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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL 
TEORIA E EXERCÍCIOS 
PROFESSOR PEDRO IVO 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 01 – INQUÉRITO POLICIAL / AÇÃO PENAL
Caros alunos de todo o Brasil, sejam bem vindos a nossa primeira aula! 
Hoje veremos temas importantes e que são objetos de questionamento por praticamente 
todas as bancas de prova: O inquérito policial e a ação penal. 
Começaremos com o inquérito que é um assunto interessante e que constantemente lemos 
nos jornais e escutamos falar nos telejornais... O problema é que muitas vezes tal tema é 
tratado de uma maneira incorreta e esses erros acabam ficando na cabeça. 
Observe o texto publicado pelo jornal “o globo” em 16/04/2009: 
“A origem das balas com cocaína que levaram 17 crianças e adolescentes a passar mal em 
uma escola municipal de Santo Antonio da Posse vai ficar sem resposta. A polícia decidiu 
nesta quinta-feira arquivar o inquérito que apurava o caso.” 
Será que este texto está correto? Será que a autoridade policial pode arquivar o inquérito? 
Bom, estas e outras perguntas serão respondidas no decorrer da aula e, ao final, você 
começará a prestar mais atenção nas notícias... Afinal, só mesmo concurseiros “de 
carteirinha” ficam procurando (e encontrando) erros que quase ninguém acha nos jornais!!! 
Dito isto, vamos ao que interessa? 
Bons estudos!!! 
************************************************************************** 
1.1 CONCEITO 
Constantemente vemos na sociedade fatos que são claramente infrações penais, entretanto 
não é possível, de pronto, a determinação da autoria e a configuração correta do delito. 
Assim, surge no ordenamento jurídico, mais precisamente no Código de Processo Penal 
(CPP), a figura do inquérito policial, um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO que tem por 
finalidade o levantamento de informações a fim de servir de base à ação penal ou às 
providências cautelares. 
 
 
 
 
 
 
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Você deve lembrar-se do recente e triste caso da menina Isabella Nardoni onde ouvimos 
falar muito no inquérito. Qual era a real finalidade deste procedimento? 
A finalidade era a apuração dos autores do delito e a definição de como efetivamente ele 
ocorreu, a fim de propiciar a atuação do Ministério Público. 
Conforme lição do saudoso Prof. Mirabete, o “inquérito policial é todo procedimento policial 
destinado a reunir os elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e 
de sua autoria. Trata-se de uma instrução provisória, preparatória, informativa em que se 
colhem elementos por vezes difíceis de obter na instrução judiciária...“. 
Regra geral, os inquéritos são realizados pela Polícia Judiciária (Polícias Civis e Polícia 
Federal) e são presididos por delegados de carreira, entretanto o art. 4º, parágrafo único, do 
Código de Processo Penal deixa claro que existem outras formas de investigação criminal 
como, por exemplo, as investigações efetuadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito 
(CPI) e o inquérito realizado por autoridades militares para apurar infrações de competência 
da Justiça Militar (IPM). 
 Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das 
infrações penais e da sua autoria. 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de 
autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma 
função. (grifo nosso) 
1.2 CARACTERÍSTICAS 
• PROCEDIMENTO ESCRITO 
Conforme dito anteriormente, a grande finalidade do inquérito é servir de base para 
uma posterior ação penal. 
Desta forma o art. 9º do CPP deixa claro que as peças do inquérito serão reduzidas a 
escrito ou datilografadas, não sendo possível a ocorrência de uma investigação verbal. 
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, 
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
autoridade. 
OBSERVAÇÃO: Algumas vezes você encontrará a expressão “o depoimento foi 
REDUZIDO A TERMO”. Isso só quer dizer que foi escrito ou datilografado. 
 
 
 
 
 
 
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• PROCEDIMENTO SIGILOSO 
O CPP no seu art. 20 nos diz: 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação 
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
O sigilo é um elemento de que dispõe a autoridade policial para facilitar seu trabalho 
na elucidação do fato. 
Tal sigilo encontra-se extremamente atenuado, pois, segundo entendimento do STF, é 
um direito do advogado examinar, em qualquer repartição policial, mesmo sem 
procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento. 
É importante ressaltar que para os atos que dependem de autorização judicial, 
segundo a CF (escuta, interceptação telefônica etc.), o advogado só terá acesso se 
possuir PROCURAÇÂO ESPECÍFICA. Neste sentido já se pronunciaram por diversas 
vezes o STF e o STJ. 
Também é permitido o acesso total aos autos ao Ministério Público e ao Juiz. 
O sigilo deverá ser observado também como uma forma de preservar a intimidade do 
investigado, resguardando-se seu estado de inocência. Devido a esta presunção, 
dispõe o CPP em seu Art. 20, Parágrafo Único: 
Art. 20 
[...] 
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, a 
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a 
instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir 
condenação anterior. 
***O inquérito policial é público, não podendo a autoridade policial 
impor sigilo, ainda que necessário à elucidação do fato. 
Gabarito: ERRADA 
CAIU EM PROVA! 
 
 
 
 
 
 
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• INDISPONIBILIDADE 
Nos termos do art. 17 do CPP, a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos 
de inquérito. 
Este é um ponto que gera inúmeras dúvidas, pois se contrapõe ao que normalmente 
imaginamos como válido. Entretanto, fique tranquilo que tudo ficará claro quando 
tratarmos, especificamente, do arquivamento. 
• OFICIOSIDADE
O início do inquérito independe de provocação e DEVE ser determinado de ofício 
quando houver a notícia de um crime. A oficiosidade decorre do princípio da 
legalidade (ou obrigatoriedade) da ação pública. 
Existem algumas ações para as quais o inquérito não segue este princípio, mas 
voltaremos neste assunto quando tratarmos das espécies de ação. 
É importante frisar que não é por toda notícia que deverá ser instaurado 
imediatamente o inquérito, sendo razoável uma avaliação preliminar para determinar 
se o ato noticiado realmente constitui crime. Entretanto, a requisição de instauração do 
inquérito por parte do Ministério Público ou do Juiz tem natureza de ordem e não deve 
ser questionada ou verificada pela autoridade policial. 
***A autoridade policial poderá promover o arquivamento do IP, desde que 
comprovado cabalmente que o indiciado agiu acobertado por uma causa 
excludente da ilicitude ou da culpabilidade 
Gabarito: ERRADA 
CAIU EM PROVA! 
***A requisição do MP para instauração do IP tem a natureza de ordem, 
razão pela qual não pode ser descumprida pela autoridade policial, ainda 
que, no entender desta, seja descabida a investigação. 
Gabarito: CORRETA 
CAIU EM PROVA! 
 
 
 
 
 
 
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• OFICIALIDADE
Somente órgãos dedireito público podem realizar o inquérito policial. Ainda quando a 
titularidade da ação penal é atribuída ao particular ofendido (ação penal privada), não 
cabe a este a efetuação dos procedimentos investigatórios. 
• INQUISITIVO
ATENÇÃO Î ESTA É A CARACTERÍSTICA MAIS EXIGIDA EM PROVA!!! 
É inquisitivo o procedimento em que as atividades visando à elucidação do fato e à 
determinação da autoria ficam concentradas em uma única autoridade, no caso a 
figura do Delegado de Polícia. Este poderá, discricionariamente, decidir como vai 
proceder para alcançar a finalidade do inquérito. 
Durante o inquérito não há que se falar em contraditório e ampla defesa, pois ainda 
não existe acusado e o indiciado não é sujeito de direitos, mas objeto de investigação. 
O ilustre mestre Alexandre de Moraes dispõe que: 
"O contraditório nos procedimentos penais não se aplica aos inquéritos policiais, pois 
a fase investigatória é preparatória da acusação, inexistindo, ainda, acusado, 
constituindo, pois, mero procedimento administrativo, de caráter investigatório, 
destinado a subsidiar a atuação do titular da ação penal, o Ministério Público". 
***Pelo fato de o IP ser um procedimento administrativo de natureza 
inquisitorial, a autoridade policial tem discricionariedade para determinar todas 
as diligências que julgar necessárias ao esclarecimento dos fatos, pois a 
persecução concentra-se, durante o inquérito, na figura do delegado de polícia. 
GABARITO: CORRETA 
CAIU EM PROVA! 
ATENÇÃO!!! 
O ÚNICO INQUÉRITO QUE ADMITE O CONTRADITÓRIO É O INSTAURADO PELA 
POLICIA FEDERAL, A PEDIDO DO MINISTRO DA JUSTIÇA, OBJETIVANDO A 
EXPULSÃO DE ESTRANGEIRO. (LEI Nº. 6.815/80).
 
 
 
 
 
 
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Do exposto podemos resumir: 
1.3 INCOMUNICABILIDADE 
A incomunicabilidade do investigado está regulamentada no art. 21 do Código de Processo 
Penal nos seguintes termos: 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho 
nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a 
conveniência da investigação o exigir. 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será 
decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade 
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, 
o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do 
Brasil 
A jurisprudência majoritária inclina-se para a inconstitucionalidade do dispositivo. 
O mais forte argumento no sentido da não recepção deste dispositivo tem por base o art. 
136, § 3º, IV, da CF, segundo o qual, na vigência do estado de defesa é vedada a 
incomunicabilidade do preso. 
Parece evidente que se a Constituição proíbe a incomunicabilidade até mesmo na vigência 
de um "estado de exceção" não seria nada razoável admiti-la em condições normais como 
conseqüência de um simples inquérito policial. 
 
 
 
 
 
 
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Ademais, a incomunicabilidade afigura-se incompatível com as garantias insculpidas no art. 
5º da CF/88, mormente com as plasmadas em seus incisos LXII ("a prisão de qualquer 
pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à 
família do preso ou à pessoa por ele indicada") e LXIII ("o preso será informado de seus 
direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da 
família e de advogado"). 
1.4 VALOR PROBATÓRIO 
Digamos que determinado indivíduo, durante um inquérito, confessou ao delegado de polícia 
a participação em um crime e tal confissão foi reduzida a termo. Será que a decisão 
condenatória poderia ser apoiada exclusivamente nesta confissão extrajudicial? 
A resposta é não, pois, segundo o STF, não se justifica sentença condenatória baseada 
unicamente no inquérito policial. 
Realmente, agora que já sabemos que o inquérito policial é um procedimento inquisitivo, não 
seguindo os princípios da ampla defesa e do contraditório, fica fácil entender o valor 
probatório relativo atribuído a tal procedimento administrativo pela Suprema Corte. 
Como peça meramente informativa, destinada tão somente a autorizar o exercício da ação 
penal, não pode por si só servir de lastro à sentença condenatória, sob pena de se infringir o 
princípio do contraditório, garantia constitucional. 
1.5 VÍCIOS 
Os vícios do inquérito não contaminam ou ocasionam nulidades no processo. Tal fato tem 
por base o caráter meramente informativo da fase inquisitorial. 
Assim, se uma confissão foi obtida mediante tortura na fase do inquérito, esta situação não 
será passível de gerar a anulação da ação penal. 
1.6 A NECESSIDADE DO INQUÉRITO 
***Eventuais nulidades ocorridas no curso do inquérito policial contaminam a 
subseqüente ação penal. 
GABARITO: ERRADA 
CAIU EM PROVA! 
 
 
 
 
 
 
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Para se chegar à conclusão da obrigatoriedade ou não do inquérito policial basta pensar na 
real finalidade de tal procedimento. Se, sem nenhuma investigação policial, for possível a 
determinação da autoria e do fato, é razoável que esta fase preliminar seja dispensada. O 
art. 39 § 5o , do CPP deixa claro esta não obrigatoriedade: 
 
Art. 39. 
[...] 
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a 
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação 
penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. (grifo 
nosso) 
No mesmo sentido já definiu o STF: 
1.7 “NOTITIA CRIMINIS” 
É a fase preliminar do inquérito policial. Conforme leciona o professor Fernando Capez, dá-
se o nome de notitia criminis (notícia do crime) ao conhecimento espontâneo ou provocado, 
por parte da autoridade policial, de um fato aparentemente criminoso. É com base nesse 
conhecimento que a autoridade dá início às investigações. 
 1.7.1 CLASSIFICAÇÃO:
1. NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO DIRETA OU IMEDIATA 
Também chamada de espontânea ou inqualificada, caracteriza-se pela inexistência de 
um ato jurídico formal de comunicação da ocorrência do delito 
"O inquérito policial não é imprescindível ao oferecimento de 
denúncia ou queixa, desde que a peça acusatória tenha 
fundamento em dados de informação suficiente à caracterização 
da materialidade e autoria da infração penal (STF, RTF 76/741; 
TRF 3ª Reg., HC 98.03.010696, 1ª Turma, Rel. des. Fed. 
Roberto Haddad, RT 768/719)". (p. 08). 
 
 
 
 
 
 
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Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento direto do ilícito através de suas 
atividades de rotina, de jornais, pela descoberta do corpo do delito, por comunicação da 
polícia preventiva, por investigações da polícia judiciária, etc. 
Nestes casos, a autoridade policial deve proceder a uma investigação preliminar, com a 
máxima cautela e discrição, a fim de verificar a verossimilhança da informação, somente 
devendo instaurar o inquérito na hipótese de haver um mínimo de consistência nos dados 
informados. 
2. NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO INDIRETA OU MEDIATA
Também chamada de notitia criminis provocada ou qualificada. Ocorre quando a 
autoridade policial toma conhecimento do ilícito por meio de algum ato jurídico de 
comunicação formal do delito. 
São exemplos de notitia criminis de cognição indireta: 
• Delatio criminis simples Î É a comunicação por escrito ou verbal, prestada por 
pessoa identificada. (CPP,art. 5º, § 3o ). 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de 
infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por 
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a 
procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
• Requisição da autoridade judiciária ou do Ministério PúblicoÎ (CPP, art. 5º, II) 
• Requisição do Ministro da Justiça Î (CP, art. 7º, §3º, b) 
• Representação do ofendido Î (CPP, art. 5º, §4º) 
3. NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO COERCITIVA
Ocorre no caso de prisão em flagrante. Nesta hipótese, a comunicação do crime é feita 
mediante a própria apresentação de seu autor por servidor público no exercício de suas 
funções ou por particular. 
O assunto pode ser resumido através do quadro abaixo que facilita a memorização: 
 
 
 
 
 
 
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1.8 O INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL 
O início do inquérito dependerá do tipo de ação penal. 
Sobre este tema, para a compreensão deste tópico, faz-se necessário apresentar alguns 
breves apontamentos sobre a ação penal. Posteriormente, aprofundaremos os conceitos. 
 1.8.1 ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL 
C COOGGN NIIÇÇÃÃO O 
DDIIRREETTA A OOU U 
IIMMEED DIIAATTAA 
C COOGGN NIIÇÇÃÃO O 
I INND DIIRREETTA A OOU U 
MMEED DIIAATTAA 
C COOGGN NIIÇÇÃÃO O 
CCOOEERRC CIITTIIVVAA 
1-ATIVIDADES ROTINEIRAS
2-JORNAIS 
3-INVESTIGAÇÕES 
4-CORPO DO DELITO 
5-DELAÇÃO APÓCRIFA 
I INEXXI TÊNE IS ÊN IAST NC A D UMCI DE M A O E U AT TO 
J JURÍDI O FUR ÍDIC FO MACO OR AL !!RM L ! !!! 
1-DELATIO CRIMINIS 
2-REQUISIÇÃO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
3-REQUISIÇÃO DO 
MINISTRO DA JUSTIÇA 
4-REPRESENTAÇÃO DO 
OFENDIDO 
E EXISST NCXI TÊ CI DEÊN IA E U M A A D UM ATTO O 
J JUURÍD RÍ DIICCO O FFO ORRM MAAL L ! !!!!! 
PRISÃO EM FLAGRANTE 
N NOOTTI ITTIIAA 
C CRRIIMMI INNIISS 
 
 
 
 
 
 
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No nosso país as ações penais são divididas em dois grandes grupos: 
1. AÇÃO PENAL PÚBLICA 
2. AÇÃO PENAL PRIVADA 
Essa divisão atende a razões de exclusiva política criminal e é isso que entenderemos 
agora através de exemplos. 
Imaginemos que um indivíduo comete um homicídio. Este delito, obviamente, importa 
sobremaneira a toda sociedade, pois, a partir de tal fato, fica claro que há um indivíduo no 
mínimo desequilibrado solto na sociedade. 
Desta forma, a ação recebe a classificação de pública Incondicionada e não depende de 
qualquer pedido ou condição para ser iniciada bastando o conhecimento do fato pelo 
Ministério Público. 
Pensemos agora em outra situação em que uma mulher chega para um homem e diz que 
ele é “mais feio que briga de foice no escuro”. 
Neste caso, temos claramente um crime contra a honra e eis a pergunta: O que este 
delito importa para a sociedade? 
Na verdade, ele fere a esfera íntima do indivíduo e, devido a isto, o Estado concede a 
possibilidade de o ofendido decidir se inicia ou não a ação penal, atribuindo a este a 
titularidade. Temos ai a ação privada. 
Em um meio termo entre a Pública Incondicionada e a Privada temos a Pública 
Condicionada. 
Neste caso, o fato fere imediatamente a esfera íntima do indivíduo e mediatamente 
(secundariamente) o interesse geral. Desta forma, a lei atribui a titularidade da ação ao 
Estado, mas exige que este aguarde a manifestação do ofendido para que possa iniciar a 
ação. Tal fato ocorre, por exemplo, no delito de ameaça. 
É importante ressaltar que a regra geral é a ação penal pública, sendo a privada, a 
exceção. 
 1.8.1.1 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
É a ação que pode ser iniciada logo que o titular para impetrá-la tiver conhecimento do 
fato, não necessitando de qualquer manifestação do ofendido. 
Exemplos de crimes perseguidos por ação pública incondicionada: roubo, corrupção, 
seqüestro. 
Sobre a titularidade para iniciar a ação dispõe o Código de Processo Penal: 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do 
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do 
 
 
 
 
 
 
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Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver 
qualidade para representá-lo. (grifo nosso) 
Conforme o CPP a titularidade da ação pública incondicionada é do Ministério Público, 
podendo instaurar o processo criminal independente da manifestação de vontade de 
qualquer pessoa e até mesmo contra a vontade da vítima ou de seu representante 
legal. 
 1.8.1.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
É a ação PÚBLICA cujo exercício está subordinado a uma condição. Essa condição 
tanto pode ser a demonstração de vontade do ofendido ou de seu representante legal 
(REPRESENTAÇÂO), como a REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça. 
Neste tipo de ação, a TITULARIDADE, assim como na ação pública incondicionada, é 
do Ministério Público. 
São exemplos previstos no Código Penal: Perigo de contágio venéreo (art. 130), 
ameaça (art. 147), violação de correspondência comercial (art. 152), divulgação de 
segredo (art. 153), furto de coisa comum (art. 156), o estupro e o atentado violento ao 
pudor quando a vítima não tem dinheiro para financiar a ação privada (art. 225, §1º e 
2º) etc. 
 1.8.1.3 AÇÃO PENAL PRIVADA
Neste tipo de ação, o delito afronta tão intimamente o indivíduo que o ESTADO 
transfere a legitimidade ativa da ação para o ofendido. Perceba que nesta 
transferência de legitimidade reside a diferença fundamental entre a ação penal 
PÚBLICA E PRIVADA. 
Neste tipo de ação o Estado visa impedir que o escândalo do processo provoque um 
mal maior que a impunidade de quem cometeu o crime. 
 
 
 
 
 
 
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Exemplo de crime perseguido por ação privada: todos os crimes contra a honra 
(calúnia, injúria, difamação - Capítulo V do Código Penal), exceto em lesão corporal 
provocada por violência injuriosa (art. 145). 
1.8.2 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL 
PÚBLICA INCONDICIONADA (CPP, art. 5º, I e II, §§ 1º, 2º e 3º)
1- Portaria da autoridade policial de ofício, mediante simples notícia do crime. 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício; 
2- Requisição do Ministério Público 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
[...] 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público
3- Requisição do juiz de Direito 
4- Requerimento de qualquer pessoa do povo 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
[...] 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE 
A REQUISIÇÃO DO JUIZ E DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
POSSUEM CONOTAÇÃO DE EXIGÊNCIA, 
DETERMINAÇÃO, RAZÃO PELA QUAL NÃO PODERÁ 
SER DESCUMPRIDA PELA AUTORIDADE POLICIAL. 
 
 
 
 
 
 
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II – [...] ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para 
representá-lo.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de 
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de 
impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
(grifo nosso)Neste caso a autoridade policial não precisa “cumprir” o que é solicitado pelo indivíduo 
caso entenda descabido o requerimento. Entretanto, a fim de dar garantias ao solicitante 
e impedir indeferimentos arbitrários, preceitua o parágrafo 2º do art. 5º do CPP: 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito 
caberá recurso para o chefe de Polícia 
. 
Mas quem é o chefe de polícia? Para a prova de vocês é o SECRETÁRIO DE 
SEGURANÇA PÚBLICA. 
5- Auto de prisão em flagrante(APF) Î Apesar de não mencionado expressamente no 
artigo 5º o APF é forma inequívoca de instauração de inquérito policial, dispensando a 
portaria subscrita pelo delegado de polícia. 
1.8.3 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL 
PÚBLICA CONDICIONADA (CPP, art. 5º, § 4º)
1- Mediante RREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO do ofendido ou de seu representante legal 
Art. 5º 
[...] 
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de 
representação, não poderá sem ela ser iniciado. 
 
 
 
 
 
 
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Por representação, também conhecida como delatio criminis postulatória, compreende-se 
a manifestação pela qual a vítima ou seu representante legal autoriza o Estado a 
desenvolver as providências necessárias à investigação e apuração judicial nos crimes 
que a requerem. 
Nada impede que a representação esteja incorporada na comunicação de ocorrência 
policial e neste sentido já se manifestou, por diversas vezes, o STJ. Observe o julgado: 
2- Mediante requisição do ministro da justiça. 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do 
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do 
Ministro da Justiça[...]. 
Existem alguns delitos que, por questões de política, necessitam da manifestação do 
Ministro da Justiça para que possam ser investigado. Como exemplo podemos citar os 
crimes cometidos por estrangeiro fora do País e os crimes contra a honra cometidos 
contra o Presidente da República. 
 
***Em todas as espécies de ação penal, o IP deve ser instaurado de ofício pela 
autoridade policial, isto é, independentemente de provocação, pois tem a 
característica da oficiosidade. 
GABARITO: ERRADA 
CAIU EM PROVA! 
A representação nos crimes de ação penal pública 
condicionada prescinde de qualquer formalidade, sendo 
necessário apenas a vontade inequívoca da vítima ou de 
seu representante legal, mesmo que realizada na fase 
policial.
Precedentes desta Corte e do STF. (STJ, HC, Nº 46.455 – RJ) 
 
 
 
 
 
 
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1.8.4 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL 
PRIVADA (CPP, art. 5º, § 5º)
1- Mediante requerimento escrito ou verbal, reduzido a termo neste último caso, do 
ofendido ou de seu representante legal. 
Art. 5º 
[...] 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá 
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
1.9 PROVIDÊNCIAS – ART. 6º DO CPP 
Imaginemos um inquérito policial para apurar um homicídio duplamente qualificado e outro 
para averiguar um furto de galinhas no quintal do vizinho. O inquérito será exatamente igual? 
Ou melhor, será que seria possível definir um rito procedimental exato a ser executado pela 
autoridade policial em qualquer situação? 
É claro que a resposta é negativa, e o que encontramos no art. 6º do CPP é uma série de 
procedimentos que, via de regra, deverão ser executados, entretanto para cada caso será 
uma ritualização diferente, conveniente e oportuna. Observe o disposto: 
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade 
policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos 
peritos criminais 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no 
Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado 
por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a 
quaisquer outras perícias; 
 
 
 
 
 
 
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VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se 
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, 
familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo 
antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que 
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
Agora resumindo o que importa para sua PROVA: 
O inciso I do supracitado artigo nos traz que a autoridade policial deverá dirigir-se ao local, 
providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada 
dos peritos criminais. 
Para esta regra existe uma exceção na lei nº. 5.970/73 que nos diz que para acidentes de 
trânsito a autoridade ou o agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá 
autorizar a imediata remoção dos feridos, bem como dos veículos se estiverem prejudicando 
o tráfego. 
Seguindo no artigo 6º, a autoridade deverá apreender os objetos que tiverem relação com o 
fato, após liberados pelos peritos criminais. Esta busca e apreensão poderá ocorrer: 
1- No local do crime 
2- Em domicílio 
3- Na própria pessoa 
A autoridade policial ouvirá o ofendido e o indiciado, que poderão ser conduzidos 
coercitivamente para prestar esclarecimentos caso não atendam às intimações. Poderão ser 
realizadas acareações e o reconhecimento de pessoas e coisas. 
Deverá ser determinada a realização do exame de corpo de delito sempre que a infração 
deixar vestígios. 
 1.9.1 REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS
Reza o art. 7º do CPP: 
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de 
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução 
simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem 
pública. 
 
 
 
 
 
 
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A reprodução simulada é um instrumento importante de que dispõe a autoridade policial 
para elucidar um crime. 
Desde que não contrarie a moralidade ou a ordem pública, todos os passos do delito 
podem ser refeitos com acompanhamento de peritos, possibilitando um maior número de 
informações para o inquérito. 
O indiciado poderá ser forçado a comparecer, mas não a participar da reconstituição, pois, 
segundo a Constituição Federal, ninguém é obrigado a produzir prova contra si. 
 
 1.9.2 IDENTIFICAÇÃO DATILOSCÓPICA
Datiloscopia é o processo de identificação humana por meio das impressões digitais. 
O art. 6o, VIII do CPP trata da identificação datiloscópica, dizendo que a autoridade policial 
deverá determiná-la. 
Aqui há um ponto importantíssimo que precisa ser deixado bem claro: 
Dispõe a súmula 568 do STF que a identificação criminal não constitui constrangimento 
ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido identificado civilmente. 
Entretanto, tal dispositivo foi editado pela Suprema Corteem 1977 e encontra-se superado 
pela Constituição de 1988 que traz expressamente no art. 5º LVIII o seguinte texto: 
 
Art. 5º 
[...] 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, 
salvo nas hipóteses previstas em lei; 
***A reprodução simulada dos fatos ou reconstituição do crime pode ser 
determinada durante o inquérito policial, caso em que o indiciado é obrigado a 
comparecer e participar da reconstituição, em prol do princípio da verdade real. 
GABARITO: ERRADA 
CAIU EM PROVA! 
 
 
 
 
 
 
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Isso quer dizer então que NUNCA o civilmente identificado será submetido à identificação 
criminal? A resposta é negativa, pois o próprio texto constitucional deixa claro que salvo 
nas hipóteses previstas em lei. 
1.10 PRAZO DO INQUÉRITO 
O art. 10 do CPP assim dispõe: 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver 
sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, 
nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no 
prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
A partir deste artigo podemos definir a seguinte regra geral para a conclusão do inquérito: 
• INDICIADO PRESOÎ 10 DIAS. 
• INDICIADO SOLTOÎ 30 DIAS. 
O parágrafo 3º do supracitado artigo admite a prorrogação do prazo quando o fato for de 
difícil elucidação, e o indiciado estiver solto: 
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a 
autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores 
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
Tal prorrogação não encontra um limite definido no CPP, entretanto, segundo entendimento 
doutrinário e jurisprudencial deve ser razoável à elucidação dos fatos. 
***O inquérito policial não pode ter seu prazo de conclusão prorrogado. 
GABARITO: ERRADA 
CAIU EM PROVA!
 
 
 
 
 
 
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Conforme enfatizado, o previsto no art. 10 do CPP é a regra e esta é excepcionada por 
algumas leis especiais que fixam outros prazos. 
 1.10.1 PRAZOS ESPECIAIS
1 1- - C CRRIIMMEES S CCOONNTTR RA A A A EECCOONNOOM MI IAA PPOOPPUULLAAR R – – L Le ei i nnº º. . 11. .552211//5511:: 
• INDICIADO PRESO OU SOLTO Î 10 DIAS. 
2 2- - L LEEI I DDE E TTÓÓXXIICCOOS S – – L Le ei i nnº º. . 1111. .334433//0 066 :: 
• INDICIADO PRESOÎ 30 DIAS. 
• INDICIADO SOLTOÎ 90 DIAS 
3- IINNQQUUÉÉRRIITTO O PPOOLLIICCIIAAL L MMIILLIITTAARR:: 
• INDICIADO PRESOÎ 20 DIAS. 
• INDICIADO SOLTOÎ PRAZO DE 40 DIAS PRORROGÁVEL POR 
MAIS 20 DIAS. 
4- PPOOLLÍÍCCI IAA FFEEDDEERRAAL L – – L Le ei i 55. .001100//6666:: 
• INDICIADO PRESOÎ PRAZO DE15 DIAS PRORROGÁVEL POR MAIS 
15. 
• INDICIADO SOLTOÎ 30 DIAS 
 1.10.2 CONTAGEM DO PRAZO
O prazo para o término do inquérito segue a regra do art. 798 § 1º do CPP, ou seja, 
despreza-se o dia inicial e inclui-se o dia final. Como exemplo, se determinado inquérito 
teve início no dia 15 de fevereiro às 16:00h, completará a contagem do primeiro dia às 
24:00 do dia 16. 
É importante ressaltar que para a contagem do prazo do inquérito não há que se falar em 
sábados, domingos e feriados, pois a Polícia Judiciária possui expediente em tempo 
integral. 
1.11 O FIM DO INQUÉRITO 
 
 
 
 
 
 
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Concluídas as investigações, a autoridade policial deverá fazer um relatório detalhado de 
tudo o que foi apurado no inquérito, indicando, se necessário, as testemunhas que não foram 
ouvidas e as diligências não realizadas. 
Art. 10[...] 
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará 
autos ao juiz competente. 
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem 
sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
A autoridade não deve emitir opiniões ou qualquer juízo de valor sobre os fatos narrados, os 
indiciados, ou qualquer outro aspecto relativo ao inquérito ou à sua conclusão. 
Concluído o relatório, os autos do inquérito serão remetidos ao juiz competente, 
acompanhados dos instrumentos do crime e dos objetos que interessam à prova. 
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à 
prova, acompanharão os autos do inquérito. 
Deverá também a autoridade policial enviar informações relativas ao inquérito ao Instituto de 
Identificação e Estatística, nos termos do art. 23 do CPP. 
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a 
autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou 
repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e 
os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. 
1.12 ARQUIVAMENTO 
Agora será tratado um tema importantíssimo para concurso público e que 
consequentemente deve ser muito bem estudado. O art. 28 do CPP assim dispõe: 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, 
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de 
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, 
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este 
 
 
 
 
 
 
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oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para 
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o 
juiz obrigado a atender. 
 1.12.1 COMPETÊNCIA PARA O ARQUIVAMENTO
O primeiro ponto que deve ser deixado claro é que a autoridade competente para o 
arquivamento de um inquérito é o Juiz. Diferentemente do que muitos pensam, a 
autoridade policial (Delegado) não pode determinar tal ato, conforme expressamente 
previsto no já analisado art. 17 do CPP. 
Outro ponto importante é a participação do Procurador Geral quando ocorre divergência 
de entendimento entre o MP e a autoridade judicial quanto ao cabimento ou não do 
arquivamento. 
 1.12.2 DESARQUIVAMENTO
Dispõe o art. 18 do CPP: 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade 
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá 
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
Perceba que a autorização é SOMENTE para a realização de novas pesquisas, se 
surgirem NOVAS PROVAS. Embora tal artigo trate especificamente da autoridade policial, 
o STF, na súmula 524, amplia a abrangência consolidando a jurisprudência: 
SÚMULA 524: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a 
requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem 
novas provas. 
Assim, podemos concluir que o despacho que arquivar o inquérito é irrecorrível, sendo 
excetuada tal regra somente nos casos de crime contra a economia popular, onde cabe 
recurso oficial e no caso das contravenções penais previstas nos art. 58 e 60 do Decreto-
Lei nº. 6.259/44, quando caberá recurso em sentido estrito. 
 
 
 
 
 
 
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OBSERVAÇÕES: 
1- Não existe número máximo de desarquivamentos, mas, por ser 
evidente, se ocorrer a prescrição, decadência ou outra causa 
extintiva da punibilidade, não será possível o desarquivamento. 
2- Quandoo arquivamento é determinado em virtude da atipicidade 
do fato, não é possível o desarquivamento constituindo, 
excepcionalmente, coisa julgada material. 
3- O Juiz não pode arquivar o inquérito sem a manifestação neste 
sentido do titular da ação. 
4- Segundo o STJ, o Juiz não pode desarquivar o inquérito policial 
de ofício, ou seja, se o IP foi arquivado a requerimento do 
Ministério Público, e este não concorda com a reabertura, a 
autoridade judicial não poderá reabri-lo para determinar novas 
diligências. 
Podemos compreender o trâmite do arquivamento através do seguinte quadro 
esquematizado: 
***Por entender inexistente o crime apurado em inquérito policial, o 
representante do Ministério Público requereu ao juiz competente o 
arquivamento dos autos. Em tal caso o juiz, aceitando o pedido do Ministério 
Público e arquivando o inquérito policial, não poderá desarquivá-lo diante de 
novas provas. 
GABARITO: ERRADA 
CAIU EM PROVA! 
 
 
 
 
 
 
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1.13 REGRAS PROCEDIMENTAIS REFERENTES AO INQUÉRITO 
Há no CPP algumas regras meramente procedimentais, mas que são exigidas em PROVA. 
Citarei aqui as que são importantes: 
ƒ Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, 
acompanharão os autos do inquérito. 
ƒ O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a 
uma ou outra. 
ƒ O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer 
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
ƒ Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. 
DELEGADO 
MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
JUIZ 
Oferecer denúncia 
Solicitar arquivamento 
Solicitar diligências 
complementares 
ARQUIVAMENTO 
PROCURADOR 
GERAL 
Determinar ou 
oferecer a denúncia
D Deet teer rmmi inna arr ao Juiz o 
arquivamento 
SIM 
NÃO
 
 
 
 
 
 
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ƒ O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade 
policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. 
**************************************************************************************************** 
FUTURO(A) APROVADO, MUITO BOM!!! 
AQUI VOCÊ ACABA DE FINALIZAR UM IMPORTANTE 
TEMA RUMO À TÃO SONHADA APROVAÇÃO. 
DITO ISTO, RESPIRE FUNDO, RECARREGUE AS SUAS 
ENERGIAS E VAMOS À LUTA COM O ÚLTIMO ASSUNTO 
DE NOSSA AULA!!! 
**************************************************************************************************** 
2.1 AÇÃO PENAL - INTRODUÇÃO 
Sabemos que no mundo onde vivemos existem determinados delitos que, por mais que 
pensemos, não conseguimos imaginar uma razão pelo menos compreensível. 
Imagine que existisse no Brasil alguém tão “doente” a ponto de jogar uma criança pela 
janela. Neste caso, se você pudesse escolher qualquer coisa, o que faria com este 
indivíduo?...Então, exatamente para evitar que, motivados por instintos próprios, fujamos do 
preceituado no ordenamento jurídico existente, existe a AÇÂO PENAL, através da qual o 
Estado será capaz de aplicar o direito penal, na mensuração cabível, ao caso concreto. 
 2.1.1 CONCEITO
FERNANDO CAPEZ define ação penal como o direito de pedir ao Estado-Juiz a 
aplicação do direito objetivo a um caso concreto. Segundo o renomado autor é também o 
direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, 
de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a conseqüente 
satisfação da pretensão punitiva. 
Diante do conceito apresentado, podemos dizer que a ação penal é: 
I) Um direito autônomo, pois não se confunde com o direito material que se 
pretende tutelar; 
II) Um direito abstrato, pois independe do resultado final do processo; 
 
 
 
 
 
 
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III) Um direito subjetivo, pois o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação 
jurisdicional; 
IV) Um direito público, pois a atividade jurisdicional que se pretende provocar é 
de natureza pública. 
 2.1.2 CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL
Existem determinadas situações em que o direito de ação não pode ser exercido por não 
cumprir determinado requisito. 
Só para exemplificar, imaginemos que um determinado indivíduo resolve dar início a uma 
ação penal exigindo a prisão de seu desafeto pelo fato de ele torcer para o Flamengo. 
É claro que nesta situação a ação não será possível, pois torcer para determinado time 
não é crime, certo? Assim, podemos citar as seguintes condições da ação: 
1. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO; 
2. INTERESSE DE AGIR; 
3. LEGITIMAÇÃO PARA AGIR. 
Vamos analisá-las: 
• POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO Î Para que haja a possibilidade 
do início da ação, faz-se necessário a caracterização da tipificação da 
conduta, ou seja, a demonstração de que o caso concreto se enquadra em 
um fato típico em abstrato (situação descrita no código penal). 
Assim, por exemplo, pode-se dar início a uma ação contra um indivíduo que 
matou alguém porque o código penal diz que MATAR ALGUÉM é fato típico. 
Diferentemente, não posso iniciar uma ação contra um indivíduo que usa 
camisa amarela pelo simples fato de eu não gostar da cor...a não ser que a 
camisa seja minha e ele a tenha furtado... 
• INTERESSE DE AGIR Î Constitui a presença de elementos mínimos que 
sirvam de base para o Juiz concluir no sentido de que se trata de acusação 
factível. 
Imaginemos a seguinte situação: Mévio, paulista, tem um relacionamento de 
04 anos com Tícia e é aprovado para a Controladoria Geral da União, com 
previsão de trabalhar em Brasília. 
 
 
 
 
 
 
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Tícia, com medo de perder seu amado, tenta complicar a admissão de 
Mévio oferecendo uma queixa completamente sem provas, alegando o 
delito de calúnia. 
Neste caso o Juiz deverá rejeitar a inicial acusatória sob pena de 
caracterizar-se hipótese de constrangimento ilegal impugnável mediante 
habeas corpus. 
O interesse de agir encontra embasamento no código de processo penal: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
[...] 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
• LEGITIMAÇÃO PARA AGIR Î Em uma ação penal, devemos atentar para 
a legitimação ativa e passiva. 
No caso da ativa, estamos tratando da pessoa correta para dar início à ação 
penal, o que em nosso país, via de regra, é feito pelo Ministério Público e, 
em algumas hipóteses, pelo próprio ofendido (veremos isto mais na frente). 
No pólo passivo, estamos tratando de quem está sendo acusado, ou seja, 
do Réu. 
Imaginemos que Tício, no seu aniversário de 30 anos, resolve dizer para 
Mévio, 16 anos, que ele é mais feio que indigestão de torresmo. Mévio, 
inconformado com tal declaração, desfere golpes em Tício ocasionando 
lesões corporais. Tício tenta iniciar um processo penal comunicando ao 
Ministério Público as inúmeras lesões. 
Nesta situação, Mévio está protegido pelo art. 27 do CP e art. 228 da CF, 
sendo inimputável, ou seja, não podendo figurar no pólo passivo de um 
processo penal. 
Podemos resumir o assunto da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
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 2.1.3 ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL
Quando tratamos do inquérito vimos que em no nosso país as ações penaissão divididas 
em dois grandes grupos: 
3. AÇÃO PENAL PÚBLICA Î Subdividida em Pública Incondicionada e Condicionada. 
4. AÇÃO PENAL PRIVADAÎ Subdividida em Exclusiva, Personalíssima e Subsidiária 
da Pública. 
Vamos agora tratar especificamente de cada forma de ação penal e veremos que a 
aplicabilidade de cada uma está relacionada com o quanto determinado delito importa 
para a sociedade. 
Desde já, cabe ressaltar que SEJA QUAL FOR O CRIME, QUANDO FOR PRATICADO EM 
DETRIMENTO DO PATRIMÔNIO OU INTERESSE DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS, AA 
A AÇÃOO P NAÇÃ PE AL EREN L S RÁ ÚBSE Á P BL ICA.PÚ LI CA . 
Vamos começar: 
2.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
AÇÃO 
PENAL 
PÚBLICA
PRIVADA
INCONDICIONADA
CONDICIONADA
EXCLUSIVA
PERSONALÍSSIMA
SUBSIDIÁRIA DA 
PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
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 2.2.1 CONCEITO
É a ação que pode ser iniciada mediante DENÚNCIA, logo que o titular para impetrá-la 
tiver conhecimento do fato, não necessitando de qualquer manifestação do ofendido. É a 
forma de ação adotada em regra no Brasil. 
A denúncia nada mais é do que um documento no qual o promotor requere ao Juiz o 
início da ação penal para a apuração de determinado crime. Cabe ressaltar que qualquer 
omissão neste documento inicial pode ser sanada até a sentença. 
Exemplos de crimes perseguidos por ação pública incondicionada: roubo, corrupção, 
sequestro. 
 2.2.2 TITULARIDADE
Dispõe o Código de Processo Penal: 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do 
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do 
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver 
qualidade para representá-lo. (grifo nosso) 
Conforme o CPP, a titularidade da ação pública incondicionada é do Ministério Público, 
podendo este instaurar o processo criminal independente da manifestação de vontade de 
qualquer pessoa e até mesmo contra a vontade da vítima ou de seu representante legal. 
 2.2.3 PRINCÍPIOS
DEPOIS DA AULA 00 MAIS PRINCÍPIOS??? Isto mesmo, mas agora trataremos de 
princípios específicos da ação penal pública incondicionada. Vamos conhecê-los: 
• PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE Î Segundo este princípio, o titular 
da ação está obrigado a propô-la sempre que presente os requisitos 
necessários. 
• PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE Î Depois de oferecida a denúncia, o 
Ministério Público não pode desistir da ação. Tal preceito encontra base no 
CPP: 
 
 
 
 
 
 
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Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
Apesar de o princípio da indisponibilidade ser considerado pela maioria da 
doutrina como um princípio da ação penal pública, sua aplicação encontra-
se extremamente atenuada devido a exceções presentes no ordenamento 
jurídico. 
A maioria dessas exceções consta na Lei nº 9.099/95 que versa sobre os 
Juizados Especiais Criminais. Um exemplo é a possibilidade de transação 
penal em relação às infrações de menor potencial ofensivo, mesmo após o 
ajuizamento da denúncia. 
• PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE Î A ação será promovida por órgão oficial 
(Ministério Público), independente de manifestação da vítima. 
• PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA Î A ação penal é proposta apenas 
contra quem se imputa a prática da infração. Ainda que em decorrência de 
um crime, outra pessoa tenha a obrigação de reparar um dano, a ação 
penal não pode abarcá-la. A reparação deverá ser exigida na esfera cível. 
2.3 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
 2.3.1 CONCEITO
É a ação PÚBLICA cujo exercício está subordinado a uma condição. Essa condição tanto 
pode ser a demonstração de vontade do ofendido ou de seu representante legal 
(REPRESENTAÇÂO), como a REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça, conforme veremos 
um pouco mais a frente. 
Neste tipo de ação, a TITULARIDADE, assim como na ação pública incondicionada, é do 
Ministério Público. 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
TRANSAÇÃO PENAL 
É um "acordo" que o Ministério Público propõe ao infrator de que não 
será dada continuidade ao processo criminal, desde que ele cumpra 
determinadas condições impostas pelo Ministério Público (ex.: 
prestação de serviços à comunidade, pagamento de cestas básicas, 
etc.). 
 
 
 
 
 
 
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São exemplos previstos no Código Penal: Perigo de contágio venéreo (art. 130), ameaça 
(art. 147), violação de correspondência comercial (art. 152), divulgação de segredo (art. 
153), furto de coisa comum (art. 156) etc. 
 2.3.2 REPRESENTAÇÃO
Para começarmos a entender este conceito, imaginemos a seguinte situação: Tícia, ao 
sair de casa para pegar sua correspondência, verifica que todas haviam sido violadas 
pelo porteiro do prédio. 
Conhecedora do Direito, ela diz ao porteiro que o processará pelo crime de violação de 
correspondência. Entretanto, após a ameaça de Tícia, o porteiro cita que viu fotos 
comprometedoras dentro dos envelopes. 
Será que neste caso será interessante para a ofendida o início da ação e a 
correspondente publicidade dos atos? E para os moradores do prédio, é interessante que 
o porteiro seja denunciado? 
Se você respondeu para a primeira indagação que NÂO e para a segunda que SIM, você 
está pensando da mesma forma que o legislador, pois este definiu o crime de violação de 
correspondência como de ação pública, devido ao fato de afrontar mediatamente a 
sociedade (moradores do prédio), mas CONDICIONADA à representação do ofendido, 
pois primordialmente, imediatamente, a esfera íntima da vítima esta sendo atacada. 
Após este exemplo, podemos conceituar que a representação é a manifestação de 
vontade do ofendido ou de seu representante legal a fim de permitir o desencadeamento 
da ação penal. 
Assim, no exemplo acima, se todos os moradores fossem comunicar o fato ao Ministério 
Público, nada poderia ser feito, pois a REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO é condição 
objetiva de procedibilidade, ou seja, o início da ação depende dela. 
ATENÇÃO: 
É necessária a representação da vítima de violência doméstica 
nos casos de lesões corporais leves (Lei n. 11.340/2006 – Lei 
Maria da Penha), pois se cuida de uma ação pública condicionada 
(STJ, REsp 1.097.042/DF, DJ 24.02.2010). 
 
 
 
 
 
 
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• FORMA DA REPRESENTAÇÃO: Dispõe sobre a forma da representação o 
Código de Processo Penal: 
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, 
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante 
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério 
Público, ou à autoridade policial. 
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura 
devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal 
ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade 
policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este 
houver sido dirigida. (grifo nosso) 
O STF e o STJ têm entendido que não existe a necessidade de formalismo 
na representação, sendo suficiente a simples manifestação de vontade da 
vítima em processar o autor do fato. 
Tal demonstração de vontade de iniciar o processo deve conter todas as 
informações que possam servir ao esclarecimento da autoria e do fato: 
Art. 39 
[...] 
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam 
servir à apuração do fato e da autoria. 
*** Na ação penal pública condicionada à representação,a representação do 
ofendido é condição objetiva de procedibilidade. 
GABARITO: CORRETA 
CAIU EM PROVA! 
Não há forma rígida para a representação, bastando a 
manifestação de vontade da ofendida para que fosse apurada 
a responsabilidade do paciente (STJ, HC 48.692/SP, DJ 
02.05.2006) 
 
 
 
 
 
 
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• TITULARES DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO Î Podemos classificar 
os titulares da seguinte forma: 
1. OFENDIDO E MAIOR CAPAZÎ Sendo o indivíduo maior de 18 anos e 
capaz mentalmente, somente ele poderá decidir pelo exercício ou não do 
direito de representação. É importante ressaltar que o Art. 34 do CPP, 
devido às alterações introduzidas no Código Civil que equiparou a 
maioridade civil à maioridade penal (18 anos), tornou-se obsoleto. 
Observe: 
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito 
de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante 
legal. 
2. REPRESENTANTE LEGAL Î Sendo o indivíduo menor de 18 anos ou 
mentalmente enfermo, o direito de representação será exercido pelo 
representante legal (pais, tutor, etc). 
Mas e se o menor não possuir representante legal? 
Neste caso, será nomeado um curador pelo Juiz. 
Agora imaginemos a seguinte situação: Mévia, moça pobre, 15 anos, é 
estuprada pelo seu irmão de 22 anos. O estupro não deixa lesões da 
violência e a família (representante legal) não quer exercer o direito de 
representação para não prejudicar o irmão de Mévia. Neste caso, seria 
justo que Mévia tivesse que se submeter à vontade da família? 
É claro que não, e exatamente para estes casos existe o art. 33 do CPP 
que nos diz que para os casos em que houver colisão de interesses, 
será nomeado curador especial. Observe: 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente 
enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou 
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de 
queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de 
ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente 
para o processo penal. 
3. PESSOAS JURÍDICAS Î O CPP nos diz: 
 
 
 
 
 
 
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Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente 
constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser 
representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos 
designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-
gerentes. 
OBSERVAÇÕES: 
1 – E se o ofendido for declarado morto ou ausente? 
Dispõe o CPP no seu Art. 24, § 1o que no caso de morte do ofendido ou 
quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
Segundo entendimento jurisprudencial, esta lista é TAXATIVA, ou seja, não 
pode ser ampliada. 
A única exceção a esta regra seria a figura da companheira ou companheiro 
que, atualmente, por força constitucional, se equipara ao cônjuge. 
Então, caro concurseiro, para efeito de prova temos os seguintes indivíduos 
podendo exercer o direito de representação no caso de morte ou ausência: 
2 – E se comparecerem mais de um dos acima expostos para efetuar a 
representação? Neste caso, será seguida a ordem prevista no CPP, ou seja, a 
preferência é do cônjuge, depois dos ascendentes, seguidos dos descendentes 
e finalmente dos irmãos. 
ATENÇÃO! 
 
 
 
 
 
 
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Assim, finalizamos, relembrando (o que nunca é demais para quem está se 
preparando para um concurso): 
OBS 01 : O DIREITO DE REPRESENTAÇÃO PODERÁ SER EXERCIDO, POR PROCURADOR 
COM PODERES ESPECIAIS, MEDIANTE DECLARAÇÃO, ESCRITA OU ORAL, FEITA AO JUIZ, 
AO ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, OU À AUTORIDADE POLICIAL. 
OBS 02: A REPRESENTAÇÃO FEITA ORALMENTE OU POR ESCRITO, SEM ASSINATURA 
DEVIDAMENTE AUTENTICADA DO OFENDIDO, DE SEU REPRESENTANTE LEGAL OU 
PROCURADOR, SERÁ REDUZIDA A TERMO, PERANTE O JUIZ OU AUTORIDADE POLICIAL, 
PRESENTE O ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, QUANDO A ESTE HOUVER SIDO DIRIGIDA. 
• PRAZO PARA A REPRESENTAÇÃO Î Iniciaremos este tópico 
reproduzindo um dos artigos do CPP MAIS cobrados em PROVA: 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, 
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime[...]. 
Observe que o CPP nos traz um prazo decadencial de seis meses para que 
a representação possa ser feita, contado da data em que o autor do crime 
vier a ser conhecido. 
Agora pensemos no seguinte caso: Um delito cuja ação é pública 
condicionada à representação foi cometido contra um menor de 18 anos 
que se chama...adivinha....TÍCIO. 
OFENDIDO MAIOR E CAPAZ 
REPRESENTANTE LEGAL
PESSOAS JURÍDICAS 
 
 
 
 
 
 
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TÍCIO fica envergonhado de contar o fato ao representante legal. Nesta 
situação, o prazo irá fluir? 
É claro que não, pois não se pode falar em decadência de um direito que 
não se pode exercer. Assim o prazo seria contado a partir do dia em que o 
menor completar 18 anos. 
Finalizando o exemplo, caso o representante legal tomasse conhecimento 
do autor e do fato, o prazo correria para este, mas não para nosso amigo 
Tício. 
• DESTINATÁRIO Î Muitas pessoas, quando imaginam o ofendido 
exercendo o seu direito de representação, visualizam, unicamente, a 
relação indivíduo-policial. Exatamente por isso, MUITAS PESSOAS não 
são aprovadas em concurso e, nós, CONCURSEIROS, não fazemos parte 
deste grupo de MUITAS PESSOAS, pois sabemos que a representação 
pode ser dirigida não só ao policial, mas também ao: 
1 – JUIZ; 
2 – MINISTÉRIO PÚBLICO; 
Conforme preceituado no já tratado art. 39 do CPP 
FIM DO PRAZO 
PARA A 
REPRESENTAÇÃO 
OBSERVAÇÃO 
O PRAZO DEFINIDO PARA A REPRESENTAÇÃO NÃO SE INTERROMPE, 
NÃO SE SUSPENDE E NÃO SE PRORROGA. ASSIM, CASO O PRAZO 
TERMINE EM UM FERIADO, NO SÁBADO OU NO DOMINGO, NÃO HÁ 
PRORROGAÇÃO PARA O DIA SEGUINTE. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, 
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante 
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do 
Ministério Público, ou à autoridade policial. (grifo nosso) 
• RETRATABILIDADE OU IRRETRATABILIDADE? 
Imaginemos que determinado indivíduo sofre uma ameaça e oferece uma 
representação. Dias depois fica sabendo que o causador do dano é, na 
verdade, um irmão que ele não conhecia (bem coisa de novela). Neste caso, 
ele vai poder se retratar, ou seja, retirar a representação? 
A resposta correta é DEPENDE! 
Se a ação já tiver sido ajuizada, não há mais a possibilidade de retratação. 
Diferentemente, caso o MP ainda não tenha se pronunciado, o indivíduo poderá 
se retratar. Desta forma dispõe o CPP: 
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a 
denúncia. 
OBSERVAÇÂO: Existe uma grande divergência doutrinária com relação à 
possibilidade ou não da RETRATAÇÃO da RETRATAÇÃO. 
Este caso seria a situação do indivíduo que não sabe o que quer da vida, ou 
seja, ele comparece a um dos destinatários e representa. Depois retrata a 
representação, antes do início da ação. Dias depois aparece novamente e diz 
que se arrependeu e quer simo processo, solicitando assim a retratação da 
retratação. 
Quanto à divergência doutrinária, não vou perder tempo, pois para a sua 
PROVA o que importa é que SIM, É POSSÍVEL A RETRATAÇÃO DA 
RETRATAÇÃO. 
OBSERVAÇÃO 
A REPRESENTAÇÃO DÁ-SE EM RELAÇÃO À CONDUTA PRATICADA, NÃO 
VINCULANDO O MINISTÉRIO PÚBLICO, QUE NÃO SÓ PODE SOLICITAR O 
ARQUIVAMENTO COMO TAMBÉM OFERECER DENÚNCIA ATRIBUINDO AO 
FATO DEFINIÇÃO JURÍDICA DIVERSA.
 
 
 
 
 
 
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• NÃO VINCULAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO Î O Ministério Público 
não será obrigado a iniciar uma ação pelo simples fato do ofendido 
apresentar uma representação. O MP, conhecedor do Direito, analisará as 
informações e se posicionará pelo oferecimento ou não da denúncia. 
 2.3.3 REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA
Segundo Tourinho Filho, “há certos crimes em que a conveniência da persecução penal 
está subordinada à conveniência política”. Exatamente para estes delitos, a lei exige a 
requisição do Ministro da Justiça para que seja possível a ação penal. 
São raras as hipóteses previstas em nosso ordenamento de crimes em que se exige a 
requisição ministerial para a deflagração da ação penal: 
1. Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, § 3º, b, CP); 
2. Crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República ou Chefe de 
Governo estrangeiro (art. 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, CP); 
3. Crimes contra a honra praticados pela imprensa contra Chefe de Governo ou de 
Estado estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos, ou Ministros de Estado (art. 40, 
I, a, c/c art. 23, I, ambos da Lei n. 5.250/67); 
4. Crimes de injúria cometidos pela imprensa contra o Presidente da República, 
Presidente do Senado, Presidente da Câmara dos Deputados (art. 23, I, c/c art. 40, I, a, 
ambos da Lei n. 5.250/67); 
5. Crimes contra a honra praticados por meio de imprensa contra os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, exceto seu Presidente em se tratando de calúnia ou 
difamação. Em se tratando de injúria contra o Presidente do STF também dependerá de 
requisição (art. 23, I, c/c art. 40, I, Lei n. 5.250/67). 
O OBBSSEER RVVAAÇÇÃÃO O: : O O SSu uppr reem mo o TTr riib buun na al l FFe eddeerra al l ( (SST TFF) ) d deec ciid di iu u e em m 330 0 d dee 
a abbr ri il l d dee 220 0009 9, , p po or r mma aiio oriari a, , r reev voog ga ar r tto otta allmmeen nt te e a a LLe ei i d de e IIm mppr reen nssa a.. 
A Asss siim m, , a as s ttrrê ês s ú úllt tiim ma as s hhiippó ótte esse es s d deev ve em m sse er r d dees scca arrt taad daas s. . 
 
 
 
 
 
 
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• PRAZO DA REQUISIÇÃO Î O CPP não trata do assunto e, assim, 
entende-se que não existe um prazo determinado, podendo ser realizada a 
qualquer momento, desde que não extinta a punibilidade. 
• DESTINATÁRIO Î É o MINISTÉRIO PÚBLICO. 
2.4 AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA 
 2.4.1 CONCEITO
A partir de agora trataremos da ação penal privada e, neste tipo de ação, o delito afronta 
tão intimamente o indivíduo que o ESTADO transfere a legitimidade ativa da ação para o 
ofendido. Perceba que nesta transferência de legitimidade reside a diferença fundamental 
entre a ação penal PÚBLICA E PRIVADA. 
Neste tipo de ação o Estado visa impedir que o escândalo do processo provoque um mal 
maior que a impunidade de quem cometeu o crime. 
Obviamente que essa transferência da legitimidade ativa importa em custas processuais 
para o ofendido, pois cabe a ele conduzir a ação. 
Assim, a fim de evitar o cerceamento ao direito da vítima à ação penal, uma vez atestada 
sua pobreza pela autoridade policial ou por outros meios de prova, a ação penal passa a 
ser pública condicionada à representação, tendo o Ministério Público legitimidade para 
oferecer a denúncia. (STJ, HC 45.417/SP, DJ 25.09.2006) 
 
 
 
 
 
 
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Em se tratando de crime de ação penal pública condicionada, como já vimos, não se exige 
rigor formal na representação do ofendido ou de seu representante legal, bastando a sua 
manifestação de vontade para que se promova a responsabilização do autor do delito. 
Exemplo de crime perseguido por ação privada: todos os crimes contra a honra (calúnia, 
injúria, difamação - Capítulo V do Código Penal), exceto em lesão corporal provocada por 
violência injuriosa (art. 145). 
 2.4.2 TITULARIDADE DO DIREITO DE QUEIXA
Na ação penal pública, quando o Ministério Público vai iniciar uma ação dizemos que este 
vai oferecer denúncia. Diferentemente, na ação penal privada o ofendido exerce o direito 
de queixa para dar início à ação. Visto isto, podemos dizer que os titulares para exercer o 
direito de queixa são: 
1 – VÍTIMA MAIOR DE 18 ANOS E CAPAZ; 
2 – REPRESENTANTE LEGAL OU PROCURADOR COM PODERES ESPECIAIS; 
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, 
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a 
menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem 
de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 
3 – PESSOAS JURÍDICAS (art. 37). 
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas 
poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os 
OBSERVAÇÃO 
O artigo 225 do Código Penal foi completamente reformulado pela lei nº. 12.015/09, 
abolindo-se a ação penal privada no que diz respeito ao estupro. Doravante, a ação 
penal é, em regra, pública condicionada à representação do ofendido ou de seu 
representante legal. 
Sob outro aspecto, será de ação pública incondicionada se a vítima é menor de 18 
anos ou é pessoa vulnerável, assim considerada a doente mental ou aquela que não 
pode oferecer resistência. 
Assim, qualquer que seja o crime sexual, a titularidade para promover a ação penal 
é sempre do Estado, por meio do Ministério Público.
 
 
 
 
 
 
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respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos 
seus diretores ou sócios-gerentes. 
Faz-se necessário ressaltar que o CPP atribui ao indivíduo que promove a ação a 
denominação de querelante e chama o ofensor de querelado. 
OBS.: A QUEIXA, AINDA QUANDO A AÇÃO PENAL FOR PRIVATIVA DO OFENDIDO, 
PODERÁ SER ADITADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, A QUEM CABERÁ INTERVIR EM 
TODOS OS TERMOS SUBSEQÜENTES DO PROCESSO. 
A POSSIBILIDADE DE ADITAMENTO PREVISTA NO ART.45 DO CPP É CABÍVEL APENAS 
PARA QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO CORRIJA ALGUM DEFEITO FORMAL DA QUEIXA, 
COMO, A CAPITULAÇÃO, A QUALIFICAÇÃO DOS QUERELADOS ETC., MAS NÃO PARA 
INCLUIR EVENTUAL AUTOR DO DELITO NÃO MENCIONADO PELO QUERELANTE. 
 2.4.3 PRINCÍPIOS
Agora veremos alguns princípios específicos da ação penal privada. Tal assunto é 
recorrente em prova e deve ser analisado com ATENÇÃO!!! 
• PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE Î Quando falamos dos princípios gerais 
informadores do Processo Penal, tratamos do princípio da Indisponibilidade, 
no qual entendemos que, com base no princípio da LEGALIDADE, ao tomar 
conhecimento do fato criminoso o titular da ação(Ministério Público) será 
obrigado a iniciá-la. Isto é a regra geral que comporta exceção na ação 
penal privada, pois nesta o titular (ofendido) pode analisar critérios de 
conveniência e oportunidade e decidir pela ação ou não. 
• PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE Î O ofendidopode desistir da ação a 
qualquer momento, bastando para isto, por exemplo, o não comparecimento 
a um ato processual. 
• PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE Î A ação deve ser proposta contra 
todos os que cometeram o delito. 
 2.4.4 PRAZO PARA EXERCER O DIREITO DE QUEIXA
Segue a regra do art. 38 do CPP que pela importância, novamente reproduzo: 
 
 
 
 
 
 
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Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, 
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime[...]. 
Observe que no início do supracitado artigo temos a expressão SALVO DISPOSIÇÃO EM 
CONTRÁRIO, deixando claro que leis especiais poderão trazer prazos diferentes. Isto 
ocorre: 
• Nos crimes de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento: 
Prazo de seis meses a partir do trânsito em julgado da sentença anulatória 
do casamento. Observe: 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro 
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento 
anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente 
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em 
julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o 
casamento. (grifo nosso) 
• Nos crimes contra a propriedade imaterial: Prazo de 30 dias ou de 08 dias 
contados da homologação do laudo pericial, conforme se trate do 
investigado solto ou preso, respectivamente. 
Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será 
admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se 
decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. 
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos 
de busca e apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime for de 
ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste 
artigo. 
Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em 
liberdade, o prazo a que se refere o artigo anterior será de 8 (oito) 
dias. 
É importante ressaltar que os prazos citados são decadenciais, computando-se o dia do 
começo e excluindo-se o dia final. Também aqui não há que se falar em sábado, domingo ou 
 
 
 
 
 
 
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feriado como justificativa para deixar a queixa para o dia seguinte. Assim, se o prazo termina 
no domingo, o ofendido deverá procurar um Juiz de plantão e fazer a queixa-crime. 
 2.4.5 RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA E PERDÃO DO OFENDIDO
Imaginemos que nossa amiga Tícia diz aos amigos que iniciará uma ação penal privada 
contra CAIO pelo delito de injúria e difamação, pois ele disse que ela não possuía uma 
beleza das mais generosas e que trocava de homem como quem troca de meias (isso 
mesmo, pegou pesado!!!). 
Meses depois CAIO se casa com Tícia e os dois viajam felizes para a lua de mel. Neste 
caso teria cabimento imaginar que Tícia realmente iniciaria uma ação? Poderíamos dizer 
que houve Renúncia ou Perdão? É exatamente isto que começaremos a estudar agora. 
2.4.5.1 RENÚNCIA 
Podemos conceituar a renúncia como o ato UUNNIILLAATTEERRAALL, ou seja, que 
não depende da concordância da outra parte, que ocorre AANNTTEESS da ação 
penal, impedindo o acontecimento desta. 
A renúncia pode ser expressa ou tácita. A renúncia expressa é regulada pelo 
Art. 50 do CPP: 
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo 
ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes 
especiais. 
*** Considere a seguinte situação hipotética. 
Eros foi vítima de injúria praticada por Isabel no dia 1.º de janeiro de 2001, em sua 
presença. Eros requereu a instauração de inquérito policial e,com base nele, seu 
advogado ofereceu queixa contra Isabel no dia 1.º de outubro de 2001. Nessa situação, 
considerando a natureza da ação penal, a queixa oferecida por Eros, se houvesse 
cumprido os requisitos processuais, deveria ser recebida pelo juiz competente. 
GABARITO: ERRADA (prazo DECADENCIAL de seis meses) 
CAIU EM PROVA! 
 
 
 
 
 
 
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Já a renúncia tácita é regulada pelo Código Penal, nestes termos: 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando 
renunciado expressa ou tacitamente 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a 
prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a 
implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano 
causado pelo crime. 
Podemos citar como exemplos de renúncia tácita: 
1 – Deixar o ofendido transcorrer o prazo decadencial para ajuizar a queixa-
crime; 
2 – Deixar o indivíduo de cumprir determinação essencial para a validade da 
queixa. Exemplo: Imaginemos que um delito foi cometido por cinco pessoas e o 
indivíduo entregou a petição para dar início a uma ação contra apenas duas 
delas. Antes do recebimento da queixa pela autoridade judicial, o MP, 
observando tal fato, intima o querelante para incluir os outros responsáveis. 
Nesta situação, caso o ofendido não compareça teremos outro caso de 
renúncia tácita. 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a 
um dos autores do crime, a todos se estenderá. 
Finalizando, como afirma Júlio Fabbrini Mirabete, a renúncia, tanto expressa 
quanto tácita, "deve tratar-se de atos inequívocos, conscientes e livres, que 
traduzam uma verdadeira reconciliação, ou o propósito de não exercer o direito 
de queixa". 
2.4.5.2 PERDÃO
Meus amigos de estudo, preciso desabafar... Tudo o que eu escrevi até agora 
está ERRADO! PERDÃO!!!! Calma, calma... Isso é só para começarmos 
este tópico utilizando esta situação para definir a diferença de Perdão para 
Renuncia e gravando de uma vez por todas o que é MAIS IMPORTANTE 
PARA A SUA PROVA!!! 
 
 
 
 
 
 
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1 - Alguém pede perdão sem ter feito nada? NÃO!!!...Logo, o perdão só pode 
ocorrer AAPPÓÓSS um determinado ato que aqui é o início da ação penal. 
2 – Você é obrigado a aceitar meu pedido de perdão? É claro que não, pois é 
um ato BBIILLAATTEERRAALL. . 
Assim, em uma ação penal, caso o ofendido queira perdoar o querelado, 
dependerá do consentimento deste último. Observe: 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a 
todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o 
recusar 
[...] 
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes 
especiais. 
[...] 
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos 
autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o 
aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu 
silêncio importará aceitação. 
. 
Assim como na renúncia, o perdão pode ser expresso ou tácito. 
OBSERVAÇÃO: 
• Caso haja dois ofendidos e um deles conceda o perdão, o outro poderá 
prosseguir com a ação. 
OFENDIDO 01 
OFENDIDO 02 
QUERELADO
PODE 
PROSSEGUIR 
COM A AÇÃO 
 
 
 
 
 
 
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• Caso o ofendido conceda o perdão a um dos querelados, este perdão será 
estendido aos outros, não se produzindo efeito, todavia, aos que não 
aceitarem. 
 2.4.5 PEREMPÇÃO DA AÇÃO PENAL PRIVADA
Para Mirabete, "perempção

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