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CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 5 - Organização do Estado e Repartição de Competências Olá! E aí, caro aluno? Pronto para mais uma aula? Bem, hoje trataremos de organização do Estado e repartição de competências. Em primeiro lugar, você deve lembrar como a Constituição da República estruturou o nosso Estado (Estado Federal, forma republicana e sistema presidencialista de governo). Tenha em mente que o Estado brasileiro é do tipo federado, porque integrado por diferentes entidades políticas – União, estados, Distrito Federal e municípios -, todas dotadas de autonomia política, nos termos da Constituição Federal (CF, art. 18). Como núcleo, essência de um Estado Federado, temos a chamada repartição de competências. Isso porque a distribuição de competências entre os entes é o que assegura a autonomia dos entes federados. Então, ao estudar repartição de competências, deveremos saber o o seguinte: que princípios nortearam a repartição das competências entre os entes federados? Quais competências foram outorgadas à União? Quais matérias foram atribuídas aos municípios? Isso é o que me proponho a revisar com você hoje. Veja o conteúdo da Aula de hoje 1 - Organização Político-Administrativa 1.1 - Forma de Estado 1.2 - Forma de Governo 1.3 - Sistema de Governo 1.4 - Estado Federal 1.5 - Entes Federados 1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios 2 - Repartição de Competências 3 - Exercícios de Fixação Dê especial atenção às formas de Estado e governo e aos sistemas de governo. E, principalmente, ao assunto “repartição de competências”. Sem dúvidas, nessa parte da matéria, são os temas mais cobrados em concursos. É isso aí! Durante a aula, você perceberá que grande parte das questões cobrará a literalidade da Constituição. O mesmo acontece em outros assuntos no nosso curso. Portanto, sempre reserve um tempo para dar uma “passada de olho” na Constituição. Lembrando que os exercícios comentados servem também como forma de complementação e aprofundamento da matéria. E, no final, serão CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 2 www.pontodosconcursos.com.br apresentados diversos exercícios para fixar e sedimentar o conhecimento. Bem, iniciarei a aula tratando de um tema que relaciona Organização do Estado com os próprios princípios fundamentais já estudados neste curso. 1 – Organização Político-Administrativa Ao apresentar a você os princípios fundamentais, comentamos sobre a opção da nossa Constituição quanto à forma de Estado (Federação) e à forma de Governo (República). É o que podemos observar com a leitura do art. 18 da CF/88. Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. Veja que aqui se apresentam também quais são os entes federativos - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios -, deixando patente o fato de que eles são dotados de autonomia política. Objetivamente, eles são dotados de autonomia (não é soberania). Guarde isso: não há menção aos territórios no art. 18 da CF/88. Isso porque os Territórios Federais não são entes federativos. Essas autarquias territoriais integram a União, como mera divisão administrativo-territorial, sem autonomia política. 1.1 – Forma de Estado Quando examinamos as formas de Estado, preocupamo-nos em saber como o poder é exercido dentro do território. Ou quantos poderes políticos autônomos existem no território do Estado. O Estado unitário (ou simples) é aquele em que não há uma descentralização política, isto é, não há uma divisão espacial e política de poder, sendo todas as competências políticas definidas pelo poder político central. Constitui, pois, caso de centralização política. Ele pode ser centralizado ou puro (quando o poder político central define e também executa diretamente, de forma centralizada, as políticas públicas). Por outro lado, pode ser descentralizado ou regional (quando o poder político define as políticas públicas, mas não as executa diretamente, criando entidades administrativas para esse fim). No Estado federado (composto, complexo ou federal) há a chamada descentralização política. Ele é formado por união indissolúvel de entidades regionais dotadas de autonomia política (capacidade de autogoverno, autolegislação e autoadministração). Essa estrutura e a CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 3 www.pontodosconcursos.com.br repartição de competência entre essas entidades são estabelecidas por uma Constituição. Lembre-se que o Brasil é um Estado federal (formado pela União, estados, Distrito Federal e municípios, todos autônomos). O Estado composto ou complexo pode assumir, ainda, a forma de confederação, em que também há mais de um poder político no território. O que diferencia a confederação da federação é que, na primeira, os poderes estão organizados no texto de um tratado internacional. Na segunda, estão organizados no texto de uma Constituição. Ademais, na confederação, os entes são soberanos (e não apenas autônomos), e podem se separar da confederação quando entenderem conveniente (ou seja, têm o direito de secessão). Voltaremos a falar de Estado Federal logo adiante. Sintetizando: Vejamos uma questão da Esaf sobre o assunto. 1. (ESAF/AFC/STN/2005) A divisão fundamental de formas de Estados dá-se entre Estado simples ou unitário e Estado composto ou complexo, sendo que o primeiro tanto pode ser Estado unitário centralizado como Estado unitário descentralizado ou regional. O que caracteriza o Estado unitário é a centralização política. Portanto, ele pode ser centralizado ou puro, em que ocorre a execução dos serviços e das políticas públicas de forma centralizada. Ou descentralizado ou regional, quando o poder político continua concentrado, mas a execução de políticas públicas ocorre de forma descentralizada, por meio de entidades administrativas criadas para esse fim. Item certo. Unitário Federação Confederação (centralização política) → Unitário puro → Descentralizado adm. (descentralização política) (descentralização política) • Constituição • Autonomia • Indissolubilidade (vedada secessão) • Tratado • Soberania • Dissolubilidade (direito de secessão) Forma de Estado Distribuição territorial do Poder CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 4 www.pontodosconcursos.com.br 1.2 – Forma de Governo A forma de Governo diz respeito à relação entre governantes e governados no tocante à aquisição e o exercício do poder. É saber como se dá a instituição do poder na sociedade, como são escolhidos os governantes e como eles se relacionam com os governados. Pode-se dividir as formas de governo em: república e monarquia. De início, vale ressaltar que o Brasil adota a república como forma de Governo. A república é a forma de governo que tem as seguintes características: (i) eletividade (na medida em que os governantes são eleitos); (ii) temporalidade (pois o exercício do poder se dá por um período transitório – período certo); e (iii) responsabilidade ou dever de prestar contas (já que os administradores têm o dever de prestar contas sobre a gestão da coisa pública). A monarquia é a forma de governo que tem as seguintes características: (i) hereditariedade (os governantes chegam ao poder pelo critério hereditário); (ii) vitaliciedade (mandatos sem prazos determinados); (iii)irresponsabilidade (na medida em que o monarca não presta contas dos seus atos). Sintetizando: 2. (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) A forma republicana não implica a necessidade de legitimidade popular do presidente da República, razão pela qual a periodicidade das eleições não é elemento essencial desse princípio. relação entre governantes e governados Forma de Governo Monarquia República Eletividade Temporalidade Responsabilidade dever de prestar contas Hereditariedade Vitaliciedade Irresponsabilidade não há obrigação de prestar contas perante os governados CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 5 www.pontodosconcursos.com.br Uma das características da forma republicana de governo é a temporalidade no exercício do poder, que será renovado mediante a realização de eleições. Enfim, ao lado do dever de prestar contas (responsabilidade), a eletividade e a temporalidade são os princípios básicos da forma republicana de governo. Item errado. 3. (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Como conseqüência direta da adoção do princípio republicano como um dos princípios fundamentais do Estado brasileiro, a Constituição estabelece que a República Federativa do Brasil é composta pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. É certo que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal, conforme preceitua o art. 1º da Constituição Federal. Entretanto, essa realidade decorre do princípio federativo, e não do princípio republicano. Como examinado, da forma republicana de governo decorrem a eletividade, a temporalidade e o dever de prestar contas. Item errado. 1.3 Sistema de Governo Estudar sistemas de governo é examinar a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo. Poderá haver maior independência, ou então maior colaboração entre eles, de acordo com o sistema adotado. No Brasil, adota-se o sistema presidencialista, de acordo com o Plebiscito de 1993. O presidencialismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes características: (i) independência entre os poderes; (ii) mandatos por prazo certo (membros do Executivo e do Legislativo exercem mandatos por prazo certo, que não podem ser abreviados); e (iii) chefia monocrática ou unipessoal (as chefias de Estado e de Governo estão concentradas numa mesma pessoa). Veja que é o caso do Brasil. O Presidente é eleito para um mandato de quatro anos, e tem direito a cumpri-lo integralmente, até o último dia de seu governo, sem nenhuma interferência do Legislativo. Não é dado ao Legislativo abreviar o mandato do chefe do Poder executivo. E vice- versa: o Presidente não pode determinar a dissolução do Congresso Nacional, a fim de abreviar o mandado dos congressistas. Ademais, no Brasil o Presidente da República exerce, simultaneamente, a chefia de Estado e a chefia de Governo. Ele figura como chefe de Estado quando representa a República Federativa do Brasil frente a outros Estados soberanos ou perante organizações internacionais (quando celebra um tratado internacional, CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 6 www.pontodosconcursos.com.br por exemplo). Ou mesmo quando corporifica internamente a unidade nacional (quando decreta a intervenção federal para manter a integridade nacional – art. 34, I -, por exemplo). Já o exercício da chefia de governo se dá quando o Presidente da República cuida dos negócios internos de interesse da sociedade brasileira (quando atua como administrador, por exemplo). Por outro lado, o parlamentarismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes características: (i) maior interdependência, proximidade e colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo; (ii) mandatos por prazo incerto; (iii) chefia dual (na medida em que as chefias de Estado e de Governo são exercidas por duas pessoas distintas: a chefia de Estado é exercida pelo Monarca ou Presidente da República, conforme seja a forma de governo Monarquia ou República; e a chefia de Governo é exercida pelo Primeiro Ministro). Explicando melhor o funcionamento do Parlamentarismo: a) o povo elege o parlamento; e b) o chefe de Estado (chefe do Executivo) escolhe seu chefe de Governo (o Primeiro Ministro); este último submete seu plano de governo ao Parlamento, que passa a se responsabilizar também por ele. Daí então, se estabelece uma relação de interdependência entre os poderes, na medida em que o Primeiro Ministro só se sustenta se tiver apoio do Parlamento. Por outro lado, o governo tem o poder de dissolver o Parlamento e convocar novas eleições parlamentares. Sintetizando: 4. (ESAF/AFRE/RN/2005) O presidencialismo é a forma de governo que tem por característica reunir, em uma única autoridade, o Presidente da República, a Chefia do Estado e a Chefia do Governo. Veja como a Esaf tenta “pegar” o candidato desprevenido. A questão está errada única e exclusivamente por relacionar presidencialismo à forma de governo. Sabemos que se trata de sistema de governo. relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo Sistema de Governo Presidencialismo Parlamentarismo Independência entre os Poderes Executivo e Legislativo Mandatos por prazo certo Chefia monocrática ou unipessoal Interdependência (maior colaboração entre os poderes) Mandatos por prazo incerto Chefia dual CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 7 www.pontodosconcursos.com.br Item errado. 5. (ESAF/AFC/STN/2005) Forma de governo diz respeito ao modo como se relacionam os poderes, especialmente os Poderes Legislativo e Executivo, sendo os Estados, segundo a classificação dualista de Maquiavel, divididos em repúblicas ou monarquias. Quando estudamos as diferentes formas de governo, a preocupação é saber como se dá a relação entre governantes e governados no tocante à aquisição e o exercício do poder. A questão está errada, pois o modo como se relacionam os poderes, especialmente os Poderes Legislativo e Executivo, dá origem aos sistemas de governo (presidencialismo e parlamentarismo). Item errado. 6. (ESAF/AFC/STN/2005) A obrigação de prestar contas, que tem por conseqüência a existência de sistemas de controle interno e externo da União, dos Estados e dos Municípios, é um elemento essencial do princípio federativo, o qual é adotado como princípio fundamental da República Federativa do Brasil. Na verdade, como comentado, a obrigação de prestar contas decorre da da responsabilidade perante o povo, característica do princípio republicano (e não do princípio federativo). Item errado. 7. (ESAF/APO/MPOG/2005) Decorre do princípio republicano a previsão constitucional da competência do presidente da República de manter relações com Estados estrangeiros. Veja que a competência do Presidente da República para manter relações com estados estrangeiros é decorrência do sistema de governo presidencialista (e não do princípio republicano). Relaciona-se com o fato de que é o presidencialismo que impõe ao chefe do Executivo a tarefa de exercer a chefia de estado e a chefia de governo. Item errado. 8. (ESAF/AFC/CGU/2003) Em um Estado Parlamentarista, a chefia de governo tem uma relação de dependência com a maioria do Parlamento, havendo, por isso, uma repartição, entre o governo e o Parlamento, da função de estabelecer as decisões políticas fundamentais. De fato, no parlamentarismo, a permanência do chefe de governo no poder depende da vontade do parlamento. Nesse sentido, as decisões políticas do Estado são propostas pelo governo, mas dependemde apoio parlamentar para sua aprovação (portanto, o parlamento assume certa responsabilidade em relação a elas). CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 8 www.pontodosconcursos.com.br Item certo. 9. (ESAF/AFRE/RN/2005) Sistema de governo pode ser definido como a maneira pela qual se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá a relação entre governantes e governados. A relação entre governantes e governados relaciona-se com a forma de governo (república ou monarquia), e não com o sistema de governo. Item errado. Objetivamente, as formas de Estado (unitário x federado) não se confundem com os sistemas de governo (presidencialismo x parlamentarismo) ou com as formas de governo (república x monarquia). 1.4 – Estado Federal Podemos relacionar o surgimento do Estado Federal com os Estados Unidos da América, na data de 1787. Antes disso (1776), tinha ocorrido a declaração da independência das colônias americanas, em que tinham surgido 13 Estados soberanos no território norte-americano. Naquele momento tratava-se ainda de uma confederação. Entretanto, esses Estados soberanos optaram por se unir, formando apenas uma Federação (e suprimindo a soberania e o antigo direito de secessão de que dispunham). Como já comentado, o Brasil adota a forma federativa de Estado. Vejamos o que estabelece o art. 1° da nossa Constituição: Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Observe ainda (grifado) o chamado princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. Ele tem duas finalidades básicas: unidade nacional e necessidade descentralizadora. Ou seja, nossa Constituição afasta qualquer pretensão de separação de um estado-membro, do DF ou de qualquer município da Federação. Significa dizer que, no nosso ordenamento, não existe direito de secessão. Podemos apontar como as principais características do Estado Federal: I) descentralização política: o poder se encontra dividido pelo território, sendo exercido pelos entes autônomos (pois apenas o Estado Federal é soberano); II) participação dos estados-membros: os estados-membros dispõem de auto-organização (elaboram suas Constituições) e representação no CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 9 www.pontodosconcursos.com.br Poder legislativo (no Senado Federal), mas não detêm direito de secessão (uma vez criada a Federação, não se admite mais a dissolução, não é tolerada a saída de um dos entes componentes do Estado Federal); III) repartição de competências: a distribuição de competências entre os entes federados assegura a autonomia de cada um deles; IV) repartição de receitas: cada ente deve possuir uma esfera de competência tributária que lhe assegure receitas próprias; V) Constituição assegurada por um órgão superior: o pacto federativo é firmado em uma Constituição rígida (proporcionando estabilidade institucional), que é protegida por um órgão guardião (no nosso caso, o STF). Veja que interessante: no caso brasileiro, aconteceu o contrário do ocorrido nos Estados Unidos. O Estado Federal nasce a partir da divisão de um Estado anteriormente unitário. Assim, podemos ter dois tipos de formação do Estado Federal. I) Por agregação → movimento centrípeto → de fora pra dentro; e II) Por desagregação → movimento centrífugo → de dentro pra fora. No primeiro caso, antigos Estados independentes abrem mão de sua soberania para constituir um Estado Federal único (é o caso dos Estados Unidos). No segundo caso, um Estado unitário descentraliza-se, dividindo aquele poder inicialmente concentrado e formado diversos entes autônomos (é o caso brasileiro). O federalismo pode ser ainda dual ou cooperativo. Será dual se houver uma rígida separação de competências entre os entes federados (como é o caso dos Estados Unidos). No Brasil, adota- se o federalismo cooperativo, em que a separação das competências não é rígida. Por fim, vale comentar que mais dois detalhes relativos à Federação na CF/88: I) a forma federativa de Estado é cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4°, I); e II) ao contrário da Federação convencional (formada apenas pela União e estados-membros), nossa Federação é composta de quatro entes federados: União, estados-membros, Distrito Federal e municípios (assim, trata-se de uma peculiaridade brasileira os municípios e o DF como entes autônomos). 10. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A divisão funcional do poder é, mais precisamente, o próprio federalismo. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 10 www.pontodosconcursos.com.br A divisão funcional do poder relaciona-se ao princípio da separação dos poderes. Ou, de forma mais precisa, relaciona-se à distinção das funções de poder: executiva, legislativa e judiciária. O federalismo consiste na divisão territorial ou geográfica do poder. Daí o erro da questão. Item errado. 11. (ESAF/AFC/CGU/2006) Não é elemento essencial do princípio federativo a existência de dois tipos de entidade – a União e as coletividades regionais autônomas. É essência de um Estado do tipo federado a existência de duas entidades: a União e os entes federados regionais, dotados de autonomia política. Item errado. 1.5 – Entes Federados Como comentado, a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos (CF, art. 18). De se destacar as vedações que a Constituição estabelece aos entes federados (CF, art. 19). Nesse sentido, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar- lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. Veja uma questão que abordou esse aspecto. 12. (ESAF/AFC/CGU/2008) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou estrangeiros. Os entes federados podem criar distinções entre brasileiros e estrangeiros. Não é dado a eles criar distinções entre brasileiros (art. 19, III). Lembrando ainda que, de acordo com o art. 12, § 2°, a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos na própria Constituição. Item errado. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 11 www.pontodosconcursos.com.br 13. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) É vedado aos Estados manter relação de aliança com representantes de cultos religiosos ou igrejas, resguardando- se o interesse público. A assertiva está de acordo com a vedação do art. 19, I. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança. Entretanto, há uma ressalva. Trata-se da colaboração de interesse público, que será admitida, na forma da lei. Essa vedação constitucional aos entes federados decorre da laicidade da República Federativa do Brasil. Ou seja, nosso país não adota uma religião oficial. Item certo. 14. (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) O Estado-membro não pode recusar fé aos documentosque ele próprio expediu, mas pode recusá-la aos documentos públicos produzidos nos Municípios. Trata-se de regra constitucional no sentido de que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios recusar fé aos documentos públicos uns dos outros (CF, art. 19, II), incluindo os dos municípios. Item errado. 15. (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Constitui vedação constitucional de caráter federativo o estabelecimento de aliança entre as unidades da Federação e igrejas, inclusive os representantes destas, sendo possível, na forma da lei, a colaboração de interesse público. De fato, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público (CF, art. 19, I). Item certo. Passemos aos comentários mais relevantes sobre cada um dos entes federados. De início, vai uma dica: não faça confusão entre a República Federativa do Brasil (RFB) e a União! São duas coisas diferentes. A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público internacional que engloba União, estados, municípios e DF. No âmbito externo, a União até representa o Estado brasileiro. Mas a União é pessoa jurídica de direito público interno. Enfim, a União é parte CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 12 www.pontodosconcursos.com.br integrante do Estado federal, vale dizer, é uma das entidades políticas que integram o Estado federal. Como os demais entes, a União dispõe de autonomia, enquanto a RFB dispõe de soberania. Não é um assunto muito cobrado em concursos, mas a Constituição estabelece os bens da União em seu art. 20, segundo o qual, são bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré- históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. A Constituição assegura aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração (CF, art. 20, § 1°). Ademais, estabelece que a faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei (CF, art. 20, § 2°). Vamos a algumas questões. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 13 www.pontodosconcursos.com.br 16. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A organização político-administrativa da União compreende os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos na forma do disposto na própria Constituição Federal. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição (art. 18). Ou seja, a União é um ente autônomo (assim como estados, DF e municípios) e integra a República Federativa do Brasil (RFB). Como professor, tenho a função de chamar sua atenção para esses detalhes. Assim, vai uma dica: não faça confusão entre a RFB e a União! A ESAF sempre tentar “pegar” os candidatos nesse assunto. A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público internacional. Enquanto a União é pessoa jurídica de direito público interno. Se essa última é autônoma, a primeira dispõe de soberania. Item errado. 17. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Nem o governo federal, nem os governos dos Estados, nem os dos Municípios ou o do Distrito Federal são soberanos, porque todos são limitados, expressa ou implicitamente, pelas normas positivas da Constituição Federal. Observe que tanto a União, quanto os estados, municípios e Distrito Federal são todos autônomos, nos termos do art. 18 da CF. Observe que apenas a República Federativa do Brasil, o Estado brasileiro, é soberana. A soberania é atributo que confere ao Estado a característica de ser ele juridicamente ilimitado. Em outras palavras, no plano internacional, seu poder não encontra nenhum outro que esteja em nível superior. E, no plano interno, não encontra nenhum outro poder nem mesmo de igual estatura. Já a autonomia é diferente, tendo em vista que está condicionada pelo arcabouço jurídico estabelecido pela Constituição. Portanto, não caia naquela pegadinha comum da ESAF! É sempre errado dizer que são soberanos a União, os estados, DF e municípios. Item certo. 18. (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Em decorrência do princípio federativo, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os Territórios são entes da organização político-administrativa do Brasil. Veja o que está estabelecido no art. 1°: Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (...) CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 14 www.pontodosconcursos.com.br Bem, veja dois detalhes então: a) DF e Municípios como entes federados são peculiaridades da nossa Federação. b) Territórios não são entes federados. Daí o erro da questão. Os Territórios Federais não são dotados de autonomia política, pois são meras repartições territoriais pertencentes à União (CF, art. 18, § 2º). Item errado. 19. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) São bens da União as terras devolutas. Os bens da União estão explícitos no art. 20 da CF/88. Assim, não se pode afirmar serem todas as terras devolutas bens da União. Nos termos do art. 20, II, são bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. Item errado. 20. (ESAF/APO/MPOG/2005) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios pertencem à União, salvo após a sua demarcação, quando passarão a ser bens da comunidade indígena que as ocupe de forma tradicional. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios pertencem à União (CF, art. 20, XI), mesmo após o ato de demarcação (marcação dos limites territoriais pela autoridade competente). Item errado. 21. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Brasília é a Capital Federal.A assertiva limita-se a reproduzir o § 1° do art. 18. Item certo. 22. (ESAF/AFC/CGU/2008) A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos soberanos, nos termos da Constituição. A questão está errada por contrariar o art. 18. Independentemente da literalidade da Constituição, você já sabe que, como nosso Estado é uma Federação, seus entes dispõem de autonomia, e não de soberania. A soberania é característica de entes que compõem uma Confederação. Item errado. 23. (ESAF/AFC/CGU/2008) O Distrito Federal é chamado de Brasília e com esse nome constitui a Capital Federal. Em realidade, Brasília é a Capital Federal (art. 18, § 1°) e faz parte, mas não se confunde com o Distrito Federal. Inclusive, trata-se de inovação CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 15 www.pontodosconcursos.com.br do constituinte do 1988, pois as constituições anteriores dispunham ser o DF a capital do Brasil. Como afirmou Alexandre de Moraes: “Assim ficam diferenciadas a Capital Federal do País da circunscrição territorial representada na Federação pelo Distrito Federal.” Todavia, como você percebeu, e apesar dos inúmeros recursos recebidos, a Esaf não alterou o gabarito. Item certo. O próximo ente federado a ser estudado são os estados-membros. É importante você conhecer a tríplice capacidade garantidora de autonomia dos estados-membros, que assegura a eles: (i) autogoverno; (ii) autoadministração; e (iii) auto-organização e normatização própria. I) Autogoverno: o povo daquele estado-membro escolhe seus próprios governantes (poderes executivo e legislativo locais) sem qualquer vínculo de subordinação ou tutela por parte da União. II) Autoadministração: os estados-membros se autoadministram por meio do exercício das suas competências legislativas, administrativas e tributárias definidas pela Constituição Federal. III) Auto-organização e normatização própria: os estados-membros editam suas próprias Constituições, bem como sua própria legislação, respeitados os princípios da Constituição Federal (que funcionam como limitadores da autonomia estadual). Sintetizando: Apesar dessa autonomia, devemos lembrar que os estados-membros estão sujeitos a determinadas limitações impostas pela Constituição, e devem respeitar, portanto, seus princípios (CF, art. 25). Por fim, vale destacar que, segundo o art. 26 da Constituição são bens dos estados: Autogoverno Autoadministração Elaboração das suas Constituições Elaboração de leis próprias art. 25, caput Organização dos Poderes Executivo Legislativo Judiciário art. 28 art. 27 art. 125 Competências próprias (administrativas, tributárias e legislativas) art. 25, §§ 1° a 3° Auto-organização e Autolegislação CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 16 www.pontodosconcursos.com.br (i) as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; (ii) as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; (iii) as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; e (iv) as terras devolutas não compreendidas entre as da União. Quanto à organização dos estados, podemos citar as regras a seguir. I) Número de Deputados da Assembléia - triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze (CF, art. 27). II) Subsídio dos Deputados Estaduais - fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa (no máximo, 75% do valor dos deputados federais) (CF, art. 27, § 2°). III) Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos (CF, art. 27, § 3°). IV) Subsídios do Governador, Vice e Secretários - fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa (CF, art. 28, § 2°). V) Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V da CF/88 (CF, art. 28, § 1°). Vamos verificar como a Esaf tem abordado esses assuntos. 24. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Incluem-se entre os bens dos estados as terras devolutas não compreendidas entre as da União. A assertiva reproduz corretamente o teor do art. 26, IV da CF/88. Item certo. 25. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados. A assertiva reproduz o art. 27, caput. Está de acordo com a Constituição a afirmação de que o número de Deputados Estaduais corresponderá ao triplo de Deputados Federais daquele estado. Entretanto, devo alertar que o próprio art. 27 consigna que, atingido o número de trinta e seis, o número de Deputados Estaduais será CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 17 www.pontodosconcursos.com.br acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. Exemplo: caso haja 15 Deputados Federais, a regra do triplo da representação vai até a bancada formar 36 deputados estaduais, depois se soma a esse número a quantidade de deputados (da bancada federal) que ultrapassarem 12: ou seja: soma-se mais 3 deputados (15-12=3). Em suma, nesse exemplo hipotético, haveria 39 deputados estaduais (36 + 3). Para quem preferir (considerando-se as siglas DE, para representar o número deputados estaduais e DF, representando o número de deputados federais), temos: I) Se houver até 12 deputados federais → DE = 3 x DF; II) Se houver mais de 12 deputados federais → DE = 36 + DF - 12 Mas nunca vi cobrarem essa conta em concursos. Item certo. 26. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Os Estados- membros se auto-organizam por meio da escolha direta de seus representantes nos Poderes Legislativo e Executivo locais, sem que haja qualquer vínculo de subordinação por parte da União. Como vimos no esquema apresentado, a competência de auto- organização relaciona-se com a elaboração das Constituições estaduais. A capacidade de autogoverno é que outorga competência aos estados-membros para organizar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Auto-organização → Elaboração da Constituição Autogoverno → Organização dos Poderes Autoadministração → Competências próprias Item errado. 27. (ESAF/AFC/CGU/2008) Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios da Constituição Federal, por isso que Constituição estadual pode criar órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros poderes ou entidades. Esse assunto relaciona-se à Organização do Estado, mas se refletirá também quando estudarmos o Conselho Nacional de Justiça. É que na época da criação do Conselho Nacional de Justiça – CNJ pela EC n° 45/2004, foi questionada a criação desse órgão, entre outras coisas, por ofensa ao princípio federativo. O Supremo Tribunal Federal entendeu que o CNJ configura órgão de caráter nacional, assim como o Poder Judiciário como um todo, não CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 18 www.pontodosconcursos.com.br havendo comose questionar de prejuízo à Federação devido à criação desse órgão. Ou seja, o caráter nacional do CNJ possibilita que esse órgão exerça atividade de controle da magistratura. Nesse julgado (ADI 3.367, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 13-04- 05, DJ de 17-03-2006), a Suprema Corte afirmou ainda que os estados- membros carecem de competência constitucional para instituir, como órgão interno ou externo do Judiciário, conselho destinado ao controle da atividade administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva justiça, dado o caráter nacional do Judiciário. Aliás esse entendimento já era consolidado no STF, tanto que resultou na Súmula 649: É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros Poderes ou entidades. Item errado. 28. (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Os subsídios dos Governadores de Estado e dos membros das Assembléias Legislativas estaduais devem ser fixados por ato do Congresso Nacional. Como vimos, tanto o subsídio do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado (CF, art. 28, § 2º), quanto o subsídio dos Deputados Estaduais são fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa. Item errado. 29. (ESAF/APO/MPOG/2005) Estabelece o texto constitucional que o subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, tendo por limite o subsídio, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Realmente, o subsídio dos Deputados Estaduais é fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa. Entretanto, o limite do subsídio dos Deputados Estaduais é 75% do subsídio, em espécie, dos Deputados Federais (CF, art. 27, § 2º). Item errado. Além disso, temos os municípios e o Distrito Federal, também dotados de autonomia. Tanto o município quanto o DF regem-se por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara (municipal ou distrital), que a promulgará. Deverão ser atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal. No caso dos municípios, devem ser respeitados ainda os princípios da Constituição do respectivo Estado. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 19 www.pontodosconcursos.com.br Os aspectos concernentes à organização dos municípios estão expressos no art. 29 da CF/88. Já os aspectos concernentes ao DF estão no art. 32 da CF/88. Sobre os municípios, vale destacar as regras a seguir. I) Subsídios do Prefeito, Vice e Secretários - fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal (CF, art. 29, V). II) Subsídio dos Vereadores - fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subseqüente (observados limtes máximos estabelecidos na Constituição) (CF, art. 29, VI). III) O total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Município (CF, art. 29, VII). IV) A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores (CF, art. 29-A, § 1°). V) Eleição do Prefeito e Vice – só haverá segundo turno da eleição no caso de municípios com mais de duzentos mil eleitores. Sobre o DF, vale comentar os seguintes detalhes: I) é vedada sua divisão em municípios (CF, art. 30, caput); II) o DF acumula as competências legislativas reservadas aos estados e aquelas reservadas aos municípios (esse assunto será melhor detalhado mais à frente). 30. (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a CF/88, a Câmara Municipal não poderá gastar mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, não sendo incluído nesse percentual o gasto com o subsídio de seus Vereadores. Mais uma vez a Esaf cobrando detalhes literais da Constituição! Determina a Constituição que a Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores (art. 29-A, § 1º). Item errado. 31. (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a CF/88, as eleições para Prefeito seguirão as mesmas regras definidas na Constituição para a eleição do Presidente da República, se o município tiver mais de duzentos mil habitantes. Segundo o art. 29, II da CF/88, as eleições para Prefeito seguirão as mesmas regras definidas constitucionalmente para a eleição do Presidente da República se o Município tiver mais de duzentos mil eleitores (e não habitantes). Objetivamente: CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 20 www.pontodosconcursos.com.br I) municípios com até duzentos mil eleitores → não há segundo turno (independentemente da diferença de votos entre os dois candidatos a prefeito mais votados); II) municípios com mais de duzentos mil eleitores → se não obtida a maioria absoluta por um candidato no primeiro turno, far-se-á segundo turno, seguindo-se as mesmas regras fixadas para a eleição do Presidente da República (CF, art. 77). Item errado. Por fim, abro um parêntese para mencionar algo importante sobre os municípios. É que, recentemente, houve a aprovação da Emenda Constitucional nº 58/2009, alterando regras dos arts. 29 e 29-A (assuntos não muito cobrados em concursos). Em resumo, essa nova emenda constitucional: a) cria 24 limites máximos para a composição das Câmaras Municipais (art. 1º, alterando o inciso IV do art. 29 da Constituição), aumentando em 7.709 o número de vereadores em todo o país; b) fixa novos limites percentuais máximos do total de despesas para as Câmaras Municipais (art. 2º, alterando o art. 29-A da Constituição). O interessante (interessante para quem???) é que a letra “a” acima foi aprovada com efeitos retroativos às eleições pretéritas, realizadas em 2008. A finalidade disso era recalcular os quocientes eleitorais, de forma a já dar posse a 7.709 vereadores não eleitos em todo país. Você, que está dando duro para buscar seu cargo público, acha justo? Pois é! Graças ao bom senso, imediatamente, o Procurador-Geral da República propôs uma ação direta de inconstitucionalidade perante o STF impugnando tais disparates. Ainda bem que prevaleceu a moralidade e a Corte Maior afastou, com efeitos retroativos, a eficácia dessa determinação de aplicação retroativa do referido comando. Assim, outorgou-se efeitos ex tunc (retroativos) à medida cautelar concedida, para o fim de tornar nulas as posses dos mais afoitos. 1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios Os parágrafos 3° e 4° do art. 18 estabelecem as regras de formação de estados e municípios. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar- se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 21 www.pontodosconcursos.com.br através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Para isso deverão ser consultadas as respectivas Assembléias Legislativas (CF, art. 48, VI). Portanto, deve-se passar pelas seguintes etapas: I - aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito; II - manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; III - aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional. Já os municípios seguem regra distinta. Segundo o art. 18, § 4° da CF/88, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, àspopulações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Em suma, para a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios é necessário: I - aprovação de lei complementar federal fixando genericamente o período dentro do qual poderá ocorrer a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios; II - aprovação de lei ordinária federal estabelecendo a forma de apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal; III - divulgação dos estudos de viabilidade municipal, na forma estabelecida pela lei ordinária federal acima mencionada; IV - consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos; V - aprovação de lei ordinária estadual formalizando a criação, a incorporação, a fusão ou o desmembramento do município, ou dos municípios. Ou seja, a alteração dos limites territoriais dos municípios passou a depender da vontade do Congresso Nacional, expressa em lei complementar federal. Assim, se não houver tal lei complementar, não se pode alterar limites de municípios no Brasil. Sintetizando: CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 22 www.pontodosconcursos.com.br Por fim, vale a pena mencionar aspectos relevantes sobre os territórios federais. Segundo o art. 18, § 2º da Constituição, os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. Vamos aos exercícios comentados. 32. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. A assertiva reproduz o teor do art. 18, § 4°, após a aprovação da EC n° 15/1996. Veja o esquema apresentado logo acima. Observe que a alteração dos limites territoriais dos municípios passou a depender da vontade do Congresso Nacional, expressa em lei complementar federal. Item certo. Aproveitando essa questão, deixe-me tratar de um detalhe bastante atual. Apesar de não existir a referida lei complementar federal, foram criados, após a introdução dessa exigência pela EC nº 15/1996, mais de cinquenta municípios (contrariando § 4º do art. 18 da CF/88). Formação Estados Municípios Incorporação Subdivisão Desmembramento Incorporação Fusão Desmembramento Criação I – Plebiscito II – Oitiva das Assembléias Legislativas III – LC Federal I – LC Federal → período II – LO Federal → forma de divulgação do EVM III – Divulgação do EVM IV – Plebiscito V – LO Estadual formalizando o ato CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 23 www.pontodosconcursos.com.br Pois é, instado a posicionar-se quanto ao problema, o STF manifestou-se pela inconstitucionalidade dos procedimentos de criação de tais municípios. Ademais, reconheceu ainda a inconstitucionalidade por omissão do Congresso Nacional, configurada pela ausência de elaboração da lei complementar reclamada pela Constituição (fixou até um prazo de 18 meses para que esse órgão legislativo suprisse tal omissão). Entretanto, havia um problema concreto: a situação dos municípios criados em ofensa à Constituição. Assim, o STF estabeleceu um prazo de 24 (vinte e quatro) meses para que se regularizasse essa questão. Diante disso, o Congresso Nacional promulgou a EC nº 57/2008, que acrescentou o art. 96 ao ADCT, convalidando os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo estado à época de sua criação. 33. (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir- se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, por meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. A Esaf gosta de cobrar esses artigos relativos à formação de estados, municípios e territórios. A assertiva acima se limita a reproduzir o art. 18, § 3°. Item certo. 34. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. A questão apenas reproduz o art. 18, § 2°. De acordo com o exposto anteriormente, os Territórios integram a União. Item certo. 35. (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) Na atualidade, não existem Territórios Federais. Contudo, se criados, integrarão unidade autônoma, e não a própria União, razão pela qual terão organização administrativa própria. Já vimos diversas questões sobre isso. Os territórios integram a União, de acordo com o art. 18, § 2°. Item errado. 36. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, por meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 24 www.pontodosconcursos.com.br A assertiva encontra-se de acordo com o § 3º do art. 18. Assim, a criação do Território Federal a partir de desmembramento de Estado será precedida de prévia aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito. Em resumo, temos que, para a criação de um Território Federal a partir do desmembramento de área de Estado serão necessárias as seguintes medidas: a) aprovação da população diretamente interessada, mediante plebiscito (o plebiscito tem poder de veto, isto é, se o resultado da votação for “não” o procedimento não poderá seguir para as fases seguintes; entretanto, se o resultado for “sim”, essa decisão não obriga o Congresso Nacional, que poderá decidir, politicamente, se cria ou não o Território); b) manifestação da Assembléia Legislativa (essa manifestação é meramente opinativa) – art. 48, VI; c) edição de lei complementar, pelo Congresso Nacional. Vale lembrar que o projeto dessa lei complementar, após ser aprovado pelas duas Casas do Congresso Nacional, seguirá para o Presidente da República, para sanção ou veto. Item certo. 37. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento dos Estados far-se-ão por lei complementar federal, após divulgação dos Estudos de Viabilidade, apresentados e publicados na forma da lei. A assertiva tentou confundir o candidato ao misturar os §§ 3° e 4° do art. 18. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento dos Estados não dependem de Estudos de Viabilidade. Item errado. 38. (ESAF/AFC/CGU/2008) A criação de territórios federais, que fazem parte da União, depende de emenda à Constituição. Os Territórios Federais têm natureza de autarquia territorial e integram a União. De acordo com o art. 18, § 2° da CF/88, a criação, transformação em Estado ou reintegração do território ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. Item errado. 39. (ESAF/AFC/CGU/2008) A criação de Municípios deve ser feita por lei complementar federal. A criação dos municípios até depende de lei complementar federal estabelecendo o período em que se dará a criação dos municípios.Mas CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 25 www.pontodosconcursos.com.br a criação propriamente dita deve ser feita por lei ordinária estadual, após publicação de Estudo de Viabilidade Municipal (nos termos de lei ordinária federal) e plebiscito. Item errado. 40. (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, à população residente na área que será incorporada, fusionada ou desmembrada. Questão que fugiu da simples literalidade do art. 18, § 4°. Fique atento ao detalhe cobrado pela Esaf nessa questão. Você já sabe que tanto na formação de municípios, quanto na de estados-membros é necessário plebiscito. Entretanto, há uma diferença entre esses procedimentos. No caso de estados-membros, deve ser consultada a população diretamente interessada apenas. Por outro lado, no caso de municípios, a consulta prévia mediante plebiscito alcança toda a população dos municípios envolvidos. Assim, o erro da questão é limitar o plebiscito à população residente na área afetada. Interessa observar que, na redação antiga desse parágrafo (antes da EC n° 15/96), era realmente consultada apenas a população diretamente interessada. Item errado. 41. (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Conforme a jurisprudência tradicional do Supremo Tribunal Federal, o conceito de “população diretamente interessada”, para fins de oitiva visando à aprovação de iniciativas concernentes à incorporação, subdivisão ou desmembramento de Estados, apenas compreende a parcela da população residente na área a ser incorporada, subdividida ou desmembrada, e não a totalidade da população do(s) Estado(s) afetado(s) pela iniciativa. Exatamente o que comentei. No caso dos municípios o plebiscito abrange toda população dos municípios envolvidos. Ao contrário, no caso dos estados-membros, a Constituição restringe a consulta à população diretamente interessada. Assim decidiu o STF. Item certo. 2 – Repartição de Competências Bem, vamos falar um pouco sobre repartição de competências? Esse sim é o assunto mais importante dentro de Organização do Estado. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 26 www.pontodosconcursos.com.br Em primeiro lugar, tenha em mente que a repartição de competências é o ponto nuclear de um Estado Federado, sua essência, já que é o que garante a autonomia dos entes que o integram. Assim, por exemplo, quando assegura ao município competência privativa para tratar um assunto específico, a Constituição está garantindo, em relação a essa matéria, a autonomia desse ente federado. Ou seja, ele poderá dispor sobre aquela matéria sem qualquer subordinação à União ou ao estado-membro a que pertence. Segundo José Afonso da competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções. A própria Constituição Federal estabelecerá as competências legislativas, administrativas e tributárias de cada um dos entes. A competência tributária é a aptidão para criar tributos, descrevendo hipóteses de incidência, sujeitos ativos e passivos, bases de cálculo e alíquotas. Mas, para nós, objetivamente, o importante são as competências administrativas e legislativas. As competências administrativas (materiais) consistem num campo de atuação político-administrativa. Não se trata de atividade legiferante, mas de atuação efetiva para a execução de tarefas. Por sua vez, as competências legislativas são competências constitucionalmente definidas para a elaboração de leis sobre aqueles assuntos expressamente definidos. Vou sintetizar, desde já, o quadro-geral de competências estabelecidas pela nossa Constituição. Observe bem como funciona a repartição de competências. Ao longo da aula explicarei as classificações apresentadas nesse esquema. Assim, ao terminar a leitura, volte a ele para uma total compreensão. Sintetizando: CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 27 www.pontodosconcursos.com.br Bem, podemos considerar que há dois modelos de repartição de competências: o modelo horizontal e o modelo vertical. Na repartição horizontal, não há relação de subordinação entre os entes no exercício da competência. É dizer, naquelas matérias, os entes atuam em pé de igualdade (cada um com plena autonomia para exercer aquelas competências). É o caso das competências estabelecidas nos arts. 21, 22, 23, 25 e 30 da CF/88, em que não há ingerência de um ente na atuação do outro. Na repartição vertical, ocorre uma relação de hierarquização no exercício da competência estabelecida pela Constituição. Os entes atuam sobre as mesmas matérias, mas têm níveis diferentes de poder no exercício daquelas competências. É o caso da chamada competência legislativa concorrente prevista no art. 24 da Constituição, como será visto adiante. Mas (você me pergunta) me diga qual o critério utilizado pela Constituição para se afirmar que uma competência seria de um ou outro ente? Pois assim posso ter uma idéia de qual competência é de quem... Posso dizer que a Constituição Federal de 1988 adotou como diretriz geral, para repartir as competências, o princípio da predominância do interesse. Ou seja, as matérias de interesse predominantemente local foram atribuídas aos municípios (ente federado local). E as matérias de interesse predominantemente regional? Foram destinadas aos estados-membros (pois ele é o ente federado regional). CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 28 www.pontodosconcursos.com.br E as matérias de interesse predominantemente geral (ou nacional)? Ficaram nas mãos da União (pois ela é o ente federado nacional ou que trata de assuntos gerais). A predominância do interesse foi, portanto, o princípio adotado como regra para a repartição de competências pela Constituição Federal de 1988. Atenção! Essa regra não é absoluta, pois há exceções. Por exemplo, a competência para a exploração do gás canalizado, embora seja assunto de interesse predominantemente local, foi outorgada aos estados, e não aos municípios (CF, art. 25, § 2º). Visto isso, vale comentar que, ao analisar a Constituição, não se observa, de forma expressa, todas as competências de todos entes. Não, não foi essa a forma adotada pela Constituição para apresentar as competências. O poder constituinte originário optou pela seguinte técnica: • União → enumerou expressamente – competência enumerada expressa (art. 21 e 22); • Municípios → enumerou expressamente – competência enumerada expressa (art. 30); • Estados-membros → não enumerou expressamente, reservando a eles as competências que não lhes são vedadas na Constituição – competência não-enumerada ou remanescente (art. 25, § 1º). Observe que, se, como regra, a Constituição não enumerou expressamente a competência dos estados, não se pode dizer que nenhuma competência foi outorgada a eles de forma expressa na Constituição. Afinal, é dos estados a competência para exploração do gás canalizado (CF, art. 25, § 2º), para a criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (CF, art. 25, § 3º), para a modificação dos limites territoriais dos municípios (CF, art. 18, § 4º), bem assim para organizar sua própria Justiça (CF, art. 125). Outro aspecto é que, em se tratando de competência tributária (competência para instituir tributos), é a União que dispõe de competência residual(e não os estados!) para instituir novos impostos além daqueles discriminados na Constituição (CF, art. 154, I), bem assim para instituir novas contribuições de seguridade social (CF, art. 195, § 4º). Já o Distrito Federal, recebeu as competências de interesse predominantemente local (municipais) e regional (estaduais), pois há vedação à sua divisão em municípios (CF, art. 32). Entretanto, você deve ter em mente que nem todas as competências dos estados foram atribuídas ao DF. Afinal, os incisos XIII e XIV do art. 21 estabelecem que compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 29 www.pontodosconcursos.com.br Público, a Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. Foram ainda criadas: I) competência administrativa comum – outorgando-a a todos os entes federados (CF, art. 23) – caso de competência administrativa em que os entes atuam com igualdade de condições (atuação paralela, sem subordinação); II) competência legislativa concorrente – apenas entre a União, os estados e o Distrito Federal (CF, art. 24). Quanto a esta última, trata-se de competência importantíssima para concursos públicos. A competência legislativa concorrente está disciplinada no art. 24 da CF/88. Observe, logo de início, o primeiro detalhe: concorrem a União, estados e DF (municípios não). I) Competência para União, estados e DF legislarem sobre determinados temas, mas não em condições de igualdade (modelo vertical, em que há certa hierarquização). II) União → estabelece normas gerais, o que não exclui a competência suplementar dos Estados. III) Estados-membros → podem suplementar as normas gerais expedidas pela União, desde que não as contrariem. Ou seja, compete ao governo federal estabelecer as normas gerais, sem descer aos pormenores. Cabe aos estados e ao DF a adequação da legislação às suas peculiaridades. IV) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Entretanto, a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Atenção! Nesse último caso a superveniência de lei federal suspende a eficácia da lei estadual (não se trata de revogação), no que lhe contrariar. Assim, se a União resolver revogar a sua lei federal de normas gerais, a lei estadual, até então com a eficácia suspensa, volta automaticamente a produzir efeitos. Em suma, funciona assim a competência concorrente. A União edita lei de normas gerais. Os estados e DF suplementam essa legislação (de acordo com as diretrizes exaradas nas normas gerais da União), editando normas específicas para atender às suas peculiaridades. Enquanto não houver normas gerais, a competência dos estados- membros é plena. Caso venham a ser editadas as normas gerais da União em momento posterior, elas suspendem a eficácia daqueles dispositivos das normas dos estados que as contrariem. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 30 www.pontodosconcursos.com.br Por fim, vale comentar que a competência concorrente não inclui os municípios. Entretanto, compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (CF, art. 30, II). Cabe comentar ainda alguns detalhes. Em primeiro lugar, as competências da União estão previstas no art. 21 e no art. 22 da CF/88. No art. 21, estão estabelecidas as competências administrativas (de competência exclusiva da União, portanto indelegável). No art. 22, estão estabelecidas as competências legislativas (de competência privativa da União, portanto delegável). É dizer, são listados temas sobre os quais compete à União legislar. Competências da União: a) Privativa → legislativa e delegável (art. 22) b) Exclusiva → administrativa e indelegável (art. 21) Quanto à competência privativa, vale destacar que pode ser que os estados e DF (municípios não) venham a legislar sobre questões específicas relacionadas às matérias listadas no art. 21. Para isso, é necessário que a União delegue essa competência por lei complementar (CF, art. 22, parágrafo único). Esse detalhe é importante. A delegação deverá ser, apenas, para tratar de questões específicas e não sobre uma das matérias da competência privativa da União em geral. Assim, por exemplo, a autorização não poderá ser para legislar sobre direito civil (em geral), mas apenas para legislar sobre questões específicas no âmbito do direito civil. Por fim, vale ressaltar que a União não poderá realizar essa delegação a apenas um, ou apenas a alguns estados-membros, pois isso ofenderia a isonomia federativa, segundo a qual é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios criar preferências entre si (CF, art. 19, III). É dizer, a União pode delegar essas competências, mas se o fizer será em favor de todos os estados e do Distrito Federal, sem criar nenhuma distinção entre estes entes federados. Há diversos entendimentos jurisprudenciais importantes sobre repartição de competências. Optamos por apresentá-los logo abaixo, no decorrer da resolução das questões comentadas. 42. (ESAF/AFT/2003) A repartição de competências é o ponto nuclear da noção de Estado Federal, tendo a CF/88 adotado como princípio geral de repartição de competência a predominância do interesse. Na primeira parte, o enunciado afirma que repartição de competências é o ponto nuclear de um Estado Federado. De fato, a repartição de competências é a essência do Estado Federado, pois esse tipo de Estado está alicerçado na autonomia dos entes federados que o CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 31 www.pontodosconcursos.com.br integram, e essa autonomia é assegurada, precisamente, na repartição de competências. A parte final do enunciado afirma que a Constituição Federal de 1988 adotou como princípio geral para a repartição de competências o princípio da predominância do interesse, o que também está certo, como vimos. Item certo. 43. (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) Em razão do sistema de repartição de competências adotado na Constituição de 1988, regra geral, tem-se que as atribuições e competências dos municípios são definidas indicativamente. Como visto, as competências dos municípios (e da União) são definidas indicativamente (enumeração expressa). De outro lado, as competências dos estados são remanescentes ou não-enumeradas. Item certo. 44. (CESPE/AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTOS/PCRN/2008) O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades componentes do Estado federal é o da predominância do interesse, segundo o qual à União caberão aquelas matérias e questões de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos municípios concernem os assuntos de interesse local. José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 24.ª ed., 2005, p. 478 (com adaptações). Com referência ao texto acima e com base na CF, assinale a opção correta. a) A CF enumerou, expressamente, as competências administrativas dos estados-membros. b) Ao DF são atribuídas apenas as competências legislativas reservadas aos estados. c) A CF conferiu à União diversas competências administrativas, sendo a sua principal característica a delegabilidade a outros entes federativos. d) Compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte. Entretanto, diante de interesselocal, a União pode delegar esta competência legislativa, por meio de lei complementar, a apenas um estado-membro da Federação. e) A CF enumerou as competências administrativas e legislativas dos municípios. A alternativa “a” está errada, pois aos estados foi atribuída a chamada competência remanescente (CF, art. 25, § 1º). CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 32 www.pontodosconcursos.com.br A alternativa “b” está errada porque ao Distrito Federal foram atribuídas as competências estaduais e municipais (art. 32, § 1º). Lembre-se, de qualquer forma, que nem todas as competências dos estados foram atribuídas ao DF. Segundo o os incisos XIII e XIV do art. 21, compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. A alternativa “c” está errada. As competências atribuídas à União estão nos arts. 21 e 22 da CF/88. O art. 21 apresenta as diversas competências administrativas, materiais, atribuídas à União (a chamada competência exclusiva). Essas competências têm como principal característica a indelegabilidade. A alternativa “d” está errada. O art. 22 apresenta as competências legislativas (a chamadas competências privativas). Essas competências podem ser delegadas aos estados e ao DF por meio de lei complementar (ao contrário da competência exclusiva). Assim, realmente compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte (art. 22, XI), competência essa que pode, mediante lei complementar, ser delegada aos estados para o trato de questões específicas (art. 22, parágrafo único). Todavia, entende-se que a União não poderá realizar essa delegação a apenas um, ou apenas a alguns estados-membros. Como comentado, isso ofenderia a isonomia federativa, contrariando o dispositivo segundo o qual é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios criar preferências entre si (CF, art. 19, III). A alternativa “e” está certa, pois a Constituição Federal enumerou expressamente as competências dos municípios (tanto administrativas, como legislativas). Gabarito: “e” 45. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Compete exclusivamente à União legislar acerca da responsabilidade por dano ao meio ambiente. Amigo, essa não dava para errar! As competências exclusivas são materiais (ou administrativas) e não legislativas, ok? Em realidade, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente (CF, art. 24, VIII). Item errado. Bem, infelizmente algumas questões vão cobrar a memorização de determinadas competências... CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 33 www.pontodosconcursos.com.br Aqui vai uma dica: são muitas as competências para você memorizar. Ainda como concurseiro, aprendi que o difícil mesmo é saber diferenciar o campo da competência privativa da União (art. 22) com o da competência concorrente (art. 24). Isso porque as competências exclusivas (art. 21) e comuns (art. 23) são materiais e não legislativas. E a diferença entre essas duas não é tão complicada. Pegue sua Constituição... Temas gerais como (CF, art. 23): zelar pela guarda da Constituição, conservar o patrimônio público, proteger o meio ambiente, preservar as florestas; são exemplos de competências de todos os entes (veja como são assuntos bem comuns e gerais). Já assuntos como (CF, art. 21): manter relações com Estados estrangeiros, declarar a guerra e celebrar a paz, decretar intervenção federal, emitir moeda; são exemplos de competências exclusivas (materiais) da União. Quanto a essa distinção, não há grandes dificuldades (verifique os arts. 21 e 23 da sua Constituição)... Já a distinção entre competências privativas da União e competências concorrentes não é tão simples. Portanto, minha sugestão é a de que você guarde apenas aquelas competências expressas no art. 24 (competências concorrentes). Faça uma lista e memorize essas competências. Assim, caso venha uma questão cobrando competência legislativa fora daquelas do art. 24 (competência concorrente), você poderá marcar que é competência privativa da União. Vamos ver quais são essas competências: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico (Mnemônico: P – E – T – U - F); II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 34 www.pontodosconcursos.com.br VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX - educação, cultura, ensino e desporto; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.” Bem, apesar do que eu disse, eu sugiro que você memorize pelo menos as seguintes competências privativas da União (sempre cobradas em concursos): I) direito penal e direito civil (CF, art. 22, I); II) trânsito e tranporte (CF, art. 22, XI); e III) sistemas de consórcios e sorteios (CF, art. 22, XX). Além disso, acredito que valha a pena conhecer os arts. 25 e 30 da CF/88 (que são bem pequenos). “Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.” “Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 35 www.pontodosconcursos.com.br V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde
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