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Organização do Estado e Repartição de Competências

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CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
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Aula 5 - Organização do Estado e Repartição de Competências 
Olá! 
E aí, caro aluno? Pronto para mais uma aula? 
Bem, hoje trataremos de organização do Estado e repartição de 
competências. Em primeiro lugar, você deve lembrar como a 
Constituição da República estruturou o nosso Estado (Estado Federal, 
forma republicana e sistema presidencialista de governo). 
Tenha em mente que o Estado brasileiro é do tipo federado, porque 
integrado por diferentes entidades políticas – União, estados, Distrito 
Federal e municípios -, todas dotadas de autonomia política, nos 
termos da Constituição Federal (CF, art. 18). 
Como núcleo, essência de um Estado Federado, temos a chamada 
repartição de competências. Isso porque a distribuição de 
competências entre os entes é o que assegura a autonomia dos entes 
federados. 
Então, ao estudar repartição de competências, deveremos saber o o 
seguinte: que princípios nortearam a repartição das competências entre 
os entes federados? Quais competências foram outorgadas à União? 
Quais matérias foram atribuídas aos municípios? 
Isso é o que me proponho a revisar com você hoje. 
Veja o conteúdo da Aula de hoje 
1 - Organização Político-Administrativa 
1.1 - Forma de Estado 
1.2 - Forma de Governo 
1.3 - Sistema de Governo 
1.4 - Estado Federal 
1.5 - Entes Federados 
1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios 
2 - Repartição de Competências 
3 - Exercícios de Fixação 
Dê especial atenção às formas de Estado e governo e aos sistemas de 
governo. E, principalmente, ao assunto “repartição de competências”. 
Sem dúvidas, nessa parte da matéria, são os temas mais cobrados em 
concursos. 
É isso aí! Durante a aula, você perceberá que grande parte das questões 
cobrará a literalidade da Constituição. O mesmo acontece em outros 
assuntos no nosso curso. Portanto, sempre reserve um tempo para dar 
uma “passada de olho” na Constituição. 
Lembrando que os exercícios comentados servem também como forma 
de complementação e aprofundamento da matéria. E, no final, serão 
 
 
 
 
 
 
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apresentados diversos exercícios para fixar e sedimentar o 
conhecimento. 
Bem, iniciarei a aula tratando de um tema que relaciona Organização do 
Estado com os próprios princípios fundamentais já estudados neste 
curso. 
1 – Organização Político-Administrativa 
Ao apresentar a você os princípios fundamentais, comentamos sobre a 
opção da nossa Constituição quanto à forma de Estado (Federação) e à 
forma de Governo (República). 
É o que podemos observar com a leitura do art. 18 da CF/88. 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
Veja que aqui se apresentam também quais são os entes federativos - a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios -, deixando patente 
o fato de que eles são dotados de autonomia política. 
Objetivamente, eles são dotados de autonomia (não é soberania). 
Guarde isso: não há menção aos territórios no art. 18 da CF/88. 
Isso porque os Territórios Federais não são entes federativos. Essas 
autarquias territoriais integram a União, como mera divisão 
administrativo-territorial, sem autonomia política. 
1.1 – Forma de Estado 
Quando examinamos as formas de Estado, preocupamo-nos em saber 
como o poder é exercido dentro do território. Ou quantos poderes 
políticos autônomos existem no território do Estado. 
O Estado unitário (ou simples) é aquele em que não há uma 
descentralização política, isto é, não há uma divisão espacial e política 
de poder, sendo todas as competências políticas definidas pelo poder 
político central. Constitui, pois, caso de centralização política. Ele pode 
ser centralizado ou puro (quando o poder político central define e 
também executa diretamente, de forma centralizada, as políticas 
públicas). Por outro lado, pode ser descentralizado ou regional (quando 
o poder político define as políticas públicas, mas não as executa 
diretamente, criando entidades administrativas para esse fim). 
No Estado federado (composto, complexo ou federal) há a chamada 
descentralização política. Ele é formado por união indissolúvel de 
entidades regionais dotadas de autonomia política (capacidade de 
autogoverno, autolegislação e autoadministração). Essa estrutura e a 
 
 
 
 
 
 
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repartição de competência entre essas entidades são estabelecidas por 
uma Constituição. 
Lembre-se que o Brasil é um Estado federal (formado pela União, 
estados, Distrito Federal e municípios, todos autônomos). 
O Estado composto ou complexo pode assumir, ainda, a forma de 
confederação, em que também há mais de um poder político no 
território. O que diferencia a confederação da federação é que, na 
primeira, os poderes estão organizados no texto de um tratado 
internacional. Na segunda, estão organizados no texto de uma 
Constituição. 
Ademais, na confederação, os entes são soberanos (e não apenas 
autônomos), e podem se separar da confederação quando entenderem 
conveniente (ou seja, têm o direito de secessão). 
Voltaremos a falar de Estado Federal logo adiante. 
Sintetizando: 
Vejamos uma questão da Esaf sobre o assunto. 
1. (ESAF/AFC/STN/2005) A divisão fundamental de formas de Estados 
dá-se entre Estado simples ou unitário e Estado composto ou 
complexo, sendo que o primeiro tanto pode ser Estado unitário 
centralizado como Estado unitário descentralizado ou regional. 
O que caracteriza o Estado unitário é a centralização política. Portanto, 
ele pode ser centralizado ou puro, em que ocorre a execução dos 
serviços e das políticas públicas de forma centralizada. Ou 
descentralizado ou regional, quando o poder político continua 
concentrado, mas a execução de políticas públicas ocorre de forma 
descentralizada, por meio de entidades administrativas criadas para esse 
fim. 
Item certo. 
Unitário Federação Confederação 
(centralização 
política) 
→ Unitário puro 
→ Descentralizado adm. 
(descentralização 
política) 
(descentralização 
política) 
• Constituição 
• Autonomia 
• Indissolubilidade 
(vedada secessão) 
• Tratado 
• Soberania 
• Dissolubilidade 
(direito de secessão) 
Forma de 
Estado Distribuição territorial
do Poder 
 
 
 
 
 
 
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1.2 – Forma de Governo 
A forma de Governo diz respeito à relação entre governantes e 
governados no tocante à aquisição e o exercício do poder. 
É saber como se dá a instituição do poder na sociedade, como são 
escolhidos os governantes e como eles se relacionam com os 
governados. Pode-se dividir as formas de governo em: república e 
monarquia. 
De início, vale ressaltar que o Brasil adota a república como forma de 
Governo. 
A república é a forma de governo que tem as seguintes características: 
(i) eletividade (na medida em que os governantes são eleitos); (ii) 
temporalidade (pois o exercício do poder se dá por um período transitório 
– período certo); e (iii) responsabilidade ou dever de prestar contas (já 
que os administradores têm o dever de prestar contas sobre a gestão da 
coisa pública). 
A monarquia é a forma de governo que tem as seguintes características: 
(i) hereditariedade (os governantes chegam ao poder pelo critério 
hereditário); (ii) vitaliciedade (mandatos sem prazos determinados); (iii)irresponsabilidade (na medida em que o monarca não presta contas dos 
seus atos). 
Sintetizando: 
2. (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) A forma republicana não 
implica a necessidade de legitimidade popular do presidente da 
República, razão pela qual a periodicidade das eleições não é 
elemento essencial desse princípio. 
relação entre governantes e governados Forma de 
Governo 
Monarquia 
República 
Eletividade
Temporalidade
Responsabilidade dever de prestar contas 
Hereditariedade 
Vitaliciedade
Irresponsabilidade 
não há obrigação de prestar 
contas perante os governados 
 
 
 
 
 
 
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Uma das características da forma republicana de governo é a 
temporalidade no exercício do poder, que será renovado mediante a 
realização de eleições. Enfim, ao lado do dever de prestar contas 
(responsabilidade), a eletividade e a temporalidade são os princípios 
básicos da forma republicana de governo. 
Item errado. 
3. (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Como conseqüência 
direta da adoção do princípio republicano como um dos princípios 
fundamentais do Estado brasileiro, a Constituição estabelece que a 
República Federativa do Brasil é composta pela união indissolúvel 
dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. 
É certo que a República Federativa do Brasil é formada pela união 
indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal, conforme 
preceitua o art. 1º da Constituição Federal. Entretanto, essa realidade 
decorre do princípio federativo, e não do princípio republicano. Como 
examinado, da forma republicana de governo decorrem a eletividade, a 
temporalidade e o dever de prestar contas. 
Item errado. 
1.3 Sistema de Governo 
Estudar sistemas de governo é examinar a relação entre os Poderes 
Executivo e Legislativo. Poderá haver maior independência, ou então 
maior colaboração entre eles, de acordo com o sistema adotado. No 
Brasil, adota-se o sistema presidencialista, de acordo com o Plebiscito de 
1993. 
O presidencialismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes 
características: (i) independência entre os poderes; (ii) mandatos por 
prazo certo (membros do Executivo e do Legislativo exercem mandatos 
por prazo certo, que não podem ser abreviados); e (iii) chefia 
monocrática ou unipessoal (as chefias de Estado e de Governo estão 
concentradas numa mesma pessoa). 
Veja que é o caso do Brasil. O Presidente é eleito para um mandato de 
quatro anos, e tem direito a cumpri-lo integralmente, até o último dia de 
seu governo, sem nenhuma interferência do Legislativo. Não é dado ao 
Legislativo abreviar o mandato do chefe do Poder executivo. E vice-
versa: o Presidente não pode determinar a dissolução do Congresso 
Nacional, a fim de abreviar o mandado dos congressistas. 
Ademais, no Brasil o Presidente da República exerce, simultaneamente, 
a chefia de Estado e a chefia de Governo. 
Ele figura como chefe de Estado quando representa a República 
Federativa do Brasil frente a outros Estados soberanos ou perante 
organizações internacionais (quando celebra um tratado internacional, 
 
 
 
 
 
 
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por exemplo). Ou mesmo quando corporifica internamente a unidade 
nacional (quando decreta a intervenção federal para manter a integridade 
nacional – art. 34, I -, por exemplo). 
Já o exercício da chefia de governo se dá quando o Presidente da 
República cuida dos negócios internos de interesse da sociedade 
brasileira (quando atua como administrador, por exemplo). 
Por outro lado, o parlamentarismo é o sistema de governo marcado 
pelas seguintes características: (i) maior interdependência, proximidade e 
colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo; (ii) mandatos por 
prazo incerto; (iii) chefia dual (na medida em que as chefias de Estado e 
de Governo são exercidas por duas pessoas distintas: a chefia de Estado 
é exercida pelo Monarca ou Presidente da República, conforme seja a 
forma de governo Monarquia ou República; e a chefia de Governo é 
exercida pelo Primeiro Ministro). 
Explicando melhor o funcionamento do Parlamentarismo: 
a) o povo elege o parlamento; e 
b) o chefe de Estado (chefe do Executivo) escolhe seu chefe de Governo 
(o Primeiro Ministro); este último submete seu plano de governo ao 
Parlamento, que passa a se responsabilizar também por ele. 
Daí então, se estabelece uma relação de interdependência entre os 
poderes, na medida em que o Primeiro Ministro só se sustenta se tiver 
apoio do Parlamento. Por outro lado, o governo tem o poder de dissolver 
o Parlamento e convocar novas eleições parlamentares. 
Sintetizando: 
4. (ESAF/AFRE/RN/2005) O presidencialismo é a forma de governo 
que tem por característica reunir, em uma única autoridade, o 
Presidente da República, a Chefia do Estado e a Chefia do Governo. 
Veja como a Esaf tenta “pegar” o candidato desprevenido. A questão 
está errada única e exclusivamente por relacionar presidencialismo à 
forma de governo. Sabemos que se trata de sistema de governo. 
relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo Sistema de 
Governo 
Presidencialismo 
Parlamentarismo 
Independência entre os Poderes Executivo e Legislativo 
Mandatos por prazo certo 
Chefia monocrática ou unipessoal 
Interdependência (maior colaboração entre os poderes) 
Mandatos por prazo incerto 
Chefia dual 
 
 
 
 
 
 
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Item errado. 
5. (ESAF/AFC/STN/2005) Forma de governo diz respeito ao modo 
como se relacionam os poderes, especialmente os Poderes 
Legislativo e Executivo, sendo os Estados, segundo a classificação 
dualista de Maquiavel, divididos em repúblicas ou monarquias. 
Quando estudamos as diferentes formas de governo, a preocupação é 
saber como se dá a relação entre governantes e governados no 
tocante à aquisição e o exercício do poder. 
A questão está errada, pois o modo como se relacionam os poderes, 
especialmente os Poderes Legislativo e Executivo, dá origem aos 
sistemas de governo (presidencialismo e parlamentarismo). 
Item errado. 
6. (ESAF/AFC/STN/2005) A obrigação de prestar contas, que tem por 
conseqüência a existência de sistemas de controle interno e externo 
da União, dos Estados e dos Municípios, é um elemento essencial 
do princípio federativo, o qual é adotado como princípio fundamental 
da República Federativa do Brasil. 
Na verdade, como comentado, a obrigação de prestar contas decorre da 
da responsabilidade perante o povo, característica do princípio 
republicano (e não do princípio federativo). 
Item errado. 
7. (ESAF/APO/MPOG/2005) Decorre do princípio republicano a 
previsão constitucional da competência do presidente da República 
de manter relações com Estados estrangeiros. 
Veja que a competência do Presidente da República para manter 
relações com estados estrangeiros é decorrência do sistema de 
governo presidencialista (e não do princípio republicano). 
Relaciona-se com o fato de que é o presidencialismo que impõe ao chefe 
do Executivo a tarefa de exercer a chefia de estado e a chefia de 
governo. 
Item errado. 
8. (ESAF/AFC/CGU/2003) Em um Estado Parlamentarista, a chefia de 
governo tem uma relação de dependência com a maioria do 
Parlamento, havendo, por isso, uma repartição, entre o governo e o 
Parlamento, da função de estabelecer as decisões políticas 
fundamentais. 
De fato, no parlamentarismo, a permanência do chefe de governo no 
poder depende da vontade do parlamento. Nesse sentido, as decisões 
políticas do Estado são propostas pelo governo, mas dependemde apoio 
parlamentar para sua aprovação (portanto, o parlamento assume certa 
responsabilidade em relação a elas). 
 
 
 
 
 
 
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Item certo. 
9. (ESAF/AFRE/RN/2005) Sistema de governo pode ser definido como 
a maneira pela qual se dá a instituição do poder na sociedade e 
como se dá a relação entre governantes e governados. 
A relação entre governantes e governados relaciona-se com a forma de 
governo (república ou monarquia), e não com o sistema de governo. 
Item errado. 
Objetivamente, as formas de Estado (unitário x federado) não se 
confundem com os sistemas de governo (presidencialismo x 
parlamentarismo) ou com as formas de governo (república x 
monarquia). 
1.4 – Estado Federal 
Podemos relacionar o surgimento do Estado Federal com os Estados 
Unidos da América, na data de 1787. Antes disso (1776), tinha ocorrido a 
declaração da independência das colônias americanas, em que tinham 
surgido 13 Estados soberanos no território norte-americano. 
Naquele momento tratava-se ainda de uma confederação. Entretanto, 
esses Estados soberanos optaram por se unir, formando apenas uma 
Federação (e suprimindo a soberania e o antigo direito de secessão de 
que dispunham). 
Como já comentado, o Brasil adota a forma federativa de Estado. 
Vejamos o que estabelece o art. 1° da nossa Constituição: 
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se 
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
Observe ainda (grifado) o chamado princípio da indissolubilidade do 
vínculo federativo. Ele tem duas finalidades básicas: unidade nacional e 
necessidade descentralizadora. 
Ou seja, nossa Constituição afasta qualquer pretensão de separação de 
um estado-membro, do DF ou de qualquer município da Federação. 
Significa dizer que, no nosso ordenamento, não existe direito de 
secessão. 
Podemos apontar como as principais características do Estado Federal: 
I) descentralização política: o poder se encontra dividido pelo território, 
sendo exercido pelos entes autônomos (pois apenas o Estado Federal 
é soberano); 
II) participação dos estados-membros: os estados-membros dispõem de 
auto-organização (elaboram suas Constituições) e representação no 
 
 
 
 
 
 
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Poder legislativo (no Senado Federal), mas não detêm direito de 
secessão (uma vez criada a Federação, não se admite mais a 
dissolução, não é tolerada a saída de um dos entes componentes do 
Estado Federal); 
III) repartição de competências: a distribuição de competências entre os 
entes federados assegura a autonomia de cada um deles; 
IV) repartição de receitas: cada ente deve possuir uma esfera de 
competência tributária que lhe assegure receitas próprias; 
V) Constituição assegurada por um órgão superior: o pacto federativo é 
firmado em uma Constituição rígida (proporcionando estabilidade 
institucional), que é protegida por um órgão guardião (no nosso caso, o 
STF). 
Veja que interessante: no caso brasileiro, aconteceu o contrário do 
ocorrido nos Estados Unidos. O Estado Federal nasce a partir da divisão 
de um Estado anteriormente unitário. 
Assim, podemos ter dois tipos de formação do Estado Federal. 
I) Por agregação → movimento centrípeto → de fora pra dentro; e 
II) Por desagregação → movimento centrífugo → de dentro pra fora. 
No primeiro caso, antigos Estados independentes abrem mão de sua 
soberania para constituir um Estado Federal único (é o caso dos Estados 
Unidos). 
No segundo caso, um Estado unitário descentraliza-se, dividindo aquele 
poder inicialmente concentrado e formado diversos entes autônomos (é o 
caso brasileiro). 
O federalismo pode ser ainda dual ou cooperativo. 
Será dual se houver uma rígida separação de competências entre os 
entes federados (como é o caso dos Estados Unidos). No Brasil, adota-
se o federalismo cooperativo, em que a separação das competências 
não é rígida. 
Por fim, vale comentar que mais dois detalhes relativos à Federação na 
CF/88: 
I) a forma federativa de Estado é cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4°, I); e 
II) ao contrário da Federação convencional (formada apenas pela União 
e estados-membros), nossa Federação é composta de quatro entes 
federados: União, estados-membros, Distrito Federal e municípios 
(assim, trata-se de uma peculiaridade brasileira os municípios e o DF 
como entes autônomos). 
10. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A divisão funcional 
do poder é, mais precisamente, o próprio federalismo. 
 
 
 
 
 
 
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A divisão funcional do poder relaciona-se ao princípio da separação 
dos poderes. Ou, de forma mais precisa, relaciona-se à distinção das 
funções de poder: executiva, legislativa e judiciária. 
O federalismo consiste na divisão territorial ou geográfica do poder. 
Daí o erro da questão. 
Item errado. 
11. (ESAF/AFC/CGU/2006) Não é elemento essencial do princípio 
federativo a existência de dois tipos de entidade – a União e as 
coletividades regionais autônomas. 
É essência de um Estado do tipo federado a existência de duas 
entidades: a União e os entes federados regionais, dotados de 
autonomia política. 
Item errado. 
1.5 – Entes Federados 
Como comentado, a organização político-administrativa da República 
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios, todos autônomos (CF, art. 18). 
De se destacar as vedações que a Constituição estabelece aos entes 
federados (CF, art. 19). Nesse sentido, é vedado à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-
lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes 
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a 
colaboração de interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
Veja uma questão que abordou esse aspecto. 
12. (ESAF/AFC/CGU/2008) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou 
estrangeiros. 
Os entes federados podem criar distinções entre brasileiros e 
estrangeiros. Não é dado a eles criar distinções entre brasileiros (art. 19, 
III). 
Lembrando ainda que, de acordo com o art. 12, § 2°, a lei não poderá 
estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos 
casos previstos na própria Constituição. 
Item errado. 
 
 
 
 
 
 
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13. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) É vedado aos 
Estados manter relação de aliança com representantes de cultos 
religiosos ou igrejas, resguardando- se o interesse público. 
A assertiva está de acordo com a vedação do art. 19, I. É vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer 
cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o 
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações 
de dependência ou aliança. Entretanto, há uma ressalva. Trata-se da 
colaboração de interesse público, que será admitida, na forma da lei. 
Essa vedação constitucional aos entes federados decorre da laicidade da 
República Federativa do Brasil. Ou seja, nosso país não adota uma 
religião oficial. 
Item certo. 
14. (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) O Estado-membro não 
pode recusar fé aos documentosque ele próprio expediu, mas pode 
recusá-la aos documentos públicos produzidos nos Municípios. 
Trata-se de regra constitucional no sentido de que é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios recusar fé aos 
documentos públicos uns dos outros (CF, art. 19, II), incluindo os dos 
municípios. 
Item errado. 
15. (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Constitui vedação constitucional 
de caráter federativo o estabelecimento de aliança entre as 
unidades da Federação e igrejas, inclusive os representantes 
destas, sendo possível, na forma da lei, a colaboração de interesse 
público. 
De fato, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, 
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus 
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na 
forma da lei, a colaboração de interesse público (CF, art. 19, I). 
Item certo. 
Passemos aos comentários mais relevantes sobre cada um dos entes 
federados. 
De início, vai uma dica: não faça confusão entre a República Federativa 
do Brasil (RFB) e a União! São duas coisas diferentes. 
A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público 
internacional que engloba União, estados, municípios e DF. 
No âmbito externo, a União até representa o Estado brasileiro. Mas a 
União é pessoa jurídica de direito público interno. Enfim, a União é parte 
 
 
 
 
 
 
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integrante do Estado federal, vale dizer, é uma das entidades políticas 
que integram o Estado federal. Como os demais entes, a União dispõe 
de autonomia, enquanto a RFB dispõe de soberania. 
Não é um assunto muito cobrado em concursos, mas a Constituição 
estabelece os bens da União em seu art. 20, segundo o qual, são bens 
da União: 
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das 
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e 
à preservação ambiental, definidas em lei; 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu 
domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com 
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele 
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; 
as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, 
as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas 
ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 
26, II; 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica 
exclusiva; 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos; 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
A Constituição assegura aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, 
participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de 
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros 
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar 
territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por 
essa exploração (CF, art. 20, § 1°). 
Ademais, estabelece que a faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de 
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de 
fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e 
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei (CF, art. 20, § 2°). 
Vamos a algumas questões. 
 
 
 
 
 
 
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16. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A organização político-administrativa 
da União compreende os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos na forma do disposto na própria 
Constituição Federal. 
A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil 
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 
todos autônomos, nos termos desta Constituição (art. 18). 
Ou seja, a União é um ente autônomo (assim como estados, DF e 
municípios) e integra a República Federativa do Brasil (RFB). 
Como professor, tenho a função de chamar sua atenção para esses 
detalhes. Assim, vai uma dica: não faça confusão entre a RFB e a 
União! A ESAF sempre tentar “pegar” os candidatos nesse assunto. 
A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público 
internacional. Enquanto a União é pessoa jurídica de direito público 
interno. Se essa última é autônoma, a primeira dispõe de soberania. 
Item errado. 
17. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Nem o governo federal, nem os 
governos dos Estados, nem os dos Municípios ou o do Distrito 
Federal são soberanos, porque todos são limitados, expressa ou 
implicitamente, pelas normas positivas da Constituição Federal. 
Observe que tanto a União, quanto os estados, municípios e Distrito 
Federal são todos autônomos, nos termos do art. 18 da CF. Observe 
que apenas a República Federativa do Brasil, o Estado brasileiro, é 
soberana. 
A soberania é atributo que confere ao Estado a característica de ser ele 
juridicamente ilimitado. Em outras palavras, no plano internacional, seu 
poder não encontra nenhum outro que esteja em nível superior. E, no 
plano interno, não encontra nenhum outro poder nem mesmo de igual 
estatura. 
Já a autonomia é diferente, tendo em vista que está condicionada pelo 
arcabouço jurídico estabelecido pela Constituição. 
Portanto, não caia naquela pegadinha comum da ESAF! É sempre 
errado dizer que são soberanos a União, os estados, DF e municípios. 
Item certo. 
18. (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Em decorrência do princípio 
federativo, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e 
os Territórios são entes da organização político-administrativa do 
Brasil. 
Veja o que está estabelecido no art. 1°: 
Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (...) 
 
 
 
 
 
 
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Bem, veja dois detalhes então: 
a) DF e Municípios como entes federados são peculiaridades da 
nossa Federação. 
b) Territórios não são entes federados. Daí o erro da questão. 
Os Territórios Federais não são dotados de autonomia política, pois são 
meras repartições territoriais pertencentes à União (CF, art. 18, § 2º). 
Item errado. 
19. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) São bens da União as terras 
devolutas. 
Os bens da União estão explícitos no art. 20 da CF/88. Assim, não se 
pode afirmar serem todas as terras devolutas bens da União. Nos termos 
do art. 20, II, são bens da União as terras devolutas indispensáveis à 
defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias 
federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. 
Item errado. 
20. (ESAF/APO/MPOG/2005) As terras tradicionalmente ocupadas 
pelos índios pertencem à União, salvo após a sua demarcação, 
quando passarão a ser bens da comunidade indígena que as ocupe 
de forma tradicional. 
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios pertencem à União 
(CF, art. 20, XI), mesmo após o ato de demarcação (marcação dos 
limites territoriais pela autoridade competente). 
Item errado. 
21. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Brasília é a Capital Federal.A assertiva limita-se a reproduzir o § 1° do art. 18. 
Item certo. 
22. (ESAF/AFC/CGU/2008) A organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, todos soberanos, nos termos da 
Constituição. 
A questão está errada por contrariar o art. 18. Independentemente da 
literalidade da Constituição, você já sabe que, como nosso Estado é uma 
Federação, seus entes dispõem de autonomia, e não de soberania. A 
soberania é característica de entes que compõem uma Confederação. 
Item errado. 
23. (ESAF/AFC/CGU/2008) O Distrito Federal é chamado de Brasília e 
com esse nome constitui a Capital Federal. 
Em realidade, Brasília é a Capital Federal (art. 18, § 1°) e faz parte, mas 
não se confunde com o Distrito Federal. Inclusive, trata-se de inovação 
 
 
 
 
 
 
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do constituinte do 1988, pois as constituições anteriores dispunham ser o 
DF a capital do Brasil. 
Como afirmou Alexandre de Moraes: “Assim ficam diferenciadas a 
Capital Federal do País da circunscrição territorial representada na 
Federação pelo Distrito Federal.” 
Todavia, como você percebeu, e apesar dos inúmeros recursos 
recebidos, a Esaf não alterou o gabarito. 
Item certo. 
O próximo ente federado a ser estudado são os estados-membros. É 
importante você conhecer a tríplice capacidade garantidora de autonomia 
dos estados-membros, que assegura a eles: (i) autogoverno; (ii) 
autoadministração; e (iii) auto-organização e normatização própria. 
I) Autogoverno: o povo daquele estado-membro escolhe seus próprios 
governantes (poderes executivo e legislativo locais) sem qualquer vínculo 
de subordinação ou tutela por parte da União. 
II) Autoadministração: os estados-membros se autoadministram por 
meio do exercício das suas competências legislativas, administrativas e 
tributárias definidas pela Constituição Federal. 
III) Auto-organização e normatização própria: os estados-membros 
editam suas próprias Constituições, bem como sua própria legislação, 
respeitados os princípios da Constituição Federal (que funcionam como 
limitadores da autonomia estadual). 
Sintetizando: 
Apesar dessa autonomia, devemos lembrar que os estados-membros 
estão sujeitos a determinadas limitações impostas pela Constituição, e 
devem respeitar, portanto, seus princípios (CF, art. 25). 
Por fim, vale destacar que, segundo o art. 26 da Constituição são bens 
dos estados: 
Autogoverno 
Autoadministração 
Elaboração das suas Constituições 
Elaboração de leis próprias
art. 25, caput
Organização 
dos Poderes 
Executivo 
Legislativo 
Judiciário 
art. 28 
art. 27 
art. 125 
Competências próprias 
(administrativas, 
tributárias e legislativas) 
art. 25, §§ 1° a 3° 
Auto-organização 
e 
Autolegislação 
 
 
 
 
 
 
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(i) as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em 
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de 
obras da União; 
(ii) as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu 
domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou 
terceiros; 
(iii) as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; e 
(iv) as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
Quanto à organização dos estados, podemos citar as regras a seguir. 
I) Número de Deputados da Assembléia - triplo da representação do 
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, 
será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 
doze (CF, art. 27). 
II) Subsídio dos Deputados Estaduais - fixado por lei de iniciativa da 
Assembléia Legislativa (no máximo, 75% do valor dos deputados 
federais) (CF, art. 27, § 2°). 
III) Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento 
interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os 
respectivos cargos (CF, art. 27, § 3°). 
IV) Subsídios do Governador, Vice e Secretários - fixados por lei de 
iniciativa da Assembléia Legislativa (CF, art. 28, § 2°). 
V) Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função 
na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em 
virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V 
da CF/88 (CF, art. 28, § 1°). 
Vamos verificar como a Esaf tem abordado esses assuntos. 
24. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Incluem-se entre os 
bens dos estados as terras devolutas não compreendidas entre as 
da União. 
A assertiva reproduz corretamente o teor do art. 26, IV da CF/88. 
Item certo. 
25. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O número de 
Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da 
representação do Estado na Câmara dos Deputados. 
A assertiva reproduz o art. 27, caput. Está de acordo com a Constituição 
a afirmação de que o número de Deputados Estaduais corresponderá ao 
triplo de Deputados Federais daquele estado. 
Entretanto, devo alertar que o próprio art. 27 consigna que, atingido o 
número de trinta e seis, o número de Deputados Estaduais será 
 
 
 
 
 
 
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acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 
doze. 
Exemplo: caso haja 15 Deputados Federais, a regra do triplo da 
representação vai até a bancada formar 36 deputados estaduais, depois 
se soma a esse número a quantidade de deputados (da bancada federal) 
que ultrapassarem 12: ou seja: soma-se mais 3 deputados (15-12=3). 
Em suma, nesse exemplo hipotético, haveria 39 deputados estaduais (36 
+ 3). 
Para quem preferir (considerando-se as siglas DE, para representar o 
número deputados estaduais e DF, representando o número de 
deputados federais), temos: 
I) Se houver até 12 deputados federais → DE = 3 x DF; 
II) Se houver mais de 12 deputados federais → DE = 36 + DF - 12 
Mas nunca vi cobrarem essa conta em concursos. 
Item certo. 
26. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Os Estados-
membros se auto-organizam por meio da escolha direta de seus 
representantes nos Poderes Legislativo e Executivo locais, sem que 
haja qualquer vínculo de subordinação por parte da União. 
Como vimos no esquema apresentado, a competência de auto-
organização relaciona-se com a elaboração das Constituições 
estaduais. A capacidade de autogoverno é que outorga competência 
aos estados-membros para organizar os poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário. 
Auto-organização → Elaboração da Constituição 
Autogoverno → Organização dos Poderes 
Autoadministração → Competências próprias 
Item errado. 
27. (ESAF/AFC/CGU/2008) Os Estados organizam-se e regem-se pelas 
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios da 
Constituição Federal, por isso que Constituição estadual pode criar 
órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual 
participem representantes de outros poderes ou entidades. 
Esse assunto relaciona-se à Organização do Estado, mas se refletirá 
também quando estudarmos o Conselho Nacional de Justiça. 
É que na época da criação do Conselho Nacional de Justiça – CNJ pela 
EC n° 45/2004, foi questionada a criação desse órgão, entre outras 
coisas, por ofensa ao princípio federativo. 
O Supremo Tribunal Federal entendeu que o CNJ configura órgão de 
caráter nacional, assim como o Poder Judiciário como um todo, não 
 
 
 
 
 
 
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havendo comose questionar de prejuízo à Federação devido à criação 
desse órgão. Ou seja, o caráter nacional do CNJ possibilita que esse 
órgão exerça atividade de controle da magistratura. 
Nesse julgado (ADI 3.367, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 13-04-
05, DJ de 17-03-2006), a Suprema Corte afirmou ainda que os estados-
membros carecem de competência constitucional para instituir, como 
órgão interno ou externo do Judiciário, conselho destinado ao controle da 
atividade administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva justiça, 
dado o caráter nacional do Judiciário. 
Aliás esse entendimento já era consolidado no STF, tanto que resultou 
na Súmula 649: 
É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de órgão de 
controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem 
representantes de outros Poderes ou entidades. 
Item errado. 
28. (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Os subsídios dos Governadores de 
Estado e dos membros das Assembléias Legislativas estaduais 
devem ser fixados por ato do Congresso Nacional. 
Como vimos, tanto o subsídio do Governador, do Vice-Governador e dos 
Secretários de Estado (CF, art. 28, § 2º), quanto o subsídio dos 
Deputados Estaduais são fixados por lei de iniciativa da Assembléia 
Legislativa. 
Item errado. 
29. (ESAF/APO/MPOG/2005) Estabelece o texto constitucional que o 
subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da 
Assembléia Legislativa, tendo por limite o subsídio, em espécie, dos 
Ministros do Supremo Tribunal Federal. 
Realmente, o subsídio dos Deputados Estaduais é fixado por lei de 
iniciativa da Assembléia Legislativa. Entretanto, o limite do subsídio 
dos Deputados Estaduais é 75% do subsídio, em espécie, dos 
Deputados Federais (CF, art. 27, § 2º). 
Item errado. 
Além disso, temos os municípios e o Distrito Federal, também dotados de 
autonomia. 
Tanto o município quanto o DF regem-se por lei orgânica, votada em 
dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois 
terços dos membros da Câmara (municipal ou distrital), que a 
promulgará. Deverão ser atendidos os princípios estabelecidos na 
Constituição Federal. No caso dos municípios, devem ser respeitados 
ainda os princípios da Constituição do respectivo Estado. 
 
 
 
 
 
 
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Os aspectos concernentes à organização dos municípios estão 
expressos no art. 29 da CF/88. Já os aspectos concernentes ao DF estão 
no art. 32 da CF/88. 
Sobre os municípios, vale destacar as regras a seguir. 
I) Subsídios do Prefeito, Vice e Secretários - fixados por lei de 
iniciativa da Câmara Municipal (CF, art. 29, V). 
II) Subsídio dos Vereadores - fixado pelas respectivas Câmaras 
Municipais em cada legislatura para a subseqüente (observados limtes 
máximos estabelecidos na Constituição) (CF, art. 29, VI). 
III) O total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá 
ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Município 
(CF, art. 29, VII). 
IV) A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua receita com 
folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus 
Vereadores (CF, art. 29-A, § 1°). 
V) Eleição do Prefeito e Vice – só haverá segundo turno da eleição no 
caso de municípios com mais de duzentos mil eleitores. 
Sobre o DF, vale comentar os seguintes detalhes: 
I) é vedada sua divisão em municípios (CF, art. 30, caput); 
II) o DF acumula as competências legislativas reservadas aos estados e 
aquelas reservadas aos municípios (esse assunto será melhor detalhado 
mais à frente). 
30. (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a CF/88, a Câmara Municipal não 
poderá gastar mais de setenta por cento de sua receita com folha de 
pagamento, não sendo incluído nesse percentual o gasto com o 
subsídio de seus Vereadores. 
Mais uma vez a Esaf cobrando detalhes literais da Constituição! 
Determina a Constituição que a Câmara Municipal não gastará mais de 
setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o 
gasto com o subsídio de seus Vereadores (art. 29-A, § 1º). 
Item errado. 
31. (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a CF/88, as eleições para Prefeito 
seguirão as mesmas regras definidas na Constituição para a eleição 
do Presidente da República, se o município tiver mais de duzentos 
mil habitantes. 
Segundo o art. 29, II da CF/88, as eleições para Prefeito seguirão as 
mesmas regras definidas constitucionalmente para a eleição do 
Presidente da República se o Município tiver mais de duzentos mil 
eleitores (e não habitantes). 
Objetivamente: 
 
 
 
 
 
 
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I) municípios com até duzentos mil eleitores → não há segundo turno 
(independentemente da diferença de votos entre os dois candidatos a 
prefeito mais votados); 
II) municípios com mais de duzentos mil eleitores → se não obtida a 
maioria absoluta por um candidato no primeiro turno, far-se-á segundo 
turno, seguindo-se as mesmas regras fixadas para a eleição do 
Presidente da República (CF, art. 77). 
Item errado. 
Por fim, abro um parêntese para mencionar algo importante sobre os 
municípios. É que, recentemente, houve a aprovação da Emenda 
Constitucional nº 58/2009, alterando regras dos arts. 29 e 29-A (assuntos 
não muito cobrados em concursos). 
Em resumo, essa nova emenda constitucional: 
a) cria 24 limites máximos para a composição das Câmaras Municipais 
(art. 1º, alterando o inciso IV do art. 29 da Constituição), aumentando em 
7.709 o número de vereadores em todo o país; 
b) fixa novos limites percentuais máximos do total de despesas para as 
Câmaras Municipais (art. 2º, alterando o art. 29-A da Constituição). 
O interessante (interessante para quem???) é que a letra “a” acima foi 
aprovada com efeitos retroativos às eleições pretéritas, realizadas em 
2008. 
A finalidade disso era recalcular os quocientes eleitorais, de forma a já 
dar posse a 7.709 vereadores não eleitos em todo país. 
Você, que está dando duro para buscar seu cargo público, acha justo? 
Pois é! Graças ao bom senso, imediatamente, o Procurador-Geral da 
República propôs uma ação direta de inconstitucionalidade perante o 
STF impugnando tais disparates. 
Ainda bem que prevaleceu a moralidade e a Corte Maior afastou, com 
efeitos retroativos, a eficácia dessa determinação de aplicação retroativa 
do referido comando. Assim, outorgou-se efeitos ex tunc (retroativos) à 
medida cautelar concedida, para o fim de tornar nulas as posses dos 
mais afoitos. 
1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios 
Os parágrafos 3° e 4° do art. 18 estabelecem as regras de formação de 
estados e municípios. 
Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-
se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios 
Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, 
 
 
 
 
 
 
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através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
Para isso deverão ser consultadas as respectivas Assembléias 
Legislativas (CF, art. 48, VI). 
Portanto, deve-se passar pelas seguintes etapas: 
I - aprovação da população diretamente interessada, através de 
plebiscito; 
II - manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; 
III - aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional. 
Já os municípios seguem regra distinta. Segundo o art. 18, § 4° da 
CF/88, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado 
por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, 
mediante plebiscito, àspopulações dos Municípios envolvidos, após 
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e 
publicados na forma da lei. 
Em suma, para a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento 
de municípios é necessário: 
I - aprovação de lei complementar federal fixando genericamente o 
período dentro do qual poderá ocorrer a criação, a incorporação, a fusão 
e o desmembramento de municípios; 
II - aprovação de lei ordinária federal estabelecendo a forma de 
apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal; 
III - divulgação dos estudos de viabilidade municipal, na forma 
estabelecida pela lei ordinária federal acima mencionada; 
IV - consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios 
envolvidos; 
V - aprovação de lei ordinária estadual formalizando a criação, a 
incorporação, a fusão ou o desmembramento do município, ou dos 
municípios. 
Ou seja, a alteração dos limites territoriais dos municípios passou a 
depender da vontade do Congresso Nacional, expressa em lei 
complementar federal. Assim, se não houver tal lei complementar, não se 
pode alterar limites de municípios no Brasil. 
Sintetizando: 
 
 
 
 
 
 
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Por fim, vale a pena mencionar aspectos relevantes sobre os territórios 
federais. 
Segundo o art. 18, § 2º da Constituição, os Territórios Federais integram 
a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao 
Estado de origem serão reguladas em lei complementar. 
Vamos aos exercícios comentados. 
32. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A criação, a incorporação, a fusão e o 
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro 
do período determinado por Lei Complementar Federal, e 
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações 
dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de 
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. 
A assertiva reproduz o teor do art. 18, § 4°, após a aprovação da EC n° 
15/1996. Veja o esquema apresentado logo acima. 
Observe que a alteração dos limites territoriais dos municípios passou a 
depender da vontade do Congresso Nacional, expressa em lei 
complementar federal. 
Item certo. 
Aproveitando essa questão, deixe-me tratar de um detalhe bastante 
atual. 
Apesar de não existir a referida lei complementar federal, foram 
criados, após a introdução dessa exigência pela EC nº 15/1996, mais de 
cinquenta municípios (contrariando § 4º do art. 18 da CF/88). 
Formação 
Estados 
Municípios 
Incorporação
Subdivisão 
Desmembramento
Incorporação
Fusão 
Desmembramento
Criação 
I – Plebiscito 
II – Oitiva das Assembléias 
Legislativas 
III – LC Federal 
I – LC Federal → período 
II – LO Federal → forma de 
divulgação do EVM 
III – Divulgação do EVM 
IV – Plebiscito 
V – LO Estadual formalizando o ato 
 
 
 
 
 
 
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Pois é, instado a posicionar-se quanto ao problema, o STF manifestou-se 
pela inconstitucionalidade dos procedimentos de criação de tais 
municípios. Ademais, reconheceu ainda a inconstitucionalidade por 
omissão do Congresso Nacional, configurada pela ausência de 
elaboração da lei complementar reclamada pela Constituição (fixou até 
um prazo de 18 meses para que esse órgão legislativo suprisse tal 
omissão). 
Entretanto, havia um problema concreto: a situação dos municípios 
criados em ofensa à Constituição. Assim, o STF estabeleceu um prazo 
de 24 (vinte e quatro) meses para que se regularizasse essa questão. 
Diante disso, o Congresso Nacional promulgou a EC nº 57/2008, que 
acrescentou o art. 96 ao ADCT, convalidando os atos de criação, fusão, 
incorporação e desmembramento de municípios, cuja lei tenha sido 
publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos 
estabelecidos na legislação do respectivo estado à época de sua criação. 
33. (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Os Estados podem incorporar-se 
entre si, subdividir- se ou desmembrar-se para se anexarem a 
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, 
mediante aprovação da população diretamente interessada, por 
meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
A Esaf gosta de cobrar esses artigos relativos à formação de estados, 
municípios e territórios. A assertiva acima se limita a reproduzir o art. 18, 
§ 3°. 
Item certo. 
34. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Os Territórios Federais integram a 
União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao 
Estado de origem serão reguladas em lei complementar. 
A questão apenas reproduz o art. 18, § 2°. De acordo com o exposto 
anteriormente, os Territórios integram a União. 
Item certo. 
35. (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) Na 
atualidade, não existem Territórios Federais. Contudo, se criados, 
integrarão unidade autônoma, e não a própria União, razão pela 
qual terão organização administrativa própria. 
Já vimos diversas questões sobre isso. Os territórios integram a União, 
de acordo com o art. 18, § 2°. 
Item errado. 
36. (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Os Estados podem incorporar-se entre 
si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou 
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante 
aprovação da população diretamente interessada, por meio de 
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
 
 
 
 
 
 
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A assertiva encontra-se de acordo com o § 3º do art. 18. Assim, a criação 
do Território Federal a partir de desmembramento de Estado será 
precedida de prévia aprovação da população diretamente interessada, 
através de plebiscito. 
Em resumo, temos que, para a criação de um Território Federal a partir 
do desmembramento de área de Estado serão necessárias as seguintes 
medidas: 
a) aprovação da população diretamente interessada, mediante plebiscito 
(o plebiscito tem poder de veto, isto é, se o resultado da votação for “não” 
o procedimento não poderá seguir para as fases seguintes; entretanto, 
se o resultado for “sim”, essa decisão não obriga o Congresso Nacional, 
que poderá decidir, politicamente, se cria ou não o Território); 
b) manifestação da Assembléia Legislativa (essa manifestação é 
meramente opinativa) – art. 48, VI; 
c) edição de lei complementar, pelo Congresso Nacional. 
Vale lembrar que o projeto dessa lei complementar, após ser aprovado 
pelas duas Casas do Congresso Nacional, seguirá para o Presidente da 
República, para sanção ou veto. 
Item certo. 
37. (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A criação, a 
incorporação, a fusão e o desmembramento dos Estados far-se-ão 
por lei complementar federal, após divulgação dos Estudos de 
Viabilidade, apresentados e publicados na forma da lei. 
A assertiva tentou confundir o candidato ao misturar os §§ 3° e 4° do art. 
18. 
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento dos Estados 
não dependem de Estudos de Viabilidade. 
Item errado. 
38. (ESAF/AFC/CGU/2008) A criação de territórios federais, que fazem 
parte da União, depende de emenda à Constituição. 
Os Territórios Federais têm natureza de autarquia territorial e integram a 
União. 
De acordo com o art. 18, § 2° da CF/88, a criação, transformação em 
Estado ou reintegração do território ao Estado de origem serão reguladas 
em lei complementar. 
Item errado. 
39. (ESAF/AFC/CGU/2008) A criação de Municípios deve ser feita por 
lei complementar federal. 
A criação dos municípios até depende de lei complementar federal 
estabelecendo o período em que se dará a criação dos municípios.Mas 
 
 
 
 
 
 
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a criação propriamente dita deve ser feita por lei ordinária estadual, 
após publicação de Estudo de Viabilidade Municipal (nos termos de lei 
ordinária federal) e plebiscito. 
Item errado. 
40. (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A criação, a incorporação, a fusão 
e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei estadual, 
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e 
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, à população 
residente na área que será incorporada, fusionada ou 
desmembrada. 
Questão que fugiu da simples literalidade do art. 18, § 4°. Fique atento ao 
detalhe cobrado pela Esaf nessa questão. Você já sabe que tanto na 
formação de municípios, quanto na de estados-membros é necessário 
plebiscito. Entretanto, há uma diferença entre esses procedimentos. 
No caso de estados-membros, deve ser consultada a população 
diretamente interessada apenas. Por outro lado, no caso de municípios, 
a consulta prévia mediante plebiscito alcança toda a população dos 
municípios envolvidos. 
Assim, o erro da questão é limitar o plebiscito à população residente na 
área afetada. Interessa observar que, na redação antiga desse parágrafo 
(antes da EC n° 15/96), era realmente consultada apenas a população 
diretamente interessada. 
Item errado. 
41. (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Conforme a jurisprudência 
tradicional do Supremo Tribunal Federal, o conceito de “população 
diretamente interessada”, para fins de oitiva visando à aprovação de 
iniciativas concernentes à incorporação, subdivisão ou 
desmembramento de Estados, apenas compreende a parcela da 
população residente na área a ser incorporada, subdividida ou 
desmembrada, e não a totalidade da população do(s) Estado(s) 
afetado(s) pela iniciativa. 
Exatamente o que comentei. No caso dos municípios o plebiscito 
abrange toda população dos municípios envolvidos. Ao contrário, no 
caso dos estados-membros, a Constituição restringe a consulta à 
população diretamente interessada. Assim decidiu o STF. 
Item certo. 
2 – Repartição de Competências 
Bem, vamos falar um pouco sobre repartição de competências? Esse sim 
é o assunto mais importante dentro de Organização do Estado. 
 
 
 
 
 
 
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Em primeiro lugar, tenha em mente que a repartição de competências é o 
ponto nuclear de um Estado Federado, sua essência, já que é o que 
garante a autonomia dos entes que o integram. 
Assim, por exemplo, quando assegura ao município competência 
privativa para tratar um assunto específico, a Constituição está 
garantindo, em relação a essa matéria, a autonomia desse ente 
federado. Ou seja, ele poderá dispor sobre aquela matéria sem qualquer 
subordinação à União ou ao estado-membro a que pertence. 
Segundo José Afonso da competências são as diversas 
modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais 
para realizar suas funções. 
A própria Constituição Federal estabelecerá as competências 
legislativas, administrativas e tributárias de cada um dos entes. 
A competência tributária é a aptidão para criar tributos, descrevendo 
hipóteses de incidência, sujeitos ativos e passivos, bases de cálculo e 
alíquotas. 
Mas, para nós, objetivamente, o importante são as competências 
administrativas e legislativas. 
As competências administrativas (materiais) consistem num campo de 
atuação político-administrativa. Não se trata de atividade legiferante, mas 
de atuação efetiva para a execução de tarefas. 
Por sua vez, as competências legislativas são competências 
constitucionalmente definidas para a elaboração de leis sobre aqueles 
assuntos expressamente definidos. 
Vou sintetizar, desde já, o quadro-geral de competências estabelecidas 
pela nossa Constituição. Observe bem como funciona a repartição de 
competências. 
Ao longo da aula explicarei as classificações apresentadas nesse 
esquema. Assim, ao terminar a leitura, volte a ele para uma total 
compreensão. 
Sintetizando: 
 
 
 
 
 
 
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Bem, podemos considerar que há dois modelos de repartição de 
competências: o modelo horizontal e o modelo vertical. 
Na repartição horizontal, não há relação de subordinação entre os 
entes no exercício da competência. É dizer, naquelas matérias, os entes 
atuam em pé de igualdade (cada um com plena autonomia para exercer 
aquelas competências). É o caso das competências estabelecidas nos 
arts. 21, 22, 23, 25 e 30 da CF/88, em que não há ingerência de um ente 
na atuação do outro. 
Na repartição vertical, ocorre uma relação de hierarquização no 
exercício da competência estabelecida pela Constituição. Os entes 
atuam sobre as mesmas matérias, mas têm níveis diferentes de poder no 
exercício daquelas competências. É o caso da chamada competência 
legislativa concorrente prevista no art. 24 da Constituição, como será 
visto adiante. 
Mas (você me pergunta) me diga qual o critério utilizado pela 
Constituição para se afirmar que uma competência seria de um ou outro 
ente? Pois assim posso ter uma idéia de qual competência é de quem... 
Posso dizer que a Constituição Federal de 1988 adotou como diretriz 
geral, para repartir as competências, o princípio da predominância do 
interesse. 
Ou seja, as matérias de interesse predominantemente local foram 
atribuídas aos municípios (ente federado local). 
E as matérias de interesse predominantemente regional? Foram 
destinadas aos estados-membros (pois ele é o ente federado regional). 
 
 
 
 
 
 
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E as matérias de interesse predominantemente geral (ou nacional)? 
Ficaram nas mãos da União (pois ela é o ente federado nacional ou que 
trata de assuntos gerais). 
A predominância do interesse foi, portanto, o princípio adotado como 
regra para a repartição de competências pela Constituição Federal de 
1988. 
Atenção! Essa regra não é absoluta, pois há exceções. Por exemplo, a 
competência para a exploração do gás canalizado, embora seja assunto 
de interesse predominantemente local, foi outorgada aos estados, e não 
aos municípios (CF, art. 25, § 2º). 
Visto isso, vale comentar que, ao analisar a Constituição, não se 
observa, de forma expressa, todas as competências de todos entes. Não, 
não foi essa a forma adotada pela Constituição para apresentar as 
competências. 
O poder constituinte originário optou pela seguinte técnica: 
• União → enumerou expressamente – competência enumerada 
expressa (art. 21 e 22); 
• Municípios → enumerou expressamente – competência enumerada 
expressa (art. 30); 
• Estados-membros → não enumerou expressamente, reservando a 
eles as competências que não lhes são vedadas na Constituição – 
competência não-enumerada ou remanescente (art. 25, § 1º). 
Observe que, se, como regra, a Constituição não enumerou 
expressamente a competência dos estados, não se pode dizer que 
nenhuma competência foi outorgada a eles de forma expressa na 
Constituição. Afinal, é dos estados a competência para exploração do 
gás canalizado (CF, art. 25, § 2º), para a criação de regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (CF, art. 25, § 
3º), para a modificação dos limites territoriais dos municípios (CF, art. 18, 
§ 4º), bem assim para organizar sua própria Justiça (CF, art. 125). 
Outro aspecto é que, em se tratando de competência tributária 
(competência para instituir tributos), é a União que dispõe de 
competência residual(e não os estados!) para instituir novos impostos 
além daqueles discriminados na Constituição (CF, art. 154, I), bem assim 
para instituir novas contribuições de seguridade social (CF, art. 195, § 
4º). 
Já o Distrito Federal, recebeu as competências de interesse 
predominantemente local (municipais) e regional (estaduais), pois há 
vedação à sua divisão em municípios (CF, art. 32). Entretanto, você deve 
ter em mente que nem todas as competências dos estados foram 
atribuídas ao DF. Afinal, os incisos XIII e XIV do art. 21 estabelecem que 
compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério 
 
 
 
 
 
 
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Público, a Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de 
bombeiros militar do Distrito Federal. 
Foram ainda criadas: 
I) competência administrativa comum – outorgando-a a todos os entes 
federados (CF, art. 23) – caso de competência administrativa em que os 
entes atuam com igualdade de condições (atuação paralela, sem 
subordinação); 
II) competência legislativa concorrente – apenas entre a União, os 
estados e o Distrito Federal (CF, art. 24). 
Quanto a esta última, trata-se de competência importantíssima para 
concursos públicos. A competência legislativa concorrente está 
disciplinada no art. 24 da CF/88. Observe, logo de início, o primeiro 
detalhe: concorrem a União, estados e DF (municípios não). 
I) Competência para União, estados e DF legislarem sobre determinados 
temas, mas não em condições de igualdade (modelo vertical, em que 
há certa hierarquização). 
II) União → estabelece normas gerais, o que não exclui a competência 
suplementar dos Estados. 
III) Estados-membros → podem suplementar as normas gerais 
expedidas pela União, desde que não as contrariem. 
Ou seja, compete ao governo federal estabelecer as normas gerais, sem 
descer aos pormenores. Cabe aos estados e ao DF a adequação da 
legislação às suas peculiaridades. 
IV) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a 
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
Entretanto, a superveniência de lei federal sobre normas gerais 
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
Atenção! Nesse último caso a superveniência de lei federal suspende a 
eficácia da lei estadual (não se trata de revogação), no que lhe 
contrariar. Assim, se a União resolver revogar a sua lei federal de normas 
gerais, a lei estadual, até então com a eficácia suspensa, volta 
automaticamente a produzir efeitos. 
Em suma, funciona assim a competência concorrente. 
A União edita lei de normas gerais. Os estados e DF suplementam essa 
legislação (de acordo com as diretrizes exaradas nas normas gerais da 
União), editando normas específicas para atender às suas 
peculiaridades. 
Enquanto não houver normas gerais, a competência dos estados-
membros é plena. Caso venham a ser editadas as normas gerais da 
União em momento posterior, elas suspendem a eficácia daqueles 
dispositivos das normas dos estados que as contrariem. 
 
 
 
 
 
 
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Por fim, vale comentar que a competência concorrente não inclui os 
municípios. Entretanto, compete aos municípios suplementar a 
legislação federal e a estadual no que couber (CF, art. 30, II). 
Cabe comentar ainda alguns detalhes. 
Em primeiro lugar, as competências da União estão previstas no art. 21 e 
no art. 22 da CF/88. 
No art. 21, estão estabelecidas as competências administrativas (de 
competência exclusiva da União, portanto indelegável). 
No art. 22, estão estabelecidas as competências legislativas (de 
competência privativa da União, portanto delegável). É dizer, são 
listados temas sobre os quais compete à União legislar. 
Competências da União: 
a) Privativa → legislativa e delegável (art. 22) 
b) Exclusiva → administrativa e indelegável (art. 21) 
Quanto à competência privativa, vale destacar que pode ser que os 
estados e DF (municípios não) venham a legislar sobre questões 
específicas relacionadas às matérias listadas no art. 21. Para isso, é 
necessário que a União delegue essa competência por lei 
complementar (CF, art. 22, parágrafo único). 
Esse detalhe é importante. A delegação deverá ser, apenas, para tratar 
de questões específicas e não sobre uma das matérias da competência 
privativa da União em geral. Assim, por exemplo, a autorização não 
poderá ser para legislar sobre direito civil (em geral), mas apenas para 
legislar sobre questões específicas no âmbito do direito civil. 
Por fim, vale ressaltar que a União não poderá realizar essa delegação a 
apenas um, ou apenas a alguns estados-membros, pois isso ofenderia a 
isonomia federativa, segundo a qual é vedado à União, aos estados, ao 
Distrito Federal e aos municípios criar preferências entre si (CF, art. 19, 
III). É dizer, a União pode delegar essas competências, mas se o fizer 
será em favor de todos os estados e do Distrito Federal, sem criar 
nenhuma distinção entre estes entes federados. 
Há diversos entendimentos jurisprudenciais importantes sobre repartição 
de competências. Optamos por apresentá-los logo abaixo, no decorrer da 
resolução das questões comentadas. 
42. (ESAF/AFT/2003) A repartição de competências é o ponto nuclear 
da noção de Estado Federal, tendo a CF/88 adotado como princípio 
geral de repartição de competência a predominância do interesse. 
Na primeira parte, o enunciado afirma que repartição de competências é 
o ponto nuclear de um Estado Federado. De fato, a repartição de 
competências é a essência do Estado Federado, pois esse tipo de 
Estado está alicerçado na autonomia dos entes federados que o 
 
 
 
 
 
 
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integram, e essa autonomia é assegurada, precisamente, na repartição 
de competências. 
A parte final do enunciado afirma que a Constituição Federal de 1988 
adotou como princípio geral para a repartição de competências o 
princípio da predominância do interesse, o que também está certo, 
como vimos. 
Item certo. 
43. (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) Em razão do 
sistema de repartição de competências adotado na Constituição de 
1988, regra geral, tem-se que as atribuições e competências dos 
municípios são definidas indicativamente. 
Como visto, as competências dos municípios (e da União) são definidas 
indicativamente (enumeração expressa). De outro lado, as competências 
dos estados são remanescentes ou não-enumeradas. 
Item certo. 
44. (CESPE/AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL 
SUBSTITUTOS/PCRN/2008) O princípio geral que norteia a 
repartição de competência entre as entidades componentes do 
Estado federal é o da predominância do interesse, segundo o qual à 
União caberão aquelas matérias e questões de predominante 
interesse geral, nacional, ao passo que aos estados tocarão as 
matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos 
municípios concernem os assuntos de interesse local. José Afonso 
da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: 
Malheiros, 24.ª ed., 2005, p. 478 (com adaptações). Com referência 
ao texto acima e com base na CF, assinale a opção correta. 
a) A CF enumerou, expressamente, as competências administrativas 
dos estados-membros. 
b) Ao DF são atribuídas apenas as competências legislativas 
reservadas aos estados. 
c) A CF conferiu à União diversas competências administrativas, 
sendo a sua principal característica a delegabilidade a outros entes 
federativos. 
d) Compete privativamente à União legislar sobre trânsito e 
transporte. Entretanto, diante de interesselocal, a União pode delegar 
esta competência legislativa, por meio de lei complementar, a apenas 
um estado-membro da Federação. 
e) A CF enumerou as competências administrativas e legislativas dos 
municípios. 
A alternativa “a” está errada, pois aos estados foi atribuída a chamada 
competência remanescente (CF, art. 25, § 1º). 
 
 
 
 
 
 
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A alternativa “b” está errada porque ao Distrito Federal foram atribuídas 
as competências estaduais e municipais (art. 32, § 1º). Lembre-se, de 
qualquer forma, que nem todas as competências dos estados foram 
atribuídas ao DF. Segundo o os incisos XIII e XIV do art. 21, compete à 
União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a 
Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros 
militar do Distrito Federal. 
A alternativa “c” está errada. As competências atribuídas à União estão 
nos arts. 21 e 22 da CF/88. O art. 21 apresenta as diversas 
competências administrativas, materiais, atribuídas à União (a chamada 
competência exclusiva). Essas competências têm como principal 
característica a indelegabilidade. 
A alternativa “d” está errada. O art. 22 apresenta as competências 
legislativas (a chamadas competências privativas). Essas competências 
podem ser delegadas aos estados e ao DF por meio de lei 
complementar (ao contrário da competência exclusiva). 
Assim, realmente compete privativamente à União legislar sobre trânsito 
e transporte (art. 22, XI), competência essa que pode, mediante lei 
complementar, ser delegada aos estados para o trato de questões 
específicas (art. 22, parágrafo único). Todavia, entende-se que a União 
não poderá realizar essa delegação a apenas um, ou apenas a alguns 
estados-membros. Como comentado, isso ofenderia a isonomia 
federativa, contrariando o dispositivo segundo o qual é vedado à União, 
aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios criar preferências entre 
si (CF, art. 19, III). 
A alternativa “e” está certa, pois a Constituição Federal enumerou 
expressamente as competências dos municípios (tanto administrativas, 
como legislativas). 
Gabarito: “e” 
45. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Compete exclusivamente à 
União legislar acerca da responsabilidade por dano ao meio 
ambiente. 
Amigo, essa não dava para errar! 
As competências exclusivas são materiais (ou administrativas) e não 
legislativas, ok? 
Em realidade, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre responsabilidade por dano ao meio 
ambiente (CF, art. 24, VIII). 
Item errado. 
Bem, infelizmente algumas questões vão cobrar a memorização de 
determinadas competências... 
 
 
 
 
 
 
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Aqui vai uma dica: são muitas as competências para você memorizar. 
Ainda como concurseiro, aprendi que o difícil mesmo é saber diferenciar 
o campo da competência privativa da União (art. 22) com o da 
competência concorrente (art. 24). 
Isso porque as competências exclusivas (art. 21) e comuns (art. 23) são 
materiais e não legislativas. E a diferença entre essas duas não é tão 
complicada. Pegue sua Constituição... 
Temas gerais como (CF, art. 23): zelar pela guarda da Constituição, 
conservar o patrimônio público, proteger o meio ambiente, preservar as 
florestas; são exemplos de competências de todos os entes (veja como 
são assuntos bem comuns e gerais). 
Já assuntos como (CF, art. 21): manter relações com Estados 
estrangeiros, declarar a guerra e celebrar a paz, decretar intervenção 
federal, emitir moeda; são exemplos de competências exclusivas 
(materiais) da União. 
Quanto a essa distinção, não há grandes dificuldades (verifique os arts. 
21 e 23 da sua Constituição)... 
Já a distinção entre competências privativas da União e competências 
concorrentes não é tão simples. 
Portanto, minha sugestão é a de que você guarde apenas aquelas 
competências expressas no art. 24 (competências concorrentes). Faça 
uma lista e memorize essas competências. Assim, caso venha uma 
questão cobrando competência legislativa fora daquelas do art. 24 
(competência concorrente), você poderá marcar que é competência 
privativa da União. 
Vamos ver quais são essas competências: 
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico 
(Mnemônico: P – E – T – U - F); 
II - orçamento; 
III - juntas comerciais; 
IV - custas dos serviços forenses; 
V - produção e consumo; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do 
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da 
poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e 
paisagístico; 
 
 
 
 
 
 
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VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a 
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico; 
IX - educação, cultura, ensino e desporto; 
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; 
XI - procedimentos em matéria processual; 
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; 
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; 
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; 
XV - proteção à infância e à juventude; 
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.” 
Bem, apesar do que eu disse, eu sugiro que você memorize pelo menos 
as seguintes competências privativas da União (sempre cobradas em 
concursos): 
I) direito penal e direito civil (CF, art. 22, I); 
II) trânsito e tranporte (CF, art. 22, XI); e 
III) sistemas de consórcios e sorteios (CF, art. 22, XX). 
Além disso, acredito que valha a pena conhecer os arts. 25 e 30 da 
CF/88 (que são bem pequenos). 
“Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis 
que adotarem, observados os princípios desta Constituição. 
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes 
sejam vedadas por esta Constituição. 
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, 
os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a 
edição de medida provisória para a sua regulamentação. 
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por 
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o 
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.” 
“Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como 
aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e 
publicar balancetes nos prazos fixados em lei; 
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; 
 
 
 
 
 
 
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V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de 
transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do 
Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do 
Estado, serviços de atendimento à saúde

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