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Direito Processual Penal - Prova e Meios de Prova

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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL 
TEORIA E EXERCÍCIOS P/ POLÍCIA FEDERAL 
PROFESSOR PEDRO IVO 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 03 – PROVA – PARTE 01
Caro(a) aluno(a), 
Hoje começaremos a tratar de um tema que as bancas adoram exigir em seus concursos: 
A PROVA NO PROCESSO PENAL. 
É um tema vasto, mas interessantíssimo e que sem dúvida, a correta compreensão, 
garantirá preciosos pontos em sua PROVA. 
Durante a aula responderemos a importantes questionamentos do tipo: 
Posso obrigar alguém a provar alguma situação que eu estou colocando em dúvida? 
Posso utilizar uma conversa telefônica gravada sem seu consentimento na qual 
escutamos CLARAMENTE uma conversa de duas horas com sua namorada ou 
namorado, configurando o ILÍCITO de deixar candidatos passarem sua frente na fila de 
aprovação (Aqui isto é um crime tipificado no art. 1º do Código dos Concurseiros)? 
Pode o juiz aceitar como prova suficiente para embasar a condenação de um concurseiro 
o depoimento de uma testemunha, colhido na fase do inquérito, e que afirma ter visto o 
futuro candidato a um cargo público assistindo o BBB 11 e mais, votando para a saída de 
um participante da “casa”? 
Bom, estas e outras perguntas serão respondidas e explicadas! 
Dito isto, atenção total e vamos em frente recuperar as duas horas no telefone...Eu 
sei...Eu sei...Você goza de presunção de inocência até a sentença judicial transitada em 
julgado... 
Bons estudos!!! 
******************************************************************************************************* 
3.1 PROVA – REGRAS GERAIS 
O Código de Processo Penal traz em seu texto um conjunto de regras que define a fase 
probatória em um processo penal. 
Essas regras podem ser divididas em gerais, que tratam da forma como o magistrado 
deve apreciar e valorar as provas, e específicas, que versam sobre meios de prova, tais 
como a acareação, o interrogatório e o mais exigido e cobrado em prova, AS PERÍCIAS 
EM GERAL constantes dos art. 158 a 184, com modificações importantíssimas inseridas 
pela Lei nº 11.690/2008. 
 3.1.1 CONCEITO
 
 
 
 
 
 
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O termo prova deriva do latim probatio, que significa inspeção, verificação, ensaio, 
razão, exame, argumento, aprovação ou confirmação. Visto isto, podemos conceituar 
prova como sendo o conjunto de elementos que serão apresentados pelas partes a fim 
de convencer o Magistrado quanto a fatos, atos e circunstâncias. 
Mirabete afirma que provar é "produzir um estado de certeza, na consciência e mente 
do juiz, para sua convicção, a respeito da existência ou inexistência de um fato, ou da 
verdade ou falsidade de uma afirmação sobre uma situação de fato, que se considera 
de interesse para uma decisão judicial ou a solução de um processo". 
 3.1.2 OBJETO DA PROVA
Objeto da prova é, resumidamente, o fato no processo penal que precisam ser 
provados por gerar dúvida ao Juiz. 
Mas todo fato precisa ser comprovado se requisitado por uma das partes? 
A resposta é negativa. Vamos exemplificar: 
Imaginemos um processo penal em que Mévio acusa Tício de ter jogado álcool e fogo 
em sua perna. Durante o litígio, em determinado momento, o advogado de Tício 
profere a seguinte declaração...”MAS PROVE QUE O FOGO QUEIMA!!!”. 
Óbvio que tal pedido é um absurdo e exatamente para evitar este tipo de situação a 
doutrina lista os seguintes fatos que NÃO necessitam de comprovação. São eles: 
• FATOS AXIOMÁTICOS Î São aqueles em que pesam certeza absoluta, 
inquestionável. São os fatos evidentes, intuitivos sob os quais não 
recaem questionamentos. 
Exemplo: Um motoqueiro é atropelado por um caminhão de cerveja 
(daqueles bem grandes) e tem seu corpo dividido em vários pedaços 
(espero que os futuros peritos não estejam achando a história pesada). 
Ao chegar ao local o perito olha para as partes do corpo e diz: 
“VAMOS REALIZAR O EXAME CADAVÉRICO INTERNO PARA 
DETERMINAÇÃO DA CAUSA DA MORTE”. 
Este perito merece ser DEMITIDO, porque estamos diante de um fato 
axiomático em que, claramente, é intuitivo a determinação da causa do 
falecimento. 
• FATOS NOTÓRIOS Î São os fatos que encontram embasamento no 
conhecimento que faz parte da cultura de uma sociedade. Assim, em um 
processo contra a honra do Presidente, por exemplo, ninguém precisa 
provar em juízo que ele é o Chefe do Executivo Federal, pois isto é um 
fato notório. 
 
 
 
 
 
 
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Não precisamos comprovar que o fogo queima, que a água molha, enfim 
é tudo aquilo que podemos dizer: “ AHHH, mas isso todo mundo já 
sabe!”. 
• PRESUNÇÕES LEGAIS Î São juízos de certeza que decorrem da 
própria lei e que se classificam em: 
1. ABSOLUTAS (JURE ET DE JURE) Î NÃO ADMITEM PROVA EM 
CONTRÁRIO. 
2. RELATIVAS (JURIS TANTUM) Î ADMITEM PROVA EM 
CONTRÁRIO, PORÉM INVERTEM O ÔNUS PROBATÓRIO. 
Exemplo de presunção absoluta: Será possível a um advogado 
comprovar em juízo que, devido a uma capacidade mental diferenciada, 
um menor de 18 anos não poderá ser considerado inimputável? 
A resposta é negativa, pois há, neste caso, presunção legal absoluta de 
que só o maior de 18 aos é imputável. 
Exemplo de presunção relativa: Utilizando a situação acima apresentada, 
podemos dizer que há presunção relativa de que o maior de 18 anos é 
imputável. 
Assim, caso este possua uma doença mental, por exemplo, caberá à 
defesa comprovar tal fato e não a quem está acusando. 
Como falamos, ocorre a inversão do ônus probatório. 
Resumindo: 
• FATOS INÚTEIS Î São os que não possuem relevância para a causa. 
Seria o caso, por exemplo, de em um delito de furto o advogado querer 
saber qual a preferência sexual do réu, ou mesmo o que ele fez nas 
férias passadas, ou qualquer outro aspecto que em nada agregará ao 
convencimento do Juiz. 
 
 
 
 
 
 
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Do exposto, podemos resumir: 
Diante do exposto, podemos concluir que a regra geral é a necessidade de provar os 
fatos, salvo nas situações apresentadas acima que excluem esta obrigação. 
Para finalizar, existem determinados requisitos para que a prova seja aceita em um 
processo penal. Para ter aceitação a prova necessita ser: 
OBSERVAÇÃO
FATOS INCONTROVERSOS
NO PROCESSO PENAL, DIFERENTEMENTE DO QUE OCORRE NO 
PROCESSO CIVIL, OS FATOS ADMITIDOS PELAS PARTES 
NECESSITAM DE PROVA, POIS, NO PROCESSO PENAL, BUSCA-
SE A VERDADE MATERIAL. DESTA FORMA, ATÉ MESMO O JUIZ 
PODE DETERMINAR DE OFÍCIO A PRODUÇÃO DE PROVAS: 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, 
facultado ao juiz de ofício: 
[...] 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
ASSIM, SE TÍCIO (RÉU) DIZ QUE MATOU E MÉVIO(OFENDIDO) 
CONCORDA, O MAGISTRADO NÃO É OBRIGADO A ACEITAR TAL 
SITUAÇÃO, PODENDO REALIZAR DILIGÊNCIAS COMPLEMEN-
TARES PARA DIRIMIR DÚVIDAS. 
 
 
 
 
 
 
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1. ADMISSÍVEL Î ADMITIDA PELO DIREITO; 
2. PERTINENTE Î TENHA RELAÇÃO COM O PROCESSO; 
3. CONCLUDENTE ÎVISA DIRIMIR DÚVIDAS SOBRE DETERMINADA QUESTÃO; 
4. POSSÍVEL. 
 3.1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS 
3.1.3.1 QUANTO AO OBJETO
• PROVAS DIRETAS Î São aquelas que por si só e com certeza 
demonstram um fato controvertido 
Exemplo: Testemunho de uma pessoa que estava no local doroubo e 
tudo viu ou exame do corpo de delito no caso de um homicídio 
• PROVAS INDIRETAS Î São aquelas que exigem um raciocínio lógico 
para que se deduza determinada circunstância. A prova não encontra 
ligação direta com o fato, mas mediatamente permite conclusões. 
Exemplo: Em um delito de homicídio o réu (Tício) consegue um álibi. 
Este álibi vai proferir uma declaração que no dia X e hora Y Tício estava 
jantando com ela (Mévia). Mévia pode até nem saber do homicídio, mas 
para o processo a declaração tem grande importância. 
3.1.3.2 QUANTO AO EFEITO OU VALOR
• PROVAS PLENAS Î São provas em que pesam um alto grau de 
certeza podendo ser utilizadas como elemento principal de 
convencimento do Magistrado. Relembro aqui que o Juiz não poderá 
Não viola o art. 5º, LV, da CF/88, o indeferimento da prova tida como 
desnecessária (STF, RE 446.517/DF, DJ 18.05.2007). 
Não constitui cerceamento de defesa o indeferimento de diligências 
requeridas pela defesa, se forem elas consideradas desnecessárias pelo 
órgão julgador a quem compete a avaliação da necessidade ou conveniência 
do procedimento então proposto (STF, HC 94.542/SP, DJ 20.03.2009). 
 
 
 
 
 
 
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formar seu convencimento simplesmente em provas sob as quais tenha 
dúvida, pois, neste caso, in dúbio pro reo. 
Exemplo: Prova documental, testemunhal, pericial. 
• PROVAS NÃO PLENASÎ Servem para reforçar o convencimento do 
magistrado, não podendo funcionar como elemento principal de 
convicção. 
Exemplo: O indício, a fundada suspeita, etc. 
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e 
provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, 
concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 
3.1.3.3 QUANTO AO SUJEITO
• PROVAS REAIS Î São aquelas que não resultam, diretamente, de 
pessoas e sim de eventos externos. 
Exemplo: Cadáver, arma do crime, etc. 
• PROVAS PESSOAIS Î São aquelas obtidas através de PESSOAS. 
Exemplo: Interrogatório, testemunho, laudos periciais, etc. 
3.1.3.4 QUANTO À FORMA OU APARÊNCIA
• TESTEMUNHAL; 
• DOCUMENTAL; 
• MATERIAL. 
 Podemos resumir: 
 
 
 
 
 
 
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 3.1.4 PRINCÍPIOS GERAIS DAS PROVAS
• PRINCÍPIO DA COMUNHÃO (OU AQUISIÇÃO) Î A prova não 
pertence à parte que a gerou, ou seja, uma vez produzida, passa a 
integrar o processo, podendo ser utilizada por qualquer dos 
intervenientes, seja o juiz, sejam as demais partes. 
Imaginemos, por exemplo, que em um processo eu contrato um perito 
particular, pago R$5000,00 e apresento um laudo pericial como prova. 
Este laudo é só meu (TÔ PAGANDO...) ou poderá ser utilizada pela outra 
parte? 
Na verdade, a partir no momento que uma prova é produzida, esta passa 
a ser DO PROCESSO, podendo ser utilizada por qualquer das partes. 
QUANTO AO OBJETO 
QUANTO AO VALOR
QUANTO AO SUJEITO 
QUANTO À FORMA 
DIRETAS 
INDIRETAS 
PLENAS 
NÃO PLENAS 
REAIS 
PESSOAIS 
TESTEMUNHAL 
DOCUMENTAL 
MATERIAL 
 
 
 
 
 
 
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• PRINCÍPIO DA AUTO-RESPONSABILIDADE DAS PARTES Î Em um 
processo não há que se falar em OBRIGAÇÃO das partes em produzir 
provas e sim em direito das partes de aplicar o princípio da ampla defesa 
e do contraditório. 
Desta forma, as partes assumem as conseqüências por sua inércia, 
negligência, erro ou inatividade. 
• PRINCÍPIO DA AUDIÊNCIA CONTRADITÓRIA Î Enuncia exatamente 
o já visto princípio do contraditório. 
Não há no processo penal as chamadas provas secretas. Isto ocorre, 
justamente para garantir à outra parte a possibilidade de apresentação 
de contraprova. 
• PRINCÍPIO DA NÃO-AUTO-INCRIMINAÇÃO (nemo tenetur se 
detegere) Î Ninguém será obrigado a produzir prova contra si. 
Assim, por exemplo, se intimado o réu pela autoridade competente para 
apresentar padrões gráficos de próprio punho para subsidiar uma prova 
pericial, o investigado deverá comparecer, mas poderá optar por não 
fornecer o solicitado. 
Também é este o motivo pelo qual o acusado não está obrigado a 
responder perguntas em seu interrogatório. 
• PRINCÍPIO DA ORALIDADE Î Como forma de celerizar e tornar mais 
espontâneas as declarações proferidas durante um processo penal, 
busca-se a utilização do procedimento oral em substituição ao escrito. 
Deste princípio surgem outros dois: 
1. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO Î Deve-se, sempre que possível, 
concentrar a produção de provas na audiência. 
Tal princípio restou-se fortalecido com o advento da lei nº. 11.719/08 
e as novas regras atribuídas ao procedimento comum, ordinário e 
sumário. Só para exemplificar, no rito sumário, anteriormente, as 
alegações finais eram feitas por escrito, preceito este modificado 
conforme podemos observar: 
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo 
indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) 
minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, 
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, 
sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
2. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Î Primando-se pela oralidade 
garante-se de uma forma mais ampla a aplicação da publicidade 
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tendo em vista que o cidadão terá acesso à produção de provas no 
momento em que elas surgirão (audiência). 
A publicidade não é absoluta no processo penal e o juiz poderá 
restringi-la em algumas situações presentes no CPP, mas 
indubitavelmente, encontra íntima relação com o princípio da 
oralidade que, para vocês, concurseiros, é o que importa no 
momento. 
 
 3.1.5 SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DA PROVA
Os doutrinadores destacam diversos sistemas que, se adotados, geram 
consequências quanto ao aspecto de valoração da prova por parte do Magistrado. 
Vamos conhecê-los: 
3.1.5.1 SISTEMA LEGAL, TARIFADO OU FORMAL
Caracteriza-se pelo fato de a lei impor ao Juiz estrito acatamento a determinadas 
regras preestabelecidas, não conferindo qualquer margem de liberdade ao 
Magistrado. Aqui não devemos falar em convicção íntima ou mesmo valoração de 
provas, pois os pesos e medidas já estão estabelecidos pelo legislador. 
Este sistema vigora como exceção em nosso país em algumas situações, tais 
como as definidas: 
• No art. 158 do CPP que nos diz que quando a infração deixar vestígios 
será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado.
• No art. 155 do CPP que nos preceitua que quanto ao estado de pessoas, 
na esfera penal, somente se prova mediante certidão, não se admitindo 
prova testemunhal. 
Perceba que nas duas situações o Juiz só pode aceitar o fato como verdadeiro se 
for comprovado exatamente da forma como a lei preceitua. 
OBSERVAÇÃO: O citado art. 155 do CPP no seu parágrafo único dispõe:
Art. 155. [...] 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão 
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
Este artigo deixa claro que não são aplicáveis ao processo penal, por uma 
possível analogia, as restrições ao processo estabelecidas na lei civil, via 
de regra presentes no Código Civil e Código de Processo civil. 
d e A g u i a r , C P F : 1 5 4 3 2 8 3 1 1 0 4
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tendo em vista que o cidadão terá acesso à produção de provas no 
momento em que elas surgirão (audiência). 
A publicidade não é absoluta no processo penal e o juiz poderá 
restringi-la em algumas situações presentes no CPP, mas 
indubitavelmente, encontra íntima relação com o princípio da 
oralidade que, para vocês, concurseiros, é o que importa no 
momento. 
 
DE APRECIAÇÃO DA PROVA
Os doutrinadores destacam diversos sistemas que, se adotados, geram 
consequências quanto ao aspecto de valoração da prova por parte do Magistrado. 
Vamos conhecê-los: 
3.1.5.1 SISTEMA LEGAL, TARIFADO OU FORMAL
Caracteriza-se pelo fato de a lei impor ao Juiz estrito acatamento a determinadas 
regras preestabelecidas, não conferindo qualquer margem de liberdade ao 
Magistrado. Aqui não devemos falar em convicção íntima ou mesmo valoração de 
provas, pois os pesos e medidas já estão estabelecidos pelo legislador. 
Este sistema vigora como exceção em nosso país em algumas situações, tais 
como as definidas: 
• No art. 158 do CPP que nos diz que quando a infração deixar vestígios 
será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado.
• No art. 155 do CPP que nos preceitua que quanto ao estado de pessoas, 
na esfera penal, somente se prova mediante certidão, não se admitindo 
prova testemunhal. 
Perceba que nas duas situações o Juiz só pode aceitar o fato como verdadeiro se 
for comprovado exatamente da forma como a lei preceitua. 
OBSERVAÇÃO: O citado art. 155 do CPP no seu parágrafo único dispõe:
Art. 155. [...] 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão 
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
Este artigo deixa claro que não são aplicáveis ao processo penal, por uma 
possível analogia, as restrições ao processo estabelecidas na lei civil, via 
de regra presentes no Código Civil e Código de Processo civil. 
 
 
 
 
 
 
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3.1.5.2 SISTEMA DA ÍNTIMA CONVICÇÃO OU CERTEZA MORAL
É exatamente o oposto do que tratamos acima, pois enquanto no sistema legal 
temos ausência da margem de liberdade, no sistema íntimo temos TOTAL margem 
de liberdade conferida ao Juiz. 
Praticamente não encontramos aplicabilidade deste sistema no nosso 
ordenamento jurídico, mas podemos citar como exemplo as decisões emanadas do 
Júri popular, nas quais o jurado profere seu voto, sem necessidade de 
fundamentação. 
3.1.5.3 SISTEMA DO LIVRE CONVENCIMENTO OU VERDADE 
REAL 
É um equilíbrio entre os dois extremos acima mencionados, ou seja, neste sistema 
o Juiz forma seu convencimento através da livre apreciação da prova, mas deve 
fundamentar sua decisão. 
Tal sistema foi acolhido pelo Código de Processo Penal e encontra previsão no art. 
155, com redação dada pela Lei nº. 11.690/2008. Observe: 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova 
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua 
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. 
Duas conseqüências surgem a partir da adoção do sistema do livre convencimento 
pelo ordenamento jurídico brasileiro. São elas: 
1 – INEXISTÊNCIA DE LIMITAÇÃO COM RELAÇÃO AOS MEIOS DE PROVA Î 
O CPP não cria uma lista taxativa de provas. Isto significa que sendo lícitas e 
legítimas poderão ser admitidas. 
2 – INEXISTÊNCIA DE HIERARQUIA Î Quanto à valoração das provas não 
existe um valor prefixado. 
Assim, se em um processo o Magistrado desconsidera a prova pericial para 
condenar o réu unicamente em prova testemunhal, não há qualquer problema. 
Faz-se necessário ressaltar que a liberdade valorativa não é absoluta, encontrando 
no ordenamento pátrio as seguintes restrições: 
 
 
 
 
 
 
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• Necessidade de motivação Î As decisões judiciais devem ser 
motivadas. Tal preceito encontra base na Constituição Federal e 
também no CPP: 
Art. 381 
[...] 
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se 
fundar a decisão; 
• Obrigação da produção sob a égide do contraditório Î Esta regra 
encontra-se prevista no já citado art. 155 deixando claro que o Juiz 
não poderá fundamentar sua decisão unicamente em elementos 
obtidos na fase da investigação. Desta forma já se pronunciou o 
STF: 
Outro importante aspecto a ser tratado neste ponto é com relação 
ao final do art. 155 que coloca as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas como ressalvas à impossibilidade do 
magistrado proferir decisões exclusivamente com base nos 
elementos informativos colhidos na investigação. 
Esta situação trata de provas consideradas URGENTES, ou seja, 
provas que se aguardarem o início da ação penal estão passíveis 
de perecimento. 
Exemplo: Na fase de investigação o Magistrado determina uma 
busca domiciliar através da qual são apreendidos diversos objetos 
incriminadores que demonstram que o acusado realmente é 
culpado. Neste caso esta prova poderá, unicamente, fundamentar 
a decisão do Juiz. 
Do exposto, podemos resumir: 
É possível a utilização de declarações de testemunhas 
colhidas na fase do inquérito policial sem observância do 
contraditório, desde que verificado que a condenação se 
baseia, outrossim, em depoimentos de testemunhas colhidos 
em juízo, sob o crivo contraditório. (HC 68.010/MS, Rel. 
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 
27.03.2008, DJ 22.04.2008 p. 1) 
 
 
 
 
 
 
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3.1.6 ÔNUS DA PROVA
Conforme já visto, a prova não constitui uma obrigação das partes, pois, caso não seja 
apresentada, não podemos afirmar que tal fato constitui uma afronta ao direito. 
Exatamente por isso que utilizamos a expressão ônus que caracteriza a posição 
jurídica cujo exercício conduz o titular a uma posição mais favorável. Sobre o assunto 
dispõe o CPP: 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, 
facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada 
de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, 
adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 
2008) 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
Perceba que logo no início do art. 156 o CPP trata da prova da alegação discorrendo 
que ela deverá caber a quem a fizer. 
Pergunto: A partir deste preceito podemos afirmar que o ônus da prova cabe 
exclusivamente a quem acusa? 
A resposta é negativa, pois caberá a quem alega determinado fato, seja a defesa ou 
seja a acusação. 
AUSÊNCIA 
DE MARGEM 
DE 
LIBERDADE 
TOTAL 
MARGEM DE 
LIBERDADE 
EQUILÍBRIO NA 
LIBERDADE Î 
DECISÕES 
FUNDAMENTADAS
 
 
 
 
 
 
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Assim, quem terá que provar que o delito foi doloso e não culposo é quem acusa, mas 
quem provará uma alegação de uma possível excludente de ilicitude será a defesa, 
pois ela ALEGA o fato. 
Desta forma, podemos resumir: 
Bom, até aqui vimos a regra que é o ônus da prova caber ou a defesa ou à acusação. 
Todavia, da leitura do art. 156, percebemosque a produção de provas também pode 
ser feita, ex officio, pelo magistrado. 
Este assunto é bem controvertido e encontramos diversas divergências doutrinárias 
das quais teremos que tratar aqui para que você leve uma compreensão geral sobre o 
tema para a sua PROVA. 
Segundo Guilherme de Souza Nucci, a atuação de ofício pelo juiz "trata-se de 
decorrência natural dos princípios da verdade real e do impulso oficial". Não deve o 
magistrado, segundo o autor, "ter a preocupação de beneficiar, com isso, a acusação 
ou a defesa, mas única e tão-somente atingir a verdade". 
Em sentido contrário, estudiosos alegam que, se o acusado é presumido inocente até 
sentença penal condenatória transitada em julgado (artigo 5°, LVII, CRFB); se 
compete privativamente ao Ministério Público a promoção da ação penal pública, 
segundo o princípio da oficialidade da ação penal insculpido no artigo 129, I, CRFB; se 
ACUSAÇÃO
DEFESA
FFAATTO OS S CCOON NSST TIITTUUT TIIVVOOS S 
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a Carta Política adota o sistema acusatório para o processo penal, devendo o julgador 
ser imparcial e autônomo em relação à acusação; como aceitar a atividade probatória 
exercida ex oficio pela autoridade judiciária? 
Se no processo penal, como garantia individual que este ramo representa, vigora o 
princípio do in dubio pro reu, como justificar a atividade do magistrado que, na dúvida, 
não absolve, mas determina produção de provas? 
Para começarmos a responder a estes questionamentos, observe o interessante 
julgado do STJ: 
Esta decisão do Superior Tribunal de Justiça traduz perfeitamente a idéia de que o 
processo penal é, antes de tudo, um sistema de garantias face ao uso do poder do 
Estado. 
Desta forma, a fim de tomarmos o art. 156 do CPP como constitucional, há de se 
aplicar ao dispositivo uma interpretação compatível com o sistema acusatório, que 
deriva de nossa Constituição. 
Ainda que o caput desse artigo generalize a possibilidade de o juiz agir de ofício nas 
duas situações previstas (incisos I e II),é relevante ressaltar que, no caso do inciso I, o 
juiz só poderá agir quando provocado por quem exerce o direito de ação (portanto, 
com processo em curso) e no resguardo de uma prova pertinente e importante em vias 
de perecer (arts. 225 do CPP e 846, 851 do CPC). 
"(...) O órgão acusador tem a obrigação jurídica de provar o alegado e 
não o réu demonstrar sua inocência. É característica inafastável do 
sistema processual penal acusatório o ônus da prova da acusação, 
sendo vedado, nessa linha de raciocínio, a inversão do ônus da prova, 
nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal. 3. Carece de 
fundamentação idônea a decisão condenatória que impõe ao acusado 
a prova de sua inocência (...) É notório que o órgão acusador tem a 
obrigação jurídica de provar o alegado e não o réu demonstrar sua 
inocência. É característica inafastável do sistema processual penal 
acusatório, como retratado no art. 156 do Código de Processo Penal. 
Nesse sentido, afirma AFRÂNIO SILVA JARDIM: ´O réu apenas nega 
os fatos alegados pela acusação. Ou melhor, apenas tem a faculdade 
de negá-los, pois a não impugnação destes ou mesmo a confissão não 
leva a presumi-los como verdadeiros, continuando eles como objeto de 
prova de acusação. Em poucas palavras: a dúvida sobre os chamados 
fatos da acusação leva à improcedência da pretensão punitiva, 
independentemente do comportamento processual do réu. Assim,o 
ônus da prova, na ação penal condenatória é todo da acusação e 
relaciona-se com todos os fatos constitutivos do poder-dever de punir 
do Estado, afirmado na denúncia ou queixa; conclusão esta que 
harmoniza a regra do art. 156, primeira parte, do CPP com o salutar 
princípio in dubio pro reu." 
 
 
 
 
 
 
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Tal interpretação se faz necessária, na medida em que admitir que o juiz, de ofício, 
possa ordenar antes do início da ação penal a produção antecipada de provas, seria 
aceitar a volta de um processo penal inquisitório, o que contrariaria nosso atual 
sistema de direitos e garantias previstos na Carta Magna. 
Tal conduta acabaria por violar, a um só tempo, os princípios da inércia, inerente ao 
sistema acusatório (visto que a ação seria iniciada por parte ilegítima), da iniciativa das 
partes e o princípio acusatório, o da imparcialidade do juiz (tendo em vista que estaria 
investigando, adotando comportamento tipicamente inquisitivo, o que lhe é vedado 
constitucionalmente), o do contraditório, sem se mencionar o próprio princípio do 
Estado democrático de direito. 
Desta forma, diante do exposto, na sua PROVA aplique o entendimento de que não 
figura inconstitucionalidade nos incisos do art. 156 (ATÉ PORQUE ESTA DECISÃO 
NÃO CABE A NÓS E, ATÉ AGORA NÃO TEMOS UM POSICIONAMENTO 
CONCRETO SOBRE O ASSUNTO). Entretanto, entenda que a aplicação deles é 
restrita, pois, segundo doutrina majoritária, devem ser interpretados restritivamente e 
considerados só em situações excepcionais. 
 3.1.7 PROVAS ILEGAIS
Preceitua a Constituição Federal: 
Art. 5º 
[...] 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
A constituição, quando utiliza a expressão “provas obtidas por meios ilícitos”, trata do 
gênero provas ilegais que pode ser subdividido nas seguintes espécies: 
• PROVAS ILÍCITAS Î Afrontam o direito material. 
Exemplos: Interceptação telefônica obtida sem autorização judicial, busca e 
apreensão domiciliar sem autorização judicial (salvo os casos previstos na CF), 
interrogatório obtido mediante tortura, etc. 
• PROVAS ILEGÍTIMAS Î Afrontam o direito processual. 
Exemplo: Perícia realizada por apenas um perito NÃO-OFICIAL, ou seja, aquele 
nomeado na ausência de perito oficial. Neste caso temos violação ao parágrafo 
1º do Art. 159 do CPP. 
• PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO Î Provas lícitas em sua essência, mas 
que trazem em seu bojo uma contaminação advinda de prova ilícita produzida 
anteriormente. 
Exemplo: Apresentação de testemunha obtida com base em interceptação 
telefônica realizada sem as formalidades legais. 
 
 
 
 
 
 
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Vamos tratar especificamente das provas ilícitas e das ilícitas por derivação que 
exigem um estudo mais aprofundado para efeito de PROVA: 
3.1.7.1 PROVAS ILÍCITAS
Dispõe o CPP: 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do 
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação 
a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
Perceba que não há exceções para a inadmissibilidade de provas ilícitas previstas 
no Código ou na Carta Magna, sendo cabível, inclusive, o desentranhamento 
(retirada) das provas que ferirem este preceito. 
Entretanto, é importante frisar que, de forma majoritária, tanto a doutrina quanto a 
jurisprudência, tem entendido que se deve relativizar o texto constitucional e legal, 
fundando-se no princípio da proporcionalidade, que deveránortear as soluções dos 
conflitos apresentadas ao meio jurídico. 
Quando trata da inexistência de admissibilidade de provas ilícitas previstas no texto 
constitucional, o Ilustre Jurista Vicente Greco Filho dispõe que, “entende-se que o 
legislador constituinte tenha adotado uma postura radical, mas, justificada pela 
ocasião, já que, naquele momento, o país o país rompia com um regime autoritário 
e passava-se a adotar direitos e garantias fundamentais. Assim, a proibição da 
produção de provas por meios ilícitos representava uma maneira de evitar arbítrios 
do Estado para com os indivíduos.” 
Diante desta analise podemos concluir que a REGRA é a impossibilidade de 
apresentação de provas ilícitas, mas, excepcionalmente ela poderá ser aceita. A 
doutrina e a jurisprudência majoritária concordam com a seguinte situação em que 
a prova ilícita poderá ser aceita: 
1 – PROVAS ILÍCITAS EM FAVOR DO ACUSADO: 
A prova ilícita poderá ser admitida em favor do réu. Pode-se dizer, então, 
que a prova ilícita não serve para condenar, mas pode ser utilizada para 
absolver. Isto é possível, pois pelo princípio da proporcionalidade, as 
normas constitucionais se articulam num sistema, cujo harmonia impõe 
que, em certa medida, tolere-se o detrimento a alguns direitos por ela 
conferidos. (STJ, RHC 7216/SP, DJ 27.04.1998) 
 
 
 
 
 
 
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OBSERVAÇÃO: ALGUNS DOUTRINADORES VISUALIZAM A 
POSSIBILIDADE DE SE EXCEPCIONAR A REGRA DA VEDAÇÃO ÀS 
PROVAS ILÍCITAS EM PROL DA SOCIEDADE QUANDO SE TRATAR DE 
CRIMES MUITO GRAVES. TAL ENTENDIMENTO É REPUDIADO PELA 
JURISPRUDÊNCIA E PELAS BANCAS DE PROVA !!! 
O indivíduo, perante o Estado é mais fraco, necessitando que seus direitos 
fundamentais, constitucionalmente outorgados, sejam observados, a fim de que o 
Poder Estatal seja limitado. 
São de suma importância a existência e o respeito aos direitos fundamentais, 
principalmente no âmbito do procedimento criminal, onde se tem em voga o direito 
à liberdade, à vida, à intimidade, dentre outros considerados os mais importantes 
direitos de qualquer cidadão. 
A vedação das provas ilícitas visa justamente o respeito a estes direitos, 
preservando-os e sempre impondo limites ao Estado. É nesta acepção que a 
incidência do princípio da proporcionalidade pro reo apresenta menores problemas 
e maior número de adeptos, vez que, neste caso, utilizando-se uma prova ilícita em 
favor do acusado, mesmo que com infringência a direitos fundamentais seus ou de 
terceiros, o direito do particular restaria protegido diante do poder do Estado. 
Segundo César Dario Mariano Silva: "Portanto, se for possível ao acusado 
demonstrar sua inocência através de uma prova obtida ilicitamente, certamente ela 
poderá ser utilizada no processo, haja vista a preponderância do direito à liberdade 
sobre a inadmissibilidade da prova ilícita no âmbito processual". 
O eminente doutrinador GOMES FILHO, entende da mesma forma, e assim 
exemplifica: ”No confronto entre uma proibição de prova, ainda que ditada pelo 
interesse de proteção a um direito fundamental e o direito à prova da inocência 
parece claro que deva este último prevalecer, não só porque a liberdade e a 
dignidade da pessoa humana constituem valores insuperáveis, na ótica da 
sociedade democrática, mas também porque ao próprio Estado não pode 
interessar a punição de um Inocente, o que poderia significar a impunidade do 
verdadeiro culpado; é nesse sentido, aliás, que a moderna jurisprudência norte-
americana tem afirmado que o direito à prova de defesa é superior.” 
3.1.7.2 PROVAS ILÍCITAS POR DERIVAÇÃO
Dispõe o CPP sobre o tema: 
Art. 157. [...] 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, 
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e 
 
 
 
 
 
 
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outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte 
independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo 
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução 
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
No supracitado texto legal fica claro o posicionamento do legislador em aplicar a 
chamada Teoria da Árvore dos Frutos Envenenados (“fruits of fhe poisonous tree”) 
no nosso ordenamento jurídico, segundo a qual o defeito existente no tronco 
contamina os frutos. 
Assim, resumindo o exposto, se uma prova X(legal), deriva de Y(ilegal), aquela 
será contaminada por esta. 
É importante perceber que o § 2o deixa claro a necessidade de uma relação 
EXCLUSIVA entre a prova posterior e a anterior (ilícita), para que seja considerada 
inválida. Desta forma, podemos concluir que a prova ilícita por derivação é 
admissível nos seguintes casos: 
• QUANDO FOR PROVENIENTE DE FONTE INDEPENDENTE, COMO TAL 
CONSIDERADA AQUELA QUE NÃO POSSUI NEXO DE CAUSALIDADE COM A 
PROVA ILÍCITA QUE A PRECEDEU; 
• QUANDO ACONTECIMENTO POSTERIOR AFASTA VÍCIO QUE TORNAVA A 
PROVA PRECEDENTE ILEGAL (LIMITAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO 
EXPURGADA). 
• QUANDO FICAR CLARO QUE, INEVITAVELMENTE, A PROVA SERIA 
DESCOBERTA. 
Para ficar mais claro vamos exemplificar: 
Imaginemos que no curso de um processo penal Tício foi arrolado como 
testemunha do fato. 
Entretanto, após o depoimento de Tício conclui-se que só foi descoberta a relação 
dele com o caso devido a uma interceptação telefônica ilegal. 
Nesta situação o depoimento de Tício terá que ser desentranhado dos autos por 
constituir uma prova ilícita por derivação (derivou da interceptação telefônica 
ilegal). 
Agora imagine que durante o inquérito, do mesmo fato supracitado, outra 
testemunha (Mévio) tenha citado Tício. 
Neste caso, o depoimento de Tício não será considerado como uma prova ilícita, 
pois, independentemente da interceptação ilegal, ele seria chamado ao processo 
como testemunha devido a informações de uma fonte independente (Mévio). 
 
 
 
 
 
 
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3.1.7.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE PROVAS ILEGAIS 
Finalizando esse tópico trataremos do último parágrafo do art. 157 que dispõe: 
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada 
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às 
partes acompanhar o incidente 
A decisão judicial não inutiliza, mas sim autoriza a inutilização da prova 
inadmissível, que deverá dar-se por meios físicos apropriados, como incineração, 
por exemplo. 
É isso que se depreende da afirmação de que é "facultado às partes acompanhar o 
incidente", em redação, aliás, que lembra o art. 9º da Lei nº 9.296/96 que versa 
sobre a interceptação telefônica: 
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão 
judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em 
virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. 
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério 
Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante 
legal. 
Cabe por fim ressaltar que a prova inadmissível só será destruída depois de 
preclusa a decisão de desentranhamento. 
 3.1.8 PROVA EMPRESTADA
Imagine que Tício esta sofrendo dois processos penais, um por roubo e outro por 
homicídio. Durante o processo que tem como objeto o homicídio, Tício, a fim de 
provar sua inocência produz determinada prova. 
Será possível a utilização da provaproduzida por Tício no processo que versa sobre o 
roubo? 
Preclusão é a perda de faculdade processual ou 
a extinção do direito a que a parte tiver de 
realizar o ato, ou de exigir determinada 
providência judicial. 
 
 
 
 
 
 
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A resposta, segundo entendimento majoritário é que sim. Isso é o que se chama de 
prova emprestada. Para a elucidação do tema, observe o importante julgado: 
3.2 DAS PERÍCIAS E DO EXAME DO CORPO DE DELITO 
Perícia é o exame feito em pessoas ou coisas, por profissional portador de conhecimentos 
técnicos e com a finalidade de obter informações capazes de esclarecer dúvidas quanto a 
fatos. 
Daí chamar-se perícia, em alusão à qualificação e aptidão do sujeito a quem tais exames 
são confiados. Tal é uma prova real, porque incide sobre fontes passivas, as quais 
figuram como mero objeto de exame sem participar das atividades de extração de 
informes. 
 3.2.1 EXAME DE CORPO DE DELITO (art. 158 a 184 CPP)
3.2.1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é 
realizada a perícia criminal a fim de determinar fatores como autoria, 
temporalidade, extensão de danos etc. 
O ilustre professor MIRABETE trata do tema deixando claro a diferença do 
corpo de delito para o exame de corpo de delito, segundo o renomado autor: 
“Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados pela infração 
penal, a materialidade do crime, aquilo que se vê, apalpa, sente, em suma, pode 
ser examinado através dos sentidos. Há infrações que deixam tais vestígios 
materiais (delicta facti permanentis), como os crimes de homicídio, lesões 
corporais, falsificação, estupro etc. Há outros, porém, que não os deixam 
(delicta facti transeuntis), como os de calúnia, difamação, injúria e ameaças 
orais, violação de domicílio, desacato etc. 
Quando a infração deixa vestígios, é necessário que se faça uma comprovação 
dos vestígios materiais por ela deixados, ou seja, que se realize o exame do 
corpo de delito. Não se confunde, assim, o exame do corpo de delito com o 
próprio corpo de delito. Aquele é um auto em que se descrevem as observações 
dos peritos e este é o próprio crime em sua tipicidade. O exame destina se à 
A Turma manteve decisão do STJ que, em habeas corpus lá impetrado, 
admitira a utilização de prova emprestada em processo penal, desde que 
sobre ela ambas as partes fossem cientificadas, a fim de que pudessem 
exercer o contraditório. (STF, HC 95186/SP, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 26.5.2009). 
 
 
 
 
 
 
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comprovação por perícia dos elementos objetivos do tipo, que diz respeito, 
principalmente, ao evento produzido pela conduta delituosa, de que houve o 
"resultado", do qual depende a existência do crime (art. 13, caput, do CP). O 
corpo de delito se comprova através da perícia; o laudo deve registrar a 
existência do próprio delito.” 
O exame de corpo de delito pode ser classificado em: 
1. DIRETO Î É o exame realizado diretamente sobre o corpo de 
delito. 
2. INDIRETO Î Advém de um raciocínio lógico, indutivo através de 
informações colhidas com o ofendido ou com testemunhas. 
Para exemplificar imaginemos que Tício arrombou a janela de uma casa para 
realizar um furto. Neste caso, a análise realizada na janela arrombada será um 
exame de corpo de delito DIRETO. 
Agora pensemos em uma situação em que Tícia foi estuprada por Mévio e, com 
vergonha, aguarda um mês para dar conhecimento do fato às autoridades 
policiais. 
Neste caso, obviamente, não há como realizar um exame de corpo de delito na 
vítima, pois, devido ao decurso do tempo, os vestígios já não existem. 
Assim, deverá ser empregado o exame de corpo de delito indireto que levará em 
consideração o narrado pela ofendida, testemunhas, exame realizado por 
médico particular, etc. 
3.2.1.2 OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO 
O CPP dispõe sobre o exame de corpo de delito deixando clara a sua 
OBRIGATORIEDADE, quando a infração deixar vestígios. Observe: 
 
 Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável 
o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-
lo a confissão do acusado. (grifo nosso) 
E quando não deixar vestígios? Complementando o supracitado artigo preceitua 
o Código: 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de testemunhal 
poderá suprir-lhe a falta. 
 
 
 
 
 
 
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Do exposto, ficamos com a impressão de que SÓ a prova testemunhal poderá 
suprir a falta do exame de corpo de delito direto ou indireto. Mas será que é isso 
mesmo? Será que a prova testemunhal tem um valor maior que as outras 
provas? 
É claro que não, e exatamente por isso que a jurisprudência vem aceitando que 
não apenas a prova testemunhal, mas qualquer outra, excetuando-se apenas a 
confissão do acusado que é ressalvada expressamente no art. 158, é capaz de 
suprir a falta da pericia na ocorrência do desaparecimento dos vestígios. 
Desta forma já se pronunciou o STJ em diversos julgados. Observe: 
Para finalizar este tópico é importante ressaltar que a doutrina e jurisprudência 
majoritária consideram que caso o desaparecimento de um vestígio tenha ocorrido 
por culpa do estado, não será possível a aplicação do art. 167 para suprir o exame 
de corpo de delito direto ou indireto. 
3.2.1.3 FORMALIDADES EXIGIDAS PARA O EXAME 
O Art. 159, caput, do CPP, preleciona: 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão 
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. 
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). 
Esse supra artigo revela uma importantíssima inovação trazida pela lei nº 
11.690/2008 que retirou a antiga obrigação de termos 02(dois) peritos oficiais para 
o exercício do exame e atribuiu validade para que só um possa realizar a perícia. 
É importante ressaltar a necessidade de este perito possuir curso superior, salvo 
se tiver ingressado na carreira antes da vigência da supracitada lei (tal preceito não 
se aplica aos peritos médicos). 
Mas e se o juiz não tiver peritos oficiais disponíveis. O que fazer? 
Aplicar-se-á o seguinte dispositivo do Código: 
O exame de corpo de delito direto pode ser suprido, 
quando desaparecidos os vestígios sensíveis da 
infração penal, por outros elementos de caráter 
probatório existentes nos autos, notadamente os de 
natureza testemunhal ou documental. (STJ, HC 
23.898/MG,2003). 
 
 
 
 
 
 
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Art. 159. [...] 
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) 
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior 
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação 
dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e 
fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
Assim, respondendo ao questionamento, na ausência de peritos oficiais o exame 
dera realizado por: 
• DUAS PESSOAS IDÔNEAS; 
• COM DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR 
• COM HABILITAÇÃO TÉCNICA RELACIONADA COM A ÁREA. 
3.2.1.4 RELAÇÃO DAS PARTES COM A PERÍCIA 
A nova redação dada ao CPP trouxe inovações sobre este tema. Observe o 
disposto: 
Art. 159. 
[...] 
§ 3o Serãofacultadas ao Ministério Público, ao assistente de 
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de 
quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e 
após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos 
oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
O assistente técnico é um perito que irá atuar por indicação das partes, devendo, 
porém, aguardar sua admissão no processo por decisão do juiz. 
Conforme redação do § 4o, sua atuação será 
A lei é clara ao estabelecer que não há obrigatoriedade de indicação de assistente 
técnico por qualquer das partes, mas simples faculdade, ficando a critério dos 
sujeitos processuais decidir se o indicarão ou não. 
 
 
 
 
 
 
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Esse assistente técnico atuará somente depois de ser admitido pelo Juiz e após a 
conclusão dos exames e da elaboração do laudo pelos "peritos oficiais". As partes 
serão intimadas da decisão de admissão do assistente técnico (art. 159, §4º, CPP). 
A nova lei faculta às partes requerer, com antecedência de 10 dias em relação à 
audiência, a oitiva dos peritos para esclarecimento da prova ou para resposta a 
quesitos, e neste último caso o perito poderá apresentar resposta em laudo 
complementar. 
Poderão, igualmente, apresentar pareceres redigidos pelo assistente técnico, em 
prazo a ser fixado pelo Juiz, sendo que o assistente técnico poderá ser indicado 
para oitiva em audiência (art. 159, §5º, I e II, CPP). 
Art. 159. 
[...] 
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, 
quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para 
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os 
quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados 
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as 
respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 
2008) 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres 
em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em 
audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
O Código de Processo Penal prevê também que, se houver requerimento das 
partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no 
ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de 
perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua 
conservação (art. 159, §6º, CPP). 
Trata-se de previsão redundante, eis que o art. 170 do Código já previa, e continua 
prevendo, que os peritos devem guardar material suficiente para e eventualidade 
de nova perícia. Talvez se tenha desejado destacar que o material que serviu de 
base à perícia não sairá das dependências do órgão pericial, evitando-se eventual 
extravio de tal material. 
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que 
serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão 
oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito 
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua 
conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 
 
 
 
 
 
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 Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material 
suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que 
conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou 
microfotográficas, desenhos ou esquemas. 
Por fim, estabeleceu-se que, em caso de perícia complexa envolvendo mais de 
uma área de conhecimento especializado, mais de um perito oficial poderá ser 
designado, assim como a parte poderá indicar mais de um assistente técnico (art. 
159, §7º, CPP). 
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área 
de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de 
mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente 
técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
3.2.1.5 DIVERGÊNCIA DOS PERITOS
Após a realização das perícias, os peritos deverão elaborar laudos no prazo 
máximo de dez dias, sendo possível a prorrogação. Veja: 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão 
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos 
formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 
10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, 
a requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 
28.3.1994) 
Com as modificações inseridas no CPP, principalmente a que não exige mais a 
presença de dois peritos oficiais (REGRA GERAL), a quantidade de divergências 
têm-se diminuído. Entretanto imaginemos que a perícia foi realizada por dois 
peritos não-oficiais e eles divergiram quanto às conclusões. Neste caso aplica-se a 
regra presente no Art. 180 do CPP que dispõe: 
 Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão 
consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e 
de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a 
autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a 
autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros 
peritos. 
 
 
 
 
 
 
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Podemos esquematizar: 
PERITO “A” 
PERITO “B”
CONCLUSÃO 
“XXX” 
CONCLUSÃO 
“YYY” 
PERITO “C” 
Î 
DESIGNADO 
PARA 
DIRIMIR A 
DÚVIDA
CONCLUSÃO 
“ZZZ” 
(DIVERGIU)
NOVO EXAME 
POR OUTROS 
PERITOS 
Existem determinadas perícias que ainda exigem a participação de 
mais de um perito, tais como: 
• Perícia realizada por peritos não-oficiais; 
• Elaboração do laudo toxicológico definitivo (Art. 50, § 2o da Lei 
nº 11.343/06) 
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e 
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de 
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito 
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1o deste 
artigo não ficará impedido de participar da elaboração do laudo 
definitivo. (ninguém “participa” de algo sozinho) 
• Perícia realizada para fins de materialização dos crimes contra a 
propriedade imaterial de ação penal privada 
Art. 527. A diligência de busca ou de apreensão será realizada por 
dois peritos nomeados pelo juiz 
 
 
 
 
 
 
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Finalizando o assunto, é importante deixar claro que existem outras situações 
elencadas no CPP em que o Magistrado poderá consultar outros peritos ou exigir a 
complementação/esclarecimento do laudo, observe: 
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de 
omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária 
mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 
 (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se 
proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. 
3.2.1.6 MOMENTO DA PERÍCIA
Sobre o tema discorre o CPP: 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer 
dia e a qualquer hora. 
Art. 162. A autópsia será feitapelo menos seis horas depois do óbito, 
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que 
possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples 
exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que 
apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da 
morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação 
de alguma circunstância relevante. 
Podemos resumir que a perícia poderá ser realizada: 
REGRA Î QUALQUER DIA E HORA, SEM RESTRIÇÕES QUANTO A FERIADOS, 
DOMINGOS, PERÍODO NOTURNO, ETC. 
EXCEÇÃO Î EXAME INTERNO DO CADÁVER QUE DEVERÁ SER FEITO NO 
MÍNIMO SEIS HORAS APÓS A MORTE. 
3.2.1.7 LIVRE APRECIAÇÃO DO MAGISTRADO
 
 
 
 
 
 
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O código de processo penal adotou o chamado sistema liberatório de apreciação 
da prova pericial no qual o Juiz não é obrigado a aceitar o que foi atestado pelo 
perito. 
Tal sistema opõe-se ao chamado sistema vinculatório em que, como o próprio 
nome diz, o Magistrado está vinculado ao laudo. Adotando aquele sistema 
preceitua o CPP: 
 Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou 
rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
A doutrina e jurisprudência vêm entendendo que tal regra não é absoluta, pelo fato 
de o Juiz não poder rejeitar a afirmação dos peritos com relação à EXISTÊNCIA 
DO CORPO DE DELITO. 
Só para ficar mais claro imaginemos um laudo pericial que ateste que o indivíduo 
sofreu lesões corporais graves. Nada impede que o Juiz, com base no Art. 182, 
entenda que a lesão foi leve ou gravíssima, entretanto não pode o Magistrado 
negar a existência da lesão. 
Exatamente por isso que o Art. 184 do CPP preceitua que o Juiz não poderá negar 
a realização de perícias complementares que tenham por objeto a comprovação do 
corpo de delito. 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a 
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando 
não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
3.2.1.8 FORMAS DE PERÍCIAS
• AUTOPSIA Î Consiste no exame interno do cadáver, sendo 
necessário no caso de morte violenta, salvo se houver certeza da 
causa mortis e da ausência de indícios de que tenha ocorrido 
infração penal. Encontra base no já visto Art. 162 do CPP. 
• EXUMAÇÃO Î Ato de retirar o cadáver da sepultura. 
Necessidade de autorização judicial e demonstração de justa 
causa. Sobre o tema dispõe o CPP: 
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a 
autoridade(policial) providenciará para que, em dia e hora 
previamente marcados, se realize a diligência, da qual se 
lavrará auto circunstanciado. 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou 
particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de 
desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem 
 
 
 
 
 
 
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indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar 
não destinado a inumações, a autoridade procederá às 
pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. (grifo 
nosso) 
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver 
exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto 
de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou 
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de 
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o 
cadáver, com todos os sinais e indicações. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e 
autenticados todos os objetos encontrados, que possam 
ser úteis para a identificação do cadáver. 
• ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO Î Nos crimes cometidos com 
destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou 
por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, 
indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época 
presumem ter sido o fato praticado. 
• INCÊNDIO Î No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa 
e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver 
resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do 
dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à 
elucidação do fato. 
• RECONHECIMENTO DE ESCRITOS Î A autoridade intimará a 
pessoa sob investigação e poderá utilizar para comparação 
qualquer documento sob o qual pese certeza que possui a 
caligrafia do investigado. Não possuindo documentos pode a 
autoridade solicitar documentação de órgãos públicos. Por fim, 
quando não houver escritos para a comparação ou forem 
insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa 
escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em 
lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, 
em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a 
escrever. 
3.2.1.9 EXAME POR PRECATÓRIA
Carta precatória é um instrumento utilizado pela Justiça quando existem 
indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz envia a outro de outra 
comarca. 
Assim, um juiz (dito deprecante), envia carta precatória para o juiz de outra 
comarca (dito deprecado), para citar o réu ou testemunha a comparecer aos autos. 
 
 
 
 
 
 
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É uma competência funcional horizontal, não havendo hierarquia entre deprecante 
e deprecado. 
No caso de um exame por precatória, dispõe o Código: 
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á 
no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, 
acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz 
deprecante. 
 Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos 
na precatória. 
Para exemplificar, pensemos em um processo no RJ que precisa de um exame em 
Manaus. Regra geral os peritos serão nomeados no juízo deprecado (Manaus), 
SALVO no caso de ação penal privada em que haja acordo entre as partes. 
******************************************************************************************************* 
Futuro (a) Aprovado (a), 
A partir de agora passaremos ao estudo dos meios de prova. 
Sendo assim, respire fundo, recarregue as energias e vamos 
em frente, pois, nesta reta final, o importante é adquirir 
conhecimento e ficar cada vez mais próximo da tão sonhada 
aprovação. 
Bons estudos! 
******************************************************************************************************* 
3.3 INTERROGATÓRIO 
 3.3.1 CONCEITO
O professor Fernando Capez define o interrogatório como “o ato judicial no qual o Juiz 
ouve o acusado sobre a imputação contra ele formulada”. Ainda segundo Capez, “é 
ato privativo do Magistrado e personalíssimo do acusado”. 
Ampliando o conceito, o ilustríssimo Norberto Avena leciona que o interrogatório é “ 
corolário da ampla defesa e do contraditório e sua oportunidade está prevista em 
todos os procedimentos criminais, embora possa existir variação quanto ao momento 
em que deva ser aprazado.” Por exemplo: 
• No procedimento do Júri, será realizado após a produção de prova oral em 
audiência; 
 
 
 
 
 
 
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• No rito para apuração dos crimes relacionados a drogas, este ato está 
previsto para a fase que antecede a instrução criminal, o mesmo ocorrendo 
na apuração do crime de abuso de autoridade. 
Caro aluno, após a leitura atenta dos conceitos até aqui apresentados,surge um 
importante questionamento: O interrogatório é meio de prova ou de defesa? 
A resposta para esta pergunta gera, até hoje, inúmeros debates doutrinários. 
Entretanto, para a sua prova, adote o entendimento que o interrogatório é 
concomitantemente meio de prova e meio de defesa, pois enquanto o acusado se 
defende, não deixa de ministrar ao Juiz elementos úteis à apuração da verdade, seja 
pelo confronto com provas existentes, seja por circunstâncias e particularidades das 
próprias declarações que presta. 
Sobre o tema, já se pronunciou o STJ: 
 3.3.2 CARACTERÍSTICAS
O interrogatório apresenta uma série de características, dentre as quais podemos 
destacar: 
• ORALIDADE Î Aplica-se ao interrogatório a regra da oralidade. Todavia, a 
legislação Processual prevê como exceção nos artigos 192 e 193 regras para o 
interrogatório de surdo, mudo, surdo-mudo e de estrangeiro. Observe: 
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será 
feito pela forma seguinte: 
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele 
responderá oralmente; 
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por 
escrito; 
[...] 
Por outra ótica, foi privilegiada novamente o direito de 
presença como braço do direito a ampla defesa, nesse 
particular no que diz respeito ao direito do co-réu 
formular reperguntas ao outro litisconsórcio passivo do 
processo, assegurando o caráter híbrido do ato de 
interrogatório, enquanto meio de defesa e de prova
(STJ, 6.º T., REsp 60.067-7/SP, rel. Min. Luiz Vicente 
Cernicchiaro). 
 
 
 
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III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do 
mesmo modo dará as respostas. 
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, 
intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa 
habilitada a entendê-lo. 
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o 
interrogatório será feito por meio de intérprete. 
É importante ressaltar que a nova redação do CPP deu fim à antiga regra em que o 
Magistrado ditava as respostas do acusado para que fossem reduzidas a termo. 
Hoje, a transcrição é feita com fidelidade ao que foi dito pelo réu. 
Pela importância para a prova, do conhecimento da revogação do citado artigo, 
reproduzo a antiga redação: 
Art. 195. As respostas do acusado serão ditadas pelo juiz e 
reduzidas a termo, que, depois de lido e rubricado pelo escrivão 
em todas as suas folhas, será assinado pelo juiz e pelo acusado. 
• OBRIGATORIEDADE Î O interrogatório do réu no curso de um processo 
penal é imprescindível, sob pena de nulidade processual. 
Mas esta nulidade é absoluta ou relativa? 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
NULIDADE ABSOLUTA X RELATIVA 
Quanto ao dano ou prejuízo, a nulidade absoluta tem o prejuízo presumido, ou seja, 
ocorrente, o ato está, por nascimento viciado, não havendo como ser consertado. 
No tocante as nulidades relativas, a demonstração do prejuízo deve ser efetuada 
pela parte que argüir. Assim, somente haverá declaração do vício se não ocorrer 
outra possibilidade de se reparar o ato procedimental. 
Já com relação ao momento para arguição, a nulidade absoluta pode ser 
reconhecida a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado e em qualquer 
grau de jurisdição, assim, nunca preclui. A exceção dessa regra é o acolhimento de 
nulidade absoluta em prejuízo do réu, se não arguída pela acusação. 
Quanto à nulidade relativa, deve ser arguída no momento oportuno, sob pena de 
preclusão. Assim, deve ser verificado, no sistema processual, qual o ato passível de 
nulidade, pois cada procedimento possui um momento fatal para argüição. O artigo 
571 do CPP, nos mostra quando as nulidades devem ser arguídas 
peremptoriamente. 
 
 
 
 
 
 
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Para responder a esta pergunta, precisamos entender que atualmente há um 
questionamento quanto à obrigatoriedade nos específicos casos em que o 
acusado, injustificadamente, não comparece na data marcada pelo juízo. 
Doutrinariamente há muita discussão, mas a jurisprudência, que neste caso é o 
que importa para sua PROVA, tem flexibilizado a exigência e considerado a 
ausência de interrogatório, NESTA HIPÓTESE APRESENTADA, um caso de 
nulidade relativa. 
Neste sentido, já se posicionou o STJ. Observe: 
• ATO PERSONALÍSSIMO DO IMPUTADO Î O imputado é que deve ser 
interrogado, não sendo cabível qualquer substituição ou representação. 
Mas e se ele não possuir condições mentais? 
Neste caso, temos que diferenciar duas situações: 
ƒ A INCAPACIDADE SURGIU A PARTIR DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO Î
Aqui não há que se falar em interrogatório, pois, necessariamente, 
será seguida a regra prevista no artigo 152 do CPP. Observe: 
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à 
infração o processo continuará suspenso até que o acusado se 
restabeleça 
ƒ NO MOMENTO DA INFRAÇÃO O INDIVÍDUO ERA INCAPAZ Î O 
processo criminal transcorre normalmente com a presença de um 
curador, MAS o interrogatório segue regra especial definida pelo STF, 
segundo o qual tratando-se de réu inimputável, cuja situação pessoal 
tenha sido objeto de positiva constatação em pericia médico-
psiquiatrica realizada ainda na fase interrogatória do inquérito policial, 
não há como exigir do magistrado processante a realização do ato de 
interrogatório, que se revela, por seu caráter personalíssimo, de todo 
incompatível com a incapacidade de autrminação daquele que é 
convocado a comparecer em juízo penal na condição de acusado. 
"CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. RÉU 
REVEL. FALTA DE INTERROGATÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. NÃO 
IMPUGNAÇÃO NO MOMENTO OPORTUNO. RECURSO DESPROVIDO. 
I. Hipótese em que, citado por edital, o réu não compareceu à audiência de 
interrogatório, tendo passado a comparecer aos atos processuais já na fase de 
oitiva das testemunhas de defesa. 
II. Ausência de impugnação acerca da não realização do interrogatório. 
III. Não se justifica a anulação da sentença, por ausência de realização do 
interrogatório, se não suscitada no momento oportuno. 
IV. Recurso desprovido." (RESP-888.842/BA, Relator Ministro Gilson Dipp, 
DJ 04.06.07) 
 
 
 
 
 
 
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Em tal circunstancia, incumbirá ao Juiz, se os peritos concluírem que 
o réu era penalmente inimputável ao tempo da infração, ordenar o 
prosseguimento da "persecutio criminis", com a presença de curador, 
que atuará, ressalvados os atos de caráter personalíssimo, como 
"representante" do imputado nos demais atos processuais. Pela 
clareza e com fim de fazer uma revisão do que vimos aqui, apresento 
a íntegra o julgado do STF. Observe: 
• PUBLICIDADE Î Regra geral, o interrogatório será público e isto visa 
garantir que o procedimento ocorra dentro da lisura e dos preceitos legais. 
Entretanto, tal regra não é absoluta, pois há a possibilidade, nos casos em 
que puder resultar em escândalo, perturbação da ordem pública ou 
inconveniente grave, do Magistrado optar por realizar o interrogatório com 
as portas fechadas. 
HABEAS CORPUS - PACIENTE INIMPUTAVEL - ABSOLVIÇÃO SUMARIA - 
IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA - PRETENDIDA ANULAÇÃO DO 
PROCESSO-CRIME POR AUSÊNCIA DO INTERROGATORIO JUDICIAL - 
NULIDADE RELATIVA - ATO PROCESSUAL NÃO REALIZADO EM FACE DAS 
CONDIÇÕES PESSOAIS DO ACUSADO - INOCORRENCIA DE 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL - ORDEM DENEGADA.– 
O interrogatório judicial, qualquer que seja a natureza jurídica que se lhe 
reconheça - "meio de prova, meio de defesa ou meio de prova e de defesa" - 
constitui ato necessário do processo penal condenatório, impondo-se a sua 
realização, quando possível, mesmo depois da sentença de condenação, desde 
que não se tenha consumado, ainda, o trânsito em julgado. - Consoante 
orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal, a falta do ato 
de interrogatório em juízo constitui nulidade meramente relativa, suscetível de 
convalidação, desde que não alegada na oportunidade indicada pela lei 
processual penal (RTJ 73/758). A ausência da argüição desse vício formal, em 
tempo oportuno, opera insuperável situação de preclusão temporal da faculdade 
processual de suscitá-lo. - Tratando-se de réu inimputável, cuja situação pessoal 
tenha sido objeto de positiva constatação em pericia médico-psiquiatrica, 
realizada ainda na fase interrogatória do inquérito policial, não há como exigir ao 
magistrado processante a realização do ato de interrogatório, que se revela, por 
seu caráter personalíssimo, de todo incompatível com a incapacidade de 
autrminação daquele que e convocado a comparecer em juízo penal na 
condição de acusado. Em tal circunstancia, incumbira ao Juiz, se os peritos 
concluírem que o réu era penalmente inimputável ao tempo da infração, ordenar o 
prosseguimento da "persecutio criminis", com a presença de curador, que atuara, 
ressalvados os atos de caráter personalíssimo, como "representante" do 
imputado nos demais atos processuais (STF, HC 68.131/DF) 
 
 
 
 
 
 
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• INDIVIDUALIDADE Î Característica presente no Código de Processo 
Penal, que dispõe sobre o caso em que existem dois indivíduos para serem 
interrogados. Será que é possível o interrogatório em conjunto? A resposta é 
negativa, observe: 
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados 
separadamente 
 3.3.3 OBRIGATORIEDADE DE ADVOGADO
Caro aluno, procure no seu Código de Processo Penal o Artigo 194... Achou? Como 
assim...Está faltando??? Ainda bem, isto quer dizer que seu código está atualizado 
pelo menos até 2004. 
O antigo texto do CPP previa a necessidade de curador no interrogatório, mas em 
nada tratava do advogado. Isto dava ensejo a diversos debates doutrinários, fato este 
hoje completamente superado. 
Hoje em dia, com base no artigo 185 do CPP, há obrigatoriedade da presença do 
advogado, sob pena de nulidade absoluta. Veja: 
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, 
no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na 
presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (grifo nosso) 
 3.3.4 DIREITO DE ENTREVISTA RESERVADA
Sobre o tema, discorre o CPP: 
Art. 185 
[...] 
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao 
réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; 
Antes da realização do interrogatório, o juiz assegurará o direito de entrevista 
reservada do acusado com seu defensor. 
Veja-se que, o CPP traz uma regra impositiva, um imperativo, não uma faculdade 
conferida ao Juiz. 
Portanto, não tendo o acusado constituído Advogado, deverá este ser nomeado, 
sendo-lhe garantido o contado pessoal e reservado com o acusado, sob pena de 
nulidade. 
 
 
 
 
 
 
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Poderá o acusado, então, antes de exercer seu direito de autodefesa (neste momento 
consubstanciado no seu direito de audiência), receber orientações de quem realizará 
sua defesa técnica, ampliando-lhe as possibilidades defensivas. 
O Magistrado deve fazer constar em ata que foi assegurado ao réu o direito de 
entrevista. 
Mas e se o Juiz esquecer de consignar em ata, anula tudo? 
Esta pergunta foi feita ao STJ, que respondeu que: Mesmo não havendo esta 
referência expressa, se evidenciado pela leitura do termo de interrogatório que foi 
assegurada à defesa a entrevista reservada entre o acusado e seu defensor, antes da 
realização do ato, descabe reconhecer qualquer nulidade. 
Para finalizar, imaginemos uma situação em que o Juiz não pergunta se o réu quer 
entrevista reservada e este também não se manifesta. Neste caso, o réu poderia 
solicitar a nulidade do feito? Segundo o STF, a resposta é negativa. Observe: 
 3.3.5 DIREITO AO SILÊNCIO – PRIVILÉGIO NEMO TENETUR SE DETEGERE
O artigo 186 do CPP deixa claro o direito de permanecer calado do réu e atribui ao 
Juiz o dever de informar o acusado desta possibilidade. O texto legal trata do tema da 
seguinte forma: 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro 
teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar 
o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não 
responder perguntas que lhe forem formuladas. 
STJ - HABEAS CORPUS: HC 108135 MG 2008/0124970-9 
1. Em tema de nulidades processuais, o nosso Código de Processo 
Penal acolheu o princípio pas de nullité sans grief, do qual se 
dessume que somente se há de declarar a nulidade do feito quando 
resultar prejuízo devidamente demonstrado pela parte interessada. 
2. Observa-se, na espécie, que não houve qualquer gravame ou 
constrangimento ao exercício de defesa do acusado, pois o paciente 
compareceu em juízo sem representante legal e o juiz, ao tomar 
conhecimento dessa situação, nomeou-lhe defensor público. Este, 
por sua vez, não requereu a entrevista reservada e procedeu a sua 
defesa. Note-se que a ausência de realização de entrevista 
reservada em nada obstruiu a defesa do acusado, não tendo, 
inclusive, impedido o defensor público de formular perguntas durante 
o interrogatório. 
 
 
 
 
 
 
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Agora imaginemos que Tício vai ser julgado e o promotor público pergunta: “VOCÊ 
MATOU MÉVIA?” Resposta: (Silêncio). E o promotor: “Responda, MATOU OU NÃO?” 
Resposta: (Silêncio). Após trezentas perguntas e trezentos silêncios, o Juiz poderá 
pensar no velho ditado de que quem cala consente??? 
É claro que não, pois o parágrafo único do artigo 186 veda esta possibilidade. 
Observe: 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não 
poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. 
“Mas professooor...E o artigo 198 do CPP ?” 
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá 
constituir elemento para a formação do convencimento do juiz. 
Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, este artigo conflita com a 
Constituição Federal e, embora não tenha sido expressamente revogado, não 
encontra mais aplicabilidade. 
Desta forma, para sua PROVA, leve o firme entendimento que: 
 3.3.6 PROCEDIMENTO
O CPP define uma série de procedimentos a serem seguidos para a validade do 
interrogatório. 
A fim de facilitar os seus estudos, vamos esquematizar: 
O O SSIILLÊÊNNCCIIO O NNÃÃO O PPOODDEERRÁ Á SSEERR 
I INNTTEERRPPRREETTAADDO O EEM M PPRREEJJUUÍÍZZOO DDA A DDEEFFEESSAA.. 
 
 
 
 
 
 
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Finalizando, é importante ressaltar que poderá ser realizado novo interrogatório a 
qualquer tempo. 
Para que tal fato ocorra, basta a determinação de ofício do Magistrado ou um 
requerimento devidamente fundamentado formulado pelas partes. 
Observe: 
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo

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