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Conceitos de ÉTICA

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Conceitos de ÉTICA:
	Quando estudamos os juízos científicos , estamos trabalhando com afirmações acerca da realidade empírica capazes de ser “objetivas” e de tão objetivas podem ser , por sua vez, testadas em laboratório, serem reproduzidas por várias pessoas e serem verificadas exaustivamente na experiência , quantas vezes os cientistas quiserem. 
Quando nos referimos a juízos sobre a realidade estamos falando exatamente o que a realidade é, sem tirar nem por.
Quando tecemos juízos sobre as pessoas ou sobre as coisas antes de ter qualquer conhecimento cobre elas, estamos fazendo um pré-juízo.
	Porém, quando, falamos: “Que casa bonita!”. Ou, “você não devia ter feito isso!”. Ou, ainda: “ “Eu gosto de você”! “ Você me magoou, estou sofrendo”! Nesses casos, nós não estamos mais fazendo juízos sobre a realidade objetiva. Nós não podemos colocar estas afirmações no laboratório, reproduzir a experiência e ser tudo empiricamente verificável. É que estamos tratando , não mais de juízos sobre a realidade empírica, mas sobre juízos de valor. 
A Ética e a Moral referem-se à juízos de valor que são dados subjetivamente pelo ser humano individual em cada uma das suas experiências de vida do seu cotidiano. 
	Não estamos mais no âmbito das Ciências rigorosamente construídas! Estamos no pântano da individualidade. Juízos de valor são “convenções” singulares ou particulares ou culturais: podem ser os juízos Éticos ou os Estéticos. 
 Aquilo que é convencionado como belo faz parte do ramo da Filosofia chamado Estética. O que é encarado como certo ou como bom pertence à Ética. Ao estudo de todos esse valores chamamos Axiologia. Exemplo de juízos de valor: a boca de um africano ou de um índio brasileiro com aqueles pedaços de madeira que alargam os lábios , são LINDOS ,nas tribos de origem. Em outros locais são objeto de repulsa! Ou ainda, em alguns países da África, os clitoris de meninas de 10 anos são extirpados à faca e suas vaginas costuradas e isso é considerado o supra-sumo da Sabedoria humana! Aqui esses costumes levariam os pais para a cadeia! Então, o belo e o certo, são convenções que variam de cultura para cultura. 
“Ética “ é um termo que deriva do grego “éthos” que significa “a morada do homem”, “a casa do homem” . Nesse sentido, ”ethos” é o recesso seguro que o acolhe. Posteriormente, através de modificações semânticas ethos passou a Ter o sentido de “carater”, “modo de vida habitual”. Moral , tem sua origem no latim “ mos”, “moris” , que possui significado muito semelhante ao sentido de “costume” ou “modo de se comportar regulada pelo uso”. Ética e Moral são reflexões sobre os valores, sobre os juízos de valor: do certo e do errado, do bem e do mal, do bom e do mau. 
Ética ou Filosofia Moral é a parte da Filosofia que se ocupa da reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral. 
Moral: é o conjunto de regras de conduta do ser humano admitidas em determinada época e em determinada cultura.
O ato moral exige a consciência crítica que estabelece exigências e prescrições que reconhecemos como válidas para orientar nossa ação. O ato será moral ou imoral conforme esteja de acordo ou não com as normas convencionadas como “certas” naquele grupo social. Portanto, Imoral é o comportamento que transgride algumas normas morais. O Indivíduo Imoral, é aquele que basicamente age moralmente, mas transgride algumas regras em determinadas ocasiões. 
A pessoa amoral é aquele que não se interessa por regra nenhuma! Ela age sempre sem qualquer referência a valores externos de conduta. É o chamado “homem sem princípios” , que dirige sua vida de acordo com o que deseja no momento presente , sem realmente se preocupar se o que faz é certo ou errado, se prejudica ou não alguém! É difícil de acreditar, mas pessoas assim existem. Na Psiquiatria clássica ,são consideradas portadoras de um tipo de transtorno de personalidade, denominado ”Psicopatia”. 
Postura não-moral é uma avaliação que fazemos e que precisamos , momentaneamente, suspender os nossos juízos de valor moral. Por exemplo: quando avaliamos uma obra de arte. Na maioria das vezes, ninguém vai condenar um quadro de um gênio da pintura porque ele pintou algo que fere alguma regra moral do momento daquela sociedade. Porém, a Igreja Católica fez exatamente isso quando mandou pintar uma roupa em cima dos nus dos afrescos da Capela Sistina produzidos por nada menos do que o gênio Michelangelo Buonarrotti (1475-1564), que hoje em dia , felizmente, foram restaurados. 
ARISTÓTELES e a ÉTICA:
Desde Sócrates ,que tomou como própria , a sentença do templo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo” ,que a preocupação filosófica não ocupou-se somente da Cosmologia e Metafísica: também curvou-se para si , pois conhecer-se a si mesmo , em muitos momentos, pareceu aos grandes filósofos , uma tarefa mais difícil e traiçoeira do que conhecer o mundo. 
A partir de Sócrates, a Filosofia refletiu mais enfaticamente sobre o campo da Ética e da reflexão Moral. E Aristóteles é visto por muitos como o fundador da Ética . Ele começou a sistematizar as definições éticas , a partir da noção do grego aretê = virtude ou excelência. A palavra latina “virtude“ origina-se de Vir= poder, potência . Poder para conseguir a passagem da “ potência ao ato”, ou seja, do que é meramente possibilidade de algo bom, para a realização da ação boa, justa. A aretê ou a Virtude são possíveis porque somos racionais, temos um “logos pessoal”. Ethos na sociedade sob forma de Lei é a Política. Ethos no indivíduo sob a forma de virtude é a Ética mesma. 
Para Aristóteles, a virtude não é dada totalmente de modo genético (herança transmitida corporalmente pelos pais) nem cai do céu magicamente. Por exemplo, essa estória de herança genética , que “fulano nasceu santo ou demônio” era improcedente para ele. Ou, essa idéia de “conversão” imediata e mágica ao bem total, depois de anos de pilantragem também era rechaçada por Aristóteles. Lembramos que a noção de “milagre” não existia na Grécia antiga. 
A virtude não é um sentimento nem uma capacidade inata. É uma disposição resultante do desenvolvimento de uma capacidade, pelo exercício dessa própria capacidade. A virtude, é um estado habitual da razão que dirige a decisão . Nascemos com uma capacidade para adquirir a virtude , mas essa capacidade deve ser desenvolvida pela prática, pelo “costume”, ou seja, pela educação, pelo hábito. Por isso, para Aristóteles, a virtude é uma disposição adquirida de fazer o bem. 
Aristóteles tem uma Teoria da Virtude como Justo Valor: a virtude encontra-se na “Sophrosyne” , que significa, “autodomínio, moderação”. Para Aristóteles , sophrosyne tem significado de “o meio, entre os extremos de prazer e de dor”. É o “meio, o justo valor entre as vivências radicalmente opostas”. Sophrosyne é o meio, mas não é a mediocridade. É o equilíbrio entre situações opostas de carência e de excesso. Para Aristóteles, as ações não são boas ou más em si mesmas , independentemente da situação. Para ele, para cada contexto, existe um modo conveniente de agir. Esse modo conveniente é o justo valor, nem mais nem menos. É aquela ação conveniente e nenhuma outra. O desafio humano seria então ir capacitando-se, adquirindo a experiência refletida o suficiente para obter a sophrosyne: o conhecimento do bem a ser escolhido e do mal a ser evitado. 
Aristóteles não pretende eliminar o erro da ação humana, mas fazer com que o erro seja o fundamento de uma ação cada vez mais acertada, mais virtuosa. Por isso fala em “virtude adquirida”. É a partir de algo concreto e dinâmico que vamos pensando a ação inconveniente até chegarmos próximo da ação justa. A ação justa não é a ação que iremos realizar em tempos heróicos , num futuro onde estaremos aptos a sermos sobrehumanos. A oportunidade da ação justa é agora, no cotidiano mais simples. A decisão de que Aristóteles fala não é a única decisão quemudará a nossa existência. A decisão importante é qualquer uma da nossa vida. Até a singeleza de decidirmos se vamos estudar ou não. O que Aristóteles chama a atenção, na realidade, é que todas as ações e todas as decisões são importantes. O ideal da sophrosyne é a capacitação de todos os minutos das 24 horas do dia, com serenidade, com cuidado, com zelo pelas nossas próprias ações. 
 
Box
 Os historiadores da época , como Diógenes Laércios, e os da atualidade são unânimes em afirmar que Aristóteles teve uma vida de acordo com o que pensava em seus livros. Segundo relatos , ele era sereno e agia de acordo com o que postulava. Casou-se com Pítias, com quem teve uma filha, e ambas morreram jovens. Posteriormente, manteve com Herpílis um casamento estável, e segundo testemunhos , feliz. Teve com ela, o seu único filho, Nicômaco. Todas as questões éticas que Aristóteles desenvolve, aqui expostas ,encontram-se no seu livro “Ética à Nicômaco”. Nicômaco era o nome do pai, que era médico, e do filho de Aristóteles. Os filósofos que estudam Filosofia Antiga acreditam que o nome do seu livro de Ética é uma homenagem ao seu filho, que editou essa obra, após a morte de seu pai. 
 TEORIA DA DELIBERAÇÃO DE ARISTÓTELES
É apenas pelas suas ações voluntárias que os homens podem ser louvados ou censurados moralmente. A ação voluntária é aquela de acordo com a nossa vontade. A ação é chamada voluntária quando: 
a sua origem reside no agente da ação, vale dizer, na pessoa que age;
ele conhece as circunstâncias nas quais age e suas conseqüências.
Quando uma ação é involuntária, ou seja, não pertence às características acima, pode ser devido à coação ou à ignorância. A coação é quando há uma pressão ,ou mesmo violência externa , de outra pessoa nos coagindo a fazer algo que não queremos. Ignorância é não ter a menor idéia das conseqüências do que estamos fazendo. É não ter conhecimento das implicações da nossa ação.
Deliberar é pensar para agir. Tomar uma decisão após o exame detalhado do problema que a pessoa precisa resolver. A Teoria da Deliberação que Aristóteles criou é para estabelecer quais são as situações em que podemos ter uma ação voluntária. Porque não são todas as nossas ações que são voluntárias. Não são todas as ações que fazemos que podemos deliberar anteriormente. E assim mesmo, não deliberamos sobre tudo. A esfera da deliberação, da escolha , da opção racional é uma parte das ações que realizamos. 
Para Aristóteles:
Podemos desejar o impossível, mas não deliberar sobre ele. Exemplo: podemos desejar sermos imortais, mas não está na nossa competência mudarmos a nossa mortalidade;
Podemos desejar algo que não depende da nossa ação, mas não podemos escolhê-lo e nem deliberar sobre ele. Exemplo, podemos desejar que haja sol agora, mas não adianta “deliberar e escolher o sol” , que ele não surgirá por causa disso;
A deliberação , a nossa capacidade de escolher, recai sobre alguns acontecimentos: somente nos contingentes e nos possíveis! Não se delibera sobre os eventos necessários nem os impossíveis!! Sócrates já falava que “ a sabedoria é uma limitação”. Não limitação no sentido de que temos que nos conformar com a nossa vidinha medíocre. Mas, sabermos que o desejo pode desejar tudo , mas não é por isso que conseguiremos modificar qualquer coisa , bastando para isso agirmos deliberadamente!
Deliberação ocorre sobre aquilo que está ao nosso alcance e pode ser feito. Ou seja, está na nossa esfera de ação e há possibilidade de ser obtido. Isso pode parecer super óbvio , não é? Mas para uma pessoa “sacar” isso , às vezes demoram anos e anos de sofrimento inútil.
Por isso , a Ética e Moral são capazes de existir: porque as nossas ações são contingentes: podemos agir ou não agir. Podemos deliberar sobre o possível e ao nosso alcance. E estando a nossa ação submetida à inúmeras possibilidades, podemos fazer o “certo ou o errado”, de acordo ou não com a nossa cultura. Aí , entra o estudo e a reflexão éticas. 
Para Aristóteles, a Ética ou Sabedoria Prática consiste na boa deliberação. Essa é importante por levar o homem à “Eudaimonia”, isto é, “bem-estar” ou “felicidade”. Portanto, de modo resumido, a finalidade da Ética é a felicidade. A Felicidade significa a posse do melhor que se é capaz .

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