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ÉTICA E TÉCNICA NO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO Andanças com Dom Quixote e Sancho Pança Kleber Duarte Barretto Fichamento capítulo X Onde se discute a função de interdição Esse potencial como vmos antes poderá se desenvolver através da capacidade imaginativa, desembocando naquilo que Winnicott chamou de espaço potencial. A função de interdição tem sido bastante trabalhada na literatura psicanalítica também como função paterna, pois esta relacionada com o terceiro objeto que interfere na relação mãe e bebê. Está conectada com a presença física ou simbólica do pai. Teríamos basicamente três modalidades dessa função: interdição da pulsão oral, interdição das pulsões anais e interdição edípica. Para Safra (1995): “Para que qualquer interdição da satisfação de uma pulsão possa ser estruturante ao psiquismo do individuo, é fundamental que antes elas tenham encontrado expressão e satisfação. A pulsão precisa ter encontrado satisfação na relação com alguém que a criança ame; só então, essa pessoa poderá ajudar a criança a simbolizar a pulsão e a utiliza-la em favor do seu desenvolvimento. Se não possuirmos essas condições, teremos não uma interdição que leva ao desenvolvimento, mas sim uma privação que levará a criança à busca de um objeto que compreenda sua necessidade.Vale apontar que dentro do campo do AT, pelo menos aqui em São Paulo, predomina uma visão que privilegia basicamente a função de interdição, pois se compreende a psicose a partir da fusão do sujeito e sua mãe. Assim sendo, umas das principais preocupações , dentro dessa perspectiva, é a intervenção nessa fusão, nessa relação dual. N a visão Winicotiana, a interdição é uma entre inúmera outras funções. O processo de simbolização não é compreendido como fruto da castração do desejo ou da interdição da destrutividade, mas sim do potencial alucinatório do ser humano. Esse potencial, como vimos anteriormente, poderá se desenvolver através da capacidade imaginativa, função de interdição retira o sujeito de um estado confusional em que a consciência de si é perdida pelo escoamento do ser em um aspecto parcial da personalidade do sujeito. A pulsão pré-genital fica confundida com o sujeito. O individuo é o ódio, o erotismo, o amor e assim por diante. Tudo é vivido no reino do absoluto. Claro que para o AT exercer essa função, será fundamental não se perder no ódio ou em qualquer outro sentimento que seja evocado na situação de trabalho. Mas se a perdição se alcança o campo de trabalho, não restará outra opção senão transformar as experiências ao longo do tempo. O individuo é o ódio, o erotismo, o amor e assim por diante, a experiência de ser depositada confiança em alguém por um outro significado é bastante edificante
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