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RESUMO – TIPOS DE PACIENTES A doença ou o simples medo de estar doente modifica a personalidade, determinando a regressão a níveis infantis de dependência, com perda de segurança e desenvolvimento de fantasias para fugir à realidade. O indivíduo, ao adoecer, acentua traços da sua personalidade (Pessimismo, insegurança, agressividade). Reconhecer os comportamentos é o primeiro passo para saber lidar com doentes. PACIENTE ANSIOSO Manifestações clínicas: Ansiedade generalizada, síndrome do pânico, agorafobia, distúrbio do estresse agudo, distúrbio obsessivo-compulsivo, distúrbio do estresse pós-traumático. A enfermidade ou medo de estar doente provoca ansiedade. Ela é que leva a pessoa ao médico. Ansiedade é contagiosa, passando para os familiares num círculo vicioso. Quanto muito intensa atinge o pânico e a primeira obrigação do médico é DESFAZÊ-LA! Como reconhecer a ansiedade? Pelas manifestações psíquicas e somáticas. Inquietude, voz embargada, mãos frias e suadas, taquicardia, boca seca, bocejos repetidos. Enfrentando a situação: Demonstrar segurança e tranquilidade, não precipitar indagação de fatos que aumentem a ansiedade do paciente. Gastar alguns minutos conversando sobre fatos “desprovidos de valor” para relaxamento. Não tentar acalmar o paciente dizendo de antemão que ele não tem nada/ sua doença não é grave. PACIENTE DEPRIMIDO Aparenta desinteresse por si mesmo e pelas coisas ao redor. Tendência a se isolar, reluta em descrever padecimentos, responde pela metade às perguntas. Profundo estado de depressão merece medidas urgentes, pois além do intenso sofrimento, pode levar o paciente ao suicídio. Manifestações: cabisbaixo, olhos sem brilho, face triste, relata choro fácil, inapetência, redução da capacidade de trabalho e perda da vontade de viver. Enfrentando a situação: Conquistar sua atenção e confiança. Demostrar sincero interesse pela pessoa. Moderado otimismo na linguagem e comportamento PACIENTE QUE CHORA Não há nada demais no paciente chorar, pois alivia tensão que vem crescendo junto com a sua doença. As lágrimas podem representar o início de uma relação médico-paciente em nível mais profundo e de melhor qualidade. Enfrentando a situação: Deixá-lo chorar sem consolá-lo com palavras vazias / exortações inúteis Pequenos gestos – um leve toque na mão do paciente Palavras de compreensão ou silêncio respeitoso Ajudar o paciente a sair daquela situação que não deve prolongar-se Às vezes o paciente pode desejar interromper a anamnese PACIENTE PUSILÂNIME Medo exagerado de tudo Receio relacionado a própria doença ou a exames Enfrentando a situação: Esclarecer pode ser o suficiente para vencer os temores Mostrar firmeza e energia PACIENTE VERBORREICO Fala muito, descrições minuciosas cheias de interpretações pessoais, desprovidas de interesse do ponto de vista médico Divagações, longos rodeios Enfrentando a situação: Reconduzir a todo momento ao relato de seus sintomas Não mostrar impaciência, pois pode inibir o paciente Mostrar compreensão e firmeza PACIENTE HOSTIL Manifestações: respostas reticentes e insinuações mal disfarçadas. Causado por doenças incuráveis ou estigmatizantes, operações malsucedidas, decisões errôneas de outros médicos, etilismo crônico levando a atitudes recriminatórias de familiares. Paciente que a consulta foi determinada pela insistência de familiares. Os estudantes podem ser alvo de hostilidade (por serem muito solicitados e nem sempre poderem atender as solicitações). Enfrentando a situação: A pior conduta é adotar um postura agressiva, revidando com palavras/atitudes. Demonstrar serenidade e autoconfiança. PACIENTE AGITADO Agitação pode ser leve (não consegue ficar deitado/sentado) ou intensa (inquietação, reclamando em voz alta, não aceitando ser examinado ou medicado, podendo ser agressivo). Causas: ansiedade, ingestão de álcool, drogas. Enfrentando a situação: Na agitação leve, a maneira como o médico se comporta pode ser suficiente para acalmar. Nos casos mais graves não se consegue dominá-lo, necessitando se processos de contenção (sedar o paciente com tranquilizante por via oral ou injetável) PACIENTE EUFÓRICO Fala e se movimenta exageradamente, se sente muito forte e sadio. Pensamento rápido, muda de assunto inesperadamente, podendo haver dificuldade de ser compreendido. Inicia a resposta de uma pergunta mas logo desvia seu interesse Causas: álcool ou uso de droga estimulante DOENTE RETARDADO Fácil reconhecimento Enfrentando a situação: Adotar raciocínio simples e linguagem adequada Perguntas simples e diretas, palavras corriqueiras, ordens precisas e curtas Paciência PACIENTE PSICÓTICO Difícil reconhecimento para estudantes ou médicos pouco experientes. Causas: alterações orgânicas ou não Manifestações: confusão mental, alucinações, delírios, desagregação do pensamento, depressão, excitação patológica do humor. Diferencia-se do neurótico por ter uma “doença” mental. PACIENTE HIPOCONDRÍACO Mania de doença e gosta de relatar padecimentos Pessoas sugestionáveis Enfrentando a situação: Ter cuidado na maneira de falar, não deixar uma explicação mal compreendida. Não contradizê-lo ou ridicularizá-lo. Ouvir com paciência e compreensão, com atitudes firmes e bem fundamentadas. PACIENTE SURDO OU MUDO A comunicação depende do interesse do médico e da inteligência do paciente. Quase sempre algum familiar faz o papel de intérprete Enfrentando a situação: Resumir a anamnese a dados essenciais PACIENTE EM ESTADO GRAVE Não quer ser perturbado por ninguém, exame é um incômodo para ele Pouca colaboração Enfrentando a situação: Ser objetivo e fazer o necessário para colher dados para o diagnóstico Perguntas diretas e objetivas Preocupar-se em não aumentar o sofrimento do paciente PACIENTE TERMINAL Sofre de uma doença incurável em fase avançada e não há recursos médicos capazes de alterar o prognostico de morte a curto prazo. Exemplos: neoplasias malignas avançadas, cardiopatias graves, AIDS. Não confundir paciente em estado grave com paciente terminal. A relação médico-paciente costuma ser difícil e causadora de perturbação emocional para o médico. Kubler-Ross – 5 fases 1a Fase – Negação O paciente usa todos os meios para desconhecer o que está acontecendo com ele. “Não é possível que isso esteja acontecendo comigo!” A família (escondendo informações que lhes são fornecidas) e o médico (dando ideia falsamente otimista) geralmente reforçam essa negação. É mais conveniente o médico calar-se e deixá-lo vivenciar sua frustração, só falando o essencial e respondendo as questões de forma sincera. 2a Fase – Raiva O paciente começa a aceitar sua realidade, mas passa a agredir os familiares e profissionais. Revolta contra Deus Relação médico-paciente atinge suas maiores dificuldades, médico é alvo de palavras de desespero e raiva. É fundamental o sentimento de compaixão, compreensão e tolerância. 3a Fase – Negociação O paciente passa a procurar uma solução para seu problema Promessas de mudança de vida, reconciliação com familiares, busca por Deus Médico tem papel muito ativo, apoiando e conversando abertamente 4a Fase – Depressão Questionamento de toda sua vida, valores, ambições, sonhos. Manifesta vontade de ficar sozinho e em silêncio. Sentimento de perda. Alterações físicas: emagrecimento, queda de cabelos. O papel do médico pode ser decisivo para o paciente vencer suas angústias e aliviar decepção. 5a Fase – Aceitação Perceber a realidade não é desistir da luta ou sentir-se derrotado, mas sim a plena consciência de um fato – a morte – como parte do ciclo vital. Aqueles com formação religiosa ou espiritual são mais capazes de aceitar a morte do que aqueles que se apoiaram apenas em objetivos materiais para viver. Nem sempre as fases se sucedem na ordem referida, mas é necessário reconhece-las para adotar as atitudesmais adequada. CRIANÇAS E ADOLESCENTES O comportamento das crianças varia com a idade e o examinador deve adaptar-se para conseguir estabelecer uma boa relação com o pequeno paciente. Comumente as crianças tem medo do médico e de aparelhos. O adolescente possui muitas particularidades, conflitos com o mundo adulto. Enfrentando a situação: Lidar com bondade, traduzida na atenção, manuseio delicado e respeito pela sua insegurança. Conquistar confiança e simpatia da criança doente Equívoco: Para ter bom relacionamento com adolescente deve-se comportar como um deles. (EFEITO NEGATIVO) IDOSOS O envelhecimento é um processo inexorável, complexo e o comportamento que cada indivíduo vai apresentar depende de características biológicas/vivencias/condições sociais e culturais. É impossível conceituar o que seria o envelhecimento psíquico normal. Irritabilidade, pessimismo, sensação de menos-valia, queixas orgânicas, falta de interesse por atividades normais não devem ser considerados como comportamentos NORMAIS. Muitos idosos consideram-se incapazes e limitados, mas isso não os torna poliqueixosos. Eles aceitam ter sintomas e sofrem em silêncio, dificultando o diagnóstico.
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