Buscar

A IMPORTÂNCIA DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

��
A IMPORTÂNCIA DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE
Maria Imaculada Silva de Almeida
Universidade Regional do Cariri – URCA
E-mail: maria.i.s.almeida@hotmail.com
Maria Clara Arraes Peixoto Rocha
Universidade Regional do Cariri – URCA 
E-mail: mariaclararochaa@outlook.com
Historicamente, as práticas educacionais no Brasil, de diversos modos, legitimaram a opressão que as mulheres sofrem. A educação brasileira foi moldada num conjunto de ideologias que certifica a opressão e exploração. E a escola se compôs de ferramentas para validar práticas e discursos de opressão. O machismo não surgiu na estrutura capitalista, porém esse sistema utiliza da opressão para explorar as trabalhadoras. Nesse sentido, a emancipação da mulher só se dará num outro sistema político-econômico-social. Este trabalho apresenta como perspectiva a discussão acerca da educação como instrumento capaz de contribuir na transformação da sociedade. Trata-se de visualizar a escola como espaço de debate e combate a opressão e exploração, a começar do conteúdo histórico no ensino médio. A ideia deste artigo surgiu da experiência no terceiro ano do ensino médio, na Escola José Alves de Figueiredo, sediada na cidade de Crato – Ceará, durante a realização de atividades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, Subprojeto História. Discutimos a temática Família e seu papel no período de Getúlio Vargas, trazendo essa discussão para o campo atual, e compreendendo as atribuições dadas às mulheres. O estudo analisou o planejamento e o desenvolvimento da aula na qual se discutiu a temática. A metodologia de base qualitativa se caracteriza como um relato de caso, fazendo um estudo descritivo-analítico. Resulta do estudo, como mínimo, a presunção de que a experiência revela que o ensino pode se constituir como um meio para trabalhar temáticas que trazem outras maneiras de compreensão de mundo.
Palavras-chave: Família, Mulher, Ensino de História.
�
�
INTRODUÇÃO
Historicamente no Brasil, há desigualdades entre os gêneros, marginalizando o que se encontra como feminino, firmando relações desiguais. Homens e mulheres são diferentes biologicamente, não justificando nenhum tratamento desigual ou forma de opressão.
A opressão que subjuga as mulheres vem muito antes do sistema capitalista, se desenvolveu no surgimento da propriedade privada. O acúmulo da propriedade em diversas sociedades se dará em épocas diferentes, mas se molda a partir da dominação masculina sobre a acumulação de riqueza e a instituição da família monogâmica, tornando as mulheres propriedades dos homens e retirando-as dos espaços da sociedade que outrora participara agudamente.
Se antes se tinha as atividades domésticas como trabalho e garantia a autonomia dessas mulheres, nesse novo modelo de sociedade dividida em classes, torna essa prática como legitimadora da opressão do feminino. Passando a enxergar as atividades femininas como insignificantes frente ao trabalho masculino que se dava num contexto diretamente social, como a atividade da pesca, comércio e agricultura.
O sistema capitalista irá se apropriar dessa opressão tomando-a para seu uso de forma que a partir desta sujeitará as trabalhadoras, intensificando a exploração ainda mais. Essa estrutura integra a produção feminina fora do lar, somando-se ao trabalho doméstico, ainda dever da mulher e não sendo remunerada para essa forma de atividade, sobrecarregando-a. Além disso, o próprio sistema do capital tem justificado os salários menores para as mulheres, mesmo esta realizando as mesmas atividades que as dos homens. 
Para a mulher em grande parte da história do Brasil foi negado seu direito de frequentar a educação sistematizada, mas quando houve oportunidade do acesso ao ensino, esse tinha caráter de separação por gênero, dispondo para as mulheres apenas a aprender os afazeres do lar. Negando outras formas de aprendizagens, em que os homens tinham contato.
Foi em 19 de Abril de 1879, que as primeiras mulheres adentraram no ensino superior, no Brasil. E mesmo assim, o contexto social da época desaprovava a decisão das moças que optavam por ter acesso a qualquer âmbito que não fosse o doméstico. A pressão sofrida pelas mulheres que desejavam um estilo de vida considerado incomum para o século XIX, explica-se, na associação interpretada pela maioria acerca da excelência masculina diante do gênero feminino.
Esse obstáculo imposto para mulheres refletiu na repercussão do mercado de trabalho, e em 1880, quando se formaram as primeiras mulheres do curso de Direito, estas encontraram resistências para exercer funções jurídicas. Em 1887, a primeira a receber o grau de médica, no Brasil, foi Rita Lobato Velho Lopes e também foi muitas vezes ridicularizada por querer exercer a profissão. Na realidade, a mulher começa, tardiamente, a frequentar as faculdades e os cargos de chefia, que ainda era prevalecido por homens.
No Brasil, a escola foi se moldando enquanto espaço para legitimar a opressão que sofrem as mulheres, porquanto o grupo que pensou essa forma de educação utilizou desta instituição para propagar seu poder. Tornando o espaço escolar um ambiente que propague ideias que oprimem. No entanto, foi possível perceber que a escola pode se firmar enquanto ambiente para desnaturalizar as relações. Neste sentido, compreendemos que o ensino de história pode integrar a discussão a partir de uma perspectiva de mudanças.
A ideia de desenvolver este trabalho surgiu a partir de uma experiência em sala de aula, em que se discutiram os lugares e os papeis destinados à mulher. Nessa leitura, se levou em consideração toda a estrutura social, política e econômica capitalista que enlaça o machismo e a roupagem peculiar que esta estrutura confere a esta opressão.
Essa pesquisa propôs-se a ver a escola como mecanismo de se trabalhar a opressão de gênero, como também apontar que o sistema vigente é incapaz de libertar as mulheres. Colocando a importância de se pensar outro modelo de relações sociais, econômicas e políticas.
Esse trabalho teve como perspectiva a discussão acerca da educação como instrumento de refletividade e de contribuição na transformação da sociedade, mais especificamente o debate sobre Família e Mulher. Ademais, enxergando a escola como espaço de debate e combate a opressão e exploração, com base no trâmite do ensino de História no ensino médio. Esse artigo partiu da experiência no terceiro ano do ensino médio, na Escola José Alves de Figueiredo, sediada no município de Crato – Ceará, durante a realização das atividades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, Subprojeto História da Universidade Regional do Cariri – URCA. No transcorrer da prática pedagógica, discutimos a temática Família e Mulher no “período varguista” e o lugar dessas controvérsias no âmbito da sociedade atual.
METODOLOGIA
A metodologia de base qualitativa é o amparo técnico-teórico que abaliza este relato de caso, compreendendo, sob este ponto de vista, o que definimos como um estudo descritivo-analítico.
Tomando como referência a óptica marxista de compreensão de mundo, este trabalho se desenvolve a luz dessa perspectiva. Trata-se de leituras acerca da desnaturalização do lugar da mulher e, mesmo, do sistema capitalista como algo inato ao ser humano, a começar da recuperação e análise da aula ministrada na Escola José Alves de Figueiredo sobre “Era Vargas”, em que se discutiu sobre a família, naquele período histórico, permitindo, de certo modo, a desconstituição dos papeis que se espera de cada sexo.
Nesse sentido, a pesquisa se constituiu com suporte no confronto da bibliografia, fundamentada na teoria marxista, com o conteúdo da análise da aula sobre a “Era Vargas”, no terceiro ano do ensino médio, da Escola José Alves de Figueiredo. Sendo o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) o facilitador deste contato com a sala de aula.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
A concepção sobre igualdade na efetivaçãodos direitos humanos das mulheres brasileiras é marcada por um percurso de luta contra qualquer forma de dominação. As dificuldades que estas encontram para exercer os atos da vida civil na sociedade são sinalizadas por hierarquias em que a mulher situa-se numa categoria inferior.
Analisando o Brasil, na época colonial, e mais especificamente na transição para época pós-colonial, percebe-se que a chegada da Família Real de Portugal, em 1808, desempenhou o papel de um marco para que os investimentos e interesses políticos e econômicos se canalizassem para o país.
No entanto, somente em 1827 foram criadas as primeiras faculdades do Brasil: surgiam os cursos de Direito, nas cidades de Olinda e São Paulo. A divisão estabelecida para quem poderia frequentar essas instituições era baseada num sistema discriminatório explícito e opressor.
Para a cultura patriarcal da época, excluir as mulheres do ensino e restringir seu estudo nas escolas a conteúdos simplórios relacionados ao âmbito doméstico, constata a dominação masculina perante o ser feminino. A naturalização dessa situação era constantemente reproduzida no meio docente, político, econômico e social. As decisões de cunho jurídico eram uma responsabilidade eminentemente dos homens da alta sociedade, logo, as questões relacionadas às mulheres, aos negros e aos explorados pelo sistema econômico, demonstravam-se ignoradas.
A cultura é concebida como modos, formas e processos de atuação dos homens na história. Ela se constrói na história, está constantemente se modificando, mas, ao mesmo tempo, é continuamente influenciada por valores que se sedimentam em tradições e são transmitidos de geração a geração. A educação de um povo consiste no processo de absorção, reelaboração e transformação da cultura existente, gerando a cultura política de uma nação. (GOHN, 2011, p. 173-174)
Essa realidade educacional na época colonial brasileira era apenas das mulheres brancas, pois as mulheres negras eram consideradas objetos, não tinham direito algum. Enquanto a mulher de classe social financeiramente confortável falava em entrar no curso de nível superior, as mulheres negras lutavam para poder ter direitos básicos na sociedade, como o do acesso à instrução, a frequentar certos tipos de lugares, já que os negros não podiam frequentar os mesmo espaços que os brancos.
No Brasil, o processo histórico de diversas mulheres se deu de maneira marcadamente distinta, pois é demarcado por uma situação não apenas de violência de gênero, mas de raça, classe e sexualidade. Enquanto as burguesas brancas lutavam para ter espaço no mercado de trabalho, as mulheres negras já carregavam o peso do trabalho exploratório, em que, na esfera social, foram quase que inapelavelmente marginalizadas. Sendo assim, essas mulheres sofrem agudamente, pois, em grande maioria, se encontram na classe trabalhadora, sendo exploradas, e ainda paira no imaginário dos brasileiros a ideia do colonizador, se não hiperssexualizando-as, tencionando, quando menos, domesticá-las.
O que poderia ser considerado como história ou reminiscências do período colonial permanece, entretanto, vivo no imaginário social e adquire novos contornos e funções em uma ordem social supostamente democrática, que mantém intactas as relações de gênero segundo a cor ou a raça instruída no período da escravidão. As mulheres negras tiveram uma experiência histórica diferenciada que o discurso clássico sobre a opressão da mulher não tem reconhecido, assim como não tem dado conta da diferença qualitativa que o efeito da opressão sofrida teve e ainda tem na identidade feminina das mulheres negras. (CARNEIRO, 2011, p. 1)
O Sistema Nacional de Informações de Gênero (SNIG), que faz parte do Programa de Estatística de Gênero no IBGE, divulgou o estudo: “Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010”, e releva que a desigualdade se acentua quando se compara a raça. Apenas 11,2% das mulheres negras usufruem do ensino superior completo, enquanto esse percentual entre as mulheres brancas é da ordem de 26%. 
O feminismo ocultou por muito tempo as especificidades das mulheres, homogeneizando as lutas; porém, dificultou que fossem desveladas todas as opressões em suas diversas faces. As mulheres transexuais, travestis, lésbicas, bissexuais, pansexuais, e outras mais, sofrem de diversas violências, e são importantes que sejam levantadas todas as pautas a fim de construir o movimento.
Segundo o Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre a Mulher e Gênero (NIEM) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em todos os espaços da sociedade, foram necessários avanços significativos nas formas de luta por parte das mulheres. E a relevância desses enfrentamentos se consolida com algumas conquistas importantes, inclusive mediante alguns eventos e datas marcantes, malgrado os seus limites, o que desvenda – de modo desafiador e notável – a atuação dos movimentos de mulheres.
Um fato importante e de repercussão nacional, com relação aos direitos da mulher, se deu em 1932, quando o governo de Getúlio Vargas, por meio do novo Código Eleitoral, se sentiu – forçado pelas circunstâncias – a promulgar o decreto n° 21.076, de 24 de fevereiro, conferindo o direito de voto às mulheres. Até então, a presença feminina na política institucional era praticamente inválida. Em 1933, em consequência do escrutínio para a Assembleia Constituinte, a eleição de 214 deputados, sendo a paulista Carlota Pereira de Queiroz a única mulher eleita.
José Luiz dos Santos em ‘’O que é cultura?’’ (2006) esclarece que ‘’A cultura é um aspecto de nossa realidade e sua transformação, ao mesmo tempo a expressa e a modifica’’, indicando que avanços, nesse terreno de gênero, de fato, aconteçam, demandam intensas pressões contra o Estado por parte dos movimentos sociais feministas. 
No que diz respeito às transformações – com relação aos direitos fundamentais das mulheres no Brasil – é de bom tom se recordar o quanto demoraram para que os investimentos fossem iniciados. Por exemplo: a lei que cria mecanismos de defesa para punir, erradicar e prevenir as violências sofridas pelas mesmas só surgiu no ano de 2006, a lei 11.340, mais conhecida por ‘’Lei Maria da Penha’’, que mereceu inclusive intervenção internacional por intermédio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no Relatório N° 54/1.
A este propósito, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), afirma numa pesquisa, intitulada “Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010”, que, em comparação com o ano de 2000, houve um aumento na escolaridade das mulheres com relação à dos homens. O estudo revela que, no ensino médio, a frequência feminina era superior 9,8% em relação à masculina. A taxa feminina foi de 52,2%, e a masculina de 42,4%.
Contudo, esses números não representam a realidade social, em regra, associada a todo um séquito de preconceitos, violências físicas, psicológicas e econômicas que as mulheres sofrem. E esse fato está enraizado na estrutura inicial da história colonial brasileira, quando as mulheres estavam em situação de desigualdade com relação aos homens não somente no tocante ao mercado de trabalho, mas, paralela e analogamente, na educação, no ambiente doméstico, nas relações socioculturais e na política. 
No século XXI essa desigualdade ainda é presente, e apesar do número de mulheres serem ligeiramente maiores nas diversas modalidades de ensino, elas sofrem vários tipos de comportamentos machistas dentro da escola, do meio acadêmico e no exercício profissional. 
Ainda que enxergue os diversos avanços quanto à efetivação dos direitos das mulheres, a libertação da mulher está diretamente ligada à superação da sociedade de classes. Porquanto o sistema vigente intensifica ainda mais a opressão, utilizando do aparelho opressor de gênero para explorar as mulheres. Do exposto depreende-se que as trabalhadoras não são apenas oprimidas, mas também exploradas.
Podemos dizer então, em resumo, que aexploração e a opressão são categorias distintas. A primeira é econômica e dá lugar a existência das classes. A segunda é cultural e social; dá lugar a uma situação de discriminação, abarca indivíduos de distintas classes sociais e pode ter efeitos econômicos de maior ou menor peso. (CARRASCO; PETIT, 2012, p. 88)
É importante que as trabalhadoras façam unidade de ação com as burguesas quando se luta por garantia de direitos e por mais direitos; porém, quando se situa no âmbito classista, esse laço é desfeito.
O único ponto de unidade entre uma mulher burguesa e uma operária, uma reacionária ou reformista e uma revolucionária, é sua opressão como mulher. Daí que exista a possibilidade de alguma luta comum entre todas, por algumas dessas demandas democráticas comuns, por sua igualdade e seus direitos. Mas sua unidade como mulheres nascerá com essa atividade e morrerá com ela. As mulheres das distintas classes não podem unir-se, por exemplo, na luta por um programa de reivindicações (um convênio ou um contrato trabalhista) favorável às mulheres trabalhadoras. (CARRASCO; PETIT, 2012, p. 91)
Considerando os fatores que convergiram para a exploração e opressão das mulheres, a escola pode se caracterizar como transformadora de pensamentos e práticas. Nesse sentido, o ensino de História se mostra como instrumento para desnaturalizar as relações do capital com as distintas variantes de violência de gênero, raça, classe e sexualidade. Então, a educação pode se direcionar a mudanças.
Apenas a mais ampla das concepções de educação nos pode ajudar a perseguir o objetivo de uma mudança verdadeiramente radical, proporcionando instrumentos de pressão que rompam a lógica mistificadora do capital. (MÉSZÁROS, 2005, p. 48)
A importância de levantar a questão de gênero nas escolas é fundamental para punir, prevenir e erradicar o machismo desde a infância, porque é inadmissível que a conjuntura educacional brasileira permaneça sendo negligente no que concerne à realidade das mulheres. As mulheres são a maioria nas escolas e nas universidades e são discriminadas tanto nesses espaços como no mercado de trabalho. Segundo a mesma pesquisa do IBGE – “Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010”, quanto maior o nível de escolaridade da mulher, maior é o incremento da diferença de renda. Trabalhadoras com o curso superior completo ganham em média 60% da renda dos homens que estão em posição análoga. A igualdade só irá existir de fato e de direito quando a segurança física e emocional da mulher for garantida por todos em sociedade.
Essa trágica recorrência histórica permitiu que, durante nossa atividade, pudéssemos ter uma maior compreensão do ensino de história, na perspectiva inovadora, a partir da experiência de ensino, na Escola de Ensino Fundamental e Médio José Alves de Figueiredo, localizada no município de Crato, no sul do Ceará. 
O PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) Subprojeto História da Universidade Regional do Cariri – URCA trabalha na perspectiva de ver na escola uma instituição para deslegitimar toda forma de opressão e exploração. Esse programa é um projeto que pensa a formação para o magistério, fomentando a docência, a instituição de apoio financeiro é a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior). Sua atividade é de incentivo à educação público-gratuita como forma de contribuição ao sistema educacional brasileiro.
Durante o ano, na Escola, realizamos atividades como oficinas, minicursos, debates, aulas expositivas, etc.. Em um desses momentos, foi possível enxergar no aparelho escolar um ambiente que comporte colocar para os estudantes as contradições existentes nas relações sociais. Foi assim que, trabalhando o “período Varguista” (1930 – 1945) com os estudantes do terceiro ano do ensino médio, percebemos que o ensino de história poderia contribuir na direção à mudança de visão de mundo, da história e dos acontecimentos sociais, políticos, econômicos e culturais, e que isso dependeria do modo, da metodologia e do conteúdo a ser estudado em sala de aula. 
Assim, durante a aula, refletimos sobre o governo de Getúlio Vargas e quais lugares na sociedade a mulher ocupava nesse período. Foram apontadas dúvidas, amadurecendo a temática e, discutimos – à luz do contexto histórico do período – o papel da família e da mulher, bem como a violência de gênero. Esta aula se apoiou nesse suporte histórico pensando as mudanças e permanências desse período e, evidentemente, considerando o tempo atual. 
Foi possível observar que os estudantes tinham maturidade quanto à questão, e o seu senso crítico se ativava na medida em que a temática estava sendo mais debatida. Alguns estudantes se posicionaram coerentemente quanto à compreensão da desnaturalização dos papeis femininos e masculinos, e mesmo os que apontaram concepções machistas, de certo modo, se mostraram abertos à discussão. 
A atividade foi realizada da seguinte maneira: estudo do período varguista analisando o papel da mulher na época, e apontando as contradições. Contando com a participação dos alunos, a aula foi acompanhada do emprego de diversos procedimentos metodológicos, dentre os quais o uso de slides, exposição sobre o período e debate. Num primeiro momento, se discutiu sobre o “período varguista”, trabalhando a família, levantando aspectos pertinentes aos costumes e às práticas sociais, com o intuito de aumentar a lente para compreensão da época. O slide serviu como suporte para nortear quanto aos pontos que seriam trabalhados para que houvesse o uso adequado do tempo da aula, e, assim, o prazo existente fosse aproveitado de forma satisfatória. Durante a exposição sobre o período, o debate estava permanentemente aberto; então, os estudantes utilizaram de maneira proveitosa o tempo e o conteúdo das discussões. Ademais, levantaram-se dúvidas e os alunos externaram o que pensavam a respeito do tema, abrindo-se para compreender o que estava sendo trabalhado. 
É compreensível que essa aula não fez com que os estudantes mudassem seus discursos e práticas machistas, mas foi de grande importância para introduzir o debate. E pode-se também mostrar que a educação escolar pode se abrir para essa discussão. 
Com base nessa experiência, é perceptível que os conteúdos que se discutem na sala de aula podem ser meios de projetar outro modelo de sociedade, trabalhando sempre coletivamente, enxergando o ensino histórico como ferramenta para mudanças, em que se permite ver as relações sociais como construídas no decorrer do tempo e não como a resultante de algum apriorismo natural.
O resultado desta experiência ajudou a solidificar a compreensão do ensino de História como ferramenta para desnaturalizar a ideia de desigualdade de gênero. Ao mesmo tempo, desta pesquisa dimana, fundamentalmente, a ideia de que a mulher só será libertada do regime de opressão a que se encontra submetida, na hipótese de superação do sistema capitalista, conduzindo a outro sistema socioeconômico que acabe com todas as formas de opressão e exploração. 
CONCLUSÃO
Percebemos que o ensino pode se apoiar em instrumentos e reflexões que conduzam à desnaturalização dos lugares sociais como da família, das mulheres, apontando perspectivas de mudanças. Foi feita uma análise marxista, pensando a libertação da mulher num outro sistema social-político-econômico, tomando como referência inicial o contexto sócio-político-econômico-educacional de um período da história do Brasil. 
Vimos que a escola pode funcionar como ambiente que dá abertura para que sejam levantadas questões pertinentes que sinalizem para outro modelo de sociedade, confrontando o modelo de sistema vigente. 
Esse trabalho se propôs a fazer uma análise sobre a aula ministrada no terceiro do ano do ensino médio da Escola José Alves de Figueiredo, em que discutimos o período varguista, podendo apontar possibilidades de mudanças, e, nessa perspectiva, analisando as permanências e mudanças da época para osdias atuais.
Concluímos que o ensino de história pode se constituir como ferramenta que desnaturaliza toda forma de opressão e exploração, porquanto se estuda as relações modificadas no decorrer do tempo. Desse modo, pressente-se nessa área de conhecimento certa abertura para situar e expor a possibilidade de mudanças. 
Foi possível discutir a questão do ensino numa perspectiva de possibilidade de pensar outro mundo. A partir da temática de gênero, discutiu sobre o papel da mulher visando sua libertação com suporte noutro sistema social-político-econômico. 
Assim foi possível verificar, à luz da experiência possibilitada pelo PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), no terceiro ano do ensino médio, na Escola de Ensino Fundamental e Médio José Alves de Figueiredo, localizada no município de Crato, que o ensino de história tem possibilidade de provocar debates, tomadas de consciência e mudança de atitudes, agregando a problemática da diversidade de gênero e a oposição a toda modalidade de violência. 
Por fim, este artigo visualizou no ensino de história, desde que alicerçado cientificamente e trabalhando com base nos conteúdos discutidos em sala de aula, a possibilidade pedagógica de pensar a libertação da mulher no que tange as diversas esferas sociais.
Referências Bibliográficas
BOVE, Luiz Antonio. Uma Visão Histórica do Ensino Jurídico no Brasil. Disponível em: < https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/RFD/article/viewFile/508/506>p.116-117. Volume 3, nº 3 (2006). 
BRASIL, Lei n° 11 de agosto de 1827. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-11-08-1827.htm>. Acesso em: 22 mar. 2016
BRASIL, Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 28 mar. 2016
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: ASHOKA EMPREENDIMENTOS SOCIAIS; TAKANO CIDADANIA (Orgs.). Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano Editora, 2003. p. 49-58.
CARRASCO, C.; PETIT, M.. Mulheres trabalhadoras e marxismo: Um debate sobre a opressão. 1° ed. São Paulo: Editora Instituto José Luis e Rosa Surdemann, 2012.
CUNHA, L. A. Ensino superior e universidade no Brasil. In: TEIXEIRA, E. M. et al. 500 anos de educação no Brasil. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do estado. 3° ed. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2012.
GOHN, M. G. História dos movimentos e lutas sociais: a construção da cidadania pelos brasileiros. São Paulo: Loyola, 1995.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. 2° Ed. São Paulo: Editora Boitempo, 2005. 
NÚCLEO INDISCIPLINAR DE ESTUDOS SOBRE A MULHER E GÊNERO/NIEM. Direitos conquistados na História. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/nucleomulher/mov_feminista.php> Acesso em 24 mar. 2016.
PENÃ, Milcíades. O que é marxismo? 1°ed. São Paulo: Editora José Luis e Rosa Surdemann, 2014.
REED, Evelyn. Sexo contra sexo ou classe contra classe. 1°ed. São Paulo: Editora Instituto José Luís e Rosa Sundermann, 2008.
Secretária de Políticas para as Mulheres, Educação, Cultura e Ciência. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/assuntos/educacao-cultura-e-ciencia> Acesso em: 24 mar. 2016
SABADDEL, Ana Lucia. Manual de Sociologia Jurídica. 6. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. 272p. 
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Comissão Intramericana de Direitos Humanos. Relatório N° 54/01. Washington, 2001. 16p. Disponível em:< http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/299_Relat%20n.pdf> Acesso em: 03 set. 2015
��

Outros materiais