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AMBIENTES DOS TRABALHOS DE PERÍCIA - UNIDADE 5

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PERÍCIA CONTÁBIL
Unidade V Ambientes do trabalho 
Professor: José Raymundo Sobrinho
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5.1 O ponto de partida do trabalho pericial dá-se:
 por ocasião do denominado despacho saneador exarado pelo magistrado nos autos do processo admitindo a produção da prova pericial contábil, e, por conseqüência, nomeando perito.
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 Pode a nomeação suceder também quando da realização da audiência na qual o magistrado defere a realização da prova pericial em função do requerimento da parte, ou quando decide ser a mesma necessária. 
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5.2 AMBIENTES DO TRABALHO PERICIAL
5.2.1 o próprio local onde está instalado determinado ramo do poder judiciário, no caso, o cartório ou Secretaria de determinada Vara Judicial. 
É o procedimento inicial de responsabilidade do perito.
Intimado por escrito ou informalmente, de sua nomeação, o perito dirige-se àquele local e solicita a entrega dos autos do processo. Esse ato é conhecido como carga ao perito, ou seja, o funcionário do cartório ou Secretaria preenche o livro de carga com os dados do processo e do perito e este assina referido livro, retirando, assim, formalmente os autos do processo.
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Ao final do trabalho pericial, o perito retorna ao cartório ou à Secretaria para devolver os autos do processo, e ao mesmo tempo, entregar, mediante protocolo, o laudo pericial contábil por ele elaborado.
Se houver convocação o perito poderá retornar ao Cartório ou à Secretaria, se houve sua convocação para apresentar esclarecimentos ao laudo, em audiência, ou fora dela. 
Como se pode perceber, nesse ambiente, acontecem diversos procedimentos formais necessários na relação do perito com o Poder Judiciário.
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5.2.2 O segundo ambiente do trabalho é o próprio escritório do perito. 
Ai o perito desenvolve a leitura dos autos do processo, identifica e analisa as questões técnicas relacionadas com a lide, para, em seguida, organizar e planejar o trabalho pericial. 
Após o trabalho de campo, começa a fase de elaboração e acabamento do laudo pericial contábil.
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5.2.3 o terceiro ambiente de trabalho concretiza-se nos locais onde o perito busca conseguir os elementos necessários à solução das questões técnicas relacionadas com a lide.
Trata-se do trabalho de campo concretizado por meio das diligências que o perito realiza nos escritórios das partes, ou em outros locais, repartições públicas, por exemplo, onde possa colher informações ou documentos necessários à realização de seu trabalho.
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DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PERICIAL
5.3.1 Procedimentos preliminares
Numa leitura rápida dos autos do processo, o perito tem condições de verificar se não há nenhuma incompatibilidade para o exercício da função pericial judicial.
Art. 422 - O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição.
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Nesse momento, o perito deve considerar, em face do tipo de perícia, se está impedido por lei de realizá-la ou se há elementos que possam configurar suspeição de natureza íntima.
Deverá verificar se a matéria técnica a ser enfrentada é de sua especialidade e, ainda, se terá disponibilidade de tempo para realizar o trabalho para o qual foi nomeado.
 Essas atitudes têm relação íntima com o disposto nos arts. abaixo
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Art. 423 CPC - O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.
Art. 146 CPC - O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
Parágrafo único - A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la (art. 423).
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Art. 138 CPC - Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição:
III - ao perito;
O perito, na qualidade de auxiliar da justiça – art. 139, CPC
 – é nomeado pelo magistrado, ou seja, é depositário de sua confiança para a produção da prova pericial, cujo resultado, expresso num laudo, servirá como uma das bases em que se apoiará o mesmo para exarar sua sentença.
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Art. 139 CPC - São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
Se recomenda que o perito aja eticamente, em atendimento,inclusive,ao parágrafo único do art. 146, CPC, declarando-se, de plano, impedido ou suspeito, desde que fiquem caracterizadas tais condições nos autos do processo em que foi nomeado.
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Art. 146 CPC - O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
Lamenta-se que o mesmo não possa mais ser dito do perito quando assume a função de assistente técnico, dado que,pela nova redação dada ao art.422, CPC, por meio da Lei 8.455,de 24-8-1992, referido profissional indicado pelas partes já não está sujeito a impedimento ou suspeição.
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Isso quer dizer que determinado assistente técnico poderá até ser irmão ou pai de uma das partes, ter interesse no próprio desfecho da ação e ainda assim funcionar no processo.
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O perito quando realiza perícia na Justiça do Trabalho, está sujeito ao compromisso. 
O ato de assumir compromisso é um momento solene no qual o perito promete formalmente ao magistrado que o nomeou, mediante assinatura de termo próprio, cumprir a função para a qual foi designado.
Note-se, não é uma promessa qualquer.
É prometido servir à justiça com diligência, sem dolo, ou má-fé, sob as penas da lei; consequentemente temos dois aspectos a considerar:
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√ O primeiro trata da promessa de que o perito se incumbirá de produzir as provas relativas ao objeto da lide, ou seja, trará, por meio de seu lado,as provas deferidas pelo magistrado.
O segundo percorre a questão da atitude ética do profissional quanto ao desenvolvimento da prova técnica sem dolo ou má fé de parte do perito.
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No despacho saneador, ou em audiência, como vimos, além da nomeação do perito, outras decisões são tomadas pelo magistrado.
 Nesse despacho ou decisão, o magistrado concede prazo para as partes oferecerem quesitos e indicarem, caso queiram, seus assistentes técnicos, além do que, poderá, ele próprio, formular seus quesitos; além dessas determinações, vêm os magistrados, com muita freqüência, determinando ao perito que ofereça a estimativa ou orçamento de seus honorários.
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Art. 331 CPC - Se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes e a causa versar sobre direitos disponíveis, o juiz designará audiência de conciliação, a realizar-se no prazo máximo de 30 (trinta) dias, à qual deverão comparecer as partes ou seus procuradores, habilitados a transigir.
§ 1º - Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.
§ 2º - Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.
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Para tais determinações do magistrado, fluem prazos quase que simultâneos. 
É por isso que, se necessário for assumir o compromisso, não é ainda o momento de o perito iniciar seu trabalho. As partes precisam oferecer as perguntas, que no léxico forense são conhecidas por quesitos, que desejam ver respondidas mediante a produção da prova técnica.
Os quesitos oferecidos pelas partes serão objetos de apreciação pela parte contrária e pelo próprio magistrado, que os aceitará ou, eventualmente, poderá indeferir aqueles que entenderem impertinentes ou não relacionados com a matéria técnica em debate. 
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O indeferimento poderá acontecer de ofício, ou seja, o próprio magistrado decide ou poderá ter origem em impugnação de uma das partes. 
Ainda, processualmente, poderá uma das partes que tenha quesitos indeferidos recorrerem da decisão do magistrado ao tribunal.
Determinada a apresentação de orçamento dos honorários periciais, o perito a cumprirá, oferecendo petição demonstrando e justificando a verba proposta, a qual será apreciada pelas partes e, em momento posterior, o magistrado fixará os honorários do perito, determinando que a parte responsável proceda ao depósito à ordem do juízo da quantia arbitrada.
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Portanto, entre o ato de nomeação, o compromisso, se determinado, e início efetivo do trabalho pericial, como vimos, diversos momentos processuais poderão acontecer.
Superadas todas essas etapas, finalmente o perito pode retirar os autos, mediante protocolo no livro de carga, e iniciar, de fato, o trabalho pericial.
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5.3.2 ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA PERÍCIA
Organizar e planejar tem por pressuposto técnico o conhecimento de dois aspectos fundamentais do processo:
 o que está sendo demandado
 a época dos fatos
O perito inteira-se desses aspectos lendo atentamente os autos do processo, em especial de duas peças, a inicial e a contestação.
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Da leitura da inicial, deve restar com muita clareza quais os fatos alegados e constitutivos do direito reclamado pela parte proponente da ação e a pretensão, ou seja o pedido submetido ao magistrado.
Já quando da leitura da contestação ou impugnação, deve ser dada atenção ao conteúdo da petição no que se refere à existência ou não de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do proponente da ação.
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É fundamental:
√ identificar a época dos fatos alegados relatados pelas partes, já que necessário à perícia, o que vai permitir ao perito formular o pedido de quais livros e documentos devam ser exibidos.
√ observar eventuais documentos juntados pelas partes.
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√ leitura atenta dos quesitos formulados e deferidos pelo magistrado permite à perícia planejar quais levantamentos técnicos serão necessários desenvolver a fim de buscar base técnica para oferecer as respectivas respostas.
√ consulta bibliográfica voltada para busca de base técnica para oferecer as respectivas respostas
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Conhecendo os fatos alegados, sua época e as questões técnicas formuladas à perícia, pesquisas e leitura de livros técnicos, e que se pode afirmar haver condições objetivas de iniciar-se o planejamento do trabalho pericial propriamente dito.
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PLANEJAR
Planejar o trabalho pericial é, stricto sensu, ordenar os procedimentos técnicos a serem desenvolvidos pelo perito para obter os elementos que permitam oferecer o laudo pericial contábil.
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√ o perito precisa ter presente quais os meios que tema à sua disposição; componentes do sistema contábil das partes envolvidas nos autos do processo.
√ arcabouço documental que dá suporte ao sistema contábil;
√ controles internos;
√ enquanto plano de trabalho, o planejamento é realizado no escritório do perito.
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√ o perito deve utilizar-se de todos os meios técnicos necessários e disponíveis à solução técnica da matéria para a qual foi nomeado ou indicado.
√ essa amplitude de meios para realização do trabalho pericial está garantida no art.429, CPC:
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Art. 429 - Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.
√ Não pode ser utilizada de forma abusiva ou truculenta pelo perito. Veja Art. 332 do CPC
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Art. 332 - Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.
√ para cada caso será necessário planejar ações e procedimentos específicos. Cada trabalho pericial a ser desenvolvido exige do perito um alto poder de conhecimento e criatividade técnica.
Terminado o inventário dos procedimentos técnicos que pretende adotar no caso específico, é chegado o momento de o perito também planejar o trabalho de campo.
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TRABALHO DE CAMPO
√ a perícia contábil é sempre realizada sobre fatos passados. Ele deverá solicitar com antecedência à organização tudo que precisar consultar. 
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5.3.3 DILIGÊNCIAS
O termo diligências, lato sensu, pode ser entendido como todas as providências levadas a efeito pelo perito para permitir-lhe oferecer o laudo pericial contábil, aliás, é o próprio Código de Processo Civil que nos dá esse entendimento:
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Art. 130 CPC- Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
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√ o trabalho de campo envolve algumas etapas nas quais o perito tem como objetivo central a busca dos elementos fáticos que vão permitir solucionar as questões contábeis submetidas a sua consideração técnica.
√ o primeiro momento do trabalho de campo situa-se na formalização da própria diligência que está sendo realizada, que se materializa e documenta por meio da elaboração de termo de diligência para aceitação e assinatura do representado legal da parte diligenciada.
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√ os exames periciais devem ser reportados empapeis de trabalho de modo que permita a elaboração de anexos que vão suportar as respostas ou conclusões técnicas.
√ o perito faz, também, a colheita de documentos, em cópia reprográfica, daqueles originais que examinou e que entende relevantes para fundamentar seu laudo pericial contábil.
√ é desnecessário juntar ao laudo pericial contábil todos os documentos examinados. Basta escolher, entre aqueles compulsados, exemplares que reflitam,com fidedignidade, todo o universo documental relacionado com as questões técnicas em apreço.
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Findo os exames e a colheita de documentos, dão-se por encerrados os trabalhos de campo.
Com todos os elementos fáticos disponíveis, parte o perito para uma nova fase do trabalho pericial, qual, seja, a de elaboração do laudo pericial contábil.

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