Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Instituto de Ciências Jurídicas - Campus Alphaville EDUARDOA DE SOUZA SILVA Matricula: B971851 Turma:DR1A06 PROFESSOR:Marcelo Barros DISCIPLINA:Comunicação e Expressão ASSUNTO:Trabalho: “A arte do bem falar, técnicas de oralidade, como falar em público” TÉCNICAS DE ORALIDADE Breve historia 11) Oralidade E a transmissão oral dos conhecimentos armazenados na memória humana. Antes do surgimento da escrita, todos os conhecimentos eram transmitidos oralmente. A memória auditiva e visual eram os únicos recursos de que dispunham as culturas orais para o armazenamento e a transmissão do conhecimento às futuras gerações.1 A inteligência estava intimamente relacionada a memória. Os anciões eram os mais sábios, pelo conhecimento acumulado. Pierre Lévy faz uma distinção em "As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática, faz distinção entre a oralidade primária, onde a palavra, por ser o único canal de informação, é responsável pela gestão da memória social; e a oralidade secundária em que a palavra (falada) tem uma função complementar à da escrita (e posteriormente à dos meios eletrônicos), sendo utilizada basicamente para a comunicação cotidiana entre as pessoas". Em muitas culturas, a identidade do grupo estavam sob guarda de contadores de histórias, cantores e outros tipos de arautos, que na prática eram autenticamente os portadores da memória da comunidade. Este é o caso do papel desempenhado na África Ocidental pelos griot, sendo o relato mais famoso o dos feitos do rei Sundiata Keita, soberano do Império Mali. 12) Oralidade Primária Segundo a teoria do filósofo francês Pierre Lévy, os elementos técnicos condicionam as formas de pensamento ou as temporalidades de uma sociedade. Antes do surgimento da escrita, a sociedade vivia no que, segundo ele, seria a oralidade primária, em que a palavra tem como função básica a gestão da memória social. Nesse caso o edifício cultural estaria fundado sobre as lembranças dos indivíduos. 13) Persistência Apesar da grande diversidade técnica das últimas décadas, Pierre Lévy escreve sobre a persistência dessa oralidade primária nas sociedades modernas, não pelo simples fato de falarmos, mas porque as "representações e maneiras de ser ainda são transmitidas independentemente dos circuitos de escrita e dos meios de comunicação eletrônicos". Ainda que seu livro “As tecnologias da inteligência” tenha sido lançado em 1993, e que as novidades tecnológicas tenham evoluído bastante de lá pra cá, sua afirmação permanece atual. Instituto de Ciências Jurídicas - Campus Alphaville 14) As inconveniências da memória A memória humana não corresponde a um equipamento de armazenamento e recuperação fiel das informações, havendo, muitas vezes, dificuldade para diferenciar as mensagens originais que recebemos das relações que associamos a elas. Segundo Pierre Lévy, as distorções dos fatos são ainda mais fortes quando interpretados segundo esquemas preestabelecidos. Nesse caso, as informações originais são transformadas ou forçadas para se enquadrar o mais possível no esquema já existente. 15)“O eterno retorno” Essa seria a sensação nas sociedades sem escritas ou que não façam uso intenso dela, que poderia ser explicada pela tendência natural de reduzir acontecimentos singulares a esquemas estereotipados. “Não há nada de novo sob o sol”. Essa frase equivaleria, segundo o filósofo, a dizer que é difícil lembrar-se do específico e do singular sem reduzi-los a cenários ou formas preestabelecidas. 16) As Técnicas de Oratória 17) Aristóteles (384-322 a.C.) Escreveu um importante livro intitulado( Arte Retórica) que permanece até os nossos dias como base para os amantes da oratória. Para o autor, a retórica tem algo de ciência, pois é um corpus com determinado objeto e um método verificativo dos passos seguidos para se produzir persuasão. Para se ter eficácia comunicativa é preciso investir na persuasão. Persuadir é, sobretudo, a busca de adesão a uma tese, perspectiva, entendimento, conceito, etc. evidenciando a partir de um ponto de vista que deseja convencer alguém ou um auditório sobre a validade do que se anuncia. É possível que o persuasor não esteja trabalhando com uma verdade – entendido o termo no sentido de construção social e não de pretensa referência positiva, muitas vezes carregada de maniqueísmo e moralismo, mas apenas com verossimilhança. Isto é, algo que “brinca de verdade”; que se assemelha ao verdadeiro, processo garantido através de uma lógica que faz o símile (similar, parecido) confundir-se com o vero (verdadeiro, original). Verossímil é, pois, aquilo que se constitui em verdade a partir de sua própria lógica. Daí a necessidade, para se construir o “efeito de verdade”, da existência de argumentos e provas para que o destinatário “sinta como verdadeiro” aquilo que está sendo anunciado. Na obra Arte Retórica, Aristóteles determina a estrutura em quatro partes seqüenciais e integradas: Instituto de Ciências Jurídicas - Campus Alphaville 18) Exórdio É o começo do discurso. Pode ser uma indicação do assunto, um conselho, um elogio, uma censura. Para Machado (2007), que segue, juntamente com todos os estudiosos e ou professores de oratória, os passos de Aristóteles, o exórdio, também chamado de abertura, prólogo, começo é uma idéia principal e corresponde a 50% do sucesso ou do fracasso de uma apresentação. É o cumprimento ao público, a promessa de brevidade, a demonstração de respeito ao público, o anúncio de algo importante, o registro da satisfação em estar diante da platéia, uma menção à cidade, à data, ao local ou a alguém dos presentes, uma frase célebre, um provérbio, uma história real ou fictícia. Dependendo do tempo disponível, pode fazer uso de um ou mais itens; o importante é fazer um início diferente, chamativo, empolgante. É necessário captar a atenção de todos ou quase todos. 19) Narração Para Aristóteles é propriamente o assunto, ou seja, os fatos que são arrolados, os eventos que são indicados. Para o autor “o que fica aqui não é nem a rapidez, nem a concisão, mas a justa medida. Ora a justa medida consiste em dizer tudo quanto ilustra o assunto, ou prove que o fato se deu, que constitui um dano ou uma injustiça, numa palavra, que ele teve a importância que lhe atribuímos”. 20) Provas É parte do discurso persuasivo a prova do que se diz. A credibilidade do argumento fica dependente da capacidade de comprovar as afirmativas. Para Machado (2007), a narração e as provas podem ser denominadas pela palavra “meio”, também chamada de desenvolvimento, logos, exposição ou corpo do discurso. É quando o orador apresenta, além das provas e dos argumentos, os testemunhos, os exemplos, as comparações, as estatísticas, os vídeos, as fotos, dramatizações, canções, poesias ou outras formas que confirmem a idéia inicial apresentada. O público gosta de ser convencido, conquistado, contentado. O orador deve justificar em seu desenvolvimento a importância do tema trazido. Instituto de Ciências Jurídicas - Campus Alphaville 21) Peroração É o epílogo, a conclusão. Pelo caráter finalístico e, em se tratando de um texto persuasivo, está aqui a última oportunidade para se assegurar a fidelidade do destinatário. A ela se referia Aristóteles: “A peroração compõem-se de quatro partes: a primeira consiste em dispô-lo (o ouvinte)mal para com o adversário; a segunda tem por fim amplificar ou atenuar o que se disse; a terceira excitar as paixões no ouvinte; a quarta, proceder a uma recapitulação”. Para Machado (2007), é o fecho da apresentação em público; deve ser de uma forma rápida e empolgante. Relembrar a idéia inicial, porém com mais convicção e força. Pode ser uma frase, um desejo de sucesso ao público, um desafio, uma solução, uma pergunta para reflexão ou uma resposta para uma pergunta feita no início da fala, um agradecimento ou qualquer outra forma de deixar uma boa impressão, uma marca registrada. O final deve levar o público ao aplauso, ao pensamento de “que pena que terminou – poderia ter continuado – que legal” e não a idéia de “ufa, até que enfim terminou – que chato – que cansativo – não entendi nada”. Atribuir a Aristóteles o papel de um dos primeiros sistematizadores da teoria do discurso é mais do que justo. Cabe, porém, lembrar que o autor de Arte Retórica não foi, como muitos insistem em dizer, o inventor da retórica. Ele apenas analisou os discursos de seu tempo, verificou a existência de certos elementos estruturais, comuns a todos eles e a partir de então indicou como os estudos retóricos poderiam contribuir no entendimento dos mecanismos de persuasão. O estudo das partes de um discurso, começo, meio e fim, deve ser amplamente feito por todos aqueles que desejam aplicar as técnicas de oratória em suas apresentações em público . Quanto mais dominarem o uso da palavra, mais contribuirão com seu desenvolvimento. Dessa forma poderão orientar seus discípulos a também usarem em suas falas as partes corretas de um discurso. Professores e alunos precisam saber que numa abertura não se deve desculpar-se pela apresentação, pela falta de tempo, por estar despreparado para o tema ou qualquer outra coisa, nem muito menos dizer que está nervoso ou que é a primeira vez que vai falar em público. Não devemos insistir em algo negativo ou pessimista. O público não precisa saber que algum equipamento seria usado e não será mais possível. É necessário preparar-se antecipadamente com alternativas para quando algo planejado não dê certo. Toda pessoa pode dedicar parte de seu tempo à pesquisa do riquíssimo tema Oratória e, sempre que possível praticar a oralidade em diversos setores de sua vida pessoal, social e profissional. Só podemos ensinar aquilo que conhecemos e vivenciamos. Instituto de Ciências Jurídicas - Campus Alphaville 22) Como Montar e desenvolver um assunto para apresentação em público 1 – Pesquisar (através de livros, palestras, cursos, filmes, aulas e falando com pessoas); 2 – Selecionar todo o material que se relaciona com o assunto a ser exposto; 3 – Eliminar o supérfluo. 4 – Organizar através dos três itens amplamente comentados nesse texto (começo, meio e fim); 5 – Ensaiar oralmente e mentalmente, se preocupando em reter as idéias; 6 – Preparar o tema (reduz a ansiedade e o nervosismo); 7 – Transmiti-lo de maneira clara, não exagerando em detalhes, nem omitindo nada importante; 8 – Falar com eficiência; 9 – Convencer; 10 – Demonstrar domínio do tema; 11 – Apresentar de maneira agradável. Instituto de Ciências Jurídicas - Campus Alphaville 23)Sugestões para uma boa oratória: 1 – As técnicas são dadas para dar mais segurança ao orador, para que ele sinta-se bem, jamais para aprisioná-lo. Os gestos devem fluir naturalmente, não automáticos nem bitoladores; 2 – Não podemos conversar com o público sem usar os braços e a expressão facial; 3 – Os gestos são apoio à palavra, transmitem segurança e desenvolvimento do orador e servem para descarregar as tensões e insegurança; 4 – Uma imagem vale mais que mil palavras; 5 – O corpo todo do orador transmite mensagem o tempo todo; 6 – O orador não pode ter apenas um volume de voz; 7 – Pronunciar corretamente as palavras, sem omitir sons; 8 – Distribuir bem as pausas; 9 – Pernas semi-abertas e firmes transmitem segurança; 10 – Não movimentá-las ficando ora sobre uma ou outra; 11 – Ser natural, não duro (engessado), mas à vontade; 12 – Manter postura natural, espontânea, mas digna de um orador. 24) Como fazer uma despedida em público: 1 – Demonstrar o sentimento pela partida; 2 – Renovar os elogios e dizer os motivos da partida; 3 – Demonstrar vontade de retornar para rever os amigos. Passos para uma homenagem: 1 – Fazer suspense quanto ao nome da pessoa homenageada; 2 – Falar das qualidades desta pessoa; 3 – Não exagerar nem omitir detalhes; 4 – Citar os motivos pelos quais a pessoa está sendo homenageada; 5 – Mencionar no final, o nome da pessoa. Instituto de Ciências Jurídicas - Campus Alphaville 25)Agradecimento: 1 – Agradecer pela presença de todos; 2 – Agradecer a quem o saudou; 3 – Estender o agradecimento a todos que ajudaram a ser merecedor da homenagem; 4 – Agradecimento finais. 26)Para dar uma mensagem ao público: 1 – Sentir o momento – ter sensibilidade; 2 – Falar com entusiasmo; 3 – Ser sincero. 4 – Ser breve. Improviso (quando somos convidados a falar inesperadamente); 1 – O primeiro passo é ficar calmo; 2 – Evitar dizer que foi pego de surpresa ou que não esperava ser convidado a falar; 3 – Evitar desculpar-se por não estar preparado nem cobrar o porquê de não ter sido avisado antes; 4 – Não fica bem dizer: não tenho palavras, não sei o que dizer, estou nervoso; 5 – Pode começar agradecendo pela oportunidade de falar a um público tão especial: 6 – Referir-se ao que falou alguém anteriormente ou parabenizar aos oradores que falaram antes, acrescentando uma idéia sua, um complemento ligado ao momento em que estão vivendo; 7 – Falar algo apropriado sobre o local em que se encontra; 8 – Mencionar a data especial ou outra da qual haja proximidade (natal, ano novo, 7 de setembro); 9 – Fazer um elogio ao público; 10 – Convidar os presentes à confraternização; 11 – Mostrar a importância da paz, do amor, da fé, do estudo. Instituto de Ciências Jurídicas - Campus Alphaville 27)REFERÊNCIAS BLOCH, Pedro. A conquista da fala. Rio de Janeiro: Bloch 1997. CARNEGIE, Dale. Como fazer amigos e influenciar pessoas. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1993. CARNEIRO, Marcelo Motta. Oratória Básica. Curitiba: Vicentina, 1981. CHAUI, M. O que é Ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1994. CITELLI, Adilson, Linguagem e Persuasão. São Paulo: Ática, 1999. WEBBER, Orly Marion. Curso de Oralidade em Língua Portuguesa ministrado aos professores PDE 2008 na UTFPR. DCE. Diretrizes Curriculares do Ensino Básico de Língua Portuguesa e Literatura do Estado do Paraná, 2008. FIORIN, J. L. Linguagem e Ideologia. São Paulo: Ática, 1995. FURINI, Isabel Florinda. Práticas de Oratória. São Paulo, Ibrasa, 1992. MACHADO, Adilson. Salve Sua Comunicação. União da Vitória: BS, 2004. ________, É Preciso Comunicar. Porto União: Uniporto, 2007. MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. Introdução à Lingüística. São Paulo: Cortez, 2004. POLITO, Reinaldo.Como falar de improviso e outras técnicas de apresentação. São Paulo, Editora Saraiva, 1995. TERRA, Ernani. Linguagem, Língua e Fala. São Paulo: Scipione, 2002. VANOYE, Francis. Usos da Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
Compartilhar