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Linguagem e os Signos
Desde que nascemos, estamos mergulhados no mundo da linguagem. Da fala, da língua pertencente ao meio em que vivemos. Crescemos dentro da nossa família ouvindo - na maioria das vezes - nossos pais a falarem conosco, além de gestos e sinais, através da fala, das palavras. Nosso pensamento, a forma de entendermos as coisas, o mundo, começa, então, a ter por primordial, as palavras, a linguagem, o nome das coisas existentes no mundo. Construímos na consciência, uma espécie de "biblioteca" onde depositamos tudo o que é ouvido e entendido. Guardamos idéias, significados, palavras e com essa "base de dados" nos expressamos verbalmente pela fala. É como se selecionássemos - pegando na prateleira da biblioteca - palavra por palavra, criando estruturas de entendimento para a comunicação. Quase parecido com uma receita de bolo: você + é + muito + simpática, resultando no queremos dizer pelo o que estamos sentindo ou sobre algo ou alguém.
Agora, por que falamos? Por que não fazemos uso dos sinais ou uso de símbolos, como nas primeiras descobertas do uso da linguagem feitas pelo homem? Por que o homem, diferente dos outros animais, fala? Por que somente nós temos essa faculdade e, até onde, se sabe, já impressa em nossa consciência? Poucas pessoas, acredito, tenham parado para analisar ou questionar essas questões. Pesquisas e trabalhos realizados nesse sentido procuram, ainda, respostas precisas para a pergunta "por que o homem fala". Segundo, Jean Bottéro, o homem, na Mesopotâmia antiga, berço da civilização, percebe a necessidade de comunicar-se e começa a criar possibilidade de entendimento entre si e os outros. Usa sinais e mensagens, traçados ou pintados no flanco dos vasos, ou ainda, tentos em pedra ou argila, por exemplo. Bottéro diz ainda que "se tratava apenas de uma escrita de coisas: os significados diretos desses caracteres não eram as palavras de uma língua mas, em primeiro lugar e de modo imediato, as realidades expressas por essas palavras". Levando-se em conta tais informações, sabemos que em um determinado momento da humanidade, o homem teve a necessidade de comunicar-se de algum modo, assim como num determinado momento, passou a falar. É interessante pensar nessas questões porque refletimos e nos perguntamos a partir de quê ou do quê, o homem descobriu que possuía, além das existentes, a faculdade da linguagem. 
A linguagem não é apenas um instrumento de comunicação, mas também o próprio pensamento do ato. O conhecimento não se separa da forma linguística em que se expressa, e por isso a linguagem também constitui o limite, ainda que móvel, do pensamento... A linguagem não se organiza apenas segundo princípios racionais. As palavras irradiam a capacidade de comunicação para os domínios mais amplos da vida e das forças que a integram, modificam-na e a expressam.
Não temos relatos, se é que eles existem, que nos forneça possibilidades de quando o homem começou a falar. Simplesmente falamos. Se pesquisarmos, em tudo o que nos é disponibilizado, podemos dizer que, segundo a bíblia, mais precisamente no Antigo Testamento, o homem desde o dia em que fora criado por Deus, fala. Mas são relatos bíblicos. Não temos material concreto para levantar, de fato, essa hipótese, a não ser a própria bíblia, claro, inspirada e escrita por homens designados por Deus. 
O animais não podem jamais desenvolver o complexo sistema de comunicação e de significação, que é um produto do processo histórico. Precisamente porque os homens vivem no universo histórico, e não no meramente natural, é preciso algo mais do o instinto animal. O homem rodeado de objetos históricos, que são sua própria criação, necessita da inteligência e da reflexão, sem as quais não haveria a percepção, nem o desdobramento desse mesmo mundo histórico. 
Ainda que acreditemos em qualquer uma das hipóteses, de quando o homem, de fato, começou a falar, ao acompanharmos o crescimento de uma criança, cada vez mais, notamos como a necessidade de falar é presente na vida humana... O quanto falar faz de nós mais parte do mundo...! Algumas pesquisas nessa área mostram que, no caso da criança, a primeira palavra murmurada já representa seu ingresso no universo da linguagem e o abandono do estado da natureza. Assim, pode-se dizer que é a linguagem que possibilita a tomada de consciência do indivíduo como entidade distinta. Sabemos que fazemos uso da linguagem, da língua que nos é ensinada, falamos. Só não sabemos, por que, justamente pela fala, que comunicamo-nos uns com os outros. Outra questão que intriga o pensamento e os mistérios da vida, ou melhor, reflete sobre a existência da comunicação falada entre os homens é por que falar, viver em sociedade com seres falantes, é quase uma necessidade de sobrevivência? Imaginemos, eu, você, todo nós, sem trocar uma palavra se sequer com qualquer pessoa que seja durante toda a vida? Provavelmente morreríamos de angústia...De solidão. Claro que, se nunca tivéssemos tido contato com a fala, com o som emitido pelos falantes ao falarem, com a língua que nos encontramos hoje inseridos, essa realidade _ de falar_ não existiria...Mas pensemos...Aguentaríamos ficar um dia inteiro que fosse sem falar? Sem falar nada, absolutamente nada? Não aguentaríamos. Não mesmo! O fato é: falamos. 
A língua são os primeiros traços de identificação da humanidade no homem. Ao se perceber como habitante da linguagem, o homem rompe com o estado inicial da natureza, a qual estão inseridos os animais e os próprios homens ao nascerem, e ingressa no estado de cultura resultante da organização social e do partilhamento da vida em comum.
Ao nascer, o homem difere dos animais a partir do momento em que percebe a necessidade do uso da linguagem. Na linguagem e pela linguagem é que o homem vai se constituir como sujeito. É desta forma que a linguagem, ao viabilizar a relação das pessoas, vai permitir o retorno sobre si como individualidade distinta possibilitando, então, a comunicação inter-humana. 
Quando ingressamos na escola, vamos descobrindo "como funciona" a vida em sociedade. Somos educados a partir da teoria que o homem é uma animal racional, isto é, pensa, sente, julga as coisas, possui uma inteligência e por isso, temos dois mundos distintos: o mundo do homem e dos animais. Nos livros didáticos e nas aulas de ciências e história, crescemos aprendendo e acreditando de uma certa forma ou de outra, que o homem sempre procurou meios para expressar suas emoções, como o medo, a tristeza, e/ou para apossar-se de algo que considerava ser seu. Registrava de alguma forma. Desenhava. Outros tantos estudos, feitos por pesquisadores preocupados em descobrir o porquê do homem ter essa necessidade do uso da linguagem, o porquê da fala, vêm nos mostrar que isso é, absolutamente, uma faculdade humana. Algo que somente o homem tem como característica e que o difere dos animais. É exatamente em torno da linguagem que o pensamento, a consciência e a reflexão se articulam e possibilitam a organização do mundo pelos homens que, por isso, se tornam capazes de estabelecer uma relação de autonomia a sua própria vivência nesse mundo organizado.
Uma das possíveis respostas que poderíamos ter sobre os motivos pelos quais leva o homem a falar, seria simplesmente, porque o homem pensa. Desenvolveu naturalmente e por identificação da sua humanidade, o processo da fala, constituindo assim, Convenções necessárias para utilização da linguagem falada no meio que vive. 
Baseados nesses relatos e em outras pesquisas, podemos acreditar que a faculdade da linguagem articulada é a forma que o homem descobriu para se auto-afirmar como ser e dominar o mundo. O homem, ao nomear as coisas e objetos, passou a ter o controle sobre o universo, organizando o espaço em que vive e superando o desconhecido pelo desejo de conhecimento. A tudo e a todas as coisas, o homem atribuiu sentido, designou funções, nomeou coisas e se impôs perante os outros seres. 
A fala toma conta da coisa, o objeto depois de nomeado, passa para o mundo da linguagem, o homemse aproxima ou se distancia do mundo e das coisas, apropria-se do real e tenta dominar o desconhecido. A coisa e o mundo torna-se imagens e conceitos. Na busca da cômoda ilusão de ver um mundo ordenado e deter o incômodo do desconhecido, o homem usa do poder da palavra, subtraindo o ser da existência, mergulhando-o no nada da linguagem. A compreensão equivale a um assassinato da coisa, o conceito é a ausência do ser.
No entanto, quando o homem penetra nessa realidade, ele domina o mundo e é dominado pela linguagem, pela fala, pela forma de encarar as coisas a sua volta. Passa a criar algo que não existe na sua realidade, pelo pensamento e pelo conhecimento, e dá nome a esse algo. A partir do conhecimento que se tem do objeto, ele deixa de existir para o mundo e o que passa a ter valor é a palavra, o nome e não o objeto (ou ser) em si. Não precisamos ter um balão na nossa frente, quando dizemos "balão", para que ele exista de fato. Sabemos o que é balão e independente do lugar que ele esteja, na nossa frente ou não, ele existe. O nome substitui o ser. O que passa a ter sentido e o faz existir no mundo é o nome, o que ele remete a nossa consciência. Já paramos para pensar nisso? Como é interessante...E como faz sentido. Enquanto um ser não tem nome, ele não existe! Mas a partir do momento que nomeamos...conhecemos...Tudo muda! O ser ou o objeto passa, agora, a fazer parte do mundo e o homem, mais uma vez, domina seu espaço!
Pois bem! O homem fala. Só não sabemos como isso surgiu. Levantamos hipóteses, discutimos algumas possibilidades...Mas, como é isso? Já que a fala é algo que somente ao homem pertence, por que uns falam a mesma língua e falam, ao mesmo tempo, uma língua diferente? Há formas diferentes de usar a mesma língua depositada no cérebro de todos os seres de uma mesma sociedade? 
A língua é o produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Trata-se de um tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes à mesma comunidade, um sistema gramatical que existe virtualmente em cada cérebro ou, mais exatamente, nos cérebros dum conjunto de indivíduos, pois a língua não está completa em nenhum, e só na massa ela existe.
A fala, ao contrário da língua é algo puramente individual. São as combinações pelas quais o falante realiza o código da língua no propósito de exprimir seu pensamento pessoal. É a maneira individual e particular que cada ser faz do uso da língua predominante em uma sociedade. Por isso, podemos explicar, por exemplo, os sotaques regionais, as gírias, e a forma considerada, às vezes, errada, que cada indivíduo tem de usar a língua. A linguística, partindo desse conceito de língua e fala, não pode, então, considerar que alguns "falam corretamente" e outros "falam erradamente" . O conceito de certo e errado deixa de existir por ser a língua, a mesma para todos os indivíduos de uma sociedade, e algo já impresso na mente (conceitos e imagens acústicas) de todos os seres de um determinado tempo e espaço. Do ponto de vista científico, tudo o que consideramos "erro" ao "falar errado" e, na verdade, algum fenômeno ou acontecimento que pode e deve analisado por estudos linguísticos. 
Questões como essas são muito interessantes e complexas. Começamos discutindo o porquê do homem falar e, pesquisando, tendo como base diversas teorias e diferentes tipos de textos sobre o assunto, chegamos até aqui. Descobrimos que língua e fala, são duas coisas completamente diferentes! Quem, além dos estudiosos e linguistas, já havia pensado nisso ou percebido alguma diferença quando falamos? O que mais nos surpreenderia, se continuássemos a buscar repostas para essas questões? O que mais nos faria perceber tantas limitações e preconceitos? "Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que possa imaginar nossa vã filosofia..."
Portanto, o universo do discurso da linguagem e da fala, é uma característica exclusiva do ser humano e por isso, fundamentais para alcançar a compreensão do mundo e das coisas a nossa volta. Pensamos a linguagem e somos o que a linguagem nos faz ser. Construímos e destruímos mundos diferentes. Podemos estreitar relacionamentos ou nos distanciarmos de relações com o exterior. A partir do momento em que falamos, abandonamos o nosso estado natural e passamos a dominar tudo o que existe no mundo. Criamos novos objetos e seres dentro e fora da realidade, nomeado o que nos cerca e fazendo de nós donos do real e do imaginário.
Linguagem Verbal e Linguagem Não-Verbal
O que é linguagem? É o uso da língua como forma de expressão e comunicação entre as pessoas. Agora, a linguagem não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem verbal é que se utiliza de palavras quando se fala ou quando se escreve.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, não se utiliza do vocábulo, das palavras para se comunicar. O objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado, um bilhete? Linguagem verbal!
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação de “feminino” e “masculino” através de figuras na porta do banheiro, as placas de trânsito? Linguagem não verbal!
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e anúncios publicitários.
Observe alguns exemplos:
 Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol
 Charge do autor Tacho – exemplo de linguagem verbal (óxente, polo norte 2100) e não verbal (imagem: sol, cactus, pinguim).
 Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bicicleta”, 
atrás “quebra-molas”.
 Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário masculino”.
 Imagem indicativa de “silêncio”.
 Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
O Signo
Um professor foi a uma livraria procurar o livro O Signo, de Isaac Epstein. A moça da loja se espantou: “Você é o segundo professor que vem procurar esse livro. Por que vocês estão tão interessados em astrologia?”. O caso demonstra a compreensão que a maioria das pessoas tem da palavra signo. É uma visão limitada. Na verdade, em nossa sociedade, quase tudo é signo de algo. Certas roupas são sinais de que a pessoa está na moda, certos carros são símbolos de status... é impossível realizar a maior parte de nossas atividade diárias sem o auxílio de símbolos. Até para ir ao banheiro precisamos interpretar símbolos (caso não corremos o risco de entrarmos no banheiro errado).
Na verdade, os signos foram uma das mais importantes e mais geniais invenções do ser humano. Antes dos signos, para nos referirmos a uma pedra, precisávamos mostrar a pedra. Imagine como seria incômodo levar várias pedras consigo para poder mostrá-las toda vez que fosse necessário se referir a elas. É mais prático dizer a palavra pedra, não é mesmo? Os signos são isso mesmo: um substituto para as coisas. Eles estão no lugar das coisas, as representam. Claro que, além de falar pedra, eu também posso desenhar uma pedra ou tirar uma foto. São outras formas de representar a coisa pedra. 
Os signos sempre fascinaram os pensadores e são estudados desde a Grécia antiga, passando pela Idade Média e pelos filósofos iluministas. Mas uma ciência dos signos só foi se firmar no final do século XIXe início do século XX. Foi nessa época que Charles Sanders Pierce nos EUA e Ferdinand de Saussure na Europa começaram a produzir uma ciência dos signos. Os partidários de Pierce chamaram essa ciência de Semiótica. Os adeptos de Saussure a chamaram de Semiologia. A corrente saussureana se notabilizou pela análise dos signos lingüísticos, enquanto os pierceanos abriram sua análise também para outras formas de representação. 
 
Pierce diz que signo é aquilo que está no lugar de outra coisa. A palavra pedra está no lugar da coisa pedra. Podemos dizer também que signo é tudo aquilo que representa uma coisa que não seja ele mesmo. Uma pedra é apenas uma pedra, um objeto, mas se uma empresa de construção convencionar que a pedra é seu símbolo, ela passa a ser um signo. 
Mas afinal, como funciona um signo? Como podemos nos referir a uma coisa sem a termos por perto? Muitos pensadores se debruçaram sobre essa questão e a maioria concluiu que um signo tem uma característica triádica, ou seja, é dividido em três partes. É o chamado triângulo semiótico. 
Pierce chamou os três pontos da pirâmide de signo (a palavra pedra), imagem mental (a imagem da pedra que se forma em nossa mente) e objeto (a coisa pedra). 
Outros autores (entre eles Bordenave) têm utilizado as expressões significante (a palavra pedra), significado (a imagem da pedra que se forma em nossa mente) e referente (a coisa pedra). 
O significante é o aspecto sensível do signo. Se estamos falando, são os sons que formam a palavra pedra. Se estamos escrevendo, é o conjunto de sinais gráficos que formam a palavra pedra. 
O significado é a compreensão que temos da mensagem. É a imagem que se forma em nossa mente quando ouvimos uma frase. 
O referente é aquilo ao qual estamos nos referindo. Se dizemos a palavra pedra, o referente é a coisa pedra. Se dizemos praia, o referente é a coisa praia.
Há situações em que um significante tem mais de um significado. É o que acontece com as palavras que têm dupla interpretação (polissemia). Por exemplo, a palavra bala pode ser de revólver ou de comer. Manga pode ser fruta ou pode ser manga de camisa. 
A poesia é essencialmente polissêmica. Quando o poeta diz “Tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra”, cada um de nós vê um significado na palavra pedra. Para uns podem ser as dificuldades da vida. Para outros pode ser uma pedra mesmo... 
A polissemia é que permite os trocadilhos, um recurso muito usado pelos humoristas. Quando digo que a Rússia invadiu a Chechênia, essa frase pode ter tanto um significado político quanto sexual. 
Por outro lado, pode haver erros de interpretação: o emissor está pensando em um referente, mas o receptor interpreta a frase com outro significado. É o caso de dizermos pedra e a pessoa entender Pedro. Esse fenômeno é chamado de ruído e é estudado pela teoria da informação. 
Um aspecto importante da Semiótica é a necessidade de intérprete. Só temos signos quando há pessoas para interpretá-los. Qual o significado de uma árvore caindo em uma floresta deserta? Nenhum, pois não há ninguém (ser humano) ali para interpretar esse fato. 
Por outro lado, os signos podem ser primários ou secundários. Signos primários são criados pelos homens para serem signos: palavras, desenhos, símbolos, sinais de trânsito... 
Signos secundários são coisas que foram transformadas em signos. O arroz, por exemplo, é só um alimento. Mas no casamento, quando é jogado sobre o casal, ele representa a fertilidade. 
 
O automóvel é apenas um meio de transporte. Mas uma BMW é um símbolo de status, de que seu ocupante é uma pessoa rica e poderosa. 
Um pombo é apenas uma ave, mas nas manifestações pacifistas ele se torna um símbolo da paz e da liberdade.
 
Um dos signos mais famosos de nossa sociedade é um signo secundário. Trata-se da cruz. A cruz, originalmente, era só um instrumento de tortura. Com o tempo, ele tornou-se o símbolo da religião e da fé cristã. Esse processe de transformação de coisas em símbolos é cultural e arbitrário. De repente alguém decide que algo vai representar tal coisa. Se pegar, aquilo passa a representar algo além dele mesmo. No início do cristianismo, por exemplo, o símbolo da fé cristã era um peixe. Foi um símbolo que acabou não pegando e os cristãos acabaram ficando com a cruz. 
 
 
Segundo Pierce, existem três tipos de signos: os ícones, os índices e os símbolos. 
Os índices, talvez os primeiros signos utilizados pelo homem, têm uma relação com contiguidade com a coisa representada. Ou seja, como sempre vemos um e outro juntos, passamos a associar uma coisa a outra. Por exemplo, como vemos sempre fogo e fumaça, logo associamos que onde há fumaça, há fogo. A fumaça virou índice do fogo. 
Os detetives trabalham essencialmente com índices: a pegada no barro e a impressão são índices de que o ladrão fugiu por um determinado local. A pegada também pode ser um índice do tamanho do ladrão (uma pegada grande é índice de um homem alto, uma pegada pequena é índice de um homem baixo). 
A seguir, temos os ícones. 
Os ícones são signos que guardam uma relação de semelhança com a coisa representada. São o tipo de signo mais fácil de ser reconhecido. Não é necessário qualquer tipo de treinamento para identificar uma foto de um cachorro. Basta ter já visto um cachorro antes. Exemplos de ícones são fotos, desenhos, estátuas, filmes, imagens de TV. Um tipo especial de palavras também é considerada ícone: as onomatopéias, que representam os sons das coisas e dos animais. 
Os símbolos são signos muito mais complexos. Imagina-se que eles só tenham surgido em uma fase mais avançada da civilização humana. Os símbolos não guardam qualquer relação de semelhança ou de contigüidade com a coisa representada. A relação é puramente cultural e arbitrárias. Para compreender um símbolo, é necessário aprender o que ele significa. As palavras, por exemplo. Para compreender que o conjunto de sinais PEDRA significa a coisa pedra, preciso ter sido alfabetizado, ou seja, passado por um treinamento. 
Conta-se a história de um monge budista que, ao entrar em uma igreja católica, ficou chocado com aquela imagem de um homem sendo torturado. Ele codificou a cruz como um instrumento de tortura, e não como símbolo da fé cristã. 
São exemplos de símbolos as palavras, os símbolos matemáticos, os símbolos químicos, as bandeiras de países e clubes. Já se falou de coisas que podem ganhar o status de símbolo. É o caso do Tucano, que representa o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), ou a estrela, que simboliza o Partido dos Trabalhadores (PT). 
 
Os símbolos são criados no momento da criação do código. É o código que diz os sinais que são válidos e os que não são. É também o código que nos diz como os símbolos devem se relacionar entre si. 
Às vezes um signo pode ter mais de uma classificação. É o caso da cruz. Ela é um ícone (de um homem sendo torturado), um símbolo (da fé cristã) e pode ser um índice (quando chegamos em uma cidade e queremos saber onde fica a igreja). 
Por outro lado, é possível que um símbolo tenha características de ícone. É o caso de uma poesia sobre a chuva em que as letras vão caindo como gotas de chuva. 
As logomarcas das empresas normalmente são símbolos que apresentam características de ícones. Isso é feito para que a compreensão da mensagem seja mais rápida e funciona tão bem que até mesmo crianças que ainda não foram alfabetizadas conseguem ler logomarcas. Elas lêm visualmente. 
As letras da Coca-cola, por exemplo, procuram reproduzir as curvas da garrafinha. A rede Globo tem, na sua logomarca, o famoso símbolo visual que é um globo no formato de TV com um globo dentro. Ou seja, o planeta dentro da TV. 
Também acontece de um signo contaminar o outro e passar suas características para ele. Essa contaminação pode ocorrer por similaridade ou contigüidade. Dois signos semelhantes podem transferir seu significado um para o outro. Ao ver umafoto de um tigre, uma criança pode achar que se trata de um gato, devido à semelhança dos dois. 
A contigüidade ocorre quando colocamos dois signos próximos um do outro. A foto de um político encima da palavra LADRÃO dará a entender que o político é desonesto. Fotos de pessoas junto à palavra FELICIDADE darão a entender que essas pessoas são felizes.

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