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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 05 – PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA Caros, alunos. Hoje trataremos de um assunto importantíssimo e objeto de praticamente todos os concursos que exigem o Direito Processual Penal: A prisão e a liberdade provisória. Dito isto, atenção total para garantir mais uns preciosos pontos na sua PROVA e dar mais um importante passo rumo à tão sonhada aprovação. Vamos começar! Bons estudos!!! ********************************************************************** 5.1 PRISÃO – REGRAS GERAIS Do latim prehensio, de prehendere (prender, segurar, agarrar), “prisão” é o vocábulo tomado para exprimir o ato pelo qual se priva a pessoa de sua liberdade de locomoção, isto é, da liberdade de ir e vir, recolhendo-a a um lugar seguro e fechado de onde não poderá sair. A pena de prisão, dada a sua severidade, deve ser utilizada como último recurso para a punição do condenado. É o que preconiza a teoria do “Direito Penal Mínimo”, também denominada de Teoria da Intervenção Mínima, a qual substitui a prisão por penas alternativas ou administrativas em crimes tidos como de menor ofensividade, reservando-se o cárcere somente aos indivíduos de alta periculosidade e que representam uma ameaça à paz pública e à integridade física dos cidadãos. 5.1.1 CONCEITO Nos dizeres de Mirabete, a “prisão, em sentido jurídico, é a privação da liberdade de locomoção, ou seja, do direito de ir e vir, por motivo ilícito ou por ordem legal.” Ensina o Prof. Fernando Capez, com muita propriedade, que prisão “é a privação da liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade judiciária competente, ou em caso de flagrante delito”. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 2 Complementando o conceito, dispõe o art. 5.º, inc. LXI, da Constituição Federal: Art. 5.º [...] LXI ninguém será preso senão em flagrante delito, ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. Resumindo, a prisão é a privação de liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade judiciária. Entretanto, esta necessidade de existência de um mandado do Magistrado pode ser atenuada nos casos de prisão em flagrante, transgressão militar, durante estado de sítio e no caso de recaptura do evadido. 5.1.2 ESPÉCIES DE PRISÃO Segundo ensinamento do Prof. Renato Brasileiro, o ordenamento processual penal possui três espécies de prisão, são elas: 1 1 – EXXT AP– E TR PE ALRA EN L; NA ; 2 2 – PEEN L;– P NA AL ; 3 3 – PR– P OV RO ISSÓ IAVI ÓR RI , S A, EM PENASE M P A O PREN OU U P IS RI ÃOO P OCSÃ PR CE SURO ES UA . SS AL L. Vamos analisá-las: 5.1.2.1 EXTRAPENAL A prisão extrapenal é assim denominada por não possuir natureza de pena, imposta em conseqüência de prática de ilícito penal. Divide-se em: 1–Prisão Civil Î Ocorre nos casos do devedor de alimentos e do depositário infiel, lembrando que a prisão do depositário infiel na hipótese da alienação fiduciária já foi retirada do ordenamento jurídico (RE 466.343 – STF). O Pacto de São José da Costa Rica, em seu art. 7º, não permite tal hipótese. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 3 2–Prisão Administrativa Î Ensina o mestre Magalhães Noronha, que esta espécie de prisão “é um meio coativo para compelir alguém ao cumprimento de certa obrigação”. Tal hipótese de prisão não encontra guarida constitucional, tendo sido praticamente abolida do ordenamento jurídico pátrio por não ter sido mencionada na Constituição Federal. Os Tribunais vem aceitando a existência desta modalidade de prisão no caso de procedimento administrativo de extradição, desde que a prisão seja determinada por um juiz. 3–Prisão Disciplinar Î É admissível nos casos de crime propriamente militar ou transgressão disciplinar militar (art. 5º, LXI, CF). Essa espécie de prisão não depende de autorização judicial, entretanto, segundo entendimento jurisprudencial, está condicionada a prévia instauração de procedimento administrativo. Afirma ainda o Prof. Renato Brasileiro que, com relação às punições disciplinares militares, não cabe Habeas Corpus quanto ao mérito da punição, o que, no entanto, não impede a impetração do remédio, questionando aspectos relacionados à legalidade da prisão. 5.1.2.2 PENAL, PRISÃO-PENAL É aquela decretada como decorrência natural da sentença condenatória transitada em julgado. É a prisão sanção-definitiva (também chamada de prisão penal), que pode ser de reclusão, detenção e prisão simples. Atualmente, predomina na doutrina a tese de que a prisão como pena tem uma finalidade retributiva e utilitária, já que ao mesmo tempo a aplicação da punição STF, RE 272.955/RS, DJ 23.10.2009 É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. TRF 1ª Região, HC 65.665/MT, DJ 13.02.2009 A atual ordem constitucional não revogou a prisão administrativa para fins de deportação, devendo, no entanto, sua necessidade, como medida excepcional de restrição da liberdade e acautelatória do procedimento de deportação, ser plenamente demonstrada e fundamentada mediante decisão da autoridade judiciária, e não mais da autoridade administrativa, apontando fatos concretos hábeis a justificá-la. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 4 castiga o delito e serve também para preveni-lo (é a chamada teoria da união - eclética ou mista). Assim, segundo os adeptos dessa teoria, como forma de prevenção geral, a pena tem por finalidade intimidar e promover a integração do ordenamento jurídico e, como forma de prevenção especial, promover a ressocialização do indivíduo. A prisão-pena é, portanto, a restrição da liberdade individual em razão da aplicação de uma pena ou sanção definitiva ao infrator da lei penal, decorrente do legítimo exercício do direito punitivo do Estado e que tem como premissa maior a proteção da sociedade, livrando-a dos maus cidadãos transgressores da norma penal e, num segundo plano, sempre que possível, tentar a reintegração desses cidadãos à vida social. 5.1.2.3 SEM PENA, PRISÃO PROCESSUAL OU PRISÃO PROVISÓRIA É aquela decretada para assegurar a eficácia do processo principal, sem que se tenha ainda sentença condenatória com trânsito em julgado. Temos três espécies de prisão processual, vejamos: 1 1 – PRIS– P RI ÃOSÃ EMO E FLM F AGLA RAGR NTAN E DTE ELDE ITLI TO O;; 2 2 – PR– P RI ISSÃÃOO PPR REEV VEEN NTTI IVVA A;; 3 3 – PR– P RI ISSÃÃOO TTEEMMPPOORRÁÁRRIIAA;; Mesmo sabendo-se que é uma constante preocupação da sociedade moderna adotar meios mais eficazes e rigorosos para reprimir delitos de maior gravidade e que causam repugnação a todos, não é menos correto afirmarmos que num autêntico Estado de Direito, a despeito de ter praticado um delito, o indivíduo possui direitos e garantias consagrados pela Constituição Federal, que o Direito não admite sejam restringidos desnecessariamente. Nessa perspectiva, para evitar abusos e arbitrariedades, a doutrina reconhece princípios informadores concernentes às medidas de cautela adotadas no processo penal que devem ser observados pelos operadores do Direito, principalmente para aferir a necessidade de restrição da liberdade de locomoção por meio da prisão provisória. Esses princípios são: Î Caro aluno, este eu nem preciso falar nada,1. Princípio da legalidade pois você já conhece. Maaasss... Relembrando, só podem ser aplicadas as medidas restritivas previstas em lei e que cumpram todos os requisitos preceituados à sua aplicação. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 5 2. Princípio da adequação e proporcionalidade Î A penalização a ser aplicada durante um processo a um ladrão de galinhas, deve ser a mesma da que deve ser aplicada a um indivíduo que joga a filha pela janela? Não preciso falar mais nada, pois acho que você já entendeu que este princípio nada mais é do que a exposição de que a restrição de liberdade a ser imposta deve ser analisada caso a caso. 3. Princípio da precariedade Î A prisão processual é sempre precária em razão do princípio da presunção de inocência, que não admite a antecipação do cumprimento de pena privativa de liberdade antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória, pois tal antecipação representaria uma inversão de valores. 4. Princípio da subsidiariedade Î A prisão processual deve ter caráter subsidiário em relação às outras medidas que não restrinjam a liberdade, ou seja, só deve ser utilizada em último caso. Do exposto, podemos esquematizar: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 6 5.1.3 MOMENTO DA PRISÃO Sobre o tema, dispõe o Art. 283 do CPP: Art. 283. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. Perceba que o supracitado artigo trata das restrições à inviolabilidade de domicílio que possuem base constitucional. Observe: Art. 5º [...] XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Sendo assim, podemos resumir que o agente que praticou uma infração penal poderá ser preso dentro de casa, desde que se encontre numas das seguintes situações: • EM FLAGRANTE DELITO; • DURANTE O DIA COM ORDEM JUDICIAL (PODENDO ATÉ OCORRER O ARROMBAMENTO DAS PORTAS DA CASA); Assim, caro concurseiro, se na sua prova aparecer que, salvo flagrante delito, o indivíduo nunca poderá ser preso em sua casa durante a noite, está correto? É claro que NÃO, pois temos uma terceira situação que completa as citadas acima: • DURANTE A NOITE, DESDE QUE COM ORDEM JUDICIAL E CONSENTIMENTO DO MORADOR. Mas e se os policiais chegarem no período noturno e não tiverem esse consentimento, o que fazer? Deve-se aguardar até o dia amanhecer, cuidando o executor da prisão de determinar o cerco da casa para que, de posse da ordem judicial, possa ingressar na casa (art. 293, CPP). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 7 Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. 5.1.4 EMPREGO DE FORÇA E USO DAS ALGEMAS Sobre o tema, o CPP preceitua: Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. . Sendo assim, o emprego de força é medida de caráter excepcional, devendo ser limitada àquilo que for indispensável para vencer a resistência ativa do preso ou sua tentativa de fuga, conforme dispõe o CPP. Apesar de o texto legal silenciar, admite- se o emprego de força, ainda, para impedir a ação de terceiros que tentem impedir a prisão do agente, desde que não haja abuso. Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas. OBSERVAÇÃO: O Código Eleitoral determina outro momento da prisão do eleitor e do candidato. O eleitor possui alguns benefícios, a saber: desde os cinco dias antes da eleição e até 48 horas depois, não poderá ser preso, salvo em caso de flagrante, sentença condenatória por crime inafiançável e desrespeito a salvo conduto (art. 236, CE). Por sua vez, os candidatos, nos 15 dias anteriores à eleição, só poderão ser presos em caso de flagrante delito. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 8 Tema que tem gerado muita discussão é com relação ao uso de algemas. Depois de anular um julgamento do Tribunal do Júri da Comarca de Laranjal Paulista (SP), por ter havido abuso na utilização de algemas (HC 91.952-SP, rel. Min. Marco Aurélio, j. 07.08.08), o STF editou a Súmula Vinculante 11, com o seguinte teor: "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado". Diante do exposto, podemos resumir que o uso das algemas só pode ocorrer em caráter excepcional e devidamente fundamentado, conforme discorre a súmula 11. O citado texto do STF elenca as seguintes hipóteses: • RESISTÊNCIA DO PRESO; • FUNDADO RECEIO DE FUGA; • FUNDADO RECEIO DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA. 5.1.5 MANDADO DE PRISÃO O CPP, nos artigos 285 e seguintes, trata do mandado de prisão. Observe o texto legal: Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado. Parágrafo único. O mandado de prisão: a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos; c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração; e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com 333 111 111 000 444 CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 9 declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado (art. 287). Podemos esquematizar: ESCRIVÃO JUIZ IDENTIFICAÇÃO DO PRESO UMA VIA É ENTREGUE AO PRESO TIPIFICAÇÃO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br10 Assim, podemos dizer que, como regra, toda prisão necessita de ordem judicial por escrito, salvo algumas exceções: 1 - INFRAÇÕES INAFIANÇÁVEIS Î O artigo 287 do CPP ensina que: Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado. No caso em tela, existe a ordem, mas quem executa a prisão não possui o documento em mãos. 2 - RECAPTURA DE RÉU EVADIDOÎ Situação prevista no artigo 684 do CPP: Art. 684. A recaptura do réu evadido não depende de prévia ordem judicial e poderá ser efetuada por qualquer pessoa. 3 - PRISÃO EM FLAGRANTE – Situação que tratamos em nossa aula demonstrativa. Encontra base no comando 301 do CPP. OBSERVAÇÕES: 1 - A chamada prisão para averiguação, que já ocorreu em nosso país, é ilegal, ninguém podendo ser recolhido ao cárcere para ter sua situação esclarecida. 2 - A prisão do ébrio (pessoa alcoólatra) não está inserida em nenhum comando legal, entretanto, pode ser admitida, desde que comprovada que era a única forma de preservar a saúde do próprio ébrio e de terceiros. 3 - Importante mencionar que se o sujeito resiste à prisão antes da apresentação do mandado de prisão, comete crime de resistência; já se resiste após a apresentação da ordem, comete o crime de desobediência. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 11 5.1.6 PRISÃO ESPECIAL Apesar do art. 5° da Constituição da República consagrar o princípio da igualdade, estabelecendo que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", o Código de Processo Penal e a legislação extravagante conferem a certas pessoas o direito à prisão especial, ou seja, o "privilégio" de ficar preso em cela ou estabelecimento penal ou não, diverso do cárcere comum, até o julgamento final ou o trânsito em julgado da decisão penal condenatória. A prisão especial é concedida às pessoas que, pela relevância do cargo, função, emprego ou atividade desempenhada na sociedade nacional, regional ou local, ou pelo grau de instrução, estão sujeitas à prisão cautelar, decorrente de infração penal. Abrange autoridades civis e militares dos três poderes da República. Pode ser relacionada com a natureza do crime, a qualidade da pessoa e a fase do processo. A Lei n.° 5.256/67, diante da realidade nacional, determina que o juiz, considerando a gravidade das circunstâncias do crime e ouvido o representante do Ministério Público, autorize a prisão domiciliar do réu ou indiciado (acusado) nas localidades em que não houver estabelecimento prisional adequado ao recolhimento dos beneficiários da prisão especial. O benefício penal visa oferecer um tratamento mais humano ao indiciado ou réu que, pelas "qualidades morais e sociais", merece melhor tratamento e, também, pelas conseqüências graves e irreparáveis que a convivência desordenada com presos perigosos poderia lhe causar. Sobre o tema, trata o CPP: Art. 295 - Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: I - os ministros de Estado; II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados; IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; V - os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; V - os oficiais das Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros; VI - os magistrados; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 12 VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; VIII - os ministros de confissão religiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. § 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum. § 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento. § 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana. § 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. § 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos. Resumindo, percebe-se que as pessoas elencadas nos artigos 295 e 296 do CPP têm direito à prisão especial. Não se trata de uma lista TAXATIVA, pois outras normas podem definir o cabimento da prisão especial em outros casos. É o que ocorre, por exemplo, com os advogados e membros do Ministério Público. “Mas professor...quer dizer que eu tenho que “decorar” todos os indivíduos sujeitos à prisão especial?” Em minha opinião, não há essa necessidade. Não é típico das bancas a exigência deste tipo de conhecimento. Assim, basta uma leitura atenta a fim de que você ao menos tenha uma noção de quem está sujeito a esta regra. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 13 A prisão especial consiste no recolhimento do preso em quartéis (se houver local apropriado para este fim), em cela especial ou em cela comum, separada daqueles presos que não têm esse privilégio. Nos locais onde não houver cela separada ou especial, o preso poderá solicitar a prisão domiciliar, conforme reza o artigo 1º da lei 5.256/67. Há ainda que se destacar que, conforme demonstra o artigo 295, § 4º, do CPP, o preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. Os demais direitos do preso especial serão iguais ao do preso comum. Para finalizar, caro aluno, e o coitado do Presidente? Não vai ter prisão especial??? Claro que sim. A própria Carta Federal beneficia o Presidente da República. Este, quando submetido a julgamento por prática de infração penal comum, não estará sujeito à prisão, sendo preso apenas após a sentença penal condenatória proferida pelo Supremo Tribunal Federal (art. 85, § 3.°). Ao Chefe da Nação não se aplicam as prisões cautelares, devido ao alto cargo que ocupa; sua liberdade física é restringida após sentença penal condenatória. 5.2 PRISÃO PROVISÓRIA 5.2.1 PRISÃO EM FLAGRANTE Antes de adentrarmos nas particularidades desta forma de prisão é necessário conceituar o que é, na realidade, a prisão em flagrante. Quanto ao conceito jurídico, o saudoso Mirabete explica que a palavra flagrante, derivada do latim flagrare (queimar), é a qualidade do delito que esta sendo cometido e permite a prisão do seu autor. É o crime que ainda queima. A respeito, Pontes de Miranda já esclareceu que: “Flagrante delito é um conceito que se tira dos próprios fatos, pois significa encontrar-se alguém na prática de delito, ou em circunstâncias tais que justifiquem afirmar-se que estava a praticá-lo, ouno termo do ato delituoso, inclusive havendo fuga, se quem o cometeu ainda não conseguiu afastar de si as circunstâncias imediatas que importem convicção de ter sido o autor.” STF, Rcl 7.872/RJ, DJ 18.02.2009 Considerando a gravidade das circunstâncias do crime e ouvido o representante do Ministério Público, é possível que o juiz autorize a prisão domiciliar do réu ou indiciado (acusado) nas localidades em que não haja estabelecimento prisional adequado ao recolhimento dos beneficiários da prisão especial. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 14 5.2.1.1 ESPÉCIES DE FLAGRANTE • FLAGRANTE PRÓPRIO (TAMBÉM CHAMADO DE PROPRIAMENTE DITO, REAL OU VERDADEIRO) Î Ocorre quando o agente está cometendo a infração ou acaba de cometê-la. Exemplo: Tício é flagrado por um policial no momento em que estuprava Mévia. Base legal: Art. 302, I e II. Observe: Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; • FLAGRANTE IMPRÓPRIO (TAMBÉM CHAMADO DE IRREAL OU QUASE FLAGRANTE) Î O agente comete o ato ilícito e é perseguido, logo após, em situação que faça presumir ser o autor do delito. A expressão “logo após” compreende todo o espaço de tempo necessário para a polícia chegar ao local, colher as provas elucidativas da ocorrência do delito e dar início à perseguição do autor. Não tem qualquer fundamento a regra popular de vinte e quatro horas de prazo entre a hora do crime e a prisão em flagrante, pois, no caso do flagrante impróprio, a perseguição pode levar até dias, desde que ininterrupta. Atualmente, a doutrina e jurisprudência dominante entendem que não se exige que a perseguição esteja ocorrendo com a percepção visual do agente, pois não é este o sentido da lei. Por perseguição ininterrupta entendem-se as constantes diligências, sem longos intervalos, realizadas pela autoridade competente a fim de localizar e prender o criminoso. Observe o julgado: Para exemplificar, observe este interessante julgado: A perseguição ininterrupta do agente, por policiais, logo após haverem sido informados da prática delitiva, configura flagrante impróprio, sendo irrelevante se a prisão ocorreu horas após a ocorrência do fato criminoso –(HC175207 – TJAP) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 15 Base Legal: Art. 302, III do CPP: III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; • FLAGRANTE PRESUMIDO (TAMBÉM CHAMADO DE FICTO OU ASSIMILADO)Î O Agente é preso com objetos que façam presumir ser ele o autor da infração. É importante ficar claro que aqui não temos necessariamente perseguição, podendo a descoberta ser casual logo depois do indivíduo ter cometido o delito. Exemplo: Tício mata Mévia, coloca o corpo no porta-malas e vai em direção a um rio para “desovar o cadáver”. No caminho é parado em uma Ementa: Processo Penal - Habeas Corpus - Prisão em Flagrante - Tráfico Internacional de Entorpecentes - Ausência de Ilegalidade - Impossibilidade de Análise de Provas– Ordem Denegada. 1. Paciente preso em flagrante delito pela prática de tráfico internacional de entorpecentes. 2. Inexistência de ilegalidade na prisão em flagrante do paciente à luz do disposto no artigo 302, inciso III, do Código de Processo Penal, bem como da decisão judicial que negou o seu relaxamento. Isto porque um dos co-réus foi preso em flagrante delito no Aeroporto Internacional de Guarulhos no momento em que trazia consigo cocaína para fins de comércio exterior, delito este que praticava em unidade de desígnios com o paciente que lhe forneceu a droga. Na seqüência, este co-réu indicou aos policiais dados para a localização do paciente, o qual foi imediatamente localizado e também preso. Embora o paciente não tenha sido preso trazendo consigo substância entorpecente, o elemento subjetivo que o unia ao co-réu e a um outro agente que embarcaria com droga para o exterior no dia seguinte, que já estava em seu poder, permite a configuração do flagrante impróprio ou imperfeito. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 16 blitz e o policial, ao perceber marcas de sangue na camisa de Tício, exige que ele abra o porta-malas encontrando o corpo de Mévia. Base legal: Art. 302, IV do CPP: IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. • FLAGRANTE COMPULSÓRIO OU OBRIGATÓRIO X FLAGRANTE FACULTATIVO Î Caro aluno (a), imagine que você resolveu conhecer a famosa Rua 25 de março em São Paulo e, ao chegar ao local, POR ACASO, tinha gente vendendo DVD pirata. Indignado com aquela situação, você resolve dar voz de prisão aos criminosos. Você pode fazer isto? A resposta é que você já pode fazer isto, com base no Código de Processo Penal. Observe: Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Mas ainda dentro da supracitada situação, você é OBRIGADO a dar voz de prisão? Agora a resposta é NEGATIVA, pois o início do Art. 301 diz que qualquer do povo PODERÁ prender em flagrante. Assim, devido à existência da possibilidade e não da obrigatoriedade, damos o nome de FLAGRANTE FACULTATIVO. Diferente situação é a do policial no exercício de suas funções que verifica a ocorrência de um crime. Neste caso, ele não poderá valorar se quer ou não prender e, exatamente por isto, este tipo de prisão em flagrante recebe o nome de FLAGRANTE COMPULSÓRIO. • FLAGRANTE PREPARADO OU PROVOCADO (TAMBÉM CHAMADO DE DELITO DE ENSAIO, DELITO DE EXPERIÊNCIA OU DELITO PUTATIVO POR OBRA DO AGENTE PROVOCADOR) Î Aqui vai mais uma situação para você pensar: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 17 Imagine que, após a aprovação, você resolve abrir uma loja de doces e contrata um empregado. Desconfiado de que ele está subtraindo valores do caixa você, ao chegar ao trabalho, mostra para ele uma quantia enorme de dinheiro, coloca em uma mesa e fica escondido em uma sala, com sua turma toda do curso de formação aguardando e espiando tudo em uma câmera. Ao apropriar-se do dinheiro você sai da sala e diz: “AHAAAA!!! VOCÊ ESTÁ PRESO”. Pergunta: Qual será a reação do Funcionário? Resposta: No mínimo ele vai começar a rir e lhe mostrará a súmula 145 do STF que diz: Súmula nº 145: "Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a consumação." Assim, em fatos em que o agente de certa forma é instigado a praticar crime em relação ao qual ainda não tinha praticado qualquer ato de execução e, devido à vigilância, há impossibilidade absoluta de concretização, temos o chamado FLAGRANTE PREPARADO que, por estar relacionado com o dito crime impossível, não terá efeitos práticos. • FLAGRANTE ESPERADO Î A polícia recebe uma ligação dizendo que uma grande quantidade de drogas será entregue para uma facção criminosa. Diante da informação, sem qualquer forma de instigação, os policiais ficam escondidos no local aguardando a chegada do caminhão com o material ilícito. Quando avistam as drogas, saem do esconderijo e prendem os traficantes. Neste caso, temos o flagrante esperado que é perfeitamente válido, não podendo ser confundido com o flagrante preparado no qual ocorre induzimentoa um delito. • FLAGRANTE PRORROGADO, RETARDADO OU DIFERIDO Î Consiste na possibilidade de a polícia não efetuar a prisão logo que verifica o delito, mas aguardar ações posteriores visando obter maiores informações sobre a ação dos criminosos e prendê-los em maior quantidade ou de maneira mais efetiva. Tal tipo de flagrante só é aceito nas situações expressamente previstas em nosso ordenamento jurídico. Para ficar mais claro, vamos exemplificar através da seguinte questão exigida pelo CESPE no concurso para PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, recentemente realizado. Observe: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 18 Determinada organização criminosa voltada para a prática do tráfico de armas de fogo esperava um grande carregamento de armas para dia e local previamente determinados. Durante a investigação policial dessa organização criminosa, a autoridade policial recebeu informações seguras de que parte do bando estava reunida em um bar e receberia o dinheiro com o qual pagaria o carregamento das armas, repassando, ainda no local, grande quantidade de droga em troca do dinheiro. Mantido o local sob observação, decidiu a autoridade policial retardar a prisão dos integrantes que estavam no bar de posse da droga, para que os policiais pudessem segui-los, identificar o fornecedor das armas e, enfim, prendê-los em flagrante. Nessa situação, não obstante as regras previstas no Código de Processo Penal, são válidas as diligências policiais e as eventuais prisões, em face da denominada ação controlada, prevista na lei do crime organizado. (CERTO/ERRADO) O inciso II do art. 2º da Lei 9.034/95 (crime organizado) prevê a ocorrência de uma "ação controlada" por parte da polícia quando da possível ação de organizações criminosas. Observe: Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: [...] II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações; (grifo nosso) Dispositivo semelhante encontramos na Lei 11.343/2006 (Lei de drogas): Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: [...] II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de CAIU EM PROVA!!! CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 19 integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. (grifo nosso) Agora ficou fácil para você chegar à conclusão que a questão apresentada está CORRETA, pois a autoridade policial retarda a prisão a fim de identificar o fornecedor de armas e mantém os indivíduos que cometeram o delito inicial sob observação. • FLAGRANTE FORJADO (TAMBÉM CHAMADO DE URDIDO, MAQUINADO OU FABRICADO) Î Neste caso, não há um fato típico, mas a autoridade policial simula uma situação. Exemplo: Em uma blitz, determinado policial joga um saco com drogas atrás do banco do carro e prende o motorista em flagrante. 5.2.1.2 FLAGRANTE EM CRIMES PERMANENTES E HABITUAIS A partir de agora trataremos do flagrante nos crimes permanentes e habituais. Mas o que são essas espécies de delito? Para responder, vamos abrir o “dicionário do concurseiro: O Código Penal trata especificamente dos flagrantes nos crimes permanentes. Observe: Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Assim, em um seqüestro, por exemplo, a qualquer momento, seja no primeiro dia ou no trigésimo, o agente poderá ser preso em flagrante. Problema surge ao tratarmos dos crimes habituais que são aqueles que não se consumam em um ato, exigindo uma sequência de ações. DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO Crime permanente Î Ocorre quando a consumação do crime se prolonga no tempo, dependente da ação do sujeito ativo e o bem jurídico é agredido continuamente. Ex: Sequestro e cárcere privado. Crime habitual Î Quando se fala em crime habitual, estamos diante de um crime profissional, que é a reiteração ou habitualidade da mesma conduta reprovável, ilícita, de forma a constituir um estilo ou hábito de vida, é o caso do crime de curandeirismo, quando o agente pratica as ações com intenção de lucro. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 20 Neste delito, a prática de um ato apenas não seria típica: o conjunto de vários, praticados com habitualidade, é que configura o crime. Quanto a este ponto, para sua PROVA, não importa nem tanto o significado de crime habitual e muito menos divergências doutrinárias. O que você precisa saber é o entendimento do STF segundo o qual : CCAABBE E PPR RIISSÃÃO O EEM M FFLLAAGGRRAANNTTE E PPAARRA A OOS S CCRRIIM MEES S HHAABBIITTUUAAIIS S SSE E FFOORREEM M RREECCOOLLHHIIDDAAS S PPRROOVVAAS S DDAA HHAABBIITTUUAALLIIDDAADDEE.. 1.1.3 PROCEDIMENTOS Após a prisão em flagrante, o Código de Processo Penal define uma série de procedimentos que devem ser seguidos para que esta seja considerada válida. Esta “lista” de itens a serem cumpridos tem início do Art. 304 do CPP que dispõe: Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005) Segundo o supracitado artigo, ao ser apresentado o preso serão seguidos os seguintes passos: 1 – Oitiva do condutor, confecção do termo com o que foi dito, assinatura (do termo pelo condutor), entrega da cópia do termo (ao condutor) e o recibo de entrega do preso; Esta alteração inserida pela lei nº 11.113 de 2005 no início do Art. 304 visou evitar que o condutor, que na maioria das vezes é um policial, fique afastado de suas funções durante um longo período de tempo, aguardando todo o procedimento. Assim, na atual redação do CPP, após a oitiva, confecção do termo, assinatura e confecção do recibo de entrega do preso, ele já será liberado para voltar ao exercício de suas funções. 2 – Oitiva das testemunhas, redução a termo e assinatura; 3 – Interrogatório do acusado, redução a termo e assinatura; 4 – Lavratura do auto de prisão em flagrante. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 21 Aqui cabem duas importantes ressalvas: A primeira é com relação ao início do Art. 304 que diz “APRESENTADO (por alguém) O PRESO À AUTORIDADE”. Exatamente devido ao texto escrito pelo legislador, entende-se NÃO ser cabível a prisão em flagrante no caso de APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA, vale dizer, aquela em que o própriosujeito apresenta-se voluntariamente perante a autoridade policial. A segunda ressalva é que quando conduzido o preso deverá ser apresentado à autoridade no lugar em que foi efetuada a prisão ou, caso não seja possível, será apresentado à do local mais próximo. Observe: Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo. Após esta fase inicial, a autoridade policial já estará em condições de decidir pelo cabimento ou não da efetivação da prisão. Esta decisão pode acarretar as seguintes consequências: 1–Liberação do conduzido, sem que este assuma qualquer obrigação. (Livrar-se solto). Observe que aqui ele é liberado DEPOIS de lavrado o auto de prisão, conforme dispõe o CPP: Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. 2–Liberação do conduzido mediante o pagamento de fiança (quando a lei permitir); 3–Prisão do conduzido. Sobre essas consequências discorre o CPP no Art. 304: § 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja. Agora pensemos em uma infração que só foi vista pela autoridade policial, ou seja, faltam testemunhas da infração. Neste caso, poderá ser lavrado o auto de prisão? CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 22 Claro que sim, pois a palavra do agente público goza de presunção relativa de legalidade e legitimidade. Desta forma, a inexistência de testemunhas da infração poderá ser suprida pela assinatura de duas testemunhas que hajam presenciado a APRESENTAÇÃO do preso. Observe o CPP: § 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. E no caso de o acusado se recusar a assinar o auto? Também nenhum problema, pois a falta poderá ser suprida pela assinatura de duas testemunhas que tenham OUVIDO a leitura na presença do conduzido. Atenção que a única exigência do CPP é que as testemunhas tenham presenciado a leitura do auto para o acusado e mais nada. Veja: § 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005) Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal. (grifo nosso) Então, concurseiros de todo Brasil, o auto de prisão em flagrante foi lavrado. E agora? Agora, alguns procedimentos deverão ser tomados pela autoridade policial. Neste sentido, dispõe o CPP: Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 11.449, de 2007). O caput do art. 306 nada mais é do que reprodução literal do comando constitucional inserto no art. 5.º, LXII, da Constituição Federal (CF), o qual contém duas garantias individuais: (A) A PRISÃO DE QUALQUER PESSOA E O LOCAL ONDE SE ENCONTRE SERÃO COMUNICADOS IMEDIATAMENTE AO JUIZ; (B) A PRISÃO DE QUALQUER PESSOA E O LOCAL ONDE SE ENCONTRE SERÃO COMUNICADOS IMEDIATAMENTE À FAMÍLIA DO PRESO OU À PESSOA POR ELE INDICADA. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 23 Buscando dar máxima aplicabilidade ao preceito constitucional contido na primeira parte do art. 5.º, LXII, da CF, impôs a Lei n. 11.449/2007 que a autoridade policial, dentro de 24 horas depois da prisão, encaminhe ao Juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas (art. 306, § 1.º, 1.ª parte). § 1o Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 11.449, de 2007). Ainda dento das formalidades, tratou o CPP de definir que também no prazo de 24 horas será entregue ao preso a chamada nota de culpa. Tal entrega é uma formalidade essencial, ou seja, o seu não cumprimento enseja o relaxamento da prisão em flagrante. Nessa nota, a autoridade policial da ciência ao preso dos motivos pelos quais ele foi preso, do nome do condutor que o trouxe à delegacia bem como do nome das testemunhas. Entregue a nota, deverá o preso passar um recibo para a autoridade policial. Caso o indiciado não queira, não possa ou não saiba assinar, a autoridade policial providenciará para que duas testemunhas assinem em seu lugar. § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e o das testemunhas. (Incluído pela Lei nº 11.449, de 2007). A definição de um prazo de 24 horas para a comunicação ao Juiz visou propiciar ao preso a garantia de que a autoridade judiciária terá rápido acesso ao auto de prisão em flagrante, possibilitando, com isso, o imediato relaxamento da prisão, se ilegal, tal como determina o art. 5.º, LXV, da CF. Impede-se, dessa maneira, que o indivíduo seja mantido no cárcere indevidamente. A expressa definição de um determinado prazo pelo Código de Processo Penal faz surgir uma importante dúvida: A ATTEENNÇÇÃÃOO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 24 Será que o desrespeito à formalidade de entrega do auto de prisão em flagrante no prazo de 24 horas à autoridade competente implicaria no relaxamento da prisão, tal como ocorre com a ausência da entrega da nota de culpa? O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu no sentido da manutenção da prisão: “Não constitui irregularidade apta a anular o auto de prisão a comunicação tardia feita à família do paciente quando de sua prisão em flagrante.” (STJ, RHC 10220/SP, rel. Min. GILSON DIPP, 2001). Da mesma já se pronunciou o STF: Processo Penal. Flagrante. Demora na comunicação, ao Juiz, de prisão em flagrante. Não anula o flagrante a falta de comunicação da prisão em flagrante, podendo implicar na responsabilidade de autoridade policial. (RHC) Finalizando, diante do exposto, podemos afirmar que normalmente o procedimento policial da prisão em flagrante desenvolve-se em dois momentos, ou etapas, conforme indicado: Primeiro a constatação da prática de infração penal no estado de flagrante delito, oportunidade em que o responsável pela prisão-captura dá a voz de prisão para então conduzir o preso, juntamente com as testemunhas e ofendido (logicamente, se pessoa física diversa de si próprio), até a presença da autoridade competente para a autuação, ou seja, para a lavratura do auto de prisão em flagrante. A etapa da formalização constituirá o segundo momento do procedimento, ocasião em que o presidente do auto confirmará a voz de prisão já proferida. A exceção fica por conta da hipótese prevista no art. 307 do CPP e, simetricamente, no art. 249 do CPPM (esfera penal militar) em que a própria autoridade que tem competência para autuar presencia, no exercíciode suas funções, a prática de infração penal - que pode inclusive ser contra ela praticada -, circunstância que o habilita a dar a voz de prisão e, incontinente, presidir o auto de prisão sem a figura do condutor, em um procedimento caracterizado pela concentração de atos e pela declaração de vontade de apenas um órgão. Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 25 Vamos esquematizar o procedimento: PRISÃO EM FLAGRANTE APRESENTAÇÃO DO PRESO OITIVA DO CONDUTOR OITIVA DAS TESTEMUNHAS INTERROGATÓRIO DO ACUSADO ASSINATURA DO CONDUTOR + RECIBO DE ENTREGA SE NÃO HOUVER, ASSINAM DUAS PESSOAS QUE PRESENCIARAM A APRESENTAÇÃO DO PRESO LIBERAÇÃO SEM RESPONSABILIDADES (LIVRAR-SE SOLTO) LIBERAÇÃO (FIANÇA) RECOLHIMENTO À PRISÃO COMUNICAÇÃO IMEDIATA À FAMÍLIA E AO JUIZ ENVIO DO AUTO COM AS OITIVAS PARA O MAGISTRADO ENTREGA DA NOTA DE CULPA (MOTIVO / CONDUTOR / TESTEMUNHAS) NÃO ENVIO Î MANTÉM A PRISÃO E PUNE A AUTORIDADE NÃO ENTREGA Î RELAXA A PRISÃO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 26 5.2.2 PRISÃO PREVENTIVA O ilustre Fernando Capez conceitua prisão preventiva como a “Prisão cautelar de natureza processual decretada pelo juiz durante o inquérito policial ou processo criminal, antes do trânsito em julgado, sempre que estiverem preenchidos os requisitos legais e ocorrerem os motivos autorizadores.” O CPP não define um prazo exato para a prisão preventiva, todavia os Tribunais tem interpretado o tema da seguinte forma: A prisão preventiva pode ser decretada tanto durante o inquérito quanto já na fase judicial, conforme trata o CPP: Art. 311. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou do querelante, ou mediante representação da autoridade policial. Entretanto, por se tratar de uma medida excepcional, o CPP, visando dar garantias à sociedade, definiu no Art. 312 as hipóteses em que este tipo de prisão poderá ser decretada. Observe: Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Visto o art. 312, pela sua importância vamos esquematizar as hipóteses para facilitar a sua memorização: STF, HC 86.104/SE, DJ 23.03.2007 A excepcionalidade maior da prisão preventiva direciona à observação rígida dos prazos processuais. Extravasados, impõe reconhecer a ilicitude da custódia, afastando-a. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 27 HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA 01 GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA GRAVIDADE DA INFRAÇÃO + REPERCUSSÃO SOCIAL (Permanência do acusado em liberdade, pela sua alta periculosidade, gera uma intranqüilidade social em razão do receio que ele volte a cometer crimes) 02 GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA CRIMES DO COLARINHO BRANCO 03 CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL (Visa impedir que o indivíduo destrua provas, alicie testemunhas, enfim, cometa atos que possam prejudicar as investigações) 04 ASSEGURAR APLICAÇÃO DA LEI PENAL (Neste item estamos tratando da possibilidade de fuga do agente. Quanto a este item, será verificado se o indivíduo tem residência fixa, trabalho ou qualquer outro aspecto que possa presumir que este não se evadirá) Visando restringir mais ainda as supracitadas hipóteses, o legislador acrescentou: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 28 Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos: I - punidos com reclusão; II - punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la; III - se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 46 do Código Penal. IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. Com isso, podemos acrescentar um esquema complementar dizendo que, além de ter que se enquadrar em uma das quatro situações apresentadas na tabela acima, terá que cumprir mais uma das seguintes possibilidades: Q QUUAADDRRO O CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARR C C R R I I M M E E S S PUNIDOS COM RECLUSÃO PUNIDOS COM DETENÇAO: 1-FOR VADIO (Segundo entendimento jurisprudencial, praticamente não mais encontra aplicação diante da quantidade de desempregados no País); 2-HOUVER DÚVIDA DA IDENTIDADE E O AGENTE NÃO INDICAR ELEMENTOS PARA ESCLARECIMENTO. RÉU CONDENADO POR OUTRO CRIME DOLOSO (Ressalvado o atual art. 64, I do CP, antigo art. 46, que estabelece que não constitui reincidência se entre a ocorrência de um delito e a extinção ou cumprimento da pena anterior houver decorrido prazo superior a cinco anos) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 29 D D O O L L O O S S O O S S SE O CRIME ENVOLVE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, para garantir as medidas protetivas (Preceito introduzido no CPP pela Lei Maria da Penha – 11.340/2006). Mas e se a mulher bater no homem? Azar o dele... (Calma, pessoal! Existem também medidas de proteção para o homem, mas não com o cabimento da prisão preventiva). Finalizando o rol de garantias trazidas pelo Código, a fim de impedir a aplicação desarrazoada (fora do conceito de razoabilidade) da prisão preventiva, o legislador exige que a decisão do Juiz quanto à decretação ou denegação da prisão seja sempre motivada. Deixa claro também que a qualquer momento o Magistrado poderá revogar a prisão se verificar a falta do motivo ou decretá-la caso surjam situações que autorizem. Observe: Art. 315. O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre fundamentado. Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. Faz-se necessário ressaltar também que, diferentemente do que ocorre na prisão em flagrante, CABE PRISÃO PREVENTIVA no caso de APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA. Art. 317. A apresentação espontânea do acusado à autoridade não impedirá a decretação da prisão preventiva nos casos em que a lei a autoriza. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br30 OBS: Há divergência jurisprudencial quanto à possibilidade de a repercussão social intensa ensejar a decretação de prisão preventiva. Fora qualquer discussão, o que importa para a sua PROVA é que o STF e o STJ entendem pela IMPOSSIBILIDADE da prisão preventiva neste caso. Observe interessantes julgados 5.2.3 PRISÃO TEMPORÁRIA Esta prisão encontra base na Lei nº. 7.960/89 e é definida por Fernando Capez como a “prisão cautelar de natureza processual destinada a possibilitar as investigações a respeito dos crimes graves, durante o inquérito policial”. Trata a lei das seguintes hipóteses de decretação da prisão temporária: “Ilegal é a prisão mantida por força de decisão que se funda apenas na necessidade da medida para conter o clamor social. Referência, no mais, à gravidade abstrata do delito e na presença dos requisitos legais, sem indicar elementos concretos a justificar a medida.” (STJ, HC 73.449/PE, 08.10.2007) “HABEAS CORPUS. Processual penal. Homicídio qualificado. Prisão preventiva. Decreto prisional fundamentado na não apresentação espontânea do réu, na gravidade genérica do delito e na comoção social. Inviabilidade de manutenção. Necessidade de elementos concretos que a justifiquem. Ordem concedida. I - O decreto de prisão cautelar há que se fundamentar em elementos fáticos concretos suficientes a demonstrar a necessidade da medida constritiva. Precedentes. II - A mera afirmação de suposta periculosidade, de gravidade em abstrato do crime e de clamor social, por si só, não são suficientes para fundamentar a constrição cautelar, sob pena de transformar o acusado em instrumento para a satisfação do anseio coletivo pela resposta penal. 1. “III - Habeas Corpus conhecido, para conceder-se a ordem.” (STF, HC 94.554/BA, DJ 26.06.2008) e (STF, HC 93.971/SP, DJ 20.03.2009). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 31 Artigo 1° - Caberá prisão temporária: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio doloso b) seqüestro ou cárcere privado c) roubo d) extorsão e) extorsão mediante seqüestro f) estupro g) atentado violento ao pudor h) rapto violento i) epidemia com resultado de morte UMA PEQUENA PAUSA PARA UMA RELEVANTE OBSERVAÇÃO: Foi publicada a Lei nº 12.015, que alterou sensivelmente a disciplina dos crimes sexuais no Código Penal, criando novas figuras, modificando outras e, por fim, extinguindo algumas. Até então, tínhamos dois crimes bem distintos no CP: estupro e atentado violento ao pudor. O primeiro consistia em “constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça”, ao passo que no segundo descrevia a conduta de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal”. No estupro, portanto, a conduta era a prática de conjunção carnal (coito vaginal) e a consequência lógica disso é que somente mulheres poderiam ser vítimas desse delito. No atentado violento ao pudor, ao reverso, previa-se o cometimento de qualquer ato libidinoso que não se enquadrasse na hipótese de conjunção carnal (sexo oral e anal, por exemplo). A partir da Lei nº 12.015/2009, as duas descrições típicas foram fundidas na previsão do art. 213, que manteve o nomem iuris de estupro. Eis a nova conduta delituosa: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Houve fusão de dois crimes que em muito se assimilavam e tinham as mesmas penas, ampliando-se o espectro de incidência da norma do art. 213, de modo que, a partir de agora, homem também pode ser vítima do crime de estupro, que engloba não mais apenas a conjunção carnal, mas “outros” atos libidinosos. Assim, quem constrange alguém a praticar sexo oral, pratica, doravante, estupro, e não mais atentado violento ao pudor. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 32 j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte l) quadrilha ou bando; m) genocídio em qualquer de sua formas típicas; n) tráfico de drogas; o) crimes contra o sistema financeiro. Em uma primeira e desatenta leitura, parece ser bem objetiva a lei, entretanto é ela alvo de inúmeras discussões doutrinárias e jurisprudenciais. Uns dizem ser necessário o cumprimento dos incisos I, II e III cumulativamente. Outros, que pode ser efetivada quando cumprir qualquer dos três incisos. E A DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA, QUE É O QUE IMPORTA PARA SUA PROVA, ENTENDEM QUE: 5.2.3.1 LEGITIMIDADE E PRAZO Segundo a Lei nº. 7.960/89: Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público [...] § 1° - Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. § 2° - O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento. Sendo assim, podemos dizer que a legitimidade da decretação da prisão temporária é do Juiz, que deverá prolatá-la e fundamentá-la em um prazo de 24 horas após representação da autoridade policial (ouvido o Ministério Público) ou requerimento do MP. AA PPR RIISSÃÃO O TTEEMMPPOORRÁÁR RIIA A É É CCAAB BÍÍVVEEL L AAPPEENNAAS S QQUUAANNDDO O SSE E TTRRAATTAAR R DDE E UUM M DDOOS S CCR RIIMMEES S DDO O AARRTT. . 11º º, , IIIIII, , E E DDEESSDDE E QQUUE E CCOONNCCOORRRRAA PPEELLO O MMEENNOOS S UUMMAA DDAASS HHIIPPÓÓTTEESSEESS CCIITTAADDAASS NNOOS S IINNCCIISSOOSS II EE IIII.. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 33 STJ, RHC 20.410/RJ, DJ 09.11.2009 É evidente o constrangimento ilegal se a prisão temporária for determinada tão somente para uma melhor apuração do delito, sem a demonstração concreta da imprescindibilidade da medida, ressaltando-se que o despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado Há divergência jurisprudencial quanto à possibilidade de o magistrado poder decretá-la de ofício, entendendo a doutrina majoritária não ser possível. Com relação ao prazo, a lei discorre que será, regra geral, de 05 dias prorrogável por igual período em caso de EXTREMA e COMPROVADA necessidade. Artigo 2° - A prisão temporária [...] terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Observação: Caso se trate de suspeito de crime hediondo,pratica de tortura, tráfico ilicito de substâncias entorpecentes e drogas afins e, de terrorismo, a prisão temporária poderá durar trinta dias, prorrogáveis pelo mesmo prazo. 5.2.3.2 PROCEDIMENTOS Caro aluno, neste ponto a lei é extremamente clara quanto aos procedimentos que devem ser adotados. Observe: Art. 2º [...] § 4° - Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa. § 5° - A prisão somente poderá ser executada depois da expediçãode mandado judicial. § 6° - Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no artigo 5° da Constituição Federal. § 7° - Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 34 Artigo 3° - Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos. Assim, após decretada a prisão será expedido mandado de prisão em duas vias. Uma via será entregue ao preso e servirá como nota de culpa. É importante citar que com relação à prisão temporária, SEMPRE SERÁ NECESSÁRIO O MANDADO JUDICIAL, sendo este condição objetiva de procedibilidade da prisão. Após a prisão, como manda a Carta Magna, o preso será informado de seus direitos e, após passados 05 dias de detenção será imediatamente libertado, SALVO SE JÁ TIVER SIDO DECRETADA A PRISÃO PREVENTIVA. Finalizando, os presos temporários não deverão ficar com os demais detentos, ou seja, serão colocados em celas separadas a fim de cumprir o mandamento legal. 5.3 LIBERDADE PROVISÓRIA 5.3.1 CONCEITO Por liberdade provisória entende-se o instituto processual que permite ao acusado o direito de aguardar o curso do processo em liberdade. Atualmente, o conceito de liberdade provisória tem pertinência apenas às hipóteses de flagrante, pois, com o advento da lei nº 11.719/08 foram revogadas as prisões decorrentes da pronúncia e da sentença condenatória recorrível como formas autônomas de prisão provisória. Assim, já decidiu o STF da seguinte forma: 5.3.2 IMPOSSIBILIDADE DE LIBERDADE PROVISÓRIA STF, HC 92.941/PI, DJ 11.04.2008, Informativo 501 A negativa quanto ao deferimento da liberdade provisória, nas hipóteses em que facultada por lei, deve fundamentar-se em elementos concretos, não podendo lastrear-se, apenas, em mera presunção de periculosidade do agente ou na gravidade abstrata do crime. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 35 Em determinadas leis, por questões de política criminal, veda-se a possibilidade de liberdade provisória. Assim, não é admitida a liberdade provisória nos crimes: 9 DE LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº 9.613/1998, ART. 3º); 9 LIGADOS A ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (LEI Nº 9.034/1995, ART. 7º); 9 DE TRÁFICO DE DROGAS E ASSEMELHADOS (LEI Nº 11.343/2006, ART. 44). OBSERVAÇÃO 01 A vedação de concessão de liberdade provisória na hipótese de acusados da prática de tráfico ilícito de entorpecentes encontra amparo no art. 44 da Lei 11.343/2006 (nova Lei de Tóxicos), que é norma especial em relação ao parágrafo único do art. 310 do CPP e à Lei de Crimes Hediondos, com a nova redação dada pela Lei 11.464/2007 (STF, HC 97.520/SP, DJ 04.03.2010). OBSERVAÇÃO 02 Há intensa discussão jurisprudencial acerca da possibilidade de o legislador, em abstrato, prever tal proibição. Em geral, tem-se entendido que, a despeito da previsão legal expressa de impossibilidade de liberdade provisória, a prisão deve ser mantida tão somente se presentes os requisitos do art. 312 do CPP (STJ, HC 139.939/PE, DJ 13.10.2009). Contudo, especificamente quanto aos crimes hediondos e equiparados, há controvérsia interna no STF: uns entendendo que a vedação deriva da própria inafiançabilidade do delito (STF, HC 97.975/MG, DJ 19.03.2010), outros, que deve o juiz pautar-se pelos requisitos do art. 312 do CPP (HC 101.505/SC, DJ 12.02.2010). A propósito da presente divergência, em 11.09.2009, os ministros do STF reconheceram a existência de repercussão geral no RE 601.384/RS, nos seguintes termos: “Possui repercussão geral a controvérsia sobre a possibilidade de ser concedida liberdade provisória a preso em flagrante pela prática de tráfico de drogas, considerada a cláusula constitucional vedadora da fiança nos crimes hediondos e equiparados” (DJ 29.10.2009, Informativo 565). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 36 5.3.3 LIBERDADE PROVISÓRIA OBRIGATÓRIA É aquela imposta por lei, traduzindo-se como direito do flagrado, independentemente de prestação prévia de fiança. Ocorre em duas situações: 9 Indivíduo que, flagrado na prática de infração de menor potencial ofensivo, é imediatamente encaminhado ao Juizado Especial ou assume o compromisso de comparecimento; 9 Indivíduo flagrado na prática de infração que lhe permita livrar-se solto. O réu livrar-se-á solto: I) No caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente, cominada pena privativa de liberdade; II) Quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente cominada, não exceder a três meses. 5.3.4 LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA É permitido ao juiz, após ouvir o Ministério Público, conceder liberdade provisória quando: 9 Verifica que o acusado agiu amparado por uma excludente de ilicitude (art. 310, caput). 9 Verifica que não estavam presentes os motivos autorizadores da prisão preventiva (art. 310, parágrafo único). Caso seja concedida, o acusado ficará vinculado ao juízo mediante assinatura de termo de comparecimento aos atos processuais, sob pena de revogação. A liberdade provisória sem fiança não é aplicável nos casos de crime contra a economia popular ou crime de sonegação fiscal. Nessas espécies de delito, só é cabível a liberdade provisória mediante fiança (art. 325, § 2º). 5.3.5 LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA Ocorre em hipóteses nas quais a lei faculta a prestação de fiança como forma de garantia de que haverá o cumprimento, pelo investigado ou pelo réu, de suas obrigações processuais. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 37 Mas o que exatamente é a fiança? Passaremos a tratar deste tema a partir de agora! 5.3.6 FIANÇA É uma garantia prestada pelo réu do cumprimento de suas obrigações processuais, estando em liberdade. Consiste em depositar determinado valor em juízo, em troca de sua liberdade provisória. Para determinar o valor da fiança, a autoridade levará em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo até o final do julgamento (art. 326). A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade todas as vezes em que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será considerada como quebrada (art. 327). O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência sem prévia permissão da autoridade processante ou ausentar-se por mais de 08 (oito) dias de sua residência sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado (art. 328). A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. Mas e se o réu for pobre e não tiver como pagar fiança? Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando ser impossível ao réu prestá-la, por motivo de pobreza, poderá conceder-lhe a liberdade provisória. Se o réu infringir, sem motivo justo, qualquer das obrigações impostas ou praticar outra infração penal, terá o benefício revogado. 5.3.7 COMPETÊNCIAPARA A CONCESSÃO DA FIANÇA Em caso de prisão em flagrante, será competente para conceder a fiança a autoridade que presidir ao respectivo auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz que o houver expedido ou a autoridade judiciária ou policial a quem tiver sido requisitada a prisão. Depois de prestada a fiança, que será concedida independentemente de audiência do Ministério Público, este terá vista do processo a fim de requerer o que julgar conveniente. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 38 5.3.8 RESTITUIÇÃO DA FIANÇA (ARTS. 336 E 337) No caso de sentença absolutória, e transitando esta em julgado, a fiança será integralmente restituída, sem descontos. Caso a sentença seja condenatória irrecorrível, a fiança será restituída, descontado, porém, o valor referente às custas de eventual multa e aquele relativo à satisfação do dano. 5.3.9 PERDIMENTO DA FIANÇA (ART. 344) O perdimento da fiança é a perda em definitivo da totalidade do valor pago à título de fiança, na hipótese da condenação do afiançado e determinação de seu recolhimento à prisão, mas com fuga dele do distrito da culpa. 5.3.10 QUEBRAMENTO DA FIANÇA (ART. 341) É a perda definitiva da metade do valor pago quanto o afiançado descumpre as obrigações legais: não comparece quando intimado, muda de residência sem prévia comunicação ou pratica delito durante a vigência da fiança. Os efeitos do quebramento são: a) a devolução de metade do valor pago do réu e seu recolhimento à prisão. Artigo 341 do CPP. 5.3.11 CASSAÇÃO DA FIANÇA (ARTS 338 E 339) Ocorre em duas situações: 9 FIANÇA QUE SE RECONHEÇA NÃO CABÍVEL: TRATA-SE DE ERRO EM QUE SE COGITA POSSÍVEL A FIANÇA QUANDO, NA REALIDADE, NÃO É CABÍVEL. 9 INOVAÇÃO NA CLASSIFICAÇÃO DO DELITO: TRATA-SE DE SITUAÇÃO EM QUE O AGENTE É DENUNCIADO POR CRIME DIVERSO DO ENQUADRAMENTO POLICIAL, SENDO ESTE INAFIANÇÁVEL. 5.3.12 IMPOSSIBILIDADE DE FIANÇA Define o art. 5º, LXVI da Carta Magna que ninguém deverá ser levado à prisão ou nela ser mantido quando a lei admitir liberdade provisória, com ou sem fiança. Todavia, como se pode retirar do citado texto legal, não é sempre que a fiança será cabível. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 39 Assim, podemos afirmar que não se admite fiança nos seguintes casos: 9 NOS CRIMES PUNIDOS COM RECLUSÃO, EM QUE A PENA MÍNIMA COMINADA SEJA SUPERIOR A 02 (DOIS) ANOS; 9 NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DA LIBERDADE, SE O RÉU JÁ TIVER SIDO CONDENADO POR OUTRO CRIME DOLOSO EM SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO; 9 NOS CRIMES PUNIDOS COM RECLUSÃO QUE PROVOQUEM CLAMOR PÚBLICO OU QUE TENHAM SIDO COMETIDOS COM VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA OU GRAVE AMEAÇA; 9 A QUEM TIVER QUEBRADO FIANÇA: DURANTE A LIBERDADE PROVISÓRIA O AFIANÇADO DEVE CUMPRIR DETERMINADAS CONDIÇÕES QUE ESTÃO PREVISTAS NO ART. 350. O DESCUMPRIMENTO DESTAS OBRIGAÇÕES ACARRETARÁ O QUEBRAMENTO, OU SEJA, O RECOLHIMENTO DO AFIANÇADO AO CÁRCERE. 9 EM CASO DE PRISÃO CIVIL E MILITAR; 9 INDIVÍDUO QUE, NO PERÍODO DE PROVA DO LIVRAMENTO CONDICIONAL OU SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (INDEPENDE SE FOR DOLOSO OU CULPOSO O CRIME PELO QUAL FOI CONDENADO), VEM A SER FLAGRADO EM CRIME DOLOSO. 9 QUANDO PRESENTES OS MOTIVOS QUE AUTORIZAM A DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA: SE É CABÍVEL A PRISÃO PREVENTIVA, OBVIAMENTE NÃO HÁ SENTIDO PERMITIR A LIBERDADE DO INDIVÍDUO MEDIANTE FIANÇA. 9 NOS CRIMES DE RACISMO (CF/1988, ART. 5º, XLII); 9 NOS CRIMES PRATICADOS POR GRUPOS ARMADOS, CIVIS OU MILITARES, CONTRA A ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO (CF/1988, ART. 5º, XLIV); 9 CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS (CF/1988, ART. 5º, XLIII). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 40 É isso ai pessoal. Chegamos ao final de mais uma aula!!! Agora é hora de consolidar os conceitos com os exercícios e seguir em frente com força total. Abraços e bons estudos, Pedro Ivo "Não são os grandes planos que dão certo; são os pequenos detalhes." Stephen Kanit CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 41 P PRRIINNCCIIPPAAIIS S AARRT TIIGGOOS S TTRRAATTAADDOOS S NNA A AAUULLAA DA PRISÃO Art. 282. À exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão em virtude de pronúncia ou nos casos determinados em lei, e mediante ordem escrita da autoridade competente. Art. 283. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado. Parágrafo único. O mandado de prisão: a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos; c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração; e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas. Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado. Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: I - os ministros de Estado; II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados; IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; VI - os magistrados; VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 42 VIII - os ministros de confissão religiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. § 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum. § 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento. § 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana. § 4o O preso especial não será
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