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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL
TEORIA E EXERCÍCIOS
PROFESSOR PEDRO IVO 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 08 – JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS / INTERCEPTAÇÃO 
TELEFÔNICA / NULIDADES / REVISÃO CRIMINAL
Olá, Pessoal! 
Hoje chegamos a nossa oitava aula e veremos mais alguns temas importantíssimos para a
sua PROVA. 
Para uma melhor compreensão dos assuntos, fiz uma pequena modificação em nosso
cronograma. Assim, nesta aula, trataremos da interceptação telefônica e, na próxima,
veremos o tema “das exceções”. 
Agora, vamos ao que interessa, pois a cada tema vencido você se aproxima mais e mais de
alcançar a recompensa de todo o seu esforço. 
Bons estudos!!! 
********************************************************************************************************** 
8.1 INTRODUÇÃO 
Os Juizados Especiais são órgãos previstos pela Constituição Federal em seu art. 98, que
assim dispõe: 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos,
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis
de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes
de primeiro grau; 
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da
Justiça Federal 
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio
dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. 
Diante da necessidade de implementar a norma constitucional, o Congresso Nacional
aprovou a Lei 9.099/95, que é resultado da fusão de dois projetos de lei: um que cuida dos 
 
 
 
 
 
 
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Juizados Especiais Cíveis e outro que regula os Juizados Especiais Criminais no âmbito
Estadual. No âmbito Federal, a lei 10.259/01 regula os Juizados Especiais Federais. 
Mas para que criar Juizados Especiais? 
A inadequação dos procedimentos, o formalismo acentuado, o alto valor das custas
processuais, a necessidade de advogado, além da indisponibilidade dos direitos e dos
privilégios em favor da União, prejudicavam, em um número significativo de casos, o acesso
à justiça. 
Imagine, por exemplo, um indivíduo que pretendesse exigir R$ 1000,00 de uma determinada
empresa, a título de indenização, antes da implementação dos Juizados Especiais. Este
pleiteante, obrigatoriamente, teria que constituir um advogado e, com isso, muitos acabavam
desistindo de lutar pelos seus direitos. 
Outro problema era o rito procedimental que, pela complexidade, gerava um tempo absurdo
para a resolução da questão. 
Com a regulamentação do artigo 98 da Carta Magna, parte dos obstáculos de acesso à
justiça foram removidos. Dentre as principais características, apresentam-se: 
• GRATUIDADE PROCESSUAL EM PRIMEIRA INSTÂNCIA; 
• TOTAL REMOÇÃO DOS ÓBICES PROCESSUAIS (FORMALISMOS INÚTEIS); 
• SIMPLIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO; 
• INTRODUÇÃO DOS CRITÉRIOS DE ORALIDADE, SIMPLICIDADE, INFORMALIDADE E
CELERIDADE; 
• COMPOSIÇÃO PACÍFICA DAS CONTROVÉRSIAS. 
8.2 JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS 
 8.2.1 COMPETÊNCIA 
O Juizado Especial Criminal, também conhecido por JECrim, é um órgão da estrutura do
Poder Judiciário brasileiro destinado a promover a conciliação, o julgamento e a execução
das infrações penais consideradas de menor potencial ofensivo. 
Ao começar a dispor sobre os Juizados Especiais Criminais, a lei 9.099/95 leciona: 
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e
leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das
infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de
conexão e continência. 
 
 
 
 
 
 
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Observe que o texto legal fala em infrações de menor potencial ofensivo, mas o que
exatamente quer dizer esta expressão? 
Para encontrarmos a resposta, devemos buscar o texto da própria lei que, no artigo 61,
dispõe: 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
O conhecimento da correta definição de crime de menor potencial ofensivo é
importantíssimo para a sua prova e, diante do supra artigo, podemos resumir: 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
• JUIZ TOGADO Î É O MAGISTRADO GRADUADO EM DIREITO E
APROVADO EM CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS PARA O
INGRESSO NA MAGISTRATURA. 
• JUIZ LEIGO Î É AQUELE QUE, APESAR DA FORMAÇÃO EM DIREITO,
NÃO É JUIZ DE DIREITO, OU SEJA, TOGADO. NÃO PRESTOU
CONCURSO PARA A MAGISTRATURA, ATUANDO SOMENTE NOS
JUIZADOS ESPECIAIS E DE CONCILIAÇÃO. 
• CONCILIAÇÃO Î É UM MEIO DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS EM
QUE AS PARTES RESOLVEM O CONFLITO ATRAVÉS DA AÇÃO DE UM
TERCEIRO, O CONCILIADOR. ESTE, ALÉM DE APROXIMAR AS
PARTES, ACONSELHA E AJUDA, FAZENDO SUGESTÕES DE ACORDO.
A CONCILIAÇÃO É JUDICIAL QUANDO SE DÁ EM CONFLITOS JÁ
AJUIZADOS, NOS QUAIS ATUA COMO CONCILIADOR O PRÓPRIO JUIZ
DO PROCESSO OU CONCILIADOR TREINADO E NOMEADO. 
• CONEXÃO E CONTINÊNCIA Î SÃO FENÔMENOS PROCESSUAIS
DETERMINANTES DA REUNIÃO DE DUAS OU MAIS AÇÕES, PARA
JULGAMENTO EM CONJUNTO, A FIM DE EVITAR A EXISTÊNCIA DE 
SENTENÇAS CONFLITANTES. 
 
 
 
 
 
 
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A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal,
e os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer
dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
 
8.2.2 PRINCÍPIOS
Conforme você já sabe, o juizado especial criminal foi criado com características
particulares e a própria lei define princípios diferenciados a serem seguidos por este meio
legal. Veja: 
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando,
sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a
aplicação de pena não privativa de liberdade. 
Vamos analisar o supra artigo: 
 8.2.2.1 ORALIDADE
A oralidade pode ser explicada como a possibilidade de se permitir a documentação
mínima dos atos processuais, sendo registrados apenas aqueles atos tidos como
essenciais. Neste sentido, dispõe a lei: 
CRIMES DE
MENOR
POTENCIAL 
OFENSIVO 
 
 
 
 
 
 
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Art. 65 
[...] 
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por
essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento
poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente. (grifo nosso) 
8.2.2.2 INFORMALIDADE / SIMPLICIDADE
Os atos processuais serão válidos sempre que atingirem as finalidades para as quais
foram realizados. Tenta o legislador, com este princípio, retirar a idéia plasmada no
procedimento comum de que o processo é o fim e não o meio para o cumprimento da
lei. Veja: 
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as
finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no
art. 62 desta Lei. 
Isso que dizer que não há qualquer forma prescrita para o rito procedimental dos
Juizados Especiais? A resposta é negativa, ou seja, existem formalizações exigidas
por lei, MAS nenhuma nulidade serápronunciada sem que seja demonstrado prejuízo
para a acusação ou para a defesa. 
Observe o disposto: 
Art. 65 [...] 
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. 
Como uma espécie da informalidade, temos o conceito de simplicidade, segundo o
qual o processo deve transcorrer da maneira mais simples possível e, visivelmente,
esta foi a intenção do legislador na confecção da lei. 
Como exemplo de simplicidade, temos a desnecessidade da carta precatória para a
prática de atos processuais em outras comarcas, podendo ser utilizado qualquer meio
de comunicação. Veja: 
Art. 65 
[...] 
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada
por qualquer meio hábil de comunicação. 
 
 
 
 
 
 
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Desta forma, se um juiz no Rio de Janeiro quiser solicitar algo de um magistrado em
São Paulo, basta pegar o telefone, ligar e pedir. Bem mais simples, concorda? 
Outra situação em que temos a aplicação da simplicidade diz respeito à citação. Esta,
sempre que possível, será feita no próprio juizado, evitando o mandado e o
deslocamento de um Oficial de Justiça. 
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que
possível, ou por mandado. 
 
Do artigo 66, tiramos um importante ponto para a sua PROVA. Perceba que ao dispor
sobre a citação, o legislador assinala a necessidade de que seja pessoal (no juizado
ou através do mandado). 
Mas e se o agente não for encontrado? 
Neste caso, diferentemente do que muitos pensam, NÃO HAVERÁ CITAÇÃO POR
EDITAL!!! Observe como trata do caso a lei: 
Art.66 [...] 
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do 
procedimento previsto em lei. (grifo nosso). 
Sendo assim, podemos resumir que: 
Carta precatória é um instrumento utilizado pela Justiça quando existem
indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz envia a outro de
outra comarca. Assim, um juiz (dito deprecante) envia carta precatória para o
juiz de outra comarca (dito deprecado) para a realização de um ato processual. 
Citação, para o Direito, consiste no ato processual no qual a parte ré é
comunicada de que está sendo movido um processo contra ela e a partir da qual
a relação triangular deste se fecha, com as três partes envolvidas no litígio
devidamente ligadas: autor, réu e juiz; ou autor interessado e juiz. 
 
 
 
 
 
 
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Para finalizar este item relativo à informalidade / simplicidade, vamos tratar de uma
última situação que diz respeito às intimações. Estas serão feitas por correspondência,
com aviso de recebimento pessoal quando enviadas a endereço residencial. 
Quando enviadas a endereço comercial, a intimação será entregue ao encarregado da
recepção, que obrigatoriamente será identificado. 
Esta é a regra geral para a intimação, MAS, visando à simplicidade, se necessário, as
intimações poderão ser feitas por qualquer outro meio idôneo. Observe a norma: 
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento
pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante
entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado,
ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado
ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. 
(grifei) 
8.2.2.3 CELERIDADE
O princípio da celeridade visa realizar a prestação jurisdicional com rapidez,
celeridade, presteza, sem, contudo, causar prejuízos em relação à segurança jurídica.
Com esse princípio, tem-se o cumprimento eficaz da função do Poder Judiciário e o
alcance do seu objetivo de extinguir os litígios. 
A lei nº. 9.099/95 traz diversos dispositivos visando garantir a celeridade processual,
tais como: 
NNOOS S JJUUIIZZAADDOOS S EESSPPEECCIIAAIISS, , A A CCIITTAAÇÇÃÃO O É É PPEESSSSOOAALL, , NNÃÃO O CCAABBEENNDDO O O O EEDDIITTAALL.. 
Intimação é uma comunicação escrita expedida por um juiz e que leva às partes
o conhecimento de atos e termos do processo e solicita às mesmas que façam
ou deixem de fazer algo em virtude de lei, perante o poder judiciário. Geralmente,
esses serviços são executados por um oficial de justiça. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando
imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer. 
Art. 81 
[...] 
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e
julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas,
impertinentes ou protelatórias. (grifei) 
Apesar de alguns doutrinadores defenderem a tese de que quanto mais demorado um
processo, maior a segurança jurídica para este e, ainda, maior o aprofundamento do
julgador perante o mesmo, tem-se revelado, tal tese, ultrapassada. 
8.2.2.4 ECONOMIA PROCESSUAL
Tal princípio visa apresentar às partes um resultado prático, efetivo, com o mínimo de
tempo, gastos e esforços. Podemos dizer que se entende por economia processual a
realização do maior número de atos processuais com o mínimo de diligências. 
Ë importante ressaltar que o objetivo dos juizados especializados é justamente o de
tornar as demandas rápidas, eficientes na solução dos litígios individuais, devendo
garantir, para isso, a economia nas atividades processuais. 
Diante disso, todos os atos processuais devem ser aproveitados visando alcançar tal
princípio, ou seja, nenhum ato processual é inútil, todos são proveitosos, com um
único fim: o de garantir essa economia processual para que as partes possam chegar
ao fim do processo o mais brevemente possível. 
Audiência de instrução e julgamento é a sessão pública dos juízos de primeiro grau
de jurisdição, da qual participam o juiz, os auxiliares da Justiça, as testemunhas,
os advogados e as partes, com o objetivo de obter a conciliação destas, realizar a
prova oral, debater a causa e proferir a sentença. Como sessão que é, a audiência
de instrução e julgamento é integrada por uma série de atos, sendo ela própria um
ato processual complexo. 
 
 
 
 
 
 
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8.2.2.5 AMPLA LIBERDADE DO JUIZ
A lei nº. 9.099/95 veio ampliar os poderes do juiz para que ele conduza ou oriente
conciliações, suspenda ou não o processo, enfim, deu ao juiz a possibilidade de uma
maior intervenção no processo, e é isso que você tem que saber para a sua PROVA. 
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua
orientação. 
Assim como no Processo Penal comum, nos juizados especiais criminais também
prevalece a verdade REAL sobre a verdade FORMAL. 
 8.2.3 FASE PRELIMINAR
8.2.3.1 INSTAURAÇÃO DO PROCESSO
Dentro do espírito inovador que norteia o procedimento nos Juizados Especiais
Criminais, a lei 9.099/95, buscando ao máximo a eliminação de fases processuais e o
registro de atos inúteis, aboliu, como regra, o inquérito policial como procedimento 
VERDADE REAL 
No processo penal, o Juiz tem a obrigação de colher o maior número de
provas possíveis a fim de determinar efetivamente como ocorreu o fato
concreto. Segundo o STJ: “A busca pela verdade real constitui princípio que
rege o Direito Processual Penal. A produção de provas, porque constitui
garantia constitucional, pode ser determinada, inclusive pelo Juiz, de ofício,
quando julgar necessário”. 
Desta forma, para ficar bemclaro, imaginemos a seguinte situação: Tício
mata Mévio e, durante o processo penal, o pai de Tício assume a culpa do
feito, exigindo, assim, que seu filho seja liberado. Será que o Juiz é obrigado a
aceitar o que está sendo dito? A resposta é negativa, pois, como já dissemos,
caberá ao judiciário, através da colheita de informações, atingir a verdade
REAL e decidir através da livre apreciação das provas. 
 
 
 
 
 
 
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prévio à ação penal, bastando que a autoridade policial envie aos juizados termo
circunstanciado sobre a ocorrência. 
Buscando dar celeridade ainda maior, se possível, o termo circunstanciado deve ser
enviado, juntamente com as partes envolvidas, à autoridade judiciária, juntando-se
documentos e outras informações necessárias ao esclarecimento dos fatos. 
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor
do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais
necessários. 
Nessa hipótese, dúvidas surgem quanto a que tipo de autoridade policial tem
competência para lavrar o termo circunstanciado e enviá-lo ao juizado. Somente as
Polícias Civis de âmbito estadual ou federal poderiam fazê-lo ou outras polícias, como a
rodoviária e a militar, também poderiam se incumbir da tarefa? O entendimento que é
sufragado pela maioria da doutrina é o de que a expressão "autoridade policial", prevista
no caput do artigo 69 da lei 9.099/95, diz respeito não só às polícias civis estaduais e
federal, mas engloba também as outras polícias previstas na constituição federal de 88. 
8.2.3.2 AUDIÊNCIA PRELIMINAR
É nesta fase que o Juiz tentará compor a lide, propondo às partes envolvidas a
possibilidade de reparação dos danos, a aceitação imediata do cumprimento de pena
não privativa de liberdade. Destina-se, portanto, à conciliação das partes. 
Nesta audiência, poderão ocorrer três situações: 
O inquérito policial é um procedimento policial administrativo previsto no Código de
Processo Penal Brasileiro. É instrução provisória, preparatória, destinada a reunir os
elementos necessários (provas) à apuração da prática de uma infração penal e sua
autoria. 
Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) é um registro de um fato tipificado
como infração de menor potencial ofensivo. O referido registro deve conter a
qualificação dos envolvidos e o relato do fato, quando lavrado por autoridade
policial. Nada mais é do que um boletim de ocorrência com algumas informações
adicionais, servindo de peça informativa para o Juizado Especial Criminal. 
 
 
 
 
 
 
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1. A aceitação da proposta de composição dos danos civis pelo autor; 
2. A transação penal; 
3. Oferecimento oral de denúncia para que seja iniciada a ação penal. 
Também deverão estar presentes na audiência: 
1. O representante do Ministério Público; 
2. O autor do fato; 
3. A vítima; 
4. Se possível, o responsável civil. 
Observe: 
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério
Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil,
acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade
da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata
de pena não privativa de liberdade. 
Vamos analisar cada situação: 
***ACEITAÇÃO DA PROPOSTA DE COMPOSIÇÃO DE DANOS CIVIS PELO AUTOR Î 
Na composição dos danos civis, há a reparação dos danos financeiros causados à
vítima em razão do ilícito penal imputado ao autor do fato e, uma vez homologado o
acordo de composição dos danos civis, terá eficácia de título a ser executado no juízo
civil competente, acarretando a renúncia ao direito de queixa ou representação. 
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e,
homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de
título a ser executado no juízo civil competente 
 
 
 
 
 
 
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***TRANSAÇÃO PENAL Î A transação penal está consagrada no art. 76 da Lei
9099/95, o qual dispõe: 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público
poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a
ser especificada na proposta. 
Antes do oferecimento da denúncia, portanto, na fase administrativa ou pré-
processual, o Ministério Público poderá propor um acordo, transacionando o direito de
punir do Estado com o direito à liberdade do "autor do fato". 
Sergio Turra Sobrane define a transação penal como: 
PARA FACILITAR O ENTENDIMENTO - AÇÃO PENAL – NOÇÕES GERAIS 
No nosso país, as ações penais são divididas em dois grandes grupos: 
1. AÇÃO PENAL PÚBLICA Î Subdividida em Pública Incondicionada e Condicionada.
2. AÇÃO PENAL PRIVADA 
Imaginemos que um indivíduo comete um homicídio. Este delito, obviamente, importa
sobremaneira a toda sociedade. Desta forma, a ação recebe a classificação de pública
Incondicionada e não depende de qualquer pedido ou condição para ser iniciada,
bastando o conhecimento do fato pelo Ministério Público. O MP inicia esta ação
através da DENÚNCIA. 
Pensemos agora em outra situação em que uma mulher chega para um homem e diz
que ele é “mais feio que briga de foice no escuro”. Neste caso, temos claramente um
delito de injúria e eis a pergunta: O que este delito importa para a sociedade? Na
verdade, ele fere a esfera íntima do indivíduo e, devido a isto, o Estado concede a
possibilidade de o ofendido decidir se inicia ou não a ação penal, atribuindo a este a
titularidade. Temos ai a ação privada que é iniciada através da QUEIXA do ofendido. 
Em um meio termo entre a Pública Incondicionada e a Privada, temos a Pública
Condicionada. Neste caso, o fato fere imediatamente a esfera íntima do indivíduo e
mediatamente (secundariamente) o interesse geral. Desta forma, a lei atribui a
titularidade da ação ao MP que a inicia pela DENÚNCIA, mas exige que o MP aguarde a
manifestação do ofendido para que possa iniciar a ação. Tal fato ocorre, por exemplo,
no delito de ameaça. 
 
 
 
 
 
 
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“o ato jurídico através do qual o Ministério Publico e o autor do fato, atendidos os
requisitos legais, e na presença do magistrado, acordam em concessões recíprocas
para prevenir ou extinguir o conflito instaurado pela prática do fato típico, mediante o
cumprimento de uma pena consensualmente ajustada”. 
Para finalizar observe que o artigo 76 deixa claro a necessidade da participação do
Ministério Público na definição da transação penal. Sendo assim, para a sua PROVA,
considere que: 
 8.2.3 FASE PROCESSUAL – PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
Não havendo a transação penal, o Ministério Público oferecerá incontinenti denúncia oral,
desde que, é claro, não existam novas diligências ou esclarecimentos a serem
requisitados. 
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese
prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de
imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
imprescindíveis 
Portanto, neste momento inicia-se a ação penal nos JCrim, que poderá também se dar
através de queixa do ofendido, dispensando-se para tanto o inquérito policial, conforme
você já viu.Cabe ao Juiz, nesta oportunidade, verificar a complexidade probatória do caso, tendo em
vista que algumas situações exigem a prática de atos probatórios mais complexos, como
perícias ou laudos técnicos, o que certamente não se coaduna com o espírito de
simplicidade e informalidade existente nos juizados. 
AA TTRRAANNSSAAÇÇÃÃO O PPEENNAAL L PPEELLO O JJUUIIZ Z, , SSEEMM 
PPAARRTTIIC CIIPPAAÇÇÃÃO O NNO O MMIIN NIISSTTÉÉRRIIO O PPÚÚBBLLIICCOO,, 
NNÃÃO O É É AADDMMIIT TIIDDAA!!! !!! 
 
 
 
 
 
 
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Neste caso, cabe ao Magistrado, uma vez verificado que o caso demanda tais
providências, enviar os autos ao Juiz comum, cuja estrutura procedimental estaria mais
preparada para abrigar a apuração de fatos de maior complexidade. 
Oferecida a denúncia ou queixa, ficará o acusado cientificado do dia e hora da audiência
de instrução e julgamento, momento em que haverá mais uma tentativa de conciliação
ou, até mesmo, de proposta de transação penal, desde que não tenha ocorrido a
possibilidade do seu oferecimento na fase preliminar. 
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento,
se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação
e de oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos
termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei. 
Daí por diante, o procedimento é basicamente oral, iniciando-se a audiência com a
apresentação da defesa pelo réu. Importante salientar que só depois de ouvido o
defensor é que o Juiz aceita ou rejeita a denúncia ou queixa. 
Se rejeitar a denúncia ou queixa? 
Segue o preceituado no artigo 82 da lei nº. 9.099/95: 
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá
apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em
exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
Se ele aceitar? 
Ocorrerá a oitiva de testemunhas de acusação e defesa, interrogatório do acusado e
debates orais, quando então o processo estará concluso para decisão. 
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa;
havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação
e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se
imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença. 
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e
julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas,
impertinentes ou protelatórias. 
 
 
 
 
 
 
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§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e
pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
audiência e a sentença. 
A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz. Veja: 
Art. 81 
[...] 
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de
convicção do Juiz. 
Na sentença devem constar somente os elementos de convicção do Juiz, como, por
exemplo, os depoimentos ou trechos mais importantes dos depoimentos prestados na
audiência, a fim de que a decisão esteja devidamente motivada, sob pena de nulidade. 
8.2.4 SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
Para concluir, resta comentar a inovação prevista no artigo 89 da lei 9.099/95, que trouxe
um importante instituto ao ordenamento jurídico, qual seja: A SUSPENSÃO
CONDICIONAL DO PROCESSO. 
Diz o dispositivo que: 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
O supra artigo traz a idéia de desnecessidade da pena, uma vez que o magistrado se
limitará a impor condições ao réu que, se aceitas, ensejarão a suspensão do processo. 
 
 
 
 
 
 
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Para compreender bem, pense assim: Após ser aprovado para a Receita Federal, você
passará por um estágio probatório, correto? Então...para o acusado é exatamente a
mesma coisa. Observe o disposto: 
Art. 89 
[...] 
1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado
a período de prova, sob as seguintes condições: 
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
II - proibição de freqüentar determinados lugares; 
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do 
Juiz; 
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades. 
A medida também busca a reabilitação do escopo de reeducação do processo penal,
possibilitando que o próprio acusado, de acordo com a sua conveniência, opte pelo
cumprimento das condições ou pelo prosseguimento do processo. 
Não se trata de mero ato discricionário, sendo direito do réu a proposta de suspensão do
processo. Além disso, estando presentes os requisitos legais, o acusado tem direito a
deferimento da medida como forma de preservar os princípios informativos da lei 
9.099/95. 
A suspensão condicional do processo é instituto de máxima importância para o
desafogamento dos processos criminais, visando uma célere prestação jurisdicional e
impedindo que a apuração de crimes de pouca repercussão venha a se arrastar por
vários anos no judiciário, evitando a efetividade do processo. 
Vamos agora resumir o exposto: 
 
 
 
 
 
 
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ELABORAÇÃO DO
TERMO
CIRCUNSTANCIADO 
(art. 71) 
AUDIÊNCIA PRELIMINAR
Conciliação e aplicação
da pena restritiva de
direitos. 
(art. 72 a 76)
DENÚNCIA OU
QUEIXA. 
(art. 77) 
AUDIÊNCIA DE 
INSTRUÇÃO E 
JULGAMENTO. 
 (art. 79 a 83) 
Tentativa de Conciliação
e aplicação da pena 
restritiva de direitos.
Caso não tenha ocorrido
audiência preliminar. 
(art. 79) 
Oportunidade da
defesa rebater a 
acusação oralmente.
(art. 81) 
RECEBIMENTO DA
DENÚNCIA OU 
QUEIXA. 
 (art. 81) 
Caso não seja
recebida, cabe 
apelação.
(art. 82) 
OFERECIMENTO DA
SUSPENÇÃO
CONDICIONAL DO 
PROCESSO. 
(art. 89)
Suspensão do
processo e início da
fase probatória. 
 (art. 89 § 1º ao 6º) 
Oitiva da vítimas e
testemunhas.
Interrogatório do réu. 
Debates orais; 
(art. 81)
PPEENNA A MMÍÍNNIIMMAA 
CCOOMMIINNAAD DAA FFOORR 
IIGGUUA ALL O OUU IINNFFEERRIIOORR 
AA UUM M AANNOO 
 
 
 
 
 
 
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******************************************************************************************* 
Caro (a) Aluno (a), 
Parabéns! Você acaba de vencer o primeiro tema de nossa aula. 
Agora se prepare para um novo assunto!!! 
Bons estudos! 
******************************************************************************************* 
8.3 INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
A Lei n.º 9.296, de 24 de julho de 1996, surgiu com o propósito de regulamentar o inc. XII, do
art. 5.º, da Constituição Federal de 1988, garantia individual fundamental, que dispõe:Art.5º [...] 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal; 
Essa inviolabilidade constitucional tem por objetivo assegurar o direito à intimidade e à vida
privada das pessoas, entretanto, como pode se observado no supracitado inciso, esta não é
uma regra absoluta. 
O próprio legislador constituinte estabeleceu como exceção a interceptação das
comunicações telefônicas, com a devida ordem judicial, nas hipóteses enumeradas na
lei para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
A interceptação telefônica é um meio de prova excepcional, de natureza cautelar, somente
determinado com o cumprimento de uma série de requisitos legais, quando não existem
outros recursos probatórios. 
 
 
 
 
 
 
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8.3.1 ANÁLISE LEGAL
A partir de agora iremos adentrar na lei n.º 9.296/96 verificando o que lá está disposto.
Vamos começar: 
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer
natureza, para prova em investigação criminal e em instrução
processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem
do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. 
Logo no início do supracitado artigo, o legislador apresenta a expressão: “Comunicação
telefônica de qualquer natureza”. 
Tal expressão significa todo tipo de comunicação, inclusive aquelas que possam surgir
por meio de novas tecnologias. Abrange a radioelétrica, a óptica, a eletromagnética, a
informática, dentre outras. 
Posteriormente, o dispositivo legal ressalta a necessidade da interceptação ser
determinada por um Juiz. Mas pode ser qualquer Juiz? 
A resposta é negativa, pois o juiz que determina a interceptação deve ser o competente
para julgar a ação criminal principal. 
Ainda no art. 1º, o seu parágrafo único dispõe: 
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo
de comunicações em sistemas de informática e telemática. 
Tal parágrafo, sem grande importância para a sua PROVA, trata da telemática que
estuda a comunicação relacionada com a informática. Podemos dizer que é a união da
telecomunicação com a informática. 
Observação: Parte da doutrina, minoritariamente, entende ser inconstitucional o
parágrafo único do art. 1.º, porque a Constituição Federal de 1988 somente teria
excepcionado a hipótese da interceptação telefônica, e não “do fluxo de comunicações
em sistema de informática e telemática. Tal entendimento é adotado por alguns
doutrinadores, mas NÃO PELAS BANCAS. 
 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas
quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração
penal; 
 
 
 
 
 
 
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Apesar de não se exigir uma prova cabal de que o indivíduo realmente foi autor ou
partícipe de um ato ilícito, os indícios precisam ser ao menos razoáveis, afastando
situações absurdas de determinação da interceptação por suspeitas totalmente sem
embasamento. 
Cabe ressaltar que a interceptação pode ser decretada antes mesmo de instaurado o
inquérito policial. Entretanto, deve existir ao menos uma investigação iniciada, isto é, não
se pode aceitá-la para ser o ponto de início da investigação da autoria, justamente para
não ocorrer abusos. 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
Neste inciso, o legislador deixa claro o caráter subsidiário da intercepção como meio de
prova, ou seja, se existe a possibilidade de provar por outro meio, não há que se falar em
possibilidade da interceptação. Havendo possibilidade de a prova ser colhida por outros
meios disponíveis, como testemunhas, perícias em geral, busca e apreensão, não é
possível determinar a interceptação. 
Como já tratamos, trata-se de procedimento probatório excepcional. 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com
pena de detenção. 
Não só o Código Penal, como toda a legislação especial, definem penalizações para
determinadas condutas. A pena mais rígida é a de reclusão, seguida da detenção. 
Nos termos do inciso III, a interceptação só é cabível para crimes apenado com
RECLUSÃO. 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a
situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e
qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada. 
A situação objeto da investigação deve ser descrita da melhor forma possível, de modo a
delimitar o delito a ser apurado, de preferência com a qualificação dos investigados. 
Novamente aqui, a fim de evitar abuso das autoridades, não se admitem autorizações de
interceptação genéricas ou abertas, as quais dariam um “poder” de decisão muito grande
para as autoridades policiais 
A linha telefônica objeto da interceptação deverá ser identificada, podendo ser particular
ou aberta ao público, ou ainda de repartição pública. 
 
 
 
 
 
 
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Para finalizar, observe o pronunciamento do STJ sobre o tema: 
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser
determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: 
I - da autoridade policial, na investigação criminal; 
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na
instrução processual penal. 
A interceptação telefônica pode ser solicitada pelo delegado de polícia ou pelo membro
do Ministério Público durante a investigação criminal, primeira fase da persecução penal. 
Durante o processo criminal, segunda fase da persecução penal, somente pode ser
solicitada pelo membro do Ministério Público. 
Antes ou depois de instaurado o processo, o juiz sempre poderá determiná-la de ofício. 
Resumindo O ART. 3º: 
O Juiz, ao determinar a escuta telefônica, o faz com relação às pessoas envolvidas, 
referindo os números de telefones, não cabendo à autoridade policial fazer qualquer 
tipo de “filtragem”. E a avaliação dos diálogos que serão usados como prova cabe ao 
Julgador, quando da sentença. (STJ RHC 13274/RS 19/08/2003) 
INVESTIGAÇÃO PROCESSO PENAL 
 
 
 
 
 
 
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Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a
demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de
infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. 
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado
verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que
autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à
sua redução a termo. 
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o
pedido. 
Com o propósito de evitar excessos na condução do procedimento probatório por parte
da autoridade policial, o legislador exigiu como requisito para a concessão da
interceptação de comunicação telefônica que o pedido seja devidamente fundamentado,
no sentido de demonstrar a necessidade da realização. 
Em regra, o pedido é escrito. A exceção é o pedido realizado verbalmente, em situações
excepcionais, devendo ser, nesse caso, reduzido a termo. 
O prazo para apreciar o pedido de interceptação é de 24 horas apenas, devido à 
excepcionalidade desse recurso probatório. 
Art. 5° A decisão será fundamentada, sobpena de nulidade, indicando
também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o
prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova 
Depois de apreciar o pedido no prazo máximo de 24 horas, em decisão motivada, o juiz
decidirá sobre a interceptação. Caso a autorize, deve indicar a sua forma de realização. 
Cabe ressalvar que a interceptação não poderá exceder o prazo de 15 dias, SALVO se
comprovada a indispensabilidade do meio de prova, situação esta que permitirá a
renovação do tempo por igual período. 
Quanto a este ponto, surge um importante questionamento: 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
Reduzir a termo Î É colocar no papel aquilo que esta sendo falado. Normalmente, 
tal tarefa compete ao escrivão. 
 
 
 
 
 
 
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Este prazo só pode ser renovado uma vez ou cabe renovação sucessiva, ou seja, uma
atrás da outra (15 + 15 + 15 + 15...)? 
Majoritariamente, prevalece o entendimento segundo o qual a renovação pode ser
sucessiva. É o entendimento das bancas e do Superior Tribunal de Justiça. Observe: 
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os
procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público,
que poderá acompanhar a sua realização. 
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação
interceptada, será determinada a sua transcrição. 
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado
da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que
deverá conter o resumo das operações realizadas. 
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art.
8°, ciente o Ministério Público. 
Este artigo praticamente não aparece em PROVAS, bastando a você que saiba que,
após deferida a interceptação, obrigatoriamente o Ministério Público terá que tomar
conhecimento da decisão para, caso julgue necessário, acompanhar o processo. 
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a
autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados
às concessionárias de serviço público. 
O art. 7º concede à autoridade policial a possibilidade de, diretamente, requisitar
informações e serviços técnicos para as concessionárias de serviço público. Cabe
ressaltar que não se trata de um PEDIDO, mas de um MANDAMENTO que
obrigatoriamente deve ser atendido pela empresa. 
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, 
“Este Superior Tribunal tem entendimento de que a interceptação telefônica não pode 
exceder 15 dias. Todavia, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição 
legal ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade”. E 
ainda: “A interceptação telefônica deve perdurar pelo tempo necessário à completa 
investigação dos fatos delituosos, devendo o lapso temporal ser avaliado
motivadamente pelo Juízo sentenciante, considerando os relatórios apresentados pela 
polícia. (STJHC 110644 / RJ 2008/0151933-8 16/04/2009) 
 
 
 
 
 
 
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ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial
ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências,
gravações e transcrições respectivas. 
A Lei 9296/96 determina no supracitado artigo que os autos de interceptação telefônica
devam processar-se em apartado aos autos principais. 
Objetiva-se, com este procedimento, resguardar o sigilo. 
Cabe ressaltar que, claramente, o sigilo é indispensável nesse meio de prova, sob pena
de frustrar todo o procedimento. Todavia, cessada por completo a interceptação, o
investigado, no inquérito policial, ou o acusado, no processo criminal, têm o direito de ter
acesso a todas as informações colhidas. 
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por
decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após
esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte
interessada. 
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo
Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu
representante legal. 
Esse artigo pode ser facilmente compreendido através de um exemplo: Imagine que
Tício é suspeito de crime relacionado com lavagem de dinheiro, para o qual, nas
investigações, foi deferido o pedido de interceptação das comunicações telefônicas
solicitado pelo Ministério Público. Ao iniciar a gravação obtêm-se o seguinte diálogo: 
Tício: “Olá, Mévia. Como você está?” 
Mévia: “Estou bem. Pena que há cinco anos não te vejo. Acho que desde aquele dia em
que ficamos a sós em minha casa, logo após o seu casamento”. 
Caro aluno, concorda que há sérios indícios da ocorrência de um adultério? A resposta é
positiva, mas o que isso tem a ver com o crime de lavagem de dinheiro? Absolutamente
nada. 
Consequentemente, nos termos do art. 9º, tal gravação será inutilizada. 
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações
telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça,
sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. 
Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
Por fim, a lei nº 9.296/96 criminaliza: 
 
 
 
 
 
 
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• A interceptação das comunicações sem autorização judicial. 
• A interceptação com objetivos não autorizados em lei. 
Agora um importante ponto: A consumação ocorre quando o agente delitivo instala o
equipamento ou quando efetivamente toma conhecimento das informações referentes à
interceptação telefônica? 
Consuma-se no momento em que o agente tem acesso às informações, mesmo que
parcialmente, independentemente de terceiras pessoas tomarem conhecimento. 
8.3.2 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL 
A partir de agora, trataremos de alguns aspectos jurisprudenciais referentes à lei nº. 
9.296/96. Vamos analisar: 
• É possível incluir na denúncia crimes não investigados, mas descobertos em
virtude de intercepção que visava outro delito. Segundo o STJ: 
• É possível a utilização de prova colhida em procedimento de interceptação
telefônica em outro processo. Segundo o STF: 
Somente caracteriza crime a interceptação telefônica ilegal. Dessa 
forma, a gravação realizada por um dos interlocutores, sem o 
conhecimento do outro, não é crime, por falta de previsão legal. É fato 
atípico. 
 “Se, no curso da escuta telefônica – deferida para a apuração de delitos punidos
exclusivamente com reclusão – são descobertos outros crimes conexos com 
aqueles, punidos com detenção, não há porque excluí-los da denúncia, diante da 
possibilidade de existirem outras provas hábeis a embasar eventual condenação” 
(STJ RHC 13274/RS 19/08/2003). 
 
 
 
 
 
 
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• O acusado não está obrigado a fornecer padrões vocais necessários a subsidiar
prova pericial. 
************************************************************************** 
Futuro (a) Aprovado (a), 
Mais um passo dado rumo à Aprovação. Agora faltam apenas
dois temas para você finalizar mais uma aula. 
Motive-se, pois a cada página o sucesso fica mais próximo. 
Vamos em frente! 
Bons estudos!!! 
************************************************************************** 
“Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas, judicialmente 
autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução 
processual penal, bem como documentos colhidosna mesma investigação, podem
ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as
mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores
cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessas provas.” (STF Pet 3683 
QO / MG 13/08/2008). 
No mesmo sentido o STJ: “A doutrina e a jurisprudência se posicionam de forma 
favorável à "prova emprestada", não havendo que suscitar qualquer nulidade, tendo
em conta que foi respeitado o contraditório e a ampla defesa no âmbito do processo 
administrativo disciplinar, cujo traslado da prova penal foi antecedido e devidamente 
autorizado pelo Juízo Criminal.” (STJ MS 13501 / DF 10/12/2008). 
 “o privilégio contra a auto-incriminação, garantia constitucional, permite ao paciente 
o exercício do direito de silêncio, não estando, por essa razão, obrigado a fornecer 
os padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial que entende lhe ser 
desfavorável”. (STF HC 83096/RJ) 
 
 
 
 
 
 
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8.4 NULIDADES – PRECEITOS GERAIS 
A partir de agora passaremos ao estudo das nulidades. Trata-se de um assunto bem
controvertido, pois a jurisprudência é oscilante e a doutrina, não raras vezes, bem divergente. 
Assim, tratarei do tema da forma mais objetiva possível e com foco TOTAL no entendimento
adotado pelas bancas. 
Vamos começar... 
 8.4.1 CONCEITO
No que diz respeito à correta conceituação da nulidade processual, a doutrina nacional
diverge a respeito. 
Se formos analisar as definições apresentadas por Fernando Capez, José Frederico
Marques e Mirabete, perceberemos que os conceitos apresentam algumas diferenças. 
Todavia, como disse anteriormente, não devemos nos preocupar com entendimentos
doutrinários, mas sim com o entendimento da banca. 
Assim, para a sua PROVA, podemos dizer que nulidades são, sob um aspecto, vício e,
sob outro, sanção, podendo ser definidas como a inobservância das exigências legais ou a
imperfeição que invalida ou pode gerar a invalidação de um ato processual ou mesmo de
todo o processo. 
8.4.2 ESPÉCIES 
A doutrina clássica conceitua apenas duas espécies de nulidade: a relativa e a absoluta. 
Apesar disso, hodiernamente, têm-se reconhecido cinco ordens distintas. Assim, a
nulidade, segundo a intensidade e a desconformidade do ato, pode ser classificada
como: 
a) Inexistência: é o mais grave de todos os vícios que podem atingir um ato. Nessa
espécie, está ausente algum elemento essencial para que o ato tenha validade no 
ordenamento jurídico, logo, é como se o ato não existisse. 
Uma vez que não existe, não há necessidade de reconhecer-se juridicamente a
invalidade, pois basta desconsiderar aquilo que aparenta ser ato. 
Exemplos: na instância especial é inexistente o recurso interposto por advogado sem
procuração nos autos (STJ, Ag 564.298/RS, DJ 07.05.2007). Também são tidos por 
 
 
 
 
 
 
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inexistentes os atos processuais privativos de advogado, praticados por quem não o
seja (STF, RHC 83.800/RJ, DJ 14.10.2005). 
b) Nulidade absoluta: ocorre quando o vício diz respeito à norma ou ao princípio
processual de índole constitucional ou norma garantidora de interesse público. Para 
esta espécie de vício, exige-se o pronunciamento judicial para o reconhecimento da
nulidade. 
No caso de nulidade absoluta, o prejuízo para o processo é presumido. Desta forma,
não há possibilidade de convalidação e não se exige a arguição em momento certo e
determinado para que tenha lugar o reconhecimento de sua existência, ou seja, sendo
insanável, não está sujeita à preclusão. 
A nulidade absoluta pode ser arguida pelos interessados ou declarada ex officio pelo
juiz. 
Exemplo: realização do interrogatório do réu sem a presença de advogado (STJ, Pet. 
6.202/SP, DJ 09.06.2008). 
c) Nulidade relativa: ocorre por vício relacionado com norma infraconstitucional
que tutela o interesse privado da parte. Assim como na nulidade absoluta, também 
dependerá de pronunciamento do juiz para que haja o reconhecimento da nulidade. 
Para que seja reconhecida, o interessado deverá comprovar a ocorrência de prejuízo
no momento oportuno, sob pena de convalidação. 
Exemplo: falta de intimação quanto à expedição de carta precatória (STJ, HC 
88.371/SC, DJ 24.03.2008). 
A jurisprudência tem tornado cada vez mais tênue a diferenciação doutrinária
clássica entre nulidade absoluta e nulidade relativa, principalmente quanto à
exigência de comprovação de prejuízo e quanto ao momento oportuno para alegar
o vício. Em se tratando de vício decorrente de infringência de direito fundamental
consagrado na Constituição, a nulidade absoluta deve ser reconhecida a qualquer
tempo e em qualquer grau de jurisdição, mesmo após o trânsito em julgado da
sentença condenatória (STJ, HC 138.001/RJ, DJ 26.10.2009, Informativo 410). 
 
 
 
 
 
 
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d) Anulabilidade: a jurisprudência vem diferenciando o ato relativamente nulo do
anulável ao fundamento de que, enquanto o primeiro depende de uma condição 
suspensiva para gerar efeitos, o segundo estaria sujeito a uma condição resolutiva. Em
resumo, na nulidade relativa não há produção de efeitos até que o ato se convalide; já
na anulabilidade, o ato gera efeitos até que ocorra a anulação. 
Em termos práticos a discussão entre a diferenciação da nulidade relativa para a
anulabilidade não possui relevância, pois ambos os casos exigem provocação do
interessado para serem declaradas e produzem semelhantes consequências no
processo penal. 
Assim, para a sua PROVA, basta o conhecimento da diferenciação entre os dois
institutos. 
e) Irregularidade: é a forma mais branda de todos os vícios que podem atingir um
ato. Trata-se de mera inobservância de norma legal, que não ocasiona qualquer 
prejuízo para as partes. A irregularidade não invalida o ato e não influencia no
processo. 
Exemplo: deferimento de compromisso à testemunha impedida de prestá-lo (STJ, RHC 
19.928/PE, DJ 16.06.2008). 
 8.4.3 PRINCÍPIOS INFORMADORES DO SISTEMA DAS NULIDADES
a) Princípio da instrumentalidade das formas: funda-se na idéia de que não será
declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão de sua causa (art. 566). 
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. 
b) Princípio do prejuízo (pas de nullité sans grief): segundo ele, nenhum ato será
declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa
(art. 563). Tratando-se de nulidade absoluta, tal prejuízo é presumido, não necessitando
ser demonstrado por quem o alega. Sendo caso de nulidade relativa, o prejuízo deverá
ser provado pela parte que o invocar. 
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa. 
 
 
 
 
 
 
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c) Princípio da causalidade: a invalidade de um ato implica nulidade daqueles que
dele dependam ou sejam consequência (art. 573, § 1º). A extensão das nulidades será
declarada pelo magistrado ao reconhecer o vício (art. 573, § 2º). 
Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos
anteriores, serão renovados ou retificados. 
§ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele
diretamente dependam ou sejam conseqüência.§ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. 
d) Princípio da conservação dos atos processuais: decorre do princípio anterior.
Determina que os atos que não dependam do ato viciado devem ser preservados. 
e) Princípio do interesse: nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja
dado causa ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância
só à parte contrária interesse (art. 565). 
OBSERVAÇÃO 
O STF indeferiu habeas corpus em que se alegava a nulidade absoluta de processo
criminal no qual a defesa da paciente fora realizada por advogado licenciado da
Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. 
No caso, em sede de revisão criminal, a paciente informara que os patronos dos réus
estariam impossibilitados de exercer a advocacia e, por conseguinte, seriam nulos os
atos por eles praticados. 
O tribunal de origem, contudo, concluíra que a regra da pas de nullité sans grief,
aplicável tanto às nulidade relativas quanto às absolutas, impediria a declaração de
invalidade dos atos processuais que não ocasionaram prejuízos às partes. 
O STJ mantivera esse entendimento e destacara que a falta de capacidade
postulatória só implicaria nulidade, se comprovada a deficiência técnica na defesa, o
que não ocorrera nos autos. (STF, HC 99.457/RS, DJ 23.10.2009, Informativo 563). 
OBSERVAÇÃO 
Destes dois últimos princípios surgem os conceitos de nulidade parcial, ou seja,
aquela que só atinge parte do ato ou do processo, e de nulidade derivada, isto é, a
que foi reconhecida em virtude da extensão dos efeitos da declaração de vício de ato
do qual dependia. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado
causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja
observância só à parte contrária interesse. 
f) Princípio da convalidação: as nulidades relativas permitem a convalidação, ou
seja, poderá o ato atípico ser aproveitado ou superado. O modo sanável mais comum é
a preclusão, ou seja, a ausência da arguição no tempo oportuno. Sem embargo, há
outras formas de convalidação, tais como: 
I) Ratificação: é o modo de se revalidar a nulidade em razão da ilegitimidade da
parte. Logo, se iniciada a lide por parte ilegítima, porém a parte legitimada
comparecer antes da sentença e ratificar os atos anteriormente praticados, a
nulidade se convalida (art. 568). 
Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a
todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais. 
II) Suprimento: é a maneira de se convalidar as omissões constantes na
denúncia ou na queixa, sendo mais que a ratificação, pois implica acréscimo naquilo
que já existia, como a juntada de prova de miserabilidade do ofendido (art. 569). 
Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos
processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em
flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final. 
III) Substituição: é o modo de se convalidar nulidades da citação, intimação ou
notificação, como no caso do réu processado que é citado em apenas um de seus
endereços conhecidos, mas não é encontrado. A falta ou a nulidade da citação, da
intimação ou da notificação estará sanada desde que o interessado compareça,
antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la.
O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer
que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte (art. 570). 
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará
sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se,
embora declare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz ordenará,
todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a
irregularidade poderá prejudicar direito da parte 
 
 
 
 
 
 
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 8.4.4 NULIDADES EM ESPÉCIE (art. 564).
O Código de Processo Penal, em seu art. 564, apresenta nulidades referentes ao juízo, às
partes e às formalidades dos atos processuais. 
Obviamente, tal rol não é taxativo e sim exemplificativo. Apesar disso, as bancas, regra
geral, busca suas questões de casos previstos no citado dispositivo legal. Assim, vou
apresentar o texto legal para, posteriormente analisarmos os principais pontos. 
Dispõe o Código de Processo Penal: 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II - por ilegitimidade de parte; 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de
contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no Art. 167; 
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente,
e de curador ao menor de 21 anos; 
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime
de ação pública; 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando
presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; 
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o
rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; 
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri,
quando a lei não permitir o julgamento à revelia; 
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos
termos estabelecidos pela lei; 
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri; 
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua
incomunicabilidade; 
k) os quesitos e as respectivas respostas; 
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; 
m) a sentença; 
 
 
 
 
 
 
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n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; 
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de
sentenças e despachos de que caiba recurso; 
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal
para o julgamento; 
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. 
Vamos, agora, analisar: 
1. Nulidade por incompetência: para que um juiz possa julgar determinada causa,
deve ser ele competente, de acordo com as regras que fixam a parcela de jurisdição 
atribuída a cada órgão. Todavia, o STF, hodiernamente, vem admitindo a ratificação dos
atos decisórios praticados por órgão jurisdicional absolutamente incompetente (STF, HC 
94.372/SP, DJ 06.02.2009, Informativo 532). 
2. Nulidade por suspeição ou suborno do juiz: tanto a suspeição (art. 254)
quanto o suborno (corrupção, concussão e prevaricação) ocasionam nulidade absoluta. 
Cabe relembrar que não se confunde suspeição com impedimento (art. 252), pois, neste
último caso, trata-se de hipótese de inexistência. 
3. Nulidade por ilegitimidade da parte: para a correta definição do tipo de
nulidade, há que se diferenciar a ilegitimidade ad causam da ad processum: 
9 Ilegitimidade ad causam: trata-se da incapacidade de figurar alguém no polo ativo
ou passivo da relação processual. Constitui nulidade absoluta. 
Exemplos: oferecimento de denúncia pelo Ministério Público no caso de ação penal
privada (ilegitimidade ativa) e propositura de ação penal contra menor de 18 anos
(ilegitimidade passiva). 
9 Ilegitimidade ad processum: refere-seà impossibilidade de atuar em juízo em
nome próprio ou de outrem. Constitui hipótese de nulidade relativa. A nulidade por
ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada mediante
ratificação dos atos processuais (art. 568). 
Exemplo: oferecimento de queixa-crime em ação penal privada por terceiro que não o
ofendido ou seu representante legal. 
4. Nulidade por falta de denúncia, queixa, representação do ofendido ou
requisição do Ministro da Justiça: a falta de denúncia, queixa, representação do 
 
 
 
 
 
 
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ofendido ou requisição do Ministro da Justiça conduz à nulidade absoluta do processo.
Cabe ressaltar, entretanto, que constituem meras irregularidades da peça inicial, sanáveis
até a sentença: 
9 ERRO NO ENDEREÇAMENTO; 
9 ERRO NA CAPITULAÇÃO JURÍDICA; 
9 AUSÊNCIA DO PEDIDO DE CITAÇÃO; 
9 AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO RITO A SER OBSERVADO; 
9 FALTA DE ASSINATURA DO PROMOTOR DE JUSTIÇA; 
9 ERRO NA QUALIFICAÇÃO DO DENUNCIADO, DESDE QUE POSSÍVEL SUA
IDENTIFICAÇÃO FÍSICA. 
5. Nulidade pela falta do exame de corpo de delito: a falta do exame de
corpo de delito é causa de nulidade absoluta em relação aos crimes que deixam
vestígios. Cabe ressaltar que o exame de corpo de delito indireto, fundado em prova
testemunhal idônea e/ou em outros meios de prova consistentes (art. 167), revela-se
legítimo, desde que, por não mais subsistirem vestígios sensíveis do fato delituoso, não se
viabilize a realização do exame direto (STF, HC 85.955/RJ, DJ 22.08.2008). 
6. Nulidade pela ausência de defensor: em atenção ao princípio da ampla
defesa, a lei atribui nulidade absoluta ao processo nos casos de ausência de defensor. 
Vale ressaltar que, embora a falta de defesa seja caso de nulidade absoluta, a sua
deficiência só anulará o ato se houver prova de prejuízo para o réu (STF, Súmula 523). 
7. Nulidade pela falta de intervenção do Ministério Público em todos os
termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida,
quando se tratar de crime de ação pública: com base no princípio da
indisponibilidade, a omissão do Ministério Público na prática de ato processual da ação
por ele intentada constitui causa de nulidade relativa. Também relativa é a nulidade
ocasionada pela não intervenção na ação privada subsidiária da pública. Cabe ressaltar 
OBSERVAÇÃO 
O vício da denúncia deve ser articulado na primeira oportunidade que a parte tiver
para falar nos autos, sob pena de preclusão (STF, HC 86.860/SP, DJ 01.06.2007,
Informativo 469). 
 
 
 
 
 
 
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que a falta da notificação para que o Parquet intervenha na ação pública é causa de
nulidade absoluta. 
8. Nulidade pela falta de citação do réu para se ver processar, pela falta
do interrogatório e pela não abertura dos prazos legais: a falta de citação 
ocasiona nulidade absoluta. Também é absoluta a nulidade no caso da falta do
interrogatório. No que diz respeito à falta dos prazos concedidos à acusação e à defesa, a
nulidade pode ser absoluta ou relativa, dependendo do caso. Exemplos: 
9 A ausência de notificação das partes para apresentarem quesitos e indicarem
assistente técnico à perícia constitui causa de nulidade relativa. 
9 A não concessão à defesa do prazo de dez dias para o oferecimento da resposta à
denúncia de crime doloso contra a vida constitui causa de nulidade absoluta. 
9 A ausência de notificação do Ministério Público para em cinco dias apresentar a
réplica da supracitada resposta constitui causa de nulidade relativa. 
Por fim, cabe ressaltar as seguintes súmulas do STF: 
9. Nulidade pela falta de sentença de pronúncia ou invalidade desta nos
processos perante o Tribunal do Júri: a inexistência de sentença de pronúncia é
causa de nulidade absoluta. 
10. Nulidade pela inobservância do comando legal de incomunicabilidade 
entre os jurados: a quebra da incomunicabilidade dos jurados ocasiona nulidade
relativa (STF, HC 36.678/PB, DJ 29.08.2005). 
 É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o
juiz exerce a sua jurisdição (STF, Súmula 351). 
Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não
transcreva a denúncia ou queixa ou não resuma os fatos em que se baseia (STF,
Súmula 366). 
 
 
 
 
 
 
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11. Nulidade pela ausência de pelo menos 15 (quinze) jurados para a 
constituição do Conselho de Sentença: a regra que estabelece o número mínimo
de jurados para a instalação da sessão, caso violada, enseja nulidade absoluta. Também 
é caso de nulidade absoluta a ausência do mínimo legal de sete jurados na composição
do Conselho de Sentença. 
12. Nulidade na formulação dos quesitos aos jurados: a impugnação acerca 
da formulação dos quesitos deve ocorrer no julgamento em Plenário, sob pena de
preclusão (STJ, REsp 888.835/AC, DJ 06.08.2007). Todavia, se os quesitos são
formulados de forma complexa, causando perplexidade aos jurados e prejuízo à defesa, a
nulidade é absoluta e pode o julgamento ser anulado, ainda que não tenha constado
nenhum protesto na ata da Sessão do Júri (STJ, HC 54.279/PI, DJ 04.06.2007). 
13. Nulidade pela falta da sentença: haverá nulidade absoluta se faltar a
sentença ou qualquer de seus requisitos essenciais (art. 381). 
14. Nulidade pela ausência do recurso de ofício: apesar desta hipótese de
nulidade estar prevista no art. 564, III, “n”, em verdade, a inexistência de remessa à
superior instância não acarreta qualquer nulidade, apenas impede que a decisão transite
em julgado (STF, Súmula 423). 
15. Nulidade pela ausência de intimação das partes quanto às decisões 
recorríveis: a falta de intimação ocasiona evidente prejuízo às partes. A nulidade, neste
caso, é absoluta. 
16. Nulidade pela inexistência de quorum legal para julgamento: é
absoluta a nulidade do julgamento realizado por órgão colegiado cuja composição não
atenda ao número mínimo definido em lei. Não se computam no número legal os
julgadores suspeitos ou impedidos. 
Ressalte-se que, segundo o STF, a nomeação de juízes de primeiro grau para atuarem
em instâncias recursais complementares do Tribunal não viola o princípio do juiz natural
(HC 96.821/SP, 22.4.2010, Informativo 581). 
É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri quando os quesitos da defesa não
precedem aos das circunstâncias agravantes (STF, Súmula 162). 
 
 
 
 
 
 
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17. Nulidade em virtude da inobservância de formalidade que constitua
elemento essencial do ato: essencial é tudo aquilo sem o qual o ato não existe. 
Desta forma, a ausência de elemento essencial é causa de nulidade absoluta. 
8.4.5 MOMENTO PARA A ARGUIÇÃO DAS NULIDADES. 
O Código de Processo Penal, em seu art. 571, define o momento de arguição de
nulidades. É um tema pouco abordado pelas bancas, sendo assim, apenas tenha uma
noção geral do assunto. 
Apesar de não está claro no texto do citado dispositivo legal, é correto afirmar que a
aplicabilidade está restrita às chamadas nulidades relativas, pois, quanto às absolutas,
podem ser suscitadas a qualquer momento. 
Muitas regras presentes no art. 571, após a edição das leis 11.689/08 e 11.719/08,
tornaram-se sem aplicabilidade, já que alguns momentos tratados não existem mais. 
Assim, apresentarei abaixo o momento oportuno para a arguição das nulidades com
base no regramento atual e, também, com foco nos entendimentos doutrinários e
jurisprudenciais.8.4.5.1 MOMENTO PARA A ARGUIÇÃO DAS NULIDADES NO RITO DO JÚRI
9 Nulidades que ocorram até a fase da resposta do réu à acusação: deverão
ser arguidas nesta resposta. 
9 Nulidades que ocorram da resposta até o encerramento da instrução:
deverão ser arguidas por ocasião dos debates (art. 411). 
9 Nulidades que ocorram durante a audiência e antes da decisão do
magistrado (pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição
sumária): deverão ser arguidas logo após ocorrerem. 
9 Nulidades que ocorram após a pronúncia e antes do júri: deverão ser
arguidas logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas às partes. 
9 Nulidades que ocorram no curso do julgamento pelo júri: deverão ser
levantadas logo após ocorrerem. 
9 Nulidades que ocorram após a decisão de primeira instância e antes do
julgamento de eventual recurso: deverão ser invocadas nas razões recursais ou
logo após o anúncio do julgamento da impugnação e apregoadas as partes. 
8.4.5.2 MOMENTO PARA A ARGUIÇÃO DAS NULIDADES NO RITO ORDINÁRIO
 
 
 
 
 
 
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9 Nulidades que ocorram até a fase da resposta à acusação: deverão ser
arguidas nesta resposta. 
9 Nulidades que ocorram entre a apresentação da resposta e o
encerramento da instrução: deverão ser arguidas por ocasião dos debates (art.
403) ou nos memoriais substitutivos (art. 403, § 3º). 
9 Nulidades que ocorram durante a audiência e antes da sentença: deverão
ser levantadas logo que ocorrerem. 
9 Nulidades que ocorram após a decisão de primeira instância e antes do
julgamento de eventual recurso: deverão ser invocadas nas razões recursais ou
logo depois de anunciado o julgamento da impugnação e apregoadas às partes. 
8.4.5.3 MOMENTO PARA A ARGUIÇÃO DAS NULIDADES NO RITO SUMÁRIO
9 Nulidades que ocorram até a fase da resposta à acusação: deverão ser
arguidas nesta resposta. 
9 Nulidades que ocorram entre a apresentação da resposta e o
encerramento da instrução: deverão ser arguidas por ocasião dos debates (art.
531). 
9 Nulidades que ocorram durante a audiência e antes da sentença: deverão
ser levantadas logo que ocorrerem. 
9 Nulidades que ocorram após a decisão de primeira instância e antes do
julgamento de eventual recurso: deverão ser invocadas nas razões recursais ou
logo depois de anunciado o julgamento da impugnação e apregoadas às partes. 
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Passemos agora ao último assunto de nossa aula!!! 
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8.5 REVISÃO CRIMINAL (ARTS. 621 A 631). 
A revisão criminal é o instrumento processual, exclusivo da defesa, que tem por objetivo a
desconstituição da decisão judicial condenatória transitada em julgado. É considerada a ação
rescisória do processo penal. 
Apesar de prevista no título destinado ao regramento de recursos no CPP, prevalece o
entendimento segundo o qual tem ela a natureza de ação penal de conhecimento de caráter
desconstitutivo e não de recurso. 
Quanto aos pressupostos para a impetração da revisão criminal podemos citar: 
• EXISTÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL CONDENATÓRIA Î NÃO SE ADMITE A
UTILIZAÇÃO DA REVISÃO CRIMINAL PARA A DESCONSTITUIÇÃO DE SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA. A ÚNICA EXCEÇÃO A ESTA REGRA É O CASO DA CHAMADA
ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA, SITUAÇÃO EM QUE MEDIDA DE SEGURANÇA É APLICADA
AO ACUSADO. 
• TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA Î A REVISÃO SÓ SERÁ CABÍVEL CONTRA
DECISÃO A QUAL ESTÃO PRECLUSAS TODAS AS VIAS RECURSAIS. 
 8.5.1 CABIMENTO
O CPP dispõe taxativamente a respeito das hipóteses de revisão criminal em seu art.
621. São elas: 
¾ QUANDO A SENTENÇA CONDENATÓRIA FOR CONTRÁRIA AO TEXTO
EXPRESSO DA LEI PENAL OU À EVIDÊNCIA DOS AUTOS; 
A supracitada situação pode ser dividida em duas espécies: 
9 Contrariedade ao texto expresso da lei;
9 Contrariedade à evidência dos autos. 
No primeiro caso temos situação em que a decisão importa em absoluto
afrontamento à lei. Não se trata de caso de dupla interpretação ou mesmo de
afronta ao entendimento jurisprudencial, mas sim de inequívoca violação de
dispositivo legal. 
No segundo caso trata-se de decisão que, por exemplo, condena o réu sem
nenhuma prova. 
 
 
 
 
 
 
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¾ QUANDO A SENTENÇA CONDENATÓRIA SE FUNDAR EM
DEPOIMENTOS, EXAMES OU DOCUMENTOS COMPROVADAMENTE
FALSOS; 
¾ QUANDO, APÓS A SENTENÇA, SE DESCOBRIREM NOVAS PROVAS
DE INOCÊNCIA DO CONDENADO OU DE CIRCUNSTÂNCIA QUE
DETERMINE OU AUTORIZE DIMINUIÇÃO ESPECIAL DA PENA. 
 8.5.2 PROCESSAMENTO
A revisão poderá ser requerida a qualquer tempo, antes ou depois da extinção da pena.
Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas (art. 622). 
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da
extinção da pena ou após. 
Perceba que para o cabimento da revisão criminal não basta que haja nos autos
exames e documentos comprovadamente falsos. 
Para o cabimento será necessário que a sentença tenha se fundado nestes exames /
documentos. 
A supracitada situação pode ser dividida em duas espécies: 
9 Novas provas de inocência; 
9 Circunstância que determine ou autorize a diminuição de
pena. 
Cabe ressaltar que o cabimento da revisão está relacionado com provas que formem
juízo de certeza. Assim, se dúvidas surgirem em relação aos novos elementos
trazidos à apreciação, elas não deverão ser interpretadas pro reo, mas sim, pro
societate. 
 
 
 
 
 
 
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Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se
fundado em novas provas. 
A revisão deverá seguir o seguinte rito procedimental: 
¾ A revisão deverá ser endereçada ao presidente do Tribunal e poderá ser pedida
pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu,
pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
¾ O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo funcionar
como relator um desembargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase
do processo (art. 625). 
¾ Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao interesse
da justiça que se apensem os autos originais, deverá indeferir liminarmente o pedido,
dando recurso para as câmaras reunidas ou para o Tribunal, conforme o caso. 
¾ Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-á vista dos autos ao
procurador-geral, que dará parecer no prazo de 10 (dez) dias. 
¾ Em seguida, examinados os autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e
revisor, julgar-se-á o pedido na sessão que o presidente designar. 
¾ Por fim, a decisão será tomada pelo órgão competente. 
¾ Julgando procedente a revisão, o Tribunal poderá alterar a classificação da infração,
absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo (art. 626). 
¾ O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos. Por essa indenização, que será liquidada no juízo
cível, responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito
Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça. 
¾ Observação: A indenização não será devida: 
a) Se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta
imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de
prova em seu poder. 
Exemplo: Pai que, para proteger o filho, confessa delito

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