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Crimes Contra Crianças e Adolescentes

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ART. 228 
Sujeito ativo: o encarregado de serviço (enfermeiro) ou o dirigente do hospital ou entidade correlata; 
Sujeito passivo: a coletividade e também a genitora e o neonato; 
Tipo objetivo: deixar de manter registro das atividades nos prontuários pelo prazo de 10 anos; e ainda deixar de fornecer declaração de nascimento; 
Elemento subjetivo: é o dolo e também a negligência (omissão) na obrigação desses atos. É crime omissivo, e não admite tentativa. 
 
ART. 229 
Sujeito ativo: o médico, enfermeiro ou o dirigente do hospital; 
Sujeito passivo: a coletividade e também a parturiente e o neonato; 
Tipo objetivo: deixar de identificar o neonato e a parturiente e também deixar de fazer o exame de diagnóstico e terapêutica de recém nascido; 
Elemento subjetivo: é o dolo e também a culpa na modalidade de negligência; É crime omissivo, e não admite tentativa. 
 
ART. 230 
Sujeito ativo: a pessoa incumbida da apreensão: policial civil e militar, autoridade 
policial, etc. e também qualquer pessoa que procede a apreensão; 
Sujeito passivo: o menor sujeito ao constrangimento; 
Tipo objetivo: privar a criança ou o adolescente de sua liberdade fora das condições exigidas por lei (sem flagrante ou sem mandado judicial); 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é comissivo, consumando-se com a apreensão da criança ou adolescente, e admite tentativa. 
 
ART. 231 
Sujeito ativo: a autoridade policial responsável pela apreensão, ou seja, o Delegado plantonista ou titular responsável no momento pela comunicação à autoridade judiciária; 
Sujeito passivo: a criança ou o adolescente apreendido; 
Tipo objetivo: deixar a autoridade policial, de realizar a comunicação legal à autoridade judiciária, da apreensão da criança e do adolescente; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é omissivo, e não admite tentativa. 
 
ART. 232 
Sujeito ativo: a pessoa que detém poder sobre o menor (pais, tutor, curador, etc.); 
Sujeito passivo: o menor submetido a vexame ou constrangimento; 
Tipo objetivo: submeter a criança ou o adolescente a vexame ou a constrangimento; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é comissivo, e admite tentativa. 
 
ART. 233 
(REVOGADO/SUBSTITUÍDO PELA LEI 9.455/97) 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, tanto particular quanto funcionário público; 
Sujeito passivo: a criança ou o adolescente submetido à tortura; 
Tipo objetivo: constranger, causar sofrimento físico ou mental, provocar ação ou omissão de natureza criminosa, submeter, deixar de agir quando é seu dever ou de evitar o resultado; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é comissivo, e admite tentativa. 
Logo, praticar tortura contra criança ou adolescente não é crime previsto no ECA, mas sim na lei de tortura 
 
ART. 234 
Sujeito ativo: a autoridade coatora (judiciária, ministerial ou policial); 
Sujeito passivo: a criança ou o adolescente submetido à custódia ilegal; 
Tipo objetivo: deixar de ordenar a imediata liberação da criança e do adolescente; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é omissivo, e não admite tentativa. 
 
ART. 235 
Sujeito ativo: a autoridade responsável pelo cumprimento do prazo; 
Sujeito passivo: a criança ou o adolescente submetido a determinado ato por prazo superior ao prazo previsto em lei; 
Tipo objetivo: descumprir, injustificadamente, prazo fixado em lei em benefício de adolescente privado de liberdade; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é omissivo, e não admite tentativa. 
 
ART. 236 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que obste a atividade do Juiz, do MP ou do membro do 
Conselho Tutelar no exercício de suas funções; 
Sujeito passivo: a autoridade judiciária, membro do MP ou do Conselho Tutelar; Tipo objetivo: impedir ou embaraçar (colocar obstáculos) na execução das funções destes entes; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é comissivo, e admite tentativa. 
 
ART. 237 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que subtraia criança ou adolescente; 
Sujeito passivo: o responsável legal; 
Tipo objetivo: subtrair (retirar) criança ou adolescente do responsável legal com o fim de colocação em família substituta; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é comissivo, e admite tentativa. 
 
ART. 238 
Sujeito ativo: responsável legal (e somente ele: é personalíssimo). No parágrafo único, é qualquer pessoa que oferece ou efetiva a paga ou recompensa; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente; 
Tipo objetivo: prometer entrega do filho ou do pupilo, ou efetuar esta entrega, mediante pagamento prévio (paga) ou posterior (recompensa); 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
É crime é formal, e admite tentativa. 
 
ART. 239 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que promova ou auxilie a efetivação do ato. Inclui-se as 
entidades que realizam contatos com famílias estrangeiras; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente submetido e a coletividade atingida; 
Tipo objetivo: ajudar pessoa envolvida nesta conduta; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a promoção ou auxílio, e admite tentativa. 
 
ART. 240 
Sujeito ativo: diretor ou produtor da peça de teatro, do programa de TV ou do filme; qualquer pessoa que fotografe, registre, filme, agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput do artigo, ou ainda quem com esses contracena. 
Sujeito passivo: criança ou adolescente que contracena em cena de sexo explícito ou pornográfica (cenas de nudez, relacionamento carnal, etc.); 
Tipo objetivo: produzir ou dirigir representação teatral, televisiva ou película cinematográfica e incluir criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica; agenciar, facilitar, recrutar, coagir, ou de qualquer modo intermediar a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a produção ou direção, e admite tentativa. 
 
ART. 241 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que venda ou exponha à venda cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente. 
Sujeito passivo: criança ou adolescente 
Tipo objetivo: vender ou expor à venda, envolvendo criança ou adolescente. 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a venda ou exposição à venda, e admite tentativa. 
 
ART.241-A - ART. 241-B - ART. 241-C 
ART. 241-D - ART. 241-E 
Para estes artigos, resolvemos trazer o comentário de YURI GIUSEPPE CASTIGLIONE, Promotor de Justiça da Infância e Juventude, e integrante do Grupo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Violência, Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes do Ministério Público do Estado de São Paulo, a seguir. Disponível em: http://www.promenino.org.br “PEDOFILIA, EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTO-JUVENIL E AS 
RECENTES ALTERAÇÕES DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE À LUZ DA REALIDADE SOCIAL BRASILEIRA: 
Em recente levantamento realizado pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal[1] foram constatados 1819 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Desse total, 227 pontos estão situados na Região Norte, 405 na Região Nordeste, 310 na Região Centro-Oeste, 476 na Região Sudeste e 401 na Região Sul. Este dado se torna ainda mais alarmante se considerarmos que a estatística ora mencionada se refere apenas às estradas federais, ou seja, nesses números não estão incluídas as rodovias municipais, estaduais nem tão pouco as vias situadas no interior dos Municípios. Nesse contexto, em 25 de novembro de 2008 foi editada a Lei 11.829/2008, a qual alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente com o fim de aprimorar o combate à produção, venda e distribuição de pornografia infantil, bem como criminalizar a aquisição e a posse desse material. Apesar das lacunas ainda existentes que poderiam e deveriam ter sido supridas pelo legislador, a lei em testilha merece elogios, uma vez que, nos artigos 241-A,241-B, 241-C e 241-D capitulou como crime algumas condutas relacionadas à pedofilia na internet, as quais até então estavam à margem da lei, pois não eram consideradas ilícitos penais. A primeira alteração digna de destaque, prevista no artigo 241-A da Lei 8.069/90, diz respeito à criminalização da divulgação de foto contendo cena pornográfica ou de sexo explícito de criança ou adolescente por qualquer meio de comunicação. Nessa hipótese, quem incidir em tal conduta estará sujeito à pena de 3 a 6 de reclusão e multa. Praticará, ainda, o mesmo delito toda e qualquer pessoa que assegurar os meios para o armazenamento desse material em sites e blogs permitindo o acesso de internautas às imagens ou vídeos. Destaque-se que a mera existência de imagens ou vídeos com esse conteúdo disponibilizados em páginas eletrônicas da internet para o acesso a internautas é suficiente para caracterização dessa infração penal, sendo desnecessário o efetivo ingresso por usuários. 
Outra significante novidade introduzida pelo mencionado diploma legal é a punição da compra, posse ou guarda de material pornográfico envolvendo criança ou adolescente, estampada no artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente. A pessoa que mantiver esse tipo de material obsceno consigo poderá permanecer presa pelo prazo de 1 a 4 anos de reclusão, além de ter que se sujeitar à pena de multa. Além dessa inovação legislativa, deve-se ressaltar, também, a criminalização da montagem de imagem de criança ou adolescente simulando a sua participação em cena de sexo explícito ou pornográfica falsificando-se ou modificando-se uma fotografia ou vídeo. Estará sujeito à penalidade de reclusão de 1 a 3 anos e multa, prevista no artigo 241-C do Estatuto quem comercializar, disponibilizar, adquirir ou guardar fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual montada ou simulada. Ainda que a simulação ou montagem sejam facilmente perceptíveis, é possível a penalização do responsável, pois a finalidade desse ilícito não é punir a contrafação de determinado material, mas sim zelar pela integridade psíquica e moral da criança e do adolescente. Por fim, a última infração alusiva à pedofilia recentemente criada e que merece destaque é a prevista no artigo 241-D da Lei 8.069/90, o qual tem por objetivo censurar o assédio à criança como ato preparatório dos delitos de estupro e atentado violento ao pudor. Esse crime visa à punição de quem alicia, assedia, instiga ou constrange criança com o fim de com ela praticar qualquer ato sexual. Mesmo que o agente apenas facilite ou induza o acesso de criança a material contendo cena pornográfica ou de sexo explícito com a finalidade de com ela realizar atos libidinosos, será punido com a pena prevista neste tipo penal, qual seja, de reclusão de 1 a 3 anos e multa. Por exemplo, se determinado indivíduo enviar fotos pornográficas ou de sexo explícito a alguma criança durante uma conversa num “chat” em sala de bate-bapo na internet visando à prática de atos sexuais com ela deverá ser responsabilizado pela prática do delito em questão. 
Outrossim, responderá também pela prática da mesma infração penal o agente que assediar criança com o fim de induzi-la a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. Não é necessário que a criança efetivamente se exiba de forma pornográfica ou sexualmente explícita. Basta, apenas, que ocorra o mero assédio. Se o ato sexual vier a se concretizar com a criança, o crime será o de estupro (artigo 213 do Código Penal) ou atentado violento ao pudor (artigo 214 do Código Penal) e não o delito em análise. É imperioso enfatizar que o artigo 241-D do Estatuto merece uma crítica, pois o pedófilo somente será punido se praticar o assédio contra criança, pessoa com até 12 anos de idade incompletos. Logo, pela atual legislação, se o agente perpetrar qualquer das condutas de assédio supramencionadas contra adolescentes, pessoas com idade entre 12 e 18 anos incompletos, não haverá qualquer punição. Tal omissão insere uma lacuna inadmissível, na medida em que os adolescentes foram explicitamente excluídos da tutela penal estatal. Com efeito, os novos ilícitos penais introduzidos pela Lei 11.829/08 eram imprescindíveis para a punição dos atos de pedofilia, os quais, até então não eram passíveis de penalização no Brasil. Entretanto, apesar do esforço do legislador, somente a criminalização de algumas condutas praticadas por pedófilos não é o suficiente. São necessários maiores investimentos na prevenção, na educação e no social. 
Nesse diapasão, estudos realizados pelo Grupo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Violência, Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes do Ministério Público do Estado de São Paulo demonstram que, em regra, as crianças e adolescentes vitimados vivem em condições de extrema pobreza e miserabilidade. Os infantes normalmente se submetem à exploração sexual vendendo o próprio corpo e participando de cenas de sexo explícito ou pornográfica, porque vislumbram uma possibilidade de melhora em sua situação econômica vexatória. Aliás, a esmagadora maioria de crianças e adolescentes explorados possui a concordância expressa dos genitores, os quais oprimem os próprios filhos como forma garantir o sustento da família. De fato, analisando-se a realidade brasileira é possível concluir que apenas uma legislação mais rígida não soluciona o problema da pedofilia e da exploração sexual infanto-juvenil. Avanços nas políticas públicas de enfrentamento são indispensáveis. É imprescindível a construção de um conjunto de ações com iniciativas integradas tanto dos poderes executivo, legislativo e judiciário, quanto da sociedade civil. Para o efetivo combate ao turismo sexual, à pornografia na Internet e ao crescimento da pedofilia no Brasil é fundamental uma melhor estruturação efetiva do sistema de garantias com o fim de transpor as dificuldades encontradas na preservação dos direitos preconizados no Estatuto da Criança e do Adolescente. Nessa linha de raciocínio, a mera edição de textos legais protetivos de uma pluralidade de direitos e liberdades não garante que crianças e adolescentes possam exercer plena e livremente os seus direitos ou permaneçam realmente protegidos contra a exploração sexual. Institutos como a boa-fé, ética e moral tornaram-se simples matéria de discussão acadêmica. Na prática, o cotidiano revela uma sociedade capaz de relevar seus valores máximos em troca de vantagens patrimoniais e pessoais, quer sejam lícitas ou ilícitas, em detrimento dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes. Dentro desse contexto no qual há um verdadeiro falecimento do ser humano enquanto ser social, a grande maioria da população desconhece seus direitos. Numa comunidade em que o desrespeito à ordem e aos bons costumes é o politicamente correto, não conhecer os direitos fundamentais da criança e do adolescente é o mesmo que não os ter. A falta de informação, de cultura e o analfabetismo são sintomas da falta de cidadania comprometendo em vários aspectos a liberdade dos infantes. Por derradeiro, um mundo justo e sem desigualdades não pode ser somente parte de um plano ideal, platônico e utópico. Não é possível o Estado furtar-se em buscar mais e mais a promoção de uma justiça social, dando informação e educação a todos para que tenham conhecimento de seus direitos a fim de efetivamente exercê-los. O Brasil tem que deixar de ser apenas uma democracia de papel.”. 
 
Ressalte-se que os artigos 20 a 241D são tipos penais em branco, a serem complementados pelo artigo 241 E. Sendo assim, só haverá crime se a imagem denotar cena de sexo explícito, real ou simulado ou demonstração de órgão genital da criança ou adolescente, para fins primordialmente sexuais. A exposição de publicação de imagem de criança de seis anos em pose sensual de lingerie não caracteriza crime, pois ela não está em cena de sexo explícito e também não está mostrando órgão genital. Ressalte-se ainda a necessidade de fins primordialmente sexuais. Se o pai viaja com sua famíliapara uma praia de nudismo e publica no site pessoal da família fotos dos filhos menores em nu frontal, não há crime, pois não há fins primordialmente sexuais. 
 
Neste sentido, Profa. Cristiane Dupret, em Curso de Direito da Criança e do Adolescente: “Entendemos que, em geral, a reforma é bem-vinda, exceto no que tange o disposto neste artigo. O legislador, ao prever o conceito das cenas mencionadas nos artigos 240, 241 e 241-A a D, transformou os citados tipos penais em normas em branco, a terem seus elementos complementados pela disposição do artigo 241-E. No que tange a finalidade primordialmente sexual, de fato, apenas essa merece tipificação, pois, caso contrário, os pais que tirassem fotos de seus filhos em uma praia de nudismo, por exemplo, incorreriam em crime. No entanto, ao prever o conceito das cenas de sexo explícito e, principalmente, das pornográficas, o legislador transformou elementos normativos, que muito bem poderiam ter sido valorados pelo Magistrado casuísticamente, em elementos objetivos, que não admitem valoração. A previsão restringiu a aplicação dos artigos anteriores. Imaginemos aquele que fotografa criança de seis anos, de lingerie, em pose sensual, mas sem mostrar seus órgãos genitais. Em virtude do disposto no artigo 241-E, sua conduta não encontraria tipificação no artigo 240 do ECA. A não ser que se sustente que a definição é exemplificativa, o que nos parece temerário em termos principiológicos do Direito Penal, a conduta seria atípica.” 
 
 
 
ART. 242 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que forneça armas, munições ou explosivos; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente que adquire arma, munição ou explosivo; 
Tipo objetivo: vender ou dar à criança e adolescente, arma, munição ou explosivo; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a venda, fornecimento ou entrega, e admite tentativa. A doutrina entende que no que tange à arma de fogo, explosivo ou munição, aplica-se o estatuto do desarmamento em detrimento do art. 242 do ECA, pois em caso de conflito entre leis especiais, aplica-se o critério cronológico. Sendo assim, é aplicável o art. 16 da Lei 10826/03, só restando aplicação para o art. 242 do ECA no que tange à arma branca. 
 
ART. 243 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que venda, forneça ou entregue; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente objeto da entrega destes produtos; 
Tipo objetivo: vender, fornecer, ministrar (receitar) ou entregar à criança ou adolescente, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a venda, ministração ou entrega, e admite tentativa. 
 
Surge controvérsia no que tange ao fornecimento de bebida alcóolica. 
Vejamos posicionamento da doutrina – Profa. Cristiane Dupret, em Curso de Direito da Criança e do Adolescente: 
“O artigo 81 do ECA prevê a proibição de venda a crianças e adolescentes de vários produtos, dentre eles, as substâncias que possam causar dependência física ou psíquica. 
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: 
- armas, munições e explosivos; 
- bebidas alcoólicas; 
- produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida; 
- fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; 
- revistas e publicações a que alude o art. 78; 
- bilhetes lotéricos e equivalentes. 
No entanto, o artigo 81 fez uma separação desnecessária entre dois incisos: bebidas alcóolicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida. Afinal, já é incontestável na Medicina que o álcool está dentre as substâncias que podem causar dependência. No entanto, cabe indagar se o artigo 243 abrangeria as bebidas alcóolicas, pois, de acordo com esse entendimento, a contravenção prevista no artigo 63 da Lei das Contravenções Penais – LCP (DL 3688/41) estaria revogada em seu inciso I. Há projeto de lei do Senado visando a incluir o artigo 243-A no ECA, passando a tipificar expressamente a venda de bebidas alcóolicas. Vejamos o que dispõe o artigo 63 da LCP: 
Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: 
– a menor de dezoito anos; 
– a quem se acha em estado de embriaguez; 
– a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais; 
– a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida de frequentar lugares onde se consome bebida de tal natureza: 
 Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. 
Três entendimentos foram construídos acerca do tema: 
1º) O crime do artigo 243 abrange a venda de bebidas alcóolicas, revogando parcialmente a contravenção penal do artigo 63. A bebida alcóolica está incluída entre as substâncias que podem causar dependência. Além disso, o legislador não fez menção ao artigo 81, não havendo por que vincular e restringir sua aplicação com base na distinção feita nesse artigo. 
2º) No que tange a bebida alcóolica, não estaria caracterizado o crime do artigo 243, mas sim a contravenção penal do artigo 63. Tendo em vista que, se o artigo 81 separou as substâncias, poderia ter mencionado a bebida no artigo 243, mas não o fez. Não se poderia permitir uma analogia in malam partem para alcançar aquele que servisse bebida alcóolica a menor de 18 anos. Dessa forma, servir bebida alcóolica a criança ou adolescente continuaria caracterizando contravenção penal, diferente de outras substâncias que podem causar dependência física ou psíquica, ainda que por uso indevido. Trata-se de entendimento majoritário. 
3º) Caracteriza mera infração administrativa. Trata-se de combinação necessária do artigo 81, II, com o artigo 249 do ECA, tendo em vista que a proibição de venda de bebida alcóolica sempre é contida em portaria da Justiça da Infância e Juventude. 
Vejamos o entendimento que vem sendo aplicado pela Quinta Turma do STJ: 
A distinção estabelecida no art. 81 do ECA das categorias "bebida alcoólica" e "produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica" exclui aquela do objeto material previsto no delito disposto no art. 243 da Lei 8.069/90; caso contrário, estar-se-ia incorrendo em analogia in malam partem (Precedentes do STJ). REsp 942288 / RS – Min Jorge Mussi – Quinta Turma – 28/02/2008 
 
Não esbarra no óbice da Súmula 07/ STJ a pretensão recursal que visa o reconhecimento de que o art. 243 do ECA proíbe, de forma genérica, a venda de bebidas alcóolicas a crianças e adolescentes. A exegese do aludido dispositivo revela que, ao estabelecer as condutas delituosas em espécie, o legislador excluiu, deliberadamente, a venda de bebidas alcóolicas. REsp 331794 / RS – Min José Arnaldo da Fonseca – Quinta Turma – 25/02/2003 
No mesmo sentido: 
DESCLASSIFICAÇÃO. ART. 63. INC. I, DECRETO-LEI 3.688/41 
Conforme reiterados precedentes desta Câmara, tal fato se enquadra como contravenção penal (art. 63. inc. I, Decreto-Lei 3.688/41) e não como crime definido no Estatuto da Criança e do Adolescente. O art. 243 da Lei nº 8.069/90 prevê o delito de fornecimento a menor de substância que cause dependência física ou psíquica. Todavia, esse mesmo diploma legal, em seu art. 81, faz expressa distinção entre bebidas alcoólicas e substâncias que causem dependência física ou psíquica, penalizando, em seu art. 243, exclusivamente, o fornecimento destas a menores e, evidentemente, excluindo o fornecimento de bebidas como crime. (Apelação Crime Nº 70021710694, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Naele Ochoa Piazzeta, Julgado em 24/04/2008) 
No Tribunal de Justiça de Minas Gerais e do Mato Grosso, predomina o entendimento de que a conduta caracteriza mera infração administrativa: 
O proprietário ou responsável pelo estabelecimento comercial que, dolosa ou culposamente, não cumpre o seu dever de fiscalização quanto à venda de bebidas alcoólicas, permitindo a sua aquisiçãoe consumo por adolescente, menor de 18 anos, infringe a proibição contida no art. 81, II, e, ao descumprir determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar, comete a infração administrativa prevista no art. 249, ambos do Estatuto da Criança e do Adolescente. - Sujeita-se à pena de multa, de natureza administrativa, que pode ser fixada a partir do valor de 3 'salários de referência', o que equivale a 3 salários mínimos, conforme Lei nº 7.789/89. (TJ/MG APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0637.07.046005-9/001 - COMARCA DE SÃO LOURENÇO - APELANTE(S): BAR QUINZINHO - APELADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO MINAS GERAIS - RELATOR: EXMO. SR. DES. ARMANDO FREIRE) 
Na doutrina, concordamos com Ishida, que discorda do posicionamento adotado pelo STJ: [1: Ob cit, p. 421 ]
Não compartilhamos deste entendimento, porque a restrição quanto à taxatividade do tipo penal deve ser feita não como conjugação de dois artigos (o art. 81 e o art. 243), mas com base única e exclusivamente no tipo penal: o art. 243. Neste, o intérprete deve buscar o conceito de produto cujo componente possa causar dependência física ou psíquica, não se verificando como a bebida alcóolica possa ser excluída do mesmo.” 
 
 
ART. 244 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que venda, forneça gratuitamente ou entregue; 
Sujeito passivo: criança ou adolescente objeto da venda ou entrega de fogos de estampido ou de artifício; 
Tipo objetivo: vender, fornecer gratuitamente ou entregar à criança ou adolescente, fogos de estampido (que fazem barulho) ou de artifício (ornamentais); 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a venda, fornecimento ou entrega, e admite tentativa. 
 
ART. 244-A – Este artigo encontra-se tacitamente revogado pelo art. 218B do Código Penal, incluído pela lei 12015/09, que abrange todas as condutas antes previstas no art. 244A 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, incluindo no §1º, o proprietário do local, gerente e o responsável (administrador na falta do gerente); 
Sujeito passivo: criança ou adolescente que sofre a ação ilícita do agente; 
Tipo objetivo: submeter (obrigar) a criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a submissão da criança ou adolescente à prostituição ou exploração sexual, e admite tentativa. 
 
ART. 244-B 
Sujeito ativo: qualquer pessoa que corrompe ou facilita a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la, inclusive utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, mesmo de salas de bate papo da internet; Sujeito passivo: criança ou adolescente que sofre a ação ilícita do agente; 
Tipo objetivo: submeter a criança ou adolescente à corrupção para a prática de infração penal; 
Elemento subjetivo: é o dolo; 
O crime se consuma com a submissão da criança ou adolescente à corrupção, e admite tentativa. 
Para este artigo, resolvemos trazer o comentário disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=13629&p=3. “A redação do caput do art. 244-B, do ECA, acrescentado pela L. 12.015, manteve as mesmas elementares da revogada L. 2.252/54 que cuidava da corrupção de menores. Ressalte-se que essa corrupção não se confunde com aquela constante do título referente aos crimes contra a dignidade sexual, já que a corrupção aqui, ocorre pela pratica de infração penal com o menor de 18 anos, ou mediante o induzimento para que o mesmo pratique. O legislador, atento a evolução tecnológica, previu no §1º, uma extensão de pena, para o agente que praticar as condutas do caput, utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, incluindo as salas de bate-papo da internet. De fato, não é incomum que via msn, salas de bate -papo e outros meios eletrônicos, o agente induza o menor a praticar uma infração penal (crime ou contravenção penal). 
No §2º, o legislador previu uma causa de aumento de pena de um terço, no caso da infração penal que vier a ser cometida ou que houve o induzimento, esteja no rol dos crimes hediondos do art. 1º, da Lei 8.072/90. De fato, a maior gravidade desses delitos justifica o acréscimo. Todavia, entendemos que o legislador deveria ter mencionado além dos crimes hediondos (art. 1º, da L. 8.072/90), os a eles equiparados, constantes do art. 2º, da L. 8.072, como a tortura, o tráfico de entorpecentes e o terrorismo. Em função dessa omissão legislativa, não se pode aplicar o aumento de pena, se o menor praticou ou foi induzido a praticar um desses delitos equiparados a hediondos.”

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