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Controle de Constitucionalidade no Direito Constitucional

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CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
1 
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Aula 10 - Controle da Constitucionalidade – parte 1 
Bom dia! 
Hoje trataremos do assunto mais interessante do direito constitucional: 
controle de constitucionalidade das leis. Aliás, vamos começar a estudá-
lo, pois esse assunto será abordado também na próxima aula. 
Posso dizer que o controle de constitucionalidade agrupa o 
conhecimento de toda a matéria já estudada neste curso. 
Outro aspecto, é que esse assunto exige uma maior capacidade de 
compreensão do candidato, privilegiando o raciocínio em detrimento da 
mera capacidade de memorização. E isso é muito bom! 
Na próxima aula, terminaremos o estudo do controle de 
constitucionalidade e veremos ainda os princípios da ordem econômica, 
o sistema financeiro nacional, bem como os princípios constitucionais da 
seguridade social (assuntos extra escopo que resolvi incluir, depois da 
solicitação de alguns alunos). Afinal, o que vale é o aprendizado do aluno 
e o melhor aproveitamento do curso por parte dele. 
Mas vamos já começar a falar de controle... Desde criança, já podemos 
ter uma noção do que é controle, por meio do respeito às regras 
estabelecidas pelos nossos pais. Mas só vamos, de fato, conhecer o 
verdadeiro controle a partir do casamento, não é?...rs 
Brincadeiras à parte, o que é o controle de constitucionalidade? Posso 
nesta introdução ser bem simplista e afirmar que se trata de um 
mecanismo de fiscalização da validade de todas as normas do 
ordenamento jurídico frente às regras estabelecidas pela Constituição. 
Digamos que ao final da aula, você deve ser capaz de responder: quais 
são os sistemas, modelos e momento do controle? Quem pode provocar 
o controle de constitucionalidade? Quem tem competência para julgar a 
constitucionalidade de leis e atos normativos? Quais os efeitos da 
declaração de inconstitucionalidade? E por aí vai... 
Veja o conteúdo da Aula de hoje 
1 – Noções de Controle de Constitucionalidade 
1.1 – Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade 
1.2 – Espécies de inconstitucionalidade 
1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controle 
1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade brasileiro 
1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidade 
2 – Controle difuso 
2.1 – Efeitos da decisão 
2.2 – Atuação do Senado Federal 
3 – Ação Direta de Inconstitucionalidade 
 
 
 
 
 
 
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3.1 – Objeto 
3.2 – Procedimentos 
3.3 – Participação do PGR e do AGU 
3.4 – Amicus curiae 
3.5 – Efeitos da Decisão 
3.6 – Medida Cautelar em ADI 
4 – Exercício de fixação 
Boa aula! 
1 - Noções de Controle de Constitucionalidade
O controle de constitucionalidade relaciona-se com a fiscalização da 
conformidade das leis e atos normativos frente à Constituição. 
Assim, o objetivo do controle de constitucionalidade é exatamente 
verificar a observância das normas constitucionais por parte das demais 
leis. Trata-se de verificar a compatibilidade das demais normas frente à 
Constituição. 
Assim, a princípio, todas as leis são válidas. É dizer: as leis e atos 
normativos estatais são considerados válidos, constitucionais, até que 
venham a ser formalmente declarados inconstitucionais. 
Essa noção relaciona-se com o denominado princípio da presunção de 
constitucionalidade das leis. 
Bem, mas por que a lei deve respeito à Constituição? Você já se 
perguntou por que um conflito entre a Constituição e uma norma 
qualquer se resolve sempre em detrimento desta última, prevalecendo 
sempre a primeira? 
Isso pode parecer óbvio, mas não é. As leis devem respeitar a 
Constituição exatamente pelo fato de que ela dispõe de superioridade 
hierárquica sobre todo o ordenamento jurídico. Significa que ela está 
acima das demais normas, funcionando como fundamento de validade 
de todas elas. 
Em suma, podemos dizer: 
I) a princípio, até que se diga o contrário, toda lei deve ser seguida e 
respeitada, devido à presunção de legitimidade das leis; 
II) entretanto, para ser válida de fato, a lei deve estar de acordo com a 
norma superior (Constituição), sob pena de nulidade. 
 
 
 
 
 
 
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1.1 - Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade
Para o estudo do controle de constitucionalidade, partimos da premissa 
de que a nossa Constituição é do tipo rígida, o que faz nascer o princípio 
da supremacia formal da Constituição. 
Recordar é viver! Se a nossa Constituição é rígida, ela exige um 
procedimento especial para sua alteração, mais dificultoso do que o das 
demais normas. 
Pois se o procedimento de alteração da Constituição for o mesmo das 
demais leis, uma simples lei poderia alterar a Constituição. 
Afinal, imagine um sistema de Constituição flexível, em que tanto as 
normas constitucionais quanto as demais normas exigem apenas maioria 
simples de votos para sua produção... 
Nessa hipótese, qualquer lei aprovada após a Constituição que esteja em 
conflito com ela poderá revogar seus dispositivos. Isso porque nos 
sistemas de Constituição flexível, não há superioridade formal entre as 
normas constitucionais e as demais leis. Assim sendo, estas não 
precisam respeitar aquelas. 
Objetivamente: a rigidez é que posiciona a nossa Constituição 
Federal no vértice, no topo do ordenamento jurídico. 
É nos ordenamentos de Constituição rígida que vigora o princípio da 
supremacia formal da Constituição. E, por conseqüência, todos os atos 
e manifestações jurídicas, para permanecerem no ordenamento jurídico, 
devem estar de acordo com a Lei Maior, a Constituição. 
Daí a necessidade da existência de controle de constitucionalidade, para 
verificar a compatibilidade desses atos e manifestações com as regras e 
princípios da Constituição Federal. 
Lembre-se: supremacia material e supremacia formal não se confundem! 
Essa superioridade que posiciona a Constituição em um plano superior e 
exige conformidade das demais normas com seus princípios e suas 
regras consiste na supremacia formal (supremacia decorrente das 
formalidades especiais exigidas para a alteração das normas 
constitucionais). 
Observe que essa força das normas constitucionais não existe devido 
ao seu conteúdo. Não é a dignidade do tema tratado que faz nascer 
essa superioridade. Ela decorre do simples fato de a norma estar dentro 
da Constituição rígida. 
É que também existe a supremacia material, aí sim, decorrente da 
matéria, do conteúdo da norma. Essa supremacia decorre do fato de 
uma norma tratar de matéria relevante, substancialmente 
constitucional. Não há qualquer relação com o processo de elaboração 
da norma ou com o fato de ela estar dentro ou fora de um documento 
único. 
 
 
 
 
 
 
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Objetivamente: 
I) o estabelecimento de um procedimento mais dificultoso para a 
alteração das normas constitucionais (rigidez) propicia o surgimento de 
uma supremacia formal da Constituição; 
II) assim, a Constituição passa a se situar num plano hierárquico superior 
a todo o ordenamento jurídico, funcionando como fundamento de 
validade das normas inferiores; 
III) portanto, só serão válidas as leis que respeitarem a Constituição 
(tanto no que diz respeito ao conteúdo da lei quanto no que se refere ao 
seu processo de formação); 
IV) o instrumento para verificação dessa compatibilidade denomina-se 
controle de constitucionalidade. 
Portanto, o que quero que você compreenda é que só faz sentido falar-seem controle de constitucionalidade se a Constituição estiver acima 
das leis (onde haja supremacia formal constitucional, decorrente da 
rigidez). Pois, nesse caso, a lei sempre sucumbirá frente à Constituição, 
seja por incompatibilidade formal ou material. 
Muito bonito tudo isso, não? 
Bem, antes de continuar, convido-o a resolver esta questão. 
1) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A supremacia 
jurídica da Constituição é que fornece o ambiente institucional 
favorável ao desenvolvimento do sistema de controle de 
constitucionalidade. 
É isso mesmo! O controle de constitucionalidade tem como ponto de 
partida a supremacia da Constituição, que deriva da rigidez 
constitucional. 
Item certo. 
1.2 - Espécies de inconstitucionalidade
Podemos considerar que é inconstitucional toda ação ou omissão que 
ofenda, mesmo que parcialmente, a Constituição. 
Entretanto, saiba que não poderão ser declaradas inconstitucionais: 
I) normas constitucionais produzidas pelo poder constituinte originário; 
II) normas pré-constitucionais (até se admite o controle de 
constitucionalidade de normas anteriores à Constituição; todavia, esse 
confronto se resolve pela recepção/revogação da norma, e não pela 
constitucionalidade/inconstitucionalidade). 
Terminamos o item anterior mencionando a incompatibilidade formal e a 
incompatibilidade material. Está clara para você a diferença entre as 
duas? 
 
 
 
 
 
 
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Bem, a inconstitucionalidade pode originar-se do conteúdo da lei ou do 
seu processo de formação. 
A inconstitucionalidade material ocorre quando o conteúdo da lei 
desrespeita a Constituição (por exemplo, uma lei que permitisse a 
contratação de servidores sem concurso para cargos efetivos estaria 
contrariando o art. 37, II). 
A inconstitucionalidade formal ocorre quando o processo de 
elaboração da norma contraria as regras estabelecidas pela 
Constituição. A título meramente exemplificativo, podemos citar as 
seguintes situações: 
a) uma lei municipal trata de assunto de competência privativa da União 
– trata-se da inconstitucionalidade formal orgânica; 
b) uma lei ordinária trata de assunto reservado à lei complementar – 
trata-se de vício formal objetivo; 
c) uma lei resultante de iniciativa parlamentar trata de assunto cuja 
iniciativa privativa compete ao presidente da República – trata-se de 
vício formal subjetivo, ligado à pessoa. 
Deixe-me usar uma questão recente (nesse caso, do Cespe) para falar 
um pouco mais desse assunto. 
2) (CESPE / ANALISTA ADMINISTRATIVO / DPU / 2010) A 
inconstitucionalidade formal se verifica quando a lei ou ato normativo 
apresenta algum vício em seu processo de formação. O desrespeito 
a uma regra de iniciativa exclusiva para o desencadeamento do 
processo legislativo constitui exemplo de vício formal objetivo. 
Segundo a doutrina, a inconstitucionalidade formal pode decorrer de: (i) 
aspectos orgânicos (se for violada a competência legislativa de um ente); 
(ii) vícios formais propriamente ditos (que podem ser subjetivos – de 
iniciativa - e objetivos); e (iii) violação a pressupostos objetivos do ato 
normativo. 
Quanto a esta última forma (pressupostos objetivos do ato normativo), 
segundo o prof. Pedro Lenza, ocorre quando não são cumpridos certos 
pressupostos para a adequada formulação do ato (por exemplo, uma 
medida provisória que não respeite os pressupostos de relevância e 
urgência). 
A questão está errada, pois o vício de iniciativa é vício formal subjetivo 
(e não objetivo). 
Item errado. 
A inconstitucionalidade pode se dar tanto por ação quanto por omissão. 
A primeira quando decorre de uma conduta comissiva, positiva. A última 
quando o Poder Público deixa de atuar em situações em que a 
 
 
 
 
 
 
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Constituição obriga determinada medida (por exemplo, quando o 
Congresso deixa de elaborar uma lei, cuja edição era determinada pela 
Constituição). 
A inconstitucionalidade por conduta omissiva geralmente ocorre diante 
de uma norma constitucional de eficácia limitada, e apenas nos casos 
em que a Constituição exige (não se trata de mera faculdade) a produção 
de uma lei para tornar efetivo determinado direito. 
E qual instrumento (já estudado no início deste curso) funcionaria como 
mecanismo hábil para o controle da inconstitucionalidade por omissão, 
diante de casos concretos? 
Se você respondeu o mandado de injunção é isso mesmo! Ademais, 
mais à frente, estudaremos também a ADI por omissão que se trata do 
controle em abstrato da omissão inconstitucional. 
A inconstitucionalidade pode ser ainda originária ou superveniente. 
A inconstitucionalidade originária ocorre quando a norma nasce 
inconstitucional, frente à Constituição de sua época. Já a 
inconstitucionalidade superveniente ocorre quando uma norma é válida 
frente à Constituição de sua época. Entretanto, revogada a Constituição 
antiga é promulgada uma nova Constituição tratando aquele assunto de 
forma diferente. Assim, essa norma passa a desrespeitar o novo 
regramento constitucional daquele tema. 
Assim, imagine que uma Constituição admita a tortura e o Congresso 
edite a lei “A” regulamentando esse assunto. Essa lei, a princípio, é 
válida. Entretanto, se uma nova Constituição é promulgada suprimindo a 
possibilidade de tortura, aquela lei “A” estaria incompatível com a nova 
Constituição, por fator superveniente (a mudança se deu após a edição 
da norma). 
Mas, no Brasil, não se admite a inconstitucionalidade superveniente. 
Assim, não faça confusão: nesse exemplo, a lei “A” seria revogada pela 
nova Constituição. Porque a incompatibilidade entre uma lei e a 
Constituição superveniente se resolve pela revogação daquela, e não 
pela declaração de inconstitucionalidade. 
Objetivamente: não há inconstitucionalidade superveniente no 
Brasil. 
1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controle
Apresentarei neste item as diversas classificações existentes para o 
controle de constitucionalidade. Assim, veremos os sistemas, momentos, 
modelos e vias de controle. 
Vimos que o controle de constitucionalidade origina-se na fiscalização da 
conformidade das leis e atos normativos com a Constituição. 
 
 
 
 
 
 
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Logo de início, você tem de ter em mente que esse controle de 
constitucionalidade nem sempre é atribuído ao Poder Judiciário 
(chamado sistema jurisdicional). Na verdade, há ainda os chamados 
sistemas de controle político e misto. Trata-se de diferentes sistemas de 
controle. 
O mais óbvio é o controle jurisdicional, em que a Constituição outorga 
competência ao Judiciário para realizar o controle de constitucionalidade 
das leis. Segundo a doutrina, atualmente, a maioria das Constituições 
adota esse modelo, incluindo a brasileira. 
Já o sistema de controle político ocorre quando essa competência é 
atribuída a órgão externo ao Judiciário, de natureza política (por 
exemplo, quando, na Europa do século passado, o controle era função 
do próprio Poder Legislativo). 
Ocorre o controle misto quando a Constituição submete determinadas 
categorias de leis ao controle político e outras ao controle jurisdicional. 
Bem, apesar de, em regra, no Brasil, o controle de constitucionalidade 
ser função do Judiciário (sistema jurisdicional), você deve ter em mente 
que convivemos com exemplos de controle não-jurisdicional, em que, de 
forma excepcional, os poderes Executivo e Legislativo exercem controle 
de constitucionalidade. 
No que se refere ao Poder Legislativo, o controle de constitucionalidade 
é exercido:a) na apreciação preventiva da Comissão de Constituição e Justiça – 
CCJ das proposições legislativas; 
b) na sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem 
do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa (art. 49, 
V); e 
c) na apreciação das medidas provisórias. 
O Poder Executivo também realiza controle de constitucionalidade ao: 
a) vetar projetos de lei inconstitucionais (veto jurídico, nos termos do §1° 
do art. 66 da CF/88); 
b) determinar aos órgãos a ele subordinados que deixem de aplicar 
determinada lei por considerá-la inconstitucional; e 
c) determinar a intervenção a fim de restabelecer a obediência à 
Constituição Federal. 
Sintetizando: 
 
 
 
 
 
 
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Outro aspecto importante que você já deve ter observado: o sistema de 
controle de constitucionalidade brasileiro inclui manifestações não só 
repressivas, mas também preventivas (como o veto jurídico do 
Presidente da República e a atuação da Comissão de Constituição e 
Justiça das Casas Legislativas). 
Assim, enquanto o controle repressivo tem por finalidade afastar a 
aplicação de uma lei ou retirá-la do ordenamento jurídico, o controle 
preventivo visa a impedir a entrada em vigor de uma norma 
inconstitucional. 
Um exemplo de controle preventivo: se um projeto de lei inconstitucional 
estiver tramitando no Congresso, pode um parlamentar impetrar 
mandado de segurança para assegurar seu direito líquido e certo de não 
participar da elaboração de uma norma inconstitucional. Nesse caso, 
poderá o STF sustar a tramitação daquele projeto de lei (repare que se 
trata de um controle preventivo exercido pelo Poder Judiciário). 
Quanto ao modelo, o controle de constitucionalidade pode se dar: (i) de 
forma difusa ou (ii) de forma concentrada. 
De forma difusa, o controle é atribuição de todos os membros do 
judiciário. Esse modelo, também conhecido como “aberto”, é baseado no 
controle de constitucionalidade dos Estados Unidos da América. 
De forma concentrada, a atribuição de fiscalizar a constitucionalidade é 
restrita ao órgão de cúpula do Poder Judiciário. O modelo concentrado, 
ou reservado, originou-se na Áustria, sob a influência do jurista Hans 
Kelsen. 
No Brasil, esses modelos são combinados, no sentido de que há controle 
de constitucionalidade difuso, mas também controle de 
constitucionalidade em sua forma concentrada, ações, desde o princípio, 
de competência do órgão de cúpula do Judiciário. 
Uma classificação importante para entender o controle de 
constitucionalidade diz respeito às via de controle. Uma lei pode ser 
impugnada perante o Poder Judiciário em concreto (diante de ofensa a 
direito, em determinado caso concreto submetido à apreciação do Poder 
exercido por órgãos externos ao Poder Judiciário Controle não-jurisdicional 
Legislativo 
Executivo 
Veto do Poder Executivo (art. 66, §1°)
Inaplicação da lei pelo chefe do executivo 
Processo de intervenção 
CCJ 
Veto legislativo (art. 49, V) 
Apreciação de medidas provisórias 
 
 
 
 
 
 
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Judiciário), ou em abstrato (quando a lei é impugnada “em tese”, sem 
vinculação a um caso concreto). 
E qual a diferença? 
No controle concreto (via incidental ou de exceção), qualquer pessoa 
prejudicada por uma lei pode requerer, em qualquer processo judicial 
concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário, perante qualquer 
juiz ou tribunal, a declaração da inconstitucionalidade dessa lei a fim de 
afastar a sua aplicação (com efeitos restritos a esse caso concreto - 
eficácia inter partes). 
Controle concreto (via incidental ou de exceção) 
I) Qualquer prejudicado é legitimado ativo 
II) Qualquer juiz ou tribunal está apto a deixar de aplicar a lei naquele 
caso concreto 
III) Não há ação específica, pois ocorre em qualquer processo submetido 
à apreciação do Judiciário 
IV) eficácia inter partes 
No controle abstrato (via principal ou de ação direta), só é dado a 
determinados legitimados argüir o órgão de cúpula do Judiciário, a 
respeito da constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei. 
Nesse caso, a análise se dá em tese, independentemente de um 
problema concreto, com o fim de proteger a harmonia do ordenamento 
jurídico. Esse julgamento ocorre mediante uma ação especial, que trará 
efeitos para todos (eficácia geral ou erga omnes). 
Controle abstrato (via principal ou de ação direta) 
I) Os legitimados ativos se restringem aos indicados na CF/88 (art. 103) 
II) Somente os órgãos de cúpula do Judiciário julgam essas ações 
III) Há ações específicas: ADI, ADC, ADO e ADPF 
IV) eficácia geral ou erga omnes 
Repare que o nome via principal (via de ação ou controle abstrato) 
decorre exatamente do fato de que nessa ação não há lide: o pedido 
principal é precisamente a declaração de inconstitucionalidade ou de 
constitucionalidade da lei. Ao contrário, na via incidental o pedido 
principal é a satisfação de um direito do impetrante, e a questão de 
inconstitucionalidade surge apenas incidentalmente no julgamento do 
caso. 
São vários os aspectos, mas o esquema abaixo pode te auxiliar a 
memorizar esses detalhes. 
Sintetizando: 
 
 
 
 
 
 
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Vamos ver algumas questões. 
3) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) No Brasil, o controle de 
constitucionalidade realiza-se mediante a submissão das leis 
federais ao controle político do Congresso Nacional e as leis 
estaduais, municipais, ou distritais ao controle jurisdicional. 
O controle misto existe quando a Constituição submete determinadas 
categorias de leis ao controle político e outras ao controle jurisdicional. 
Observe que a questão está remetendo a esse tipo de modelo. 
Como você sabe, não é esse modelo o adotado pelo Brasil. No sistema 
de controle de constitucionalidade brasileiro, todos os membros do Poder 
Judiciário exercem jurisdição constitucional, não só de leis nacionais, 
quanto das leis estaduais e municipais. 
Todavia, você deve ter em mente que há, ainda, no Brasil, exemplos de 
controle não-jurisdicional, em que, de forma excepcional, os poderes 
Executivo e Legislativo exercem controle de constitucionalidade. 
Item errado. 
4) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Somente o Supremo Tribunal Federal 
(STF) é competente para desempenhar o controle incidental de 
constitucionalidade no Brasil. 
A assertiva está errada porque o controle incidental (concreto) é 
realizado por qualquer tribunal ou juiz do Poder Judiciário. Diante de um 
caso concreto, qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário pode declarar 
a inconstitucionalidade de uma lei, para afastar a sua aplicação a esse 
caso concreto. 
Lembre-se que há, ainda, o chamado controle de constitucionalidade 
não-jurisdicional, realizado incidentalmente por órgãos não-pertencentes 
ao Judiciário: chefe do Executivo, Poder Legislativo ou os tribunais de 
contas. 
 
 
 
 
 
 
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Aliás, mesmo que a questão se restringisse ao controle abstrato, não 
estaria totalmente correta, visto que também os Tribunais de Justiça 
realizam controle em tese, só que tendo a Constituição Estadual como 
parâmetro. Vamos aprofundar esse detalhe mais à frente. 
Item errado. 
5) (ESAF/AFRFB/2009) O sistema de controle Judiciário de 
Constitucionalidade repressiva denominado reservado ou 
concentrado é exercido por via de ação. 
De fato, em regra, o sistema concentrado (também conhecido como 
reservado)de controle de Constitucionalidade é exercido por via de ação. 
Item certo. 
6) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) No Brasil, a jurisdição constitucional 
concentrada é reconhecida a todos os componentes do Poder 
Judiciário e pode se dar mediante iniciativa popular. 
De forma concentrada, a atribuição de fiscalizar a constitucionalidade é 
restrita ao órgão de cúpula do Poder Judiciário. O modelo concentrado, 
ou reservado, originou-se na Áustria, sob a influência do jurista Hans 
Kelsen. 
Ademais, não há iniciativa popular para instaurar esse controle. 
Item errado. 
7) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A supremacia da Constituição exige 
que todas as situações jurídicas se conformem com os princípios e 
preceitos da Constituição, mas ainda não existe instrumento jurídico 
capaz de corrigir omissão inconstitucional. 
Como vimos, a supremacia formal situa a Constituição no ápice do 
ordenamento jurídico, sendo que todas as situações devem se conformar 
às suas normas. Assim, não só os atos comissivos mas também os 
comportamentos omissivos devem estar em conformidade com a 
Constituição. 
A questão está ERRADA, pois, ao contrário do que afirma, há 
instrumento destinado à correção da omissão inconstitucional. Trata-se 
da chamada ADI por omissão, prevista no art. 103, § 2° (que ainda 
abordaremos). Ademais, o mandado de injunção também tem finalidade 
de controle da omissão inconstitucional (art. 5º, LXXI). 
Item errado. 
O aluno que conhece o controle de constitucionalidade já percebeu que 
muitas vezes os termos controle abstrato e concentrado são tratados 
como sinônimos (até mesmo pelas bancas examinadoras). O mesmo 
ocorre com as expressões controle difuso e incidental. 
 
 
 
 
 
 
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Repare que não se trata exatamente da mesma coisa. 
É que, de fato, regra geral, o controle incidental é realizado no modelo 
difuso, enquanto a fiscalização abstrata é exercida de forma 
concentrada. 
Entretanto, existem hipóteses em que o controle é concentrado no STF, 
mas ele se dá diante de um problema concreto. Exemplo: mandado de 
segurança impetrado por parlamentar contra projeto de lei 
flagrantemente inconstitucional. Trata-se de um caso concreto (direito 
subjetivo do parlamentar) exercido de forma concentrada no STF. 
Bem, antes de fazermos algumas questões relacionadas com esse 
assunto, vale a pena chamar sua atenção para o fato de que você tem de 
separar muito bem o controle incidental, diante de casos concretos, do 
controle abstrato, em que se discute a lei em tese, como pedido principal 
da ação. Ou seja, no controle abstrato, o impetrante não tem um 
interesse próprio na causa, ele aciona o órgão de cúpula do Poder 
Judiciário para dizer se determinada lei é ou não válida perante o 
ordenamento jurídico. 
Por fim, lembre-se de que o controle abstrato ocorre em duas vertentes. 
A primeira visa a analisar a compatibilidade da norma frente à 
Constituição Federal, em que o controle abstrato ocorre exclusivamente 
perante o STF (nenhum outro órgão realiza controle abstrato frente à 
Constituição Federal). 
Em outra vertente, há o controle em âmbito estadual, em que se analisa 
a compatibilidade da norma frente à Constituição Estadual. Nesse 
caso, o controle abstrato ocorre exclusivamente perante o Tribunal de 
Justiça local, uma vez que é ele o guardião, quem diz a última palavra 
sobre a Constituição Estadual. Tendo esses aspectos bem 
compartimentados na sua cabeça, você já terá dado um grande passo 
para entender todo o controle de constitucionalidade. E o mais 
importante: um grande passo para acertar as questões sobre esse 
assunto. 
Falando nisso, posso te dizer que ao acertar uma única questão mediana 
de controle de constitucionalidade você passa na frente de milhares de 
candidatos que não conseguem compreender muito bem esse assunto. 
Uma questão tornará mais clara essa distinção entre controle face à 
Constituição Federal e controle face à Constituição Estadual. 
8) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Os tribunais de justiça nos Estados 
podem desempenhar o controle abstrato de leis estaduais e 
municipais em face diretamente da Constituição Federal. 
Em âmbito federal (tendo a CF/88 por parâmetro), a jurisdição 
constitucional abstrata se dá apenas no Supremo Tribunal Federal. Na 
verdade, temos o controle abstrato no Tribunal de Justiça apenas na 
esfera estadual (tendo a Constituição Estadual como parâmetro). 
 
 
 
 
 
 
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Portanto, fique atento! São dois tipos distintos de controle abstrato no 
Brasil: um perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e outro perante os 
Tribunais de Justiça (TJ). O primeiro protegendo a supremacia da CF/88, 
este último garantindo o respeito à Constituição Estadual. E é relevante 
que você cuide de separá-los bem ao estudar esse assunto (e na prova 
também). 
Objetivamente: 
I) STF → controle abstrato em face da Constituição Federal 
II) TJ → controle abstrato em face da Constituição Estadual 
Item errado. 
9) (ESAF/AFRFB/2009) O Supremo Tribunal Federal não admite 
controle concentrado pelo Tribunal de Justiça local de lei ou ato 
normativo municipal contrário, diretamente, à Constituição Federal. 
O controle concentrado de constitucionalidade frente à Constituição 
Federal é realizado apenas perante o Supremo Tribunal Federal. O 
controle abstrato realizado pelos tribunais de justiça limita-se à aferição 
da validade de leis e atos normativos estaduais e municipais em face da 
Constituição Estadual (CF, art. 125, §2º), jamais em confronto direto com 
a Constituição Federal. 
Item certo. 
Frisei bem a diferença entre o controle exercido pelo STF e o controle 
exercido pelo Tribunal de Justiça local. Agora, uma última pergunta, para 
dar um nó geral na sua cabeça... podemos concluir que o TJ não realiza 
controle de constitucionalidade tendo a Constituição Federal como 
parâmetro? 
Não, não podemos. Por quê? Porque, incidentalmente, no controle 
difuso, poderá o TJ desempenhar o controle concreto das leis em face 
diretamente da Constituição Federal. 
Vamos fazer mais algumas questões? 
10) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Segundo 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a norma constitucional 
originária não é passível de controle de constitucionalidade. 
De fato, se todas as normas constitucionais originárias foram 
elaboradas pelo poder constituinte originário, não há hierarquia entre 
elas. Considerando ainda que não há limites nem condições para o 
exercício do Poder constituinte originário, não há que se falar em controle 
de constitucionalidade de norma originária. 
Por outro lado, as normas constitucionais derivadas, resultantes de 
emendas à Constituição, podem ser objeto de controle de 
constitucionalidade. É que, para serem válidas, as emendas à 
 
 
 
 
 
 
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Constituição devem respeitar as regras e limitações – circunstanciais, 
processuais e materiais - do art. 60 da Constituição Federal. 
Item certo. 
11) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Não há 
possibilidade de manifestar-se o Supremo Tribunal Federal, ainda 
que incidentalmente, sobre a constitucionalidade de uma proposta 
de emenda à Constituição, uma vez que o controle de 
constitucionalidade no Brasil é repressivo e essa manifestação 
ofenderia o princípio de separação dos poderes. 
Você sabe que as emendas à Constituição devem estar de acordo com o 
art. 60 da CF/88. Em especial, de acordo com as cláusulas pétreas 
previstas no art. 60, § 4°. 
Pois bem, poderia uma proposta de emenda constitucional(PEC) ser 
questionada quanto à sua constitucionalidade, caso previsse a instituição 
da pena de morte, por exemplo? 
Sim, poderia, desde que no âmbito do controle incidental de 
constitucionalidade por meio de mandado de segurança interposto no 
Supremo Tribunal Federal, por congressista da Casa Legislativa em que 
a PEC estiver tramitando. 
Vale comentar que o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro 
inclui manifestações não só repressivas, mas também preventivas (como 
o veto jurídico do Presidente da República e a atuação da Comissão de 
Constituição e Justiça das Casas Legislativas). 
E se essa PEC não fosse impugnada e passasse a integrar a 
Constituição, poderia a norma resultante ser questionada no Supremo? 
Sim, poderia. Tanto incidentalmente, quanto por meio de ADI. 
Guarde essas diferenças. 
Item errado. 
1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade 
brasileiro
Muitos alunos não gostam de estudar controle de constitucionalidade, 
devido aos inúmeros detalhes envolvidos. É importante mencionar que a 
Constituição de 1988 é, em parte, culpada disso, tendo em vista que 
enriqueceu significativamente o controle de constitucionalidade brasileiro. 
Mas, vejamos, de forma esquemática, como se deu a evolução do 
controle no Brasil, desde a sua criação. 
Sintetizando: 
 
 
 
 
 
 
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12) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A Constituição 
de 1988 trouxe inúmeras inovações ao controle de 
constitucionalidade, entre elas a ampliação do rol de legitimados 
para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade. 
A CF/88 ampliou significativamente a legitimação ativa da ADI (art. 103, I 
ao IX), antes exclusiva do Procurador-Geral da República. 
Além disso: criou a inconstitucionalidade por omissão, controlada por 
meio de mandado de injunção (art. 5º, LXXI) e a ADI por omissão (art. 
103, § 2º); criou a ADPF (art. 102, § 1º); em 1993, a EC nº 3/1993 criou a 
ADC (art. 102, I, a); em 2004, a EC nº 45/2004 criou a súmula vinculante 
para as decisões do STF (art. 103-A) e ampliou a legitimação ativa da 
ADC, igualando-a à legitimação em ADI (art. 103, I a IX). 
Item certo. 
1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidade
Tendo em vista o princípio da supremacia da Constituição, a regra é a 
aplicação do princípio da nulidade da lei declarada inconstitucional. Isso 
significa que, dada a superioridade da Constituição, uma lei que contrarie 
a Carta Maior é nula desde a sua edição, não podendo produzir efeitos 
(ou seja, a declaração de inconstitucionalidade de uma lei produziria 
efeitos retroativos, ex tunc, como se atestasse que aquela norma nunca 
fez parte do ordenamento jurídico). 
1967/1969 
1891 
1934 
1937 
1946 
1988 
criou o controle difuso 
criou (i)a representação interventiva; (ii) a reserva de 
plenário; e (iii) a competência do Senado Federal para 
suspender a execução da lei definitivamente declarada 
inconstitucional pelo STF no controle difuso 
criou a possibilidade de o Presidente da República 
submeter ao Parlamento a decisão do Judiciário que 
havia declarado a inconstitucionalidade da lei 
(i) criou a ADI de leis federais e estaduais; e (ii) 
estabeleceu a possibilidade de controle concentrado 
nos Estados-membros 
(i) suprimiu o controle concentrado nos estados; e (ii) 
criou a representação interventiva estadual, para fins 
de intervenção do Estado em Município. 
(i) ampliou a legitimação ativa do controle abstrato; (ii) 
criou o Mandado de Injunção e a a ADO ; (iii) criou a 
ADPF; (iv) criou a ADC (EC nº 3/1993 ); e (v) criou a súmula 
vinculante (EC nº 45/2004)
 
 
 
 
 
 
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Entretanto, como comentado, essa é a regra. Na realidade, haverá 
situações concretas em que essa declaração de nulidade causará 
transtornos imensos. 
Imagine uma lei que criasse um órgão público, mas sofresse vícios de 
iniciativa que resultam na sua inconstitucionalidade. Agora, imagine que 
a declaração de inconstitucionalidade ocorresse apenas anos após a 
criação desse órgão. 
Nessa situação hipotética, se a lei fosse declarada nula desde a sua 
origem, resolveríamos o problema jurídico, mas estaríamos diante de um 
problema real: todos os atos praticados pelo órgão poderiam ser 
impugnados por nulidade. 
Nessa situação hipotética extrema, se aquele órgão tivesse firmado 
contratos, emitido certidões, contratado servidores, nada disso teria 
validade. Os contratos, por exemplo, poderiam ser desfeitos. E os 
servidores poderiam ir para a rua... 
Assim, em homenagem aos princípios da segurança jurídica, do 
interesse social e da boa fé, tem-se admitido a modulação dos efeitos 
temporais da decisão de inconstitucionalidade. Ou seja, o Supremo 
admite que a lei produza efeitos, estabelecendo uma data a partir da qual 
aquela lei passa a ser inválida. Isso permite uma adequação dos efeitos 
da declaração de inconstitucionalidade à realidade fática. 
Com isso, podemos considerar que a jurisprudência desenvolveu uma 
flexibilização da rigidez da teoria da nulidade. Esse entendimento já está 
positivado pelo art. 27 da Lei 9.868/99: 
“Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e 
tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse 
social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços 
de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que 
ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro 
momento que venha a ser fixado.” 
Em suma, por razões de segurança jurídica ou diante de relevante 
interesse social, poderá o STF, ao proclamar a inconstitucionalidade, 
desde que por deliberação de dois terços dos seus membros: 
I) restringir os efeitos da sua decisão → isso significa que poderia o 
Supremo afastar determinados efeitos da sua declaração a determinados 
atos ou situações; 
II) outorgar efeitos ex nunc (dali pra frente) à sua decisão → isso significa 
afastar a retroatividade de sua manifestação, preservando atos já 
praticados com base naquela norma; por conseqüência a declaração 
surtiria efeitos apenas dali pra frente; 
III) determinar outro momento para o início da eficácia → isso significa 
que poderá o STF entender que o melhor momento para o início da 
 
 
 
 
 
 
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eficácia da sua decisão não é a data da publicação da lei (ex tunc) nem a 
data da declaração da inconstitucionalidade (ex nunc); assim, fixaria um 
outro momento para o início da produção de efeitos daquela declaração 
de inconstitucionalidade. 
Um clássico exemplo da aplicação dessa flexibilização no âmbito do 
controle difuso foi o caso do município de Mira Estrela (SP), em que se 
considerou contrária à Constituição Federal a lei orgânica municipal, que 
previa 11 vereadores em um município de apenas 2.651 habitantes 
(entendeu-se que o correto seria a previsão do mínimo de 9 vereadores). 
Na época do julgamento, vários atos já haviam sido realizados com a 
composição de 11 vereadores. A aplicação pura e simples da teoria de 
nulidade nesse caso acarretaria a nulidade de todos os atos produzidos 
pelo legislativo municipal desde então. Imagine o caos! 
Considerando o princípio da segurança jurídica, admitiu-se que se 
tratava de situação excepcional, em que a declaração de nulidade, com 
seus normais efeitos ex tunc, resultaria grave ameaça a todo o sistema 
legislativo vigente. Prevaleceria então o interesse público para assegurar, 
em caráter de exceção, efeitospro futuro (ex nunc) à declaração 
incidental de inconstitucionalidade (RE 197.917/SP, rel. Min. Maurício 
Corrêa, julgamento 06/06/02). 
Chega de bla bla bla... Objetivamente: 
I) a regra é a declaração de inconstitucionalidade com efeitos ex tunc; 
II) entretanto, o Supremo poderá, excepcionalmente, dar a ela efeitos ex 
nunc, ou mesmo estabelecer um outro momento para o início da 
produção de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. 
Daí se dizer que é válida (em caráter excepcional) a declaração de 
inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade da lei. 
13) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Ao declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de ação 
direta de inconstitucionalidade, por razões de segurança jurídica ou 
de excepcional interesse social, o Supremo Tribunal Federal, por 
quórum qualificado, poderá restringir os efeitos daquela declaração. 
Como vimos, os efeitos das decisões do STF são, em regra, ex tunc (ou 
retroativos). Entretanto, em ocasiões excepcionais, é admitida a 
modulação de efeitos temporais por parte da Corte. 
Vale destacar que é admitida a modulação de efeitos temporais mesmo 
no âmbito do controle incidental. 
Item certo. 
 
 
 
 
 
 
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2 - Controle difuso
Nesse item passamos a analisar o funcionamento do controle difuso de 
constitucionalidade realizado de forma incidental, diante de casos 
concretos. 
Como vimos, o controle difuso é atribuição de todos os membros do 
judiciário. Esse modelo, também conhecido como “aberto”, é baseado no 
controle de constitucionalidade dos Estados Unidos da América. 
Ou seja, o que o caracteriza é o fato de que qualquer componente do 
Poder Judiciário, juiz ou tribunal, poderá declarar a inconstitucionalidade 
de uma norma, diante de um caso concreto. E ele nem precisa ser 
provocado a isso. 
É dizer, diante de um caso concreto, mesmo que não seja questionada a 
inconstitucionalidade da lei pelas partes, poderá o magistrado agir de 
ofício, afastando a aplicação da lei naquele caso concreto. 
De qualquer forma, você deve saber que essas decisões proferidas por 
esses juízes e tribunais do Poder Judiciário não serão capazes de 
extinguir a norma do ordenamento jurídico, pois elas valem apenas 
naquele caso que eles estão decidindo. 
Ademais, no controle difuso, as decisões dos órgãos inferiores do 
Judiciário não serão definitivas, pois poderão ser levadas ao Supremo 
Tribunal Federal por meio de recurso extraordinário, como veremos mais 
à frente. 
Agora me diga: quais são as ações do controle difuso? 
Quem entende muito de controle de constitucionalidade já sacou: não há 
ação específica para o controle difuso. O controle incidental poderá 
ocorrer em meio a qualquer processo judicial, independentemente da sua 
natureza ou espécie. Assim, mandados de segurança, habeas corpus, 
ação civil pública etc. todas essas ações poderão ser utilizadas para o 
exercício do controle de constitucionalidade na via incidental, diante de 
casos concretos. 
Agora, veja como o controle de constitucionalidade é cheio de detalhes 
interessantes. Vimos que qualquer juiz que esteja decidindo um caso 
concreto poderá, monocraticamente, deixar de aplicar a lei por entendê-
la inconstitucional. Não há necessidade de submissão da questão ao 
tribunal a que se vincula (observe que se trata da via difusa). 
Entretanto, no caso dos tribunais, há uma restrição às decisões do 
controle de constitucionalidade. É que eles se submetem à chamada 
reserva de plenário, regra segundo a qual somente pelo voto da 
maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo 
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de 
lei ou ato normativo do Poder Público (CF, art. 97). 
 
 
 
 
 
 
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Essa regra vincula qualquer tribunal (incluindo o STF). Sobre isso, já há 
até uma Súmula Vinculante: 
“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de 
órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua 
incidência, no todo ou em parte.” (Súmula Vinculante n° 10) 
Mas guarde os seguintes detalhes sobre a reserva de plenário: 
I) se já houver decisão do plenário, do órgão especial ou mesmo do STF 
sobre a inconstitucionalidade da lei cria-se, digamos, um precedente; e 
não precisará mais o tribunal respeitar a reserva de plenário, sendo 
possível que seja apenas seguida aquela decisão anterior (é dizer, a 
reserva de plenário é aplicável apenas à primeira análise sobre a 
inconstitucionalidade de uma norma); 
II) a reserva de plenário é regra aplicável à declaração de 
inconstitucionalidade, ou seja, não obriga as decisões sobre a recepção 
ou revogação do direito pré-constitucional. 
Por fim, vale comentar que, segundo o STF, os Tribunais de Contas, no 
exercício de suas atribuições, podem apreciar a constitucionalidade 
das leis e dos atos do poder público diante de casos concretos 
(Súmula 347). Ressalte-se que a cláusula de reserva de plenário também 
se aplica às cortes de contas, que só poderão declarar a 
inconstitucionalidade de uma norma pelo voto da maioria absoluta de 
seus membros. 
2.1 – Efeitos da decisão
No controle incidental, o que se busca é o afastamento da lei no caso 
concreto em questão. Ou seja, a argüição de inconstitucionalidade é um 
mero incidente, uma questão à parte do pedido principal do autor da 
ação. Afinal, o que ele deseja é a satisfação de um determinado pleito, e 
não a inconstitucionalidade da norma em si. 
Assim, a decisão tem efeitos restritos às partes daquele processo 
(eficácia inter partes). Portanto, a lei não deixa de existir, ela continua 
válida e regulando as demais situações que se enquadrem em seus 
comandos. Isso significa que todas as pessoas que desejem afastar a 
aplicação da lei inconstitucional diante do seu caso concreto deverão 
acionar o Judiciário, a fim de garantir sua pretensão. 
Por outro lado, quanto ao aspecto temporal, o controle difuso, como 
regra, apresenta efeitos ex t roage. unc. Ou seja, a decisão ret 
De qualquer forma, mesmo no controle difuso, admite-se a chamada 
modulação dos efeitos temporais, em que se atribui à decisão efeitos ex 
nunc (prospectivos ou pro futuro). 
 
 
 
 
 
 
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Nesse sentido, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de 
excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por 
dois terços de seus membros, decidir que aquela declaração só tenha 
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que 
venha a ser fixado. 
Vamos resolver algumas questões sobre esse e outros aspectos... 
14) (ESAF/AFRFB/2009) Na via de exceção, a pronúncia do Judiciário 
sobre a inconstitucionalidade não é feita enquanto manifestação 
sobre o objeto principal da lide, mas sim sobre questão prévia, 
indispensável ao julgamento do mérito. 
É certo que na via de exceção, a decisão sobre a constitucionalidade ou 
inconstitucionalidade da lei não é o pedido principal da lide. É aspecto 
inerente, acessório ao julgamento do mérito. 
Item certo. 
15) (ESAF/AFRFB/2009) A cláusula de reserva de plenário não veda a 
possibilidade de o juiz monocrático declarar a inconstitucionalidade 
de lei ou ato normativo do Poder Público. 
A cláusula de reserva de plenário (prevista no art. 97 da CF/88) aplica-se 
à decisão dos tribunais ou órgão especial. Não veda a declaração de 
inconstitucionalidade por decisão de um juiz monocrático.Item certo. 
16) (ESAF/AFRFB/2009) Declarada incidenter tantum a 
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo pelo Supremo Tribunal 
Federal, referidos efeitos serão ex nunc, sendo desnecessário 
qualquer atuação do Senado Federal. 
A declaração incidental de inconstitucionalidade tem, em regra, efeitos ex 
tunc. Ademais, a atuação do Senado Federal altera o alcance da 
decisão, e não sua eficácia temporal. 
Item errado. 
Agora, eu gostaria de mencionar dois aspectos relevantes (e avançados!) 
do controle de constitucionalidade difuso. Um se refere ao recurso 
extraordinário (já apresentado na aula sobre o Poder Judiciário) e o 
outro trata da simultaneidade de ações de representação de 
inconstitucionalidade em âmbito estadual e em âmbito federal. 
Como eu comentei em aula anterior, o recurso extraordinário é o meio 
hábil a conduzir ao STF controvérsia judicial que esteja sendo suscitada 
em instâncias inferiores. 
Entretanto, o que você precisa saber também é que, na hipótese de 
ajuizamento de ADI perante o TJ local com a alegação de ofensa a 
dispositivo da Constituição Estadual que reproduz norma da Constituição 
 
 
 
 
 
 
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Federal de observância obrigatória pelos estados, contra a decisão do 
TJ é cabível recurso extraordinário para o STF. 
Não entendeu nada? Vejamos um exemplo então. 
Uma lei municipal está sendo questionada em sede de ADI perante o TJ 
local por ofensa ao art. Y da Constituição Estadual. Ocorre que esse art. 
Y é uma norma de reprodução obrigatória de dispositivo da Constituição 
Federal (vários dispositivos da CF são de reprodução obrigatória pela 
Constituição do Estado). 
Nessa hipótese, o TJ apreciará a ADI, firmando sua posição sobre a 
validade (ou não) da lei. Então, contra essa decisão, será cabível a 
interposição de recurso extraordinário perante o STF. 
Vale destacar que a decisão do STF nesse recurso extraordinário contra 
decisão do TJ em ADI terá eficácia geral (erga omnes), por se tratar de 
controle abstrato. 
Em suma, admite-se recurso extraordinário para o STF contra decisão do 
TJ no controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual 
eleita como parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da 
norma estadual ou municipal impugnada for de reprodução obrigatória 
da Constituição Federal. A decisão do STF nesse recurso extraordinário 
é dotada de eficácia erga omnes. 
Veja como esta questão cobrou o assunto. 
17) (CESPE / PROCURADOR / MP / ES / 2010) Segundo jurisprudência 
majoritária do STF, a decisão proferida em sede de recurso 
extraordinário interposto contra decisão de mérito proferida em 
controle abstrato de norma estadual de reprodução obrigatória da 
CF possui eficácia erga omnes. 
Exato! Como comentado, dispõe de eficácia erga omnes a decisão do 
STF em um recurso extraordinário interposto contra decisão de mérito 
em controle abstrato estadual cujo parâmetro escolhido seja norma 
estadual de reprodução obrigatória de norma da CF/88. 
Item certo. 
18) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O Tribunal 
de Justiça deve declarar a inconstitucionalidade da lei, se apurar que 
o diploma fere dispositivo da Lei Orgânica do Distrito Federal ou, 
mesmo que não contrarie essa Lei Orgânica, se verificar que está 
em desacordo com a Constituição Federal. Neste último caso, 
porém, da decisão caberá recurso extraordinário para o Supremo 
Tribunal Federal. 
Observe que foi proposta uma ADI no TJ para que se avalie a lei frente à 
Lei Orgânica do DF. Assim, no controle em tese, não há análise do TJ 
tendo como parâmetro a Constituição Federal. Assim, ERRADA a 
questão. 
 
 
 
 
 
 
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Quanto ao recurso extraordinário, só será cabível se a alegação da inicial 
for de ofensa a dispositivo da Constituição Estadual (ou Lei Orgânica do 
DF) que é de reprodução obrigatória da Constituição Federal. Como 
a questão não comentou nada sobre isso está ERRADA. 
Item errado. 
Já que estamos falando de situações hipotéticas o que acontece se 
forem propostas duas ADIs simultaneamente, contra a mesma norma 
estadual, uma perante o STF e outra perante o TJ? 
Suponha que a lei A (norma estadual) seja impugnada em sede de ADI 
no TJ (frente à Constituição estadual) e que, simultaneamente, essa 
mesma norma venha a ser impugnada em sede de ADI no STF (frente à 
Constituição Federal). 
Veja que interessante! Nesse caso, o TJ suspenderá o julgamento da 
ação até que o STF se posicione. 
Se o STF declarar inconstitucional a lei, ela estará fora do mundo 
jurídico, não havendo mais o que analisar o TJ, estando, portanto, 
prejudicada a ação em âmbito estadual. 
Por outro lado, caso o STF a declare constitucional, o TJ dará 
continuidade à ação, podendo posicionar-se pela constitucionalidade ou 
pela inconstitucionalidade, tendo como parâmetro dispositivo específico 
(autônomo) da Constituição Estadual. 
Isso porque a lei pode não desrespeitar a Constituição Federal (daí o 
STF ter decidido pela sua constitucionalidade), mas contrariar 
Constituição Estadual. Situação na qual caberá ao TJ a declaração de 
sua inconstitucionalidade. 
19) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Se depois 
de ajuizada a ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal 
de Justiça, e antes do seu julgamento, for também proposta ação 
direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal 
contra a mesma lei, os processos deverão ser reunidos para o 
julgamento conjunto perante o Supremo Tribunal Federal. 
Não faz sentido a reunião das ações no STF, tendo em vista que são 
ações completamente distintas. Nesse caso hipotético, enquanto o STF 
apreciará a lei frente à CF, o Tribunal de Justiça apreciará a lei frente à 
Lei Orgânica do DF. 
Como visto, no caso de ações diretas simultâneas no STF e no TJ, 
suspende-se o julgamento do TJ até a decisão final do STF. 
Caso o STF declare a inconstitucionalidade da lei, o TJ não apreciará 
mais a ação. Por outro lado, se o STF declarar a constitucionalidade da 
lei, o TJ apreciará a lei normalmente frente à Lei Orgânica do DF, 
podendo declará-la constitucional ou inconstitucional. 
 
 
 
 
 
 
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Item errado. 
20) (CESPE/PROCURADOR/MP/ES/2010) Segundo jurisprudência 
pacífica do STF, na hipótese de propositura simultânea de ação 
direta de inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o 
TJ, o processo no âmbito do STF deverá ser suspenso até a 
deliberação final do TJ estadual. 
Como vimos, quem suspende o julgamento é o TJ, e não o STF. 
Item errado. 
2.2 – Atuação do Senado Federal
Vimos que os efeitos da decisão do STF no âmbito do controle difuso 
afetam apenas as partes do processo. Mas nosso controle de 
constitucionalidade prevê dois instrumentos capazes de fazer a decisão 
do Supremo no controle concreto atingir a terceiros que não sejam parte 
da ação. Um desses instrumentos é a súmula vinculante, já abordado na 
aula sobre Poder Judiciário. A outra forma de ampliação dos efeitos da 
declaração incidental de inconstitucionalidade é por meio da atuação do 
Senado Federal. 
Nos termos do art. 52, X da CF/88, compete ao Senado Federal 
suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão 
definitiva do Supremo Tribunal Federal. 
Assim, declarada a inconstitucionalidade pelo STF de determinada lei, no 
âmbito do controle difuso, a decisão é comunicada ao Senado, a quem 
caberá a faculdade de suspender a execução da lei, conferindo eficácia 
erga omnes à decisão do Supremo.Assim, a decisão definitiva em recurso extraordinário comunicada ao 
Senado Federal gera para essa Casa legislativa a faculdade de 
suspender a execução de lei declarada inconstitucional pela maioria 
absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal no julgamento 
daquele recurso. 
Se o Senado suspender a lei (ato discricionário), a declaração de 
inconstitucionalidade alcançará outros (e não só as partes), adquirindo 
eficácia geral (erga omnes). 
Mas o Senado não poderá alterar a decisão do Supremo. Sua 
competência é exclusivamente dar efeitos erga omnes àquela decisão 
proferida no controle incidental. Assim, se o Supremo só declarou 
inconstitucional um dos incisos (ou parte dele), o Senado deverá seguir 
estritamente aquela decisão, não podendo interpretá-la ou ampliá-la, por 
exemplo, declarando inconstitucional toda lei, ou outros artigos não 
impugnados pelo STF. 
 
 
 
 
 
 
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Enfim, a suspensão pelo Senado Federal poderá se dar em relação a leis 
federais, estaduais, distritais ou municipais, desde que tenham sido 
declaradas inconstitucionais pelo STF, de modo incidental. 
Vejamos alguns detalhes concernentes a essa competência do Senado: 
I) o exercício dessa competência é facultativo; ou seja, o Senado não 
está obrigado a suspender a execução da lei; 
II) não há prazo para que o Senado possa suspender a execução da lei; 
mas, suspensa a lei, o Senado não poderá voltar atrás (a decisão é 
irretratável); 
III) a espécie normativa utilizada é a resolução; e ela também está sujeita 
a controle de constitucionalidade normalmente. 
21) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) A atribuição do 
Senado Federal de suspender a execução, no todo ou em parte, de 
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo 
Tribunal Federal é vinculada. 
Declarada inconstitucional a lei no âmbito do controle incidental, pode o 
Senado estender seus efeitos a todos, dando a essa decisão eficácia 
geral (erga omnes). Ou seja, essa é uma atuação discricionária do 
Senado Federal, e não vinculada. 
Item errado. 
Passemos a enfocar o controle abstrato, exercido por meio de ADI, ADO, 
ADC e ADPF. Como vimos, no controle abstrato a constitucionalidade da 
lei é verificada em tese independentemente de um caso concreto. 
O controle abstrato origina-se na Europa, na Constituição da Áustria de 
1920. O importante é você entender que a finalidade do controle abstrato 
não é a solução de uma lide, a resolução de um conflito. 
Esse controle tem a nobre missão de defender o ordenamento jurídico. 
Ou seja, quando uma ADI é impetrada no STF, seu autor não alega lesão 
a direito próprio, mas lesão ao ordenamento, à Constituição, tendo por 
fim o interesse público. 
Daí ser importante, você ter em mente que o controle abstrato tem 
natureza de processo objetivo, em que não há partes, pois se cuida do 
ordenamento jurídico e não de interesse próprio ou alheio. 
Daí a diferença entre os efeitos no controle incidental e no controle 
abstrato: 
I) no controle incidental, a lei considerada inconstitucional deixa de ser 
aplicada àquele caso em particular; 
II) no controle abstrato, a lei considerada inconstitucional deixa de 
existir, é considerada nula. 
 
 
 
 
 
 
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3 - Ação Direta de Inconstitucionalidade
A ADI é ação típica do controle abstrato, de competência do Supremo 
Tribunal Federal. A finalidade dessa ação é o reconhecimento da 
invalidade de uma lei ou ato normativo. 
Ou seja, ao perceber que determinada lei ou ato normativo está 
desrespeitando a Constituição, o autor provoca o Supremo Tribunal 
Federal. Confirmada a incompatibilidade da lei, a Suprema Corte 
declarará sua nulidade, retirando-a do ordenamento jurídico. 
E quem são as autoridades competentes para provocar esse controle de 
constitucionalidade? 
A lista dos legitimados à interposição de ADI está expressa no art. 103 
da CF/88: 
“Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação 
declaratória de constitucionalidade: 
I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do 
Distrito Federal; 
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI - o Procurador-Geral da República; 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.” 
Já de início, chamo sua atenção para o seguinte: o Advogado-Geral da 
União não dispõe de competência para a proposição de ADI. Muita 
gente confunde isso... 
Continuando nossa análise, você precisa lembrar que isso não significa 
que qualquer legitimado possa propor ADI sobre qualquer norma. Com 
efeito, a jurisprudência estabeleceu diferenciações: há os legitimados 
universais e os legitimados especiais. 
Os legitimados universais não sofrem restrição quanto à interposição de 
ADI no Supremo. É dizer: podem propor a ação independentemente do 
assunto sobre o qual trate a norma, desde que ela esteja entre os objetos 
da ADI. 
Em suma, se uma lei pode ser impugnada por ADI, ela pode ser proposta 
pelos legitimados universais, independentemente do tema de que trate a 
norma. 
 
 
 
 
 
 
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Os legitimados universais são: o Presidente da República; as Mesa do 
Senado e da Câmara; o Procurador-Geral da República; o Conselho 
Federal da OAB; os partido político com representação no Congresso 
Nacional; e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito 
nacional. 
Diversamente, os legitimados especiais devem cumprir o requisito da 
pertinência temática, ou demonstração do interesse de agir. Ou seja, 
para ser cabível a ação, a norma impugnada deve ter alguma relação de 
pertinência com a função desempenhada pelo órgão ou entidade. 
Nesse caso, pode ocorrer de ser cabível a ADI de determinada norma, 
mas não estar o legitimado especial apto a propor essa ação, por não 
apresentar a referida pertinência temática. 
E quais são esses legitimados especiais? Os governadores, as 
confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional 
e as Mesas de Assembléia Legislativa (ou da Câmara Legislativa do 
Distrito Federal). 
Ou seja, esses legitimados especiais só podem impugnar em ADI uma 
norma que esteja relacionada com a sua função. Assim, por exemplo, o 
governador de Estado só poderá impugnar uma norma que afete os 
interesses daquele estado-membro (mesmo que essa norma seja editada 
por outro estado-membro). 
Vale ressaltar que a ampliação da legitimação ativa em ADI foi uma 
inovação da CF/88. Na Constituição anterior, a interposição dessa ação 
era de competência única e exclusiva do Procurador Geral da República. 
A seguir, três entendimentos jurisprudenciais relevantes sobre o assunto. 
I) Os legitimados possuem capacidade processual plena e capacidade 
postulatória no âmbito da ADI, podendo praticar quaisquer atos 
privativos de advogado. 
Essa regra não se aplica apenas: (i) aos partidos políticos e (ii) às 
confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. 
II) Para fazer jus à legitimidade ativa em ADI, os partidos políticos 
precisam demonstrar pelo menos um único representante em uma das 
Casas Legislativas. 
Ademais, esse requisito deve ser verificado no momento da propositura 
da ADI. Significa dizer que a perda superveniente de representação não 
prejudica a ação direta iniciada. 
III) O STF firmou entendimento de que écabível a instauração do 
controle abstrato por iniciativa das “associações de associações” (trata-
se das associações que congregam exclusivamente pessoas jurídicas). 
Quanto às ações de inconstitucionalidade no âmbito dos estados-
membros (tendo a Constituição Estadual como parâmetro), segundo o 
§ 2º do art. 125 da CF, compete aos Estados a instituição de 
 
 
 
 
 
 
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representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos 
estaduais ou municípios em face da Constituição estadual, vedada a 
atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 
Assim, os Estados-membros podem instituir a representação de 
inconstitucionalidade. E não precisa ser respeitada simetria ao modelo 
Federal no que tange à legitimidade ativa da ação. 
Entretanto, a Constituição veda a atribuição de legitimação para agir a 
um único órgão. 
Vamos resolver algumas questões para vermos se você entendeu. 
22) (ESAF/TFC/CGU/2008) Tem legitimidade para propor ação direta de 
inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade, 
exceto: 
a) o Governador de Estado e do Distrito Federal. 
b) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. 
c) os Prefeitos. 
d) o Presidente da República. 
e) partido político com representação no Congresso Nacional. 
Revimos a lista dos legitimados à interposição de ADI, que está expressa 
no art. 103 da CF/88. 
Observa-se que prefeitos não têm legitimidade de proposição de ADI. 
Por isso, a resposta é letra “c”. 
Gabarito: “c” 
3.1 - Objeto
Que tipos de norma podem ser impugnados por meio de ADI? 
Bem, antes de responder a essa questão, vale comentar que o controle 
abstrato ocorre não só em âmbito federal (perante o STF), mas também 
em âmbito estadual (perante do TJ). 
I) STF → controle abstrato em face da Constituição Federal 
II) TJ → controle abstrato em face da Constituição Estadual 
Assim, a ação direta de inconstitucionalidade ajuizada perante o 
Supremo Tribunal Federal tem por objeto as leis ou atos normativos 
federais e estaduais. 
Em segundo plano, a ADI impetrada perante os tribunais de justiça tem 
por objeto as leis estaduais e municipais. 
Assim, as normas municipais (inclusive a Lei Orgânica do Município) não 
podem ser impugnadas em sede de ADI perante o STF. O direito 
municipal somente poderá ser declarado inconstitucional pelo Supremo 
 
 
 
 
 
 
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em sede de controle difuso, quando determinada contenda é remetida ao 
tribunal mediante recurso extraordinário, ou, por meio de argüição de 
descumprimento de preceito fundamental – ADPF, nos casos previstos 
em lei. 
Bem, você já aprendeu que o DF acumula as competências estaduais e 
municipais. Pois bem, sendo assim, será cabível ADI de leis ou atos 
normativos distritais apenas no exercício da sua competência 
estadual. Vamos a um exemplo. 
Imagine que a Câmara Legislativa do DF aprove duas leis. A Lei “A” 
modifica as regras relativas ao IPTU (imposto de competência municipal). 
A Lei “B” trata de ICMS (imposto de competência estadual). 
A pergunta é: qual delas poderia ser questionada perante o STF, em 
sede de ADI? Apenas a Lei “B”, pois ICMS é tributo de competência 
estadual. A Lei “A” trata de assunto de competência municipal (IPTU) e, 
por isso, não pode ser objeto de ADI no Supremo. 
Agora, para tirar nota dez com louvor: podemos dizer que não seria 
possível então o controle abstrato da Lei “A”, por tratar de assunto de 
competência municipal? 
Não, não podemos. Em primeiro lugar, em sede de ADPF (que será 
estudada logo à frente), poderão ser impugnadas as leis municipais ou 
distritais no exercício da competência municipal. Ademais, frente à 
LODF, poderá essa lei ser questionada no controle abstrato perante o 
Tribunal de Justiça. 
Em suma, só constituem objeto de ADI perante o STF leis e atos 
normativos federais, estaduais ou distritais (neste último caso, desde 
que editados no âmbito de sua competência legislativa estadual). 
Entretanto, não são todas as leis e atos normativos federais e estaduais, 
que poderão ser objeto de ADI perante o Supremo, conforme a 
jurisprudência daquela Corte. Para que uma norma possa ser objeto de 
ADI, deverá ela atender às seguintes exigências: 
a) ter sido editada na vigência da CF/88; 
b) ser dotada de abstração, generalidade e impessoalidade; 
c) possuir natureza autônoma (não regulamentar); e 
d) estar em vigor. 
Assim, somente podem ser objeto de ADI normas que tenham sido 
editadas sob a vigência da Constituição Federal de 1988, e que estejam 
em vigor. 
A impugnação, em abstrato, do direito anterior à atual Carta (direito pré-
constitucional) só ocorrerá em sede de argüição de descumprimento de 
preceito fundamental – ADPF (em ADI não). 
 
 
 
 
 
 
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O direito pré-constitucional pode ainda ter sua validade aferida frente à 
Constituição de 1988 no âmbito do controle difuso, para o fim de 
reconhecimento de sua recepção ou revogação, diante de casos 
concretos. 
Vale comentar ainda que só podem ser impugnados mediante ADI, 
perante o Supremo, atos que possuam normatividade (generalidade e 
abstração). Ou seja, aqueles que se aplicam a número indefinido de 
pessoas e de casos (todos que se enquadrem na situação hipotética 
abstratamente descrita no ato normativo). 
Diante disso, os atos de efeitos concretos, desprovidos de 
generalidade, impessoalidade e abstração, não se prestam ao controle 
abstrato de normas. No entender da Suprema Corte, a Constituição 
adotou como objetos desse processo somente os atos tipicamente 
normativos, dotados de um mínimo de generalidade e abstração. 
Interessante observar que essa restrição não se aplica aos atos de 
efeitos concretos aprovados sob a forma de lei em sentido estrito (lei 
formal), isto é, aos atos aprovados pelo Poder Legislativo e sancionados 
pelo Chefe do Poder Executivo. 
Nesse sentido, o Supremo reviu sua posição ao admitir Ação Direta de 
Inconstitucionalidade tendo por objeto Lei de Diretrizes Orçamentárias, 
uma vez que se trata de lei formal (ADIMC 4.048/DF, rel. Min. Gilmar 
Mendes, 17.04.2008). 
Assim, mesmo sendo desprovidas de generalidade e abstração (sendo 
lei de efeitos concretos), as leis formais, como a Lei de Diretrizes 
Orçamentárias, podem ser objeto de Ação Direta de 
Inconstitucionalidade. 
De se destacar que somente podem ser impugnados em ADI os atos 
normativos que disponham de caráter autônomo, ou seja, desrespeitem 
diretamente a Constituição (não sejam meramente regulamentares). 
Assim, decretos do Presidente da República e do Governador de Estado 
podem ser objeto de ADI, desde que sejam autônomos e não apenas 
regulamentares. 
Assim, é cabível ADI contra normas que ofendam diretamente à 
Constituição. Mas não seria cabível essa mesma ação contra um decreto 
que, editado para regulamentar uma lei, desrespeite essa norma (pois, 
nesse caso, há ofensa à lei e não à Constituição). 
Por fim, cabe comentar que não se discute em sede de ADI a validade de 
normas revogadas, ainda que flagrantemente contrárias à Constituição. E 
como o objetivo da ADI é justamente a retirada da norma inconstitucional 
do ordenamento, a revogação da norma torna a ação sem objeto. 
Desse modo, se a ADI for proposta após a revogação da lei, a ação não 
será conhecida pelo STF (por ausência de objeto); se a revogação 
 
 
 
 
 
 
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ocorrer após a propositurada ação, a ação perde seu objeto na data 
em que a lei foi revogada. 
De qualquer forma, vale destacar que, se a revogação da norma 
ocorrer quando já em pauta a ADI (ou seja, já na pauta de julgamento 
do STF), excepcionalmente não haverá prejuízo à ação direta, que será 
julgada regularmente. 
Objetivamente, podem ser objeto de ADI: 
- emendas constitucionais (normas originárias da Constituição não); 
- Constituições estaduais; 
- tratados e convenções internacionais; 
- normas primárias federais e estaduais (medidas provisórias, decretos 
autônomos, decretos legislativos, regimentos internos de tribunais); 
Podem ainda ser objeto de ADI resoluções e decisões administrativas 
dos tribunais do Poder Judiciário; atos normativos de pessoa de direito 
público (emanados de autarquias e fundações, por exemplo); pareceres 
normativos do Poder Executivo. 
Entretanto, não se admite ADI contra súmulas do Poder Judiciário, contra 
sentenças normativas da Justiça do Trabalho e nem contra convenções e 
acordos do trabalho. 
Anote aí no seu caderno mais um aspecto relevante. 
Segundo o STF, a ocorrência dos pressupostos de relevância e 
urgência para a edição de medidas provisórias não está de todo imune 
ao controle jurisdicional. 
Assim, excepcionalmente, admite-se o controle de constitucionalidade 
desses pressupostos, apenas em casos de abuso manifesto. Essa 
restrição se deve ao caráter discricionário do juízo político que envolve 
essa análise, confiado ao Poder Executivo, sob censura do Congresso 
Nacional (ADI 525-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 12-
6-91). 
3.2 – Procedimentos
A lei estabelece quórum mínimo para a instalação da sessão de 
julgamento (oito ministros) e um número mínimo de votos para que seja 
proferida a decisão de mérito (seis ministros, que representam a maioria 
absoluta). 
Como vimos, o controle abstrato tem natureza objetiva. 
Assim, uma vez proposta a ação direta, não poderá o autor dela 
desistir. Afinal, no controle em abstrato, o legitimado pela Constituição 
Federal não atua na defesa de interesse próprio, mas sim na defesa da 
 
 
 
 
 
 
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Constituição. Portanto, não poderá dispor sobre a ação, desistindo 
dela, inclusive quanto ao pedido de medida cautelar formulado. 
Outro aspecto relevante diz respeito à alegação de impedimento ou 
suspeição. Segundo o STF, não cabe arguição de suspeição de 
Ministro nos processo de controle abstrato, dado o caráter objetivo da 
ação. 
Entretanto, é possível a alegação de impedimento de Ministro, nos 
casos em que o Ministro do STF tenha atuado anteriormente no processo 
na condição de Procurador-Geral da República, Advogado-Geral da 
União, requerente ou requerido. 
Vale comentar ainda que a propositura de ADI não se sujeita a prazo 
prescricional ou decadencial e a qualquer tempo poderá ser ajuizada a 
ação direta, pois a inconstitucionalidade não se convalida com o tempo. 
Outro aspecto cobrado em concursos diz respeito à distinção entre 
pedido e causa de pedir no âmbito do controle abstrato. 
Guarde o seguinte bordão: em ação direta de inconstitucionalidade, o 
Supremo Tribunal Federal vincula-se ao pedido, mas não à causa de 
pedir, pois esta é aberta. 
I) Vinculado ao pedido → isso significa que o Supremo está 
condicionado à análise daqueles artigos que estão sendo impugnados 
pelo autor. Ou seja, a atuação do STF restringe-se àqueles dispositivos 
questionados pelo autor; não pode a Corte declarar a 
inconstitucionalidade de outros artigos não impugnados na inicial. 
II) Causa de pedir aberta → isso significa que o STF não se vincula à 
causa de pedir, ao parâmetro. Nesse sentido, pode o Supremo declarar a 
inconstitucionalidade de um artigo de uma lei, mas por motivo totalmente 
diverso daquele manifestado pelo autor na inicial. 
Em primeiro lugar, o autor (legitimado) fundamentará juridicamente a 
alegação de inconstitucionalidade. Entretanto a análise do Supremo será 
sobre a compatibilidade daquele dispositivo impugnado com toda a 
Constituição, podendo até mesmo declará-lo inconstitucional, mas por 
motivo diverso daquele alegado inicialmente. 
Às vezes, cobra-se em concurso a natureza ambivalente da ação direta 
de inconstitucionalidade. O que é isso? 
É que ao analisar a ADI, a decisão do Supremo pela sua procedência 
indica a invalidade da norma, uma vez que ela foi declarada em 
desconformidade com a Constituição. 
De outro lado, a decisão pela improcedência indica a validade da norma. 
Ou seja, pelo fato de a causa de pedir ser aberta, ao analisar 
determinada lei (ou um dispositivo em particular) o Supremo a estará 
confrontando com todo o ordenamento constitucional. E se a ADI foi 
 
 
 
 
 
 
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improcedente, isso quer dizer que não há ofensa a nenhuma norma ou 
princípio constitucional, o que significa a constitucionalidade da norma. 
Em suma, 
I) se a ação direta é julgada procedente, estará sendo declarada a 
inconstitucionalidade da norma impugnada; 
II) se a ação direta é julgada improcedente, estará sendo declarada a 
constitucionalidade da norma impugnada. 
Daí a ideia de caráter dúplice ou ambivalente da ADI. Ela surte efeitos 
num e noutro sentido (tanto na procedência, quanto na improcedência). 
23) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Na ação direta de 
inconstitucionalidade, a atividade judicante do STF está 
condicionada pelo pedido, mas não pela causa de pedir, que é tida 
como “aberta”. 
Em ação direta de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal 
vincula-se ao pedido, mas não à causa de pedir, pois esta é aberta. 
Item certo. 
24) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) O requerente 
não pode desistir da ação direta de inconstitucionalidade que haja 
proposto. 
Trata-se do chamado “princípio da indisponibilidade”, ao qual se 
submetem todas as ações do controle abstrato perante o STF. 
Isso ocorre porque as ações do controle abstrato de constitucionalidade 
têm natureza objetiva (não buscam tutela de interesses pessoais do 
autor). O papel do autor é acionar o Supremo, para que este 
desempenhe sua função de guardião da Constituição. Suscitada a 
controvérsia na Corte Maior, perde o legitimado a disposição sobre 
aquela ação. 
Daí não se admitir a desistência no âmbito de ADI (nem de outras ações 
do controle abstrato). Afinal de contas, esse interesse público protegido é 
indisponível. 
Aliás, não se admite nem mesmo o pedido de desistência de medida 
cautelar em sede de ADI. 
Item certo. 
3.3 – Participação do PGR e do AGU
Tanto o Procurador-Geral da República quanto o Advogado-Geral da 
União desempenham papéis fundamentais no controle de 
constitucionalidade em sede de ADI. 
 
 
 
 
 
 
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No caso do PGR, além de ser um dos legitimados universais para 
propor ADI (e demais ações), ele deve ser previamente ouvido em todas 
as ações do controle em abstrato perante o STF. 
Nesse caso, sua manifestação deverá ser imparcial, podendo opinar 
tanto pela constitucionalidade, como pela inconstitucionalidade da norma. 
Seu parecer é opinativo, e não vincula os Ministros do STF. Poderá o 
PGR opinar até mesmo nas ações diretas por ele propostas (inclusive 
poderá propor ADI requerendo a declaração da inconstitucionalidade e, 
no parecer, pronunciar-se pela improcedência da ação). Não poderá, 
entretanto, desistir da ação direta por ele proposta (como já visto). 
Já o Advogado-Geral da União deve ser citado para defender o ato ou 
texto impugnado, conforme o art. 103, § 3º da CF/88, cabendo

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