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�1 AULA 03 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E ESTADO 1. INTRODUÇÃO O Estado é um fenômeno político que, tal qual é conhecido hoje, surge no século XVI quando se consolida o poder real que se impõe sobre outros poderes, como a nobreza, os parlamentos, as cidades livres e a igreja. Primeiramente, o Estado moderno surge em sua forma absolutista, onde o rei é o soberano absoluto; no final do século XVIII, com a Revolução Francesa de 1789, surge o Estado-nação, que se consolida até o século XIX e onde o povo é soberano. Este Estado-nação mantém-se até hoje e é a formação reconhecida pela Organizações das Nações Unidas (ONU); embora tenha diferentes formatos, mas o princípio básico é o mesmo. O conceito de Estado é apresentado de forma confusa, pois não se tem um consenso sobre a sua real relação com a sociedade, pois ela se apresenta como sinônimo de governo, de Estado-nação e país ou até mesmo como regime político. Considerando que o povo é a essência do Estado e ao se organizar politicamente, o povo estabelece o seu instrumento de poder, a intensidade do poder do Estado será resultado das dimensões antropológicas do povo ou das culturas sociais que formam na sua capacitação cognitiva. As dimensões, que são distintas do poder, são responsáveis pelo surgimento da hierarquia entre as nações que assumem a posição de dominação e de um elevado número de submissões. O Estado pode assumir o sinônimo de direito quando diversos acontecimentos sociais acontecem permitindo a interpretação no mesmo sentido, o que justifica o pressuposto de transformação do poder. Nesse sentido Gramsci (2002) apud Matias-Pereira (2002:29) coloca que quando o Estado procura desenvolver um 1 2 modelo de sociedade, ela tende a transformar ou até mesmo ao desaparecimento da sua cultura e da cultura da sociedade. A compreensão do Estado nos leva a assimilar o conceito de poder e soberania, visto que tal conceito pode existir na essência da complexidade de expressão que pode ser traduzida simultaneamente por meios das classes gramaticais, ou seja substantiva e adjetiva. No sentido material (substantivo) é o poder que tem a coletividade humana (povo) de se organizar juridicamente e politicamente e de fazer valer no seu território a universalidade de suas decisões. No aspecto adjetivo, a soberania se exterioriza como qualidade suprema do poder, inerente ao Estado, como nação política e juridicamente organizada. Quando utilizamos a palavra “Estado” estamos nos referindo à totalidade da sociedade política, ou seja, o conjunto de pessoas e instituições que forma a sociedade juridicamente organizada sobre um determinado território. A palavra “Governo”, por sua vez, se refere somente à organização específica de poder ao serviço do Estado, ou seja, àqueles que gerenciam os negócios do Estado por um determinado período de tempo. Antônio Gramsci foi um filósofo, político, cientista político, comunista e antifascista italiano.1 MATIAS-PEREIRA, José. Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações governamentais. São Paulo: 2 Atlas, 2008. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UnB) FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (FACE) DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO (ADM)� DISCIPLINA CÓDIGO CRÉDITOS TURMA PERÍODO PROFESSOR FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 200794 04 B 2016/1 MARCOS ALBERTO DANTAS �2 2. A FUNÇÃO DO GOVERNO Na direção ou processo de administração do Estado, o governo tem a função de aplicar as leis e políticas públicas do Estado através dos poderes Executivo e do Judiciário, e, quando necessário, empreender sua reforma através do poder legislativo. Numa abordagem atual, podemos entender o governo como “constituído pela cúpula do poder Executivo, do poder Legislativo, e pelos deputados e senadores. Além de ser o processo de governar, o governo é o grupo dirigente do Estado” (BRESSER-PEREIRA , 1995 apud DIAS e 3 MATOS , 2012).4 A administração dos negócios do Estado, feita pelo governo, ocorre em todos os níveis da estrutura estatal – federal, estadual e municipal. Essa administração dos negócios é renovada de quatro em quatro anos nos diferentes níveis. Do ponto de vista das políticas públicas, as decisões mais importantes ocorrem no seio do poder governamental, podendo haver desequilíbrios entre a parcela de decisão que cabe ao Executivo ou ao Legislativo, dependendo de vários fatores. No Brasil, de regime presidencialista, as decisões dependem do vigor de representação política do Poder Legislativo. Quanto mais o Parlamento corresponder ao espaço de representação das forças sociais, maior tende a ser o seu peso no rumo que tomarão as política públicas. E, ao contrário, quanto mais frágil ou artificial, ou mesmo mais segmentada em benefício de classes ou grupos sociais for a representação parlamentar, mais a fundamentação e o rumos tomados pela políticas públicas tende a se deslocar para o aparelho administrativo. 3. O ESTADO BRASILEIRO O Brasil tem um Estado republicano, democrático e representativo. Trata-se de uma República federativa e presidencialista composta por três poderes independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário. a) Poder Executivo No Brasil as funções de chefe de Estado e de chefe de governo pertencem ao ocupante do cargo de Presidente da República. Tem como funções básicas: ✓ Representar o país internacionalmente; ✓ Manter relações e tratados com países estrangeiros; ✓ Ser o comandante supremo das Forças Armadas ✓ Propor políticas públicas ao Congresso e implantá-las; ✓ Dirigir a Administração Pública Federal Diante disso, o Presidente da República tem o poder de propor leis ao Congresso, editar medidas provisórias, sancionar ou promulgar leis ou vetar projetos de lei. Conta ainda com a Polícia Federal e Agencia Brasileira de Inteligência. É assessorado por Ministros de Estado que pode nomear livremente. Nos estados federados, o chefe do Executivo é o Governador, que tem por função dirigir a Administração Pública Estadual e garantir o cumprimento das leis em seu estado. Também lhe compete propor à Assembleia Legislativa e implantar políticas públicas estaduais. Preside a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. É assessorado por secretários estaduais nomeados livremente. Nos municípios o chefe do Executivo é o Prefeito, que tem como funções básicas dirigir a Administração Pública Municipal e garantir, no limite de suas atribuições, o cumprimento das leis em seu BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Estado, sociedade civil e legitimidade democrática. Lua Nova, n.36, p. 21-38.3 DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas Públicas: princípios, propósitos e processos. São Paulo: Atlas, 2012.4 �3 município. Pode e deve propor leis à Câmara Municipal ou vetar projetos de lei, bem como políticas públicas municipais. b) Poder Legislativo O Legislativo elabora as leis do país, estados e municípios. No âmbito federal é exercido pelo Congresso Nacional, integrado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Compõe também o Congresso o Tribunal de Contas da União, que auxilia o Congresso Nacional nas atividades de controle e fiscalização externa. Nos estados, o Legislativo é exercido pelas Assembleias Legislativas e no Distrito Federal, a partir de um sistema híbrido que incorpora as competências legislativa de estado e município pela Câmara Distrital. Nos municípios, o Legislativo é exercido pela Câmara Municipal. c) Poder Judiciário É a instituição estatal responsável pela atividade jurisdicional de resolução de conflitos que somente pode agir para a concretização de direitos mediante provocação de quem se sentir lesado pela ação ou omissão de outrem. O Judiciário exerce a função jurisdicional, isto é, possui a capacidade de julgar, de acordo com a Constituição e as leis do país, quando provocado por uma parte que ajuíza uma ação pararesolver um conflito com outra parte, O acesso à justiça é um direito fundamental do cidadão. São órgãos do Poder Judiciário o Supremo Tribunal Federal (STF), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), os Tribunais Federais e juízes federais, os Tribunais Eleitorais e juízes eleitorais, os Tribunais do Trabalho e juízes do trabalho, os Tribunais Militares e os Tribunais Estaduais e juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios. FONTE: COSTIN, Claudia. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA STJ TST TSE STM TJ TRT TRETRF Juiz de Direito Juiz Federal Juiz do Trabalho Juiz Eleitoral Auditoria �4 d) Ministério Público É uma instituição dinâmica de garantia e efetivação de direitos, onde não precisa ser provocado para atuar em prol de sua concretização, principalmente quando exigem a atuação do Estado para concretizá-lo por meio de políticas públicas. O Ministério existe tanto no âmbito da União quanto dos Estados. O Ministério Público da União é composto pelo Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Dentre tantas funções tem a responsabilidade de zelar pelo respeito aos Poderes Públicos e aos serviços de relevância pública assegurada pela Constituição. 4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ESTADO O Estado é uma criação cultural humana, que vive na estrutura funcional de seu quadro de funcionários, que possui um objetivo. Constitui uma entidade, não uma pessoa, formado pelo aparato social, jurídico-administrativo, para se obter a institucionalização do poder político. O Estado é dotado pela ordem, pela justiça e pelo bem comum da sociedade. Para tanto, deve legislar (criar e manter em dia uma ordem jurídica eficaz); administrar (prover, através de diversos mecanismos legais e executando os serviços públicos, as necessidades da comunidade) e julgar (resolver pacificamente, de acordo com a lei, os conflitos de interesses que possam surgir e decidir qual é a norma aplicável em caso de dúvida). Para desempenhar suas funções essenciais, o Estado precisa ter determinadas capacidades que podem ser sintetizadas em uma série de dimensões (BID , 2007 apud DIAS e MATOS, 2012) identificadas 5 como cruciais para o seu exercício, que são: ➔ Definir e manter prioridades entre as muitas demandas conflitantes; ➔ Direcionar recursos para onde eles sejam eficazes; ➔ Inovar quando as políticas existentes tiverem falhados; ➔ Coordenar objetivos conflitantes um todo coerente; ➔ Ser capaz de impor perdas a grupos poderosos; ➔ Representar interesses difusos e desorganizados; ➔ Assegurar a implementação efetiva das políticas governamentais; ➔ Assumir e manter compromissos internacionais nas áreas do comércio e defesa nacional; ➔ Administrar cisões políticas para que a sociedade não degenere em guerra civil; ➔ Assegurar a adaptabilidade das políticas quando as mudanças das circunstâncias exigirem; ➔ Assegurar coerência entre diferentes âmbitos de políticas; ➔ Assegurar eficiência na coordenação das políticas entre os diferentes atores que operam num mesmo âmbito de políticas. 5. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO ESTADO Os elementos essenciais do Estado que servem para justificar a sua existência são definidos por Matias-Pereira (2002:30) como povo, território e poder político. BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. A políticas das políticas públicas. Progresso econômico e social na 5 América Latina: Relatório 2006. Rio de Janeiro: BID 2007. �5 a) Povo – o povo como sinônimo de sociedade civil coloca o pensamento disseminado pelas entidades associativas que formulam, educam e preparam seus integrantes para a defesa de determinadas posições sociais e para uma certa sociabilidade. Sua estreita conexão com o Estado ocorre em duas direções: quando as entidades associativas (ou grupos de entidades associativas) facilitam a ocupação de postos (eleitos ou indicados) no Estado e, em sentido inverso, quando atuam, do Estado, da sociedade política, da legislação e da coerção, em direção ao fortalecimento e à consolidação de suas próprias diretrizes. b) Território – o princípio da territorialidade que preside ao Estado moderno é definidor de competências dos órgãos do Estado, o que significa a ideia de vulnerabilidade do território ao poder dos órgãos de outros Estados como parte significativa da essência do conceito de soberania do Estado. Nesse aspecto, nota-se a importância do elemento territorial no aumento da construção dos Estados modernos, em que reside o princípio da personalidade e na importância das relações pessoais na estruturação do poder político na sociedade. c) Poder político – o poder político é compreendido pelo significado de um poder moral e econômico de auto suficiência do Estado. O poder político transcende o entendimento de que a nação é uma ideologia de lealdade em relação a um tipo de Estado defendido pela maioria dos teóricos, onde adota uma visão baseada no modelo europeu, que ressalta as variações de mobilidades do povo. Assim, o Estado, enquanto forma de poder político faz valer as suas condições de dominação. 6. ESTADO E SOBERANIA O Estado tem como finalidade precípua atender à razão natural da vida em sociedade e promover a realização das expectativas do homem em busca da felicidade comum, ou seja, do bem comum. Para tal é necessário haver a limitação do poder do Estado perante a sociedade e, assim, respeitando a Nação, ao cumprir adequadamente a tarefa de promover o bem comum que será assegurado por um governo que expresse a vontade da maioria dos cidadãos. O Estado é detentor da soberania, e a soberania define-se pelo poder político que se configura na faculdade de ordenar a organização social e de deliberar sobre assuntos de natureza coletiva, devendo agir sempre e em todos os atos de conformidade com o interesse coletivo. A base do poder político é o dever moral. O Estado pode ser compreendido fundamentalmente por meio de duas concepções básicas: com uma relação social de dominação e com um conjunto de organizações com autoridade para tomar decisões que atinjam todos os indivíduos de uma coletividade. a) Estado e Cidadania A noção de cidadania, desde a sua concepção, tem sido vinculada a ideia de Estado-nação, o qual exerce tanto uma soberania interna – sobre a população que está dentro de um território definido – quanto uma soberania externa. A cidadania aparece como um conjunto de mecanismos institucionais que regulam as relações entre Estado e população, definindo os direitos e as obrigações desta última e introduzindo o princípio de igualdade formal, ao contrário das normas diferenciadas criadas para cada segmento da população. Dessa maneira o cidadão passou a identificar-se com o Estado-nação, fazendo que essa afinidade seja traduzida em uma forte sensação de pertencer àquele Estado. Por sua vez, o processo de globalização tende a enfraquecer a importância da referencia territorial e, portanto, a erodir os fundamentos da cidadania tradicional. �6 7. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E ESTADO DO BEM ESTAR O Estado do Bem Estar foi gerado para contrapor aos processos econômicos desumanizados, inflexíveis, onipotentes e onipresentes desenvolvido pela administração pública. Isso bem com que aspirasse o direito à equidade e foi um apelo pra romper com as estruturas de mercado, impessoais, homogeneizantes e universalista. Foi a procura menos dramática de identidade entre a democracia e a liberdade econômica. A construção do Estado do Bem Estar está relacionada com a existência de excedentes econômicos passíveis de ser realocados pelo Estado para atender às necessidades sociais e pela experiência centralizadora do Governo, que fomentou o crescimento da capacidadeadministrativa. Em função desses pressupostos, distintas teorias foram criadas para explicar o desenvolvimento do Estado do Bem Estar Social: a) Teoria da Nova Economia Institucional (NEI) – tem como objeto de análise o efeito de diferentes instituições sobre o desempenho econômico. b) Teoria da Convergência – defende que o Estado garanta um padrão mínimo de vida quando as instituições que tradicionalmente desempenham esse papel perderem a capacidade de desempenhá-lo. c) Teoria da cidadania – preocupou-se em analisar o desenvolvimento dos três componentes da cidadania moderna: Direitos Civis, Políticos e Sociais. d) Teoria Marxista – sustenta que o Estado do Bem Estar nasceu em decorrência da natureza competitiva da dinâmica político-partidária das democracia de massa, o que obrigou os partidos políticos a buscar o máximo de apoio eleitoral. e) Teoria funcionalista – baseada na mesma linha do marxismo, sustenta que os programas sociais procuram gerar a harmonia social, aprimorando as aptidões dos trabalhadores e garantindo a eles um relativo Bem Estar. 8. AÇÃO DIRETA E INDIRETA DO ESTADO A ação direta do Poder Executivo pressupõe que a pessoa jurídica executora seja administrativa – ou seja, pública, dotada de competências públicas a ela atribuídas por lei, com direito de propriedade público, o que implica patrimônio, governança e força de trabalho vocacionados e direcionados exclusivamente para a realização dos objetivos públicos. Quando o direito de propriedade é público, a direção institucional são exercidos pelo Poder Público, sem interferência de terceiros, seja de órgãos da administração direta, autarquia, fundação ou empresa pública. A ação indireta do Poder executivo na regulação social ou econômica se verifica quando estabelece relações contratuais ou de colaboração com agentes sociais ou de mercado, na intenção de alcançar objetivos públicos. Nesse caso não há descentralização de competências públicas nem delegação de poderes para particular. Para uma melhor compreensão é importante discutir a diferenciação da ação pública direta e indireta. o Poder executivo atua diretamente para regular a ordem social e econômica do país quando essa atuação é realizada por meio de suas estruturas estatais – ou seja, pela sua Administração Pública direta e indireta. Essas estruturas são criadas e extintas por lei ou mediante autorização legal específica. Apenas o comando legal pode descentralizar ou autorizar a descentralização da competência executiva do presidente da república e ministros de estado (Administração direta) para uma entidade pública com personalidade própria – seja de direito público ou privado. Os órgãos da Administração direta e as entidades da Administração indireta, regidos pelo direito público, são instituídos diretamente pela lei. Já as entidades públicas de direito privado, como a empresa e a fundação estatal, são criadas e extintas a partir de uma autorização legal específica concedida ao Poder executivo para que esse as crie ou extinga mediante o cumprimento de ritos do Código Civil aplicáveis às entidades privadas. �7 A exceção à regra é a empresa estatal instituída como sociedade de economia mista, na qual é possível haver a participação de pessoa física ou jurídica de origem privada, detentora de ações, embora o direito de propriedade seja majoritariamente público. nesse caso, o sistema de governança da empresa deve garantir o controle acionário do Poder Público, mas há também a participação dos acionistas privados, que atuam em defesa de seus próprios interesses, que podem ou não convergir com o interesse público. O vínculo entre o Poder Público e as entidades civis com ou sem fins lucrativos tem, normalmente, natureza infra legal, sendo formalizado por meio de instrumento contratual ou convenial – contrato administrativo, contrato de gestão, termo de parceria, convênio, dentre outros – que estabelece as bases do vínculo entre os signatários, especialmente suas responsabilidades, obrigações e transferências do Poder Público para as entidades contratadas e/ou parceiras. há casos específicos em que o vínculo de cooperação se estabelece por determinação legal. nesses casos, diz-se que os vínculos têm natureza paraestatal. 9. O ESTADO NA REALIZAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS A realização dos direito sociais, na concepção de Marshall (1992), depende de um Estado dotado de 6 infra estrutura administrativa a fim de propiciar políticas sociais que garantam o acesso universal a um mínimo de Bem Estar e segurança material. O Estado na busca da realização dos direitos sociais enfatizou alguns princípios que garantem: ✓ Universalidade da cidadania – é a garantia de status aos direitos universais para categorias sociais devidamente definidas; ✓ Territorialização da cidadania – é o princípio da universidade articulada com a territorialidade para delimitar o alcance político do mesmo território, a extensão do mesmo território e para delimitar a abrangência do status do direito universal; ✓ Individualização da cidadania – é a ampliação dos vínculos diretos entre o indivíduo e o Estado, consubstanciados pelos princípios de participação a partir da consulta popular, opondo-se às antigas tutelas corporativas; ✓ Nacionalização da cidadania – é o princípio da cidadania com status de pertencimento ao Estado- nação, garantindo um sentimento de vinculação direta e coparticipante na constituição do Estado-nação. 10. REFORMA NO ESTADO As reformas no Estado buscam ofertar bens e serviços públicos com maior qualidade, bem como diminuir sua interferência no mercado, por meio das privatizações e da desregulamentação das atividades econômicas. Verifica-se que com a retomada do princípio do livre comércio, através de crescente unificação dos mercados, está ocorrendo uma maior participação popular na vida política dos países e vem aumentando significativamente a criação de organizações não governamentais. A liberdade de imprensa é cada vez maior, o que tem contribuído para o processo de consolidação da cidadania nos países da região. Assim, a sociedade vem se preocupando e exigindo maior transparência na gestão pública, com o combate à corrupção e com cobrança da responsabilidade dos gestores públicos. No que se refere às mudanças no Brasil, Mattos (2002) apud Matias-Pereira (2012:27), coloca que a 7 forma de atuação do Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica, está constituído por elementos de transformação na forma jurídico/institucional, na qual foi introduzido por um projeto de reforma do Estado no Brasil. Tal projeto se define pela criação de agências reguladoras responsáveis por setores da economia, principalmente por aqueles caracterizados como de infraestrutura e serviços públicos. Tais serviços MARSHALL, Tomas H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1992.6 MATIAS-PEREIRA, José. Manual de Gestão Pública Contemporânea. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2012.7 �8 possuem funções normativas e reguladoras orientadas pelos princípios constitucionais da livre concorrência e da defesa do consumidor. A intensificação do processo de globalização, apoiado pelas mudanças de paradigmas, estão refletindo e provocando mudanças profundas nos âmbitos local, estadual, nacional, regional e mundial. Essas transformações ocorrem de forma intensa nos campos político, econômico social, cultural, ambiental e tecnológica. No campo econômico, o capital intelectual surge como o novo motor impulsor de toda a economia, como o ativo mais importante, em substituição ao capital físico. A revolução tecnológica, por sua vez, está ocorrendo de forma irreversível no mundo, permitindo que seja feita a transmissão de um fluxo cada vez maior de dados, num tempo cada vez menor para pontos cada vez mais distantes. Essas mudanças estão contribuindo para acelerar o debatesobre o novo papel do Estado-nação no mundo, visto que estão surgindo novos centros de poder, bem como o estabelecimento de novas relações entre os Estado-nação. Fica evidenciado que, diante da amplitude, complexidade e gravidade da crise que o mundo está vivenciando, se apresenta como capaz de atuar de forma concreta, para evitar a paralisia e o caos no sistema financeiro e econômico mundial, bem como resolver, por meio da união dos Estados detentores das principais economias. As transformações em curso no mundo contemporâneo, que provocam incertezas no ambiente, também estão gerando novas oportunidades e impulsionando avanços tanto no setor privado como no setor público. Frente a essa tendência, são desenvolvidos esforços para viabilizar a inclusão, redução da desigualdade, manutenção do crescimento econômico sustentável e melhoria das condições socioambientais. Elas se apresentam como os principais desafios que grande parte dos governantes locai, estaduais, regionais, nacional e mundial enfrentam e nesse esforço faz-se necessário compreender a administração pública, com vista a perceber com clareza as diversidades e complexidades existentes. Os estímulos provocados pelo movimento internacional de Reforma do Estado foram responsáveis pela proliferação nos países latino-americanos, de implementação de diversas experiências na área da Administração Pública. Essas mudanças tiveram como características básicas buscar maior flexibilidade gerencial em relação à compra de insumos e materiais, à contratação e dispensa de pessoas, à gestão financeira dos recursos, além de estimular a implantação de uma gestão que priorizassem resultados, satisfação dos usuários e qualidade dos serviços prestados. (MATIAS-PEREIRA, 2008). Na reforma do Estado no mundo contemporâneo, podemos destacar quatro modelos que caracterizam o contexto internacional de reforma: 1) Impulso para a eficiência - visa a aproximação entre os serviços públicos e privados, preconizando a transformação do setor público com a introdução de padrões de eficiência. 2) Sistema de controle financeiro - introdução de sistemas de custos e auditorias quanto aos aspectos financeiros e profissionais, com poder outorgado à administração superior. 3) Modelo downsizing e descentralizado - é a separação entre o financiamento público e a dotação do setor autônomo através da mudança da gestão hierárquica para a gestão por contrato. 4) A busca pela excelência - é o modelo de orientação para o serviço baseado na Escola de Relações Humanas, com ênfase na cultura organizacional.
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