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Apostila de defesa pessoal

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ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL 
POLÍCIA MILITAR 
DIRETORIA DE ENSINO – DE 
ACADEMIA CEL MILTON FREIRE DE ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEFESA PESSOAL 
 
PARTE TEÓRICA 
 
 
 
 
DEFESA PESSOAL E CIDADANIA: 
UMA AGREGAÇÃO À LUZ DOS DIIREITOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal – RN 
Janeiro / 2006 
PAULO ROBERTO DE ALBUQUERQUE COSTA – TEN CEL PM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEFESA PESSOAL 
 
 
 
 
DEFESA PESSOAL E CIDADANIA: 
UMA AGREGAÇÃO À LUZ DOS DIIREITOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila da disciplina Defesa Pessoal para as 
aulas teóricas do Curso de Formação de 
Oficiais – CFO/PMRN. 
 
 
 
 
 
 
 
Natal – RN 
Janeiro / 2006 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PENSAMENTO
Nós pedimos com insistência:
Não digam nunca: isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão.
Em que corre sangue.
Em que se ordena à desordem.
Em que a humanidade se desumaniza.
Em que os arbitrários tem força de lei.
Não diga nunca: isso é normal.
 Bertolt Brecht
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 06 
O INSTRUTOR ....................................................................................................... 07 
COMENTÁRIOS DO INSTRUTOR ......................................................................... 08 
CAPÍTULO 1 – O ALUNO ...................................................................................... 11 
CAPÍTULO 2 – A ORIGEM DO PENSAMENTO MARCIAL .................................. 
1. De onde veio a Palavra marcial ........................................................................... 
2. Um pouco da História para melhor conhecer a origem das Artes Marciais ......... 
3. História das Artes Marciais a serem Estudadas .................................................. 
3.1 Origem e Evolução do Jiu Jitsu .......................................................................... 
3.2 Na Índia .............................................................................................................. 
3.3 Na China ............................................................................................................ 
3.4 No Japão ............................................................................................................ 
3.5 No Brasil ............................................................................................................ 
3.6 No Rio de Janeiro .............................................................................................. 
4. Origem e Evolução do Judô ................................................................................ 
4.1 Jigoro Kano (1860 – 1938) ................................................................................ 
4.3 Sobre a Fundação do Instituto Kodokan ........................................................... 
4.4 A chegada do Judô no Brasil ............................................................................. 
5. Origem e Evolução do Karatê .............................................................................. 
5.1 Os Monges Oriundos da Índia ........................................................................... 
5.2 Okinawa – O berço do Karatê Dô ...................................................................... 
5.3 Gichin Funakoshi – O Pai do Karatê Moderno ................................................... 
5.4 Oficialização do Karatê-Dô na educação escolar de Okinawa .......................... 
5.5 O Karatê-Dô Shotokan chega ao Japão ............................................................ 
5.6 O missionário do Karatê-Dô Shotokan moderno ............................................... 
5.7 A filosofia Budô .................................................................................................. 
5.8 As conseqüências da guerra no Karatê-Dô ....................................................... 
5.9 A propagação do Karatê-Dô Shotokan no mundo ............................................. 
5.10 Início do Karatê no Brasil ................................................................................. 
5.11 O Karatê-Dô Shotokan chega ao Rio Grande do Norte .................................. 
13 
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41 
CAPÍTULO 3 – Direitos Humanos e Direitos Internacionais Humanitários ...... 44 
1. Perguntas Chaves ................................................................................................ 44 
2. Questões Éticas e Legais Relacionadas ao uso da Força e Arma de Fogo – 
Armas Letais ............................................................................................................ 
 
44 
3. O Direito a Vida a Liberdade e a Segurança de todos as Pessoas .................... 45 
4. Uso da Força para Encarregados da Aplicação da Lei ....................................... 45 
5. Princípios Básicos sob o Uso da Força e Arma de Fogo - Arma Letal............... 46 
5.1 Dispositivos Gerais e Específicos ...................................................................... 47 
5.2. Princípios Essenciais ........................................................................................ 48 
5.3. Qualificação, Treinamento e Aconselhamento ................................................. 48 
5.4. Uso de Armas .................................................................................................. 49 
5.5 Uso Indevido de Força e Arma de Fogo ........................................................... 50 
5.6. Opções de Uso de Força ................................................................................. 50 
CAPÍTULO 4 – DO INTERROGATÓRIO JUDICIAL .............................................. 51 
CAPÍTULO 5 – NOTAS PUBLICADAS NA IMPRENSA ....................................... 53 
CAPÍTULO 6 – AS ARTES MARCIAIS NA SOCIEDADE ATUAL ........................ 
1. A Prática das Artes Marciais ............................................................................... 
2. O Karatê-Dô na Educação e Saúde da Criança ................................................. 
57 
58 
58 
CAPÍTULO 7 - DEFESA PESSOAL ....................................................................... 
1. Que é Defesa Pessoal ........................................................................................ 
2. Ainda sobre Defesa Pessoal ............................................................................... 
3. Benefícios e Finalidade da Defesa Pessoal ........................................................ 
60 
60 
60 
61 
CAPITULO 8 – DA AGRESSIVIDADE ................................................................... 
1. Agressividade e Violência – um enfoque psicológico ......................................... 
2. Origem Generalizada .......................................................................................... 
3. O Ser Humano é Agressivo ................................................................................ 
4. Tipos de Violência Imposta pela Máquina Estatal e o Sistema Econômico ........ 
5. Violência e suas Modalidades ............................................................................. 
6. Ação e Reação ....................................................................................................7. Técnicas para a Dissolução da Violência ............................................................ 
63 
63 
63 
63 
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65 
66 
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CAPÍTULO 9 - DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO .............................................. 
1. Lesão Corporal à Luz da Lei ............................................................................... 
2. Legitima Defesa a Luz da Lei .............................................................................. 
2.1 Comentários acerca do art 25 CP ..................................................................... 
2.2 Tenham cuidado ao responder uma agressão .................................................. 
2.3 A Legislação reconhece o direito a defesa, mas condene excessos ............... 
3. Emprego da Força .............................................................................................. 
69 
69 
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71 
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72 
73 
CAPÍTULO 10 – ABUSO DE AUTORIDADE ......................................................... 74 
CAPÍTULO 11 – DA VIOLENCIA POLICIAL .......................................................... 
 A Violência Policial Militar no Exercício da Função ................................................ 
76 
76 
CAPÍTULO 12 – ÉTICA ........................................................................................... 
 Introdução ............................................................................................................ 
86 
86 
1. Que é Ética ? ...................................................................................................... 
2. Que é Moral ? ..................................................................................................... 
3. Que é Amoral ? ................................................................................................... 
4. Conduta e Comportamento Humano ................................................................... 
5. Influencia Ambiental ............................................................................................. 
6. Controle na Formação da Consciência Ética ....................................................... 
7. Consciência Ética ................................................................................................ 
8. Vícios Sociais ...................................................................................................... 
9. Conduta do Ser Humano em sua Comunidade e em sua classe ........................ 
10. Classes Profissionais ......................................................................................... 
11. Código de Ética ................................................................................................. 
12. O que Consta nesse Código ............................................................................. 
13. Base Filosófica do Karatê-Dô Shotokan ........................................................... 
14. Julgamento da Conduta Ética de Classe .......................................................... 
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CAPÍTULO 13 – SOBREVIVENCIA POLICIAL ..................................................... 97 
CAPÍTULO 14 AS ARTES MARCIAIS NA SOCIEDADE MODERNA .................. 98 
CAPÍTULO 15 – ARTES MARCIAIS COMO ESPORTE ....................................... 100 
CAPÍTULO 16 – DIFERENÇA ENTRE DEFESA PESSOAL E A ARTE 
MARCIAL ESPORTE .............................................................................................. 
 
101 
CAPÍTULO 17 – OS TREINAMENTOS .................................................................. 104 
CAPÍTULO 18 – TÉCNICAS DE MANUSEIO COM BASTÃO ............................... 
1. Bastão (Policial) ................................................................................................... 
2. Tonfa I .................................................................................................................. 
3. Tonfa II ................................................................................................................. 
110 
110 
112 
112 
CAPITULO 19 – DEFININDO O QUE REALMENTE É DEFESA PESSOAL ......... 114 
CAPÍTULO 20 – LEGISLAÇÃO – CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO 
FÍSICA – CONFEF E CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CREF 
 
117 
CAPÍTULO 21 – AULAS DE DEFESA PESSOAL – PRÁTICA DOJO .................. 117 
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 118 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 119 
ANEXOS ................................................................................................................. 
Anexo 1 – Lei 9.696, de 16 de setembro de 1998 .................................................. 
Anexo 2 – Resolução nº 013/99 – Registro de não-graduados em Educação 
Física no CONFEF REVOGADA ............................................................................ 
Anexo 3 – Resolução nº 021/00 – Dispõe sobre o registro de pessoas Jurídicas 
nos CREFs .............................................................................................................. 
Anexo 4 – Lei nº 9.981, de 14 de julho de 2000. ..................................................... 
Anexo 5 – Resolução nº 030/00 – Dispõe sobre os cursos para práticos ............... 
120 
121 
 
123 
 
125 
127 
136 
Anexo 6 – Resolução nº 036/00 – Dispões sobre o registro dos não graduados no 
CONFEF. ................................................................................................................. 
Anexo 7 – Resolução COFEF nº 045/2002. – Dispões sobre o registro de não 
graduados em Educação Física no Sistema CONFEF/CREFs. ............................. 
Anexo 8 – Resolução nº 039/01 – Dispões sobre data limite para registro de não 
graduados no CONFEF. .......................................................................................... 
Anexo 9 – Lei Complementar nº 218, de 18 de setembro de 2001.- Autoriza a 
instituição de unidade administrativa que especifica na estrutura da Secretaria de 
Estado da Defesa Social, e dá outras providencias. ............................................... 
- Plano de Matéria de curso de defesa pessoal. ..................................................... 
- Capa de Avaliação ................................................................................................ 
- Quadro Demonstrativo do Corpo Discente ........................................................... 
- Quadro Horário das Instruções ............................................................................. 
- Termo de Matrícula ................................................................................................ 
- Portaria de Matrículas ............................................................................................ 
- Solicitação de Inscrição em Curso ......................................................................... 
- Plano Didático da Academia de Polícia Militar Cel Milton Freire de Andrade ....... 
- A Filosofia do Karatê-Dô ........................................................................................ 
- O Karatê aplicado a Defesa Pessoal ..................................................................... 
- CURRICULUM VITAE do Ten Cel Albuquerque ................................................... 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
 
Este trabalho é fruto de 25 anos de observações acerca da condutae visão que policiais 
militares têm sobre a aplicação de técnicas de defesa pessoal, visão esta, totalmente 
distorcida, fruto da má orientação ao longo dos tempos em seus cursos de formação somada à 
falta de acompanhamento da evolução do mundo através dos tempos, fazendo uso deste 
mecanismo para, através da técnica e do uso da força, agredir não somente fisicamente, mas, 
principalmente, a integridade moral e psicológica do cidadão, negando-lhe os seus direitos, 
alegando muitas das vezes para isso, ter feito uso da “legítima defesa”. 
 No entanto, objetivando não só transmitir os ensinamentos corretos a respeito da 
legalidade de se poder fazer uso das técnicas de defesa pessoal, procuramos, principalmente, 
conscientizar estes policiais do direito à cidadania que todos os povos e nações possuem 
dentro da legalidade. 
Dentro deste tema, foi necessário interligar a defesa pessoal à cidadania, à luz das leis 
vigentes não apenas do Brasil, mas, no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O INSTRUTOR 
 
Ten Cel Albuquerque: 
UMA VIDA EM PROL DAS ARTES MARCIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fotografia do Tc Albuquerque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ten C l Albuquerque - 3º Dan de Karatê Shotokan e 
 
Paulo Roberto de Albuquerque Costa, 3º Dan de Karatê estilo Shotokan / FBK / 
IJKA, Pernambucano de nascimento, Norteriograndense de coração, presidente da Federação 
Interestadual de Karatê Shotokan do Rio Grande do Norte pelo segundo mandato, proprietário 
da Escola de Karatê Shotokan de Natal, com mais de 30 anos de prática de Artes Marciais 
(defesa pessoal), dentre elas técnicas de Judô, Aikidô, capoeira e jiu jitsu, sendo especialista 
em técnicas de karatê aplicada à defesa pessoal, com vários títulos em campeonatos a nível 
estadual e nacional e cursos técnicos com os mais renomados Mestres de Karatê do Brasil e 
do Mundo. É instrutor de Defesa Pessoal dos Alunos Oficiais da APM/PMRN desde 1995. 
 
 
 
 
 
COMENTÁRIOS DO INSTRUTOR 
 
 É visível nos dias atuais a expressiva demanda da sociedade pela prática de Defesa 
Pessoal no Brasil. O fenômeno decorre de fatores tais como o crescimento econômico, poder 
aquisitivo das pessoas, melhor qualidade de vida e principalmente a insegurança pública que 
assola a sociedade moderna brasileira. 
 No entanto, cresce o número de academias nos centros urbanos. Neste sentido, cresce 
também o número de pessoas que se autodenominam professores ou mestres em artes 
marciais, abrindo suas academias e colocando em risco a saúde dos alunos, além de no caso 
de artes marciais, servirem de verdadeiras escolas motivadoras de prática de violência. 
 Nesse pensamento, é que existe toda uma legislação desportiva e penal no Brasil, 
objetivando coibir essa prática clandestina ou irregular. 
 No entanto, a Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte, pelo motivo do seu 
crescimento, perdeu o controle da prática de instrução de defesa pessoal dentro da 
Corporação. 
 Cada Unidade aplica os ensinamentos de defesa pessoal e artes marciais sem nenhum 
tipo de acompanhamento, sem critérios e sem se preocupar com os resultados advindo dessa 
instrução. 
 Nesse sentido, o objetivo deste comentário é mostrar a necessidade de se analisar e 
discutir a prática de defesa pessoal na Polícia Militar do Rio Grande do Norte, mostrando as 
suas irregularidades e sua impotencialidade diante de tal situação, chegando a causar 
comentários negativos no ambiente desportivo entre dirigentes de organizações e 
principalmente entre os verdadeiros professores de educação física e defesa pessoal. 
 
ANÁLISE CRÍTICA DA PRÁTICA DE DEFESA PESSOAL NA PMRN 
 
 Inicialmente, verifica-se claramente a não valorização da prática de defesa pessoal na 
Policia Militar do Estado do Rio Grande do Norte. 
 
 Outrossim, verifica-se também a falta de conhecimento aprofundado a respeito do tema 
prática de técnicas de defesa pessoal, ou seja, a falta de pessoas devidamente qualificada que 
possa debater o assunto tecnicamente e dentro da ótica da legislação desportiva vigente no 
Brasil na atualidade. Por essa falta a Polícia Militar do Rio Grande do Norte, vem errando a 
cada dia em não dar o valor devido a essa prática na Corporação. Sua importância no contexto 
da formação educacional e o lapidamento do caráter não só do recruta iniciante, mas, 
principalmente, do policial tido como antigo na Polícia Militar. 
 
 A prática da violência policial no Brasil e no mundo, vem sendo tratada também com a 
prática Planejada bem monitorada de defesa pessoal e artes marciais em geral. Nos países do 
primeiro mundo são construídos centros de treinamentos completamente equipados com todo 
o tipo de material necessário para o desenvolvimento das aulas, tamanha é a importância 
dispensada, pois, sabem do percentual de ajuda ao combate da violência através do equilíbrio 
entre a teoria (filosofia Budô) e a prática (mecânica). 
 Na Polícia Militar do Rio Grande do Norte, não existe um setor exclusivamente para 
cuidar apenas da prática da defesa pessoal e artes marciais, preferindo que cada Unidade 
cuide dessa instrução a seu mero prazer. Sem o conhecimento da forma de como está se 
desenvolvendo essa prática, principalmente por quem a ministra. Sabemos que o Conselho 
Federal de Educação física (CONFEF) juntamente com os Conselhos Regionais (CREFEs) 
vem fechando o cerco a todas as entidades e órgãos civis e militares do Brasil, com o objetivo 
de fechar os locais de treinamentos de prática de educação física e artes marciais em geral 
que não se encontram perfeitamente enquadrado dentro da Lei Federal nº 9.696, preferindo 
passar por constrangimento junto a opinião pública do que dar melhor atenção a necessidade, 
qualidade e legalidade dos trabalhos desenvolvidos com a prática da defesa pessoal na 
Corporação, colocando a frente pessoas qualificadas para coordenar através de um setor 
próprio, colaborando com a diminuição da prática de violência policial através do esporte 
(competições), da defesa pessoal científica e de artes marciais bem orientadas. 
 
 
NECESSIDADE DE UM DEPARTAMENTO DE DEFESA PESSOAL NA PMRN 
 
As más orientações repassadas nas aulas teóricas/prática de Defesa Pessoal aos 
policiais militares, colaboram com a prática da violência policial nas ocorrências que 
necessitam do emprego da força por parte dos agentes encarregados da manutenção da 
ordem pública. 
Todas as Policias do mundo possuem nas suas estruturas organizacional um setor que 
cuida especificamente da área de Defesa Pessoal como um todo; estes Setores, 
Departamentos ou Centros, já são uma realidade hoje no Brasil. Podemos citar por exemplo, 
dentre outras, a Policia Militar do Estado de São Paulo que tem um Centro de Treinamento de 
Defesa Pessoal, que trabalha em parceria com órgãos da área desportiva do Governo, que 
planeja, coordena e disciplina as atividades de Defesa Pessoal e Artes Marciais naquela 
organização policial militar. 
Nesta perspectiva, surge a necessidade urgente da criação e ativação de um 
Departamento de Defesa Pessoal para a Polícia Militar do Rio Grande do Norte, com o 
objetivo de conduzir essa área tão importante nos dias atuais para uma organização policial e 
a sociedade em geral, não permitindo que aberrações venham a ocorrer isoladamente 
causando prejuízo a Corporação, sendo ela mesma a responsável direta pelo problema. 
Nesse pensamento, pesquisar a prática de Defesa Pessoal desenvolvida na Polícia 
Militar do Rio Grande do Norte, em particular nas Unidades da Grande Natal, seus reflexos no 
contexto educacional, social e operacional, a qualificação e regulamentaçãodos instrutores 
com fulcro na legislação desportiva em vigor no país, é necessário a criação e ativação de um 
Departamento de Defesa Pessoal, com a responsabilidade de planejar e coordenar todas as 
atividades na área de Defesa Pessoal e Artes Marciais na Instituição Policial Militar do Rio 
Grande do Norte. 
 
Ten Cel PM Albuquerque 3º Dan 
Instrutor de Defesa Pessoal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
 
O ALUNO 
 
O aluno - Enraizado como um dos mais primit ivos instintos da vida 
animal, vemos como o homem necessita de uma atenção maior do que o 
restante dos seres vivos para nascer, crescer, desenvolver-se e, f inalmente, 
morrer. Em todas e em cada destas etapas o aprendizado é constante, ainda 
que a ordem de importância se veja mais acentuada nas primeiras fases. 
O aprendizado através da famíl ia, da sociedade e de própria experiência 
e personal idade joga um papel decisivo na formação integral da pessoa. A 
natureza, na maioria dos casos, inf lui na escolha do caminho a seguir em 
casos de dúvida. 
Se quiséssemos anal isar os motivos que levam o homem à prática de 
uma arte marcial na sociedade moderna, veríamos que seria preciso uma 
investigação de psicologia social de longo alcance para podermos ter dados 
conf iáveis e objetivos. No entanto, a experiência demonstra que, na maioria 
das vezes, estes motivos podem ser englobados em três grupos: formativos, 
recreat ivo e cr iat ivo, apesar de que sendo mais preciosos, nos damos conta 
que estes grupos f icam reduzidos a um apenas, que tem suas raízes na 
necessidade primária do homem de se relacionar e comunicar com seus 
semelhantes. Este relacionamento, por sua vez, está condicionado à idade, ao 
sexo e à personalidade tanto do educador quanto do educando. 
O esotérico e enigmático mundo das artes marciais e a relação do aluno 
com o professor adquirem transcendental importância. O respeito, a confiança 
e a est ima que se professam são mútuas, chegando a alcançar níveis próprios 
de um alto grau de maturidade característ ico de uma sociedade hierárquica e 
humana, que forma a pedra angular sobre a qual está assentada a prát ica da 
arte marcial ou defesa pessoal. 
Numa escola de artes marciais o aluno tem uma função dupla, faci l i tada 
pelos di ferentes graus de conhecimento reflet idos na cor da faixa: uma de 
aprendizado através dos graus superiores, outra de docência para com os 
graus infer iores, por sentir-se incorporado como peça vál ida de uma corrente 
de conhecimentos, na qual recebe e dá simultaneamente, enriquecendo-se no 
constante f luir do aprendizado: 
 
a) Emprego da Força 
b) Emprego da força física 
c) Arte Marcial 
d) Defesa Pessoal 
e) Abuso de autoridade 
f) Legitima Defesa 
g) Equipamentos não letais 
h) Equipamentos letais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
A ORIGEM DO PENSAMENTO MARCIAL 
 
 
1. DE ONDE VEIO A PALAVRA MARCIAL? 
 
Segundo LACEY (1999), o Homem é uma raça que evoluiu de organismos unicelulares 
para o seu estado mias elevado por meio de uma série de transformações biológicas ocorridas 
a milhões de anos, onde muitos acreditam que o ser humano tinha vida marítima, uma 
pequena célula, que deu origem a uma outra forma de vida, e com o passar dos anos, foi 
tomando nova forma de vida até chegar no homem. 
NICHOLAS (1999), afirma que Antropólogos acreditam que o homem tem sua origem 
em macacos antropóides, ou que este foi derivado de um ancestral antropóide em comum, que 
ao longo de milhões de anos evoluiu, mudando de forma até chegar no seu estado mais 
elevado, o homem, o que segundo eles, explica a existência do homem das cavernas, que 
seria uma das fases da evolução do homem. 
Mas entre as diversas teorias sugeridas pelos Antropólogos evolucionistas, nenhuma 
delas possui comprovação aceita pela maioria dos estudiosos da antropologia, existem sim 
muitos casos isolados, mas que não oferecem nada de real, e além disso não há descobertas 
cientificas ou arqueológico para dar sustentação a nenhuma destas teorias. 
Afirmam alguns cientistas que aproximadamente há 5 milhões de anos, surgia o homem 
sobre o planeta Terra, tendo provavelmente como berço o continente africano. Tinha início o 
longo, sangrento e, por vezes, glorioso caminhar da História. 
 Os estudiosos tradicionais dividiam a evolução humana em dois períodos: a Pré-
História, caracterizada pela ausência de escrita, e a História propriamente dita, quando se 
formaram as primeiras civilizações. Essa divisão é bastante simplista e conceitualmente errada, 
pois, sendo o homem um agente histórico por definição, seu aparecimento e suas primeiras 
atividades já caracterizam uma realidade que, efetivamente, pode ser denominada de 
“histórica”. Além disso, os antigos historiadores definiam a Pré-História pelo critério da 
carência: ausência de Estado, falta de sofisticação tecnológica, economia estritamente de 
subsistência e desconhecimento da escrita. Em suma, comunidades selvagens e, por 
conseguinte, desprovidas de História. Essa visão nos parece preconceituosa, pois parte do 
conceito de que o processo civilizatório só teve início quando nasceram as estruturas e os 
valores que a nossa cultura, neles baseada, define como tais. Também a Pré-História é dividida 
em períodos: o Paleolítico, o Mesolítico e a Idade dos Metais, desdobrada em período do 
Bronze e o do Ferro. 
As idéias gerais da teoria da evolução das espécies sofreram, aos poucos, alterações e 
aperfeiçoamentos. Todavia, as bases do evolucionismo subsistem até hoje e o nome de Darwin 
(Charles Darwin, naturalista inglês (1809-1882), à sua doutrina.) ficou ligado a uma das mais 
notáveis concepções do espírito humano. 
Acreditamos que desde o primeiro golpe desferido com um osso em direção a um objeto 
ou ser vivo originou os golpes de espada que hoje aperfeiçoados, denotam a perfeição da 
técnica atual em relação às suas origens. 
É inevitável não estabelecermos a origem do pensamento marcial às guerras. Daí o fato 
de ser chamado de artes marciais, que remonta a origem do deus marte, ou o deus da guerra. 
Explicarei melhor: 
 
MITOLOGIA (Aurélio Buarque de Holanda): 
 
s. f. 1. Descrição geral dos mitos. 2. Estudo dos mitos. 3. História 
dos mistérios, cerimônias e culto com que os pagãos reverenciavam 
os seus deuses e heróis. 
 
MITO (Aurélio Buarque de Holanda): 
 
s. m. 1. Fábula que relata a história dos deuses, semideuses e heróis 
da Antiguidade pagã. 2. Interpretação primitiva e ingênua do mundo 
e de sua origem. 3. Coisa inacreditável. 4. Enigma. 5. Utopia. 6. 
Pessoa ou coisa incompreensível. 
 
Marte (Ares), deus sanguinário e detestado pelos imortais, nunca teve grande 
importância entre as populações helênicas. Em numerosas localidades, parece até haver sido 
inteiramente desconhecido, e se o seu culto conservou na Lacônia importância maior que 
alhures, deve-se à rudeza dos habitantes de tal país. Foi somente entre os romanos que Marte 
adquiriu importância verdadeira e permanente; o tipo de Palas conformava-se muito mais ao 
gênio grego. Com efeito, Palas é a inteligência guerreira, ao passo que Marte nada mais é do 
que a personificação da carnificina. Ávido de matar, pouco lhe importa saber de que lado está a 
justiça e cuida apenas de tornar mais furiosa a luta. 
O deus da guerra e da violência aparece-nos sempre em atitude de repouso. Tem, por 
vezes, numa das mãos a Vitória, como Júpiter ou Minerva. Vemo-lo com tal aspecto numa 
famosa estátua da Villa Albani. Uma linda pedra gravada mostra Martesegurando com uma 
das mãos a Vitória e com a outra a oliveira, símbolo da paz proporcionada pela vitória. A 
maioria das vezes usa um capacete e empunha uma lança ou gládio. Aparece, assim, em 
várias medalhas, mas as estátuas que o representam isoladamente não são demasiadamente 
comuns entre os gregos. Entretanto, a bela estátua do Louvre, conhecida pelo nome de Aquiles 
Borghese passa hoje por ser um Marte. Explica-se o elo que usa num dos pés pelo hábito de 
certos povos, e notadamente os lacedemônios, de agrilhoarem o deus da guerra. 
Parece ter sido o escultor Alcameno de Atenas quem fixou o tipo de Marte, tal qual 
surge habitualmente nos monumentos artísticos. Os atributos habituais do deus são o lobo, o 
escudo e a lança com alguns troféus. Uma medalha cunhada na época de Seotímio Severo 
nos mostra Marte com uma lança, um escudo e uma escada para o ataque. Sob tal aspecto, 
Marte recebe o epíteto de Teichosipletes (o que sacode as muralhas). 
Resumindo, no que conhecemos por história, Bodhidharma é o pai das artes Marciais. 
Dizem na China que, quando o homem de Nenderthal utilizou-se pela primeira vez de um 
osso ou de uma pedra para melhorar suas qualidade na luta, surgiu o KUNG FU. Pois bem, 
iremos abordar um pouco de história para melhor conhecer a origem das Artes Marciais. 
 
 
2. UM POUCO DA HISTÓRIA PARA MELHOR CONHECER A ORIGEM DAS ARTES 
MARCIAIS 
 
Existem grandes obras elaboradas, por filósofos de comprovada idoneidade que 
mencionam na China, a prática do Kung Fu, muitos milhares de anos antes de Cristo. No 
entanto, existem ainda, muita discordância a respeito de sua origem. 
Ali pelo ano de 525 da era Cristã, atravessou a fronteira Chinesa, vindo da Índia, pelo 
"Caminho da Sêda", o 28º patriarca do Budismo que se chamava Bodhisatva Avalokitesvara 
Bodhidharma, (mais conhecido na China por Ta Mo), esse monge constatou a diversificação 
dos dogmas do Budismo Chinês e, em busca da Iluminação, ingressou no Templo Shao-Lin, na 
província de Honan e, pôs-se a meditar durante nove anos frente a um muro. 
Terminando o período de meditação, tomado por um acesso de mística, Bodhidharma 
recodificou o sistema ginástico denominado Kung Fu, filosoficamente comparou-o aos 
movimentos dos animais e uni-o a um característico "modus vivendi" estreitamente unido a 
natureza. Na mesma época, revolucionou o pensamento budico (recatado) universal, 
redescobrindo a meditação como forma de redescobrimento do homem. (Em crônicas 
posteriores abordaremos o aspecto filosófico). 
Mais ou menos mil anos após a morte de Bodhidharma, o Império Chinês foi invadido 
pelos bárbaros do norte, conhecidos como Manchus. A antiga dinastia dos Ming foi derrubada 
e seus oficiais esconderam-se no templo Shao-Lin. 
A fuga dos Oficiais Ming para o templo Shao-Lin representou papel importante na 
historia do Kung Fu, lá praticadas, foram aperfeiçoadas e ganharam um caráter mais bélico e 
marcial. Adaptando-se inclusive, à utilização de diversos tipos de armas. Porém, por esse 
motivo o templo Shao-Lin foi destruído e, embora tenha sido reconstruído em outro local, foi 
novamente destruído, provocando a disseminação dessa luta através de toda a China. 
No que se refere a Bodhidharma, como sempre acontece com as lendas, tornou-se 
impossível separar fato de ficção. As datas são incertas. De fato, eu conheço pelo menos um 
erudito budista que duvida que Bodhidharma tenha existido. Mas correndo o risco de escrever 
sobre um homem que nunca existiu, eu esbocei uma biografia, baseada nos registros mais 
recentes e algumas suposições, para fornecer um cenário para os sermões a ele atribuídos. 
Bodhidharma nasceu em torno do ano 440 em Kanchi, capital do reino sulista indiano de 
Pallawa. Ele era um brâmane de nascimento e o terceiro filho do Rei Simhavarman. Quando 
ele era jovem, ele converteu-se ao budismo, e mais tarde o Dharma lhe foi ensinado por 
Prajnatara, de Magadha, que foi convidado pelo seu pai. Magadha era o antigo centro do 
budismo. Também foi Prajnatara quem disse para Bodhidharma ir para China. Uma vez que a 
tradicional rota terrestre estava bloqueada pelos hunos, e uma vez que Pallawa tinha laços 
comerciais por todo Sudeste Asiático, Bodhidharma partiu de navio de um porto nas 
proximidades, Mahaballipuram. Depois de contornar a costa da Índia e a Península da Malásia 
por três anos, ele finalmente chegou ao sul da China ao redor do ano 475. 
Nessa época o país estava dividido pelas dinastias Wei do norte e Liu Sung. Essa 
divisão da China numa série de dinastias nortistas e sulistas começou no início do Séc. III e 
continuou até o país ser reunificado sob a dinastia Sui no fim do Séc. VI. Foi durante esse 
período de divisão e conflito que o budismo indiano transformou-se em budismo chinês, com os 
nortistas de mente militarista enfatizando meditação e mágica e os intelectuais sulistas 
preferindo discussão filosófica e a compreensão intuitiva de princípios. 
Quando Bodhidharma chegou à China, no fim do Séc. V, haviam aproximadamente 2 
mil templos budistas e 36 mil clérigos no sul. Ao norte, um recenseamento em 477 contou 6,5 
mil templos e aproximadamente 80 mil clérigos. Menos de 50 anos mais tarde, outro 
recenseamento feito ao norte aumentou esses números para 30 mil templos e 2 milhões de 
clérigos, ou cerca de 5% da população. Sem dúvida, isso incluía muitas pessoas que estavam 
tentando evitar impostos ou recrutamento ou que procuravam a proteção da igreja por outras 
razões não religiosas, mas claramente o budismo estava espalhando-se pelas pessoas 
comuns ao norte do Rio Yangtze. No sul, permaneceu muito confinado à elite educada até o 
Séc. VI. 
Muitas são as lendas que permeiam as origens dos pensamentos relacionados às artes 
de guerra. Desde que as origens da religião “shinto” se estabeleceram o Japão como filhos de 
deus, muito se fala a respeito das artes marciais japonesas, mas até onde tudo é verdade ou 
frutos da mitologia criada pelo homem? 
 
3. HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS A SEREM ESTUDADAS 
 
3.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DO JIU-JITSU 
O Jiu-Jitsu foi criado na Índia, aproximadamente a 2.000 anos antes de Cristo, numa 
pequena e pacata vila interiorana sem recursos para confecção de armas ou grandes sistemas 
de defesa, observando as posições em que, de um "meio suave", seria possível aos seus 
habitantes desequilibrar, derrubar e defender-se de seus ofensores. Após uma invasão de 
tropas chinesas à Índia, foi levado para a região do rio Meckong e usado por lavradores para 
defenderem-se de salteadores e andarilhos hostis. Eventualmente, foi introduzido no Japão e lá 
foi aperfeiçoado adicionando-se torções de articulações, estrangulamentos, imobilizações e 
alavancas, o que tornou o Jiu-Jitsu mais eficiente numa luta de corpo-a-corpo e na defesa 
pessoal. Com o início da entrada da cultura ocidental no Japão, foi solicitado a Jigoro Kano, 
excelente atleta de jiu-jitsu, que desenvolvesse uma modalidade que assemelhasse com o jiu-
jitsu e que não deixasse transparecer as técnicas eficientes e secretas da nobre arte; Jigoro 
Kano, então, desenvolveu o Judô, baseado em projeções e imobilizações com bastante 
finalizações, muito assemelhado ao princípio do jiu-jitsu em sua fase chinesa. O Jiu-Jitsu foi 
introduzido no Brasil em 1920 por ESAI MAEDA, cônsul japonês no Pará. 
 
3.2 Na Índia 
 
Segundo os antigos e o conhecimento verbal, esta arte (Jiu-Jitsu), teria se iniciado na 
antiga Índia. Em especial pelos monges. Segundo os princípios religiosos os monges não 
podiam usar de agressividade e sim desvencilhar de um súbito ataque ou mesmo imobilizar o 
assaltante em suas peregrinações pelo mundo afora. 
 
3.3 Na China 
 
A China pôr sua vez caracterizou o Jiu-Jitsu como práticabélica, pois esta civilização 
desenvolveu um grande número de estilos de artes marciais. O Jiu-Jitsu era praticado com um 
kimono curto de mãos livres, além da luta corporal, tinha grande importância no desarmamento. 
Sua prática chega no auge na época dos “Reinos Combatentes” e na unificação da China por “ 
Chin Shih Huang Ti\". 
 
3.4 No Japão 
 
O Jiu-Jitsu chega ao Japão no séc.II depois de Cristo, advindo da China. Muitas foram 
as correntes que transmitiram esta arte ao país do \" Sol Nascente\", inclusive, existem 
inúmeras lendas nipônicas relacionadas à criação e artes marciais. A história registrada em 
1.600, afirma que um monge chinês \"Chen Gen Pin\" teria ensinado três Samurais, a cada qual 
ensinara uma especialização a saber: Atemi, torções e projeções. E estes difundidos a todo o 
japão, ou mesmo se fundindo com outras escolas de jiu-jitsu. No Japão Feudal se utilizam 
inúmeros nomes relacionados com o Jiu-Jitsu, alguns se divergiam em fundamentos técnicos 
outros eram extremamente semelhantes; Aikijitsu, Tai Jitsu, Yawara, Kempô, e mesmo o termo 
Jiu-Jitsu se dividia entre estilos como: Kito ryu, Shito Ryu, Tejin e outros. É nesta época, onde a 
forte divisão da calsse social japonesa enaltecia a nobreza dos Samurais que o Jiu-Jitsu se 
desenvolve a fundo. Os pequenos nipônicos aperfeiçoam a arte de lutar, onde poderiam decidir 
a vida ou a morte de um guerreiro em disputa. Era então o Jiu-Jitsu, uma prática obrigatória 
aos jovens que futuramente seriam \"Samurais\" ao lado da esgrima, literatura, pintura, 
cavalaria e outros. 
 
3.5 No Brasil 
 
Carlos Gracie, que fora treinado por Mitsuo Maeda passa pôr Minas Gerais e em Belo 
Horizonte ministra algumas aulas num hotel da região. Em seguida vem para São Paulo e no 
bairro das Perdizes monta uma academia. Sem o sucesso desejado se instala no Rio de 
Janeiro e na Capital começa a ensinar, e também a seus irmãos: George, Gastão, Hélio e 
Oswaldo. Hélio Gracie passa a ser o grande nome e difusor do Jiu-Jitsu. Já instalado no Rio, 
forma inúmeros discipulos. George Gracie foi um desbravador, viajou por todo o Brasil, no 
entanto, estimulou muito o Jiu-Jitsu em São Paulo, tendo como alunos: Otávio de Almeida, 
Nahum Rabay, Candoca, Osvaldo Carnivalle , Romeu Bertho e muitos outros. Alguns 
continuam na ativa. No Rio de Janeiro mais especificadamente na zona oeste, o mestre “Fada” 
foi notoriamente um dos baluartes do Jiu-Jitsu, tendo grande número de formados. Enquanto 
isso, na mesma época de Mitsuo Maeda, outros japoneses continuaram difundindo o Jiu-Jitsu. 
“Geo Omori” por exemplo, aceitava desafios no picadeiro do circo “queirolhos” e foi ele também 
quem fundou a primeira Academia do Brasil, em São Paulo no Frontão do Braz na Rua: Rangel 
Pestana , no ano de 1925 ( Segundo o historiador Inezil Penna). Os irmãos Ono vieram ao 
Brasil na década de 30 advindos de um renomado mestre de Jiu-Jitsu do Japão. Aqui no Brasil 
formaram muitos alunos mas acabaram por adotar a prática do Judô. Takeo Yuano muito 
conceituado por sua exímia técnica, viajou por todo o Brasil e ensinou Jiu-Jitsu em cidades 
como São Paulo e principalmente em minas Gerais, onde lecionou e até estimulou a criação da 
Federação local. 
 
3.6 No Rio de Janeiro 
 
Conhecida como a “Meca” do Jiu-Jitsu, por ter concentrado praticamente toda a Família 
Gracie.Os grandes nomes da família Gracie depois de Hélio foram: Carlson e Rolls Gracie. 
Atualmente Rickson Gracie é reconhecido como o melhor lutador do mundo! A primeira 
organização do Brasil, foi a fundação da Federação Carioca, formada por Hélio e continuada 
por Robson Gracie. Atualmente existe a Confederação Brasileira e Mundial, comandadas por 
Carlos Gracie Júnior. 
 
4. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO JUDÔ 
4.1 O JUDÔ 
O Judô de hoje é baseado no velho Jiu Jitsu. Das técnicas deste último, reexaminadas, 
apuradas, sistematizadas e ajuntadas a um ideal, deriva o Judô. 
O início do desenvolvimento histórico do combate corporal se perde na noite dos 
tempos. A luta, inclusive por necessidade e sobrevivência, nasceu com o homem e, a esse 
respeito, os documentos remontam os tempos mitológicos. 
Um manuscrito muito antigo, o Takanogawi, relata que os “deuses” Kashima e Kadori 
mantinham poderes sobre os seus súditos graças às suas habilidades de ataque e defesa. 
A Crônica Antiga do Japão (Nihon Shoki), escrita por ordem imperial no ano de 720 de 
nossa era, menciona a existência de certos golpes de habilidade e destreza, não apenas 
utilizados nos combates corporais mas também, como complemento da força física, espiritual e 
mental, relatando uma história mitológica na qual um dos competidores, agarrando o 
adversário pela mão, o joga ao solo, como se lançasse uma folha. 
Segundo alguns historiadores japoneses, o mais antigo relato de um combate corporal 
ocorreu em 230 aC, na presença do imperador Suinin. Taimano Kehaya, um lutador insolente 
foi rapidamente nocauteado por um terrível cultor do combate sem armas, Nomino Sukune. 
Naquele tempo não havia regras e combate padronizadas. As lutas poderiam desenvolver-se 
até a morte de um dos competidores. 
As técnicas de ataque e defesa utilizadas guardam muita semelhança com os golpes do 
sumô e do antigo ju-jitsu. 
 
4.2 Jigoro Kano (1860-1938) 
Jigoro Kano nasceu no Japão em 28 de outubro de 1860 (fim da dinastia Tokugawa) em 
Mikagemachi, Condado de Huko, Distrito de Hyogo. Era o terceiro filho de Jirosaku Mareshiba 
Kano, alto funcionáro da Marinha Imperial. Com onze anos transferiu-se para Kioto para 
estudar o idioma inglês, tornou-se professor e tradutor dessa língua. chegando inclusive a 
montar em Tókio sua própria escola, o Kobunkan. 
Quem lhe ensinou os primeiros passos no Jiu-Jitsu foi o professor Teinosuke Yagui. Aos 
dezessete anos matriculou-se na Escola Tenchin Shinyo Ryou sendo seus professores os 
mestres Hachinosuke Fukuda e Masotono Iso, logo foi a estudar na famosa escola Kito Ryou 
com o Mestre Tsunetoshi Iikugo. Em 1882, ano de sua formatura em Filosofia, Economia e 
Ciências Políticas pela Universidade Imperial de Tókio, Jigoro Kano fundou sua escola o 
Kodokan no templo budista Eisho onde começa a ensinar o novo esporte criado por ele: o 
Judô. Seu primeiro aluno foi Tsunejiro Tomita. 
A cultura do Dr. Jigoro Kano lhe possibilitou ascender a altos postos no ensino, no 
esporte e no governo de seu país. Foi Professor, Vice-presidente e Reitor do Colégio dos 
Nobres, Adido do Ministro da Casa Imperial, Conselheiro do Ministro da Educação Nacional, 
Diretor da Escola Normal Superior e ainda, Secretário da Educação Nacional. Fundou 
sociedades e institutos para jovens e também o primeiro clube de beisebol do Japão. Editou 
revistas, viajou para Europa e América do Norte em missão cultural. Foi ainda Diretor da 
Educação Primária, Presidente do Centro de Estudos das Artes Marciais (Botukukai) e o 
primeiro japonês a pertencer ao Comitê Olímpico Internacional, alem de Presidente da 
Federação Desportiva do Japão. Em 1920 passou a dedicar-se exclusivamente ao Judô, ainda 
como membro da Câmara Alta, Professor Honorário da Escola Normal Superior de Tóquio e 
Conselheiro do Gabinete Japonês de Educação Física. Foi o introdutor da Educação Física no 
plano educacional do Japão. 
O Dr Jigoro Kano morreu no dia 4 de maio de 1938, com 77 anos de idade quando 
voltava da Assembléia Geral do Comitê Internacional dos Jogos Olímpicos, postumamente foi-
lhe outorgado o Segundo Grau na Escala Imperial Japonesa. Foi o único a obter 12. Dan. O Dr. 
Jigoro Kano é conhecido mundialmente como um grande educador. 
 
4.3 Sobre a Fundação do Instituto Kodokan 
 
O prof. Kano estabeleceu o Instituto Kodokan em 1882, época em que o dojô (local detreino) tinha apenas 12 tatamis e o número de alunos era nove. O ju-jitsu foi substituído pelo 
judô pela razão de que enquanto "jitsu" significa técnica o "do" significa caminho, este último 
podendo ter dois significados: o de um caminho em que você anda e passa e o de uma 
maneira de viver. 
Como meio de ensino, no Kodokan, Jigoro Kano adotou o randori, kata e métodos 
catequéticos, adicionando educação física ao treinamento intelectual e à cultura moral. A 
harmonia desses três aspectos de educação constituem a educação ideal pela qual o judô será 
ensinado. 
Ao redor do ano 20 da era Meiji (1887), o judô tinha dominado o ju-jitsu, que foi varrido 
de vários países. O princípio do "JU", do judô, passou a significar o mesmo que na frase 
"gentileza é mais importante que obstinação". 
Assim a teoria do "JU", que é gentileza, suavidade, pretende utilizar a força do oponente 
sem agir contra ela, podendo ser aplicada não somente na competição mas também aos 
aspectos humanos. 
O prof. Kano disse em 1910 que a teoria da cultivação da energia tratava de adotar um 
método para melhorar a habilidade mental e física pelo armazenamento de ambas quanto for 
possível. Ele disse que o seu bom uso é cultivar e usar a energia humana para o bem e que a 
teoria pode ser adquiri-la através do treinamento de judô, podendo ainda ser ampliada para 
todos os aspectos da vida. Antes de se expandir, o conceito de judô do professor veio a formar 
dois grandes guias: o melhor uso da energia individual e o bem estar mútuo. Com estes 
princípios o judô expandiu-se no próprio Japão e no exterior. Com esta base, o prof. Kano 
deixou como ensinamento que através do treinamento a pessoa deve se disciplinar, cultivar o 
seu corpo e espírito através das técnicas de ataque e defesa, fazendo engrandecer a essência 
do caminho. O melhor uso da energia e o bem estar mútuo são uma versão resumida dos 
ensinamentos de Jigoro Kano, que definiu como objetivo último do judô construir a perfeição de 
uma pessoa e beneficiar o mundo. 
 
4.4 A Chegada do Judô no Brasil 
 
Em 1904, Koma ao lado de Sanshiro Satake, saiu do Japão. Seguiram então para os 
Estados Unidos, México, Cuba, Honduras, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Peru 
(onde conheceram Laku, mestre em ju-jitsu que dava aulas para a polícia peruana), Chile, onde 
mantiveram contato com outro lutador, (Okura), Argentina (foram apresentados a Shimitsu) e 
Uruguai. Ao lado da troupe que a eles se juntou nos países sul-americanos, Koma exibiu-se 
pela primeira vez no Brasil em Porto Alegre. Seguiram depois para o Rio de Janeiro, São 
Paulo, Salvador, Recife, São Luís, Belém (em outubro de 1915) e finalmente Manaus, no dia 18 
de dezembro do mesmo ano. A passagem pelas cidades brasileiras foi marcada apenas por 
rápidas apresentações. Por sua elegância e semblante sempre triste, Mitsuyo Maeda ganhou o 
apelido de Conde Koma durante o período que ficou no México. A primeira apresentação do 
grupo japonês em Manaus, intermediado pelo empresário Otávio Pires Júnior, em 20 de 
dezembro de 1915, aconteceu no teatro Politeama. Foram apresentadas técnicas de torções, 
defesas de agarrões, chaves de articulação, demonstração com armas japonesas e desafio ao 
público. Com o sucesso dos espetáculos, os desafios contra os membros da equipe 
multiplicaram. 
Entre os desafiantes, boxeadores como Adolfo Corbiniano, de Barbados, e lutadores de 
luta livre romana como o árabe Nagib Asef e Severino Sales. Na época Manaus vivia o "boom" 
da borracha e com isso as lutas eram recheadas de apostas milionárias, feitas pelos barões 
dos seringais. De 4 a 8 de janeiro de 1916, foi realizado o primeiro Campeonato de Ju-jitsu 
amazonense. 
O campeão geral foi Satake. Conde Koma não lutou desta vez, ficando apenas com a 
organização do evento. No dia seguinte (09/01/1916), o Conde, ao lado de Okura e Shimitsu, 
embarcou para Liverpool, na Inglaterra, onde permaneceram até 1917. Enquanto a dupla 
permaneceu no Reino Unido, Satake e Laku seguiram lecionando ju-jitsu japonês aos 
amazonenses no Atlético Rio Negro. E os mestres orientais continuaram vencendo combates a 
que eram desafiados. Até que em novembro de 1916, o lutador italiano Alfredi Leconti, 
empresariado por Gastão Gracie, então sócio no American Circus com os Irmãos Queirollo, 
chegou a Manaus para mais um desafio. Sataki que estava adoentado cedeu seu lugar para 
Laku, sendo este derrotado por Leconti. Sataki, em recuperação, seria o próximo adversário do 
italiano, mas devido a brigas geradas por ocasião do combate entre Laku e o desafiante, o 
delegado Bráulio Pinto resolve proibir outras lutas na capital. 
Em 1917, de volta ao Brasil, mais especificamente em Belém, e tendo ao lado sua 
companheira, a inglesa May Iris Maeda, Conde Koma ingressa no American Circus onde 
conhece finalmente Gatão Gracie. Em novembro de 1919, o Conde retorna a Manaus, agora 
na condição de desafiante de seu amigo Satake. Foi então que aconteceu a única derrota de 
Koma em toda sua carreira. Na biografia anterior diziam que ele nunca havia sido derrotado. 
Então ele volta para Belém e em 1920, já com a crise da borracha, é desfeito o 
American Circus. Com isso, Mitsuo Maeda embarca novamente para a Inglaterra. Em 1922, 
regressa como agente de imigração, trabalhando pela Companhia Industrial Amazonense e 
começa a ensinar judô aos belenenses na Vila Bolonha. No mesmo ano, seu ex-companheiro 
Satake embarca para a Europa e nunca mais se tem notícias do grande mestre.Conde Koma 
continuou em Belém, falecendo em julho de 1941. Carlos e Hélio Gracie, filhos de Gastão 
seguiram atuando no ju-jitsu, modalidade que aprenderam com Koma no circo do pai. 
 
 
5. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO KARATÊ 
 
5.1 Os monges oriundos da índia 
 
A história do Karatê perde-se no tempo. Formas de defesa pessoal que 
usavam os próprios membros como armas, foram vistas em muitos lugares do 
mundo em épocas bem distantes. A teoria mais aceita hoje sobre sua origem é 
a de que um monge – Daruma – vindo da Índia para a China ter ia trazido os 
ensinamentos de uma luta ao Mosteiro Shaol in. 
Na China, sob a orientação de Dharma (Bodhidharma), e como os monges 
passavam muitas horas em meditação, permaneciam muitas horas imóveis, o 
que al iado aos meios de subsistência, faziam com que os monges se tornassem 
mais volúveis às doenças. 
Então, Dharma, iniciou com estes monges a prát ica de uma at ividade 
f ísica, com o intui to de lhes estabelecer a força física e espir i tual. Foi assim 
que nascia o Kempô e passado pouco tempo, pelas suas técnicas bastante 
ef icazes, estes monges eram temidos principalmente pelos salteadores de 
estradas da época. 
No século XIV, o Kempô foi introduzido em Okinawa. Lá se desenvolveu 
desmembrando-se em três escolas importantes, sendo elas: a Shuri-Tê, na 
cidade de Shuri , ant iga capital onde a realeza e os nobres viviam; a Naha-Tê, 
na cidade de Naha e a Tomari-Tê na cidade de Kume. 
Mais tarde, no século XIX, esta prát ica sofre algumas alterações 
técnicas, introduzidas por Matsumura, e passa a ser designada por Karatê. 
Este trabalho foi cont inuado por I tosu Anko, Ginchin Funakoshi, Mabuni, 
Nakayama, Asai e tantos outros que continuam a desenvolver o Karatê e cr iam 
novos esti los 
Ginchin Funakoshi, após uma apresentação públ ica de Karatê no Japão, 
em 1922, passa a ser considerado o grande renovador desta arte marcial , uma 
vez que foi o pr imeiro a conci l iar o Karatê com os aspéctos f ísicos do 
desenvolvimento humano. 
 
 
5.2 Okinawa – O berço do karatê-dô 
 
Denominado pelos chineses de “Ryu Ryu”, estende-se por mais de 800 
Km, um vasto grupo de i lhas desde o promontório de Kogoshima (extremo suldo Japão) até a i lha de Taiwan (formosa). 
Do centro desta grande i lha, de vários tamanhos, esparsas como poeira 
salpicando o mar, entre os arquipélagos menores Yiaciama e Myato, destaca-
se Okinawa com 1.500 Km2, ocupando, sozinha, 53 % da superfície do Ryu 
Ryu. 
“Oki”, oceano ou grande, “Nawa”, cadeia, corrente ou corda – em japonês 
– essa i lha tem uma centena de qui lômetros de comprimento para uma largura 
de 30 a apenas 4 qui lômetros – quando se pode ver o Mar da China a oeste e o 
Oceano Pacíf ico a leste. Seu aspecto é realmente o de uma corda nodosa 
f lutuante. 
Ao Norte, montanhas verdes e rugosas ou vulcânicas, belas encostas de 
corais, baías de águas l ímpidas e praias brancas e muito sol. Ao sul na parte 
mais baixa, campos de arroz, plantações de nananeiras e cana-de-açúcar e por 
todo o l i toral pequenos pontos de pesca e pequenas aldeias. 
É enganosa a tranqüi l idade aparente do local. O inverno é ameno, o 
verão é terrível, sol forte e chuvas trazidas pelas “monções” (vento típico e 
periódico do sul e sudeste asiát ico) quase sempre acompanhadas por 
devastadores tufões. 
A vida em Okinawa sempre foi rude. Para se adaptar ao meio 
naturalmente hosti l e extrair seu al imento de um solo f ino e impróprio ao 
cult ivo, o habitante de Okinawa precisou forjar a vontade, a tenacidade e a 
engenhosidade – qual idade que teria que ter ainda em dobro em face de 
sucessivos invasores que pretendiam subjugá-lo, a todo custo. 
O instinto de sobrevivência far ia surgir recursos de resistência, técnicas 
de combate a mãos nuas (ancestrais do Karatê) ou com armas improvisadas 
(ancestrais do KoBudo – Sai, Bo, Nuchako, Kama, Tonfa, Chimbe, Tekko, etc). 
Pescadores e agricul tores de índole talvez pacíf ica conheceram uma histór ia 
tumultuada sobretudo pela opressão dos poderosos chineses e japoneses. Pela 
preservação da própria individual idade e hostis a toda tentativa de integração, 
geração, acabaram por for jar a alma do povo okinawense, como uma Segunda 
natureza. 
Hoje ainda, embora terr i tório japonês, Okinawa se sente muito di ferente 
do restante do Japão. 
 
De todas as etnias que vieram se fundir em Okinawa, o elemento 
puramente japonês foi provavelmente o úl t imo, introduzido a part i r do século 14 
– época em que a casta mil i tar nipônica pretendia subjugar a i lha. 
A si tuação geográf ica fez com que o local sofresse, em todas as épocas, 
a inf luência de uma grande variedade de culturas, pr incipalmente de seus 
vizinhos mais poderosos: China e Japão. Rota de comércio japonês, chinês, 
f i l ip ino ou malásio; ponto de escala e objeto de cobiça dos navios piratas vindo 
de todos os horizontes; entrada estratégica de toda região adjacente. Okinawa 
acumulou, por muito tempo – al iada a seu sofr imento de resistência – toda uma 
bagagem cultural e art íst ica r ica e fecunda. 
Até o século 13, pouco se sabe sobre a história de Okinawa. A i lha 
encontrava-se retalhada por clãs r ivais que se enfrentavam continuamente. 
A f igura de Shuten ou Shoto (senhor de Urasor) emerge como provável 
pr imeiro rei de Okinawa e que construiu um sistema de defesa fort i f icado do 
qual ainda restam vestígios. Esse fato histórico ainda marca o início da 
ascensão de uma de uma classe guerreira de nat ivos que ir ia se f i rmando e se 
individual izando. 
No século 14, relações comerciais seguidas estabeleceram-se com a 
China, a Coréia, o Japão e, mais além, com Java e Sumatra. 
Sabe-se que em 1372, o rei Okinawense Satto prestou voto de 
obediência ao Império chinês Ming (1468-1644), ao qual passou a pagar 
tr ibuto. Em 1429, a i lha foi unif icada pelo rei Sho Hanshu que, pela primeira 
vez soube reunir as velhas províncias de Chuzan, Hokuzan e Nazan. Era a 
época em que as grandes aldeias de Naha e de Shuri se tornavam cidades 
comerciais prósperas, entrepostos de todos os pontos os produtos do sudeste 
asiático e onde se acotovelavam japoneses, chines, indianos, malásios, thais e 
árabes. É também nessa época que a China da Dinast ia Ming, enviou 
importante grupo de artesãos e art istas – mencionados em antigos documentos 
como “As 36 Famíl ias”. Entre esses chineses, sem dúvida, encontravam-se 
indivíduos que t inham conhecimento tas técnicas de Boxe Chinês. São os 
primeiros vestígios de Shaol in Zu Kempo ou Chun-Fa importados” por Okinawa. 
Mas nada permite afirmar que essa arte tenha ofic ialmente sido 
introduzida na i lha por verdadeiros mestres. Esse primeiro impacto, ainda 
superf ic ial , deu-se provavelmente na pequena cidade de Kumemura onde 
estava instalada a parte essencial do grupo de imigrantes chineses. 
Enfim, uma Quarta cidade, Tomari, passou a crescer e mais tarde a se 
consti tuir no centro de um esti lo próprio de Karatê (Shuri e Tomari hoje estão 
incorporadas à cidade de Naha). 
 
Nessa época da histór ia de Okinawa, si tua-se um elemento capital que 
ir ia decidir sobre a or ientação das Artes Marciais já conhecidas na i lha: a 
promulgação de um édito que proibia o uso, o porte ou a conservação de armas 
de qualquer natureza. Foram estas recolhidas em praça públ ica e estocadas 
em entrepostos severamente guardados, no intui to de desencorajar a menor 
tentativa de revolta. Atr ibui-se a promulgação da ordem ao rei Sho Hashi 
(1421-1439). A histór ia é imprecisa neste ponto. 
Em vez de, no entanto, se desist imularem, os oprimidos okinawenses 
viram no fato um motivo a mais para desenvolverem técnicas de combate 
apoiadas nas próprias mãos e em elementos de Chu-Fa (trazidos pelos 
chineses) ou a se bastarem com os instrumentos de uso doméstico de que 
dispunham, os quais seriam convert idos em novas armas (origem do Ko-Budo). 
No início do século 17, o Japão saía de mais uma terrível guerra civi l 
cujo vecedor foi o clã dos Tokugawa e o vencido o clã dos Satsuma, dir igida 
pela famíl ia Shimasu. O novo Shugun mostrou-se hábi l em desviar o furor dos 
Satsuma, derrotados mas não destruídos, para a i lha de Ryu-Ryu; maneira 
astuciosa de l ivrar-se do inimigo e ao mesmo tempo estabelecer o controle 
japonês sobre uma i lha até então submissa à China (e talvez não pensasse 
também em preparar nova invasão à Corréia, pelo sul). 
Precisamente ao dia 5 de abri l de 1609, os Satsumas se atiram sobre 
Okinawa – que estava estão com meio milhão de habitantes – com uma frota a 
desembarcar 3 mil guerreiros. Okinawa caiu sob o julgo do clã invasor e assim 
f icou até o ano de 1879, data em que a i lha se tornou terri tór io japonês, 
incorporada ao Império de Matsu-Hito. 
Logo depois desta ocupação surgiram as primeiras ordens de Ichina 
Shimazu. A mais importante delas reforçava as descrições ant igas; f icava 
proibidas, pela Segunda vez, a posse de todo t ipo de arma e qualquer prática 
de caráter marcial . Ainda mais: os invasores japoneses conf iscaram todos os 
objetos e utensíl ios de ferro e desativaram as fundições. Pretendem alguns 
histor iadores que, este fato ocorreu também por fal ta do minério por parte dos 
Satsumas rechaçados da metrópole. 
Problemas elementares de subsistência não tardaram a surgir . Conta a 
histór ia ou a lenda, que f inalmente os nativos obtiveram do conquistador o 
direi to de cada aldeia possuir, a disposição, uma única faca, presa a grosa 
corrente na praça central , guardada por dois soldados. 
É certo que novamente os Okinaenses reagiram ao édito de Shimazu com forte espírito 
de resistência e vontade de sobrepujar a desvantagem imposta. Uma verdadeira eclosão de 
táticas e técnicas individuais de ataque e defesa fora a imposta; uma verdadeira eclosão de 
táticas e técnicas individuais de ataque e defesa fora a resposta. O século 17 completavao 
nascimento do To-De ou Okinawa-Tê, ancestral do Karatê. “To” designava “China” e, por 
extensão de sentido, “continente”, “Te” significa “técnicas” em Okinawense e mais tarde 
significaria “mão” pelo idioma japonês. 
A dominante das técnicas de combate a mão nuas era indiscut ivelmente 
chinesa (ainda que, com o passar do tempo, se mesclasse com inf luência de 
outras) e reportava-se, no. essencial , à arte Shaol in – seus mais variáveis 
aspectos como os esti los dos animais, a ênfase à respiração e à força mental, 
a ef icácia dos golpes desferidos nos pontos vi tais do corpo. Em suma, as 
mesmas diretr izes do Kung-Fu. 
Este úl t imo aspecto emergir ia bem mais tarde, para tornar-se 
preponderante no século 19, seguindo assim com um pouco de atraso a mesma 
evolução conhecida pelo conjunto de Artes Marciais japonesas que evoluíram 
do Bugei (técnica de guerra) para o Budo (via da arte marcial). 
 A proibição de Shimazu, outra conseqüência inesperada, despertou não 
somente inusitado interesse pelas técnicas de combate como general izou uma 
prática até então restr i ta a pequenas minorias. Foi a época de treinamentos 
enfurecidos em lugares secretos, geralmente à noite e longe dos lugares 
habitados, como nos rochedos, à beira mar, entre os discípulos de confiança. 
Este ambiente de “conspiração” continuaria praticamente até o f inal do século 
19, uma constante no Okinawa-Te. Com receio de serem descobertos 
praticando a arte marcial proibida, os okinawenses optaram por não deixar 
registros escri tos, e sim, por um ensino selet ivo através da transmissão oral , 
assim como pelas “representações de técnicas letais, zelosamente oculto as 
em movimentos aparentemente inócuos (a mesma idéia fundamental que se 
encontra nos Katas)”. 
 O Okinawa-Te revivia, assim, a tradição dos monges do mosteiro Shaol in, 
que eram perseguidos pelo pol ic iamento imperial . Tecnicamente sabe-se bem 
pouco desse período obscuro do Karatê, exeto que pés e mãos (pontas dos 
dedos, antebraço, cotovelos, joelhos) tornaram-se armas ef icientes e rápidas, 
capaz de substi tuir as lâminas banidas. Não havia lugar para estét ica e, 
também, não se pode dizer que os esti los já haviam se individual izados 
naquela época. É mais sensato si tuar no século 18 a formação de três esti los 
básicos de Okinawa-Te: Shuri-Te – denominações provenientes dos nomes das 
cidades nas quais eram praticados. Também não se pode afirmar que já se 
praticavam alguns Katas – embora algumas fontes ci tem o Passai (antigo Kata 
praticado desde o século 14) e o Koshiki-Naihanti (ant iga forma do Tekki), cuja 
posição em “cavaleiro de ferro” se adequaria bem às necessidades dos 
habitantes da i lha de treinar sobre rochedos. 
 Em Okinawa houve uma verdadeira osmose (mistura) entre homens e 
seus meios. 
 Nesta época aperfeiçoavam-se as técnicas do Ti-Gua (ancestrais do 
Kobu-Do), denominação que se dava ao treinamento desenvolvido a part is do 
uso de instrumentos agrícolas ou pesqueiros, ut i l izados na vida cotidiana e que 
não eram de natureza a inquietar o pol ic iamento japonês de ocupação. Essas 
técnicas se desenvolveram em nível de massa. 
 Okinawa-Te e Kubu-Do consti tuíram-se em um marco da civi l ização, pois 
foi a mensagem deixada por um povo oprimido, mas sempre motivado pela 
feroz vontade de independência. 
 Pouco a pouco, homens mais dotados emergiram dos vários grupos de 
praticantes, e se tornaram mestres, codif icaram seus sistemas de ensino com 
conteúdos objet ivos e subjetivos, que vir iam a adaptar-se a todas as épocas e 
si tuações futuras (guerras, escolas, universidades, prática desport iva). 
 
5.3 Gichin Funakoshi – O pai do karatê-dô moderno 
 
Ginchin Funakoshi nasceu em 1868, no distr i to de Yamakawacho, em 
Churi , sede administrat iva de Okinawa e faleceu em 1957, aos 89 anos em 
Tókio. 
Fi lho de famíl ia tradicional, desde muito cedo se entregou aos estudos. 
Tornou-se poeta, estudou Confúcio e gozava de prestígio como peri to calígrafo. 
Casado, foi professor de escola primária em Okinawa. 
Começou a prat icar Karatê em Okinawa com o mestre Yasutsune Azato, 
um homem alto e dinâmico que t inha batido muitos homens na sua época e, 
insuperável na arte do Karatê em toda a Okinawa, além disso, primava na arte 
de equitação, esgrima, e do manejo do arco. Treinou, também, com outros 
grandes mestres, tais como: mestre Ki, que, Kiyuna, que usando a mão sem 
proteção, podia ret i rar a casca de uma árvore viva numa questão de momentos; 
mestre Toonno de Naha, um dos eruditos confucianos mais conhecidos da i lha; 
mestre Ni igaki, cujo extraordinário bom senso impressionou-o profundamente. 
Mestre Matsumura, um dos karatekas mais notáveis e Yasutsume Itosu, 
também, um dos mestres mais respeitados naquela época. 
De f ísico pouco avantajado, Ginchin Funakoshi sofreu muito nos 
treinamentos. Treinou muito Kata Tekki (Naihanchi) que durante muito tempo 
foi a base da arte. Desenvolveu força golpeando o makiwara e treinando com 
chinelo de ferro. 
Sempre foi costume que o aluno treinasse com um único mestre e nunca 
o deixasse, mas mestre Azato pensava que não deveria ser assim, razão pela 
qual enviava seu alunos para treinar com outros mestres. Com isso Funakoshi 
teve a oportunidade de treinar com os mestres já mencionados. 
Ansioso de perfeição, sua imagem reflet ia o mais completo Budoka e seu 
ideal era conseguir todo bem resultante da prática do Okinawa-Te. 
Funakoshi passava todo o seu tempo l ivre treinando na casa do seu 
mestre, e só ia à casa para trocar de roupa. Devido às suas saídas noturnas 
para treinar, muita gente pensava que visi tava bordel. Mas, um dia, passou 
sobre a cidade uma forte ventania, e viram Funakoshi subindo num telhado e 
praticando a força de suas bases (posições). Chegaram a pensar simplesmente 
que estava louco. Nunca adivinhariam que este homem, professor pobre cuja 
mulher trabalhava numa granja para angariar dinheiro para a famíl ia, seria um 
art ista marcial respeitado mundialmente. 
Além de mestre de Karatê-Dô, era como já vimos, exímio poeta e quando 
escrevia os seus poemas usava o pseudônimo de Shoto, que quer signif ica 
ondas de pinheiro. Ele usava este nome porque a cidade nativa de Shuri , local 
do seu nascimento, era rodeada por col inas com florestas de pinheiro Ryu Ryu 
e vegetação subtropical. Entre elas estava o monte Toroa. A palavra Toroa 
signif ica “cauda de t igre” e era part icularmente adequada porque a montanha 
era estrei ta e tão densamente arborizada que realmente t inha a aparência de 
uma cauda de t igre quando vista de longe. Quando dispunha de tempo, 
costumava caminhar pelo monte Toroa, às vezes à noite quando a lua era cheia 
ou quando o céu estava tão claro que se podia f icar sob uma cobertura de 
estrelas. Nestas ocasiões, podia-se ouvir o farfalhar dos pinheiros e sentir o 
profundo e impenetrável mistér io que está na raiz de toda a vida. 
Em 1922, escreveu o seu primeiro l ivro, ou seja, “KyuRyu Kempo: Karatê, 
e nele fez a seguinte introdução: “Na profundidade das sombras da cultura 
humana oculta-se sementes de destruição, exatamente do mesmo modo a 
chuva e o trovão seguem na esteira do tempo bom. A histór ia é o relato da 
ascensão e queda das nações. A mudança é a ordem do céu e da terra; a 
espada e a caneta são tão inseparáveis quanto as duas rodas de uma 
carruagem. Assim, o homem deve abraçar os dois campos se quer ser 
considerado um homem de real izações. Se ele for demasiadamente 
complacente, acreditando que o tempo bom durará para sempre, um dia será 
pego desprevenido por terríveis tempestades e enchentes. Assim, é 
importantíssimo que nos preparemos a cada diapara qualquer emergência 
inesperada.” 
Em 1935, escreveu os seu segundo l ivro: “Karatê-Dô Kyuohan”. Neste ele 
deu ênfase nas técnicas de vários t ipos de Kata. 
Apesar de uma grande habi l idade e boa reputação, a vida de Ginchin 
Funakoshi não era nada fáci l . Naquela época ele t inha uma famíl ia para 
manter, e os professores não eram bem pagos. Na época ele foi designado 
diretor da Shobukai das Artes Marciais de Okinawa. 
Em 1936, foi fundado o primeiro Dojo ofic ial de Karatê, pelo Comitê 
Nacional e, devido aos fei tos de mestre Funakoshi foi batizado com o nome de 
Shoto-Kan. Daí surgiu o nome de uma escola (esti lo) que até hoje é cult ivada 
em várias partes do mundo, a Shotokan, ou seja, Shoto, pseudônimo de 
Funakoshi, mais Kan, escola, formando Escola de Funakoshi. 
O Karatê que conhecemos hoje foi aperfeiçoado através de mais de 
sessenta anos pelo mestre Ginchin Funakoshi. Portanto, ele é considerado o 
pai do Karatê moderno. 
 
5.4 Oficial ização do Karatê-Dô na educação escolar de Okinawa 
 
No começo deste século, mais precisamente em 1902, durante a visi ta de 
Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefei tura da cidade de 
Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi fei to uma demonstração de 
Karatê. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. 
Ogawa f icou tão impressionado que escreveu um relatór io ao Ministro da 
Educação elogiando as vir tudes da arte. Foi então que o treinamento de Karatê 
passou a ser ofic ialmente autorizado nas escolas. Até então o Karatê só era 
praticado de portas fechadas, mas isso não signif icava que fosse um segredo. 
As casas em Okinawa eram muito próximas uma das outras, e tudo que era 
fei to numa casa era conhecido pelas outras adjacentes. Enquanto muitos 
autores pregam o Karatê como sendo um segredo àquela época, ele não era 
tão secreto assim (do mesmo modo que os Estados Unidos nunca penetrou no 
Camboja durante a guerra do Vietinã). 
Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karatê, que eram 
a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o Karatê, com a ajuda de 
I tosu, até o sistema de escolas públicas. Logo, crianças estavam aprendendo 
Kata como parte das aulas de educação física. A redescoberta da herança 
étnica em Okinawa era moda, então as aulas de Karatê em Okinawa eram 
vistas como uma coisa legal. 
 
5.5 O Karatê-Dô Shotokan chega ao Japão 
 
O Imperador japonês Hihoshito, em visi ta à Okinawa, 1921, na qualidade 
de príncipe herdeiro, presenciou uma demonstração de Karatê e f icou tão 
favoravelmente impressionado, que incluiu este evento em seu informe de 
governo. 
No ano seguinte, o Ministério Japonês de Educação enviou uma carta ao 
governo de Okinawa sol ic i tando que mandassem uma delegação esport iva de 
artes marciais ao Japão, onde ocorreria um fest ival de educação física 
patrocinada pelo mesmo. Ginchin Funakoshi foi escolhido para dir igir essa 
delegação. Alguns contestaram essa escolha, pois nesta época, Funakoshi já 
estava com 50 anos de idade e eles julgavam que seria mais sensato o envio 
de alguém com maior vigor f ís ico. Na verdade, havia bons motivos para essa 
escolha: sua vasta cultura, seu reconhecimento sobre o Japão adquir ido em 
viagens anteriores, sua sensibi l idade poética, e principalmente seu grande 
domínio técnico do Karatê. 
 Em assim sendo, f icou para nós a l ição de que, em uma idade em que a 
maioria das pessoas pensa em aposentar-se, para Funakoshi havia chegado a 
aventura mais importante de sua vida. 
 
 
5.6 O missionário do Karatê-Dô Shotokan moderno 
 
Chegando ao Japão, Ginchin Funakoshi, que foi contratado para f icar 
somente algumas semanas, foi alargando sua estadia, pois suas palavras e 
demonstrações surpreenderam tanto que criou à sua volta um grande número 
de admiradores que não o deixavam regressar a Okinawa. Entre eles estava 
Jigoro Kano, fundador do Judô moderno, o qual, além de dar-lhe hospedagem, 
cedeu-lhe uma grande sala do Kodokan para que ensinasse Karatê. A vida de 
professor de escola havia terminado e ao mesmo tempo nascia o pr imeiro 
professor de Karatê do Japão. 
Sempre sabendo ser selet ivo, Funakoshi, que queria que sua arte fosse 
tão conhecida e respeitada como o Judô e o Kendo, procurou ensinar seu 
sistema principalmente a médicos, advogados e estudantes universi tár ios. Em 
pouco tempo o Karatê ganhou grande fama, com isso vário mestres de Okinawa 
também imigraram para o Japão, entre eles: KENWA Mamuni trouxe o Shoty-
Ryu, Chi jun Miyiagi o Goju-Ryu. Só Funakoshi é que não deu nome ao esti lo 
que praticava. 
Em 1924, foi escolhido para ministrar aulas de Karatê na Universidade de 
Keio. Seus ensinamentos foram recebidos com verdadeiro entusiasmo pelos 
estudantes. Alguns alunos de Funakoshi levaram suas palavras e técnicas para 
fora da Universidade. Desta maneira, o mestre chegou a supervisionar cinco 
clubes em Tókyo. No f im de 1939, ele f inancia a abertura do “Shotokan”, seu 
pr imeiro Dojo. Contam alguns que não foi Funakoshi que deu o nome ao lugar, 
e sim seus alunos, que diziam que treinavam na Escola (Kan) de Shoto 
(pseudônimo de Funakoshi), para poderem ser di ferenciados dos outros 
sistemas. 
Finalmente, a sorte começa a sorr ir para o Shotokan e seu cr iador. Já havia um 
Dojo e clubes nas Universidades, seu f i lho Yamagushi (Gigo) ajudava-o a 
ensinar e compart i lhava as responsabi l idades da Shoto-Kai, associação que 
criou para unif icar a arte. 
A guerra chegou, e o Karatê teve uma grande paral isação na sua 
divulgação. Um dos seus melhores alunos, Takeshi Shimoda, faleceu e, pouco 
tempo depois também falece seu f i lho com tuberculose. 
Ao terminar a guerra, o mestre já não ensinava, e seu Dojo estava quase 
que totalmente destruído. Todas as artes marciais prat icadas no Japão foram 
proibidas por aproximadamente três anos pela força de ocupação. 
Mas Funakoshi conseguira algo muito importante: o Karatê foi aceito e 
passado a fazer parte do Budô japonês. 
 
 
 
 
 
5.7 A f i losof ia Budô 
 
O que signif ica Budô? Vejamos: BU - quer dizer “guerreiro”, “samurai”; 
DÔ - que dizer “caminho”, o caminho do samurai. O principal objet ivo dos 
guerreiros era vencer as guerras. Rigoroso preparo físico, técnico e mental era 
necessário, enfat izando ao que transcendia a matéria, afastando-os assim os 
desejos mais comuns. 
Várias artes marciais faziam parte do Budô, embora t ivessem técnicas 
diferentes, como o Judô, Karatê-Dô, Sumô, Aikidô e outras. Como arte marcial 
o Karatê se faz respeitar através das seguintes imposições, tais como: as mãos 
e os pés do adversário não podem tocar o seu corpo; as técnicas defensivas 
devem ser traumatizastes; se o inimigo cortar a sua carne, deve quebrar-lhe os 
ossos e se ele quebrar-lhe os ossos, você deve matá-lo. 
Segundo registros existentes, conta-se que o samurai transcende a “vida” 
e a “morte”, pois ele executa qualquer tarefa determinada, custe o que custar, 
esquecendo-se de si mesmo. Daí o r igor nos exercícios, a f im de conseguir 
unif icar corpo e mente. Aqueles temidos guerreiros t inham como princípios 
básicos manter a mente tranqüi la para, em qualquer si tuação, não perder a 
autoconfiança e ser sobretudo, úti l à coletiv idade, cumprindo desta maneira 
sua missão e inf luenciando para que os outros, também, o f izessem. 
O Budô é também, o caminho das artes marciais cujas técnicas são 
usadas para desenvolver o espíri to, a mente e o corpo. Na prática, o respeito e 
as boas maneiras são fundamentais. Há o cumprimento de respeito ao entrar e 
sair do Dojo ( local de prát ica) e no início

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