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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 08 – JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS / INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA / NULIDADES / REVISÃO CRIMINAL Olá, Pessoal! Hoje chegamos a nossa oitava aula e veremos mais alguns temas importantíssimos para a sua PROVA. Para uma melhor compreensão dos assuntos, fiz uma pequena modificação em nosso cronograma. Assim, nesta aula, trataremos da interceptação telefônica e, na próxima, veremos o tema “das exceções”. Agora, vamos ao que interessa, pois a cada tema vencido você se aproxima mais e mais de alcançar a recompensa de todo o seu esforço. Bons estudos!!! ********************************************************************************************************** 8.1 INTRODUÇÃO Os Juizados Especiais são órgãos previstos pela Constituição Federal em seu art. 98, que assim dispõe: Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. Diante da necessidade de implementar a norma constitucional, o Congresso Nacional aprovou a Lei 9.099/95, que é resultado da fusão de dois projetos de lei: um que cuida dos CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 2 Juizados Especiais Cíveis e outro que regula os Juizados Especiais Criminais no âmbito Estadual. No âmbito Federal, a lei 10.259/01 regula os Juizados Especiais Federais. Mas para que criar Juizados Especiais? A inadequação dos procedimentos, o formalismo acentuado, o alto valor das custas processuais, a necessidade de advogado, além da indisponibilidade dos direitos e dos privilégios em favor da União, prejudicavam, em um número significativo de casos, o acesso à justiça. Imagine, por exemplo, um indivíduo que pretendesse exigir R$ 1000,00 de uma determinada empresa, a título de indenização, antes da implementação dos Juizados Especiais. Este pleiteante, obrigatoriamente, teria que constituir um advogado e, com isso, muitos acabavam desistindo de lutar pelos seus direitos. Outro problema era o rito procedimental que, pela complexidade, gerava um tempo absurdo para a resolução da questão. Com a regulamentação do artigo 98 da Carta Magna, parte dos obstáculos de acesso à justiça foram removidos. Dentre as principais características, apresentam-se: • GRATUIDADE PROCESSUAL EM PRIMEIRA INSTÂNCIA; • TOTAL REMOÇÃO DOS ÓBICES PROCESSUAIS (FORMALISMOS INÚTEIS); • SIMPLIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO; • INTRODUÇÃO DOS CRITÉRIOS DE ORALIDADE, SIMPLICIDADE, INFORMALIDADE E CELERIDADE; • COMPOSIÇÃO PACÍFICA DAS CONTROVÉRSIAS. 8.2 JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS 8.2.1 COMPETÊNCIA O Juizado Especial Criminal, também conhecido por JECrim, é um órgão da estrutura do Poder Judiciário brasileiro destinado a promover a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais consideradas de menor potencial ofensivo. Ao começar a dispor sobre os Juizados Especiais Criminais, a lei 9.099/95 leciona: Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 3 Observe que o texto legal fala em infrações de menor potencial ofensivo, mas o que exatamente quer dizer esta expressão? Para encontrarmos a resposta, devemos buscar o texto da própria lei que, no artigo 61, dispõe: Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. O conhecimento da correta definição de crime de menor potencial ofensivo é importantíssimo para a sua prova e, diante do supra artigo, podemos resumir: DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO • JUIZ TOGADO Î É O MAGISTRADO GRADUADO EM DIREITO E APROVADO EM CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS PARA O INGRESSO NA MAGISTRATURA. • JUIZ LEIGO Î É AQUELE QUE, APESAR DA FORMAÇÃO EM DIREITO, NÃO É JUIZ DE DIREITO, OU SEJA, TOGADO. NÃO PRESTOU CONCURSO PARA A MAGISTRATURA, ATUANDO SOMENTE NOS JUIZADOS ESPECIAIS E DE CONCILIAÇÃO. • CONCILIAÇÃO Î É UM MEIO DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS EM QUE AS PARTES RESOLVEM O CONFLITO ATRAVÉS DA AÇÃO DE UM TERCEIRO, O CONCILIADOR. ESTE, ALÉM DE APROXIMAR AS PARTES, ACONSELHA E AJUDA, FAZENDO SUGESTÕES DE ACORDO. A CONCILIAÇÃO É JUDICIAL QUANDO SE DÁ EM CONFLITOS JÁ AJUIZADOS, NOS QUAIS ATUA COMO CONCILIADOR O PRÓPRIO JUIZ DO PROCESSO OU CONCILIADOR TREINADO E NOMEADO. • CONEXÃO E CONTINÊNCIA Î SÃO FENÔMENOS PROCESSUAIS DETERMINANTES DA REUNIÃO DE DUAS OU MAIS AÇÕES, PARA JULGAMENTO EM CONJUNTO, A FIM DE EVITAR A EXISTÊNCIA DE SENTENÇAS CONFLITANTES. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 4 A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal, e os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 8.2.2 PRINCÍPIOS Conforme você já sabe, o juizado especial criminal foi criado com características particulares e a própria lei define princípios diferenciados a serem seguidos por este meio legal. Veja: Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Vamos analisar o supra artigo: 8.2.2.1 ORALIDADE A oralidade pode ser explicada como a possibilidade de se permitir a documentação mínima dos atos processuais, sendo registrados apenas aqueles atos tidos como essenciais. Neste sentido, dispõe a lei: CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 5 Art. 65 [...] § 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente. (grifo nosso) 8.2.2.2 INFORMALIDADE / SIMPLICIDADE Os atos processuais serão válidos sempre que atingirem as finalidades para as quais foram realizados. Tenta o legislador, com este princípio, retirar a idéia plasmada no procedimento comum de que o processo é o fim e não o meio para o cumprimento da lei. Veja: Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei. Isso que dizer que não há qualquer forma prescrita para o rito procedimental dos Juizados Especiais? A resposta é negativa, ou seja, existem formalizações exigidas por lei, MAS nenhuma nulidade serápronunciada sem que seja demonstrado prejuízo para a acusação ou para a defesa. Observe o disposto: Art. 65 [...] § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. Como uma espécie da informalidade, temos o conceito de simplicidade, segundo o qual o processo deve transcorrer da maneira mais simples possível e, visivelmente, esta foi a intenção do legislador na confecção da lei. Como exemplo de simplicidade, temos a desnecessidade da carta precatória para a prática de atos processuais em outras comarcas, podendo ser utilizado qualquer meio de comunicação. Veja: Art. 65 [...] § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 6 Desta forma, se um juiz no Rio de Janeiro quiser solicitar algo de um magistrado em São Paulo, basta pegar o telefone, ligar e pedir. Bem mais simples, concorda? Outra situação em que temos a aplicação da simplicidade diz respeito à citação. Esta, sempre que possível, será feita no próprio juizado, evitando o mandado e o deslocamento de um Oficial de Justiça. Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Do artigo 66, tiramos um importante ponto para a sua PROVA. Perceba que ao dispor sobre a citação, o legislador assinala a necessidade de que seja pessoal (no juizado ou através do mandado). Mas e se o agente não for encontrado? Neste caso, diferentemente do que muitos pensam, NÃO HAVERÁ CITAÇÃO POR EDITAL!!! Observe como trata do caso a lei: Art.66 [...] Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. (grifo nosso). Sendo assim, podemos resumir que: Carta precatória é um instrumento utilizado pela Justiça quando existem indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz envia a outro de outra comarca. Assim, um juiz (dito deprecante) envia carta precatória para o juiz de outra comarca (dito deprecado) para a realização de um ato processual. Citação, para o Direito, consiste no ato processual no qual a parte ré é comunicada de que está sendo movido um processo contra ela e a partir da qual a relação triangular deste se fecha, com as três partes envolvidas no litígio devidamente ligadas: autor, réu e juiz; ou autor interessado e juiz. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 7 Para finalizar este item relativo à informalidade / simplicidade, vamos tratar de uma última situação que diz respeito às intimações. Estas serão feitas por correspondência, com aviso de recebimento pessoal quando enviadas a endereço residencial. Quando enviadas a endereço comercial, a intimação será entregue ao encarregado da recepção, que obrigatoriamente será identificado. Esta é a regra geral para a intimação, MAS, visando à simplicidade, se necessário, as intimações poderão ser feitas por qualquer outro meio idôneo. Observe a norma: Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. (grifei) 8.2.2.3 CELERIDADE O princípio da celeridade visa realizar a prestação jurisdicional com rapidez, celeridade, presteza, sem, contudo, causar prejuízos em relação à segurança jurídica. Com esse princípio, tem-se o cumprimento eficaz da função do Poder Judiciário e o alcance do seu objetivo de extinguir os litígios. A lei nº. 9.099/95 traz diversos dispositivos visando garantir a celeridade processual, tais como: NNOOS S JJUUIIZZAADDOOS S EESSPPEECCIIAAIISS, , A A CCIITTAAÇÇÃÃO O É É PPEESSSSOOAALL, , NNÃÃO O CCAABBEENNDDO O O O EEDDIITTAALL.. Intimação é uma comunicação escrita expedida por um juiz e que leva às partes o conhecimento de atos e termos do processo e solicita às mesmas que façam ou deixem de fazer algo em virtude de lei, perante o poder judiciário. Geralmente, esses serviços são executados por um oficial de justiça. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 8 Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer. Art. 81 [...] § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. (grifei) Apesar de alguns doutrinadores defenderem a tese de que quanto mais demorado um processo, maior a segurança jurídica para este e, ainda, maior o aprofundamento do julgador perante o mesmo, tem-se revelado, tal tese, ultrapassada. 8.2.2.4 ECONOMIA PROCESSUAL Tal princípio visa apresentar às partes um resultado prático, efetivo, com o mínimo de tempo, gastos e esforços. Podemos dizer que se entende por economia processual a realização do maior número de atos processuais com o mínimo de diligências. Ë importante ressaltar que o objetivo dos juizados especializados é justamente o de tornar as demandas rápidas, eficientes na solução dos litígios individuais, devendo garantir, para isso, a economia nas atividades processuais. Diante disso, todos os atos processuais devem ser aproveitados visando alcançar tal princípio, ou seja, nenhum ato processual é inútil, todos são proveitosos, com um único fim: o de garantir essa economia processual para que as partes possam chegar ao fim do processo o mais brevemente possível. Audiência de instrução e julgamento é a sessão pública dos juízos de primeiro grau de jurisdição, da qual participam o juiz, os auxiliares da Justiça, as testemunhas, os advogados e as partes, com o objetivo de obter a conciliação destas, realizar a prova oral, debater a causa e proferir a sentença. Como sessão que é, a audiência de instrução e julgamento é integrada por uma série de atos, sendo ela própria um ato processual complexo. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 9 8.2.2.5 AMPLA LIBERDADE DO JUIZ A lei nº. 9.099/95 veio ampliar os poderes do juiz para que ele conduza ou oriente conciliações, suspenda ou não o processo, enfim, deu ao juiz a possibilidade de uma maior intervenção no processo, e é isso que você tem que saber para a sua PROVA. Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. Assim como no Processo Penal comum, nos juizados especiais criminais também prevalece a verdade REAL sobre a verdade FORMAL. 8.2.3 FASE PRELIMINAR 8.2.3.1 INSTAURAÇÃO DO PROCESSO Dentro do espírito inovador que norteia o procedimento nos Juizados Especiais Criminais, a lei 9.099/95, buscando ao máximo a eliminação de fases processuais e o registro de atos inúteis, aboliu, como regra, o inquérito policial como procedimento VERDADE REAL No processo penal, o Juiz tem a obrigação de colher o maior número de provas possíveis a fim de determinar efetivamente como ocorreu o fato concreto. Segundo o STJ: “A busca pela verdade real constitui princípio que rege o Direito Processual Penal. A produção de provas, porque constitui garantia constitucional, pode ser determinada, inclusive pelo Juiz, de ofício, quando julgar necessário”. Desta forma, para ficar bemclaro, imaginemos a seguinte situação: Tício mata Mévio e, durante o processo penal, o pai de Tício assume a culpa do feito, exigindo, assim, que seu filho seja liberado. Será que o Juiz é obrigado a aceitar o que está sendo dito? A resposta é negativa, pois, como já dissemos, caberá ao judiciário, através da colheita de informações, atingir a verdade REAL e decidir através da livre apreciação das provas. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 10 prévio à ação penal, bastando que a autoridade policial envie aos juizados termo circunstanciado sobre a ocorrência. Buscando dar celeridade ainda maior, se possível, o termo circunstanciado deve ser enviado, juntamente com as partes envolvidas, à autoridade judiciária, juntando-se documentos e outras informações necessárias ao esclarecimento dos fatos. Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Nessa hipótese, dúvidas surgem quanto a que tipo de autoridade policial tem competência para lavrar o termo circunstanciado e enviá-lo ao juizado. Somente as Polícias Civis de âmbito estadual ou federal poderiam fazê-lo ou outras polícias, como a rodoviária e a militar, também poderiam se incumbir da tarefa? O entendimento que é sufragado pela maioria da doutrina é o de que a expressão "autoridade policial", prevista no caput do artigo 69 da lei 9.099/95, diz respeito não só às polícias civis estaduais e federal, mas engloba também as outras polícias previstas na constituição federal de 88. 8.2.3.2 AUDIÊNCIA PRELIMINAR É nesta fase que o Juiz tentará compor a lide, propondo às partes envolvidas a possibilidade de reparação dos danos, a aceitação imediata do cumprimento de pena não privativa de liberdade. Destina-se, portanto, à conciliação das partes. Nesta audiência, poderão ocorrer três situações: O inquérito policial é um procedimento policial administrativo previsto no Código de Processo Penal Brasileiro. É instrução provisória, preparatória, destinada a reunir os elementos necessários (provas) à apuração da prática de uma infração penal e sua autoria. Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) é um registro de um fato tipificado como infração de menor potencial ofensivo. O referido registro deve conter a qualificação dos envolvidos e o relato do fato, quando lavrado por autoridade policial. Nada mais é do que um boletim de ocorrência com algumas informações adicionais, servindo de peça informativa para o Juizado Especial Criminal. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 11 1. A aceitação da proposta de composição dos danos civis pelo autor; 2. A transação penal; 3. Oferecimento oral de denúncia para que seja iniciada a ação penal. Também deverão estar presentes na audiência: 1. O representante do Ministério Público; 2. O autor do fato; 3. A vítima; 4. Se possível, o responsável civil. Observe: Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. Vamos analisar cada situação: ***ACEITAÇÃO DA PROPOSTA DE COMPOSIÇÃO DE DANOS CIVIS PELO AUTOR Î Na composição dos danos civis, há a reparação dos danos financeiros causados à vítima em razão do ilícito penal imputado ao autor do fato e, uma vez homologado o acordo de composição dos danos civis, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente, acarretando a renúncia ao direito de queixa ou representação. Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 12 ***TRANSAÇÃO PENAL Î A transação penal está consagrada no art. 76 da Lei 9099/95, o qual dispõe: Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Antes do oferecimento da denúncia, portanto, na fase administrativa ou pré- processual, o Ministério Público poderá propor um acordo, transacionando o direito de punir do Estado com o direito à liberdade do "autor do fato". Sergio Turra Sobrane define a transação penal como: PARA FACILITAR O ENTENDIMENTO - AÇÃO PENAL – NOÇÕES GERAIS No nosso país, as ações penais são divididas em dois grandes grupos: 1. AÇÃO PENAL PÚBLICA Î Subdividida em Pública Incondicionada e Condicionada. 2. AÇÃO PENAL PRIVADA Imaginemos que um indivíduo comete um homicídio. Este delito, obviamente, importa sobremaneira a toda sociedade. Desta forma, a ação recebe a classificação de pública Incondicionada e não depende de qualquer pedido ou condição para ser iniciada, bastando o conhecimento do fato pelo Ministério Público. O MP inicia esta ação através da DENÚNCIA. Pensemos agora em outra situação em que uma mulher chega para um homem e diz que ele é “mais feio que briga de foice no escuro”. Neste caso, temos claramente um delito de injúria e eis a pergunta: O que este delito importa para a sociedade? Na verdade, ele fere a esfera íntima do indivíduo e, devido a isto, o Estado concede a possibilidade de o ofendido decidir se inicia ou não a ação penal, atribuindo a este a titularidade. Temos ai a ação privada que é iniciada através da QUEIXA do ofendido. Em um meio termo entre a Pública Incondicionada e a Privada, temos a Pública Condicionada. Neste caso, o fato fere imediatamente a esfera íntima do indivíduo e mediatamente (secundariamente) o interesse geral. Desta forma, a lei atribui a titularidade da ação ao MP que a inicia pela DENÚNCIA, mas exige que o MP aguarde a manifestação do ofendido para que possa iniciar a ação. Tal fato ocorre, por exemplo, no delito de ameaça. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 13 “o ato jurídico através do qual o Ministério Publico e o autor do fato, atendidos os requisitos legais, e na presença do magistrado, acordam em concessões recíprocas para prevenir ou extinguir o conflito instaurado pela prática do fato típico, mediante o cumprimento de uma pena consensualmente ajustada”. Para finalizar observe que o artigo 76 deixa claro a necessidade da participação do Ministério Público na definição da transação penal. Sendo assim, para a sua PROVA, considere que: 8.2.3 FASE PROCESSUAL – PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO Não havendo a transação penal, o Ministério Público oferecerá incontinenti denúncia oral, desde que, é claro, não existam novas diligências ou esclarecimentos a serem requisitados. Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis Portanto, neste momento inicia-se a ação penal nos JCrim, que poderá também se dar através de queixa do ofendido, dispensando-se para tanto o inquérito policial, conforme você já viu.Cabe ao Juiz, nesta oportunidade, verificar a complexidade probatória do caso, tendo em vista que algumas situações exigem a prática de atos probatórios mais complexos, como perícias ou laudos técnicos, o que certamente não se coaduna com o espírito de simplicidade e informalidade existente nos juizados. AA TTRRAANNSSAAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPEELLO O JJUUIIZ Z, , SSEEMM PPAARRTTIIC CIIPPAAÇÇÃÃO O NNO O MMIIN NIISSTTÉÉRRIIO O PPÚÚBBLLIICCOO,, NNÃÃO O É É AADDMMIIT TIIDDAA!!! !!! CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 14 Neste caso, cabe ao Magistrado, uma vez verificado que o caso demanda tais providências, enviar os autos ao Juiz comum, cuja estrutura procedimental estaria mais preparada para abrigar a apuração de fatos de maior complexidade. Oferecida a denúncia ou queixa, ficará o acusado cientificado do dia e hora da audiência de instrução e julgamento, momento em que haverá mais uma tentativa de conciliação ou, até mesmo, de proposta de transação penal, desde que não tenha ocorrido a possibilidade do seu oferecimento na fase preliminar. Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei. Daí por diante, o procedimento é basicamente oral, iniciando-se a audiência com a apresentação da defesa pelo réu. Importante salientar que só depois de ouvido o defensor é que o Juiz aceita ou rejeita a denúncia ou queixa. Se rejeitar a denúncia ou queixa? Segue o preceituado no artigo 82 da lei nº. 9.099/95: Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. Se ele aceitar? Ocorrerá a oitiva de testemunhas de acusação e defesa, interrogatório do acusado e debates orais, quando então o processo estará concluso para decisão. Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 15 § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz. Veja: Art. 81 [...] § 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz. Na sentença devem constar somente os elementos de convicção do Juiz, como, por exemplo, os depoimentos ou trechos mais importantes dos depoimentos prestados na audiência, a fim de que a decisão esteja devidamente motivada, sob pena de nulidade. 8.2.4 SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Para concluir, resta comentar a inovação prevista no artigo 89 da lei 9.099/95, que trouxe um importante instituto ao ordenamento jurídico, qual seja: A SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. Diz o dispositivo que: Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). O supra artigo traz a idéia de desnecessidade da pena, uma vez que o magistrado se limitará a impor condições ao réu que, se aceitas, ensejarão a suspensão do processo. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 16 Para compreender bem, pense assim: Após ser aprovado para a Receita Federal, você passará por um estágio probatório, correto? Então...para o acusado é exatamente a mesma coisa. Observe o disposto: Art. 89 [...] 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de freqüentar determinados lugares; III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. A medida também busca a reabilitação do escopo de reeducação do processo penal, possibilitando que o próprio acusado, de acordo com a sua conveniência, opte pelo cumprimento das condições ou pelo prosseguimento do processo. Não se trata de mero ato discricionário, sendo direito do réu a proposta de suspensão do processo. Além disso, estando presentes os requisitos legais, o acusado tem direito a deferimento da medida como forma de preservar os princípios informativos da lei 9.099/95. A suspensão condicional do processo é instituto de máxima importância para o desafogamento dos processos criminais, visando uma célere prestação jurisdicional e impedindo que a apuração de crimes de pouca repercussão venha a se arrastar por vários anos no judiciário, evitando a efetividade do processo. Vamos agora resumir o exposto: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 17 ELABORAÇÃO DO TERMO CIRCUNSTANCIADO (art. 71) AUDIÊNCIA PRELIMINAR Conciliação e aplicação da pena restritiva de direitos. (art. 72 a 76) DENÚNCIA OU QUEIXA. (art. 77) AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. (art. 79 a 83) Tentativa de Conciliação e aplicação da pena restritiva de direitos. Caso não tenha ocorrido audiência preliminar. (art. 79) Oportunidade da defesa rebater a acusação oralmente. (art. 81) RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA. (art. 81) Caso não seja recebida, cabe apelação. (art. 82) OFERECIMENTO DA SUSPENÇÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. (art. 89) Suspensão do processo e início da fase probatória. (art. 89 § 1º ao 6º) Oitiva da vítimas e testemunhas. Interrogatório do réu. Debates orais; (art. 81) PPEENNA A MMÍÍNNIIMMAA CCOOMMIINNAAD DAA FFOORR IIGGUUA ALL O OUU IINNFFEERRIIOORR AA UUM M AANNOO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 18 ******************************************************************************************* Caro (a) Aluno (a), Parabéns! Você acaba de vencer o primeiro tema de nossa aula. Agora se prepare para um novo assunto!!! Bons estudos! ******************************************************************************************* 8.3 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA A Lei n.º 9.296, de 24 de julho de 1996, surgiu com o propósito de regulamentar o inc. XII, do art. 5.º, da Constituição Federal de 1988, garantia individual fundamental, que dispõe:Art.5º [...] XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Essa inviolabilidade constitucional tem por objetivo assegurar o direito à intimidade e à vida privada das pessoas, entretanto, como pode se observado no supracitado inciso, esta não é uma regra absoluta. O próprio legislador constituinte estabeleceu como exceção a interceptação das comunicações telefônicas, com a devida ordem judicial, nas hipóteses enumeradas na lei para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A interceptação telefônica é um meio de prova excepcional, de natureza cautelar, somente determinado com o cumprimento de uma série de requisitos legais, quando não existem outros recursos probatórios. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 19 8.3.1 ANÁLISE LEGAL A partir de agora iremos adentrar na lei n.º 9.296/96 verificando o que lá está disposto. Vamos começar: Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Logo no início do supracitado artigo, o legislador apresenta a expressão: “Comunicação telefônica de qualquer natureza”. Tal expressão significa todo tipo de comunicação, inclusive aquelas que possam surgir por meio de novas tecnologias. Abrange a radioelétrica, a óptica, a eletromagnética, a informática, dentre outras. Posteriormente, o dispositivo legal ressalta a necessidade da interceptação ser determinada por um Juiz. Mas pode ser qualquer Juiz? A resposta é negativa, pois o juiz que determina a interceptação deve ser o competente para julgar a ação criminal principal. Ainda no art. 1º, o seu parágrafo único dispõe: Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Tal parágrafo, sem grande importância para a sua PROVA, trata da telemática que estuda a comunicação relacionada com a informática. Podemos dizer que é a união da telecomunicação com a informática. Observação: Parte da doutrina, minoritariamente, entende ser inconstitucional o parágrafo único do art. 1.º, porque a Constituição Federal de 1988 somente teria excepcionado a hipótese da interceptação telefônica, e não “do fluxo de comunicações em sistema de informática e telemática. Tal entendimento é adotado por alguns doutrinadores, mas NÃO PELAS BANCAS. Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 20 Apesar de não se exigir uma prova cabal de que o indivíduo realmente foi autor ou partícipe de um ato ilícito, os indícios precisam ser ao menos razoáveis, afastando situações absurdas de determinação da interceptação por suspeitas totalmente sem embasamento. Cabe ressaltar que a interceptação pode ser decretada antes mesmo de instaurado o inquérito policial. Entretanto, deve existir ao menos uma investigação iniciada, isto é, não se pode aceitá-la para ser o ponto de início da investigação da autoria, justamente para não ocorrer abusos. II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; Neste inciso, o legislador deixa claro o caráter subsidiário da intercepção como meio de prova, ou seja, se existe a possibilidade de provar por outro meio, não há que se falar em possibilidade da interceptação. Havendo possibilidade de a prova ser colhida por outros meios disponíveis, como testemunhas, perícias em geral, busca e apreensão, não é possível determinar a interceptação. Como já tratamos, trata-se de procedimento probatório excepcional. III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Não só o Código Penal, como toda a legislação especial, definem penalizações para determinadas condutas. A pena mais rígida é a de reclusão, seguida da detenção. Nos termos do inciso III, a interceptação só é cabível para crimes apenado com RECLUSÃO. Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. A situação objeto da investigação deve ser descrita da melhor forma possível, de modo a delimitar o delito a ser apurado, de preferência com a qualificação dos investigados. Novamente aqui, a fim de evitar abuso das autoridades, não se admitem autorizações de interceptação genéricas ou abertas, as quais dariam um “poder” de decisão muito grande para as autoridades policiais A linha telefônica objeto da interceptação deverá ser identificada, podendo ser particular ou aberta ao público, ou ainda de repartição pública. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 21 Para finalizar, observe o pronunciamento do STJ sobre o tema: Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. A interceptação telefônica pode ser solicitada pelo delegado de polícia ou pelo membro do Ministério Público durante a investigação criminal, primeira fase da persecução penal. Durante o processo criminal, segunda fase da persecução penal, somente pode ser solicitada pelo membro do Ministério Público. Antes ou depois de instaurado o processo, o juiz sempre poderá determiná-la de ofício. Resumindo O ART. 3º: O Juiz, ao determinar a escuta telefônica, o faz com relação às pessoas envolvidas, referindo os números de telefones, não cabendo à autoridade policial fazer qualquer tipo de “filtragem”. E a avaliação dos diálogos que serão usados como prova cabe ao Julgador, quando da sentença. (STJ RHC 13274/RS 19/08/2003) INVESTIGAÇÃO PROCESSO PENAL CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 22 Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. Com o propósito de evitar excessos na condução do procedimento probatório por parte da autoridade policial, o legislador exigiu como requisito para a concessão da interceptação de comunicação telefônica que o pedido seja devidamente fundamentado, no sentido de demonstrar a necessidade da realização. Em regra, o pedido é escrito. A exceção é o pedido realizado verbalmente, em situações excepcionais, devendo ser, nesse caso, reduzido a termo. O prazo para apreciar o pedido de interceptação é de 24 horas apenas, devido à excepcionalidade desse recurso probatório. Art. 5° A decisão será fundamentada, sobpena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova Depois de apreciar o pedido no prazo máximo de 24 horas, em decisão motivada, o juiz decidirá sobre a interceptação. Caso a autorize, deve indicar a sua forma de realização. Cabe ressalvar que a interceptação não poderá exceder o prazo de 15 dias, SALVO se comprovada a indispensabilidade do meio de prova, situação esta que permitirá a renovação do tempo por igual período. Quanto a este ponto, surge um importante questionamento: DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO Reduzir a termo Î É colocar no papel aquilo que esta sendo falado. Normalmente, tal tarefa compete ao escrivão. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 23 Este prazo só pode ser renovado uma vez ou cabe renovação sucessiva, ou seja, uma atrás da outra (15 + 15 + 15 + 15...)? Majoritariamente, prevalece o entendimento segundo o qual a renovação pode ser sucessiva. É o entendimento das bancas e do Superior Tribunal de Justiça. Observe: Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o Ministério Público. Este artigo praticamente não aparece em PROVAS, bastando a você que saiba que, após deferida a interceptação, obrigatoriamente o Ministério Público terá que tomar conhecimento da decisão para, caso julgue necessário, acompanhar o processo. Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público. O art. 7º concede à autoridade policial a possibilidade de, diretamente, requisitar informações e serviços técnicos para as concessionárias de serviço público. Cabe ressaltar que não se trata de um PEDIDO, mas de um MANDAMENTO que obrigatoriamente deve ser atendido pela empresa. Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, “Este Superior Tribunal tem entendimento de que a interceptação telefônica não pode exceder 15 dias. Todavia, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade”. E ainda: “A interceptação telefônica deve perdurar pelo tempo necessário à completa investigação dos fatos delituosos, devendo o lapso temporal ser avaliado motivadamente pelo Juízo sentenciante, considerando os relatórios apresentados pela polícia. (STJHC 110644 / RJ 2008/0151933-8 16/04/2009) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 24 ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. A Lei 9296/96 determina no supracitado artigo que os autos de interceptação telefônica devam processar-se em apartado aos autos principais. Objetiva-se, com este procedimento, resguardar o sigilo. Cabe ressaltar que, claramente, o sigilo é indispensável nesse meio de prova, sob pena de frustrar todo o procedimento. Todavia, cessada por completo a interceptação, o investigado, no inquérito policial, ou o acusado, no processo criminal, têm o direito de ter acesso a todas as informações colhidas. Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. Esse artigo pode ser facilmente compreendido através de um exemplo: Imagine que Tício é suspeito de crime relacionado com lavagem de dinheiro, para o qual, nas investigações, foi deferido o pedido de interceptação das comunicações telefônicas solicitado pelo Ministério Público. Ao iniciar a gravação obtêm-se o seguinte diálogo: Tício: “Olá, Mévia. Como você está?” Mévia: “Estou bem. Pena que há cinco anos não te vejo. Acho que desde aquele dia em que ficamos a sós em minha casa, logo após o seu casamento”. Caro aluno, concorda que há sérios indícios da ocorrência de um adultério? A resposta é positiva, mas o que isso tem a ver com o crime de lavagem de dinheiro? Absolutamente nada. Consequentemente, nos termos do art. 9º, tal gravação será inutilizada. Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Por fim, a lei nº 9.296/96 criminaliza: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 25 • A interceptação das comunicações sem autorização judicial. • A interceptação com objetivos não autorizados em lei. Agora um importante ponto: A consumação ocorre quando o agente delitivo instala o equipamento ou quando efetivamente toma conhecimento das informações referentes à interceptação telefônica? Consuma-se no momento em que o agente tem acesso às informações, mesmo que parcialmente, independentemente de terceiras pessoas tomarem conhecimento. 8.3.2 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL A partir de agora, trataremos de alguns aspectos jurisprudenciais referentes à lei nº. 9.296/96. Vamos analisar: • É possível incluir na denúncia crimes não investigados, mas descobertos em virtude de intercepção que visava outro delito. Segundo o STJ: • É possível a utilização de prova colhida em procedimento de interceptação telefônica em outro processo. Segundo o STF: Somente caracteriza crime a interceptação telefônica ilegal. Dessa forma, a gravação realizada por um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro, não é crime, por falta de previsão legal. É fato atípico. “Se, no curso da escuta telefônica – deferida para a apuração de delitos punidos exclusivamente com reclusão – são descobertos outros crimes conexos com aqueles, punidos com detenção, não há porque excluí-los da denúncia, diante da possibilidade de existirem outras provas hábeis a embasar eventual condenação” (STJ RHC 13274/RS 19/08/2003). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 26 • O acusado não está obrigado a fornecer padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial. ************************************************************************** Futuro (a) Aprovado (a), Mais um passo dado rumo à Aprovação. Agora faltam apenas dois temas para você finalizar mais uma aula. Motive-se, pois a cada página o sucesso fica mais próximo. Vamos em frente! Bons estudos!!! ************************************************************************** “Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, bem como documentos colhidosna mesma investigação, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessas provas.” (STF Pet 3683 QO / MG 13/08/2008). No mesmo sentido o STJ: “A doutrina e a jurisprudência se posicionam de forma favorável à "prova emprestada", não havendo que suscitar qualquer nulidade, tendo em conta que foi respeitado o contraditório e a ampla defesa no âmbito do processo administrativo disciplinar, cujo traslado da prova penal foi antecedido e devidamente autorizado pelo Juízo Criminal.” (STJ MS 13501 / DF 10/12/2008). “o privilégio contra a auto-incriminação, garantia constitucional, permite ao paciente o exercício do direito de silêncio, não estando, por essa razão, obrigado a fornecer os padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial que entende lhe ser desfavorável”. (STF HC 83096/RJ) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 27 8.4 NULIDADES – PRECEITOS GERAIS A partir de agora passaremos ao estudo das nulidades. Trata-se de um assunto bem controvertido, pois a jurisprudência é oscilante e a doutrina, não raras vezes, bem divergente. Assim, tratarei do tema da forma mais objetiva possível e com foco TOTAL no entendimento adotado pelas bancas. Vamos começar... 8.4.1 CONCEITO No que diz respeito à correta conceituação da nulidade processual, a doutrina nacional diverge a respeito. Se formos analisar as definições apresentadas por Fernando Capez, José Frederico Marques e Mirabete, perceberemos que os conceitos apresentam algumas diferenças. Todavia, como disse anteriormente, não devemos nos preocupar com entendimentos doutrinários, mas sim com o entendimento da banca. Assim, para a sua PROVA, podemos dizer que nulidades são, sob um aspecto, vício e, sob outro, sanção, podendo ser definidas como a inobservância das exigências legais ou a imperfeição que invalida ou pode gerar a invalidação de um ato processual ou mesmo de todo o processo. 8.4.2 ESPÉCIES A doutrina clássica conceitua apenas duas espécies de nulidade: a relativa e a absoluta. Apesar disso, hodiernamente, têm-se reconhecido cinco ordens distintas. Assim, a nulidade, segundo a intensidade e a desconformidade do ato, pode ser classificada como: a) Inexistência: é o mais grave de todos os vícios que podem atingir um ato. Nessa espécie, está ausente algum elemento essencial para que o ato tenha validade no ordenamento jurídico, logo, é como se o ato não existisse. Uma vez que não existe, não há necessidade de reconhecer-se juridicamente a invalidade, pois basta desconsiderar aquilo que aparenta ser ato. Exemplos: na instância especial é inexistente o recurso interposto por advogado sem procuração nos autos (STJ, Ag 564.298/RS, DJ 07.05.2007). Também são tidos por CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 28 inexistentes os atos processuais privativos de advogado, praticados por quem não o seja (STF, RHC 83.800/RJ, DJ 14.10.2005). b) Nulidade absoluta: ocorre quando o vício diz respeito à norma ou ao princípio processual de índole constitucional ou norma garantidora de interesse público. Para esta espécie de vício, exige-se o pronunciamento judicial para o reconhecimento da nulidade. No caso de nulidade absoluta, o prejuízo para o processo é presumido. Desta forma, não há possibilidade de convalidação e não se exige a arguição em momento certo e determinado para que tenha lugar o reconhecimento de sua existência, ou seja, sendo insanável, não está sujeita à preclusão. A nulidade absoluta pode ser arguida pelos interessados ou declarada ex officio pelo juiz. Exemplo: realização do interrogatório do réu sem a presença de advogado (STJ, Pet. 6.202/SP, DJ 09.06.2008). c) Nulidade relativa: ocorre por vício relacionado com norma infraconstitucional que tutela o interesse privado da parte. Assim como na nulidade absoluta, também dependerá de pronunciamento do juiz para que haja o reconhecimento da nulidade. Para que seja reconhecida, o interessado deverá comprovar a ocorrência de prejuízo no momento oportuno, sob pena de convalidação. Exemplo: falta de intimação quanto à expedição de carta precatória (STJ, HC 88.371/SC, DJ 24.03.2008). A jurisprudência tem tornado cada vez mais tênue a diferenciação doutrinária clássica entre nulidade absoluta e nulidade relativa, principalmente quanto à exigência de comprovação de prejuízo e quanto ao momento oportuno para alegar o vício. Em se tratando de vício decorrente de infringência de direito fundamental consagrado na Constituição, a nulidade absoluta deve ser reconhecida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória (STJ, HC 138.001/RJ, DJ 26.10.2009, Informativo 410). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 29 d) Anulabilidade: a jurisprudência vem diferenciando o ato relativamente nulo do anulável ao fundamento de que, enquanto o primeiro depende de uma condição suspensiva para gerar efeitos, o segundo estaria sujeito a uma condição resolutiva. Em resumo, na nulidade relativa não há produção de efeitos até que o ato se convalide; já na anulabilidade, o ato gera efeitos até que ocorra a anulação. Em termos práticos a discussão entre a diferenciação da nulidade relativa para a anulabilidade não possui relevância, pois ambos os casos exigem provocação do interessado para serem declaradas e produzem semelhantes consequências no processo penal. Assim, para a sua PROVA, basta o conhecimento da diferenciação entre os dois institutos. e) Irregularidade: é a forma mais branda de todos os vícios que podem atingir um ato. Trata-se de mera inobservância de norma legal, que não ocasiona qualquer prejuízo para as partes. A irregularidade não invalida o ato e não influencia no processo. Exemplo: deferimento de compromisso à testemunha impedida de prestá-lo (STJ, RHC 19.928/PE, DJ 16.06.2008). 8.4.3 PRINCÍPIOS INFORMADORES DO SISTEMA DAS NULIDADES a) Princípio da instrumentalidade das formas: funda-se na idéia de que não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão de sua causa (art. 566). Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. b) Princípio do prejuízo (pas de nullité sans grief): segundo ele, nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa (art. 563). Tratando-se de nulidade absoluta, tal prejuízo é presumido, não necessitando ser demonstrado por quem o alega. Sendo caso de nulidade relativa, o prejuízo deverá ser provado pela parte que o invocar. Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 30 c) Princípio da causalidade: a invalidade de um ato implica nulidade daqueles que dele dependam ou sejam consequência (art. 573, § 1º). A extensão das nulidades será declarada pelo magistrado ao reconhecer o vício (art. 573, § 2º). Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados. § 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência.§ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. d) Princípio da conservação dos atos processuais: decorre do princípio anterior. Determina que os atos que não dependam do ato viciado devem ser preservados. e) Princípio do interesse: nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse (art. 565). OBSERVAÇÃO O STF indeferiu habeas corpus em que se alegava a nulidade absoluta de processo criminal no qual a defesa da paciente fora realizada por advogado licenciado da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. No caso, em sede de revisão criminal, a paciente informara que os patronos dos réus estariam impossibilitados de exercer a advocacia e, por conseguinte, seriam nulos os atos por eles praticados. O tribunal de origem, contudo, concluíra que a regra da pas de nullité sans grief, aplicável tanto às nulidade relativas quanto às absolutas, impediria a declaração de invalidade dos atos processuais que não ocasionaram prejuízos às partes. O STJ mantivera esse entendimento e destacara que a falta de capacidade postulatória só implicaria nulidade, se comprovada a deficiência técnica na defesa, o que não ocorrera nos autos. (STF, HC 99.457/RS, DJ 23.10.2009, Informativo 563). OBSERVAÇÃO Destes dois últimos princípios surgem os conceitos de nulidade parcial, ou seja, aquela que só atinge parte do ato ou do processo, e de nulidade derivada, isto é, a que foi reconhecida em virtude da extensão dos efeitos da declaração de vício de ato do qual dependia. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 31 Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse. f) Princípio da convalidação: as nulidades relativas permitem a convalidação, ou seja, poderá o ato atípico ser aproveitado ou superado. O modo sanável mais comum é a preclusão, ou seja, a ausência da arguição no tempo oportuno. Sem embargo, há outras formas de convalidação, tais como: I) Ratificação: é o modo de se revalidar a nulidade em razão da ilegitimidade da parte. Logo, se iniciada a lide por parte ilegítima, porém a parte legitimada comparecer antes da sentença e ratificar os atos anteriormente praticados, a nulidade se convalida (art. 568). Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais. II) Suprimento: é a maneira de se convalidar as omissões constantes na denúncia ou na queixa, sendo mais que a ratificação, pois implica acréscimo naquilo que já existia, como a juntada de prova de miserabilidade do ofendido (art. 569). Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final. III) Substituição: é o modo de se convalidar nulidades da citação, intimação ou notificação, como no caso do réu processado que é citado em apenas um de seus endereços conhecidos, mas não é encontrado. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou da notificação estará sanada desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte (art. 570). Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 32 8.4.4 NULIDADES EM ESPÉCIE (art. 564). O Código de Processo Penal, em seu art. 564, apresenta nulidades referentes ao juízo, às partes e às formalidades dos atos processuais. Obviamente, tal rol não é taxativo e sim exemplificativo. Apesar disso, as bancas, regra geral, busca suas questões de casos previstos no citado dispositivo legal. Assim, vou apresentar o texto legal para, posteriormente analisarmos os principais pontos. Dispõe o Código de Processo Penal: Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz; II - por ilegitimidade de parte; III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167; c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos; d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia; h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri; j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade; k) os quesitos e as respectivas respostas; l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; m) a sentença; CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 33 n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso; p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o julgamento; IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. Vamos, agora, analisar: 1. Nulidade por incompetência: para que um juiz possa julgar determinada causa, deve ser ele competente, de acordo com as regras que fixam a parcela de jurisdição atribuída a cada órgão. Todavia, o STF, hodiernamente, vem admitindo a ratificação dos atos decisórios praticados por órgão jurisdicional absolutamente incompetente (STF, HC 94.372/SP, DJ 06.02.2009, Informativo 532). 2. Nulidade por suspeição ou suborno do juiz: tanto a suspeição (art. 254) quanto o suborno (corrupção, concussão e prevaricação) ocasionam nulidade absoluta. Cabe relembrar que não se confunde suspeição com impedimento (art. 252), pois, neste último caso, trata-se de hipótese de inexistência. 3. Nulidade por ilegitimidade da parte: para a correta definição do tipo de nulidade, há que se diferenciar a ilegitimidade ad causam da ad processum: 9 Ilegitimidade ad causam: trata-se da incapacidade de figurar alguém no polo ativo ou passivo da relação processual. Constitui nulidade absoluta. Exemplos: oferecimento de denúncia pelo Ministério Público no caso de ação penal privada (ilegitimidade ativa) e propositura de ação penal contra menor de 18 anos (ilegitimidade passiva). 9 Ilegitimidade ad processum: refere-seà impossibilidade de atuar em juízo em nome próprio ou de outrem. Constitui hipótese de nulidade relativa. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada mediante ratificação dos atos processuais (art. 568). Exemplo: oferecimento de queixa-crime em ação penal privada por terceiro que não o ofendido ou seu representante legal. 4. Nulidade por falta de denúncia, queixa, representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça: a falta de denúncia, queixa, representação do CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 34 ofendido ou requisição do Ministro da Justiça conduz à nulidade absoluta do processo. Cabe ressaltar, entretanto, que constituem meras irregularidades da peça inicial, sanáveis até a sentença: 9 ERRO NO ENDEREÇAMENTO; 9 ERRO NA CAPITULAÇÃO JURÍDICA; 9 AUSÊNCIA DO PEDIDO DE CITAÇÃO; 9 AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO RITO A SER OBSERVADO; 9 FALTA DE ASSINATURA DO PROMOTOR DE JUSTIÇA; 9 ERRO NA QUALIFICAÇÃO DO DENUNCIADO, DESDE QUE POSSÍVEL SUA IDENTIFICAÇÃO FÍSICA. 5. Nulidade pela falta do exame de corpo de delito: a falta do exame de corpo de delito é causa de nulidade absoluta em relação aos crimes que deixam vestígios. Cabe ressaltar que o exame de corpo de delito indireto, fundado em prova testemunhal idônea e/ou em outros meios de prova consistentes (art. 167), revela-se legítimo, desde que, por não mais subsistirem vestígios sensíveis do fato delituoso, não se viabilize a realização do exame direto (STF, HC 85.955/RJ, DJ 22.08.2008). 6. Nulidade pela ausência de defensor: em atenção ao princípio da ampla defesa, a lei atribui nulidade absoluta ao processo nos casos de ausência de defensor. Vale ressaltar que, embora a falta de defesa seja caso de nulidade absoluta, a sua deficiência só anulará o ato se houver prova de prejuízo para o réu (STF, Súmula 523). 7. Nulidade pela falta de intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública: com base no princípio da indisponibilidade, a omissão do Ministério Público na prática de ato processual da ação por ele intentada constitui causa de nulidade relativa. Também relativa é a nulidade ocasionada pela não intervenção na ação privada subsidiária da pública. Cabe ressaltar OBSERVAÇÃO O vício da denúncia deve ser articulado na primeira oportunidade que a parte tiver para falar nos autos, sob pena de preclusão (STF, HC 86.860/SP, DJ 01.06.2007, Informativo 469). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 35 que a falta da notificação para que o Parquet intervenha na ação pública é causa de nulidade absoluta. 8. Nulidade pela falta de citação do réu para se ver processar, pela falta do interrogatório e pela não abertura dos prazos legais: a falta de citação ocasiona nulidade absoluta. Também é absoluta a nulidade no caso da falta do interrogatório. No que diz respeito à falta dos prazos concedidos à acusação e à defesa, a nulidade pode ser absoluta ou relativa, dependendo do caso. Exemplos: 9 A ausência de notificação das partes para apresentarem quesitos e indicarem assistente técnico à perícia constitui causa de nulidade relativa. 9 A não concessão à defesa do prazo de dez dias para o oferecimento da resposta à denúncia de crime doloso contra a vida constitui causa de nulidade absoluta. 9 A ausência de notificação do Ministério Público para em cinco dias apresentar a réplica da supracitada resposta constitui causa de nulidade relativa. Por fim, cabe ressaltar as seguintes súmulas do STF: 9. Nulidade pela falta de sentença de pronúncia ou invalidade desta nos processos perante o Tribunal do Júri: a inexistência de sentença de pronúncia é causa de nulidade absoluta. 10. Nulidade pela inobservância do comando legal de incomunicabilidade entre os jurados: a quebra da incomunicabilidade dos jurados ocasiona nulidade relativa (STF, HC 36.678/PB, DJ 29.08.2005). É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição (STF, Súmula 351). Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa ou não resuma os fatos em que se baseia (STF, Súmula 366). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 36 11. Nulidade pela ausência de pelo menos 15 (quinze) jurados para a constituição do Conselho de Sentença: a regra que estabelece o número mínimo de jurados para a instalação da sessão, caso violada, enseja nulidade absoluta. Também é caso de nulidade absoluta a ausência do mínimo legal de sete jurados na composição do Conselho de Sentença. 12. Nulidade na formulação dos quesitos aos jurados: a impugnação acerca da formulação dos quesitos deve ocorrer no julgamento em Plenário, sob pena de preclusão (STJ, REsp 888.835/AC, DJ 06.08.2007). Todavia, se os quesitos são formulados de forma complexa, causando perplexidade aos jurados e prejuízo à defesa, a nulidade é absoluta e pode o julgamento ser anulado, ainda que não tenha constado nenhum protesto na ata da Sessão do Júri (STJ, HC 54.279/PI, DJ 04.06.2007). 13. Nulidade pela falta da sentença: haverá nulidade absoluta se faltar a sentença ou qualquer de seus requisitos essenciais (art. 381). 14. Nulidade pela ausência do recurso de ofício: apesar desta hipótese de nulidade estar prevista no art. 564, III, “n”, em verdade, a inexistência de remessa à superior instância não acarreta qualquer nulidade, apenas impede que a decisão transite em julgado (STF, Súmula 423). 15. Nulidade pela ausência de intimação das partes quanto às decisões recorríveis: a falta de intimação ocasiona evidente prejuízo às partes. A nulidade, neste caso, é absoluta. 16. Nulidade pela inexistência de quorum legal para julgamento: é absoluta a nulidade do julgamento realizado por órgão colegiado cuja composição não atenda ao número mínimo definido em lei. Não se computam no número legal os julgadores suspeitos ou impedidos. Ressalte-se que, segundo o STF, a nomeação de juízes de primeiro grau para atuarem em instâncias recursais complementares do Tribunal não viola o princípio do juiz natural (HC 96.821/SP, 22.4.2010, Informativo 581). É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes (STF, Súmula 162). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 37 17. Nulidade em virtude da inobservância de formalidade que constitua elemento essencial do ato: essencial é tudo aquilo sem o qual o ato não existe. Desta forma, a ausência de elemento essencial é causa de nulidade absoluta. 8.4.5 MOMENTO PARA A ARGUIÇÃO DAS NULIDADES. O Código de Processo Penal, em seu art. 571, define o momento de arguição de nulidades. É um tema pouco abordado pelas bancas, sendo assim, apenas tenha uma noção geral do assunto. Apesar de não está claro no texto do citado dispositivo legal, é correto afirmar que a aplicabilidade está restrita às chamadas nulidades relativas, pois, quanto às absolutas, podem ser suscitadas a qualquer momento. Muitas regras presentes no art. 571, após a edição das leis 11.689/08 e 11.719/08, tornaram-se sem aplicabilidade, já que alguns momentos tratados não existem mais. Assim, apresentarei abaixo o momento oportuno para a arguição das nulidades com base no regramento atual e, também, com foco nos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais.8.4.5.1 MOMENTO PARA A ARGUIÇÃO DAS NULIDADES NO RITO DO JÚRI 9 Nulidades que ocorram até a fase da resposta do réu à acusação: deverão ser arguidas nesta resposta. 9 Nulidades que ocorram da resposta até o encerramento da instrução: deverão ser arguidas por ocasião dos debates (art. 411). 9 Nulidades que ocorram durante a audiência e antes da decisão do magistrado (pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária): deverão ser arguidas logo após ocorrerem. 9 Nulidades que ocorram após a pronúncia e antes do júri: deverão ser arguidas logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas às partes. 9 Nulidades que ocorram no curso do julgamento pelo júri: deverão ser levantadas logo após ocorrerem. 9 Nulidades que ocorram após a decisão de primeira instância e antes do julgamento de eventual recurso: deverão ser invocadas nas razões recursais ou logo após o anúncio do julgamento da impugnação e apregoadas as partes. 8.4.5.2 MOMENTO PARA A ARGUIÇÃO DAS NULIDADES NO RITO ORDINÁRIO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 38 9 Nulidades que ocorram até a fase da resposta à acusação: deverão ser arguidas nesta resposta. 9 Nulidades que ocorram entre a apresentação da resposta e o encerramento da instrução: deverão ser arguidas por ocasião dos debates (art. 403) ou nos memoriais substitutivos (art. 403, § 3º). 9 Nulidades que ocorram durante a audiência e antes da sentença: deverão ser levantadas logo que ocorrerem. 9 Nulidades que ocorram após a decisão de primeira instância e antes do julgamento de eventual recurso: deverão ser invocadas nas razões recursais ou logo depois de anunciado o julgamento da impugnação e apregoadas às partes. 8.4.5.3 MOMENTO PARA A ARGUIÇÃO DAS NULIDADES NO RITO SUMÁRIO 9 Nulidades que ocorram até a fase da resposta à acusação: deverão ser arguidas nesta resposta. 9 Nulidades que ocorram entre a apresentação da resposta e o encerramento da instrução: deverão ser arguidas por ocasião dos debates (art. 531). 9 Nulidades que ocorram durante a audiência e antes da sentença: deverão ser levantadas logo que ocorrerem. 9 Nulidades que ocorram após a decisão de primeira instância e antes do julgamento de eventual recurso: deverão ser invocadas nas razões recursais ou logo depois de anunciado o julgamento da impugnação e apregoadas às partes. ************************************************************************** Passemos agora ao último assunto de nossa aula!!! ************************************************************************** CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 39 8.5 REVISÃO CRIMINAL (ARTS. 621 A 631). A revisão criminal é o instrumento processual, exclusivo da defesa, que tem por objetivo a desconstituição da decisão judicial condenatória transitada em julgado. É considerada a ação rescisória do processo penal. Apesar de prevista no título destinado ao regramento de recursos no CPP, prevalece o entendimento segundo o qual tem ela a natureza de ação penal de conhecimento de caráter desconstitutivo e não de recurso. Quanto aos pressupostos para a impetração da revisão criminal podemos citar: • EXISTÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL CONDENATÓRIA Î NÃO SE ADMITE A UTILIZAÇÃO DA REVISÃO CRIMINAL PARA A DESCONSTITUIÇÃO DE SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. A ÚNICA EXCEÇÃO A ESTA REGRA É O CASO DA CHAMADA ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA, SITUAÇÃO EM QUE MEDIDA DE SEGURANÇA É APLICADA AO ACUSADO. • TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA Î A REVISÃO SÓ SERÁ CABÍVEL CONTRA DECISÃO A QUAL ESTÃO PRECLUSAS TODAS AS VIAS RECURSAIS. 8.5.1 CABIMENTO O CPP dispõe taxativamente a respeito das hipóteses de revisão criminal em seu art. 621. São elas: ¾ QUANDO A SENTENÇA CONDENATÓRIA FOR CONTRÁRIA AO TEXTO EXPRESSO DA LEI PENAL OU À EVIDÊNCIA DOS AUTOS; A supracitada situação pode ser dividida em duas espécies: 9 Contrariedade ao texto expresso da lei; 9 Contrariedade à evidência dos autos. No primeiro caso temos situação em que a decisão importa em absoluto afrontamento à lei. Não se trata de caso de dupla interpretação ou mesmo de afronta ao entendimento jurisprudencial, mas sim de inequívoca violação de dispositivo legal. No segundo caso trata-se de decisão que, por exemplo, condena o réu sem nenhuma prova. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 40 ¾ QUANDO A SENTENÇA CONDENATÓRIA SE FUNDAR EM DEPOIMENTOS, EXAMES OU DOCUMENTOS COMPROVADAMENTE FALSOS; ¾ QUANDO, APÓS A SENTENÇA, SE DESCOBRIREM NOVAS PROVAS DE INOCÊNCIA DO CONDENADO OU DE CIRCUNSTÂNCIA QUE DETERMINE OU AUTORIZE DIMINUIÇÃO ESPECIAL DA PENA. 8.5.2 PROCESSAMENTO A revisão poderá ser requerida a qualquer tempo, antes ou depois da extinção da pena. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas (art. 622). Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. Perceba que para o cabimento da revisão criminal não basta que haja nos autos exames e documentos comprovadamente falsos. Para o cabimento será necessário que a sentença tenha se fundado nestes exames / documentos. A supracitada situação pode ser dividida em duas espécies: 9 Novas provas de inocência; 9 Circunstância que determine ou autorize a diminuição de pena. Cabe ressaltar que o cabimento da revisão está relacionado com provas que formem juízo de certeza. Assim, se dúvidas surgirem em relação aos novos elementos trazidos à apreciação, elas não deverão ser interpretadas pro reo, mas sim, pro societate. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR PEDRO IVO www.pontodosconcursos.com.br 41 Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas. A revisão deverá seguir o seguinte rito procedimental: ¾ A revisão deverá ser endereçada ao presidente do Tribunal e poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. ¾ O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo funcionar como relator um desembargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo (art. 625). ¾ Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao interesse da justiça que se apensem os autos originais, deverá indeferir liminarmente o pedido, dando recurso para as câmaras reunidas ou para o Tribunal, conforme o caso. ¾ Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-á vista dos autos ao procurador-geral, que dará parecer no prazo de 10 (dez) dias. ¾ Em seguida, examinados os autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e revisor, julgar-se-á o pedido na sessão que o presidente designar. ¾ Por fim, a decisão será tomada pelo órgão competente. ¾ Julgando procedente a revisão, o Tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo (art. 626). ¾ O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos. Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça. ¾ Observação: A indenização não será devida: a) Se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder. Exemplo: Pai que, para proteger o filho, confessa delito
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