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Exame Pericial Psiquiátrico

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Renata Maria Dotta Panichi
Doutoranda em Ciências da Saúde 
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Finalidade
Semelhante a avaliação psiquiátrica, psicológica e social. 
Elucidar fatos do interesse da autoridade judiciária, policial, administrativa ou de particular. 
 Constitui-se em meio de prova.
Examinador proceder com permanente cautela devido a essa singularíssima condição.
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Perícia forense 
 Tem o objetivo de esclarecer fatos para devidos fins 
 Meio de produção de Prova Pericial
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A perícia e o perito
No contexto forense, o juiz profere sua decisão após ouvir os argumentos das parte com as provas que as partes apresentam. 
Em geral a prova é material (ex: análise de um contrato de locação e a validade do pagto efetuado), em que o magistrado pode valer-se de seu conhecimento técnico e jurídico para a decisão. 
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A perícia e o perito
Há situações nas quais seu conhecimento é insuficiente.
Fazendo-se mister que se socorra de profissional especializado no tema em questão. 
Essa pessoa é denominada perito, e o seu trabalho, perícia. 
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Perícia
Conceitua-se perícia como o conjunto de procedimentos técnicos que tenha como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça.
Perito é o técnico incumbido pela autoridade de esclarecer fato da causa, auxiliando, assim, na formação de convencimento do juiz. 
A perícia é um meio de prova, e o perito um auxiliar do juízo. 
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Obrigatoriedade e Escusa
Dever de aceitar o encargo. 
Essa é um regra geral, um munus publico, que obriga todo cidadão a servir à Justiça. 
 A lei dispõe sobre as razões de escusa a tal encargo: 
falta de conhecimento técnico do profissional designado;
os impedimentos;
as suspeições;
o motivo legítimo 
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Perito
Artigo 145 do CPC: “o juiz será assistido por perito” quando “a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico” (Brasil, 1973). 
 
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Impedimentos 
Os impedimentos dizem respeito a situações que comprometem o exercício da função do perito com a devida imparcialidade.
Artigo 134 do CPC: relaciona os impedimentos dos juízes.
Artigo 138 do CPC: inciso III, estende aos peritos. 
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Impedimentos
O profissional não poderá atuar como perito nos processos em que:
for parte;
houver prestado depoimento como testemunha;
for cônjuge, parente em linha reta em qualquer grau ou parente em linha colateral até segundo grau (irmão ou cunhado) do advogado da parte;
for cônjuge, parente em linha reta em qualquer grau ou parente em linha colateral até terceiro grau (tio ou sobrinho) da parte;
for membro da administração de pessoa jurídica que é parte no feito.
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Suspeições
Artigo 135 do CPC.
O profissional não poderá ser perito nas causas em que:
for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
for credor ou devedor de qualquer das partes, ou isso ocorrer com seu cônjuge, bem como aos parentes em linha reta em qualquer grau ou em linha colateral até terceiro grau (tio e sobrinho);
for herdeiro, donatário ou empregador de qualquer das partes;
houver recebido presente de qualquer das partes ou as houver aconselhado em relação à causa ou ainda as auxiliado financeiramente com as despesas do processo;
tiver qualquer interesse no julgamento do feito em favor de uma das partes.
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Motivo legítimo
Artigo 146 do CPC 
O perito tem o dever de cumprir o ofício, pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
ocorrência de força maior impeditiva de que aceite o encargo;
versar a perícia sobre fato a que deva guardar sigilo profissional (Código de Ética Profissional – veda que o profissional seja perito de seu paciente);
estar ocupado de outras perícias no mesmo lapso de tempo e sem condições de aceitar aquela para a qual foi nomeado. 
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Perito forense
 Auxiliar do Juiz 
 Conhecimento Técnico
 Conhecimento Jurídico
 Isenção e sem impedimentos
 Imparcialidade 
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Requisitos do perito
Conhecimento técnico + conhecimento jurídico + imparcialidade
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Assistente técnico 
É a denominação que a lei dá ao profissional especializado em determinado tema, contratado e indicado exclusivamente por qualquer das partes, para que a auxilie durante a elaboração da prova pericial. 
Perderam status de peritos escolhido pela parte (mas ainda auxiliar do juízo) para auxiliares das partes (Lei 8.455/92) e fiscalizador e corretor dos procedimentos periciais (incorreções, acertos e omissões). 
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Atende ao princípio da ampla defesa e do contraditório.
Artigo 429 do CPC, compete aos peritos e assistentes técnicos os mesmos poderes, ou seja, 
	
	“utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.”
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Tipos de perícias forenses
TRANSVERSAIS: Interdição
			 Superveniência de DM
				 Dano psíquico ou maus tratos
RETROSPECTIVAS: Anulação de testamento
				 Responsabilidade penal		
PROSPECTIVAS: Direito da família
				 Exame Criminológico
 Cessação de Periculosidade	
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Avaliações Transversais
Examina uma situação do presente – o “aqui e agora”. 
Esfera criminal: superveniência de doença mental (SDM) – interrupção do cumprimento da pena e transformação em medida de segurança
Esfera cível: 
perícias de interdição – busca-se estabelecer a presença de um transtorno mental e se essa condição prejudica o seu necessário discernimento. Declara-se incapaz para todos ou alguns atos da vida civil. 
constatação de dano psíquico ou maus tratos a criança.
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Avaliações retrospectivas
Busca esclarecer qual a condição psíquica do examinando em um determinado momento do passado. 
Esfera criminal: perícia de responsabilidade penal (RP) - visa estabelecer se no momento do crime o réu padecia de algum transtorno mental, que de alguma forma, quer total, quer parcial, afetasse sua capacidade de entender o que estava fazendo ou de se determinar de acordo com esse entendimento (CP, artigo 26).
Ou seja, era inimputável ou semi-imputável (a pessoa era ou não penalmente imputável ao cometer o delito). 
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Avaliações retrospectivas
Esfera cível: ocorrem em processos de anulação de ato jurídico e de anulação de testamento. 
Visam a estabelecer a condição psíquica da pessoa ao praticar determinado ato em momento preciso do passado. 
Buscando-se estabelecer se padece de algum transtorno mental, como essa doença evoluiu ao longo da vida e de que forma teria interferido no ato de nulidade.
Se a pessoa já é falecida, realiza-se perícia indireta, buscando informações com familiares, amigos, médicos, enfermeiros, análise de prontuários hospitalares e documentos de quaisquer natureza. 
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Avaliações prospectivas
Busca estabelecer o risco futuro de que determinado comportamento venha acontecer. 
São bastante imprecisas, as menos confiáveis das perícias, de vez que é rigorosamente impossível afirmar-se que alguém não virá praticar determinado ato. 
Mais comum ocorrem no âmbito das áreas de execuções criminais.
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Esfera criminal: 
Exame criminológico: são realizados por psicólogo, assistente social, psicólogos no momento em que o detento atinge o tempo mínimo de pena para receber um benefício legal (ex: progressão de regime). 
Verificação cessação de periculosidade (VP) – são realizados por psiquiatra para atestar a cessação da periculosidade.
Esfera cível: 
Afastamento dos genitores em defesa da integridade física ou moral da criança. A primeira, transversal, para constatar dano. As demais, prospectivas, para estabelecer se o genitor já estaria em condições de conviver com o filho e sob quais
condições. 
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Área Cível
 Caso – Idoso, 84 anos
Foi réu de um processo de interdição cujo autor era um irmão mais novo, que o acusava de problemas mentais e incapacidade.
Com a interdição pretendia desfazer um negócio de troca de terras por outras de menor valor, feito pelo réu alguns meses antes. 
Solteiro, sempre viveu só, meio isolado, tratava-se de pessoa com traços esquizóides. Sua memória já apresentava alguma alteração, mas nada de maior gravidade. 
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Ao exame psiquiátrico disse:
 “ O meu irmão quer me interditar, eu sei. Mas é ele que não consegue entender. Quando meu pai morreu, nós ficamos cada um com a metade das terras dele. Eu cuidava da minha parte e meu irmão da parte dele. Vivi sempre no campo cuidando de mim do meu jeito; sei que sou meio quieto. Acontece que a cidade foi crescendo e onde era campo virou cidade. Queriam fazer um loteamento nas minhas terras e me ofereceram várias outras para que eu escolhesse a que mais me agradasse, caso eu quisesse fazer uma troca.”
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 “ Eu quis até porque já andava meio incomodado com o movimento em volta. Escolhi uma do mesmo tamanho, com um riacho muito bonito. Eu já estou velho, vou viver somente uns poucos anos e gostaria de continuar vivendo como sempre vivi. Gosto do campo e gosto de pescar. É isso. Sei que em termos de dinheiro, as terras com que eu fiquei valem menos que as que cedi em troca, que estão praticamente dentro da cidade. O meu irmão não aceita este meu jeito de pensar. Ele é gente de negócios e é meu herdeiro, acho que é por isso. Mas ele ganhou a parte dele do pai, está bem de vida, não precisa de minha parte”. 
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Avaliação de nexo causal
Um diagnóstico de personalidade esquizóide, associado a alguns distúrbios de memória em uma idade relativamente avançada, poderiam servir de argumento para interdição parcial para tentar anular retrospectivamente a negociação.
Todavia a compreensão da trajetória do réu, da sua escala de valores e do seu modo de ver a vida, mostrou que suas atitudes estavam coerentes com seu passado e que não houve um disruptura no seu funcionamento psicológico.
Não observa-se incapacidade civil no réu, pois não tinha nexo causal com a negociação feita. 
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Área Criminal
	
 “Eu não fiz nada. O guri me pediu um beijo, ele me tocou. Eu não fiz nada. Ele estava pelado por estar defecando no mato”. (p.275)
 Conclusão do laudo pericial: O examinando apresenta o diagnóstico de pedofilia. Esta patologia não alterou sua capacidade de entendimento quanto à ilicitude de seus atos, ou mesmo sua capacidade volitiva. Agiu de forma premeditada. Apesar de portador de perturbação de saúde mental, era , ao tempo da ação, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito de seu ato e de se determinar de acordo com esse entendimento.

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