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Poder Constituinte e Reforma da Constituição

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CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 02: Poder Constituinte. Conceito, Finalidade, Titularidade 
e Espécies. Reforma da Constituição. Cláusulas Pétreas. 
Entrada em vigor de uma nova Constituição. 
Olá, caro aluno! 
Como foi a aula passada? 
Bem, espero que seus estudos estejam indo de “vento em polpa”. 
Na aula de hoje, falarei sobre “Poder constituinte e reforma da 
Constituição”. 
É interessante observar como os assuntos são interligados em Direito 
Constitucional. Na primeira aula, vimos que nossa Constituição é rígida, 
mas não imutável, certo? 
Naquela ocasião, alguém pode ter pensado: ok... sei que, por ser rígida, 
a CF/88 é alterada por um procedimento mais custoso que o exigido para 
as demais leis, mas como é esse procedimento? Quem está habilitado a 
propor essa alteração? Quais os assuntos não podem ser suprimidos, 
mesmo por emenda constitucional? Pode o poder judiciário fiscalizar a 
regularidade desse procedimento de alteração da Constituição? 
É disso que vamos falar hoje. 
Vejamos o conteúdo da aula de hoje. 
1 – Poder Constituinte 
1.1 - Espécies 
1.2 - Limitações do Poder Constituinte Derivado 
2 – Modificação da Constituição Federal de 1988. Reforma, revisão e emenda constitucional 
3 – Entrada em vigor de uma nova Constituição 
4 – Exercícios de Fixação 
Mãos à obra! 
1 – Poder Constituinte 
O Poder Constituinte é o poder de elaborar ou atualizar uma 
Constituição. Segundo a doutrina é a manifestação soberana da 
suprema vontade política de um povo social e juridicamente organizado. 
A teoria do poder constituinte foi desenvolvida pelo abade francês 
Emanuel Seyès, em sua obra “O que é o Terceiro Estado”, que (naquela 
época) apontava como seu titular a nação. 
Antigamente, o exercício do poder pelas monarquias européias era 
justificado pelo Direito divino e pela hereditariedade. Deus era o titular 
do poder e o exercia por meio de seu representante na terra (rei ou 
monarca). Ao passar dos anos, esse exercício do poder era transmitido 
aos seus sucessores de sangue. 
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Isso foi superado com a visão mais racional de Sieyès e a teoria do 
Poder Constituinte naquele momento (vale observar a relevância do seu 
livro para a própria revolução francesa). Assim, a origem da concepção 
de poder constituinte ocorre no mesmo contexto do surgimento das 
Constituições escritas, visando à limitação do poder estatal e à 
preservação dos direitos e garantias fundamentais. 
É importante mencionar o aspecto mais fundamental: a distinção entre o 
poder que cria a Constituição (poder constituinte) e os poderes criados 
por ele (poderes constituídos), resultados da criação. Sendo o poder 
constituinte sempre superior aos poderes constituídos. 
Modernamente, é pacífico o entendimento de que o titular do poder 
constituinte é o povo (e não mais a nação). Isso é importante, pois 
bastante cobrado pelas bancas: 
Titular do Poder Constituinte → POVO 
Interessante observar que nossa Constituição estabelece que todo o 
poder emana do povo (CF, art. 1°, parágrafo único), não é o Estado, 
não é a nação. 
Pois bem, o povo é o titular do poder constituinte, mas seu exercício 
se dá de forma democrática (poder constituinte legítimo) ou autocrática 
(poder constituinte usurpado). É ou não é o que vimos na primeira aula? 
Bem, vamos começar a resolução de algumas questões desde já. 
1) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O 
titular do poder constituinte é aquele que, em nome do povo, 
promove a instituição de um novo regime constitucional ou promove 
a sua alteração. 
Como se vê, a questão está errada, já que o titular do Poder Constituinte 
é o povo, e não seus representantes. 
Item errado. 
2) (ESAF/AFRF/2005) Como a titularidade da soberania se confunde 
com a titularidade do poder constituinte, no caso brasileiro, a 
titularidade do poder constituinte originário é do Estado, uma vez 
que a soberania é um dos fundamentos da República Federativa do 
Brasil. 
Não faça confusão: a titularidade do poder constituinte pertence ao 
povo, e não ao Estado. 
Item errado. 
3) (ESAF/AFRFB/2009) A doutrina aponta a contemporaneidade da 
ideia de Poder Constituinte com a do surgimento de Constituições 
históricas, visando, também, à limitação do poder estatal. 
Em realidade, a concepção de Poder Constituinte é contemporânea do 
constitucionalismo moderno, que se liga à limitação do poder estatal, 
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mas se relaciona às Constituições escritas e dogmáticas (e não às 
históricas). 
Item errado. 
1.1 - Espécies 
Tradicionalmente, o poder constituinte segmenta-se em originário e 
derivado. 
O poder constituinte originário é o poder de elaborar uma Constituição. 
Podemos dizer que ele se manifesta em dois momentos distintos: na 
formação de um novo Estado (quando é elaborada a primeira 
Constituição), ou, em um Estado já existente, quando ocorre uma ruptura 
da ordem jurídica, sendo uma Constituição substituída por outra nova. 
O poder constituinte originário tem por características ser um poder 
político, inicial, autônomo, incondicionado e permanente. Guarde a 
distinção entre esses conceitos. 
É um poder político (e não jurídico), porque antecede o Direito. 
É um poder inicial porque a sua obra, que é a Constituição, é a base da 
ordem jurídica. 
É um poder autônomo ou ilimitado porque não está limitado pelo direito 
anterior, isto é, não tem que respeitar os limites estabelecidos pelo direito 
positivo antecessor, podendo, até mesmo, desrespeitar direito adquirido 
e cláusulas pétreas existentes no regime anterior. 
É incondicionado porque não está sujeito a qualquer forma prefixada 
para manifestar sua vontade. Enfim, o poder constituinte originário não 
tem que obedecer a qualquer forma ou procedimento pré-determinado 
para realizar a sua obra de elaboração de uma nova Constituição. 
Ademais, o poder constituinte originário é permanente porque não 
desaparece, não se esgota com a realização de sua obra, isto é, com a 
elaboração da nova Constituição. Elaborada a nova Constituição, o poder 
constituinte permanece latente, podendo manifestar-se posteriormente, 
mediante uma nova Assembléia Constituinte ou um novo ato 
revolucionário. 
Objetivamente, você tem de ter em mente que não há limites para o 
poder constituinte originário (e isso é importante). Em outras palavras, 
as normas constitucionais originárias não respeitam qualquer norma 
ou procedimento. Em decorrência disso, destaca-se uma importante 
conclusão: não há controle de constitucionalidade quanto às normas 
originárias da CF/88. 
Vale mencionar que há doutrinadores, que defendem que haveria 
limitações de ordem supranacional à atuação do poder constituinte 
originário. Ou seja, no âmbito do direito internacional não seria 
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admissível uma nova Constituição que desrespeitasse normas básicas 
de direitos humanos, por exemplo. 
Há quem sustente ainda a existência de outros limites, de ordem natural 
(valores éticos superiores), como o alemão Otto Bachoff, ou de ordem 
lógica (não seria admitida a extinção do Estado, por exemplo). Mas não 
é o que predomina no Brasil: podemos dizer que, no Brasil, inexistem 
limitações ao poder constituinte originário. 
Nesse momento, sei o que está passando na sua cabeça: 
“- Fred, duvido que isso caia em concurso... Só quero estudar o que é 
cobrado!!!” 
Quer ver? 
4) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo precedente do STF, no caso 
brasileiro, não é admitida a posição doutrinária que sustenta ser opoder constituinte originário limitado por princípios de direito 
suprapositivo. 
Embora alguns doutrinadores defendam isso (que o poder constituinte 
originário está sujeito a limites impostos pelo direito suprapositivo), esse 
não é o entendimento predominante no Brasil. 
Adotamos a vertente positivista: o poder constituinte originário 
é absolutamente ilimitado na criação de uma nova Constituição. 
Item certo. 
5) (ESAF/Analista de Controle Externo/TCU/2006) Para o positivismo 
jurídico, o poder constituinte originário tem natureza jurídica, sendo 
um poder de direito, uma vez que traz em si o gérmen da ordem 
jurídica. 
O poder constituinte originário é um poder político, extrajurídico (e não 
jurídico). Aí está o erro da questão: não é um poder jurídico porque é ele 
o critério jurídico inicial do Estado. Isto é, é com base nele que serão 
elaboradas as demais normas jurídicas, já que ele antecede o Direito. 
Item errado. 
6) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) Entre 
as características do poder constituinte originário destaca-se a 
possibilidade incondicional de atuação, ou seja, a Assembléia 
Nacional Constituinte não está sujeita a forma ou procedimento 
prédeterminado. 
Isso mesmo! Não se estabelecem condições para a atuação do poder 
constituinte originário. É dizer: ele não se sujeita a forma nem 
procedimento pré-fixado. 
Como implicação, temos que não há controle de constitucionalidade 
quanto às normas originárias da CF/88. 
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Item certo. 
7) (ESAF/AFRFB/2009) A outorga, forma de expressão do Poder 
Constituinte Originário, nasce da deliberação da representação 
popular, devidamente convocada pelo agente revolucionário. 
O poder constituinte se manifesta não só de forma democrática, como 
somos levados a crer. Em alguns momentos se manifesta 
democraticamente, mas em outros de forma antidemocrática. 
Portanto, podemos classificar: 
I) poder constituinte legítimo - quando há participação popular na 
elaboração da Constituição (de forma direta ou indireta, por meio de uma 
assembléia constituinte, por exemplo); 
II) poder constituinte usurpado, quando o poder do povo é usurpado por 
algum agente revolucionário, que elabora unilateralmente uma 
Constituição e a impõe ao povo (Constituição outorgada); 
Assim, as formas de expressão do Poder Constituinte Originário 
segmentam-se em (i) assembléia nacional ou convenção e (ii) outorga. É 
a convenção que nasce da deliberação da representação popular. A 
outorga nasce da atuação unilateral do agente revolucionário. 
Item errado. 
Quero ver você acertar essa agora... 
8) (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Originário é ilimitado e 
autônomo, pois é a base da ordem jurídica. 
É certo dizer que o Poder Constituinte Originário é ilimitado e 
autônomo. 
É certo também que o Poder Constituinte Originário é a base da ordem 
jurídica. 
Mas uma característica não se relaciona com a outra. Na verdade, o 
Poder Constituinte Originário tem a característica de ser inicial, uma vez 
que é a base da ordem jurídica. Por sua vez, ele se caracteriza como 
autônomo ou ilimitado não por ser a base da ordem jurídica, mas por 
não respeitar limites estabelecidos pelo direito anterior. Logo, errada a 
assertiva, que misturou as características. 
Fique atento, para não errar isso de novo. Não caia nessa! 
Item errado. 
9) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Consolidou-se o 
entendimento de que é possível invocar direito adquirido em face de 
decisão do poder constituinte originário. 
Não há direito adquirido frente ao poder constituinte originário, isto é, não 
há direito adquirido frente a uma nova Constituição. Como vimos, o poder 
constituinte originário é ilimitado ou autônomo, não se sujeitando a 
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nenhum limite estabelecido pelo direito anterior. Logo, não impede que 
ele afaste direito adquirido na vigência de Constituição pretérita. 
Item errado. 
10) (ESAF/AFRF/2005) O poder constituinte originário é inicial porque 
não sofre restrição de nenhuma limitação imposta por norma de 
direito positivo anterior. 
E aí, acertou agora? Vou repetir aqui as características... 
Político (e não jurídico) → antecede o Direito 
Inicial → é a base da ordem jurídica 
Ilimitado (autônomo) → não tem que respeitar os limites estabelecidos 
pelo direito positivo antecessor 
Incondicionado → não está sujeito a qualquer forma prefixada 
Permanente → não se esgota com a realização de sua obra 
Assim, a assertiva está errada porque a característica de inicial não se 
relaciona com o fato de o poder constituinte originário não sofrer 
nenhuma limitação imposta por norma de direito positivo anterior. Este 
último relaciona-se com a sua característica de ilimitado ou autônomo. 
Item errado. 
Para finalizar os comentários a respeito do poder constituinte originário, 
vale a pena aprofundar num detalhe: a distinção entre poder constituinte 
material e poder constituinte formal. 
Para dividirmos esses conceitos, você deve distinguir dois momentos na 
elaboração de uma Constituição: (i) a ideia, a concepção de uma nova 
ordem constitucional; e (ii) a formalização do texto escrito da 
Constituição. 
Em outras palavras, primeiro concebe-se uma nova Constituição, trata-se 
ainda de uma ideia (uma decisão política, que constitui o poder 
constituinte material). Posteriormente, elabora-se o texto da Constituição 
propriamente dito (consubstanciando do poder constituinte formal). 
Assim, define-se o que é constitucional (poder constituinte material); logo 
a seguir, atribui-se juridicidade constitucional a essa escolha (poder 
constituinte formal). 
Quanto a poder constituinte originário é isso aí. Mas, há ainda outra 
espécie: o poder constituinte derivado. 
O poder constituinte derivado (secundário, instituído, constituído, ou 
de segundo grau) está previsto no texto da própria Constituição, 
resultando da vontade do poder constituinte originário. Vale dizer, ele é 
“derivado” do poder constituinte originário, pois foi criado por este poder, 
deriva desse poder. 
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O poder constituinte derivado tem por características ser um poder 
jurídico, derivado, subordinado e condicionado. 
É um poder jurídico (ao contrário do originário, que é político), pois 
integra o direito positivo, isto é, está presente no texto da própria 
Constituição. 
É derivado porque retira sua força do poder constituinte originário. 
É subordinado porque se encontra limitado pelas normas expressas e 
implícitas presentes na Constituição Federal, normas essas que não 
poderá contrariar, sob pena de inconstitucionalidade de sua conduta. 
É condicionado porque seu exercício deve obedecer fielmente às regras 
previamente estabelecidas no texto da Constituição Federal. 
Pois bem, por um lado, o poder constituinte originário não sofre 
limitações (como foi comentado), daí se dizer que não há controle de 
constitucionalidade da sua obra: as normas originárias. 
Ao contrário, o poder constituinte derivado sofre sim limitações, 
procedimentais e materiais; e, por isso, há controle de 
constitucionalidade de sua obra (as normas constitucionais 
decorrentes de emenda constitucional). 
Mas o assunto não se esgota aí. O poder constituinte derivado 
segmenta-se em: poder constituinte reformador e poder constituinte 
decorrente. 
O poder constituinte derivado reformador é o competente para 
modificar o texto da Constituição Federal, respeitando-se o 
regramento estabelecido pela própria Constituição. Na Constituição 
Federal de 1988, ele é exercido pelo Congresso Nacional, na formado 
artigo 60 da Constituição (processo de emenda) e do art. 3º do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT (processo de revisão 
constitucional). Alguns autores classificam esta última espécie de poder 
constituinte derivado revisor. Fique tranquilo, pois esse assunto (a 
diferença entre esses procedimentos) será mais bem detalhado logo a 
seguir. 
O poder constituinte derivado decorrente é a competência que têm os 
estados-membros, em virtude de sua autonomia político-administrativa, 
de elaborar suas próprias Constituições. Mesmo nesse caso, o exercício 
do poder constituinte derivado está sujeito a diversas limitações como se 
detalha no próximo item da aula. 
Aqui, acho melhor fazermos uma pausa para sintetizar tudo que já foi 
falado. 
Sintetizando: 
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A fim de treinar esses conceitos, nada melhor que algumas questões de 
concursos. 
11) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O 
poder emanado do constituinte derivado reformador, que é fundado 
na possibilidade de alteração do texto constitucional, não é passível 
de controle de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal. 
As normas constitucionais inseridas por emenda (atuação do poder 
constituinte derivado reformador) estão sim sujeitas a controle de 
constitucionalidade. Por outro lado, não estão sujeitas a controle de 
constitucionalidade aquelas normas originárias da CF/88. 
Item errado. 
12) (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Derivado decorre de uma 
regra jurídica de autenticidade constitucional. 
O Poder Constituinte Derivado tira sua legitimidade e autenticidade da 
própria Constituição, afinal está previsto no texto constitucional, de 
acordo com o estabelecido pelo Poder Constituinte Originário. 
Item certo. 
13) (ESAF/Procurador da Fazenda Nacional/2006) Do poder constituinte 
dos Estados-membros é possível dizer que é inicial, limitado e 
condicionado. 
O poder constituinte derivado decorrente, conferido aos 
estadosmembros para a elaboração de suas Constituições, é 
um poder 
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derivado, limitado, condicionado e subordinado. Ou seja, não é 
inicial. 
Item errado. 
14) (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Derivado decorrente 
consiste na possibilidade de alterar-se o texto constitucional, 
respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria 
Constituição Federal e será exercitado por determinados órgãos 
com caráter representativo. 
O Poder Constituinte Derivado decorrente relaciona-se à competência 
que têm os estados-membros de elaborar suas próprias Constituições, 
respeitadas as regras da Constituição. A definição apresentada refere-se 
ao Poder Constituinte Derivado reformador. 
Item errado. 
15) (ESAF/AFRF/2005) A existência de cláusulas pétreas, na 
Constituição brasileira de 1988, está relacionada com a 
característica de condicionado do poder constituinte derivado. 
A característica de condicionado do poder constituinte derivado não 
está relacionada com a existência de cláusulas pétreas. Em verdade, 
relaciona-se à existência de regras estabelecidas no texto da 
Constituição Federal (por exemplo, dois turnos, quorum especial etc.). 
Item errado. 
1.2 Limitações do Poder Constituinte Derivado 
Como vimos, o poder constituinte derivado é criado pelo poder 
constituinte originário e está sujeito a limitações tanto de ordem formal 
(procedimental), quanto de ordem material. 
É importante você conhecer essas limitações impostas pelo poder 
constituinte originário ao poder constituinte derivado para que este possa 
reformar a Constituição. 
Podemos classificar essas limitações em quatro grupos: 
a) temporais - quando a Constituição estabelece um período durante o 
qual o seu texto não pode ser modificado. É importante ter em mente que 
não temos limitações desta natureza na Constituição Federal de 
1988; 
b) circunstanciais - quando a Constituição veda a sua modificação 
durante certas circunstâncias excepcionais, em ocasiões extraordinárias 
(a CF/88 prevê limitações circunstanciais, ao proibir a aprovação de 
emendas durante a vigência de estado de defesa, estado de sítio e 
intervenção federal – art. 60, § 1º); 
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c) processuais ou formais - quando a Constituição estabelece um 
determinado procedimento para o processo legislativo de sua 
modificação. Na aula anterior, relembramos a classificação da nossa 
Constituição como rígida, exatamente porque esse procedimento é mais 
difícil do que aquele estabelecido para a elaboração das demais normas 
infraconstitucionais (art. 60, incisos I, II e III e §§ 2º, 3º e 5º); 
d) materiais - quando a Constituição enumera certas matérias que não 
poderão ser abolidas do seu texto pelo reformador. 
Na Constituição Federal de 1988, temos limitações materiais expressas 
ou explícitas e limitações materiais implícitas ou tácitas. 
As limitações materiais expressas ou explícitas estão previstas no § 4º 
do art. 60 da Constituição, e são as chamadas “cláusulas pétreas 
expressas”. Ou seja, temas importantes da nossa República que não 
podem ser abolidos por emenda. Logo a seguir veremos exatamente 
quais são essas cláusulas pétreas. 
As limitações materiais implícitas ou tácitas são aquelas que impedem 
a alteração da titularidade do poder constituinte originário, a alteração da 
titularidade do poder constituinte derivado e alterações ao procedimento 
estabelecido na Constituição para a modificação do seu texto. Como o 
nome já enuncia, elas não decorrem de norma expressa da Constituição, 
mas sim de desenvolvimento doutrinário e jurisprudencial. 
Sobre isso, guarde o seguinte bordão: a existência das limitações 
materiais implícitas constitui óbice à admissão do mecanismo da 
dupla revisão entre nós. 
É ou não é bonito isso? Até parece uma daquelas frases de pára-choque 
de caminhão, não é? Deixe-me explicar melhor... 
Alguns constitucionalistas defendem uma tese de que uma cláusula 
pétrea poderia ser suprimida mediante a aprovação de duas emendas 
constitucionais (constituindo o mecanismo da “dupla revisão”). 
Assim, seria possível que uma emenda constitucional retirasse aquele 
dispositivo do rol das cláusulas pétreas. A partir desse momento, aquele 
tema poderia ser suprimido por nova emenda constitucional. 
É como se hoje fosse aprovada uma emenda retirando a Federação do 
art. 60, § 4° da CF/88. Amanhã, poderia vir nova emenda e instituir o 
Estado unitário (tendo em vista que a proibição existente deixaria de 
existir a partir da aprovação da primeira emenda). 
Entretanto, no Brasil, essa tese não prosperou. E por quê? Porque uma 
emenda que suprimisse algum dos incisos do art. 60, § 4° seria 
inconstitucional por contrariar uma limitação material implícita, que 
proíbe alterações prejudiciais ao processo de modificação da 
Constituição Federal. 
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Bem, mas para fazer as questões da Esaf não basta saber isso. Você 
tem de conhecer quais são essas limitações; ou seja, conhecer o 
procedimento de reforma, as cláusulas pétreas, o processo de revisão 
constitucional etc. Veremos todos esses detalhes em um tópico seguinte. 
Antes, temos de mencionar as limitações ao poder constituinte derivado 
decorrente. 
O poder constituinte derivado decorrente está sujeito às limitações 
estabelecidas pelo poder constituinte originário. Inclusive, essa 
necessidade de respeito às normas da Carta Cidadã está expressa no 
art. 25 da CF/88: 
“Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituiçõese leis que 
adotarem, observados os princípios desta Constituição”. 
Veja ainda a norma expressa no art. 11 do ADCT: 
“Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a 
Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da 
Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.” 
Assim, a Constituição Federal também vincula as Constituições 
Estaduais. 
Bem, numa análise um pouco mais aprofundada (com menor freqüência 
em concursos), podemos considerar que esses princípios constitucionais 
que vinculam os estados-membros são tradicionalmente denominados 
princípios constitucionais sensíveis, extensíveis e estabelecidos. 
Os princípios constitucionais sensíveis da ordem federativa são aqueles 
cuja observância é obrigatória, sob pena de intervenção federal. Estão 
enumerados no art. 34, VII da Constituição Federal e serão abordados na 
aula sobre Organização do Estado. 
Os princípios constitucionais extensíveis consistem nas regras de 
organização da União que a Constituição estendeu aos estados-
membros. São, portanto, de observância obrigatória no exercício do 
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poder de auto-organização do estado (CF, arts. 1º, I ao IV; 3º, I ao IV; 6º 
a 11; 93, I a XI; 95, I, II e III). 
Os princípios constitucionais estabelecidos são aqueles que, dispersos 
ao longo do texto constitucional, limitam a autonomia organizatória do 
estado, estabelecendo preceitos centrais de observância obrigatória. 
Alguns geram limitações expressas vedatórias (CF, arts. 19, 150 e 152), 
outros, limitações expressas mandatórias (CF, arts. 37 a 41, 125), outros, 
limitações implícitas (CF, arts. 21, 22, 30) e outros, ainda, limitações 
decorrentes do sistema constitucional adotado, que são limitações que 
defluem naturalmente, como consequência lógica dos princípios 
constitucionais adotados pela Constituição Federal de 1988, por 
exemplo, do princípio federativo, dos princípios do Estado Democrático 
de Direito, dos princípios da ordem econômica e social etc. 
Num esforço de síntese podemos estabelecer as seguintes definições: 
Princípios Sensíveis - aqueles que permitem intervenção federal no 
Estado, se forem violados (art. 34). 
Princípios Extensíveis - sempre que determinada regra, aplicável à 
União, esteja estendida também aos estados-membros (processo 
legislativo ou forma de governo, por exemplo). 
Princípios Estabelecidos - sempre que a CF, expressa ou 
explicitamente, determina ao Estado certa regra (a composição dos 
TCEs, por exemplo). 
16) (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) De acordo 
com a doutrina constitucionalista, a Constituição Federal traz duas 
grandes espécies de limitações ao Poder de reformá-la, as 
limitações expressas e as implícitas. 
De fato, a Constituição estabelece não só as limitações expressas ou 
explícitas (ao longo do art. 60 da CF/88), mas também as limitações 
implícitas (ou tácitas). Essas limitações implícitas são aquelas que 
impedem a alteração da titularidade do poder constituinte originário, a 
alteração da titularidade do poder constituinte derivado e alterações ao 
procedimento estabelecido na Constituição para a modificação do seu 
texto. 
Item certo. 
17) (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) Vários 
doutrinadores publicistas salientam ser implicitamente irreformável a 
norma constitucional que prevê as limitações expressas. 
De fato, uma das limitações implícitas desenvolvidas pela doutrina e 
jurisprudência é exatamente aquela que impede alterações do 
procedimento estabelecido na Constituição para a modificação do seu 
texto. E esse procedimento é uma das limitações formais (expressas) ao 
Poder de reforma. 
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Item certo. 
18) (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de a Constituição Federal ser 
emendada na vigência de estado de defesa se constitui em uma 
limitação material explícita ao poder constituinte derivado. 
Na verdade, trata-se de uma limitação circunstancial ao poder 
constituinte derivado, prevista no art. 60, § 1º, da Constituição. 
Item errado. 
19) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) O poder constituinte 
derivado, no caso brasileiro, possui como uma das suas limitações a 
impossibilidade de promoção de alteração da titularidade do poder 
constituinte originário. 
Como vimos, uma das limitações materiais implícitas ao poder 
constituinte derivado é impossibilidade de alteração da sua própria 
titularidade e, também, da titularidade do poder constituinte originário 
(que é do povo). 
Item certo. 
20) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Firmou-se 
no Brasil o entendimento de que o poder constituinte de reforma 
pode suprimir um direito protegido como cláusula pétrea, desde que, 
num primeiro momento, esse direito seja subtraído da lista expressa 
das limitações materiais ao poder de emenda à Constituição. 
A questão refere-se ao mecanismo da dupla revisão. Como afirmado, 
essa teoria não é aceita no Brasil devido à existência de limitação 
material implícita, que proíbe ao poder constituinte derivado introduzir 
modificações no processo de modificação da Constituição Federal. 
Item errado. 
21) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) É viável reforma 
constitucional que aperfeiçoe o processo legislativo de emenda 
constitucional, tornando-o formalmente mais rigoroso. 
Por contrariar limitação material implícita, não é possível qualquer 
reforma constitucional que venha a alterar o processo legislativo de 
emenda constitucional. Não se admite nem que o torne mais flexível, 
nem mais rigoroso. 
Item errado. 
22) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O Supremo 
Tribunal Federal não tem competência para afirmar a 
inconstitucionalidade de emenda à Constituição votada segundo o 
procedimento estabelecido pelo poder constituinte originário. 
As emendas constitucionais aprovadas estão sujeitas a controle de 
constitucionalidade (incidental ou em abstrato) pelo STF, tanto no que se 
refere a aspectos formais quanto no que concerne aos aspectos 
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materiais. Afinal, trata-se de obra do poder constituinte derivado, que se 
caracteriza por ser condicionado e subordinado. 
Item errado. 
23) (ESAF/AFRF/2005) A forma republicana de governo, como princípio 
fundamental do Estado brasileiro, tem expressa proteção no texto 
constitucional contra alterações por parte do poder constituinte 
derivado. 
Fique atento. A Constituição gravou com a chancela de cláusula pétrea 
apenas a forma de Estado (Federação) e não a forma de governo 
(República) (CF, art. 60, § 4°). Portanto, errada a questão. 
De qualquer forma, parte da doutrina entende que apesar de não estar 
explícito, há vedação à adoção da monarquia como forma de governo. 
Em primeiro lugar, o voto periódico é cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4°, 
II). Em segundo lugar, segundo essa linha doutrinária, a decisão tomada 
pelo poder constituinte originário no plebiscito de 1993 não poderia ser 
alterada por emenda constitucional. 
Item errado. 
24) (ESAF/ACE/TCU/2006) Segundo a doutrina majoritária, no caso 
brasileiro, não há vedação à alteração do processo legislativo das 
emendas constitucionais, pelo poder constituinte derivado, uma vez 
que a matéria não se enquadra entre as hipóteses que constituem 
as cláusulas pétreas estabelecidas pelo constituinte originário. 
O processo legislativo de modificação da Constituição não pode sofrer 
modificações substanciais mediante emenda à Constituição. Isso ocorre 
devido à existência de limitação material implícita. 
Item errado. 
25) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo o STF, é possível a declaraçãode 
inconstitucionalidade de normas constitucionais resultantes de 
aprovação de propostas de emenda à constituição, desde que o 
constituinte derivado não tenha obedecido às limitações materiais, 
circunstanciais ou formais, estabelecidas no texto da CF/88, pelo 
constituinte originário. 
Se uma emenda constitucional desrespeitar uma das limitações a que 
está sujeito - circunstanciais (art. 60, § 1º), processuais ou formais (art. 
60, I a III e §§ 2º, 3º e 5º) e materiais (art. 60, § 4º) – haverá desrespeito 
à Constituição. Nesse caso, poderá ser declarada sua 
inconstitucionalidade. 
Item certo. 
2 – Modificação da Constituição Federal de 1988. Reforma, 
revisão e emenda constitucional 
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A Constituição é alterada por mutação, revisão e emenda constitucional. 
A mutação constitucional é o fenômeno que se verifica nas 
Constituições ao serem modificadas de forma silenciosa, contínua, sem 
alteração textual. É isso mesmo, trata-se de um processo informal e 
espontâneo de alteração da interpretação constitucional, em que se 
muda o conteúdo de determinado dispositivo, sem mudança no teor da 
norma. 
É o que acontece quando o Supremo Tribunal Federal muda seu 
entendimento sobre certo dispositivo constitucional, por decorrência da 
própria evolução de usos e costumes. Pode-se relacionar esse fenômeno 
ao conceito de poder constituinte difuso. 
Assim, se na sua prova vier algo relacionado ao poder constituinte difuso, 
não se assuste: trata-se do conceito de mutação constitucional. 
Já a revisão constitucional e o processo de emenda são processos 
formais de mudança nas Constituições, por meio de procedimentos 
estabelecidos pelo poder constituinte originário. Trata-se de dois 
procedimentos distintos: o procedimento simplificado de revisão 
constitucional, previsto no art. 3º do ADCT; e o procedimento rígido de 
emenda, estabelecido no art. 60 da CF/88. 
Em primeiro lugar, lembre-se de que os dois procedimentos – revisão e 
emenda - são manifestações do poder constituinte derivado. Assim, 
sujeitam-se às limitações impostas pelo poder constituinte originário e 
revisadas em tópico anterior. 
Mas, observe, entre eles há diversas diferenças, como se passa a 
apresentar. 
A revisão constitucional está prevista no art. 3° do ADCT e consistiu 
em um procedimento simplificado, que ocorreu apenas uma vez: 
cinco anos após a promulgação da CF/88. As emendas foram 
aprovadas por maioria absoluta de votos em sessão unicameral do 
Congresso Nacional. Ademais, o texto foi promulgado pela Mesa do 
Congresso Nacional. Este procedimento é caracterizado por alguns 
autores como conseqüência da ação do poder constituinte derivado 
revisor. 
Já o procedimento de emenda constitucional (CF, art. 60) tem outras 
características. As propostas de emenda constitucional são discutidas e 
votadas em cada Casa (reunião bicameral) do Congresso Nacional, em 
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três 
quintos dos votos dos respectivos membros. As emendas são 
promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal. Observe como é um processo bem mais rígido que o de 
revisão. 
Há ainda algumas importantes diferenças entre os procedimentos de 
revisão e emenda: 
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I) enquanto o processo de revisão foi único e não pode ser criado outro, 
o processo de emenda é permanente (exceto naquelas ocasiões 
excepcionais que resultam nas limitações circunstanciais (CF, art. 60, § 
1°). 
II) enquanto o processo de revisão não pode ser adotado pelos estados-
membros, o de emenda é de observância obrigatória por eles. 
Sintetizando: 
26) (ESAF/AFC/CGU/2003) A distinção doutrinária, entre revisão e 
reforma constitucional, materializou-se na CF/88, uma vez que o 
atual texto constitucional brasileiro diferencia tais processos, ao 
estabelecer entre eles distinções quanto à forma de reunião do 
Congresso Nacional e quanto ao quorum de deliberação. 
De fato, entre o procedimento de reforma (emenda) e o de revisão há 
diferenças na forma de reunião do Congresso (unicameral na revisão e 
bicameral no processo de emenda) e no que se refere ao quorum de 
deliberação (maioria absoluta na revisão e três quintos no processo de 
emenda). 
Item certo. 
27) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A 
revisão constitucional prevista por uma Assembléia Nacional 
Constituinte, possibilita ao poder constituinte derivado a alteração do 
texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitações 
Revisão Constitucional 
(ADCT, art. 3º) 
Emenda Constitucional 
(CF, art. 60) 
Procedimento simplificado (maioria 
absoluta, em sessão unicameral) 
Procedimento único (cinco anos após a 
promulgação da CF/88) 
Procedimento vedado aos estados-
membros 
Não pode ser criado outro por meio de 
emenda (limitação material implícita) 
As Emendas Constitucionais de Revisão 
(ECR) foram promulgadas pela Mesa do 
Congresso Nacional 
Procedimento árduo (2 turnos, com 
aprovação de 3/5 de cada Casa) 
Procedimento permanente (a CF/88 
sempre poderá ser alterada por emenda) 
Observância obrigatória pelos estados-
membros 
Não pode ser modificado por meio de 
emenda (limitação material implícita) 
As Emendas Constitucionais (EC) são 
promulgadas pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal 
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expressas e implícitas originalmente definidas no texto 
constitucional. 
Há diversas diferenças entre os procedimentos de revisão e o de 
emenda. Toa, você não pode esquecer que os dois procedimentos 
estão sujeito às limitações materiais expressas e implícitas impostas pelo 
ordenamento constitucional ao poder constituinte derivado. 
Item errado. 
28) (ESAF/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE/STN/2008) Não 
existe tratamento jurídico diferenciado entre emenda, reforma e 
revisão constitucional. 
Bem, para parte da doutrina, a reforma é gênero (poder constituinte 
reformador), que se subdivide em duas espécies de procedimentos: 
revisão constitucional (ADCT, art. 3º) e emenda constitucional (art. 60). 
Ou, em outras palavras: na Constituição Federal de 1988, o poder 
constituinte reformador (reforma constitucional) ora se materializa pelo 
procedimento de revisão (ADCT, art. 3º), ora pelo procedimento de 
emenda (art. 60). 
De qualquer forma, nem sempre as bancas fazem essa distinção, 
utilizando as expressões “reforma” e “emenda” como sinônimas. 
Item errado. 
29) (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) A emenda à 
Constituição Federal, enquanto proposta, é considerada um ato 
infraconstitucional. 
Segundo de Moraes, a emenda à Constituição Federal, 
enquanto proposta, é considerada um ato infraconstitucional sem 
qualquer normatividade, só ingressando no ordenamento jurídico após a 
sua aprovação, passando então a ser preceito constitucional, de mesma 
hierarquia das normas constitucionais originárias. 
Item certo. 
Agora, temos de tratar do art. 60 da Constituição Federal. Abordaremos 
aqui os principais aspectos, mas esse assunto se complementará com o 
estudo do processo legislativo, quando entraremos em outros detalhes. 
Primeiro, vejamos quais são as limitações formais (já conceituadas nessa 
aula) e que resultam na classificação da CF/88 como uma Constituição 
rígida. 
Iniciativa: A legitimidade para proposição de emenda constitucional é 
bem mais restrita que no caso das demais normas infraconstitucionais. 
Segundo o caput do art. 60, a Constituição poderá ser emendada 
mediante proposta: 
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I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou 
do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da 
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de 
seus membros. 
Deliberação e Promulgação: Como comentado, a proposta de emenda 
será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos 
dos votos dos respectivos membros (CF, art. 60, § 2°). 
A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de 
ordem (CF, art. 60, § 3°). 
Fique atento a dois detalhes importantíssimos (relacionados também 
com o processo legislativo a ser estudado em aula posterior): 
I) nos processo de emenda, não há sanção nem veto do Presidente da 
República; sua participação se esgota na possibilidade de iniciativa da 
proposta de emenda; e 
II) a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por 
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão 
legislativa (CF, art. 60, § 5°). 
Quanto a esse último ponto trata-se de regra distinta daquela referente 
ao processo das leis em geral, em que se admite a reapresentação 
daquele PL rejeitado por meio da proposta da maioria absoluta dos 
membros de qualquer uma das Casas legislativas. No caso das emendas 
constitucionais, não se admite em nenhuma hipótese a reapresentação 
na mesma sessão legislativa. 
Agora, passemos a apresentar as chamadas cláusulas pétreas, 
limitações materiais expressas ao poder constituinte derivado. 
Cláusulas pétreas: Segundo o art. 60, § 4°, não será objeto de 
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
a) a forma federativa de Estado; 
b) o voto direto, secreto, universal e periódico; 
c) a separação dos Poderes; 
d) os direitos e garantias individuais. 
Vamos aos detalhes: 
I) uma proposta de emenda tendente a abolir cláusula pétrea não deve 
nem mesmo ser objeto de deliberação; assim, se admite mandado de 
segurança impetrado por congressista a fim de sustar o trâmite da 
proposta de emenda tendente a abolir cláusula pétrea; 
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II) é errado se pensar que há óbice a qualquer tipo de emenda tratando 
de cláusula pétrea; pois somente não é admitida a proposta tendente a 
abolir cláusula pétrea; e 
III) não são cláusulas pétreas todos os direitos e garantias fundamentais; 
apenas os direitos e garantias individuais, independentemente de se 
situarem ou não no art. 5°. 
Vamos resolver algumas questões para trazer sua atenção de volta para 
o texto (...rs)... 
30) (ESAF/AUDITOR FISCAL DO TRABALHO/MTE/2010) As limitações 
expressas circunstanciais formam um núcleo intangível da 
Constituição Federal, denominado tradicionalmente por “cláusulas 
pétreas”. 
As limitações circunstanciais não são as cláusulas pétreas. Ocorrem 
quando a Constituição veda a sua modificação durante certas 
circunstâncias excepcionais, em ocasiões extraordinárias (a CF/88 prevê 
limitações circunstanciais, ao proibir a aprovação de emendas durante a 
vigência de estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal – art. 
60, § 1º). 
Item errado. 
31) (ESAF/PFN/2006) Embora nem todos os direitos enumerados no 
título dos Direitos Fundamentais sejam considerados cláusulas 
pétreas, nenhum outro, fora desse mesmo título, constitui limitação 
material ao poder constituinte de reforma. 
Como vimos, a Constituição Federal somente gravou expressamente 
como cláusula pétrea os direitos e garantias individuais (CF, art. 60, § 
4º, IV). Assim, em primeiro lugar, nem todos os direitos fundamentais 
enumerados no “Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais” são 
cláusulas pétreas. 
Entretanto, há direitos e garantias individuais fora desse catálogo. 
Segundo o STF, a cláusula pétrea “direitos e garantias individuais” 
protege direitos fora do Título dos direitos e garantias fundamentais, 
como é o caso do princípio da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, b), 
garantia individual do contribuinte. 
Item errado. 
32) (ESAF/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE/STN/2008) Não 
será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a 
ampliar a aplicação das normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais. 
Observe o teor do art. 60, § 4º, IV, que apresenta as limitações materiais 
expressas ao poder de reforma: 
“Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a 
abolir: 
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(...) 
IV - os direitos e garantias individuais.” 
Ou seja, não há óbice a uma proposta de emenda que amplie o rol de 
direitos individuais. 
Item errado. 
33) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) A aprovação de 
Emenda Constitucional durante o estado de sítio só é possível se os 
membros do Congresso Nacional rejeitarem, por quorum qualificado, 
a suspensão das imunidades dos Parlamentares durante a 
execução da medida. 
Não é possível a aprovação de emenda constitucional durante a vigência 
de estado de sítio (CF, art. 60, § 1º), por se tratar de limitação 
circunstancial ao poder de emenda. 
Item errado. 
34) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A emenda à Constituição, após 
aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da 
República, será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados 
e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
De fato, as emendas serão promulgadas pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
Entretanto, a questão está errada, pois não há sanção do Presidente da 
República em emendas constitucionais. 
Item errado. 
35) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda à 
Constituição será discutida e votada em sessão unicameral do 
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se 
obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
De acordo com o art. 60, § 2°, a proposta de emenda será discutida e 
votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos 
dos respectivos membros. 
Ou seja, não se trata de sessão unicameral, daí o erro da questão. Aliás, 
a sessão unicameral do Congresso Nacional ocorreu apenas na revisão 
constitucional prevista no art. 3° do ADCT. 
Item errado. 
36) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A proposta de emenda à 
Constituição pode ser apresentada por mais da metade das 
Assembléias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus 
membros. 
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O art. 60 apresenta os legitimados a propor emenda à Constitu-
ição Federal. A assertiva está de acordo com o art. 60, III da CF/88. 
Item certo. 
37) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) Não 
poderá ser objeto de deliberação a proposta de emenda à 
Constituição, na vigência de intervenção federal, estado de defesa 
ou estado de sítio. 
Segundo o texto constitucional “a Constituição não poderá ser 
emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou 
de estado de sítio” (CF, art. 60, § 1º). Assim, parte da doutrina entende 
que a matéria poderia tramitar e ser objeto de discussão durante 
essas medidas, não podendo, somente, ser aprovada e promulgada a 
emenda. 
Item errado. 
38) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) Constitui 
limitação material implícita ao poder constituinte derivado, a 
proposição de emenda constitucional que vise à modificaçãode 
dispositivos referentes aos direitos sociais, considerados cláusulas 
pétreas. 
Bem, em primeiro lugar, a maioria da doutrina considera que os direitos 
sociais não seriam cláusulas pétreas. Ademais, as limitações materiais 
implícitas impedem emendas prejudicais (a) à titularidade do poder 
constituinte originário, (b) à titularidade do poder constituinte derivado e 
(c) ao procedimento de modificação da Constituição. 
Item errado. 
39) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, o art. 3º do Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição 
Federal de 1988 (CF/88), que previa a revisão constitucional após 
cinco anos, contados de sua promulgação, é uma limitação temporal 
ao poder constituinte derivado. 
Interessante essa questão, pois esse assunto confunde muita gente. Há 
limitação temporal quando a Constituição estabelece um período durante 
o qual o seu texto não poderá ser modificado. Não foi o caso do art. 3° do 
ADCT que previa processo simplificado de revisão cinco anos após a 
promulgação da Constituição Federal. 
Toa, nesse intervalo de tempo (5 anos) não houve restrições quanto 
à alteração da Constituição por emenda constitucional. Ela podia ser 
modificada (e foi!) por meio de emendas aprovadas de acordo com o art. 
60. 
Em suma: a Constituição Federal de 1988 não apresenta limitações 
de ordem temporal. 
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Uma informação histórica: a única Constituição brasileira que apresentou 
limitação de ordem temporal foi a Constituição Imperial de 1824 (só 
admitia modificações no seu texto após quatro anos do início de sua 
vigência). 
Item errado. 
40) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) A emenda 
à Constituição Federal só ingressa no ordenamento jurídico após a 
sua promulgação pelo Presidente da República, e apresenta a 
mesma hierarquia das normas constitucionais originárias. 
A emenda à Constituição é promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, e não pelo Presidente da República 
(art. 60, § 3º). Uma vez promulgada pelas Mesas da Câmara e do 
Senado, a emenda ingressa no ordenamento jurídico na mesma situação 
hierárquica das normas constitucionais originárias. 
Item errado. 
41) (ESAF/AFC/2000) Todo deputado ou senador pode, individualmente, 
apresentar proposta de emenda à Constituição. 
Uma proposta de emenda à Constituição exige a manifestação de um 
terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal (CF, art. 60, I). 
Item errado. 
42) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Emenda Constitucional não está 
sujeita a sanção ou a veto do Presidente da República, mas deve 
ser por ele promulgada. 
As emendas constitucionais são promulgadas pelas Mesas da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal (CF, art. 60, § 3º). 
Guarde a seguinte informação para não errar mais: no processo de 
emenda constitucional, só há participação do Presidente da República 
na iniciativa. Não há sanção e a promulgação é feita pelas Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
Item errado. 
43) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Insere-se no âmbito da 
auto-organização dos Estados-membros a decisão de permitir 
revisões periódicas da Constituição Estadual, com quorum de 
maioria simples. 
O procedimento de revisão (ADCT, art. 3º) não pode ser adotado pelos 
estados-membros para modificação da Constituição Estadual. Esse 
procedimento simplificado de revisão foi adotado exclusivamente para a 
modificação da Constituição Federal, naquela única ocasião. 
Item errado. 
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44) (ESAF/AFRE/RN/2005) O poder constituinte derivado pode modificar 
livremente as normas relativas ao processo legislativo das emendas 
constitucionais, uma vez que essa matéria não se inclui entre as 
cláusulas pétreas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988. 
Como vimos, não seria admitida a alteração das normas relativas ao 
processo legislativo das emendas constitucionais, por afronta à limitação 
material implícita. 
Item errado. 
45) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) As cláusulas pétreas não inibem 
toda e qualquer alteração da sua respectiva disciplina constante das 
normas constitucionais originárias, não representando assim a 
intangibilidade literal destas, mas compreendem a garantia do 
núcleo essencial dos princípios e institutos cuja preservação nelas 
se protege. 
De fato, as cláusulas pétreas não inibem qualquer alteração literal da sua 
respectiva disciplina. O que não se admite é que venha uma emenda 
desfigurar o núcleo essencial das respectivas matérias. Assim, é 
inconstitucional uma emenda tendente a sua abolição (CF, art. 60, § 4º). 
Item certo. 
46) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a alterar os direitos e garantias 
individuais. 
Por favor, não erre essa questão tão batida da Esaf. Deixe para errar as 
difíceis... Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente 
a abolir os direitos e garantias individuais. 
Item errado. 
3 – Entrada em vigor de uma nova Constituição 
Caro aluno, para estudar esse assunto, você deve se imaginar em 1988. 
Ao entrar em vigor a Constituição Federal, o que aconteceu com a 
Constituição antiga? E com todo o ordenamento jurídico 
infraconstitucional? Todas as leis pré-existentes? 
Pois é... são essas e outras perguntas que eu pretendo responder neste 
tópico. Lembrando que esse assunto começa aqui, mas termina apenas 
nas últimas aulas, ao estudarmos o controle de constitucionalidade. 
A entrada em vigor de uma nova Constituição alcança todo o 
ordenamento jurídico, com efeitos sobre a Constituição antiga e a 
legislação infraconstitucional. 
Um primeiro detalhe é que, de acordo com a jurisprudência do STF, as 
novas normas constitucionais, salvo disposição em contrário, se aplicam 
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de imediato, alcançando os efeitos futuros de fatos passados. Essa 
eficácia especial denomina-se retroatividade mínima. 
É dizer, salvo disposição constitucional em contrário (pois a 
Constituição pode estabelecer outra regra de aplicabilidade), a entrada 
em vigor de norma constitucional não alcança os fatos consumados no 
passado, nem as prestações vencidas e não pagas. 
Para clarear podemos citar o exemplo do art. 7°, IV da CF/88. Esse 
dispositivo veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim. 
Assim, em outubro de 1988, quando entrou em vigor a Constituição, os 
proventos de pensão que seriam recebidos após aquela data deixariam 
de estar vinculados ao salário mínimo automaticamente, apesar de ter 
havido essa vinculação até então, para os proventos recebidos 
anteriormente. 
É importante deixar claro que essa regra especial serve apenas para a 
Constituição Federal. No caso das constituições estaduais e legislação 
infraconstitucional, essa regra não se aplica. Elas não podem retroagir. 
Bem, continuando com a abordagem da problemática da força de um 
novo texto constitucional em relação ao direito anterior ou o direito “pré-
constitucional”... 
Promulgada uma nova Constituição... 
I) A Constituição pretérita – terá todos seus dispositivos integralmente 
revogados pela nova Constituição, em bloco, ainda que haja alguma 
compatibilidade; ou seja, não se aproveita nada da Constituição pretérita. 
II) O direito infraconstitucional materialmente compatível – Será 
recepcionado pela nova Constituição, com o status (força) que esta der 
para aquele assunto. Deixe-me explicar melhor. 
No confronto entre o direito pré-constitucional e Constituição futura só 
interessa a compatibilidade material (conteúdo da norma). Nãointeressa em nada a compatibilidade formal, ligada ao processo 
legislativo de elaboração das normas. Em outras palavras, se a 
Constituição pretérita exigia lei ordinária para regular a matéria e a nova 
Constituição passa a exigir lei complementar para esse mesmo fim, a 
norma poderá sim ser recepcionada pela nova Constituição. E será 
recepcionada com força (status) de lei complementar. Conclusão: apesar 
de ter sido aprovada anteriormente como lei ordinária, só poderá 
ser revogada por lei complementar ou norma hierarquicamente 
superior. 
III) O direito infraconstitucional materialmente incompatível – Será 
revogado pela nova Constituição. 
Atenção! Não é que ele se torna inconstitucional. O confronto entre a 
nova Constituição e o direito pré-existente materialmente incompatível se 
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resolve pela revogação deste por aquela (e não pela 
inconstitucionalidade). 
Sobre isso, guarde aquele famoso bordão: não há 
inconstitucionalidade superveniente no Brasil. 
IV) o direito infraconstitucional não vigente no momento da 
promulgação da nova Constituição – Até poderá ter a sua vigência 
restaurada pela nova Constituição, desde que esta o faça expressamente 
(poderá ocorrer repristinação expressa). Entretanto, não tem sua 
vigência tacitamente (automaticamente) restaurada. 
Trata-se de outro bordão: não haverá repristinação tácita. 
Quanto a esse último ponto tem um detalhe importante, relativo ao direito 
infraconstitucional que se encontrar no período da vacatio legis no 
momento da promulgação da nova Constituição. Trata-se da chamada 
vacância da lei, o período entre a publicação da lei e o início de sua 
vigência (o legislador estabelece esse prazo, mas o mais comum é 
estabelecer que “essa lei entra em vigor na data de sua publicação”). 
Caso a lei esteja no período de vacatio legis no momento da 
promulgação da nova Constituição, ela não entrará em vigor no novo 
ordenamento constitucional que se inicia; ou seja, não será aproveitada 
pela nova Constituição. 
Bem, vamos então ao que interessa, um resumo dos aspectos mais 
relevantes. Objetivamente, você precisa guardar o seguinte. 
Em primeiro lugar, o confronto entre a nova Constituição e o direito 
infraconstitucional anterior se resolve pela recepção ou revogação 
deste último, tendo em vista que não há inconstitucionalidade 
superveniente. 
Em segundo lugar, para a análise desse confronto, não interessa, em 
nada, os aspectos formais, procedimentais. Avalia-se exclusivamente a 
compatibilidade material da norma com a nova ordem constitucional. 
Por fim, interessa observar que, para que norma infraconstitucional 
possa ser recepcionada pela nova Constituição, ela deve cumprir os 
seguintes requisitos: (i) estar em vigor no momento da promulgação da 
nova Constituição; (ii) ter conteúdo compatível com a nova 
Constituição; e (iii) ter sido produzida de modo válido (de acordo com a 
Constituição de sua época). 
Em suma, quanto a esse terceiro aspecto, você tem de pensar da 
seguinte forma. 
Se em 1970 foi produzida uma lei inconstitucional (por exemplo, se ela 
tiver desrespeitado o processo legislativo estabelecido pela Constituição 
da sua época), ela é inválida desde a sua origem. Ou seja, essa lei é 
nula, mesmo que ainda não tiver sido declarada sua 
inconstitucionalidade. Assim, essa lei não pode ser recepcionada pela 
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nova Constituição. Pois para ser recepcionada ela deve ter sido 
produzida de modo válido (de acordo com a Constituição de sua 
época). 
Não há que se avaliar sua compatibilidade frente à nova Constituição, ela 
é inválida frente a Constituição anterior. Portanto, inválida desde a sua 
origem, não cabendo falar em sua recepção pelo novo ordenamento. 
Vamos fazer uma questão interessante... 
47) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Com o advento 
de uma nova Constituição, normas da Constituição anterior que 
sejam compatíveis com o novo diploma continuam a vigorar, embora 
com força de lei. 
Como vimos, promulgada uma nova Constituição, a Constituição 
pretérita será completamente revogada. É dizer, terá todos seus 
dispositivos integralmente revogados pela nova Constituição, 
independentemente de haver compatibilidade ou não com esta última. 
Item errado. 
Mas, eu comecei com essa questão a fim de te apresentar o conceito de 
desconstitucionalização. 
Alguns doutrinadores defendem que a entrada em vigor de uma nova 
Constituição não deveria acarretar a revogação de toda a Constituição 
pretérita. Para eles, cada dispositivo da Constituição antiga deveria ser 
confrontado com a nova Constituição. 
Nesse sentido, como resultado desse confronto, os dispositivos da 
Constituição pretérita que fossem incompatíveis com a nova Carta 
seriam imediatamente revogados. 
Por outro lado, os dispositivos compatíveis seriam recepcionados com 
força de leis comuns, normas infraconstitucionais. 
Em suma, aquela parte compatível não seria revogada, tão somente 
perderia o status de norma constitucional, sendo recepcionada como 
norma infraconstitucional. Daí o nome de desconstitucionalização. 
Agora, releia a assertiva e observe como ela faz referência a essa tese 
(não adotada no nosso ordenamento). 
48) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) A Doutrina 
majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal 
convergem para afirmar que normas da Constituição anterior ao 
novo diploma constitucional, que com este não sejam materialmente 
incompatíveis, são recebidas como normas infraconstitucionais. 
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Como vimos, é minoritária a doutrina que defende a tese da 
desconstitucionalização. Assim, promulgada uma nova Constituição, a 
Constituição pretérita terá todos seus dispositivos integralmente 
revogados pela nova Constituição. 
Item errado. 
49) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Normas de lei 
ordinária anteriores à nova Constituição que sejam com essa 
materialmente compatíveis são tidas como recebidas, mesmo que 
se revistam de forma legislativa que já não mais é prevista na nova 
Carta. 
Promulgada uma nova Constituição, o direito infraconstitucional 
materialmente compatível será recepcionado pela nova Constituição. 
Não importa se aquela “forma legislativa” não existe mais. Afinal, ela será 
recepcionada com o status que a nova Constituição reserva para aquela 
matéria. 
Você conhece o “decreto-lei”? Trata-se de espécie normativa extinta pela 
nossa Constituição de 1988. Entretanto, quando ela foi promulgada, 
havia diversos decretos-lei plenamente válidos que continuaram sendo 
aplicáveis. 
Assim, imagine que, em 1970, determinada matéria era regulada por 
decreto-lei. Então suponha que o advento da nova Constituição (de 
1988) tenha exigido lei complementar para o trato daquele assunto. 
Nessa hipótese, se materialmente compatível, o decreto-lei seria 
recepcionado com força de lei complementar. 
Isso porque no confronto entre o direito pré-constitucional e Constituição 
futura só interessa a compatibilidade material (conteúdo da norma). 
Não interessa compatibilidade formal, ligada ao processo legislativo 
de elaboração das normas. 
Item certo. 
50) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assentou-se a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que as 
normas anteriores à Constituição com essa materialmente 
incompatíveis são consideradas inconstitucionais e, não, meramente 
revogadas. 
Não há inconstitucionalidade superveniente no Brasil. O direito 
infraconstitucional materialmente incompatível é revogado pela nova 
Constituição. Ele não se torna inconstitucional. Lembre-se quea análise 
de constitucionalidade ou não deve se dar entre a norma e a Constituição 
de sua época. 
Agora, eu te pergunto, há alguma possibilidade de uma lei editada em 
1979 vir a ser declarada inconstitucional em uma ação julgada no ano 
de 2010? Qual seria o caso? Aguardo sua resposta no fórum.... 
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Item errado. 
51) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Reconhecese, 
hoje, no Brasil, como típico das normas do poder constituinte 
originário serem elas dotadas de eficácia retroativa mínima, já que 
se entende como próprio dessas normas atingir efeitos futuros de 
fatos passados. 
Como vimos, o STF deixou assente que, salvo disposição expressa ao 
contrário, a nova Constituição aplica-se de imediato, alcançando efeitos 
futuros de negócios passados. Essa regra de eficácia é denominada 
retroatividade mínima. 
Item certo. 
52) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Uma lei que fere 
o processo legislativo previsto na Constituição sob cuja regência foi 
editada, mas que, até o advento da nova Constituição, nunca fora 
objeto de controle de constitucionalidade, não é considerada 
recebida por esta, mesmo que com ela guarde plena compatibilidade 
material e esteja de acordo com o novo processo legislativo. 
Para que uma norma seja recepcionada ela deve ser válida frente à 
Constituição de sua época. Pois se ela era inconstitucional (mesmo que 
não tenha sido declarada sua inconstitucionalidade ainda) ela nem pode 
produzir efeitos. 
Assim, não interessa sua compatibilidade com a Constituição atual. Se 
ela nasceu inconstitucional frente à Constituição antiga, não pode ser 
recepcionada pela nova. 
Item certo. 
53) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Para que a lei 
anterior à Constituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é 
mister que seja compatível com este, tanto do ponto de vista da 
forma legislativa como do conteúdo dos seus preceitos. 
No confronto entre a lei antiga e o novo Texto Magno só interessa a 
compatibilidade material (conteúdo da norma). Não interessa 
compatibilidade formal, ligada ao processo legislativo de elaboração 
das normas. 
Item errado. 
54) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) Normas não 
recebidas pela nova Constituição são consideradas, ordinariamente, 
como sofrendo de inconstitucionalidade superveniente. 
É como eu já disse: não há inconstitucionalidade superveniente. O 
fenômeno da inconstitucionalidade só ocorre em uma lei que desrespeite 
a Constituição de sua época. 
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A incompatibilidade entre uma norma antiga e a nova Constituição se 
resolve pela revogação da primeira e não pela declaração de sua 
inconstitucionalidade. 
Item errado. 
55) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Suponha a existência de uma lei 
ordinária regularmente aprovada com base no texto constitucional 
de 1969, a qual veicula matéria que, pela Constituição de 1988, 
deve ser disciplinada por lei complementar. Com base nesses 
elementos, pode-se dizer que tal lei 
a) foi revogada por incompatibilidade formal com a Constituição de 1988. 
b) incorreu no vício de inconstitucionalidade superveniente em face 
da nova Constituição. 
c) pode ser revogada por outra lei ordinária. 
d) foi recepcionada com força de lei ordinária, mas somente pode ser 
modificada por lei complementar. 
e) pode ser revogada por emenda à Constituição Federal. 
Primeira coisa: você entendeu a situação apresentada pela questão? 
A Lei ordinária “A” foi aprovada antes de 1988 (por exemplo, em 1975), 
tratando de um assunto “X”, por exemplo. Veio a Constituição de 1988 e 
estabeleceu que “apenas as leis complementares podem dispor sobre o 
assunto ‘X’”. 
Ela é inconstitucional frente à CF/88? Não, pois não há 
inconstitucionalidade superveniente. Letra “b” está errada. 
Ela foi revogada por ser lei ordinária? Não, pois para se avaliar o 
fenômeno da revogação, não importam em nada os aspectos formais 
(por exemplo, se a lei era ordinária, complementar, se era um decreto-lei 
etc.). Letra “a” errada. 
Na verdade, a princípio, essa norma seria recepcionada (a questão não 
falou se ela é materialmente compatível) com força de lei complementar 
(afinal, essa é a espécie normativa que deve tratar do tema “X”, de 
acordo com a Constituição de 1988). 
Assim, só pode ser revogada por lei complementar ou norma 
hierarquicamente superior. Portanto, estão erradas as letras “c” e “d”. E 
correta a letra “e”, uma vez que emenda constitucional poderá revogar a 
Lei “A”. 
Gabarito: “e” 
56) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Para que a lei anterior à 
Constituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é mister que seja 
compatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa 
como do conteúdo dos seus preceitos. 
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Não interessam os aspectos formais para a análise da recepção da 
norma pelo novo texto constitucional. 
Item errado. 
57) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Lei ordinária anterior à 
Constituição de 1988, com ela materialmente compatível, é tida 
como recebida pela nova ordem constitucional, mesmo que esta 
exija lei complementar para regular o assunto. 
De fato, a lei ordinária materialmente compatível será recepcionada. 
Nesse caso, caso a nova ordem constitucional exija lei complementar 
para o trato daquele assunto, a referida lei ordinária terá status de lei 
complementar. 
Item certo. 
58) (ESAF/AFRF/2000) A lei ordinária anterior à nova Constituição, que 
com esta é materialmente incompatível, continua em vigor até que 
seja revogada por outra lei do mesmo status hierárquico. 
Nesse caso, a revogação ocorre na data da entrada em vigor do novo 
texto constitucional. Observe isso: a revogação do direito pré-
constitucional materialmente incompatível com a nova Constituição 
ocorre sempre numa mesma data: na data da entrada em vigor do novo 
texto constitucional. 
Item errado. 
59) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A legislação federal anterior à 
Constituição de 1988 e regularmente aprovada com base na 
competência da União definida no texto constitucional pretérito é 
considerada recebida como estadual ou municipal se a matéria por 
ela disciplinada passou segundo a nova Constituição para o âmbito 
de competência dos Estados ou dos Municípios, conforme o caso, 
não se podendo falar em revogação daquela legislação em virtude 
dessa mudança de competência promovida pelo novo texto 
constitucional. 
Não importam os aspectos formais. Nesse caso, se a lei federal for 
materialmente compatível, ela será recepcionada com status de lei 
estadual ou municipal, conforme o caso. 
Ou seja, uma lei federal aprovada validamente, passa a ter força de 
norma local (estadual ou municipal), caso a nova Constituição destine 
aquela matéria para a competência estadual ou municipal. 
Há um detalhe sobre esse aspecto. Vou aproveitar uma questão do 
Cespe para apresentá-lo. 
Item certo. 
60) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) 
Uma lei estadual editada com base na sua competência prevista em 
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Constituição pretérita é recepcionada como lei federal, quando a 
nova Constituição atribui essa mesma competência à União. 
Observe que nessa questão ocorreu exatamente o contrário da situação 
apresentada na questão acima. 
Assim, repetindo a situação hipotética da questão anterior, digamos que 
na vigência da Constituição pretérita, a competência para disciplinar 
determinada matéria era da União, tendo esse ente editado diploma legal 
sobre o assunto. Como vimos, casoa nova Constituição atribua essa 
competência aos estados, havendo compatibilidade material entre a lei e 
a nova Constituição, a lei federal pretérita será recepcionada com status 
de lei estadual. 
Entretanto, a situação apresentada nesta questão é inversa: 
anteriormente, a competência era estadual; a nova Constituição atribuiu 
aquela competência à União. 
Nesse caso, não haverá a recepção das leis pré-constitucionais pela 
nova Constituição. E por um motivo lógico... 
Se a competência anterior era dos estados, cada um (dos 26 estados) 
tinha disciplinado a matéria à sua maneira. Como saber qual norma 
dentre essas 26 existentes seria recepcionada com status de lei federal? 
Em suma, na mudança de competência entre os entes políticos, 
efetivada pela nova Constituição, é admitida a estadualização (de cima 
para baixo) da legislação federal pretérita; mas não a federalização (de 
baixo para cima) da legislação estadual pretérita. 
O mesmo raciocínio vale para a mudança da competência envolvendo 
os municípios. 
Item errado. 
61) (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ/SE/2008) Determinada lei ordinária, 
sancionada em 1973, disciplina uma dada matéria. Entretanto, a 
CF/88 dispôs que a mesma matéria agora deverá ser disciplinada 
por lei complementar. Diante dos fatos acima narrados, é correto 
afirmar que 
a) há vício formal na lei de 1973 por incompatibilidade com a atual CF. 
b) resolução do Senado Federal, promulgada em 2007, poderia 
revogar a lei de 1973. 
c) a lei de 1973 foi recepcionada como lei complementar, mas pode 
ser alterada por lei ordinária. 
d) a lei de 1973 foi recepcionada como lei ordinária, mas só pode ser 
alterada por lei complementar. 
e) a lei de 1973 pode ser revogada por emenda constitucional. 
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Antes de começar a resolver essa questão (do Cespe), compare ela com 
a questão de número 55 (da Esaf). Observe as semelhanças... Se você 
acertou lá não pode errar aqui, certo? 
Aí tem aluno que fala: “Ah! Mas eu só sabia responder com uma lei de 
1969 (como da questão de 55)!!!” 
Chega de bla, bla, bla... A assertiva "a" está errada, pois no confronto 
entre a lei de 1973 e a atual CF só importa o aspecto material. 
As assertivas "b" e "c" estão erradas, pois a lei foi recepcionada com 
força de lei complementar, só podendo ser revogada por outra de igual o 
maior status. 
A assertiva "d" está errada, pois a lei foi recepcionada com status de lei 
complementar (já que a nova Constituição passou a exigir lei 
complementar para disciplinar aquele assunto), e não de lei ordinária. 
A assertiva "e" está correta. De fato, lei complementar pode ser revogada 
por norma hierarquicamente superior, como é o caso de uma emenda 
constitucional. 
Gabarito: “e” 
Seguem a partir de agora alguns exercícios de fixação. Qualquer dúvida 
poderá ser respondida no fórum de dúvidas. De qualquer forma, com as 
informações passadas durante a aula, você consegue responder todas 
as questões propostas aqui. 
Nos vemos na próxima aula! 
Bons estudos! 
Frederico Dias 
4 – Exercícios de Fixação 
62) (ESAF/AFRF/2000) Uma norma constitucional, fruto do poder 
constituinte originário, não pode ser declarada inconstitucional pelo 
Supremo Tribunal Federal, mesmo que não esteja de acordo com 
algum princípio fundamental, inspirador da Constituição, como o da 
isonomia e o da democracia. 
63) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) No tocante ao poder 
constituinte originário, o Brasil adotou a corrente positivista, de modo 
que o referido poder se revela ilimitado, apresentando natureza 
préjurídica. 
64) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) O 
poder constituinte derivado decorrente é aquele atribuído aos 
parlamentares no processo legiferante, em que são discutidas e 
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aprovadas leis, observadas as limitações formais e materiais 
impostas pela Constituição. 
65) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA /STJ/ 
2008) O poder constituinte derivado decorrente consiste na 
possibilidade que os estados-membros têm, em virtude de sua 
autonomia político-administrativa, de se autoorganizarem por meio 
das respectivas constituições estaduais, sempre respeitando as 
regras estabelecidas pela CF. 
66) (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de alteração da sua própria 
titularidade é uma limitação material implícita do poder constituinte 
derivado. 
67) (ESAF/PFN/2006) Consolidou-se o entendimento de que, mediante 
o mecanismo da dupla revisão, é viável a superação das cláusulas 
pétreas entre nós. 
68) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) A CF pode ser alterada, a 
qualquer momento, por intermédio do chamado poder constituinte 
derivado reformador e também pelo derivado revisor. 
69) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, a aprovação de 
emenda constitucional, alterando o processo legislativo da própria 
reforma, ou revisão constitucional, tornando-o menos difícil, não 
seria possível, porque haveria um limite material implícito ao poder 
constituinte derivado em relação a essa matéria. 
70) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A Constituição não poderá ser 
emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa 
ou de estado de sítio, salvo se a emenda for aprovada pela maioria 
absoluta de seus membros. 
71) (ESAF/AFCE/TCU/2000) As emendas à Constituição expressam 
meio típico de manifestação do poder constituinte originário. 
72) (ESAF/AFCE/TCU/2000) O poder de reforma ou de emenda é um 
poder ilimitado na sua atividade de constituinte de primeiro grau. 
73) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TJ/CE/2008) A 
CF não poderá ser emendada na vigência de estado de sítio. 
74) (CESPE/PROMOTOR/MPE/RR/2008) No Brasil, o exercício do 
poder constituinte já foi restrito a determinado grupo ou pessoa, o 
que resultou em Constituição dita outorgada. 
75) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) 
As mutações constitucionais decorrem da conjugação da 
peculiaridade da linguagem constitucional, polissêmica e 
indeterminada, com fatores externos, de ordem econômica, social e 
cultural, que a CF intenta regular, produzindo leituras sempre 
renovadas das mensagens enviadas pelo constituinte. 
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76) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) A 
promulgação de emendas à Constituição Federal compete às Mesas 
da Câmara e do Senado, não se sujeitando à sanção ou veto 
presidencial. 
77) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) De acordo com 
entendimento do STF, as normas constitucionais provenientes da 
manifestação do poder constituinte originário têm, via de regra, 
retroatividade máxima. 
78) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) A matéria constante de proposta de 
emenda à constituição rejeitada ou havida por prejudicada não pode 
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa, salvo se a 
nova proposta for apoiada por um número de parlamentares superior 
ao exigido para a sua aprovação. 
79) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Admite-se 
pacificamente entre nós a invocação do direito adquirido contra 
norma provinda do poder constituinte originário. 
80) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) O 
poder constituinte formal não se confunde com o poder constituinte 
material. Este é o poder de autoconformação do Estado segundo 
certa ideia de direito, enquanto aquele é o poder de decretação de 
normas com a forma e a força jurídica próprias das normas 
constitucionais. Em outras palavras, enquanto o poder constituinte 
material tem por fim qualificar como constitucional determinadas 
matérias, o formal atribui a essa escolha uma força constitucional.

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