomou-se menos vigilante 
na busca de

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