Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Seitas e Heresias 1 Seitas e Heresias IBETEL Site: www.ibetel.com.br E-mail: ibetel@ibetel.com.br Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826 2 Seitas e Heresias 3 (Org.) Prof. Pr. VICENTE LEITE Seitas e Heresias 4 Seitas e Heresias 5 Declaração de fé A expressão “credo” vem da palavra latina, que apresenta a mesma grafia e cujo significado é “eu creio”, expressão inicial do credo apostólico -, provavelmente, o mais conhecido de todos os credos: “Creio em Deus Pai todo-poderoso...”. Esta expressão veio a significar uma referência à declaração de fé, que sintetiza os principais pontos da fé cristã, os quais são compartilhados por todos os cristãos. Por esse motivo, o termo “credo” jamais é empregado em relação a declarações de fé que sejam associadas a denominações específicas. Estas são geralmente chamadas de “confissões” (como a Confissão Luterana de Augsburg ou a Confissão da Fé Reformada de Westminster). A “confissão” pertence a uma denominação e inclui dogmas e ênfases especificamente relacionados a ela; o “credo” pertence a toda a igreja cristã e inclui nada mais, nada menos do que uma declaração de crenças, as quais todo cristão deveria ser capaz de aceitar e observar. O “credo” veio a ser considerado como uma declaração concisa, formal, universalmente aceita e autorizada dos principais pontos da fé cristã. O Credo tem como objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo para facilitar as confissões públicas, conservar a doutrina contra as heresias e manter a unidade doutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumas declarações rudimentares de confissões fé: A confissão de Natanael (Jo 1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); a confissão de Tomé (Jo 20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37); e artigos elementares de fé (Hb 6.1- 2). A Faculdade Teológica IBETEL professa o seguinte Credo alicerçado fundamentalmente no que se segue: (a) Crê em um só Deus eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). (b) Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). (c) No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9). (d) Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que o pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19). 6 (e) Na necessidade absoluta no novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus (Jo 3.3-8). (f) No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente na fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24- 26; Hb 7.25; 5.9). (g) No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12). (h) Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Jesus Cristo (Hb 9.14; 1Pe 1.15). (i) No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7). (j) Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação conforme a sua soberana vontade (1Co 12.1-12). (k) Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação; Segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). (l) Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de Cristo para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo, na terra (2Co 5.10). (m) No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis, (Ap 20.11-15). (n) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento eterno para os infiéis (Mt 25.46). Seitas e Heresias 7 Sumário Declaração de fé 5 CAPÍTULO 1 Seitas, Heresias e Ismos 9 1.1 Definição de Seita 9 1.2 Como identificar uma Seita 10 1.3 Porque estudar as falsas doutrinas 11 1.4 A caracterização da Seita 13 1.5 Como abordar os adeptos das seitas 17 1.6 O que é uma Heresia 18 1.7 Os “Ismos” do pensamento Humano 20 CAPÍTULO 2 Catolicismo Romano 27 2.1 Cargos da Igreja Católica Romana 28 2.2 Organização regional 29 2.3 Os sacramentos 30 2.4 Mandamentos da Igreja 31 2.5 No Brasil os dias santos de guarda são: 31 2.6 Liturgia e Prece 31 2.7 Católicos Não Praticantes 32 2.8 Virgem Maria: Maria como “Nossa senhora dos Católicos” 32 2.9 Festas religiosas 33 2.10 Renovação carismática católica 33 2.11 Julgamentos Doutrinários 35 2.12 A idolatria e seus males 37 2.13 História da suposta igreja de Cristo 40 2.14 A Satânica Inquisição 40 2.15 Dogmas da igreja Católica Romana 45 2.16 A igreja Católica e seus sacramentos 61 2.17 O dogma do purgatório 62 2.18 Celibato Clerical 64 CAPÍTULO 3 O Espiritismo 69 3.1 Resumo histórico do espiritismo 69 3.2 Teoria da Reencarnação 72 3.3 A prática da inovação aos mortos 72 CAPÍTULO 4 Adventismo do sétimo dia 77 4.1 Histórico do Movimento 77 4.2 O engano do século 78 8 4.3 As doutrinas do adventismo 82 CAPÍTULO 5 Congregação Cristã no Brasil 105 5.1 Organização 106 5.2 Histórico 106 5.3 Aversão a Assembléia de Deus 5.4 Principais argumentos Doutrinários da CCB e a Contestação Bíblica 107 5.5 Outros dogmas 143 CAPÍTULO 6 Mormonismo 151 6.1 Origem do Mormonismo 151 CAPÍTULO 7 Russelismo-Testemunhas de Jeová 153 7.1 História 153 7.2 Principais Doutrinas 155 7.3 O nome de Deus é Jeová? 166 7.4 A Escatologia 168 7.5 A Salvação 171 7.6 Transfusão de Sangue 171 7.7 Conclusão 172 Referências 173 Seitas e Heresias 9 Capítulo 1 Seitas, Heresias e Ismos 1.1 Definição de Seita O termo como aparece na Bíblia significa facção, partido, grupo ou cisão. Inicialmente, não tinha caráter pejorativo (At 15.5, 24.5-14), depois assumiu sentido negativo (Gl 5.19-21). Pode designar um subgrupo de dentro de alguma religião organizada, como os saduceus (At 5.17), fariseus (At 15.5), ou dissensões no seio da própria Igreja (Rm 16.17, 1Co 11.19). 1.1.1 Fatores que favorecem o surgimento eevolução das heresias Ação diabólica no mundo. O mundo está sendo preparado para o reino do Anticristo. Ele é o Diabo, o autor de toda religião e doutrina falsa, bem como a perversão das verdadeiras. “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno” (1Jo 5.19). Ação diabólica contra a igreja. O Diabo sempre se opôs a Deus e a Sua Igreja, tudo fazendo para corrompê-la por meio de doutrinas falsas e homens maus, cínicos e de mente cauterizada. “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás, se transfigura em anjo de luz. Não é muito pois que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça...” (2Co 11.13-14). Ação diabólica contra a Palavra de Deus. Uma das obras prediletas do Diabo é subtrair a Palavra de Deus. Isso ele faz mediante as religiões falsas. “Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se” (Mt 13.25). O descuido da Igreja em não pregar o evangelho completo. O Evangelho completo compreende a pregação e o ensino da Palavra. O mesmo Jesus que disse que pregasse o Evangelho foi o mesmo que ordenou que o ensinasse também. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16.15). “Portanto ide, ensinai todas as nações...” (Mt 28.19a). 10 Falsa hermenêutica. A falsa hermenêutica tem levado inúmeros crentes bem intencionados, ao erro na compreensão e aplicação da mensagem bíblica. “Falando disto como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2Pe 3.16). Falta de conhecimento da verdade bíblica. Oséias exorta a Israel, pela falta do conhecimento de Deus. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento. Porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdotes diante de mim; visto que esquecestes da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Os 4.6). Falta de maturidade espiritual. Aventurar-se pelo desconhecido, sem base, não é próprio de quem quer servir bem ao Senhor e a sua Igreja. “Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz” (Mt 13.6). 1.2 Como identificar uma seita Todas as pessoas têm o direito de professar a religião de sua escolha. A tolerância religiosa é extensiva a todos. Isso não significa, porém, que todas as religiões sejam boas. Nos dias de Jesus havia vários grupos religiosos: os saduceus (At 5.17) e os fariseus (At 15.5). Os dois grupos tinham posições religiosas distintas (At 23.8). Mesmo assim, Jesus não os poupou, chamando- os de hipócritas, filhos do inferno, serpentes, raça de víboras (Mt 23.13- 15,33). O Mestre deixou claro que não aceitava a idéia de que todos os caminhos levam a Deus. Ele ensinou que há apenas dois caminhos: o estreito, que conduz à vida eterna, e o largo e espaçoso, que leva à destruição (Mt 7.13,14). Os apóstolos tiveram a mesma preocupação: não permitir que heresias, falsos ensinos, adentrassem na igreja. O primeiro ataque doutrinário lançado contra a Igreja foi o legalismo. Alguns judeus-cristãos estavam instigando novos convertidos à prática das leis judaicas, principalmente a circuncisão. Em Antioquia havia uma igreja constituída de pessoas bem preparadas no estudo das Escrituras (At 13.1), que perceberam a gravidade do ensino de alguns que haviam descido da Judéia e ensinavam: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podereis ser salvos (At 15.1). Tais ensinamentos eram uma ameaça à Igreja. Foi necessário que um concílio apreciasse essa questão e se posicionasse. Em Atos 15.1-35 temos a narrativa que demonstra a importância de considerarmos os ensinos que contrariam a fé cristã. Outras fontes ameaçam a Igreja. Dentre elas, destacamos a pluralidade religiosa. As Seitas estão em todos os lugares. Algumas são populares e amplamente aceitas. Outras são isolacionistas e procuram se esconder, para evitar um Seitas e Heresias 11 exame de suas ações. Elas estão crescendo e florescendo a cada dia. Algumas seitas causam grande sofrimento aos seus seguidores, enquanto outras até parecem muito úteis e benéficas. Com a chegada do novo milênio, estão surgindo novas seitas religiosas e filosóficas responsáveis pelos mais absurdos ensinamentos com relação ao final dos tempos. Essa confusão de idéias está sendo despejada em cabeças incautas, acabando muitas vezes em tragédias de grandes proporções. Em 1978, o então missionário norte-americano Jim Jones foi responsável pela morte de 900 seguidores, na Guiana Francesa, todos envenenados após ter anunciado a eles o fim do mundo. Um fato interessante desse trágico acontecimento foi o depoimento de um dos militares americanos responsáveis pela remoção dos corpos. Ele disse que, após vasculhar todo o acampamento, não foi encontrado um só exemplar da Bíblia. Jim Jones substituiu a Bíblia por suas próprias palavras. Em 1993, o líder religioso David Koresh, que se intitulava a reencarnação do Senhor Jesus, promoveu um verdadeiro inferno no rancho de madeira, onde ficava a seita Branch Davidian. Seduzindo os seguidores com a filosofia de que deveria morrer para depois ressuscitar das cinzas, derramou combustível no rancho e ateou fogo, matando 80 pessoas, incluindo 18 crianças. Em 1997, outra seita denominada Heaven’s Gate (Portão do Céu), que misturava ocultismo com fanatismo religioso, levou 40 seguidores ao suicídio. Na ocasião, essas pessoas acreditavam que seriam conduzidas para outra dimensão em uma nave que surgiria na cauda do cometa Halley Bop. No Brasil também existem muitas seitas e denominações que se reforçam em profecias do Apocalipse. Uma das mais conhecidas, devido ao destaque dado pela mídia, são as Borboletas Azuis da Paraíba, que em 1980 anunciou um dilúvio para aquele ano. Em Brasília, encontra-se o Vale do Amanhecer, que conta com aproximadamente 36.000 adeptos. No Paraná, um homem de nome Iuri Thais, se auto-intitula como o próprio Senhor Jesus reencarnado. Fundador da seita Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade, ele parece ter decorado a Bíblia de capa a capa e, com isso, tem enganado a muitos. 1.3 Porque estudar as falsas doutrinas Muitos perguntam por que se deve estudar as falsas doutrinas. Para esses, seria melhor a dedicação à leitura da Bíblia. Certamente devemos usar a maior parte de nosso tempo lendo e estudando a Palavra de Deus, porém essa mesma Palavra nos apresenta diretrizes comportamentais relacionadas 12 aos que questionam nossa fé. Assim sendo, apresentamos as razões para o estudo das falsas doutrinas: (a) Defesa própria. Várias entidades religiosas treinam seus adeptos para ir, de porta em porta, à procura de novos adeptos. Algumas são especializadas em trabalhar com os evangélicos, principalmente os novos convertidos. Os cristãos devem se informar acerca do que os vários grupos ensinam. Só assim poderão refutá-los biblicamente (Tt 1.9). (b) Proteção do rebanho. Um rebanho bem alimentado não dará problemas. Devemos investir tempo e recursos na preparação dos membros da Igreja. Escolas bíblicas bem administradas ajudam nosso povo a conhecer melhor a Palavra de Deus. Um curso de batismo mais extensivo, abrangendo detalhadamente as principais doutrinas, refutando as argumentações dos sectários e expondo-lhes a verdade será útil para proteger os recém convertidos dos ataques das seitas. (c) Evangelização. O fato de conhecermos o erro em que se encontram os sectários nos ajuda a apresentar-lhes a verdade de que necessitam. Entre eles se encontram muitaspessoas sinceras que precisam se libertar e conhecer a Palavra de Deus. Os adeptos das seitas também precisam do Evangelho. Se estivermos preparados para abordá-los e demonstrar a verdade em sua própria Bíblia, poderemos ganhá-los para Cristo. (d) Missões. Desempenhar o trabalho de missões requer muito mais que se deslocar de uma região para outra ou de um país para outro. Precisamos conhecer a cultura onde vamos semear o Evangelho. Junto à cultura teremos a religiosidade nativa. Conhecer antecipadamente tais elementos nos dará condições para alcançá-los adequadamente. Uma objeção levantada por alguns é esta: Não gosto de falar contra outras religiões. Fomos chamados para pregar o Evangelho. Concordamos plenamente, todavia lembramos que o apóstolo Paulo foi chamado para pregar o Evangelho e disse não se envergonhar dele (Rm 1.16). Disse também que Cristo o chamou para defender esse mesmo Evangelho (Fp 1.16). A objeção mais comum é a seguinte: Jesus disse para não julgarmos, pois com a mesma medida que julgarmos, também seremos julgados. Quem somos nós para julgar? Ora, o contexto mostra que Jesus não estava proibindo todo e qualquer julgamento, pois no versículo 15, ele alerta: Seitas e Heresias 13 acautelai-vos dos falsos profetas. Como poderíamos nos acautelar dos falsos profetas se não pudéssemos identificá-los? Não teríamos de emitir um juízo classificando alguém como falso profeta? Concluímos, portanto, que há juízos estabelecidos em bases corretas, mas, para isso, é preciso usar um padrão correto de julgamento e, no caso, esse padrão é a Bíblia (Is 8.20). Há exemplos nas Escrituras de que nem todo juízo é incorreto. Certa vez Jesus disse: julgaste bem (Lc 7.43). Paulo admitiu que seus escritos fossem julgados (1Co 10.15). Disse mais: O que é espiritual julga bem todas as coisas (1Co 2.15). 1.4 A caracterização da seita O método mais eficiente para se identificar uma seita é conhecer os quatro caminhos seguidos por elas, ou seja, o da adição, subtração, multiplicação e divisão. As seitas conhecem as operações matemáticas, contudo nunca atingem o resultado satisfatório. 1.4.1 Adição O grupo adiciona algo à Bíblia; têm outras fontes doutrinárias além da Bíblia; crêem apenas em partes da Bíblia; admitem e aceitam como "inspirados" escritos de seus fundadores ou de pessoas que repartem com eles boa dose daquilo em que crêem. Alguns chegam até desacreditar da Bíblia, da qual fazem muitas restrições (2Tm 3.16). Alguns exemplos: (a) Adventismo do Sétimo Dia. Seus adeptos têm os escritos de Ellen White como inspirados tanto quanto os livros da Bíblia. Declaram: Cremos que Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo, e seus escritos, o produto dessa inspiração, têm aplicação e autoridade especial para os adventistas do sétimo dia. Negamos que a qualidade ou grau de inspiração dos escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas Escrituras Sagradas. Essa alegação é altamente comprometedora. Diversas profecias escritas por Ellen White não se cumpriram. Isso põe em dúvida a alegação de inspiração e sua fonte. (b) As Testemunhas de Jeová (TJs) crêem que somente com a mediação do corpo governante (diretoria das TJ, formada por um número variável entre 9 e 14 pessoas, nos EUA), a Bíblia será entendida. Declaram: Meramente ter a Palavra de Deus e lê-la não basta para adquirir o conhecimento exato que coloca a pessoa no caminho da vida. A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa quanto leiamos a Bíblia. Essa afirmação iniciou-se com o 14 seu fundador, C. T. Russell. Ele afirmava que seus livros explicavam a Bíblia de uma forma única. A Bíblia fica em segundo plano nos estudos das TJ. É usada apenas como um livro de referência. A revista A Sentinela tem sido seu principal canal para propagar suas afirmações. O candidato ao batismo das TJ deve saber responder aproximadamente 125 perguntas. A maioria nega a doutrina bíblica evangélica. Certamente, com a literatura das TJ é impossível compreender a Bíblia. Somente a Palavra de Deus contém ensinos que conduzem à vida eterna. Adicionar-lhe algo é altamente perigoso! (Ap 22.18,19). (c) Nessa mesma linha estão os mórmons, que dizem crer na Bíblia, desde que sua tradução seja correta. Eles acham que o Livro de Mórmon é mais perfeito que a Bíblia. Outros livros também são considerados inspirados. Usam também a Bíblia apenas como livro de referência. Citam as variantes textuais dos manuscritos como argumento de que a Bíblia não seja fidedigna. Ignoram, porém, que a pesquisa bíblica tem demonstrado a fidedignidade da Palavra de Deus. (d) Os Meninos de Deus (A Família) dizem que é melhor ler os ensinamentos de David Berg, seu fundador, do que ler a Bíblia. Práticas abomináveis, segundo a moral bíblica, são praticadas nessa seita! (e) A Igreja da Unificação, do Rev. Moon julga ser seu princípio divino de inspiração mais elevado que a Bíblia. Outro exemplo da conseqüência de abandonar as Escrituras é observado nesse movimento. Além da Bíblia, rejeitam também o Messias e seguem um outro senhor. (f) Os Kardecistas não têm a Bíblia como base, mas a doutrina dos espíritos, codificada por Allan Kardec. Usam um outro Evangelho. Procuram interpretar as parábolas e ensinos de Jesus Cristo segundo uma perspectiva espírita e reencarnacionista. A Palavra de Deus é bem clara quanto às atividades espíritas e suas origens. (g) A Igreja de Cristo Internacional (Boston) interpreta a Bíblia segundo a visão de Kipp Mckean, o seu fundador. Um sistema intensivo de discipulado impede outras interpretações. Qualquer resistência do discípulo, referindo-se à instrução, desencadeará uma retaliação social. Resposta Apologética: O apóstolo Paulo diz que as Sagradas Letras tornam o homem sábio para a salvação pela fé em Jesus (2Tm 3.15); logo, se alguém Seitas e Heresias 15 ler a Bíblia, somente nela achará a fórmula da vida eterna: crer em Jesus. A Bíblia relata a história do homem desde a antiguidade. Mostra como ele caiu no lamaçal do pecado. Não obstante, declara que Deus não o abandonou, mas enviou seu Filho Unigênito para salvá-lo. Assim, lendo a Bíblia, o homem saberá que sem Jesus não há salvação. Ele não procurará a salvação em Buda, Maomé, Krishna ou algum outro, nem mesmo numa organização religiosa; pois a Bíblia é absoluta e verdadeira ao enfatizar que a salvação do homem vem exclusivamente por meio de Jesus (Jo 1.45; 5.39-46; Lc 24.27, 44; At 4.12; 10.43; 16.30-31; Rm 10.9-10). 1.4.2 Subtração Jesus não é o centro das atenções: As seitas falsas, de um modo geral subestimam o valor de JESUS. As orientais têm os seus deuses ou profetas que colocam acima de tudo e os ocidentais ou substituem JESUS por outro "Cristo" ou colocam o Filho de Deus em segundo lugar, tirando-lhe a divindade e os atributos divinos. Exemplo: Êx 20.1-6, Sl 16.1-4, Sl 115.1-11. Por exemplo: (a) A Maçonaria vê Jesus simplesmente como mais um fundador de religião, ao lado de personalidades mitológicas, ocultistas ou religiosas, tais como, Orfeu, Hermes, Trimegisto, Krishna, (o deus do Hinduísmo), Maomé (profeta do Islamismo), entre outros. Se negarmos o sacrifício de Jesus Cristo e sua vida, estaremos negando também o Antigo Testamento, que o mencionava como Messias. Ou cremos integralmente na Palavra de Deus como revelação completa e, portanto, nas implicações salvíficas que há em Jesus Cristo, ou a rejeitamos integralmente. Não há meio termo. (b) A Legião da Boa Vontade (LBV) subtrai a natureza humana de Jesus, dizendo que Jesus possui apenas um corpo aparente ou fluídico, além de negar sua divindade,dizendo que ele jamais afirmou que fosse Deus. 12 Outros grupos também subtraem a divindade de Jesus: as Testemunha de Jeová dizem que ele é um anjo, a primeira criação de Jeová. Os Kardecistas ensinam que Jesus foi apenas um médium de Deus etc. Resposta Apologética: A Bíblia ensina que Jesus é Deus (Jo 1.1; 20.28; Tt 2.13; 1Jo 5.20 etc). Assim sendo, não pode ser equiparado meramente com seres humanos ou mitológicos, nem mesmo com os anjos, que o adoram (Hb 1.6). A Bíblia atesta a autêntica humanidade de Jesus, pois nasceu como homem (Lc 2.7), cresceu como homem (Lc 2.52), sentiu fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.28), comeu e bebeu (Mt 11.19; Lc 7.34) dormiu (Mt 8.24), suou sangue (Lc 22.44) etc. 16 1.4.3 Multiplicação Pregam a auto-salvação. Crer em Jesus é importante, mas não é tudo. A salvação é pelas obras. Às vezes, repudiam publicamente o sangue de Jesus: (a) A Seicho-No-Iê nega a eficácia da obra redentora de Jesus e o valor de seu sangue para remissão de pecados, chegando a dizer que se o pecado existisse realmente, nem os Budas todos do Universo conseguiriam extingui-lo, nem mesmo a cruz de Jesus Cristo conseguiria extingui-lo. (b) Os Mórmons afirmam crer no sacrifício expiatório de Jesus, mas sem o cumprimento das leis estipuladas pela igreja não haverá salvação. Outro requisito foi exposto pelo profeta Brigham Young, que disse: Nenhum homem ou mulher nesta dispensação entrará no reino celestial de Deus sem o consentimento de Joseph Smith. Por isso, eles têm grande admiração por Smith. (c) Doutrinas semelhantes são ensinadas pela Igreja da Unificação do Rev. Moon, que desdenha os cristãos por acharem que foram salvos pelo sangue que Jesus verteu na cruz, chegando a dizer. As Testemunhas de Jeová ensinam que a redenção de Cristo oferece apenas a oportunidade para alguém alcançar sua própria salvação por meio das obras. Jesus simplesmente abriu o caminho. O restante é com o homem. Uma de suas obras diz: Trabalhamos arduamente com o fim de obter nossa própria salvação. Os adventistas crêem que a vida eterna só será concedida aos que guardarem a lei. A guarda obrigatória do Sábado é essencial para a salvação. Resposta Apologética: A Bíblia declara que todo aquele que nega a existência do pecado está mancomunado com o diabo, o pai da mentira (Jo 8.44 comparado com 1Jo 1.8). A eficácia do sangue de Cristo para cancelar os pecados nos é apresentado como a mensagem central da Bíblia (Ef 1.7; 1 Jo 1.7-9; Ap 1.5). Com respeito à salvação pelas obras, a Bíblia é clara ao ensinar que somos salvos pela graça, por meio da fé, e isso não vem de nós, é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se glorie (Ef 1.8-9). Praticamos boas obras não para sermos salvos, mas porque somos salvos em Cristo Jesus, nosso Senhor. As obras são o resultado da salvação, não o seu agente. O valor das obras está em nos disciplinar para a vida cristã (Hb 12.5-11; 1Co 11.31,31). Seitas e Heresias 17 1.4.4 Divisão Dividem a fidelidade entre Deus e a organização. Desobedecer à organização ou à igreja equivale a desobedecer a Deus. Não existe salvação fora do seu sistema religioso. Quase todas as seitas pregam isso, sobretudo as pseudocristãs, que se apresentam como a restauração do cristianismo primitivo, que, segundo ensinam, sucumbiu à apostasia, afastando-se dos verdadeiros ensinos de Jesus. Acreditam que, numa determinada data, o movimento apareceu por vontade divina para restaurar o que foi perdido. Daí a ênfase de exclusividade. Outras, quando não pregam que são o Cristianismo redivivo, ensinam que todas as religiões são boas, contudo somente a sua será responsável por unir todas as demais, segundo o plano de Deus, pois ela foi criada para esse fim, como é o caso da fé Bahá’í e outros movimentos ecléticos. Resposta Apologética: O ladrão arrependido ao lado de Jesus entrou no Céu sem ser membro de nenhuma dessas seitas (Lc 23.43), pois o pecador é salvo quando se arrepende (Lc 13.3) e aceita a Jesus como Salvador único e pessoal (At 16.30-31). Desse modo, ensinar que uma organização religiosa possa salvar é pregar outro evangelho (2Co 11.4; Gl 1.8), portanto divide a fidelidade a Deus com a fidelidade à organização e tira de Jesus a sua exclusividade de conduzir-nos ao Pai (Jo 14.6). Não há salvação sem Jesus (At 4.12; 1Co 3.11). 1.5 Como abordar os adeptos das seitas O pesquisador Jan Karel Van Baalen afirma: Os adeptos das seitas são as pessoas mais difíceis de evangelizar. Dentre as razões apresentadas por Van Baalen, apontamos as seguintes: (a) Os adeptos das seitas não são pessoas que devem ser despertadas para a religião. O herege deixou a fé tradicional em que foi criado e adotou, segundo pensa, coisa melhor, chegando até mesmo a hostilizá-la. Ele renunciou o plano de Deus para salvação em troca de algum sistema de auto-salvação. Assim, para ele, a afirmação do profeta: todas as nossas justiças são como trapo de imundícia (Is 64.6) não reflete a verdade de Deus. (b) O sectário bem informado é consciente das falhas da religião protestante e evangélica. Ele não consegue entender a variedade denominacional. Além disso, pensa que sabe tudo acerca de sua fé e 18 está convencido de que conhece mais acerca do que cremos do que nós mesmos. (c) Muitos adeptos fizeram sacrifícios, contrariaram os seus familiares, suportaram a zombaria dos amigos etc. Como reconhecer agora que estão errados e a paz que encontraram não é verdadeira. 1.6 O Que é uma Heresia Heresia é toda doutrina que em matéria de fé sustenta opiniões contrárias às da Palavra de Deus. (Gl 5.20; 1Co 11.9; 2Pe 2.1). Muitos cristãos julgam desnecessário o estudo dessa matéria, afirmando que não interessa estudar heresias, mas apenas a Palavra de Deus. Entretanto, dentre muitos outros motivos, julgamos os seguintes para estudarmos as heresias, pois estudo das mesmas: (a) Nos capacita a combatê-las. Precisamos conhecer o inimigo que vamos enfrentar. Quanto mais conhecermos suas táticas e sua natureza, mais teremos possibilidades de vencê-lo. "Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue Evangelho que vá além do que temos pregado, seja anátema" (Gl 1.8). (b) Nos auxilia na evangelização. Não sabemos quais os tipos de pessoas que vamos encontrar quando pregamos o Evangelho. Conhecendo seu credo e suas doutrinas, teremos maior facilidade para falar do Amor de Deus. E necessário que o cristão conheça a verdade para combater a mentira, daí dizer que além do conhecimento das seitas falsas o cristão deve possuir um bom conhecimento da Bíblia, a Palavra de Deus (2Co 2.12,13; Fp 1.9; 1Ts 5.21,22; 1Jo 4.1). (c) Aumenta nossa fé. Quando nos deparamos com as doutrinas das falsas seitas temos mais segurança naquilo em que temos crido, daí podermos dizer como Paulo: "... porque sei em quem tenho crido, e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia" (2Tm 1.12). (d) Aumenta nossa responsabilidade. Ser contrário ao erro e à mentira sem vestir a armadura da verdade é falta de responsabilidade cristã. "Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade, e vestindo-vos da couraça da justiça... tomai também o capacete da salvação e a Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus..." (Ef 6.14,17). Seitas e Heresias 19 1.6.1 Como Identificar uma Heresia Não é muito difícil para o cristão sincero identificar uma heresia. Existem alguns aspectos básicos que observados mostrarão a moderna estratégia do diabo, que é a conquista das mentes. A batalha encetada no momento em todo o mundo é uma batalha mental, onde as falsas ideologias, falsas filosofias e falsas crenças subestimama Palavra de Deus. (a) Desarmonia com a Bíblia. No trato com as doutrinas da Bíblia, podemos dividir os argumentos da seguinte maneira: Argumento Bíblico; Argumento extra-bíblico; Argumento anti-bíblico. O argumento Bíblico é aquele extraído da Bíblia, em uma interpretação correta e lógica. Foi o argumento usado por Jesus em uma sinagoga em Nazaré acerca de sua missão (Lc 4.16-22). O argumento extra- bíblico é o argumento que não tem base na Bíblia, entretanto não se choca com os seus ensinamentos. Muitos pregadores usam argumentos extra-bíblicos para transmitir seus sermões; isso deve ser feito com muita cautela e é necessário uma certa dose de segurança por parte de quem o está usando. O argumento anti- bíblico é aquele que fere, torce, subtrai, acrescenta ou se choca com as verdades enunciadas na Palavra de Deus. Aqui encontramos as heresias que são anti-bíblicas, desarmonizam-se com os ensinamentos do cristianismo. Algumas vezes são fundamentadas em um versículo ou uma expressão isolada da Bíblia, quando basta um pequeno conhecimento dos princípios auxiliares da Hermenêutica para refutá-las. (b) Unilateralidade de apreciação doutrinária. Em muitos casos a heresia é caracterizada pelo fato de "escolher" uma doutrina para nela descarregar suas atenções em detrimento das outras. Afirma-se, por exemplo, a divindade de Cristo, abandonando-se sua humanidade ou vice-versa; dá-se ênfase à unidade de Deus e se obscurece a doutrina da Trindade; preocupa-se com o corpo do homem e se esquece da sua alma ou do seu espírito. (c) Contradição com os fatos. Histórias e doutrinas baseadas em fatos que não fornecem base para tal; incredulidade para com ensinamentos baseados em fatos reais, Bíblicos ou com raízes Bíblicas. Infelizmente muitos bons cristãos têm sido enganados por coisas deste jaez. (d) Incoerência lógica. Nada impede que o bom senso e a razão sejam usados em matéria de religião. A maioria das heresias não resiste a um confronto lógico com a história, ciência, Bíblia ou com a religião 20 propriamente dita. A Bíblia prevê o surgimento e a evolução das heresias como um sinal dos tempos (1Tm 4.1; 2Pe 2.1). 1.7 Os "Ismos" do Pensamento Humano A busca do saber por parte do homem é conhecida teoricamente por Filosofia, de phílos, "amigo", "amante", e sophía, "conhecimento, saber", formado do adjetivo e substantivo gr. philósophos, "que ama o saber", "amigo do conhecimento". A filosofia, segundo a tradição que remonta a Aristóteles, começa historicamente no século VI a.C., nas colônias gregas da Ásia Menor, entretanto, sabemos que o ser humano começou a filosofar desde que intentou no seu coração afastar-se de Deus (Gn 3.1-7). Infelizmente, o pensamento humano, no intuito de descobrir ou redescobrir sua natureza, origem e razão de ser, tem criado os "ísmos" que na realidade afastam cada vez mais a criatura do seu Criador. A pregação apostólica combate ferrenhamente a filosofia (1Co 1.22; Cl 2.8; 1Tm 6.20) ou sabedoria dos gregos e ensina que a verdadeira sabedoria vem do alto, de Deus e nunca de esforços humanos: "Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida" (Tg 1.5). Reunimos aqui as escolas de pensamento filosófico mais conhecidas, e as suas falsas filosofias, no intuito de mostrar ao leitor uma síntese do esforço inútil do homem através dos séculos no propósito de adquirir a sua própria salvação ou redenção. O mais importante é que essas escolas de pensamento fornecem às falsas religiões e seitas o material necessário à sua pregação. Há vestígios de uma ou mais filosofias seculares no contexto doutrinário de cada religião ou seita falsa em detrimento das verdades divinas registradas na Palavra de Deus. Um exame cuidadoso e sincero mostrará isso. (a) Agnosticismo. O vocábulo ing. agnosticism foi forjado em 1869 por Thomas H. Huxley, calcado, por oposição ao gnosticismo, no adjetivo gr. ágnõstos, "ignorante, incognoscível". Filosofia naturalista e afeita às coisas e relações da ciência experimental. É o sistema que ensina que não sabemos, nem podemos saber se Deus existe ou não. Dizem: a mente finita não pode alcançar o infinito. Ora, não podemos abarcar a terra, mas podemos tocá-la! (1Jo 1.1). A frase predileta do Agnosticismo é: "Não podemos crer". Um resumo de seu ensino é o seguinte: o ateísmo é absurdo, porque ninguém pode provar que Seitas e Heresias 21 Deus não existe. O teísmo não é menos absurdo, porque ninguém pode provar que Deus existe. Não podemos crer sem provas evidentes. Mentores do Agnosticismo: Huxley, Spencer e outros. Estão todos puramente enganados, porque Deus é facilmente compreensível pela alma sequiosa, honesta e constante (Cf. Rm 1.20). (b) Animismo. Uma das características do pensamento primitivo, que consiste em atribuir a todos os seres da natureza uma ou várias almas. Segundo Edward Burnett Tylor (1832-1917) é também toda a doutrina de índole espiritualista, em oposição ao materialismo. Essa teoria considera a alma como a causa primária de todos os fatos. (c) Ascetismo. Teoria e prática da abstinência e da mortificação dos sentidos. Tem como objetivo assegurar a perfeição espiritual, submetendo o corpo à alma. Há ainda o ascetismo natural (busca da perfeição por motivos independentes das relações do homem com Deus) que foi praticado pela escola pitagórica. É muito praticado pelas religiões e seitas orientais. (d) Ateísmo. Teoria que nega a existência de um Deus pessoal. Desde a Renascença, o termo passou a indicar a atitude de quem não admite a existência de uma divindade. Chamam-se ateus os que não admitem a existência de um ser Absoluto, dotado de individualidade e personalidade reais, livre e inteligente. (e) Ceticismo. Se caracteriza por uma atitude antidogmática de indagação, que torne evidente a inconsistência de qualquer posição, definindo como única posição justa a abstenção de aceitá-las. Foi fundada por Pirro, filósofo grego em 360 a.C. Ensina que visto que só as sensações, instáveis ou ilusórias, podem ser a base dos nossos juízos sobre a realidade, deve-se praticar o repouso mental em que há insensibilidade e em que nada se afirma ou se nega, de modo a atingir a felicidade pelo equilíbrio e a tranqüilidade. Tais pessoas não vivem, vegetam. (f) Deísmo. O deísmo distingue-se radicalmente do teísmo. Para o teísmo, Deus é o autor do mundo, entidade pessoal revelada aos homens, dramaticamente, na história. Para o deísmo, Deus é o princípio ou causa do mundo, infuso ou difuso na natureza, como o arquiteto do universo. Elaborado dentro do contexto da chamada religião natural, cujos dogmas são demonstrados pela razão, o conceito deísta de Deus pode confundir-se com o conceito de uma lei, no sentido racional-natural do termo. Trata-se do Deus de todas 22 as religiões e seu conceito não está associado às idéias de pecado e redenção, providência, perdão ou graça, considerados "irracionais". É antes um Deus da natureza do que um Deus da humanidade e, como um eterno geômetra, mantém o universo em funcionamento, como se fosse um relógio de precisão. O deísmo surgiu dentro do contexto dos primórdios do racionalismo sob a influência de Locke e Newton. Voltaire, um dos maiores contestadores da Bíblia dos últimos tempos, era deísta. (g) Dualismo. Em sentido técnico rigoroso, dualismo significa a doutrina ou o sistema filosófico que admite a existência de duas substâncias, de dois princípios ou de duas realidades como explicação possível do mundo e da vida, mas irredutíveis entre si, inconciliáveis, incapazes de síntese final ou de subordinação de um ao outro. No sentido religioso sãotambém dualistas as religiões ou doutrinas que admitem duas divindades sendo uma positiva, princípio do bem, e outra, sua oposta, destruidora, negativa, princípio do mal operando na natureza e no homem. (h) Ecletismo. Sistema filosófico que procura conciliar teses de sistemas diversos conforme critérios de verdade determinados. Procura aproveitar o que há de melhor de todos os sistemas. No século XIX o ecletismo espiritualista, que se preocupava com o uso do método introspectivo, deu origem ao chamado espiritualismo contemporâneo. (i) Empirismo. Posição filosófica segundo a qual todo o conhecimento humano resultaria da experiência (sensações exteriores ou interiores) e não da razão ou do intelecto. Afirma que o único critério de verdade consistiria na experiência. É essa a teoria do "ver para crer". (j) Epicurismo. Nome que recebe a escola filosófica grega fundada por Epícuro (341-270 a.C.). Afirma o princípio do prazer como valor supremo e finalidade do homem, e prescreve: aceitar todo prazer que não produza dor; evitar toda dor que não produza prazer; evitar o prazer que impeça um prazer ainda maior, ou que produza uma dor maior do que este prazer; suportar a dor que afaste uma dor ainda maior ou assegure um prazer maior ainda. Por prazer entende a satisfação do espírito, proveniente de corpo e alma sãos, e nunca de Deus. Buscar prazer e satisfação apenas na saúde ou no intelecto é não ter desejo de encontrar a verdadeira fonte da felicidade. (k) Esoterismo. Doutrina secreta só comunicada aos iniciados. O esoterismo é ocultista e caracteriza-se pelo estudo sistemático dos símbolos. Há simbologia em tudo o que existe e no estudo dessa Seitas e Heresias 23 simbologia o homem poderá compreender as razões fundamentais de sua existência. Vem a ser uma ramificação do Espiritismo. (l) Espiritualismo. Denominação genérica de doutrinas filosóficas segundo as quais o espírito é o centro de todas as atividades humanas, seja este entendido por substância psíquica, pensamento puro, consciência universal, ou vontade absoluta. O espírito é a realidade primordial, o bem supremo. O Espiritualismo é dualista, pluralista, teísta, panteísta e agnóstico. E o espiritismo com um nome mais sofisticado. E doutrina de demônios. Aceita a reencarnação e a evolução do espírito. (m) Estoicismo. Escola filosófica grega fundada por Zenão de Cítio (334- 262 a.C.), sua doutrina e a de seus seguidores. O nome deriva do gr. stoa (portada) porque Zenão ensinava no pórtico de Pecilo em Atenas. O estoicismo afirma que a sabedoria e a felicidade derivam da virtude. Essa consiste em viver conforme a razão, submetendo-se às leis do universo, a fim de obter-se a imperturbabilidade de espírito (ataraxia). E uma forma de panteísmo empirista que pretende tornar o homem insensível aos males físicos pela obediência irrestrita às leis do universo. (n) Evolucionismo. O Evolucionismo é uma filosofia científica que ensina que o cosmos desenvolveu-se por si mesmo, do nada, bem como o homem e os animais que existem por desenvolvimento do imperfeito até chegar ao presente estado avançado. Tudo por meio de suas próprias forças. É preciso mais fé para crer nas hipóteses da Evolução do que para crer nos ensinos da Bíblia, isto é, que foi Deus que criou todas as coisas (Gn 1.1; 1.21,24, 25). (o) Gnosticismo. Do verbo gr. gnõstikós "capaz de conhecer, conhecedor". Significa, em tese, o conhecimento místico dos segredos divinos por via de uma revelação. Esse conhecimento compreende uma sabedoria sobrenatural capaz de levar os indivíduos a um entendimento completo e verdadeiro do universo e, dessa forma, à sua salvação do mundo mau da matéria. Opõe-se radicalmente ao mundo e ensina a mortificação do corpo e a rejeição de todo prazer físico. É panteísta e, segundo a tradição, (Atos 8.9-24) deve-se a Simão Mago com o qual o apóstolo Pedro travou polêmica em Samaria a sua difusão no meio cristão. (p) Humanismo. É a filosofia que busca separar o homem e todo o seu relacionamento, da idéia de Deus. O homem, nessa filosofia, é o centro de todas as coisas, o centro do universo e da preocupação 24 filosófica. O seu surto se verificou no fim do século XIV. Marx é o fundador do humanismo comunista. (q) Liberalismo. É liberdade mental sem reservas. Esse sistema afirma que o homem em si mesmo é bom, puro e justo. Não há um inferno literal. O nosso futuro é incerto, a Bíblia é falível e Deus é um Pai universal, de todos, logo, por criação somos todos seus filhos, tendo nossa felicidade garantida. (r) Materialismo. Afirma que a filosofia deve explicar os fenômenos não por meio de mitos religiosos, mas pela observação da própria realidade. Ensina que a matéria, incriada e indestrutível, é a substância de que todas as coisas se compõem e à qual todas se reduzem e que a geração e a corrupção das coisas obedecem a uma necessidade não sobrenatural, mas natural, não ao "destino", mas a leis físicas. Segundo essa filosofia, a alma faz parte da natureza e obedece às mesmas leis que regem seu movimento e o homem é matéria, como todas as demais coisas. (s) Monismo. Os sistemas monistas são variados e contraditórios, entretanto têm uma nota comum: é a redução de todas as coisas e de todos os princípios à unidade. A substância, as leis lógicas ou físicas e as bases do comportamento se reduzem a um princípio fundamental, único ou unitário, que tudo explica e tudo contém. Esse princípio pode ser chamado de "deus", "natureza", "cosmos", "éter" ou qualquer outro nome. (t) Panteísmo. Do gr. pas, pan, "tudo, todas as coisas" e théos, "deus". Como o próprio nome sugere, é a doutrina segundo a qual Deus e o mundo formam uma unidade; são a mesma coisa, constituindo-se num todo indivisível. Deus não é transcendente ao mundo, dele não se distingue nem se separa; pelo contrário, lhe é imanente, confunde- se com ele, dissolve-se nele, manifesta-se nele e nele se realiza como uma só realidade total, substancial. (u) Pietismo. Teve início no século XVIII através da obra de Philip Spener e August Francke. E uma teoria do protestantismo liberal que dá ênfase à correção doutrinária sem deixar lugar para a experiência da fé. Interpreta as doutrinas do Cristianismo apenas à luz da experiência sentimental de cada indivíduo. (v) Pluralismo. Não é bem uma Escola de Pensamento, mas uma doutrina que aceita a existência de vários mundos ou planos habitados, oferecendo um âmbito universal para a evolução do Seitas e Heresias 25 espírito. Naturalmente, para cada "mundo", um tipo de "deus". É a doutrina desposada pelas filosofias espíritas ou espiritualistas. (w) Politeísmo. Crença em mais de um Deus. As forças e elementos da natureza são deuses. Há deuses para os sentimentos, para as atividades humanas e até mesmo deuses domésticos. Os hindus têm milhões de deuses que associam às suas diversas religiões. (x) Positivismo. Doutrina filosófica pregada por Auguste Comte, (1798- 1857) que foi inspirado a criar uma religião da humanidade. Em 1848 fundou a Sociedade Positivista, da qual se originou a Igreja Positivista. O positivismo religioso ensina que nada há de sobrenatural ou transcendente. Suas crenças são todas baseadas na ciência, com culto, templos e práticas litúrgicas. É o culto às coisas criadas em lugar do Criador (Rm 1.25). (y) Racionalismo. A expressão racionalismo deriva do substantivo razão e, como indica o próprio termo, é a filosofia que sustenta a primazia da razão, da capacidade de pensar. Considera a razão como a essência do real, tanto natural quanto histórico. Ensina que não se pode crer naquilo que a razão desconhece ou não pode esquadrinhar. (z) Unitarismo.Fundado na Itália por Lélio e Fausto Socino. Segue a linha racionalista de Erasmo de Rotterdan. Filosofia religiosa que nega a Divindade de Jesus Cristo, embora o venere. É uma filosofia criada dentro do protestantismo que afirma dentre outras coisas, a salvação de todos. Não crê em toda a Bíblia, no pecado nem na Trindade. Semelhante ao Universalismo. (aa) Universalismo. Pensamento religioso da Idade Média que estendia a salvação ou redenção a todo gênero humano. É, talvez, o precursor do movimento ecumênico moderno. O centro da história é o povo judeu, por sua aliança com Deus e depois, a Igreja cristã. Afirma que a redenção é universalmente imposta a todas as criaturas. 26 Seitas e Heresias 27 Capítulo 2 Catolicismo Romano O Catolicismo, do grego katholikos (καθολικος), com o significado de “geral” ou “universal”, é um nome religioso aplicado a dois ramos do cristianismo. Em uso casual, quando as pessoas falam de “católicos” ou de “catolicismo”, geralmente pretendem indicar os aderentes à Igreja Católica Romana. No entanto, no seu sentido geral (sem o C maiúsculo), o nome é usado por muitos cristãos que acreditam que são os descendentes espirituais dos Apóstolos em vez de parte de uma sucessão apostólica física, como defendem os católicos romanos. O Credo dos Apóstolos, que diz “Eu acredito [...] na santa igreja católica...” é recitado todas as semanas em milhares de igrejas Católicas. No seu sentido mais estreito, o termo é usado para referir a Igreja Católica Apostólica Romana, sob o Papado. Esta igreja afirma ter mais de um bilhão de aderentes, o que a transforma na maior denominação cristã do mundo. As suas características distintivas são a aceitação da autoridade do Papa, o Bispo de Roma, e a comunhão com ele, e aceitarem a sua autoridade em matéria de “fé” e “moral” e a sua afirmação de “total, supremo e universal poder sobre toda a Igreja”. Esta denominação é freqüentemente chamada Igreja Católica Romana, muito embora o seu nome formal seja apenas “Igreja Católica”. Uma grande minoria de Cristãos não se descreve como “Católica”, se bem que provavelmente se considere “católica” (com c minúsculo). No cristianismo ocidental, as principais fés a se considerarem “Católicas”, para lá da Igreja Católica Romana, são a Igreja Católica Antiga, a Velha Igreja Católica, a Igreja Católica Liberal, a Associação Patriótica Católica Chinesa e alguns elementos anglicanos (os “Anglicanos da Alta Igreja”, ou os “Anglo- Católicos”). Estes grupos têm crenças e praticam rituais religiosos semelhantes aos do Catolicismo Romano, mas diferem substancialmente destes no que diz respeito ao estatuto, poder e influência do Bispo de Roma. As várias igrejas da Ortodoxia de Leste e Ortodoxia Oriental pensam em si próprias como igrejas Católicas no sentido de serem a Igreja “universal”. As igrejas Ortodoxas vêem geralmente os “Católicos” Latinos como cismáticos heréticos que saíram da “verdadeira igreja católica e apostólica”. Não estão em comunhão com o Papa e não reconhecem a sua reivindicação à chefia da 28 Igreja universal enquanto instituição terrena. Existem também Católicos de Rito Oriental cuja liturgia se assemelha à dos Ortodoxos, e que também permitem a ordenação de homens casados, mas que reconhecem o Papa Romano como chefe da sua igreja. Alguns grupos chamam a si próprios Católicos, mas esse qualificativo é questionável: por exemplo, a Igreja Católica Liberal, que se originou como uma dissensão da Velha Igreja Católica, mas que incorporou tanta teosofia na sua doutrina que já pouco tem em comum com o Catolicismo. 2.1 Cargos da Igreja Católica Romana Estruturalmente, o Catolicismo Romano é uma das religiões mais centralizadas do mundo. O seu chefe, o papa, governa-a desde a Cidade do Vaticano, um estado independente no centro de Roma, também conhecido na diplomacia internacional como a Santa Sé. O Papa é selecionado por um grupo de elite de Cardeais, conhecidos como Príncipes da Igreja. Só o Papa pode selecionar e nomear todos os clérigos da Igreja acima do nível e padre. Todos os membros da hierarquia respondem perante o Papa e a sua corte papal, chamada Cúria. Os Papas exercem o que é chamada Infalibilidade Papal, isto é, o direito de definir declarações definitivas de ensinamento Católico Romano em matérias de fé e moral. Na realidade, desde a sua declaração no Concílio Vaticano Primeiro, em 1870, a infalibilidade papal só foi usada uma vez, pelo Papa Pio XII, nos anos 50. A autoridade do Papa vem da crença de que ele é o sucessor direto de S. Pedro e, como tal, o Vigário de Cristo na Terra. A Igreja tem uma estrutura hierárquica de títulos que são em ordem descendente: (a) Papa, o bispo de Roma e também Patriarca do Ocidente. Os que o assistem e aconselham na liderança da igreja são os Cardeais. (b) Patriarcas são os chefes das Igrejas Católicas que não são a Igreja Latina. Alguns dos grandes arcebispos Católicos Romanos também são chamados Patriarcas; entre estes se contam o Arcebispo de Lisboa e o Arcebispo de Veneza. (c) Bispo (Arcebispo e Bispo Sufragário): são os sucessores diretos dos doze apóstolos. (d) Padre (Monsenhor é um título honorário para um padre, que não dá quaisquer poderes sacramentais adicionais): inicialmente não havia Padres per se. Esta posição evoluiu a partir dos Bispos suburbanos Seitas e Heresias 29 que eram encarregados de distribuir os sacramentos, mas não tinham jurisdição completa sobre os fiéis. Existem ainda cargos menores: Leitor e Acólito (desde o Concílio Vaticano Segundo, o cargo de subdiácono deixou de existir). As ordens religiosas têm a sua própria hierarquia e títulos. Estes cargos tomados em conjunto constituem o clero e no rito ocidental só podem ser ocupados, normalmente, por homens solteiros. No entanto, no rito oriental, os homens casados são admitidos como padres diocesanos, mas não como bispos ou padres monásticos; e em raras ocasiões, permitiu-se que padres casados que se converteram a partir de outros grupos cristãos fossem ordenados no rito ocidental. No rito ocidental, os homens casados podem ser ordenados diáconos permanentes, mas não podem voltar a casar se a esposa morrer ou se o casamento for anulado. O Papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais de entre os próprios membros do Colégio (o processo de eleição, que tem lugar na Capela Sistina, é chamado Conclave). Cada Papa continua no cargo até que morra ou até que abdique (o que só aconteceu duas vezes, e nunca desde a Idade Média). 2.2 Organização regional A unidade geográfica e organizacional fundamental da Igreja Católica é a diocese. Esta corresponde geralmente a uma área geográfica definida, centrada numa cidade principal, e é chefiada por um bispo. A igreja central de uma diocese recebe o nome de catedral, da cátedra, ou cadeira, do bispo, que é um dos símbolos principais do seu cargo. Dentro da diocese, o bispo exerce aquilo que é conhecido como um ordinário, ou seja, a autoridade administrativa principal. Algumas dioceses, geralmente centradas em cidades grandes e importantes, são chamadas arquidioceses e são chefiadas por um arcebispo. Em grandes dioceses e arquidioceses, o bispo é freqüentemente assistido por bispos auxiliares, bispos integrais e membros do Colégio dos Bispos que não chefiam a sua própria diocese. Arcebispos, bispos sufragários (designação freqüentemente abreviada simplesmente para “bispos”), e bisposauxiliares, são igualmente bispos; os títulos diferentes indicam apenas que tipo de unidade eclesiástica chefiam. Muitos países têm vicariatos que apóiam as suas forças armadas. O Colégio dos Cardeais é o conjunto dos bispos católicos romanos que são conselheiros especiais do Papa. Qualquer padre pode ser nomeado Cardeal, desde que se “distinga em fé, moral e piedade”. Se um cardeal que ainda não tiver sido ordenado bispo for eleito Papa, deverá receber a ordenação episcopal mais tarde. Todos os cardeais com menos de 80 anos têm o direito de eleger um novo papa depois da morte do seu predecessor. Os cardeais eleitores são quase sempre membros do clero, mas, no entanto o Papa 30 concedeu no passado a membros destacados do laicado católico (por exemplo, a teólogos) lugares de membro do Colégio, após ultrapassarem a idade eleitoral. A cada cardeal é atribuída uma igreja ou capela (e daí a classificação em bispo cardeal, padre cardeal e diácono cardeal) em Roma para fazer dele membro do clero da cidade. Muitos dos cardeais servem na cúria, que assiste o Papa na administração da Igreja. Todos os cardeais que não são residentes em Roma são bispos diocesanos. As dioceses são divididas em distritos locais chamadas paróquias. Ao mesmo tempo em que a Igreja Católica desenvolveu um sistema elaborado de governo global, o catolicismo de dia a dia é vivido na comunidade local, unida em prece na paróquia local. As paróquias são em grande medida auto- suficientes. Uma igreja, freqüentemente situada numa comunidade pobre ou em crescimento, que é sustentada por uma diocese, é chamada “missão”. 2.3 Os sacramentos Dentro da fé católica, os sacramentos são gestos e palavras de Cristo que concedem graça santificadora sobre quem os recebe. O Batismo é dado às crianças e a convertidos adultos que não tenham sido antes batizados validamente (o batismo da maior parte das igrejas cristãs é considerado válido pela Igreja Católica visto que se considera que o efeito chega diretamente de Deus independentemente da fé pessoal, embora não da intenção, do sacerdote). A Confissão ou reconciliação envolve a admissão de pecados perante um padre e o recebimento de penitências (tarefas a desempenhar a fim de alcançar a absolvição ou o perdão de Deus). A Eucaristia (Comunhão) é o sacrifício de Cristo marcado pela partilha do Corpo de Cristo e do Sangue de Cristo que se considera que substituem em tudo menos na aparência o pão e o vinho utilizados na cerimônia. A crença católica romana de que pão e vinho são transformados no Corpo e no Sangue de Cristo chama-se transubstanciação. No sacramento da Confirmação, o presente do Espírito Santo que é dado no batismo é “fortalecido e aprofundado” através da imposição de mãos e da unção com óleo. Na maior parte das igrejas de Rito Latino, este sacramento é presidido por um bispo e tem lugar no início da idade adulta. Nas Igrejas Católicas Orientais o sacramento da crisma é geralmente executado por um padre imediatamente depois do batismo. As Ordens Sagradas recebem-se ao entrar para o sacerdócio e envolvem um voto de castidade. O sacramento das Ordens Sagradas é dado em três graus: o do diácono (desde Vaticano II um diácono permanente pode ser casado antes de se tornar diácono), o de padre e o de bispo. A unção dos doentes era conhecida como “extrema unção” ou “último sacramento”. Envolve a unção de um doente com um óleo sagrado abençoado especificamente para esse fim e já não está limitada aos doentes graves e aos moribundos. Seitas e Heresias 31 2.4 Mandamentos da Igreja (a) Assistir missa inteira nos domingos e dias de guarda. (b) Confessar-se ao menos uma vez por ano. (c) Comungar ao menos pela Páscoa. (d) Jejuar e abster-se de carne quando manda a Igreja. (e) Dias de jejum: quarta-feira de cinzas e sexta-feira santa. (f) Dias de abstinência de carne: sextas-feiras da quaresma. (g) Pagar Dízimos segundo o costume. 2.5 No Brasil os dias santos de guarda são: (a) Santa Maria, Mãe de Deus - 01 de janeiro. (b) Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) - data variável entre maio e junho: 1ª quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. (c) Imaculada Conceição de Maria - 08 de dezembro. (d) Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo - 25 de dezembro. 2.6 Liturgia e Prece O ato de prece mais importante na Igreja Católica Romana é a liturgia Eucarística, normalmente chamada Missa. A missa é celebrada todos os domingos de manhã na maioria das paróquias Católicas Romanas; no entanto, os católicos podem cumprir as suas obrigações dominicais se forem à missa no sábado à noite. Os católicos devem também rezar missa cerca de dez dias adicionais por ano, chamados Dias Santos de Obrigação. Missas adicionais podem ser celebradas em qualquer dia do ano litúrgico, exceto na Sexta-feira Santa. Muitas igrejas têm missas diárias. A missa contemporânea é composta por duas partes principais: a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Eucaristia. Durante a Liturgia da Palavra, são lidas em voz alta uma ou mais passagens da Bíblia, ato desempenhado por um Leitor (um leigo da igreja) ou pelo padre ou diácono. O padre ou diácono lê sempre as leituras do Evangelho e pode também ler de outras partes da Bíblia (durante a primeira, 32 segunda, terceira etc. leituras). Depois de concluídas as leituras, é rezada a homilia (que se assemelha ao sermão protestante) por um padre ou diácono. Nas missas rezadas aos domingos e dias de festa, é professado por todos os católicos presentes o Credo Niceno, que afirma as crenças ortodoxas do catolicismo. A Liturgia da Eucaristia inclui a oferta de pão e vinho, a Prece Eucarística, durante a qual, na concepção católica, o pão e o vinho se transformam na Carne e Sangue de Cristo, e a procissão da comunhão. 2.7 Católicos Não-Praticantes Assim como vem ocorrendo com outras denominações, em algumas partes do globo há um desinteresse crescente da população com o Catolicismo. Tem-se observado esse fenômeno principalmente em partes da América e da Europa. Um reflexo desse desinteresse é uma grande massa de católicos não-praticantes em países como o Brasil e Portugal. Eles afirmam ser adeptos da religião por freqüentar cerimônias como casamentos e batizados, mas não tomam parte regularmente de ritos como a missa aos domingos. Esses católicos muitas vezes discordam dos ensinamentos morais da Igreja por estes não serem adaptados a modelos do mundo contemporâneo como o relativismo cultural, o ceticismo científico, e a liberalidade sexual. No Censo 2000 feito pelo IBGE, 40% dos que responderam ser católico no Brasil dizia ser “não-praticantes”. 2.8 Virgem Maria: Maria como “Nossa Senhora” dos Católicos Maria, segundo a Bíblia, é a mãe de Jesus Cristo. A fonte para o conhecimento da Virgem Maria é o Novo Testamento (Evangelhos, Atos dos Apóstolos e carta aos Gálatas), que traz seu nome na forma grega, Marían, correspondente ao hebraico Miryam, cujo significado é incerto. Encontram-se maior número de informações a seu respeito nos evangelhos de Lucas e Mateus, que dedicam mais espaço à infância de Jesus. O Novo Testamento diz-nos que Maria era uma mulher humilde do povo hebreu; era uma pessoa concreta, historicamente verossímil e longe de ser uma invenção fantasiosa. Os dados estritamente biográficos derivados desse texto dizem-nos que era uma jovem. Nasceu provavelmente em Jerusalém, casou-se com José que era pertencente à tribo de Judá e descendente do Rei David, passando a morar em Nazaré, uma aldeia da Galiléia, da qual saiu para submeter-se ao recenseamento em Belém, por ser esta, terra de seu esposo. Na época de Herodes, deu à luz um filho, Jesus. Devido a tirania do reiHerodes, Deus deu ordem a seu esposo mandando que fossem primeiro para Seitas e Heresias 33 o Egito e depois procurando refúgio em Nazaré. De acordo com a tradição, os seus pais foram Joaquim e Ana. O lugar que Maria ocupa na Bíblia é discreto: ela está totalmente em função de Cristo. Assim como nas igrejas orientais, ortodoxas ou não, no catolicismo romano, Maria é venerada sob inúmeros epítetos. Entre eles destacam-se os de: Nossa Senhora de Fátima (em Portugal); Senhora da Conceição (No Brasil – Senhora de Aparecida ou Senhora da Conceição Aparecida); Senhora da Purificação; Senhora da Saúde; Senhora de Guadalupe; Senhora de Lourdes; Senhora do Carmo; Senhora do Loreto; Senhora do Rosário; Senhora do Socorro; Senhora dos Mártires; Senhora Rainha dos Apóstolos; Virgem Maria; Virgem Maria, Rainha do Céu; Virgem Maria, Rainha do Mundo. 2.9 Festas religiosas 2.9.1 Corpus Christi Corpus Christi é uma festa móvel da Igreja Católica que celebra a presença de Cristo na Eucaristia. É realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade. Em muitas cidades portuguesas e brasileiras é costume ornamentar as ruas por onde passa a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa. No Pará, no município de Capanema é uma tradição os tapetes de serragem colorida cobrindo as ruas por onde passa a procissão de Corpus Christi. Em Castelo (Espírito Santo), no estado do Espírito Santo, as ruas são decoradas com enormes tapetes coloridos formados por flores, serragem colorida e grãos. A instituição da Eucaristia, já celebrada na quinta-feira santa, é hoje festejada com a honra que merece tão grande mistério. Preparada pela florescente piedade eucarística do Século XI, a festa de Corpus Christi foi introduzida na Igreja universal pelo Papa Urbano IV, em 11 de agosto de 1264. O ofício foi composto por Santo Tomás de Aquino o qual, por amor à tradição litúrgica, serviu-se em parte de Antífonas, Lições e Responsórios já em uso em algumas Igrejas. A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma é encontrada desde 1350 (Pe Ireneu GRAMAGLIA e Fr Pascoal DALBOSCO (Coord). Missal romano cotidiano. São Paulo, Paulinas, 1964). 2.10 Renovação carismática católica A renovação carismática, inicialmente conhecida como “movimento católico pentecostal”, ou católicos pentecostais, surgiu em 1966, quando Steve Clark, da Universidade de Duquesne em Pittsburgh, Pensilvânia, Estados Unidos, durante o Congresso Nacional de “Cursilhos de Cristandade”, mencionou o livro “A Cruz e o Punhal”, do pastor John Sherril, sobre o trabalho do pastor 34 David Wilkerson com os drogados de Nova York, falando que era um livro que o inquietava e que todos deveriam lê-lo. Vale lembrar que David Wilkerson faz forte pregação anticatólica em seus textos e pregações. Em 1966, católicos da Universidade de Duquesne reuniam-se para oração e conversas sobre a fé. Eram católicos dedicados a atividades apostólicas, mas, ainda assim, insatisfeitos com a sua experiência religiosa. Em razão disso, e recordando a experiência bíblica do Pentecostes e das primeiras comunidades cristãs cheias do Espírito Santo, decidiram começar a orar para que o Espírito Santo se manifestasse neles. Querendo vivenciar a experiência com o Espírito, foram ao encontro de William Lewis, sacerdote da Igreja Episcopal Anglicana, que por sua vez os levou até Betty de Shomaker, que fazia em sua casa uma reunião de oração pentecostal. Em 13 de janeiro de 1967, Ralph Keiner, sua esposa Pat, Patrick Bourgeois e Willian Storey vão à casa de Flo Dodge, paroquiana Anglicana de William Lewis, para assistir a reunião. Em 20 de janeiro assistem mais uma reunião e suplicam que se ore para que eles recebam o “Batismo no Espírito Santo”. Ralph recebe o “dom de línguas” (fenômeno chamado no meio acadêmico de glossolalia ou xenoglossalia). Na semana seguinte, a fevereiro de 1967, Ralph impõe as mãos para que os quatro recebam o batismo no Espírito. Em janeiro de 1967, Bert Ghezzi comunica a universitários de Notre Dame South Bend, Indiana o que teria ocorrido em Pittsburgh. Em fevereiro, antes do retiro de Duquesne, Ralph Keifer vai a Notre Dame e conta suas experiências. Em quatro de março, um grupo de estudantes se reúne na casa de Kevin e Doroth Ranaghan. Um professor de Pittsburgh partilha a experiência de Duquesne, e em 5 de março de 1967 o grupo pede a imposição de mãos para receber o Espírito Santo. Após a Semana Santa, realizou-se um retiro em Notre Dame para discernir o que Deus estaria querendo com essas manifestações. Participam professores, alunos e sacerdotes. 40 pessoas de Notre Dame e 40 da Universidade de Michigan, entre os quais Steve Clark e Ralph Martin, que em 1976 iriam para a Universidade de Michigan, em Ann Arbor. A RCC veio para o Brasil em 1969 sob o comando do Padre Haroldo Hann que nos anos seguintes, juntamente com Padre Sales, realizou retiros conhecidos como “Experiência do Espírito Santo”, depois “Experiência de Oração”, por todo o Brasil. O trabalho cresceu ainda mais com a adesão do Padre Jonas Abib (futuro criador da Canção Nova) e do Padre Eduardo Doughtery (da Associação do Senhor Jesus). Em 1974 foi realizado o primeiro congresso nacional da Renovação Carismática, com orientação do Padre Silvestre Scandian. Esse movimento ganhou força em meados dos anos 90 e já responde sozinho por grande parte dos católicos praticantes no país. Ele continua atraindo muitos fiéis e costuma popularizar-se principalmente entre os jovens. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) possui um Documento, chamado Documento 53, com Seitas e Heresias 35 recomendações disciplinando certas práticas místicas no contexto da RCC. Recomenda-se, por exemplo, que se evite a prática do “Repouso no Espírito” (na qual as pessoas parecem desmaiar durante os momentos de oração, mas permanecem conscientes do que ocorre em sua volta). E preocupações exageradas com o demônio. Os críticos mais ferrenhos da RCC alegam que ela fomentaria a “histeria coletiva”, além de uma leitura literal e fundamentalista da Bíblia. Muitos deles acham que o clero faz vista grossa com relação aos exageros da RCC devido ao temor do crescimento evangélico no Brasil, já que ela seria uma forma de poder atrair mais fiéis e mantê-los. 2.11 Julgamentos Doutrinários Julgar os fundamentos doutrinários de determinado grupo religioso e classificá-lo como falso pode parecer uma atitude arrogante e prepotente. Esta conclusão ocorre especialmente quando o julgamento religioso é registrado em uma cultura que ignora os princípios bíblicos, tolerando e apoiando tudo o que contraria a fé cristã. Sabemos que não nos faltam exemplos dessas ocorrências, a prática homossexual e o aborto são alguns deles. Nesse contexto, a “tolerância” é a bandeira que ridiculariza qualquer um que ouse apontar seu dedo para julgar alguém ou alguma coisa. Por outro lado, a Bíblia orienta os cristãos a se separarem das práticas pecadoras dos homens. E vai mais além ao expor seus erros. “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.21). Mas como podemos “examinar tudo e reter o bem” se não podemos julgar o certo e o errado? “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1). O que Jesus quis dizer ao expressar-se dessa forma? Estaria Ele se opondo aos julgamentos que fazemos sobre as diversas religiões? Na realidade, o emprego desse versículo para se contrapor a todo e qualquer julgamento é um crasso erro de interpretação. Essas palavras não se referem a toda modalidade de julgamento. Tanto é que, no mesmo capítulo, Jesus nos exorta a tomar cuidado com os falsos profetas (Mt 7.15) e arremata dizendo que podemos julgá-los por seus frutos (Mt 7.20).Outrossim, há outras passagens em que podemos vislumbrar julgamentos. Vejamos: (a) Jesus Julgou os religiosos de sua época. Veja o julgamento público de Jesus emitido contra os escribas e fariseus: Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais os homens o Reino dos céus; e nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso, sofrereis mais rigoroso juízo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! 36 Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós. Ai de vós, condutores cegos! Pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro ou o templo, que santifica o ouro? Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas. Condutores cegos! Coais um mosquito e engolis um camelo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo (Mt 23.13-17,22-26, grifo do autor). As palavras de Jesus no capítulo 23 se constituem na sua mais severa denúncia contra os líderes religiosos e falsos mestres que rejeitavam em parte a Palavra de Deus, substituindo a revelação divina por suas próprias idéias e interpretações (vv. 23,28; 15.3,6-9; Mc 7.6-9). Notemos a posição de Jesus. Não é a posição tolerante e liberal dos acomodados que não compartilham do clamor do coração do Senhor, por fidelidade à Palavra de Deus. Cristo não era um pregador tímido, a tolerar o pecado. Ele foi em tudo fiel à sua missão de combater o mal (cf. 21.12,13; Jo 2.13-16) e denunciar o pecado e a corrupção entre os importantes (vv. 23,25). O amor de Jesus pelas Escrituras inspiradas do seu Pai, bem como pelos que estavam sendo arruinados pela distorção delas (cf. 15.2,3; 18.6,7; 23.13,15), era tão grande que o levou a usar palavras tais como hipócritas (v. 15), filho do inferno (v. 15), condutores cegos (v. 16), insensatos (v. 17), cheios de rapina e de iniqüidade (v. 25), limpos só no exterior (v. 25), sepulcros caiados (v. 27), imundícia (v. 27), iniqüidade (v. 28), serpentes (v. 33), raça de víboras (v. 33) e assassinos (v. 34). Estas palavras, embora severas e condenatórias, foram ditas com profunda dor (v. 37), por aquele que morreu pelas pessoas a quem elas foram dirigidas (cf. Jo 3.16; Rm 5.6,8). (b) Pedro julgou Ananias e Safira. “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3,4). (c) Paulo julgou os gálatas. Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Seitas e Heresias 37 Jesus Cristo foi já representado como crucificado? (Gl 3.1). Paulo chegou até a admitir que suas palavras fossem julgadas: “Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo” (1Co 10.15), e declarou que “o que é espiritual é capaz de julgar todas as coisas” (1Co 2.15). Diante do exposto, a razão pela qual dizemos que algo é certo ou errado tem respaldo na Bíblia, que nos apresenta um padrão moral e doutrinário absoluto a ser observado. Ela é o padrão de julgamento correto: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Is 8.20). Se não expusermos os desvios das seitas e religiões, elas conduzirão a humanidade à destruição eterna. Quando tecemos julgamentos, isso significa que reconhecemos a existência de absolutos. Em um mundo que venera o relativismo os absolutos não são bem-vindos. 2.12 A idolatria e seus males Então, disse Samuel ao povo: Não temais; vós tendes cometido todo este mal; porém não vos desvieis de seguir ao SENHOR, mas servi ao SENHOR com todo o vosso coração. E não vos desvieis; pois seguiríeis as vaidades, que nada aproveitam e tampouco vos livrarão, porque vaidades são. Pois o SENHOR não desamparará o seu povo, por causa do seu grande nome, porque aprouve ao SENHOR fazer-vos o seu povo (1Sm 12.20,21). Este é um segundo ponto nesta obra apologética que norteará o nosso texto - a idolatria e seus males -, uma vez que o seguimento religioso em discussão (a Igreja Católica) é idólatra por natureza. A idolatria é um pecado que o povo de Deus, através da sua história no Antigo Testamento, cometia repetidamente. O primeiro caso registrado ocorreu na família de Jacó (Israel). Pouco antes de chegar a Betel, Jacó ordenou a remoção de imagens de deuses estranhos (Gn 35.1-4). O primeiro caso registrado na Bíblia em que Israel, de modo global, envolveu-se com idolatria foi na adoração do bezerro de ouro, enquanto Moisés estava no monte Sinai (Êx 32.1-6). Durante o período dos juízes, o povo de Deus freqüentemente se voltava para os ídolos. Embora não haja evidência de idolatria nos tempos de Saul ou de Davi, o final do reinado de Salomão foi marcado por freqüente idolatria em Israel (1Rs 11.1-10). Na história do reino dividido, todos os reis do Reino do Norte (Israel) foram idólatras, bem como muitos dos reis do Reino do Sul (Judá). Somente depois do exílio, é que cessou o culto idólatra entre os judeus. 2.12.1 O deslumbramento pela idolatria Por que a idolatria era tão fascinante aos israelitas? Há vários fatores implícitos. 38 (a) As nações pagãs que circundavam Israel criam que a adoração a vários deuses era superior à adoração a um único Deus. Noutras palavras: quanto mais deuses, melhor. O povo de Deus sofria influência dessas nações e constantemente as imitava, ao invés de obedecer ao mandamento de Deus, no sentido de se manter santo e separado delas. (b) Os deuses pagãos das nações vizinhas de Israel não requeriam o tipo de obediência que o Deus de Israel requeria. Por exemplo, muitas das religiões pagãs incluíam imoralidade sexual religiosa no seu culto, tendo para isso prostitutas cultuais. Essa prática, sem dúvida, atraía muitos em Israel. Deus, por sua vez, requeria que o seu povo obedecesse aos altos padrões morais da sua lei, sem o que, não haveria comunhão com Ele. (c) Por causa do elemento demoníaco da idolatria, ela, às vezes, oferecia, em bases limitadas, benefícios materiais e físicos temporários. Os deuses da fertilidade prometiam o nascimento de filhos; os deuses do tempo (sol, lua, chuva etc.) prometiam as condições apropriadas para colheitas abundantes e os deuses da guerra prometiam proteção dos inimigos e vitória nas batalhas. A promessa de tais benefícios fascinava os israelitas; daí, muitos se dispunham a servir aos ídolos. 2.12.2 A natureza real da idolatria Não se pode compreender a atração que exercia a idolatria sobre o povo, a menos que compreendamos sua verdadeira natureza. A Bíblia deixa claro que o ídolo em si, nada é (Jr 2.11; 16.20). O ídolo é meramente um pedaço de madeira ou de pedra, esculpido por mãos humanas, que nenhum poder tem em si mesmo. Samuel chama os ídolos de “vaidades” (1Sm 12.21), e Paulo declara expressamente: “sabemos que o ídolo nada é no mundo” (1Co 8.4; cf. 10.19,20). Por essa razão, os salmistas (e.g., Sl 115.4-8; 135.15-18) e os profetas
Compartilhar