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CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 10 - Controle da Constitucionalidade – parte 1 Bom dia! Hoje trataremos do assunto mais interessante do direito constitucional: controle de constitucionalidade das leis. Aliás, vamos começar a estudá- lo, pois esse assunto será abordado também na próxima aula. Posso dizer que o controle de constitucionalidade agrupa o conhecimento de toda a matéria já estudada neste curso. Outro aspecto, é que esse assunto exige uma maior capacidade de compreensão do candidato, privilegiando o raciocínio em detrimento da mera capacidade de memorização. E isso é muito bom! Na próxima aula, terminaremos o estudo do controle de constitucionalidade e veremos ainda os princípios da ordem econômica, o sistema financeiro nacional, bem como os princípios constitucionais da seguridade social (assuntos extra escopo que resolvi incluir, depois da solicitação de alguns alunos). Afinal, o que vale é o aprendizado do aluno e o melhor aproveitamento do curso por parte dele. Mas vamos já começar a falar de controle... Desde criança, já podemos ter uma noção do que é controle, por meio do respeito às regras estabelecidas pelos nossos pais. Mas só vamos, de fato, conhecer o verdadeiro controle a partir do casamento, não é?...rs Brincadeiras à parte, o que é o controle de constitucionalidade? Posso nesta introdução ser bem simplista e afirmar que se trata de um mecanismo de fiscalização da validade de todas as normas do ordenamento jurídico frente às regras estabelecidas pela Constituição. Digamos que ao final da aula, você deve ser capaz de responder: quais são os sistemas, modelos e momento do controle? Quem pode provocar o controle de constitucionalidade? Quem tem competência para julgar a constitucionalidade de leis e atos normativos? Quais os efeitos da declaração de inconstitucionalidade? E por aí vai... Veja o conteúdo da Aula de hoje 1 – Noções de Controle de Constitucionalidade 1.1 – Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade 1.2 – Espécies de inconstitucionalidade 1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controle 1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade brasileiro 1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidade 2 – Controle difuso 2.1 – Efeitos da decisão 2.2 – Atuação do Senado Federal 3 – Ação Direta de Inconstitucionalidade CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 2 www.pontodosconcursos.com.br 3.1 – Objeto 3.2 – Procedimentos 3.3 – Participação do PGR e do AGU 3.4 – Amicus curiae 3.5 – Efeitos da Decisão 3.6 – Medida Cautelar em ADI 4 – Exercício de fixação Boa aula! 1 - Noções de Controle de Constitucionalidade O controle de constitucionalidade relaciona-se com a fiscalização da conformidade das leis e atos normativos frente à Constituição. Assim, o objetivo do controle de constitucionalidade é exatamente verificar a observância das normas constitucionais por parte das demais leis. Trata-se de verificar a compatibilidade das demais normas frente à Constituição. Assim, a princípio, todas as leis são válidas. É dizer: as leis e atos normativos estatais são considerados válidos, constitucionais, até que venham a ser formalmente declarados inconstitucionais. Essa noção relaciona-se com o denominado princípio da presunção de constitucionalidade das leis. Bem, mas por que a lei deve respeito à Constituição? Você já se perguntou por que um conflito entre a Constituição e uma norma qualquer se resolve sempre em detrimento desta última, prevalecendo sempre a primeira? Isso pode parecer óbvio, mas não é. As leis devem respeitar a Constituição exatamente pelo fato de que ela dispõe de superioridade hierárquica sobre todo o ordenamento jurídico. Significa que ela está acima das demais normas, funcionando como fundamento de validade de todas elas. Em suma, podemos dizer: I) a princípio, até que se diga o contrário, toda lei deve ser seguida e respeitada, devido à presunção de legitimidade das leis; II) entretanto, para ser válida de fato, a lei deve estar de acordo com a norma superior (Constituição), sob pena de nulidade. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 3 www.pontodosconcursos.com.br 1.1 - Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade Para o estudo do controle de constitucionalidade, partimos da premissa de que a nossa Constituição é do tipo rígida, o que faz nascer o princípio da supremacia formal da Constituição. Recordar é viver! Se a nossa Constituição é rígida, ela exige um procedimento especial para sua alteração, mais dificultoso do que o das demais normas. Pois se o procedimento de alteração da Constituição for o mesmo das demais leis, uma simples lei poderia alterar a Constituição. Afinal, imagine um sistema de Constituição flexível, em que tanto as normas constitucionais quanto as demais normas exigem apenas maioria simples de votos para sua produção... Nessa hipótese, qualquer lei aprovada após a Constituição que esteja em conflito com ela poderá revogar seus dispositivos. Isso porque nos sistemas de Constituição flexível, não há superioridade formal entre as normas constitucionais e as demais leis. Assim sendo, estas não precisam respeitar aquelas. Objetivamente: a rigidez é que posiciona a nossa Constituição Federal no vértice, no topo do ordenamento jurídico. É nos ordenamentos de Constituição rígida que vigora o princípio da supremacia formal da Constituição. E, por conseqüência, todos os atos e manifestações jurídicas, para permanecerem no ordenamento jurídico, devem estar de acordo com a Lei Maior, a Constituição. Daí a necessidade da existência de controle de constitucionalidade, para verificar a compatibilidade desses atos e manifestações com as regras e princípios da Constituição Federal. Lembre-se: supremacia material e supremacia formal não se confundem! Essa superioridade que posiciona a Constituição em um plano superior e exige conformidade das demais normas com seus princípios e suas regras consiste na supremacia formal (supremacia decorrente das formalidades especiais exigidas para a alteração das normas constitucionais). Observe que essa força das normas constitucionais não existe devido ao seu conteúdo. Não é a dignidade do tema tratado que faz nascer essa superioridade. Ela decorre do simples fato de a norma estar dentro da Constituição rígida. É que também existe a supremacia material, aí sim, decorrente da matéria, do conteúdo da norma. Essa supremacia decorre do fato de uma norma tratar de matéria relevante, substancialmente constitucional. Não há qualquer relação com o processo de elaboração da norma ou com o fato de ela estar dentro ou fora de um documento único. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 4 www.pontodosconcursos.com.br Objetivamente: I) o estabelecimento de um procedimento mais dificultoso para a alteração das normas constitucionais (rigidez) propicia o surgimento de uma supremacia formal da Constituição; II) assim, a Constituição passa a se situar num plano hierárquico superior a todo o ordenamento jurídico, funcionando como fundamento de validade das normas inferiores; III) portanto, só serão válidas as leis que respeitarem a Constituição (tanto no que diz respeito ao conteúdo da lei quanto no que se refere ao seu processo de formação); IV) o instrumento para verificação dessa compatibilidade denomina-se controle de constitucionalidade. Portanto, o que quero que você compreenda é que só faz sentido falar-seem controle de constitucionalidade se a Constituição estiver acima das leis (onde haja supremacia formal constitucional, decorrente da rigidez). Pois, nesse caso, a lei sempre sucumbirá frente à Constituição, seja por incompatibilidade formal ou material. Muito bonito tudo isso, não? Bem, antes de continuar, convido-o a resolver esta questão. 1) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A supremacia jurídica da Constituição é que fornece o ambiente institucional favorável ao desenvolvimento do sistema de controle de constitucionalidade. É isso mesmo! O controle de constitucionalidade tem como ponto de partida a supremacia da Constituição, que deriva da rigidez constitucional. Item certo. 1.2 - Espécies de inconstitucionalidade Podemos considerar que é inconstitucional toda ação ou omissão que ofenda, mesmo que parcialmente, a Constituição. Entretanto, saiba que não poderão ser declaradas inconstitucionais: I) normas constitucionais produzidas pelo poder constituinte originário; II) normas pré-constitucionais (até se admite o controle de constitucionalidade de normas anteriores à Constituição; todavia, esse confronto se resolve pela recepção/revogação da norma, e não pela constitucionalidade/inconstitucionalidade). Terminamos o item anterior mencionando a incompatibilidade formal e a incompatibilidade material. Está clara para você a diferença entre as duas? CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 5 www.pontodosconcursos.com.br Bem, a inconstitucionalidade pode originar-se do conteúdo da lei ou do seu processo de formação. A inconstitucionalidade material ocorre quando o conteúdo da lei desrespeita a Constituição (por exemplo, uma lei que permitisse a contratação de servidores sem concurso para cargos efetivos estaria contrariando o art. 37, II). A inconstitucionalidade formal ocorre quando o processo de elaboração da norma contraria as regras estabelecidas pela Constituição. A título meramente exemplificativo, podemos citar as seguintes situações: a) uma lei municipal trata de assunto de competência privativa da União – trata-se da inconstitucionalidade formal orgânica; b) uma lei ordinária trata de assunto reservado à lei complementar – trata-se de vício formal objetivo; c) uma lei resultante de iniciativa parlamentar trata de assunto cuja iniciativa privativa compete ao presidente da República – trata-se de vício formal subjetivo, ligado à pessoa. Deixe-me usar uma questão recente (nesse caso, do Cespe) para falar um pouco mais desse assunto. 2) (CESPE / ANALISTA ADMINISTRATIVO / DPU / 2010) A inconstitucionalidade formal se verifica quando a lei ou ato normativo apresenta algum vício em seu processo de formação. O desrespeito a uma regra de iniciativa exclusiva para o desencadeamento do processo legislativo constitui exemplo de vício formal objetivo. Segundo a doutrina, a inconstitucionalidade formal pode decorrer de: (i) aspectos orgânicos (se for violada a competência legislativa de um ente); (ii) vícios formais propriamente ditos (que podem ser subjetivos – de iniciativa - e objetivos); e (iii) violação a pressupostos objetivos do ato normativo. Quanto a esta última forma (pressupostos objetivos do ato normativo), segundo o prof. Pedro Lenza, ocorre quando não são cumpridos certos pressupostos para a adequada formulação do ato (por exemplo, uma medida provisória que não respeite os pressupostos de relevância e urgência). A questão está errada, pois o vício de iniciativa é vício formal subjetivo (e não objetivo). Item errado. A inconstitucionalidade pode se dar tanto por ação quanto por omissão. A primeira quando decorre de uma conduta comissiva, positiva. A última quando o Poder Público deixa de atuar em situações em que a CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 6 www.pontodosconcursos.com.br Constituição obriga determinada medida (por exemplo, quando o Congresso deixa de elaborar uma lei, cuja edição era determinada pela Constituição). A inconstitucionalidade por conduta omissiva geralmente ocorre diante de uma norma constitucional de eficácia limitada, e apenas nos casos em que a Constituição exige (não se trata de mera faculdade) a produção de uma lei para tornar efetivo determinado direito. E qual instrumento (já estudado no início deste curso) funcionaria como mecanismo hábil para o controle da inconstitucionalidade por omissão, diante de casos concretos? Se você respondeu o mandado de injunção é isso mesmo! Ademais, mais à frente, estudaremos também a ADI por omissão que se trata do controle em abstrato da omissão inconstitucional. A inconstitucionalidade pode ser ainda originária ou superveniente. A inconstitucionalidade originária ocorre quando a norma nasce inconstitucional, frente à Constituição de sua época. Já a inconstitucionalidade superveniente ocorre quando uma norma é válida frente à Constituição de sua época. Entretanto, revogada a Constituição antiga é promulgada uma nova Constituição tratando aquele assunto de forma diferente. Assim, essa norma passa a desrespeitar o novo regramento constitucional daquele tema. Assim, imagine que uma Constituição admita a tortura e o Congresso edite a lei “A” regulamentando esse assunto. Essa lei, a princípio, é válida. Entretanto, se uma nova Constituição é promulgada suprimindo a possibilidade de tortura, aquela lei “A” estaria incompatível com a nova Constituição, por fator superveniente (a mudança se deu após a edição da norma). Mas, no Brasil, não se admite a inconstitucionalidade superveniente. Assim, não faça confusão: nesse exemplo, a lei “A” seria revogada pela nova Constituição. Porque a incompatibilidade entre uma lei e a Constituição superveniente se resolve pela revogação daquela, e não pela declaração de inconstitucionalidade. Objetivamente: não há inconstitucionalidade superveniente no Brasil. 1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controle Apresentarei neste item as diversas classificações existentes para o controle de constitucionalidade. Assim, veremos os sistemas, momentos, modelos e vias de controle. Vimos que o controle de constitucionalidade origina-se na fiscalização da conformidade das leis e atos normativos com a Constituição. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 7 www.pontodosconcursos.com.br Logo de início, você tem de ter em mente que esse controle de constitucionalidade nem sempre é atribuído ao Poder Judiciário (chamado sistema jurisdicional). Na verdade, há ainda os chamados sistemas de controle político e misto. Trata-se de diferentes sistemas de controle. O mais óbvio é o controle jurisdicional, em que a Constituição outorga competência ao Judiciário para realizar o controle de constitucionalidade das leis. Segundo a doutrina, atualmente, a maioria das Constituições adota esse modelo, incluindo a brasileira. Já o sistema de controle político ocorre quando essa competência é atribuída a órgão externo ao Judiciário, de natureza política (por exemplo, quando, na Europa do século passado, o controle era função do próprio Poder Legislativo). Ocorre o controle misto quando a Constituição submete determinadas categorias de leis ao controle político e outras ao controle jurisdicional. Bem, apesar de, em regra, no Brasil, o controle de constitucionalidade ser função do Judiciário (sistema jurisdicional), você deve ter em mente que convivemos com exemplos de controle não-jurisdicional, em que, de forma excepcional, os poderes Executivo e Legislativo exercem controle de constitucionalidade. No que se refere ao Poder Legislativo, o controle de constitucionalidade é exercido:a) na apreciação preventiva da Comissão de Constituição e Justiça – CCJ das proposições legislativas; b) na sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa (art. 49, V); e c) na apreciação das medidas provisórias. O Poder Executivo também realiza controle de constitucionalidade ao: a) vetar projetos de lei inconstitucionais (veto jurídico, nos termos do §1° do art. 66 da CF/88); b) determinar aos órgãos a ele subordinados que deixem de aplicar determinada lei por considerá-la inconstitucional; e c) determinar a intervenção a fim de restabelecer a obediência à Constituição Federal. Sintetizando: CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 8 www.pontodosconcursos.com.br Outro aspecto importante que você já deve ter observado: o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro inclui manifestações não só repressivas, mas também preventivas (como o veto jurídico do Presidente da República e a atuação da Comissão de Constituição e Justiça das Casas Legislativas). Assim, enquanto o controle repressivo tem por finalidade afastar a aplicação de uma lei ou retirá-la do ordenamento jurídico, o controle preventivo visa a impedir a entrada em vigor de uma norma inconstitucional. Um exemplo de controle preventivo: se um projeto de lei inconstitucional estiver tramitando no Congresso, pode um parlamentar impetrar mandado de segurança para assegurar seu direito líquido e certo de não participar da elaboração de uma norma inconstitucional. Nesse caso, poderá o STF sustar a tramitação daquele projeto de lei (repare que se trata de um controle preventivo exercido pelo Poder Judiciário). Quanto ao modelo, o controle de constitucionalidade pode se dar: (i) de forma difusa ou (ii) de forma concentrada. De forma difusa, o controle é atribuição de todos os membros do judiciário. Esse modelo, também conhecido como “aberto”, é baseado no controle de constitucionalidade dos Estados Unidos da América. De forma concentrada, a atribuição de fiscalizar a constitucionalidade é restrita ao órgão de cúpula do Poder Judiciário. O modelo concentrado, ou reservado, originou-se na Áustria, sob a influência do jurista Hans Kelsen. No Brasil, esses modelos são combinados, no sentido de que há controle de constitucionalidade difuso, mas também controle de constitucionalidade em sua forma concentrada, ações, desde o princípio, de competência do órgão de cúpula do Judiciário. Uma classificação importante para entender o controle de constitucionalidade diz respeito às via de controle. Uma lei pode ser impugnada perante o Poder Judiciário em concreto (diante de ofensa a direito, em determinado caso concreto submetido à apreciação do Poder exercido por órgãos externos ao Poder Judiciário Controle não-jurisdicional Legislativo Executivo Veto do Poder Executivo (art. 66, §1°) Inaplicação da lei pelo chefe do executivo Processo de intervenção CCJ Veto legislativo (art. 49, V) Apreciação de medidas provisórias CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 9 www.pontodosconcursos.com.br Judiciário), ou em abstrato (quando a lei é impugnada “em tese”, sem vinculação a um caso concreto). E qual a diferença? No controle concreto (via incidental ou de exceção), qualquer pessoa prejudicada por uma lei pode requerer, em qualquer processo judicial concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário, perante qualquer juiz ou tribunal, a declaração da inconstitucionalidade dessa lei a fim de afastar a sua aplicação (com efeitos restritos a esse caso concreto - eficácia inter partes). Controle concreto (via incidental ou de exceção) I) Qualquer prejudicado é legitimado ativo II) Qualquer juiz ou tribunal está apto a deixar de aplicar a lei naquele caso concreto III) Não há ação específica, pois ocorre em qualquer processo submetido à apreciação do Judiciário IV) eficácia inter partes No controle abstrato (via principal ou de ação direta), só é dado a determinados legitimados argüir o órgão de cúpula do Judiciário, a respeito da constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei. Nesse caso, a análise se dá em tese, independentemente de um problema concreto, com o fim de proteger a harmonia do ordenamento jurídico. Esse julgamento ocorre mediante uma ação especial, que trará efeitos para todos (eficácia geral ou erga omnes). Controle abstrato (via principal ou de ação direta) I) Os legitimados ativos se restringem aos indicados na CF/88 (art. 103) II) Somente os órgãos de cúpula do Judiciário julgam essas ações III) Há ações específicas: ADI, ADC, ADO e ADPF IV) eficácia geral ou erga omnes Repare que o nome via principal (via de ação ou controle abstrato) decorre exatamente do fato de que nessa ação não há lide: o pedido principal é precisamente a declaração de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade da lei. Ao contrário, na via incidental o pedido principal é a satisfação de um direito do impetrante, e a questão de inconstitucionalidade surge apenas incidentalmente no julgamento do caso. São vários os aspectos, mas o esquema abaixo pode te auxiliar a memorizar esses detalhes. Sintetizando: CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 10 www.pontodosconcursos.com.br Vamos ver algumas questões. 3) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) No Brasil, o controle de constitucionalidade realiza-se mediante a submissão das leis federais ao controle político do Congresso Nacional e as leis estaduais, municipais, ou distritais ao controle jurisdicional. O controle misto existe quando a Constituição submete determinadas categorias de leis ao controle político e outras ao controle jurisdicional. Observe que a questão está remetendo a esse tipo de modelo. Como você sabe, não é esse modelo o adotado pelo Brasil. No sistema de controle de constitucionalidade brasileiro, todos os membros do Poder Judiciário exercem jurisdição constitucional, não só de leis nacionais, quanto das leis estaduais e municipais. Todavia, você deve ter em mente que há, ainda, no Brasil, exemplos de controle não-jurisdicional, em que, de forma excepcional, os poderes Executivo e Legislativo exercem controle de constitucionalidade. Item errado. 4) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Somente o Supremo Tribunal Federal (STF) é competente para desempenhar o controle incidental de constitucionalidade no Brasil. A assertiva está errada porque o controle incidental (concreto) é realizado por qualquer tribunal ou juiz do Poder Judiciário. Diante de um caso concreto, qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei, para afastar a sua aplicação a esse caso concreto. Lembre-se que há, ainda, o chamado controle de constitucionalidade não-jurisdicional, realizado incidentalmente por órgãos não-pertencentes ao Judiciário: chefe do Executivo, Poder Legislativo ou os tribunais de contas. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 11 www.pontodosconcursos.com.br Aliás, mesmo que a questão se restringisse ao controle abstrato, não estaria totalmente correta, visto que também os Tribunais de Justiça realizam controle em tese, só que tendo a Constituição Estadual como parâmetro. Vamos aprofundar esse detalhe mais à frente. Item errado. 5) (ESAF/AFRFB/2009) O sistema de controle Judiciário de Constitucionalidade repressiva denominado reservado ou concentrado é exercido por via de ação. De fato, em regra, o sistema concentrado (também conhecido como reservado)de controle de Constitucionalidade é exercido por via de ação. Item certo. 6) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) No Brasil, a jurisdição constitucional concentrada é reconhecida a todos os componentes do Poder Judiciário e pode se dar mediante iniciativa popular. De forma concentrada, a atribuição de fiscalizar a constitucionalidade é restrita ao órgão de cúpula do Poder Judiciário. O modelo concentrado, ou reservado, originou-se na Áustria, sob a influência do jurista Hans Kelsen. Ademais, não há iniciativa popular para instaurar esse controle. Item errado. 7) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A supremacia da Constituição exige que todas as situações jurídicas se conformem com os princípios e preceitos da Constituição, mas ainda não existe instrumento jurídico capaz de corrigir omissão inconstitucional. Como vimos, a supremacia formal situa a Constituição no ápice do ordenamento jurídico, sendo que todas as situações devem se conformar às suas normas. Assim, não só os atos comissivos mas também os comportamentos omissivos devem estar em conformidade com a Constituição. A questão está ERRADA, pois, ao contrário do que afirma, há instrumento destinado à correção da omissão inconstitucional. Trata-se da chamada ADI por omissão, prevista no art. 103, § 2° (que ainda abordaremos). Ademais, o mandado de injunção também tem finalidade de controle da omissão inconstitucional (art. 5º, LXXI). Item errado. O aluno que conhece o controle de constitucionalidade já percebeu que muitas vezes os termos controle abstrato e concentrado são tratados como sinônimos (até mesmo pelas bancas examinadoras). O mesmo ocorre com as expressões controle difuso e incidental. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 12 www.pontodosconcursos.com.br Repare que não se trata exatamente da mesma coisa. É que, de fato, regra geral, o controle incidental é realizado no modelo difuso, enquanto a fiscalização abstrata é exercida de forma concentrada. Entretanto, existem hipóteses em que o controle é concentrado no STF, mas ele se dá diante de um problema concreto. Exemplo: mandado de segurança impetrado por parlamentar contra projeto de lei flagrantemente inconstitucional. Trata-se de um caso concreto (direito subjetivo do parlamentar) exercido de forma concentrada no STF. Bem, antes de fazermos algumas questões relacionadas com esse assunto, vale a pena chamar sua atenção para o fato de que você tem de separar muito bem o controle incidental, diante de casos concretos, do controle abstrato, em que se discute a lei em tese, como pedido principal da ação. Ou seja, no controle abstrato, o impetrante não tem um interesse próprio na causa, ele aciona o órgão de cúpula do Poder Judiciário para dizer se determinada lei é ou não válida perante o ordenamento jurídico. Por fim, lembre-se de que o controle abstrato ocorre em duas vertentes. A primeira visa a analisar a compatibilidade da norma frente à Constituição Federal, em que o controle abstrato ocorre exclusivamente perante o STF (nenhum outro órgão realiza controle abstrato frente à Constituição Federal). Em outra vertente, há o controle em âmbito estadual, em que se analisa a compatibilidade da norma frente à Constituição Estadual. Nesse caso, o controle abstrato ocorre exclusivamente perante o Tribunal de Justiça local, uma vez que é ele o guardião, quem diz a última palavra sobre a Constituição Estadual. Tendo esses aspectos bem compartimentados na sua cabeça, você já terá dado um grande passo para entender todo o controle de constitucionalidade. E o mais importante: um grande passo para acertar as questões sobre esse assunto. Falando nisso, posso te dizer que ao acertar uma única questão mediana de controle de constitucionalidade você passa na frente de milhares de candidatos que não conseguem compreender muito bem esse assunto. Uma questão tornará mais clara essa distinção entre controle face à Constituição Federal e controle face à Constituição Estadual. 8) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Os tribunais de justiça nos Estados podem desempenhar o controle abstrato de leis estaduais e municipais em face diretamente da Constituição Federal. Em âmbito federal (tendo a CF/88 por parâmetro), a jurisdição constitucional abstrata se dá apenas no Supremo Tribunal Federal. Na verdade, temos o controle abstrato no Tribunal de Justiça apenas na esfera estadual (tendo a Constituição Estadual como parâmetro). CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 13 www.pontodosconcursos.com.br Portanto, fique atento! São dois tipos distintos de controle abstrato no Brasil: um perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e outro perante os Tribunais de Justiça (TJ). O primeiro protegendo a supremacia da CF/88, este último garantindo o respeito à Constituição Estadual. E é relevante que você cuide de separá-los bem ao estudar esse assunto (e na prova também). Objetivamente: I) STF → controle abstrato em face da Constituição Federal II) TJ → controle abstrato em face da Constituição Estadual Item errado. 9) (ESAF/AFRFB/2009) O Supremo Tribunal Federal não admite controle concentrado pelo Tribunal de Justiça local de lei ou ato normativo municipal contrário, diretamente, à Constituição Federal. O controle concentrado de constitucionalidade frente à Constituição Federal é realizado apenas perante o Supremo Tribunal Federal. O controle abstrato realizado pelos tribunais de justiça limita-se à aferição da validade de leis e atos normativos estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, §2º), jamais em confronto direto com a Constituição Federal. Item certo. Frisei bem a diferença entre o controle exercido pelo STF e o controle exercido pelo Tribunal de Justiça local. Agora, uma última pergunta, para dar um nó geral na sua cabeça... podemos concluir que o TJ não realiza controle de constitucionalidade tendo a Constituição Federal como parâmetro? Não, não podemos. Por quê? Porque, incidentalmente, no controle difuso, poderá o TJ desempenhar o controle concreto das leis em face diretamente da Constituição Federal. Vamos fazer mais algumas questões? 10) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a norma constitucional originária não é passível de controle de constitucionalidade. De fato, se todas as normas constitucionais originárias foram elaboradas pelo poder constituinte originário, não há hierarquia entre elas. Considerando ainda que não há limites nem condições para o exercício do Poder constituinte originário, não há que se falar em controle de constitucionalidade de norma originária. Por outro lado, as normas constitucionais derivadas, resultantes de emendas à Constituição, podem ser objeto de controle de constitucionalidade. É que, para serem válidas, as emendas à CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 14 www.pontodosconcursos.com.br Constituição devem respeitar as regras e limitações – circunstanciais, processuais e materiais - do art. 60 da Constituição Federal. Item certo. 11) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Não há possibilidade de manifestar-se o Supremo Tribunal Federal, ainda que incidentalmente, sobre a constitucionalidade de uma proposta de emenda à Constituição, uma vez que o controle de constitucionalidade no Brasil é repressivo e essa manifestação ofenderia o princípio de separação dos poderes. Você sabe que as emendas à Constituição devem estar de acordo com o art. 60 da CF/88. Em especial, de acordo com as cláusulas pétreas previstas no art. 60, § 4°. Pois bem, poderia uma proposta de emenda constitucional(PEC) ser questionada quanto à sua constitucionalidade, caso previsse a instituição da pena de morte, por exemplo? Sim, poderia, desde que no âmbito do controle incidental de constitucionalidade por meio de mandado de segurança interposto no Supremo Tribunal Federal, por congressista da Casa Legislativa em que a PEC estiver tramitando. Vale comentar que o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro inclui manifestações não só repressivas, mas também preventivas (como o veto jurídico do Presidente da República e a atuação da Comissão de Constituição e Justiça das Casas Legislativas). E se essa PEC não fosse impugnada e passasse a integrar a Constituição, poderia a norma resultante ser questionada no Supremo? Sim, poderia. Tanto incidentalmente, quanto por meio de ADI. Guarde essas diferenças. Item errado. 1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade brasileiro Muitos alunos não gostam de estudar controle de constitucionalidade, devido aos inúmeros detalhes envolvidos. É importante mencionar que a Constituição de 1988 é, em parte, culpada disso, tendo em vista que enriqueceu significativamente o controle de constitucionalidade brasileiro. Mas, vejamos, de forma esquemática, como se deu a evolução do controle no Brasil, desde a sua criação. Sintetizando: CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 15 www.pontodosconcursos.com.br 12) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A Constituição de 1988 trouxe inúmeras inovações ao controle de constitucionalidade, entre elas a ampliação do rol de legitimados para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade. A CF/88 ampliou significativamente a legitimação ativa da ADI (art. 103, I ao IX), antes exclusiva do Procurador-Geral da República. Além disso: criou a inconstitucionalidade por omissão, controlada por meio de mandado de injunção (art. 5º, LXXI) e a ADI por omissão (art. 103, § 2º); criou a ADPF (art. 102, § 1º); em 1993, a EC nº 3/1993 criou a ADC (art. 102, I, a); em 2004, a EC nº 45/2004 criou a súmula vinculante para as decisões do STF (art. 103-A) e ampliou a legitimação ativa da ADC, igualando-a à legitimação em ADI (art. 103, I a IX). Item certo. 1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidade Tendo em vista o princípio da supremacia da Constituição, a regra é a aplicação do princípio da nulidade da lei declarada inconstitucional. Isso significa que, dada a superioridade da Constituição, uma lei que contrarie a Carta Maior é nula desde a sua edição, não podendo produzir efeitos (ou seja, a declaração de inconstitucionalidade de uma lei produziria efeitos retroativos, ex tunc, como se atestasse que aquela norma nunca fez parte do ordenamento jurídico). 1967/1969 1891 1934 1937 1946 1988 criou o controle difuso criou (i)a representação interventiva; (ii) a reserva de plenário; e (iii) a competência do Senado Federal para suspender a execução da lei definitivamente declarada inconstitucional pelo STF no controle difuso criou a possibilidade de o Presidente da República submeter ao Parlamento a decisão do Judiciário que havia declarado a inconstitucionalidade da lei (i) criou a ADI de leis federais e estaduais; e (ii) estabeleceu a possibilidade de controle concentrado nos Estados-membros (i) suprimiu o controle concentrado nos estados; e (ii) criou a representação interventiva estadual, para fins de intervenção do Estado em Município. (i) ampliou a legitimação ativa do controle abstrato; (ii) criou o Mandado de Injunção e a a ADO ; (iii) criou a ADPF; (iv) criou a ADC (EC nº 3/1993 ); e (v) criou a súmula vinculante (EC nº 45/2004) CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 16 www.pontodosconcursos.com.br Entretanto, como comentado, essa é a regra. Na realidade, haverá situações concretas em que essa declaração de nulidade causará transtornos imensos. Imagine uma lei que criasse um órgão público, mas sofresse vícios de iniciativa que resultam na sua inconstitucionalidade. Agora, imagine que a declaração de inconstitucionalidade ocorresse apenas anos após a criação desse órgão. Nessa situação hipotética, se a lei fosse declarada nula desde a sua origem, resolveríamos o problema jurídico, mas estaríamos diante de um problema real: todos os atos praticados pelo órgão poderiam ser impugnados por nulidade. Nessa situação hipotética extrema, se aquele órgão tivesse firmado contratos, emitido certidões, contratado servidores, nada disso teria validade. Os contratos, por exemplo, poderiam ser desfeitos. E os servidores poderiam ir para a rua... Assim, em homenagem aos princípios da segurança jurídica, do interesse social e da boa fé, tem-se admitido a modulação dos efeitos temporais da decisão de inconstitucionalidade. Ou seja, o Supremo admite que a lei produza efeitos, estabelecendo uma data a partir da qual aquela lei passa a ser inválida. Isso permite uma adequação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade à realidade fática. Com isso, podemos considerar que a jurisprudência desenvolveu uma flexibilização da rigidez da teoria da nulidade. Esse entendimento já está positivado pelo art. 27 da Lei 9.868/99: “Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.” Em suma, por razões de segurança jurídica ou diante de relevante interesse social, poderá o STF, ao proclamar a inconstitucionalidade, desde que por deliberação de dois terços dos seus membros: I) restringir os efeitos da sua decisão → isso significa que poderia o Supremo afastar determinados efeitos da sua declaração a determinados atos ou situações; II) outorgar efeitos ex nunc (dali pra frente) à sua decisão → isso significa afastar a retroatividade de sua manifestação, preservando atos já praticados com base naquela norma; por conseqüência a declaração surtiria efeitos apenas dali pra frente; III) determinar outro momento para o início da eficácia → isso significa que poderá o STF entender que o melhor momento para o início da CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 17 www.pontodosconcursos.com.br eficácia da sua decisão não é a data da publicação da lei (ex tunc) nem a data da declaração da inconstitucionalidade (ex nunc); assim, fixaria um outro momento para o início da produção de efeitos daquela declaração de inconstitucionalidade. Um clássico exemplo da aplicação dessa flexibilização no âmbito do controle difuso foi o caso do município de Mira Estrela (SP), em que se considerou contrária à Constituição Federal a lei orgânica municipal, que previa 11 vereadores em um município de apenas 2.651 habitantes (entendeu-se que o correto seria a previsão do mínimo de 9 vereadores). Na época do julgamento, vários atos já haviam sido realizados com a composição de 11 vereadores. A aplicação pura e simples da teoria de nulidade nesse caso acarretaria a nulidade de todos os atos produzidos pelo legislativo municipal desde então. Imagine o caos! Considerando o princípio da segurança jurídica, admitiu-se que se tratava de situação excepcional, em que a declaração de nulidade, com seus normais efeitos ex tunc, resultaria grave ameaça a todo o sistema legislativo vigente. Prevaleceria então o interesse público para assegurar, em caráter de exceção, efeitospro futuro (ex nunc) à declaração incidental de inconstitucionalidade (RE 197.917/SP, rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento 06/06/02). Chega de bla bla bla... Objetivamente: I) a regra é a declaração de inconstitucionalidade com efeitos ex tunc; II) entretanto, o Supremo poderá, excepcionalmente, dar a ela efeitos ex nunc, ou mesmo estabelecer um outro momento para o início da produção de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Daí se dizer que é válida (em caráter excepcional) a declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade da lei. 13) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de ação direta de inconstitucionalidade, por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o Supremo Tribunal Federal, por quórum qualificado, poderá restringir os efeitos daquela declaração. Como vimos, os efeitos das decisões do STF são, em regra, ex tunc (ou retroativos). Entretanto, em ocasiões excepcionais, é admitida a modulação de efeitos temporais por parte da Corte. Vale destacar que é admitida a modulação de efeitos temporais mesmo no âmbito do controle incidental. Item certo. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 18 www.pontodosconcursos.com.br 2 - Controle difuso Nesse item passamos a analisar o funcionamento do controle difuso de constitucionalidade realizado de forma incidental, diante de casos concretos. Como vimos, o controle difuso é atribuição de todos os membros do judiciário. Esse modelo, também conhecido como “aberto”, é baseado no controle de constitucionalidade dos Estados Unidos da América. Ou seja, o que o caracteriza é o fato de que qualquer componente do Poder Judiciário, juiz ou tribunal, poderá declarar a inconstitucionalidade de uma norma, diante de um caso concreto. E ele nem precisa ser provocado a isso. É dizer, diante de um caso concreto, mesmo que não seja questionada a inconstitucionalidade da lei pelas partes, poderá o magistrado agir de ofício, afastando a aplicação da lei naquele caso concreto. De qualquer forma, você deve saber que essas decisões proferidas por esses juízes e tribunais do Poder Judiciário não serão capazes de extinguir a norma do ordenamento jurídico, pois elas valem apenas naquele caso que eles estão decidindo. Ademais, no controle difuso, as decisões dos órgãos inferiores do Judiciário não serão definitivas, pois poderão ser levadas ao Supremo Tribunal Federal por meio de recurso extraordinário, como veremos mais à frente. Agora me diga: quais são as ações do controle difuso? Quem entende muito de controle de constitucionalidade já sacou: não há ação específica para o controle difuso. O controle incidental poderá ocorrer em meio a qualquer processo judicial, independentemente da sua natureza ou espécie. Assim, mandados de segurança, habeas corpus, ação civil pública etc. todas essas ações poderão ser utilizadas para o exercício do controle de constitucionalidade na via incidental, diante de casos concretos. Agora, veja como o controle de constitucionalidade é cheio de detalhes interessantes. Vimos que qualquer juiz que esteja decidindo um caso concreto poderá, monocraticamente, deixar de aplicar a lei por entendê- la inconstitucional. Não há necessidade de submissão da questão ao tribunal a que se vincula (observe que se trata da via difusa). Entretanto, no caso dos tribunais, há uma restrição às decisões do controle de constitucionalidade. É que eles se submetem à chamada reserva de plenário, regra segundo a qual somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público (CF, art. 97). CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 19 www.pontodosconcursos.com.br Essa regra vincula qualquer tribunal (incluindo o STF). Sobre isso, já há até uma Súmula Vinculante: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.” (Súmula Vinculante n° 10) Mas guarde os seguintes detalhes sobre a reserva de plenário: I) se já houver decisão do plenário, do órgão especial ou mesmo do STF sobre a inconstitucionalidade da lei cria-se, digamos, um precedente; e não precisará mais o tribunal respeitar a reserva de plenário, sendo possível que seja apenas seguida aquela decisão anterior (é dizer, a reserva de plenário é aplicável apenas à primeira análise sobre a inconstitucionalidade de uma norma); II) a reserva de plenário é regra aplicável à declaração de inconstitucionalidade, ou seja, não obriga as decisões sobre a recepção ou revogação do direito pré-constitucional. Por fim, vale comentar que, segundo o STF, os Tribunais de Contas, no exercício de suas atribuições, podem apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público diante de casos concretos (Súmula 347). Ressalte-se que a cláusula de reserva de plenário também se aplica às cortes de contas, que só poderão declarar a inconstitucionalidade de uma norma pelo voto da maioria absoluta de seus membros. 2.1 – Efeitos da decisão No controle incidental, o que se busca é o afastamento da lei no caso concreto em questão. Ou seja, a argüição de inconstitucionalidade é um mero incidente, uma questão à parte do pedido principal do autor da ação. Afinal, o que ele deseja é a satisfação de um determinado pleito, e não a inconstitucionalidade da norma em si. Assim, a decisão tem efeitos restritos às partes daquele processo (eficácia inter partes). Portanto, a lei não deixa de existir, ela continua válida e regulando as demais situações que se enquadrem em seus comandos. Isso significa que todas as pessoas que desejem afastar a aplicação da lei inconstitucional diante do seu caso concreto deverão acionar o Judiciário, a fim de garantir sua pretensão. Por outro lado, quanto ao aspecto temporal, o controle difuso, como regra, apresenta efeitos ex t roage. unc. Ou seja, a decisão ret De qualquer forma, mesmo no controle difuso, admite-se a chamada modulação dos efeitos temporais, em que se atribui à decisão efeitos ex nunc (prospectivos ou pro futuro). CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 20 www.pontodosconcursos.com.br Nesse sentido, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por dois terços de seus membros, decidir que aquela declaração só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Vamos resolver algumas questões sobre esse e outros aspectos... 14) (ESAF/AFRFB/2009) Na via de exceção, a pronúncia do Judiciário sobre a inconstitucionalidade não é feita enquanto manifestação sobre o objeto principal da lide, mas sim sobre questão prévia, indispensável ao julgamento do mérito. É certo que na via de exceção, a decisão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei não é o pedido principal da lide. É aspecto inerente, acessório ao julgamento do mérito. Item certo. 15) (ESAF/AFRFB/2009) A cláusula de reserva de plenário não veda a possibilidade de o juiz monocrático declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. A cláusula de reserva de plenário (prevista no art. 97 da CF/88) aplica-se à decisão dos tribunais ou órgão especial. Não veda a declaração de inconstitucionalidade por decisão de um juiz monocrático.Item certo. 16) (ESAF/AFRFB/2009) Declarada incidenter tantum a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo pelo Supremo Tribunal Federal, referidos efeitos serão ex nunc, sendo desnecessário qualquer atuação do Senado Federal. A declaração incidental de inconstitucionalidade tem, em regra, efeitos ex tunc. Ademais, a atuação do Senado Federal altera o alcance da decisão, e não sua eficácia temporal. Item errado. Agora, eu gostaria de mencionar dois aspectos relevantes (e avançados!) do controle de constitucionalidade difuso. Um se refere ao recurso extraordinário (já apresentado na aula sobre o Poder Judiciário) e o outro trata da simultaneidade de ações de representação de inconstitucionalidade em âmbito estadual e em âmbito federal. Como eu comentei em aula anterior, o recurso extraordinário é o meio hábil a conduzir ao STF controvérsia judicial que esteja sendo suscitada em instâncias inferiores. Entretanto, o que você precisa saber também é que, na hipótese de ajuizamento de ADI perante o TJ local com a alegação de ofensa a dispositivo da Constituição Estadual que reproduz norma da Constituição CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 21 www.pontodosconcursos.com.br Federal de observância obrigatória pelos estados, contra a decisão do TJ é cabível recurso extraordinário para o STF. Não entendeu nada? Vejamos um exemplo então. Uma lei municipal está sendo questionada em sede de ADI perante o TJ local por ofensa ao art. Y da Constituição Estadual. Ocorre que esse art. Y é uma norma de reprodução obrigatória de dispositivo da Constituição Federal (vários dispositivos da CF são de reprodução obrigatória pela Constituição do Estado). Nessa hipótese, o TJ apreciará a ADI, firmando sua posição sobre a validade (ou não) da lei. Então, contra essa decisão, será cabível a interposição de recurso extraordinário perante o STF. Vale destacar que a decisão do STF nesse recurso extraordinário contra decisão do TJ em ADI terá eficácia geral (erga omnes), por se tratar de controle abstrato. Em suma, admite-se recurso extraordinário para o STF contra decisão do TJ no controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual eleita como parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da norma estadual ou municipal impugnada for de reprodução obrigatória da Constituição Federal. A decisão do STF nesse recurso extraordinário é dotada de eficácia erga omnes. Veja como esta questão cobrou o assunto. 17) (CESPE / PROCURADOR / MP / ES / 2010) Segundo jurisprudência majoritária do STF, a decisão proferida em sede de recurso extraordinário interposto contra decisão de mérito proferida em controle abstrato de norma estadual de reprodução obrigatória da CF possui eficácia erga omnes. Exato! Como comentado, dispõe de eficácia erga omnes a decisão do STF em um recurso extraordinário interposto contra decisão de mérito em controle abstrato estadual cujo parâmetro escolhido seja norma estadual de reprodução obrigatória de norma da CF/88. Item certo. 18) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O Tribunal de Justiça deve declarar a inconstitucionalidade da lei, se apurar que o diploma fere dispositivo da Lei Orgânica do Distrito Federal ou, mesmo que não contrarie essa Lei Orgânica, se verificar que está em desacordo com a Constituição Federal. Neste último caso, porém, da decisão caberá recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal. Observe que foi proposta uma ADI no TJ para que se avalie a lei frente à Lei Orgânica do DF. Assim, no controle em tese, não há análise do TJ tendo como parâmetro a Constituição Federal. Assim, ERRADA a questão. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 22 www.pontodosconcursos.com.br Quanto ao recurso extraordinário, só será cabível se a alegação da inicial for de ofensa a dispositivo da Constituição Estadual (ou Lei Orgânica do DF) que é de reprodução obrigatória da Constituição Federal. Como a questão não comentou nada sobre isso está ERRADA. Item errado. Já que estamos falando de situações hipotéticas o que acontece se forem propostas duas ADIs simultaneamente, contra a mesma norma estadual, uma perante o STF e outra perante o TJ? Suponha que a lei A (norma estadual) seja impugnada em sede de ADI no TJ (frente à Constituição estadual) e que, simultaneamente, essa mesma norma venha a ser impugnada em sede de ADI no STF (frente à Constituição Federal). Veja que interessante! Nesse caso, o TJ suspenderá o julgamento da ação até que o STF se posicione. Se o STF declarar inconstitucional a lei, ela estará fora do mundo jurídico, não havendo mais o que analisar o TJ, estando, portanto, prejudicada a ação em âmbito estadual. Por outro lado, caso o STF a declare constitucional, o TJ dará continuidade à ação, podendo posicionar-se pela constitucionalidade ou pela inconstitucionalidade, tendo como parâmetro dispositivo específico (autônomo) da Constituição Estadual. Isso porque a lei pode não desrespeitar a Constituição Federal (daí o STF ter decidido pela sua constitucionalidade), mas contrariar Constituição Estadual. Situação na qual caberá ao TJ a declaração de sua inconstitucionalidade. 19) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Se depois de ajuizada a ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça, e antes do seu julgamento, for também proposta ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal contra a mesma lei, os processos deverão ser reunidos para o julgamento conjunto perante o Supremo Tribunal Federal. Não faz sentido a reunião das ações no STF, tendo em vista que são ações completamente distintas. Nesse caso hipotético, enquanto o STF apreciará a lei frente à CF, o Tribunal de Justiça apreciará a lei frente à Lei Orgânica do DF. Como visto, no caso de ações diretas simultâneas no STF e no TJ, suspende-se o julgamento do TJ até a decisão final do STF. Caso o STF declare a inconstitucionalidade da lei, o TJ não apreciará mais a ação. Por outro lado, se o STF declarar a constitucionalidade da lei, o TJ apreciará a lei normalmente frente à Lei Orgânica do DF, podendo declará-la constitucional ou inconstitucional. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 23 www.pontodosconcursos.com.br Item errado. 20) (CESPE/PROCURADOR/MP/ES/2010) Segundo jurisprudência pacífica do STF, na hipótese de propositura simultânea de ação direta de inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o TJ, o processo no âmbito do STF deverá ser suspenso até a deliberação final do TJ estadual. Como vimos, quem suspende o julgamento é o TJ, e não o STF. Item errado. 2.2 – Atuação do Senado Federal Vimos que os efeitos da decisão do STF no âmbito do controle difuso afetam apenas as partes do processo. Mas nosso controle de constitucionalidade prevê dois instrumentos capazes de fazer a decisão do Supremo no controle concreto atingir a terceiros que não sejam parte da ação. Um desses instrumentos é a súmula vinculante, já abordado na aula sobre Poder Judiciário. A outra forma de ampliação dos efeitos da declaração incidental de inconstitucionalidade é por meio da atuação do Senado Federal. Nos termos do art. 52, X da CF/88, compete ao Senado Federal suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Assim, declarada a inconstitucionalidade pelo STF de determinada lei, no âmbito do controle difuso, a decisão é comunicada ao Senado, a quem caberá a faculdade de suspender a execução da lei, conferindo eficácia erga omnes à decisão do Supremo.Assim, a decisão definitiva em recurso extraordinário comunicada ao Senado Federal gera para essa Casa legislativa a faculdade de suspender a execução de lei declarada inconstitucional pela maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal no julgamento daquele recurso. Se o Senado suspender a lei (ato discricionário), a declaração de inconstitucionalidade alcançará outros (e não só as partes), adquirindo eficácia geral (erga omnes). Mas o Senado não poderá alterar a decisão do Supremo. Sua competência é exclusivamente dar efeitos erga omnes àquela decisão proferida no controle incidental. Assim, se o Supremo só declarou inconstitucional um dos incisos (ou parte dele), o Senado deverá seguir estritamente aquela decisão, não podendo interpretá-la ou ampliá-la, por exemplo, declarando inconstitucional toda lei, ou outros artigos não impugnados pelo STF. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 24 www.pontodosconcursos.com.br Enfim, a suspensão pelo Senado Federal poderá se dar em relação a leis federais, estaduais, distritais ou municipais, desde que tenham sido declaradas inconstitucionais pelo STF, de modo incidental. Vejamos alguns detalhes concernentes a essa competência do Senado: I) o exercício dessa competência é facultativo; ou seja, o Senado não está obrigado a suspender a execução da lei; II) não há prazo para que o Senado possa suspender a execução da lei; mas, suspensa a lei, o Senado não poderá voltar atrás (a decisão é irretratável); III) a espécie normativa utilizada é a resolução; e ela também está sujeita a controle de constitucionalidade normalmente. 21) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) A atribuição do Senado Federal de suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal é vinculada. Declarada inconstitucional a lei no âmbito do controle incidental, pode o Senado estender seus efeitos a todos, dando a essa decisão eficácia geral (erga omnes). Ou seja, essa é uma atuação discricionária do Senado Federal, e não vinculada. Item errado. Passemos a enfocar o controle abstrato, exercido por meio de ADI, ADO, ADC e ADPF. Como vimos, no controle abstrato a constitucionalidade da lei é verificada em tese independentemente de um caso concreto. O controle abstrato origina-se na Europa, na Constituição da Áustria de 1920. O importante é você entender que a finalidade do controle abstrato não é a solução de uma lide, a resolução de um conflito. Esse controle tem a nobre missão de defender o ordenamento jurídico. Ou seja, quando uma ADI é impetrada no STF, seu autor não alega lesão a direito próprio, mas lesão ao ordenamento, à Constituição, tendo por fim o interesse público. Daí ser importante, você ter em mente que o controle abstrato tem natureza de processo objetivo, em que não há partes, pois se cuida do ordenamento jurídico e não de interesse próprio ou alheio. Daí a diferença entre os efeitos no controle incidental e no controle abstrato: I) no controle incidental, a lei considerada inconstitucional deixa de ser aplicada àquele caso em particular; II) no controle abstrato, a lei considerada inconstitucional deixa de existir, é considerada nula. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 25 www.pontodosconcursos.com.br 3 - Ação Direta de Inconstitucionalidade A ADI é ação típica do controle abstrato, de competência do Supremo Tribunal Federal. A finalidade dessa ação é o reconhecimento da invalidade de uma lei ou ato normativo. Ou seja, ao perceber que determinada lei ou ato normativo está desrespeitando a Constituição, o autor provoca o Supremo Tribunal Federal. Confirmada a incompatibilidade da lei, a Suprema Corte declarará sua nulidade, retirando-a do ordenamento jurídico. E quem são as autoridades competentes para provocar esse controle de constitucionalidade? A lista dos legitimados à interposição de ADI está expressa no art. 103 da CF/88: “Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.” Já de início, chamo sua atenção para o seguinte: o Advogado-Geral da União não dispõe de competência para a proposição de ADI. Muita gente confunde isso... Continuando nossa análise, você precisa lembrar que isso não significa que qualquer legitimado possa propor ADI sobre qualquer norma. Com efeito, a jurisprudência estabeleceu diferenciações: há os legitimados universais e os legitimados especiais. Os legitimados universais não sofrem restrição quanto à interposição de ADI no Supremo. É dizer: podem propor a ação independentemente do assunto sobre o qual trate a norma, desde que ela esteja entre os objetos da ADI. Em suma, se uma lei pode ser impugnada por ADI, ela pode ser proposta pelos legitimados universais, independentemente do tema de que trate a norma. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 26 www.pontodosconcursos.com.br Os legitimados universais são: o Presidente da República; as Mesa do Senado e da Câmara; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da OAB; os partido político com representação no Congresso Nacional; e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. Diversamente, os legitimados especiais devem cumprir o requisito da pertinência temática, ou demonstração do interesse de agir. Ou seja, para ser cabível a ação, a norma impugnada deve ter alguma relação de pertinência com a função desempenhada pelo órgão ou entidade. Nesse caso, pode ocorrer de ser cabível a ADI de determinada norma, mas não estar o legitimado especial apto a propor essa ação, por não apresentar a referida pertinência temática. E quais são esses legitimados especiais? Os governadores, as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional e as Mesas de Assembléia Legislativa (ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal). Ou seja, esses legitimados especiais só podem impugnar em ADI uma norma que esteja relacionada com a sua função. Assim, por exemplo, o governador de Estado só poderá impugnar uma norma que afete os interesses daquele estado-membro (mesmo que essa norma seja editada por outro estado-membro). Vale ressaltar que a ampliação da legitimação ativa em ADI foi uma inovação da CF/88. Na Constituição anterior, a interposição dessa ação era de competência única e exclusiva do Procurador Geral da República. A seguir, três entendimentos jurisprudenciais relevantes sobre o assunto. I) Os legitimados possuem capacidade processual plena e capacidade postulatória no âmbito da ADI, podendo praticar quaisquer atos privativos de advogado. Essa regra não se aplica apenas: (i) aos partidos políticos e (ii) às confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. II) Para fazer jus à legitimidade ativa em ADI, os partidos políticos precisam demonstrar pelo menos um único representante em uma das Casas Legislativas. Ademais, esse requisito deve ser verificado no momento da propositura da ADI. Significa dizer que a perda superveniente de representação não prejudica a ação direta iniciada. III) O STF firmou entendimento de que écabível a instauração do controle abstrato por iniciativa das “associações de associações” (trata- se das associações que congregam exclusivamente pessoas jurídicas). Quanto às ações de inconstitucionalidade no âmbito dos estados- membros (tendo a Constituição Estadual como parâmetro), segundo o § 2º do art. 125 da CF, compete aos Estados a instituição de CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 27 www.pontodosconcursos.com.br representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municípios em face da Constituição estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Assim, os Estados-membros podem instituir a representação de inconstitucionalidade. E não precisa ser respeitada simetria ao modelo Federal no que tange à legitimidade ativa da ação. Entretanto, a Constituição veda a atribuição de legitimação para agir a um único órgão. Vamos resolver algumas questões para vermos se você entendeu. 22) (ESAF/TFC/CGU/2008) Tem legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade, exceto: a) o Governador de Estado e do Distrito Federal. b) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. c) os Prefeitos. d) o Presidente da República. e) partido político com representação no Congresso Nacional. Revimos a lista dos legitimados à interposição de ADI, que está expressa no art. 103 da CF/88. Observa-se que prefeitos não têm legitimidade de proposição de ADI. Por isso, a resposta é letra “c”. Gabarito: “c” 3.1 - Objeto Que tipos de norma podem ser impugnados por meio de ADI? Bem, antes de responder a essa questão, vale comentar que o controle abstrato ocorre não só em âmbito federal (perante o STF), mas também em âmbito estadual (perante do TJ). I) STF → controle abstrato em face da Constituição Federal II) TJ → controle abstrato em face da Constituição Estadual Assim, a ação direta de inconstitucionalidade ajuizada perante o Supremo Tribunal Federal tem por objeto as leis ou atos normativos federais e estaduais. Em segundo plano, a ADI impetrada perante os tribunais de justiça tem por objeto as leis estaduais e municipais. Assim, as normas municipais (inclusive a Lei Orgânica do Município) não podem ser impugnadas em sede de ADI perante o STF. O direito municipal somente poderá ser declarado inconstitucional pelo Supremo CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 28 www.pontodosconcursos.com.br em sede de controle difuso, quando determinada contenda é remetida ao tribunal mediante recurso extraordinário, ou, por meio de argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF, nos casos previstos em lei. Bem, você já aprendeu que o DF acumula as competências estaduais e municipais. Pois bem, sendo assim, será cabível ADI de leis ou atos normativos distritais apenas no exercício da sua competência estadual. Vamos a um exemplo. Imagine que a Câmara Legislativa do DF aprove duas leis. A Lei “A” modifica as regras relativas ao IPTU (imposto de competência municipal). A Lei “B” trata de ICMS (imposto de competência estadual). A pergunta é: qual delas poderia ser questionada perante o STF, em sede de ADI? Apenas a Lei “B”, pois ICMS é tributo de competência estadual. A Lei “A” trata de assunto de competência municipal (IPTU) e, por isso, não pode ser objeto de ADI no Supremo. Agora, para tirar nota dez com louvor: podemos dizer que não seria possível então o controle abstrato da Lei “A”, por tratar de assunto de competência municipal? Não, não podemos. Em primeiro lugar, em sede de ADPF (que será estudada logo à frente), poderão ser impugnadas as leis municipais ou distritais no exercício da competência municipal. Ademais, frente à LODF, poderá essa lei ser questionada no controle abstrato perante o Tribunal de Justiça. Em suma, só constituem objeto de ADI perante o STF leis e atos normativos federais, estaduais ou distritais (neste último caso, desde que editados no âmbito de sua competência legislativa estadual). Entretanto, não são todas as leis e atos normativos federais e estaduais, que poderão ser objeto de ADI perante o Supremo, conforme a jurisprudência daquela Corte. Para que uma norma possa ser objeto de ADI, deverá ela atender às seguintes exigências: a) ter sido editada na vigência da CF/88; b) ser dotada de abstração, generalidade e impessoalidade; c) possuir natureza autônoma (não regulamentar); e d) estar em vigor. Assim, somente podem ser objeto de ADI normas que tenham sido editadas sob a vigência da Constituição Federal de 1988, e que estejam em vigor. A impugnação, em abstrato, do direito anterior à atual Carta (direito pré- constitucional) só ocorrerá em sede de argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF (em ADI não). CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 29 www.pontodosconcursos.com.br O direito pré-constitucional pode ainda ter sua validade aferida frente à Constituição de 1988 no âmbito do controle difuso, para o fim de reconhecimento de sua recepção ou revogação, diante de casos concretos. Vale comentar ainda que só podem ser impugnados mediante ADI, perante o Supremo, atos que possuam normatividade (generalidade e abstração). Ou seja, aqueles que se aplicam a número indefinido de pessoas e de casos (todos que se enquadrem na situação hipotética abstratamente descrita no ato normativo). Diante disso, os atos de efeitos concretos, desprovidos de generalidade, impessoalidade e abstração, não se prestam ao controle abstrato de normas. No entender da Suprema Corte, a Constituição adotou como objetos desse processo somente os atos tipicamente normativos, dotados de um mínimo de generalidade e abstração. Interessante observar que essa restrição não se aplica aos atos de efeitos concretos aprovados sob a forma de lei em sentido estrito (lei formal), isto é, aos atos aprovados pelo Poder Legislativo e sancionados pelo Chefe do Poder Executivo. Nesse sentido, o Supremo reviu sua posição ao admitir Ação Direta de Inconstitucionalidade tendo por objeto Lei de Diretrizes Orçamentárias, uma vez que se trata de lei formal (ADIMC 4.048/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 17.04.2008). Assim, mesmo sendo desprovidas de generalidade e abstração (sendo lei de efeitos concretos), as leis formais, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias, podem ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade. De se destacar que somente podem ser impugnados em ADI os atos normativos que disponham de caráter autônomo, ou seja, desrespeitem diretamente a Constituição (não sejam meramente regulamentares). Assim, decretos do Presidente da República e do Governador de Estado podem ser objeto de ADI, desde que sejam autônomos e não apenas regulamentares. Assim, é cabível ADI contra normas que ofendam diretamente à Constituição. Mas não seria cabível essa mesma ação contra um decreto que, editado para regulamentar uma lei, desrespeite essa norma (pois, nesse caso, há ofensa à lei e não à Constituição). Por fim, cabe comentar que não se discute em sede de ADI a validade de normas revogadas, ainda que flagrantemente contrárias à Constituição. E como o objetivo da ADI é justamente a retirada da norma inconstitucional do ordenamento, a revogação da norma torna a ação sem objeto. Desse modo, se a ADI for proposta após a revogação da lei, a ação não será conhecida pelo STF (por ausência de objeto); se a revogação CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 30 www.pontodosconcursos.com.br ocorrer após a propositurada ação, a ação perde seu objeto na data em que a lei foi revogada. De qualquer forma, vale destacar que, se a revogação da norma ocorrer quando já em pauta a ADI (ou seja, já na pauta de julgamento do STF), excepcionalmente não haverá prejuízo à ação direta, que será julgada regularmente. Objetivamente, podem ser objeto de ADI: - emendas constitucionais (normas originárias da Constituição não); - Constituições estaduais; - tratados e convenções internacionais; - normas primárias federais e estaduais (medidas provisórias, decretos autônomos, decretos legislativos, regimentos internos de tribunais); Podem ainda ser objeto de ADI resoluções e decisões administrativas dos tribunais do Poder Judiciário; atos normativos de pessoa de direito público (emanados de autarquias e fundações, por exemplo); pareceres normativos do Poder Executivo. Entretanto, não se admite ADI contra súmulas do Poder Judiciário, contra sentenças normativas da Justiça do Trabalho e nem contra convenções e acordos do trabalho. Anote aí no seu caderno mais um aspecto relevante. Segundo o STF, a ocorrência dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de medidas provisórias não está de todo imune ao controle jurisdicional. Assim, excepcionalmente, admite-se o controle de constitucionalidade desses pressupostos, apenas em casos de abuso manifesto. Essa restrição se deve ao caráter discricionário do juízo político que envolve essa análise, confiado ao Poder Executivo, sob censura do Congresso Nacional (ADI 525-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 12- 6-91). 3.2 – Procedimentos A lei estabelece quórum mínimo para a instalação da sessão de julgamento (oito ministros) e um número mínimo de votos para que seja proferida a decisão de mérito (seis ministros, que representam a maioria absoluta). Como vimos, o controle abstrato tem natureza objetiva. Assim, uma vez proposta a ação direta, não poderá o autor dela desistir. Afinal, no controle em abstrato, o legitimado pela Constituição Federal não atua na defesa de interesse próprio, mas sim na defesa da CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 31 www.pontodosconcursos.com.br Constituição. Portanto, não poderá dispor sobre a ação, desistindo dela, inclusive quanto ao pedido de medida cautelar formulado. Outro aspecto relevante diz respeito à alegação de impedimento ou suspeição. Segundo o STF, não cabe arguição de suspeição de Ministro nos processo de controle abstrato, dado o caráter objetivo da ação. Entretanto, é possível a alegação de impedimento de Ministro, nos casos em que o Ministro do STF tenha atuado anteriormente no processo na condição de Procurador-Geral da República, Advogado-Geral da União, requerente ou requerido. Vale comentar ainda que a propositura de ADI não se sujeita a prazo prescricional ou decadencial e a qualquer tempo poderá ser ajuizada a ação direta, pois a inconstitucionalidade não se convalida com o tempo. Outro aspecto cobrado em concursos diz respeito à distinção entre pedido e causa de pedir no âmbito do controle abstrato. Guarde o seguinte bordão: em ação direta de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal vincula-se ao pedido, mas não à causa de pedir, pois esta é aberta. I) Vinculado ao pedido → isso significa que o Supremo está condicionado à análise daqueles artigos que estão sendo impugnados pelo autor. Ou seja, a atuação do STF restringe-se àqueles dispositivos questionados pelo autor; não pode a Corte declarar a inconstitucionalidade de outros artigos não impugnados na inicial. II) Causa de pedir aberta → isso significa que o STF não se vincula à causa de pedir, ao parâmetro. Nesse sentido, pode o Supremo declarar a inconstitucionalidade de um artigo de uma lei, mas por motivo totalmente diverso daquele manifestado pelo autor na inicial. Em primeiro lugar, o autor (legitimado) fundamentará juridicamente a alegação de inconstitucionalidade. Entretanto a análise do Supremo será sobre a compatibilidade daquele dispositivo impugnado com toda a Constituição, podendo até mesmo declará-lo inconstitucional, mas por motivo diverso daquele alegado inicialmente. Às vezes, cobra-se em concurso a natureza ambivalente da ação direta de inconstitucionalidade. O que é isso? É que ao analisar a ADI, a decisão do Supremo pela sua procedência indica a invalidade da norma, uma vez que ela foi declarada em desconformidade com a Constituição. De outro lado, a decisão pela improcedência indica a validade da norma. Ou seja, pelo fato de a causa de pedir ser aberta, ao analisar determinada lei (ou um dispositivo em particular) o Supremo a estará confrontando com todo o ordenamento constitucional. E se a ADI foi CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 32 www.pontodosconcursos.com.br improcedente, isso quer dizer que não há ofensa a nenhuma norma ou princípio constitucional, o que significa a constitucionalidade da norma. Em suma, I) se a ação direta é julgada procedente, estará sendo declarada a inconstitucionalidade da norma impugnada; II) se a ação direta é julgada improcedente, estará sendo declarada a constitucionalidade da norma impugnada. Daí a ideia de caráter dúplice ou ambivalente da ADI. Ela surte efeitos num e noutro sentido (tanto na procedência, quanto na improcedência). 23) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Na ação direta de inconstitucionalidade, a atividade judicante do STF está condicionada pelo pedido, mas não pela causa de pedir, que é tida como “aberta”. Em ação direta de inconstitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal vincula-se ao pedido, mas não à causa de pedir, pois esta é aberta. Item certo. 24) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) O requerente não pode desistir da ação direta de inconstitucionalidade que haja proposto. Trata-se do chamado “princípio da indisponibilidade”, ao qual se submetem todas as ações do controle abstrato perante o STF. Isso ocorre porque as ações do controle abstrato de constitucionalidade têm natureza objetiva (não buscam tutela de interesses pessoais do autor). O papel do autor é acionar o Supremo, para que este desempenhe sua função de guardião da Constituição. Suscitada a controvérsia na Corte Maior, perde o legitimado a disposição sobre aquela ação. Daí não se admitir a desistência no âmbito de ADI (nem de outras ações do controle abstrato). Afinal de contas, esse interesse público protegido é indisponível. Aliás, não se admite nem mesmo o pedido de desistência de medida cautelar em sede de ADI. Item certo. 3.3 – Participação do PGR e do AGU Tanto o Procurador-Geral da República quanto o Advogado-Geral da União desempenham papéis fundamentais no controle de constitucionalidade em sede de ADI. CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR: FREDERICO DIAS 33 www.pontodosconcursos.com.br No caso do PGR, além de ser um dos legitimados universais para propor ADI (e demais ações), ele deve ser previamente ouvido em todas as ações do controle em abstrato perante o STF. Nesse caso, sua manifestação deverá ser imparcial, podendo opinar tanto pela constitucionalidade, como pela inconstitucionalidade da norma. Seu parecer é opinativo, e não vincula os Ministros do STF. Poderá o PGR opinar até mesmo nas ações diretas por ele propostas (inclusive poderá propor ADI requerendo a declaração da inconstitucionalidade e, no parecer, pronunciar-se pela improcedência da ação). Não poderá, entretanto, desistir da ação direta por ele proposta (como já visto). Já o Advogado-Geral da União deve ser citado para defender o ato ou texto impugnado, conforme o art. 103, § 3º da CF/88, cabendo
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