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Facebook Prof Mauro Argachoff Twitter @MauroArgachoff 2 Estelionato • Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Artifício: artefato ou objeto para auxiliar o agente no engodo. Ex. bilhete de loteria, disfarce, máquina de fabricar dinheiro, etc. Ardil: conversa enganosa Qualquer outro meio fraudulento: é a formula genérica inserida. . 3 Estelionato Finalidade do agente será sempre induzir ou manter alguém em erro. Consumação: com a obtenção da vantagem ilícita. Crime material. Tentativa: possível (fraude sem condições de enganar – crime impossível). Deve ser analisado o caso concreto. Se houver prejuízo para a vítima e não houver vantagem para o agente: tentativa (Ex. erro na digitação da conta corrente em venda fraudulenta). 4 Estelionato -Distinção entre estelionato e crime contra a economia popular: No estelionato a vítima é identificada. No crime contra a economia popular as vitimas são indeterminadas. 5 Estelionato - Distinção entre estelionato e falsificação de documento: Quando a falsificação tenha por fim enganar a vítima (quatro correntes): a) Agente punido pelos dois crimes, em concurso material; b) Agente punido pelos dois crimes em concurso formal; c) Falsificação absorve o estelionato; d) Estelionato absorve a falsificação. (súmula 17 do STJ) desde que não tenha mais potencialidade lesiva. Ex. falsificar folha de cheque e fazer compra. Se for tb o R.G., responde pelos dois crimes. 6 Estelionato Torpeza bilateral (vitima tb age de má-fé) – entende-se que existe crime. Três argumentos: a) fato é típico (houve fraude, vitima enganada e obtenção de vantagem; b) tipo penal não exige boa-fé por parte da vítima; c) punição do golpista visa proteger a coletividade. 7 Estelionato § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. - Não leva-se em conta o valor do bem, mas o prejuízo causado à vítima. - Jurisprudência tb tem fixado em um salário mínimo vigente à época dos fatos. 8 Estelionato § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria: I – Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria. Sujeito ativo: qualquer pessoa que se passa por dono do bem móvel ou imóvel e o negocia com terceiro. Sujeito passivo: o verdadeiro dono da coisa e quem a adquiriu de boa fé. Mero compromisso de compra e venda: não caracteriza o delito que é de ação vinculada (haverá estelionato comum). Consumação: com o recebimento do valor. 9 Estelionato Fraude na entrega de coisa: IV- defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém. Defraudar: alterar a natureza corpórea da coisa. Ex. entregar couro sintético no lugar de couro natural. Qualidade: Ex. entregar revestimento de piso de qualidade inferior ao comprado. Quantidade: Ex. entregar metragem ou peso menores ao contratado. - Coisa móvel ou imóvel. - ... 10 Estelionato Inciso IV – (cont.) - Consumação: somente no momento em que a coisa é entregue. A defraudação em si é ato preparatório. - Tentativa: sujeito tenta entregar e é impedido ou a vitima recusa-se a receber. - Alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais: art. 273 do CP. - Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica: art. 280 do CP. 11 Estelionato Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro: V- destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com intuito de haver indenização ou valor do seguro. Condutas: a) Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria: Ex. joga carro de precipício para receber valor de seguro. b) lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença: pune-se pela finalidade da conduta. 12 Estelionato - Se pedir para terceiro lesionar haverá estelionato comum. - Deve haver um contrato de seguro. - Sujeito ativo: o segurado. - Sujeito passivo: a seguradora. - Coisa móvel ou imóvel. - Consumação: com o pedido de indenização. O recebimento é mero exaurimento. Divergência doutrinária entendendo que basta a destruição, ocultação ou lesão. - Tentativa: possível. 13 Estelionato VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. -Duas condutas: a) emitir cheque sem fundos; b) frustrar o pagamento do cheque. - Necessidade de má-fé – Súmula 246 do STF: “Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos”. - Cheque especial: valor garantido pelo banco não há crime. - Cheque emitido para pagamento de divida já vencida: não há crime. 14 Estelionato Consumação: momento em que o banco sacado recusa o pagamento. Competência: comarca da recusa do pagamento, independentemente de onde foi emitido o cheque Súmula 244 do STJ: “Compete ao foro local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos” Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade de emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”. 15 Estelionato Cheque pré-datado: perde característica de ordem de pagamento à vista. Duas possibilidades: a) Provado que foi emitido de má-fé: estelionato comum (art. 171, caput); b) Não provada a má-fé: fato atípico. Falsificação de cheque : competência será do local da obtenção da vantagem, visto tratar-se de estelionato comum - Súmula 48 do STJ: “Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque”. 16 Estelionato Pagamento do valor do cheque antes do recebimento da denúncia: retira a justa causa da ação penal - Súmula 554 do STF: “O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”. -Outras modalidades de estelionato: art. 16 do CP – arrependimento posterior. Pagamento após inicio da ação mas antes da sentença: atenuante genérica do art. 65, III, “b”, do CP. 17 Receptação Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. - Adquirir: obter a propriedade - Receber: obter a posse, mesmo que transitória (Ex. receber objeto furtado para guardar) - Transportar: levar de um lugar para outro (Ex. transporte de carga roubada) 18 Receptação - Conduzir: dirigir automóvel ou motocicleta de origem ilícita. - Ocultar: esconder - Trata-se de crime acessório, pressupondo a ocorrência de crime anterior. - Elemento subjetivo: dolo direto (que sabe), não cabendo o eventual. Origem ilícita do bem deve ser conhecida no momento da realização da conduta típica. 19 Receptação Produto de contrabando ou descaminho: quem adquire pratica receptação. Se for no exercício de atividade comercial (art. 334, § 1º, “d”) CD Pirata: Camelô (Violação de Direito Autoral – art. 184, § 2º, CP). Quem compra: receptação 20 Receptação Instrumento do crime: arma, chave falsa, etc. Não se confundem com produto do crime. Bem imóvel: não pode ser objeto de receptação (STF). Há posicionamentodoutrinário em contrário, mas minoritário. Sujeito passivo: mesmo do crime antecedente. Consumação: quando realizado um dos verbos do tipo (permanente em conduzir, transportar e esconder). 21 Receptação Receptação imprópria: “... influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte” - É a parte final do artigo 180 do CP - O terceiro está de boa-fé - É cometida pelo intermediário, aquele que não cometeu o crime antecedente, mas sabe da origem ilícita do bem. - Crime formal: consuma-se com a oferta do bem, independentemente do aceite. - Não admite tentativa: ou faz a proposta e consuma ou não faz e é fato atipico. 22 Receptação Receptação qualificada § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa - Crime próprio: comerciantes e industriais - Crime misto alternativo: realização de mais de uma conduta constitui crime único. 23 Receptação - Coisa que deve saber ser produto de crime: dolo eventual (receptação simples só dolo direto). E se efetivamente souber? Duas correntes: a)Deve responder pela figura qualificada (se responde “devendo saber” tem que responder “sabendo”) Majoritária; b) “deve saber” trata só do dolo eventual, devendo então responder pelo caput se “souber”. 24 Receptação Culposa § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. - Natureza do objeto: arma, veículo, etc. - Desproporção entre o valor de mercado e o preço - Condição do ofertante - Juiz deve concluir que o homem médio desconfiaria da procedência. 25 Receptação § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica- se o disposto no § 2º do art. 155. -Perdão judicial só é aplicável na receptação culposa. É causa extintiva da punibilidade (Súmula 18 do STJ). -Segunda parte fala da receptação privilegiada (primariedade e pequeno valor do produto do crime). . 26 DISPOSIÇÕES GERAIS Imunidades Absolutas: - Chamadas de escusas absolutórias - Isentam de pena - Tendo a autoridade policial conhecimento, sequer deve instaurar I.P. • Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; - leva-se em conta a data do fato e não da descoberta - Pouco importa o regime de bens - Separação de fato não exclui a imunidade - Alcança os companheiros 27 DISPOSIÇÕES GERAIS II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. - Não se aplica a parentesco por afinidade (sogro, genro, etc.) 28 DISPOSIÇÕES GERAIS Imunidades Relativas - Necessidade de representação da vítima • Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; - Entre divorciados não há imunidade II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; -se for menor de idade a representação é oferecida pelos pais. III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. - Não precisa ser praticado o crime no local em que as partes moram 29 DISPOSIÇÕES GERAIS Exceções • Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. - Furto cometido por filho e amigo. Amigo responde pelo furto qualificado em concurso de agentes. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. - Ainda que cometido por cônjuge, filho, etc. 30
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