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Métodos e Técnicas de Estudos e Pesquisas

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
CASTELO BRANCO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÉTODOS E TÉCNICAS 
DE ESTUDOS E PESQUISAS 
 
Conteudista: 
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho 
 
 
 
 
 
 
2015 
 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 2 
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO -UCB 
 
Todos o s d i r e i tos re servad os a Univer s id ade Caste lo Bran co- UCB 
 
Nenhu ma p ar t e des t e mater i a l poderá se r r eproduz ida, armazen ada ou t ran smi t id a de qu alquer 
fo rma ou por quaisqu er meios – e le t rôn ico , mecân ico , fo to cópia ou gravação , sem a au tor i zação d a 
Univer s idad e Caste lo Bran co – UCB. 
 
 
 
 
 
 
______________________________________ 
 
Un3 m Univer s idad e Cas te lo Bran co 
 Metodolo gia do Trab alho Cien t í f ico . 
 Rio de Janei ro , UCB, 2015 . 
 100 p . 
ISBN 
CDD 
______________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Univer s idad e Caste lo Bran co 
Avenida San ta Cruz, 1631 . 
Rio de Jan ei ro – RJ 
CEP 21710-255 
 
Tels . (21) 3216-7700 / Fax (21) 2401-9696 . 
www.cas te lobranco .br 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 3 
 
 
PALAVRAS INICIAIS 
 
UNIDADE I – SOBRE A NATUREZA DO CONHECIMENTO 
1.0 - Entendendo a Natureza do Conhecimento 
1.1 - Tipos de Conhecimento 
1.2 - Sobre o Espíri to Científico 
Exercícios de Fixação 
 
UNIDADE II – A CIÊNCIA E SUA HISTÓRIA 
2.0 - O Alvorecer da Ciência 
2.1 - A Evolução do Pensamento Científico 
2.2 - As Três Concepções de Ciência 
2.3 - Formas de Raciocínio Científico 
2.4 - O Arco de Charles Maguerez 
Exercícios de Fixação 
 
UNIDADE II I – ESTRATÉGIAS EFICAZES DE ESTUDO 
3.0 - O Hábito de Estudar 
3.1 - Técnicas de Leitura 
3.2 - Técnicas de Esquematizar 
3.3 - Técnicas de Resumir 
3.4 - Tipos de Fichamento 
3.5 - Para ter Sucesso nos Estudos 
Exercícios de Fixação 
 
UNIDADE IV – A ARTE DA PESQUISA 
4.0 - Pesquisa: A Origem do Termo 
4.1 - Pesquisa Levada à Sério 
4.2 - A Importância da Pesquisa 
4.3 - Níveis de Investigação 
Exercício de Fixação I 
4.4 - Pesquisa Pura, Aplicada e Derivadas 
4.5 - Paradigmas Metodológicos da Pesquisa 
Exercício de Fixação II 
 
SUMÁRIO 
 
05 
 
 
 
07 
07 
08 
11 
19 
 
23 
24 
26 
28 
30 
32 
35 
 
37 
38 
27 
41 
42 
44 
48 
50 
 
52 
54 
56 
57 
60 
63 
64 
66 
75 
 
 
70 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 4 
 
UNIDADE V – ETAPAS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA 
5.0 - Delineamento da Pesquisa Científ ica 
5.1 - Modalidades de Pesquisa 
5.2 - Estudos Exploratórios 
5.3 - Técnicas de Coleta de Dados 
5.3.1 - Entrevista 
5.3.2 - Questionário 
5.3.3 - Formulário 
Exercícios de Fixação 
 
UNIDADE VI – PROJETO DE PESQUISA 
6.0 - Delineamento da Pesquisa Científ ica 
6.1 - A Estrutura do Projeto de Pesquisa 
6.1.1 - O Tema 
6.1.2 - O Título 
6.1.3 - O Problema 
6.1.4 - A Justificativa 
6.1.5 - Os Objetivos Gerais e Específicos 
6.1.6 - A Hipótese 
6.1.7 - A Delimitação 
6.1.8 - Os Procedimentos Metodológicos 
6.1.9 - O Cronograma 
6.1.10 - O Orçamento 
6.2 - Sobre a Apresentação de Trabalhos Científicos 
Exercícios de Fixação 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
75 
76 
80 
95 
97 
97 
100 
103 
108 
 
110 
111 
112 
113 
116 
117 
119 
121 
122 
125 
125 
128 
129 
131 
133 
 
136 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 5 
PALAVRAS INICIAIS: 
 
Olá! Seja bem vindo a este caderno de estudos da 
disciplina “Métodos e Técnicas de Estudos e Pesquisas”. Este 
material instrucional tem a pretensão de ser uma introdução 
sobre os fundamentos do método científico e, de um modo 
geral, favorecer uma reflexão sobre as diferentes maneiras de 
se pensar e fazer ciência através de estudos e pesquisas 
de natureza científica. Assim sendo, ele deverá ser utilizado 
como norteador durante todo o Grupo de Investigação (GI) 
abarcando não apenas a disciplina de Métodos e Técnicas de 
Estudos e Pesquisas, mas também as Práticas de Investigação 
incluindo seus cases e o Projeto de TCC. 
 
Sem querer complicar demais o que já é complexo por 
natureza - considerando as inúmeras discussões do que seja 
realmente ciência - podemos inicialmente entender a ciência 
como uma maneira de produzir conhecimento a partir de 
princípios metodológicos rigorosos de estudo. Maneira esta, 
que vem evoluindo ao longo dos séculos e que tem como base a 
ausência de preconceitos e juízos de valor (característicos do 
conhecimento de senso comum) e a comprovação. 
 
A ciência é um exemplo de até onde a humanidade pode 
chegar movida pela curiosidade e pela inteligência. Se pensarmos 
o desenvolvimento que esta teve ao longo dos séculos é 
impressionante constatar seu desenvolvimento. A questão do 
“método científico” é tão ampla que ela já vem, desde que 
chegou ao seu estágio mais moderno e semelhante ao atual por 
volta do século XVII - com a metodologia da observação 
neutra e sistemática aliada ao método indutivo tendo como 
objetivo o estabelecimento de relações causais entre fenômenos 
até a formulação de uma lei - sendo objeto de um ramo 
diferenciado da Filosofia denominado “Filosofia da Ciência” cujas 
reflexões contribuíram significativamente para a análise crítica e 
melhor compreensão desta. 
 
 
MENSAGEM DE 
BOAS VINDAS: 
 
 
Seja bem vindo a esta 
oportunidade de 
trocarmos ideais e 
aprendermos um pouco 
mais sobre Metodologia 
Científica assim como 
auxiliá-lo no 
desenvolvimento de 
trabalhos científicos, 
desde a formulação do 
projeto, coleta e 
organização e análise de 
dados, elaboração de 
textos e finalmente sua 
apresentação. 
Lembre-se de que o 
aprendizado é fruto do 
esforço conjunto entre a 
equipe pedagógica e 
você. Assim, a fim colher 
os frutos de um trabalho 
promissor faça a sua 
parte agora! Aproveite 
bem essa chance de 
aprendizado! 
 
 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
:: Observação Neutra 
 
 
Observação desligada de 
opiniões pessoais, 
crenças ou preconceitos. 
Trata-se da observação 
pura tal como o 
fenômeno/objeto 
observado se apresenta a 
partir de um método pré-
determinado. 
Muitos duvidam que tal 
observação seja possível. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 6 
 Apesar da importância que a ciência alcançou (em 
grande parte pelas conquistas tecnológicas) e da autoridade 
que é conferida aos cientistas, vale deixar claro que seu 
objetivo não é, e nem nunca foi, o de produzir “verdades 
absolutas”, mas sim o de promover uma busca mais 
aproximada da realidade de forma metódica, rigorosa e 
crítica. Um dos criadores do método científico, Francis Bacon 
afirmava no século XVII que a meta da ciência é o 
melhoramento da vida do homem na terra e isso seria 
alcançado através da coleta de dados, uma observação 
criteriosa, e a derivação de teorias e práticas a partir desta 
(Chalmers,1993). Concordando com esse pensamento, 
apesar de todas as mudanças que a concepção de ciência 
sofreu, é importante destacar que o objetivo que deve guiar 
qualquer tipo de procedimento científico sempre foi e será a 
melhoria da vida humana. A produção de conhecimento 
científico, particularmente através da pesquisa, não deveria 
nunca ignorar ou se desviar desse ideal. 
 
Partindo do princípio de que uma das formas mais 
significativas de produzir conhecimento se dá através da 
pesquisa, faz-se necessário conhecer o que esta seja, bem 
como os fundamentos e práticas metodológicas voltadas para 
a formação de um pesquisador de qualquer área. A leitura 
desse material instrucional quer dar a você a chance de fazer 
isso e estuda as diferentes etapas do método científico: da 
problematização e coleta de dados até sua análise e possível 
comprovação das hipóteses formuladas. Tenha certeza de 
que sua formação acadêmica seria incompleta se você não 
tivesse a oportunidade de caminhar nas veredas da pesquisa. 
Por isso mesmo, desejamos a você uma excelente caminhada 
a partir do roteiro sugerido pelas unidades deste material. 
Que ele lhe seja útil e estimulador a novas produções 
científicas. 
 
 
 
 
 
DICA: 
 
 
Não se conforme apenas 
com o conteúdo deste 
caderno instrucional. 
Procure aproveitar 
bastante as dicas de 
filmes, sites e livros 
sugeridos nas caixinhas 
laterais e não se esqueça 
que você não está 
sozinho nesta jornada. 
Conte sempre com seus 
professores. 
 
 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
 
 
Importante filósofo inglês dos 
séculos XVI e XVII Francis 
Bacon foi também um 
renomado político e estadista 
e ensaísta. É considerado um 
dos fundadores da Ciência 
Moderna por sua defesa do 
empirismo e por ter 
classificado a ciência em três 
grupos: Ciência da 
imaginação (poesia), Ciência 
da Memória (História) e 
Ciência da Razão (Filosofia) 
 
 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 7 
 
 
Unidade 
 1 
sobre a Natureza 
do Conhecimento 
Objetivos: 
• Entender com clareza o significado de conhecimento, bem como a natureza 
dos diferentes tipos de conhecimento existentes; 
• Reconhecer as principais diferenças entre o conhecimento científico e o 
chamado senso comum; 
• Refletir sobre como e, em que medida, temos adotado o espírito científico em 
nossas posturas e práticas como estudantes e pesquisadores. 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 8 
1.0 Entendendo a Natureza do conhecimento: 
_________________________________________________ 
 
Comecemos nossos estudos com uma reflexão sobre a 
natureza do conhecimento. É possível entender o 
conhecimento como o pensamento resultante da relação 
que se estabelece entre o sujeito que quer conhecer 
(cognoscente) e um objeto a ser conhecido 
(cognoscível). O sujeito é o ser humano e o objeto parte da 
realidade com a qual convivemos ou do próprio homem que 
também pode ser objeto de estudos (como é o caso das 
ciências humanas e sociais). 
 
Como estamos constantemente procurando conhecer 
é possível afirmar que o conhecimento não nasce do vazio e 
sim das experiências que acumulamos em nossa vida 
cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos 
interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos. O 
conhecimento é diferente de uma informação (dado mais 
bruto). Ele é fruto de uma reflexão sobre a informação e 
sua riqueza. 
 
Vale ressaltar que o homem se distingue dos demais 
seres vivos pela possibilidade de conhecer. Diferentemente 
de outros animais, o homem possui a razão, ou seja, o 
homem tem a faculdade de avaliar, julgar, ponderar ideias 
universais, estabelecer relações lógicas de conhecer, de 
compreender, de raciocinar, sendo também a capacidade de 
relacionar e ir além da realidade imediata. De fato, os seres 
humanos são os únicos capazes de criar e transformar o 
conhecimento; de aplicar o que aprendem por diversos 
meios; os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, 
como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias 
experiências dividindo-as com outros seres humanos. 
 
De um modo geral, o desejo de conhecer as coisas é 
inato se manifestando desde os primeiros anos de vida. Ao entrar 
 
 
 
PARA SABER MAIS: 
 
 
Para um aprofundamento 
do conceito de 
conhecimento seria válido 
consultar outras obras 
sobre o tema, 
especialmente de Filosofia 
e de Metodologia da 
Pesquisa. 
Veja abaixo alguns bons 
exemplos de uma 
literatura clássica da 
área: 
 
 
CERVO, A.e Bervian, P. 
Metodologia Científica. 
São Paulo: Prentice Hall, 
2002. 
 
LAKATOS, E. & Marconi, 
M. Fundamentos de 
Metodologia Científica. 
São Paulo: Atlas, 1991. 
 
 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
:: Conhecer: 
 
 
Conhecer é incorporar um 
novo saber, um novo 
conceito sobre alguma 
coisa. O conhecimento 
não vem do nada. De um 
modo geral ele é 
adquirido através do 
estudo, da reflexão e da 
experiência. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 9 
em contato com a realidade, o ser humano imediatamente 
apreende essa realidade em relação ao seu “EU”, à cultura 
e à história. O processo de conhecer se manifesta de 
maneira tão natural que em alguns momentos nem sequer 
nos damos conta de sua complexidade. Desde cedo, nossos 
pais e professores nos mostram a necessidade de aprender 
e conhecer o mundo, e mais tarde, da necessidade de 
autoconhecimento. Neste complexo processo, somos 
inseridos na “engrenagem” do conhecimento do mundo 
considerado real, sem então entendermos claramente o real 
significado de conhecer. Valendo-se de suas capacidades 
cognitivas, o ser humano manifesta o desejo de conhecer 
a si mesmo e o mundo no qual se encontra inserido. 
 
Luckesi (1985), afirma que devemos pensar no 
conhecimento não apenas como um mecanismo de 
transformação do mundo, mas também como uma 
necessidade para a ação e ainda um elemento de 
libertação, caso contrário estaríamos ainda sujeitos a 
conformação e sujeição da natureza. Trata-se de um 
instrumento para entendimento do sujeito, das relações 
entre sujeitos e destas relações com o ambiente. 
 
 Por ser fruto de uma relação entre sujeito e objeto, o 
conhecimento é sempre relativo. Supõe um ponto de 
vista, limitações técnicas (a partir do uso de instrumentos) 
e também limites do próprio sujeito que conhece. O 
conhecimento absoluto é impossível, pois sua possibilidade 
implicaria em um sujeito sem limites – nem mesmo 
pessoais ou sócio-históricos (Aranha e Martins, 2005). Isso 
fica ainda mais claro quando nos deparamos com pessoas 
que privilegiam suas crenças religiosas, ou a autoridade de 
algo ou alguém em detrimento de qualquer outro tipo 
conhecimento. Como se isso não bastasse, à medida que 
interagimos na relação com o mundo, com os inúmeros 
campos e formas de conhecimento, muitas vezes 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 10 
questionamos a validade daquilo que anteriormente tínhamos 
aceito como verdade. 
 
Segundo Hessem (1999) pode-se afirmar que existem 
cinco grandes formas de entender a relação entre o sujeito e o 
objeto (posturas epistemológicas), visando à construção de 
conhecimento: 
 
� O objetivismo defende que o objetodetermina o 
sujeito e influencia na construção de conhecimento do 
sujeito; 
 
� O subjetivismo, contrário ao objetivismo, defende 
que a construção de conhecimento se dá no próprio 
sujeito (consciência em geral), pois é o próprio sujeito 
que produz e dá forma ao objeto. Protágoras (século 
V a. C.), por exemplo, dizia que o “homem é a medida 
de todas as coisas”. 
 
� O realismo sustenta a tese de que o objeto existe 
independentemente do sujeito, sendo o objeto o 
ponto de partida do ato do conhecimento. A 
independência dos objetos, em relação à consciência 
do homem é real, uma vez que o objeto pode 
modificar-se independentemente da ação do homem; 
 
� O idealismo, contrário ao realismo, defende que não 
existem objetos reais, independentes da consciência 
do homem, mas sim como um produto do 
pensamento do homem. Vai-se do pensamento 
diretamente para a análise do objeto; 
 
� O fenomenalismo, por sua vez, estabelece uma 
relação entre o realismo e o idealismo, pois considera 
que os objetos existem por meio da nossa 
consciência, mais do que isso, é moldado pela própria 
consciência do sujeito. Para Kant, não conhecemos as 
coisas em si (nômeno), mas como elas se nos 
apresentam (fenômeno termo derivado de fenomenon 
= aparência). Há coisas reais, mas não podemos 
conhecer a “essência” das coisas, só a sua aparência. 
Existem diferentes tipos de conhecimento. 
Vejamos aqui alguns dos mais conhecidos: 
 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
 
 
No decorrer da história 
muitos filósofos deram 
primazia a um dos dois 
polos na relação de 
conhecimento ao sujeito 
ou ao objeto. Isso fica 
claro ao estudarmos 
essas cinco formas de 
conhecimento destacadas 
nessa página. 
 
 
 
 
PARA VER: 
 
 
Confira um vídeo bem 
humorado sobre as 
diferenças entre realismo 
e empirismo disponível 
através do site abaixo: 
 
https://www.youtube.co
m/watch?v=KlxNr5nSJA8 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 11 
1.1 TIPOS DE CONHECIMENTO: 
 
- CONHECIMENTO INTUITIVO 
 
O termo “intuição” tem sua origem no latim in 
tueri e significa “ver em”, “contemplar”. Na verdade a 
intuição é uma modalidade de conhecimento que, pela 
característica de tentar entender o objeto sem “meio” 
de comparações. O conhecimento intuitivo é de 
ordem subjetiva e não empírica. 
 
Para Aristóteles o ser humano pode e consegue 
conhecer as coisas que o cerca justamente porque 
tem uma capacidade para enxergar e intuir os 
princípios que regem os fenômenos. Assim sendo, ele 
seria dotado de uma visão interior, que se traduz pela 
capacidade de ver o que é essencial dentro dos dados 
da experiência sensorial. Essa visão poderia ser 
definida como intuição. 
 
É fácil entender uma intuição sensorial se 
entendemos que os sentidos não analisam, não 
comparam e não julgam, por exemplo, o 
conhecimento que se tem da temperatura da água de 
uma vasilha em temperatura ambiente. Contudo, 
através da intuição temos uma ideia da temperatura 
no instante em que se a toca com a mão; outro 
exemplo é a emoção do prazer que se experimenta 
em uma determinada situação. Trata-se de um dado 
de experiência interna apreendido imediatamente e 
que associamos a outras experiências de modo 
intuitivo. 
 
A percepção, cujo objeto passa para a mente 
sem necessidade de um conhecimento prévio, tem 
sua origem na experimentação e no sentir mediante 
as sensações transmitidas pelos órgãos dos sentidos: 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
:: Saber: 
 
 
A palavra saber vem do 
latim “sapere” que 
também significa sabor. 
Portanto, aprender algo 
pode muito bem ser 
comparado como 
saborear algo como 
destaca Rubem Alves. 
 
 
 
 
 
DICA: 
 
 
Dedique especial atenção 
aos diferentes tipos de 
conhecimento 
assinalados, pois este 
assunto será essencial 
para compreender de 
uma forma mais ampla o 
que seja ciência. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 12 
visão, audição, tato, gustação e olfato; a este processo 
denominado conhecimento intuitivo sensorial. 
 
Entretanto, o conhecimento intuitivo sensorial não se 
realiza exclusivamente pela experiência de fenômenos 
externos, visto que existe outra experiência interna, a 
qual denominamos de reflexão, que pode ser entendida 
como a ação de examinar o conteúdo por meio do 
entendimento, da razão. 
 
A experiência externa utiliza os órgãos dos sentidos 
para a apreensão do objeto e a experiência interna limita-se 
a comparar os diferentes dados da experiência externa. 
Contudo, é possível através da reflexão intuir (ter uma ideia) 
se fará sol ou chuva ou ainda se alguém concordará conosco 
ou não. Evidentemente, como qualquer tipo de 
conhecimento, tal ideia poderá ser verídica ou não. Só o 
tempo e a experiência dirão se ela foi verdadeira ou falsa. 
 
Dentre as vantagens desse tipo de conhecimento 
poderíamos destacar: 
 
� A possibilidade de formular juízos e ideias 
rápidas diante de situações que exigem agilidade 
independente das experiências sensoriais; 
 
� Permitir que o homem vá além das experiências 
sensíveis formulando juízos com base em 
experiências anteriores ou no bom senso; 
 
� Favorecer o pensamento através de uma 
reflexão interior. 
 
 
 
 
 
 
 
IMPORTANTE: 
 
 
Como veremos a seguir, 
para os empiristas não 
existe conhecimento a 
priori, sendo a única 
fonte de conhecimento a 
experiência sensorial. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 13 
 
- CONHECIMENTO EMPÍRICO OU DE SENSO COMUM 
 
Também conhecido como conhecimento 
sensório ou vulgar, o conhecimento empírico é o 
conhecimento popular, e como tal, a forma mais 
tradicional de conhecimento sobre algo. Nesse tipo de 
conhecimento, a realidade é conhecida através da 
sensação de suas características principais. Trata-se 
de um conhecimento que se obtêm ao acaso, ele não 
é metódico ou sistemático, resultando muitas vezes 
em diversas tentativas de ensaio e erro sem qualquer 
compromisso com a apuração ou análise mais 
aprofundada. Todo ser humano, no transcurso de sua 
existência, vai acumulando conhecimentos daquilo 
que viu, ouviu, provou, cheirou e pegou; do mesmo 
modo vai acumulando vivências e interiorizando as 
tradições da cultura da comunidade. 
 
Na verdade, estas experiências (empirias) - 
que não atendem critérios e sistemas são ingênuas 
por suas visões generalistas e desprovidas de 
críticas e demonstrações - oferecem informações de 
tradições dispensando as análises de credenciais de 
testemunhos, embasando-se nos fundamentos das 
crenças tradicionais de uma comunidade. 
 
É óbvio que todo ser humano bem informado 
traz consigo “conhecimentos” de “psicologia”, 
“farmacologia”, especialmente algumas mulheres que 
já tiveram filhos, se vêem “habilitadas” para dar 
gratuitamente “consultas” e “receitas infalíveis” para 
as cólicas do recém-nascido e para qualquer dor de 
cabeça, tem conhecimento de um comprimido ou chá 
eficaz para o alívio; entretanto, ignoram a composição 
do comprimido, a natureza da dor de cabeça e a ação 
do medicamento. E é isto que caracteriza o 
 
 
VOCÊ SABIA? 
 
 
Durante um longo período 
de tempo a ciência 
priorizou o conhecimento 
científico em detrimento 
do conhecimento dito 
vulgar. Contudo, hoje 
sabe-se que sérias 
pesquisas no campo 
científicosó foram 
possíveis graças a 
constatações do senso 
comum. 
 
 
 
 
EXEMPLIFICANDO: 
 
 
Um exemplo muito 
simples do conhecimento 
empírico seria o seguinte: 
A chave está emperrando 
na fechadura e, de tanto 
experimentarmos formas 
de abrir a porta, 
acabamos por descobrir 
(conhecer) um “jeitinho” 
mais eficiente de girar a 
chave sem emperrar. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 14 
conhecimento vulgar ou empírico, pois o conhecimento das 
coisas ocorre de modo superficial, seja por informação ou 
experiência casual (ações não planejadas). 
 
Cabe ressaltar que, para qualquer homem, a porção 
maior de seus conhecimentos pertence à classe do 
conhecimento vulgar. Ninguém precisa estudar lógica e 
aprofundar-se em teorias sobre validação científica da 
indução ou nas leis mais formais do raciocínio dedutivo para 
ser natural e lógico; ninguém precisa devotar-se aos estudos 
mais avançados da psicologia e qualquer outra ciência de 
saúde para integrar-se na família, no trabalho, na sociedade 
assim como ninguém precisa ser teólogo para adotar uma 
religião e ter suas convicções mais profundas da ciência, uma 
vez que as convicções são subjetivas e se traduzem por uma 
absoluta fixação de enunciados evidentes ou não, 
verdadeiros ou não. 
 
Vejamos alguns exemplos de aplicações resultantes 
do conhecimento Empírico: 
 
� A invenção da roda; 
� A descoberta do fogo; 
� A medicina popular. 
 
 
- CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
 
A palavra “filosofia” tem sido empregada com 
significados muito diferentes entre si. O significado 
etimológico da palavra de origem grega significa “amor ao 
conhecimento”. A tarefa básica do conhecimento filosófico é 
a reflexão continuada. Os antigos gregos chamavam de 
“filósofos” os homens mais sábios, que apresentavam as 
explicações mais razoáveis na sua época para os mistérios da 
natureza, do pensamento, do universo. 
 
 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
:: Teoria: 
 
 
Nome dado ao sistema 
organizado de leis, 
hipóteses, conceitos, 
definições interligadas e 
coerentes. 
A teoria especifica a 
causa ou mecanismo 
subjacente responsável 
pela regularidade descrita 
na lei. 
 
Ex: Teoria Geocêntrica 
sustentada por 
Aristóteles, Euclides e 
Ptolomeu, que foi 
substituída pela Teoria 
Heliocêntrica sustentada 
por Copérnico e Galileu. 
 
 
 
 
IMPORTANTE: 
 
 
Ao contrário dos 
empiristas, os 
racionalistas defendem 
que o verdadeiro 
conhecimento não é fruto 
de uma experiência 
sensorial, mas se dá 
através de uma 
argumentação racional 
baseada em axiomas. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 15 
 O conhecimento filosófico é caracterizado pela 
coerência lógica da argumentação, isto é, da trama dos 
conceitos articulados em determinada formulação de ideias. 
Na construção desse tipo de conhecimento não há 
necessidade de uma confirmação experimental. Ele se 
distingue do conhecimento científico pelo objeto de 
investigação – constituído por realidades que muitas vezes 
escapam aos sentidos e a experiência – e pelo método que 
se baseia basicamente na interrogação continuada. 
 
A Filosofia procura compreender a realidade em seu 
contexto mais universal. Não traz soluções definitivas para 
o grande número de questões, contudo leva o ser humano 
a fazer uso de suas faculdades para ver melhor o sentido da 
vida (Cervo e Berviam, 2002). O campo da Filosofia 
ultrapassa o campo de todas as ciências. Por sua 
dimensão mais ampla abarca todas as ciências sem, 
contudo, pretender substitui-las no estudo particular de 
seus objetos específicos. 
 
Veja alguns exemplos de aplicações decorrentes do 
conhecimento Filosófico: 
 
� A Matemática; 
� A Teoria do Conhecimento; 
� A Lógica. 
 
- CONHECIMENTO TEOLÓGICO OU DE FÉ 
 
 De cunho religioso e místico, o conhecimento 
teológico ou de fé se detém na opinião de terceiros, de 
modo especial através da chamada “revelação”. Existem 
objetos da realidade a nossa volta que escapam tanto aos 
nossos sentidos quanto ao nosso raciocínio, impedindo 
assim, que deles tenhamos dados empíricos ou lógicos. Por 
exemplo: não sabemos ao certo o que alguém está 
pensando ou sentindo, assim como não sabemos o que 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
 
:: Método: 
 
 
A palavra método 
originou-se do grego 
“methodos”, que significa 
caminho. Trata-se da 
“maneira” de se saber 
ou fazer algo. 
 
 
 
 
 
PARA SABER MAIS: 
 
 
A Filosofia é a área do 
conhecimento voltada 
para o estudo de 
problemas fundamentais 
através da reflexão e da 
lógica. Dentre eles 
podemos destacar o 
estudo da existência, do 
conhecimento, da 
verdade, dos valores 
éticos e morais, da mente 
e da linguagem. 
 
Para saber mais 
recomendamos a leitura 
do clássico de Marilena 
Chauí: 
 
CHAUÍ, Marilena. Convite 
à filosofia. 9.ed. São 
Paulo: Ática, 2003. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 16 
acontecerá conosco depois de nossa morte biológica. Nesses 
casos lidamos com essa realidade através da opinião de 
terceiros (revelação) aceita como verdade. 
 
O conhecimento revelado ocorre quando há algo 
oculto ou um mistério. Aquele que manifesta o oculto é o 
revelador – que pode ser o homem ou o próprio Deus. Em 
geral a fé teológica está ligada a alguém que testemunha 
Deus diante de outras pessoas, isto é, alguém que vive o 
mistério divino, que tem conhecimento dele e o revele a 
outra pessoa. Uma igreja, por exemplo, seria constituída por 
um conjunto de pessoas que vive esse milagre, acredita no 
mesmo e dá testemunho deste a outros. 
 
As verdades do conhecimento teológico estão 
dispostas em textos como a Bíblia e o Alcorão, considerados 
sagrados, ou ainda na tradição que nos é transmitida por 
terceiros (padre, rabino, pastor, etc.). Não adianta 
queremos buscar evidências para a Eucaristia ou a realização 
de um milagre. Ou se acredita naquilo, através dos textos 
sagrados e tradições religiosas, como dogma, isto é uma 
verdade inquestionável, ou não. Como afirma Ruiz (1980): 
 
“Se tudo o que está na Bíblia encerra a própria 
ciência divina comunicada por Deus aos homens; 
se Deus merece todo crédito e exige que os 
homens revelem sua palavra, que não se procure 
a evidência dos conteúdos da revelação divina, 
mas que se aceite o dogma porque assim foi 
divinamente revelado”. (p. 33) 
 
O conhecimento teológico supõe uma autoridade e 
uma lógica acima da compreensão humana, isto é, uma 
lógica e uma compreensão de ordem divina. A teologia não 
demonstra o dogma, clama para a autoridade divina que o 
revelou e exige um voto de confiança (fé). A teologia mostra 
a existência e a necessidade de uma especial iluminação 
divina para que o fiel consiga conhecer a verdade divina da 
revelação. A fonte e o objeto de estudos da teologia são os 
livros sagrados. 
 
 
 
 GLOSSÁRIO: 
 
:: Alcorão: 
 
O Alcorão é o livro 
sagrado dos muçulmanos 
assim como a Bíblia o 
livro sagrado dos cristãos. 
 
 
 
 
IMPORTANTE: 
 
 
Este tipo de 
conhecimento é adquirido 
a partir dos axiomas da fé 
teológica. É fruto da 
revelação com uma 
divindade diretamente ou 
através de indivíduos 
inspirados. 
 
 
 
 
 MÉTODOSE TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 17 
 
A ciência, nascida da razão, só admite o que foi 
provado, na exata medida em que se podem comprovar 
experimentalmente, promovendo desta forma, o 
conhecimento, a partir da evidência dos fatos. A Filosofia 
por sua vez também valoriza a lógica e os dados racionais. 
A diferença entre estes e o conhecimento teológico é que 
este exige a fé que brota do desejo e da submissão, a partir 
da autoridade divina. Por isso, tanto a ciência quanto a 
Filosofia, não se baseiam no conhecimento de fé. 
 
Como contribuições advindas do conhecimento 
teológico ou religioso poderíamos citar: 
 
� O desenvolvimento dos valores morais; 
� A criação de princípios e teses sobre o sentido da vida; 
� O cultivo da caridade e da esperança fundamentais 
para a vida em sociedade. 
 
- CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
 
O conhecimento científico vai além do fenômeno em 
si, se voltando para suas leis, causas e consequências, 
através capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, 
de justificar; de induzir ou aplicar leis, de predizer com 
significativa e em alguns fenômenos com absoluta margem 
de segurança, eventos futuros. 
 
 Para Cervo e Berviam (2002), até a Renascença o 
conhecimento científico era tido como o conhecimento 
obtido a partir de um rígido sistema de proposições 
rigorosamente demonstradas, constantes e gerais que 
expressavam as relações existentes entre os seres vivos. 
Trata-se de um conhecimento resultante da demonstração 
e da experimentação que só aceitava como verdadeiro 
aquilo que fosse comprovado. Hoje a concepção de ciência 
mudou. É óbvio que ela contínua valorizando a razão, a 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
:: Ciência: 
 
Segundo Ander-Egg 
(1991): 
“A ciência é um conjunto 
de conhecimentos 
racionais, certos ou 
prováveis, obtidos 
metodicamente, 
sistematizados e 
verificáveis, que fazem 
referência a objetos de 
uma mesma natureza”. 
(Ander-Egg apud Lakatos, 
p. 15) 
 
 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
:: Leis: 
 
Regras de como a 
natureza se comporta. 
Enunciados 
generalizadores que 
descrevem relações 
constantes entre os 
fenômenos. 
Ex: Lei da queda livre, 
Leis de Newton, Lei da 
Conservação da Matéria 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 18 
sistematização e a comprovação através da pesquisa, 
contudo sabe-se que a ciência não é algo acabado, definitivo 
e infalível. Não sendo de forma nenhuma “a posse de 
verdades imutáveis” (p. 9). 
 
Atualmente a ciência é entendida como: “uma busca 
constante de explicações e de soluções, de revisão e de 
reavaliação de seus resultados, apesar de sua falibilidade e 
de seus limites”. (Id., p. 10). Contudo, definitivamente a 
ciência não é ideologia (que busca a justificação de 
posições vantajosas especialmente para quem está no poder) 
assim como também não é mero senso comum 
(conhecimento acrítico e crédulo) ou simples bom senso. 
 
Citaremos algumas das principais características 
do conhecimento científico: 
 
� Visa conhecer e explicar os fenômenos; 
� É sistemático e metódico; 
� É crítico, rigoroso e objetivo; 
� Consolida-se na certeza das leis demonstradas; 
� Procura as relações entre os componentes do 
fenômeno para enunciar as leis gerais e constantes 
que regem estas relações; 
� Justifica e demonstra os motivos e fundamentos 
de suas conclusões; 
� Estabelece leis válidas para todos os casos da mesma 
espécie que venham a ocorrer nas mesmas condições; 
� Resulta de um processo complexo de análise e de 
síntese; 
� Fundamenta-se na objetividade e evidência dos fatos. 
 
Além disso, o conhecimento científico busca sempre 
cultivar a coerência (ausência de contradição e argumentação 
bem estruturada e fundamentada); a consistência (capacidade 
de responder a argumentações contrárias); a originalidade 
(criativa e inventiva) e a objetividade (entendimento claro de 
determinado objeto de estudo como o mesmo é de fato). 
 
 
PARA REFLETIR: 
 
 
Dentre as características 
do conhecimento 
científico citadas escolha 
duas que você considera 
mais importantes para 
caracterizar este tipo de 
conhecimento e justifique 
sua escolha. 
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________ 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 19 
Nos últimos 350 anos de história da humanidade, 
constatamos que a Terra é um planeta; que o Sol é uma estrela 
de quinta grandeza, que as órbitas dos planetas são elípticas, 
que os corpos biológicos são compostos de células, que os 
corpos físicos se formam e se sustentam em várias cadeias de 
átomos, que a luz é um fenômeno físico, dentre outras 
inúmeras descobertas, estimamos que o homem teria de 20 a 
25 mil genes dentre outras inúmeras descobertas. Entendemos 
certas leis do universo e criamos instrumentos e ferramentas 
que ampliaram nossos sentidos e elevaram nossa qualidade de 
vida. Todas essas descobertas e invenções servem para 
exemplificar a importância do chamado espírito científico. 
 
1.2 SOBRE O ESPÍRITO CIENTÍFICO 
 
O chamado “espírito científico” pode ser entendido 
como uma atitude ou disposição subjetiva que busca 
constantemente novas soluções, com métodos adequados, 
para problemas e interrogações que caracterizam a 
pesquisa. Na prática, o espírito científico traduz-se pelo 
estímulo continuado a uma mente crítica, objetiva e 
racional, sendo, portanto, algo a ser continuamente 
cultivado, desde a educação infantil até a educação 
superior. 
 
A objetividade é uma característica básica do 
espírito científico. O que vale não é o que o cientista 
imagina ou pensa, mas sim o que realmente existe. Uma 
objetividade que não aceita soluções parciais ou pessoais – 
o “eu acho...”, ou “penso ser assim...”; não satisfazem à 
objetividade do saber científico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPORTANTE 
 
 
Por isso no que se refere 
à escrita de qualquer 
trabalho acadêmico não 
se deve usar termos 
como “eu acho”, “penso”, 
“acredito”, “deve ser 
isso”, pois os mesmos 
fogem a objetividade 
científica fazendo com 
que o trabalho se 
assemelhe a opiniões de 
senso comum ou crenças 
pessoais. 
 
 
 
 
PARA VER: 
 
 
Para entender melhor os 
tipos de conhecimento 
apresentado nas páginas 
anteriores, vale conferir o 
vídeo da professora 
Rosângela Enéas 
disponibilizado no site: 
 
https://www.youtube.co
m/watch?v=KlxNr5nSJA8 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 20 
QUALIDADES DO ESPÍRITO CIENTÍFICO: 
 
A partir do que aprendemos sobre o espírito 
científico podemos apontar algumas de suas principais 
qualidades: 
 
- Virtude Intelectual 
Senso de observação, gosto pela precisão e pelas ideias 
claras. Imaginação ousada, mas regida pela necessidade da 
prova; 
 
- Curiosidade: 
Leva o sujeito a aprofundar os problemas na sagacidade e 
poder de discernimento; 
 
- Humildade: 
Moralmente o espírito científico assume a atitude de 
humildade e de reconhecimento de suas limitações, das 
possibilidades de certos erros e acertos e enganos; 
 
- Imparcialidade: 
O espírito científicoé imparcial. Não torce os fatos. Respeita 
escrupulosamente os fatos; 
 
- Não é Acomodado: 
Procura manter sempre em constante estado de vigília a 
curiosidade e a postura investigativa necessário ao 
desenvolvimento de uma pesquisa; 
 
- Honestidade: 
Não admite como seu o que os outros já fizeram (Plágio); 
busca se comprometer com a verdade dos fatos que 
investiga; 
 
- Coragem: 
Enfrenta os obstáculos e riscos que uma pesquisa possa 
oferecer; 
 
- Ética: 
Assume a atitude de humildade e de reconhecimento de 
suas limitações, da possibilidade de cometer erros e 
 
 
PARA REFLETIR 
 
 
Quais dentre as 
qualidades citadas você 
considera mais 
desafiadoras? 
 
Que outra qualidade você 
julga ser importante para 
os que desejam cultivar 
um espírito científico? 
 
Não deixe de ir 
registrando suas 
reflexões. Busque 
resolver os exercícios 
abaixo e até nossa 
próxima unidade 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 21 
enganos e de reconhecer outros trabalhos científicos tão ou 
mais importantes do que o seu. 
 
As qualidades do espírito científico elencadas 
podem ser traduzidas como valores que deverão ser 
cultivados por você na elaboração de seu trabalho 
monográfico ou qualquer outro tipo de trabalho 
científico que pretenda desenvolver. 
 
Esperamos que essa primeira unidade reforce 
em você estas qualidades, de modo a fortalecê-las 
ainda mais e auxiliá-lo em suas futuras produções de 
conhecimento científico de forma eficiente e ética. 
 
 
 
 
 
 - EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
 
EXERCÍCIO 1: 
______________________ 
 
A partir do que estudamos procure responder as questões abaixo com suas 
palavras: 
 
A) Defina o que é conhecimento? 
 
B) Explicite qual é a importância do conhecimento científico para o desenvolvimento da 
sociedade? 
 
C) Aponte as principais diferenças do conhecimento científico em relação aos demais 
estudados nesta unidade? 
 
D) Explique por que podemos afirmar que nem sempre o conhecimento tem um papel 
libertador? 
 
 
 
PARA VER: 
 
 
Veja um interessante 
vídeo de uma palestra do 
físico Marcelo Gleiser 
intitulado “A Nova Ciência 
e a Manutenção da Vida”. 
Procure entender até que 
ponto sua fala vai de 
encontro ao que 
conversamos nessa 
unidade sobre 
conhecimento e ciência. 
 
https://www.youtube.co
m/watch?v=zQrGQJbyfho 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 22 
 
 
 
EXERCÍCIO 2: 
______________________ 
 
Preencha a tabela abaixo, referente a alguns dos diferentes tipos de conhecimento, a 
partir de algumas de suas principais características e diferenças. Bom trabalho! 
 Tipos 
 
 
Características: 
Conhecimento 
Empírico 
Conhecimento 
Teológico 
Conhecimento 
Filosófico 
Conhecimento 
Científico 
 
 
 
DEFINIÇÃO: 
(Pode ser 
entendido como:) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTAÇÃO: 
(Se baseia em:) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNÇÃO: 
(Serve para:) 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXEMPLO 
PRÁTICO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 23 
 
Objetivos: 
• Compreender o conceito de ciência e sua trajetória histórica; 
• Diferenciar os diferentes tipos de raciocínio utilizados no método científico; 
• Entender melhor o contexto que favoreceu o aparecimento e desenvolvimento 
do método científico; 
• Refletir sobre o papel e a importância da ciência em nossos dias. 
 
Unidade 
 2 
A Ciência e sua 
História 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 24 
 2.0 O ALVORECER DA CIÊNCIA 
____________________________________________ 
 
 
Não é exagero afirmar que a Ciência é fruto direto da 
evolução do homem no decorrer de sua história. Convido 
você a examinar essa afirmativa a partir de três momentos 
que antecedem o pensamento científico e traduzem essa 
evolução do homem e da ciência no decorrer de sua história. 
 
 Oliveira (2011) destaca que, antes do surgimento da 
ciência propriamente dita, dois momentos importantes 
caracterizaram a forma do homem conhecer e lidar com o 
desconhecido a sua volta: o medo e o misticismo. 
 
O primeiro momento do alvorecer da humanidade é 
marcado pelo medo. Uma vez que nossos ancestrais não 
detinham formas de lidar com aquilo que não conheciam (e 
esse desconhecimento englobava tantos as alterações 
climáticas quanto as mudanças que se processavam em seu 
próprio corpo) a primeira reação que o ser humano 
experimentou diante de toda essa complexa e ininteligível 
realidade foi o medo e o espanto. 
 
O segundo momento, destacado por Oliveira (2011) 
que igualmente antecedeu a ciência foi o misticismo. Frente 
ao que ignorava e não sabia explicar o homem buscou 
vencer o medo através de crenças e superstições. Essa era 
uma forma eficiente de lidar com todo tipo de dúvida e 
incerteza associada a ignorância daquilo que acontecia 
consigo e a sua volta. Assim, a erupção vulcânica era 
associada a ira divina, a boa colheita a vontade do deus X, o 
sucesso na caça ao deus Y, num jogo funcional de bênçãos e 
maldições. Esse pensamento mágico favoreceu a 
transformação do medo em algo bem mais aceitável e de 
certa forma até “controlável”. 
 
 
 
 
PARA SABER MAIS: 
 
 
A ciência inaugurou uma 
nova mentalidade. Após 
2500 anos em que a 
curiosidade humana se 
satisfez com explicações 
baseadas na imaginação 
e no misticismo a ciência 
marcou um novo 
momento da história da 
humanidade. 
Para saber mais sobre o 
triunfo do pensamento 
científico no mundo 
contemporâneo é 
recomendável a leitura da 
obra de 
 
ROSA, A. 
A Ciência e o Triunfo do 
Pensamento Científico no 
Mundo Contemporâneo. 
Vol. III. Brasília: 
Fundação Alexandre de 
Gusmão, 2012. 2ª ed 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 25 
Um terceiro momento apontado por outros autores 
como o pensamento pré-científico seria o pensamento 
filosófico, marcado pela observação e reflexão lógica. A 
Filosofia surgiu com o objetivo de romper com o 
pensamento mítico e promover uma nova interpretação da 
realidade baseada na razão. Como já estudado na unidade 
anterior, a Filosofia é considerada a mãe da Ciência por 
valorizar o pensamento racional, a reflexão lógica e 
sistemática. Todavia, ao contrário da Ciência a Filosofia não 
se preocupa necessária com a comprovação ou mensuração 
daquilo que é observado. Indo muito além do observável. A 
Filosofia lida constantemente com hipóteses que não podem 
ser submetidas a observação ou verificação. O critério de 
verdade da Filosofia é a coerência lógica de seus 
enunciados e proposições. 
 
O papel da Filosofia sempre foi o de interrogar a 
realidade e o homem enquanto ser inserido tanto em seu 
contexto sócio histórico como em um âmbito mais 
universal. A questão é que não existem soluções 
definitivas para o grande número de questões que ela ser 
propõe a formular considerando sua natureza. 
 
Finalmente o último momento dessa evolução das 
diferentes formas de entendimento da realidade foi o 
surgimento da própria ciência tendo em vista os 
conhecimentos anteriores deixavamlacunas e não ainda 
não davam conta da explicitar a realidade na sua 
complexidade de forma satisfatória. Nesse contexto surgiu 
então o pensamento científico com sua metodologia 
diferenciada. A ciência não se contenta com explicações 
lógicas e sim em uma observação criteriosa e 
sistemática que favoreça a comprovação das afirmativas 
com base na demonstração e experimentação. 
 
 Por um lado o conhecimento científico é o mais 
restrito dentre todos os tipos de conhecimento 
 
 
IMPORTANTE: 
 
 
Todos os tipos de 
conhecimentos 
enunciados na unidade 
anterior são válidos. Não 
existe um conhecimento 
melhor do que outro e 
sim conhecimentos 
diferentes que servem a 
objetivos diferentes. 
Assim sendo, deduz-se 
que existem 
conhecimentos mais 
adequados a 
determinadas situações 
do que outro, mas não 
conhecimentos melhores 
do que outros. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 26 
apresentados na unidade anterior de promover conhecimento 
sobre a realidade, na medida em que exige uma 
comprovação de seus enunciados. Todavia, ele é também o 
mais sofisticado dentre os demais, em função da 
sistematização, do rigor e da objetividade do método 
científico que favorece um conhecimento mais aprofundado 
da realidade. 
 
Como já foi dito na introdução desse trabalho, isso 
não significa, em nenhuma hipótese, que a ciência seja 
produtora de verdades absolutas, ou mesmo, geradora do 
único conhecimento verdadeiramente válido para entender a 
realidade. Não se trata aqui de desconsiderar a importância 
de outras formas de conhecimento a partir da valorização do 
conhecimento científico e sim de reconhecer os avanços e 
descobertas promovidos pela ciência em busca de 
aproximação da realidade. 
 
Do mesmo modo, devem-se levar em consideração 
que na efetivação do método científico, através da pesquisa, 
as escolhas mais significativas recaem justamente sobre 
os aspectos filosóficos, éticos, sociais, políticos e culturais, 
motivo pelo qual muitos autores como Japiassu (1981) 
duvidam da chamada “neutralidade da ciência”. 
 
2.1 A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO 
 
 A passagem através dos três momentos 
anteriormente analisados até chegarmos ao pensamento 
científico (medo, pensamento mítico e reflexão filosófica) se 
deu de forma gradual através de diferentes fatores como a 
valorização da escrita, as grandes navegações, o contato 
com outros povos, o estabelecimento de princípios legais 
organizadores da vida em sociedade, o surgimento do 
calendário e outros. Segundo Araújo (2011), tais 
transformações foram decisivas para uma visão científica 
primária que perdurou até sua substituição no mundo 
 
 
 
PARA SABER MAIS: 
 
 
A dita “neutralidade da 
ciência” é extremamente 
discutida e questionada. 
O mito da neutralidade 
científica baseia-se no 
pressuposto de que a 
objetividade dos métodos 
científicos é suficiente 
para romper com a 
subjetividade dos 
pesquisadores e que 
assim a ciência é 
imparcial. A questão é 
que as escolhas feitas 
pelo cientista desde a 
escolha do objeto de 
estudo são influenciadas 
por questões de ordem 
diversa de cunho social, 
cultural, religioso, político 
associadas as ideologias 
do cientista. 
O cientista não apenas 
observa seu objeto de 
estudo. Ele tem que 
interpretar os fatos que 
se por um lado são 
extremamente 
complexos; de outro são 
interpretados muitas 
vezes de acordo com a 
ideologia do cientista. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 27 
ocidental pelo domínio do catolicismo e a religião cristã 
onde o conhecimento de fé e da autoridade religiosa se 
baseava no texto bíblico, fonte de todas as verdades. Isso 
se deu de tal forma que na chamada Idade Média a Igreja 
Católica serviu de marco referencial para todas as ideias 
debatidas na época. Uma vez que o saber era retido nos 
mosteiros a população em geral não participava do acesso e 
muito menos da construção desse saber. Qualquer saber 
que fosse contrário as afirmativas bíblicas era negado e 
considerado herético. 
 
Apenas no final da Idade Média foi possível 
vislumbrar uma mudança nesse quadro quando Tomás de 
Aquino buscou, através dos ensinamentos deixados por 
Aristóteles, conciliar a fé com a razão. Tida apenas como 
uma auxiliar para a fé a razão nunca podia, até então, se 
opor a fé, uma vez que esta era tida como um dogma, ou 
seja, uma verdade inquestionável. Com Tomás de Aquino, 
foi possível entender que era possível a formulação de 
conhecimentos verdadeiros tanto por meio da fé quanto da 
razão, não sendo estas antagônicas. 
 
A crise teológica derivada desse pensamento, onde 
os milagres, por exemplo, não poderiam contrariar as leis 
da lógica (precisavam ser comprovados logicamente), fez 
com que muito da intervenção divina sobre a humanidade 
só pudesse ser explicada através da fé. Muitos autores 
concordam que esse foi o momento propício para o 
fortalecimento do humanismo e das ideias 
renascentistas responsáveis pela valorização da ciência, da 
arte e da filosofia como representantes legítimos da 
produção de conhecimento humano. De um lado havia os 
teólogos que debatiam os dogmas e verdades religiosas e 
de outro os estudiosos e cientistas que tentaram entender a 
realidade através de outros meios diferenciados do 
conhecimento religioso como a lógica e a observação 
sistemática. 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
 
 
Importante pensador, 
Teólogo, filósofo e padre 
dominicano, São Tomás 
de Aquino é considerado 
o maior representante da 
Escolástica (linha 
filosófica medieval de 
base cristã). Seus 
escritos eram inovadores 
por valorizarem a 
atividade, a vontade e a 
razão e conciliarem o 
pensamento aristotélico 
com a fé cristã. Foi 
declarado santo e doutor 
da igreja em 1323. 
 
 
 
 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
:: Herético 
 
Aquilo que contém 
heresia, ou seja, uma 
doutrina ou linha 
contrária ou diferente de 
um determinado credo 
ou sistema doutrinal 
organizado. O termo 
serve também a qualquer 
tipo de deturpação a 
uma ideologia ou 
paradigma constituído. 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 28 
 
No final da Idade Média com o avanço do 
Renascimento (séculos XV e XVI) - que valorizava as 
diferentes expressões do pensamento em sua multiplicidade 
- e o Iluminismo (XVII e XVIII) - que propunha a 
valorização da luz da razão sobre as trevas das crenças e 
dogmas religiosos - a hegemonia dos estudos sobre a vida 
passaram definitivamente das mãos da igreja para a ciência. 
É válido destacar, entretanto, que embora muitos membros 
do corpo eclesial tenham abandonado seus estudos o que fez 
com que a Igreja Católica fosse ao longo do tempo uma das 
mais religiões mais associadas a descobertas científicas e 
patrocinadora de estudos científicos (WOODS, 2012). 
 
O auge da ciência tal como a conhecemos se deu 
no século XIX onde a produção científica passou a ser 
sinônimo de verdade e tudo que não fosse científico não era 
digno de importância. Dentre os avanços nesse período 
merece destaque a Teoria da Hereditariedade das Espécies 
(Teoria da Evolução) de Charles Darwin; a criação e 
desenvolvimento da Sociologia por Auguste Comte e a leitura 
de sociedade através das questões socioeconômicas proposta 
por Marx e Engels. 
 
2.2 AS TRÊS CONCEPÇÕESDE CIÊNCIA: 
 
 Segundo Marilena Chauí (2000) a ciência se 
desenvolveu até seu estágio atual a partir de três concepções 
diversas que marcaram o que conhecemos como ideal de 
cientificidade. São elas: 
 
- a concepção racionalista (baseada na matemática 
como modelo de racionalidade); 
- a concepção empirista (baseada na observação 
criteriosa e experimentação) e por fim: 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
 
 
Segundo Charles Darwin 
(1809-1822), naturalista 
inglês, os organismos 
mais bem adaptados ao 
meio tem maiores 
chances de sobrevivência 
do que os menos 
adaptados deixando 
assim um maior número 
de descendentes. Ao 
longo das gerações a 
atuação desta seleção 
natural sobre esses 
descendentes melhora a 
adaptação destes ao 
meio. 
 
 
 
 
 
 
GLOSSÁRIO: 
 
:: Iluminismo 
 
O iluminismo conhecido 
como Século das Luzes 
(1790-1800) foi um 
movimento global, ou 
seja, filosófico, político, 
social, econômico e 
cultural, que defendia o 
uso da razão como o 
melhor caminho para se 
alcançar a liberdade, a 
autonomia e a 
emancipação. O centro 
das ideias e pensadores 
Iluministas foi a cidade de 
Paris. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 29 
- a concepção construtivista (que vê o 
papel da ciência como a formuladora de modelos 
próximos da realidade, mas não a realidade em si). 
 
Tanto a concepção racionalista como a concepção 
empirista tem sua origem com os gregos e se estende até o 
final do século XVII. Segundo esta concepção a ciência é 
um conhecimento racional e dedutivo semelhante a 
matemática e, como tal, deve ser capaz de elaborar 
enunciados e atingir resultados que seriam verdades 
universais sem que existam sobre os mesmos qualquer tipo 
de dúvida. O conhecimento nessa concepção é obtido 
inteiramente pela teoria e o objeto de conhecimento seria a 
realidade. Assim sendo, as experiências científicas serviriam 
apenas para verificar e confirmar as proposições teóricas. 
 
Na Concepção Empirista, por sua vez, que se 
estendeu até o século XIX, existe uma inversão da 
concepção anterior no que tange a teoria e experimentação. 
Enquanto na concepção racionalista a experimentação se dá 
a partir da formulação teórica. Nesta concepção a ciência 
resulta basicamente das observações dos experimentos que 
permitem estabelecer induções que vão favorecendo a 
compreensão do objeto de estudo e a formulação teórica. 
 
O elo comum das duas concepções citadas 
(racionalismo e empirismo) é o fato de que ambas 
entendem a teoria como uma explicação aceitável e 
verdadeira da realidade. Ou seja, a teoria científica é 
uma explicação da própria realidade tal como ela é. 
 
Por fim a concepção mais recente é a concepção 
construtivista que entende a ciência como um 
instrumento de criação de modelos que embora se 
aproximem da realidade, não dão conta da realidade em si 
mesma. Nesse sentido, mesmo usando o estabelecimento 
de postulados (típico dos racionalistas) e a experimentação 
 
 
PARA ACESSAR: 
 
 
Para saber mais sobre 
as discussões entre 
racionalismo e 
empirismo 
recomendamos a 
leitura do artigo de 
Cadja Portugal 
intitulado “Discussão 
sobre Empirismo e 
Racionalismo no 
Problema da Origem do 
Conhecimento” 
disponibilizado no site: 
 
http://www.ftc.br/revis
tafsa/upload/art02_Con
hecimento.pdf 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 30 
ativa (mais associada ao empirismo), a concepção construtivista 
defende que a ciência não busca verdades absolutas e sim 
verdades aproximadas da realidade que vão sendo aperfeiçoadas a 
partir da descoberta de novos estudos e desenvolvimento de novos 
instrumentos de pesquisa. Valoriza-se assim “a ideia de um 
conhecimento aproximativo e corrigível” (CHAUÍ, 2000, p. 321). 
 
Karl Popper (1980) compactua com esse pensamento ao 
criticar duramente o pensamento positivista. Para ele a ciência 
sempre avança por meio da refutação das teorias já existentes de 
modo que a refutação de uma teoria implica na formulação de 
novas teorias mais aptas e avançadas para explicar a realidade. 
 
2.3 FORMAS DE RACIOCÍNIO CIENTÍFICO: 
 
O debate sobre o método científico no século XX se deteve 
também nas características e diferenças entre os duas formas de 
raciocínio bastante utilizadas no campo da ciência: o método 
indutivo e o método dedutivo. Examinemos cada um deles 
cuidadosamente para entendemos bem a lógica que cada 
raciocínio encerra: 
 
a) O Raciocínio indutivo (Método hipotético indutivo): 
 
Este tipo de raciocínio parte de casos particulares para a 
formulação de uma conclusão geral. Ele pode ser estruturado em 
duas etapas: 
 
 
Etapa 1: Definição de Premissas a partir da observação 
sistemática da realidade visando entender seus fenômenos 
constituintes e as relações entre os mesmos. 
Etapa 2: Conclusão: A relação entre os fenômenos 
anteriormente observada é valorizada e generalizada 
(ampliada) para outros fenômenos de características 
semelhantes que não forma observados. 
 
 
 
PARA LER: 
 
 
Se você deseja se 
aprofundar mais no 
pensamento de Karl 
Popper recomendamos 
a leitura de duas obras. 
A primeira para leigos é 
a boa introdução ao seu 
pensamento escrito por 
Luis Peluso e a segunda 
uma obra do próprio 
Karl Popper que 
sintetiza muito de suas 
ideias. Boa leitura: 
 
PELUSO, L. A Filosofia 
de Karl Popper. 
Campinas: Papirus, 
1995. 
 
POPPER, K. Conjecturas 
e Refutações. Brasília: 
UnB, 1980. 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 31 
 
 
Vamos ver um exemplo para entender melhor? 
 
Premissas: - A prata transmite eletricidade; 
 - O cobre transmite eletricidade; 
 - O níquel transmite eletricidade 
Conclusão: 
Todos os metais transmitem eletricidade. 
 
 A generalização que este método defende a 
existência de leis estáveis que regeriam a natureza de tal 
modo que, a partir de condições semelhantes, as mesmas 
causas produziriam os mesmos efeitos. O problema desse 
tipo de raciocínio e que mesmo que as premissas estejam 
corretas, isso não significa que a conclusão também esteja. 
No caso acima, é possível descobrir um metal que não 
transmita eletricidade ainda que a maioria tenha essa 
propriedade. 
 
 O raciocínio dedutivo (Método hipotético Dedutivo) 
em oposição ao método indutivo parte de premissas gerais 
para chegar a conclusões específicas (particulares). Ele 
também se dá em duas etapas. 
 
Etapa 1: 
Afirmar uma verdade válida para um caso geral e 
identificar um caso particular que se insira nesta 
verdade; 
 
Etapa 2: 
Afirmar que a verdade válida para o caso geral 
também seria para o caso particular. 
 
 
 
 
 
 
PARA PRATICAR: 
 
 
 
Formule outro exemplo para o 
raciocínio Indutivo e para o 
raciocínio dedutivo. 
 
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________ 
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
___________________
__________________MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 32 
 
Vejamos um exemplo então: 
 
Premissa geral: 
Todo ser humano precisa respirar para viver: 
 
Caso particular: 
Você que lê este caderno é um ser humano. 
 
Conclusão: 
Logo você também precisa respirar para viver. 
 
 
O desafio associado a esse raciocínio é que ele precisa 
partir de premissas verdadeiras, pois se as premissas forem 
inverídicas a conclusão obtida também será. Ainda que tenha 
alguma lógica. 
 
Atualmente as pesquisas acadêmicas utilizam um ou outro 
dos dois métodos citados em função do objeto de estudo, sua(s) 
área(s) e o tipo de pesquisa que se pretende desenvolver. Um 
exemplo claro e atual que poderíamos utiliza para ilustrar a forma 
como o conhecimento científico tem sido produzido hoje é o 
método da problematização (mais associado ao método hipotético 
dedutivo) viabilizado através do Arco de Charles Maguerez. 
 
2.4 O Arco de Maguerez 
 
Essa metodologia de pesquisa, também denominada de 
metodologia do arco, tem como ponto de partida e também de 
chegada a relação: “ação-reflexão-ação” estimulando a experiência 
e análise crítica de forma continua sendo marcada por cinco etapas 
inter-relacionadas (Maguerez apud Bordenave, 1991): 
 
a) Observação da realidade e formulação de problema; 
b) identificação/formulação de pontos chave; 
c) Teorização; 
d) Construção de hipótese(s) de solução(ões); 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 33 
 e) aplicação à realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Vejamos cada uma dessas etapas voltadas para o 
processo de construção do conhecimento científico: 
 
a) Observação da realidade: A partir do tema/objeto 
de estudo pré-definido, o pesquisador parte da 
observação da realidade visando identificar 
elementos que serão problematizados; 
 
b) Identificação/Formulação de Pontos-chave: 
Por meio de uma análise crítica dos elementos 
identificados o pesquisador busca formular e 
hierarquizar diferentes causas para a existência do 
problema. A partir dessa hierarquia o pesquisador 
formula os pontos-chave (fatores determinantes) 
que deverão ser estudados sobre o problema; 
 
c) Teorização: Nessa fase os dados coletados e 
devidamente registrados são analisados e 
discutidos buscando-se um sentido para os 
mesmos. É nesse momento que o pesquisador se 
organiza tecnicamente para buscar, através da 
pesquisa bibliográfica (e webgráfica) uma solução 
 
 
PARA ACESSAR: 
 
 
O site abaixo apresenta 
um artigo de Prado, M. et 
alii (2012) sobre o uso do 
Arco de Maguerez no 
âmbito da pesquisa e na 
formação de profissionais 
da área da saúde. 
 
http://www.scielo.br/sciel
o.php?pid=S1414-
81452012000100023&scr
ipt=sci_arttext 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 34 
para o problema encontrado, dentro de cada ponto-
chave pré-definido; 
 
d) Hipóteses de Solução: A partir do conhecimento 
adquirido na fase anterior, ou seja, embasado 
teoricamente, o pesquisador formula hipóteses de 
solução dos problemas levantados; 
 
e) Aplicação à Realidade: O pesquisador busca 
nessa fase final aplicar as hipóteses de solução 
propostas à realidade estudada, como um retorno a 
primeira etapa de todo o arco. É esta etapa que 
possibilita ao pesquisador uma intervenção direta 
na realidade a partir das possíveis soluções obtidas. 
 
 Normalmente desenvolvida em grupo, vale ressaltar 
que o resultados obtidos com um Arco de Maguerez pode 
servir ao início de muitos outros arcos. A riqueza desta 
metodologia e suas etapas reside na possibilidade de 
mobilizar diferentes habilidades intelectuais do pesquisador 
de forma orientada a formular hipóteses e buscar resultados 
aplicáveis a realidade (COLOMBO, A. e BERBEL, N., 2007). 
 
 A partir do que foi analisado nestas duas unidades 
anteriores é possível entender a ciência como uma criação 
humana para entender e explicar os fenômenos da realidade. 
Sua contribuição para o progresso em diferentes âmbitos foi 
decisiva especialmente quando consideramos a cooperação 
entre ciência e tecnologia e o atual estágio do 
desenvolvimento técnico-científico em que nos encontramos 
e que nos surpreende dia a dia com uma novidade. Como 
esclarece Rosa (2012): “O Homo Sapiens que levara milhares 
de anos até a Revolução Agrícola e a descoberta na utilização 
dos metais para iniciar a Revolução Industrial, necessitaria 
apenas cerca de um século para ingressar na era do 
computador e da informática”. Nesse sentido é notório o 
triunfo do pensamento científico no mundo contemporâneo. 
 
 
 
PARA VER: 
 
 
Acompanhe pela internet 
esse interessante diálogo 
entre astrofísico Neil de 
Grasse Tyson e o biólogo 
evolucionário Richard 
Dawkins sobre o que 
Dawkins chama de 
realidade (ciência). Não 
deixe de conferir. 
 
http://www.scielo.br/sciel
o.php?pid=S1414-
81452012000100023&scr
ipt=sci_arttext 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 35 
 Na atual era do conhecimento a Ciência passa a se 
caracterizar por uma crescente complexidade teórica e 
experimental fazendo com que todos os seus ramos tenham 
evoluído em um ritmo consideravelmente acelerado. A obra 
mais individualizada do cientista vem dando lugar ao 
trabalho com um grupo de pesquisadores - e até mesmo 
redes de pesquisa - empenhado na busca de solução para os 
desafios do mundo contemporâneo (ROSA, 2012). As 
instituições de pesquisa, por sua vez, adquiriram uma 
posição cada vez mais acentuada de relevo na sociedade 
particularmente através da parceria público-privada. E ao 
que tudo indica parece não haver limites para a 
expansão do conhecimento científico, desde que os 
pilares éticos sejam preservados. 
 
 
 
 
- EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 
 
 
 
 
 
DICA: 
 
 
Esta unidade apresenta 
apenas um pequeno 
resumo da trajetória 
evolutiva do 
conhecimento científico. 
Não se conforme apenas 
com essa singela 
contribuição. Busque 
conhecer mais essa 
curiosa história de como 
a ciência foi aos poucos 
se configurando como a 
forma de conhecimento 
mais reconhecida da 
contemporaneidade. 
 
 
EXERCÍCIO 1 
 __________ 
 
A partir da história que você teve a chance de conhecer, faça um breve resumo com tópicos dos 
momentos que você considerou mais marcantes na evolução do conhecimento científico: 
 
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________ 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 36 
EXERCÍCIO 2 
 __________Diferencie, com suas palavras, os métodos hipotético-indutivo e hipotético-dedutivo, enunciando 
duas de suas características e dando, pelo menos, um exemplo para cada um deles: 
 
 
MÉTODO HIPOTÉTICO-INDUTIVO MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO 
 
 
CARACTERÍSTICAS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXEMPLO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXEMPLO: 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivos: 
• Esclarecer a importância do estudo para a vida acadêmica e fornecer dicas 
sobre como torná-lo mais eficiente ao processo de produção do 
conhecimento científico; 
• Apresentar diferentes técnicas de estudo como produção de fichas, 
esquemas, resumos e outros; 
• Contribuir para o aperfeiçoamento de seus estudos e desenvolvimento do 
espírito científico. 
Estratégias Eficazes 
de Estudo 
 
Unidade 
 3 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 38 
3.0 O hábito de estudar 
______________________________________________ 
 
Um dos principais objetivos dos cursos universitários é 
o de desenvolver nos estudantes o espírito científico 
caracterizado pela produção acadêmica. Entretanto, pouco se 
conseguirá, neste sentido, se os iniciantes em trabalhos 
científicos não tiverem adquirido hábitos de estudo 
sistemáticos através da utilização de métodos e técnicas 
adequadas. 
 
Desse modo, a primeira etapa que o aluno precisa 
vencer para se tornar um estudioso é conhecer e utilizar 
procedimentos que possam favorecer seus estudos. 
Estudos realizados comprovam a validade de tal afirmativa. 
Severino (1994), por exemplo, adverte que o ensino superior 
exige dos universitários: 
 
� Autonomia no processo de aprendizagem e postura 
autônoma, didática rigorosa, crítica e criativa aplicada 
aos estudos; 
 
� Um projeto de trabalho intelectual individualizado, 
apoiado em material didático e científico que se constitui, 
basicamente, na consulta e análise da bibliografia 
especializada. 
 
Além disso, é sempre válido o conselho de Paulo 
Freire (1997) ao advertir que: “Estudar exige de quem o faz 
uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina 
intelectual que não se ganha a não ser praticando-a” (p.09). 
 
Sobre a pesquisa bibliográfica e a formação de um 
acervo pessoal, vale aqui algumas dicas: 
 
Existem livros fundamentais (por vezes clássicos) nas 
diferentes áreas do conhecimento que devem ser adquiridos ou 
 
 
IMPORTANTE: 
 
 
Em um curso distância 
estas exigências são 
extremamente válidas. 
Por isso se você quer ser 
bem sucedido em seus 
estudos nessa 
modalidade atenção as 
mesmas, OK? 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 39 
pelo menos pesquisados. Do mesmo modo, a assinatura 
e/ou consulta de revistas especializadas é um hábito a ser 
cultivado, uma vez que os relatórios de pesquisa e as 
descobertas nas diferentes áreas do conhecimento, antes 
de aparecerem em livros, são publicados nestes meios. As 
revistas também oferecem a oportunidade de se ampliar a 
bibliografia sobre determinado assunto com novas e 
atualizadas referências. Atendem a essa mesma lógica as 
revistas eletrônicas como as revistas universitárias 
disponibilizadas online. 
 
É importante que o estudante universitário 
acostume-se com o ambiente das bibliotecas, embora em 
algumas delas o acervo seja limitado e pouco renovado. De 
qualquer maneira, o estudante deve frequentá-las, explorá-
las. Grande parte das bibliotecas universitárias de hoje, é lá 
se encontram obras de referência geral, periódicos, livros, 
dissertações de mestrado, teses de doutorado, etc. 
 
As bibliotecas são organizadas no sentido de auxiliar 
os leitores e pesquisadores. Assim, seu acervo se 
apresenta classificado por assunto, título e autor, em 
fichas individuais reunidas em fichários por ordem 
alfabética. Nas fichas, além de dados sobre a obra e o 
autor, está registrada a referência da obra (código da 
biblioteca), através da qual ela é localizada nas prateleiras. 
Muitas bibliotecas são informatizadas oferecendo uma 
alternativa de organização mais moderna. 
 
Atualmente existem uma série de revistas e 
artigos eletrônicos que vale a pena consultar e 
conhecer melhor de forma rápida, prática e dinâmica. 
As chamadas bibliotecas virtuais, por exemplo, são 
uma forma bastante otimizada e eficiente de ter acesso 
a uma bibliografia atualizada sobre aquilo que o 
estudante pesquisa. 
 
 
DICA: 
 
 
Cultive o hábito de tirar 
uma cópia de matérias de 
jornais ou revistas, uma 
vez que estas também 
podem ser aproveitadas 
futuramente em seus 
estudos e quem sabe até 
no seu trabalho 
monográfico. 
Caso seja mais fácil 
procure o sites dos 
jornais na internet e 
imprima a matéria 
desejada. 
Procure arquivar as 
mesmas por assunto de 
modo a facilitar sua 
consulta e 
aproveitamento posterior. 
 
 
 
 
PARA ACESSAR: 
 
 
Este site apresenta uma 
série de revistas 
eletrônicas da PUC-SP de 
diversas áreas onde é 
possível ler o conteúdo ou 
mesmo se cadastrar para 
receber as mesmas. 
Confira! 
 
http://revistas.pucsp.br/ 
 
 
 
 
 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDOS E PESQUISAS 40 
Mesmo tendo o devido cuidado de citar apenas sites 
confiáveis, é impossível deixar de considerar a grande 
quantidade de material disponível na internet que ainda 
sequer foi publicado e, provavelmente, nem venha a ser. É 
possível ainda ter acesso a várias obras disponibilizadas na 
íntegra na internet (ebooks) por um preço bem mais 
acessível do que se estas fossem adquiridas. 
 
Além do estudo, através de fontes bibliográficas e 
webgráficas, outros importantes espaços de aprendizagem 
e intercâmbio de conhecimento são os encontros, seminários, 
congressos, palestras, mesas redondas etc., que devem 
acompanhar o estudante por toda sua vida acadêmica. A 
princípio como participante, em seguida fazendo pequenas 
comunicações e, no decorrer da vida acadêmica, integrando 
mesas-redondas, fazendo palestras, etc., particularmente em 
eventos associados a sua área de trabalho. 
 
Outro aspecto a considerar, principalmente por 
aqueles que não têm muito tempo, uma vez que precisam 
trabalhar e estudar, é o planejamento das atividades de 
estudo e a divisão adequada do tempo através de uma 
programação (um roteiro de trabalho). Não se pode fazer um 
curso se não houver tempo disponível para estudar e refletir. 
De fato, o estudante/pesquisador não pode deixar de 
programar “seu tempo”, pois sem essa administração do 
mesmo é difícil cumprir prazos de trabalho e fazer um estudo 
sério e aprofundado. 
 
Vale aqui observar algumas recomendações de 
Galliano (1986) sobre a utilização racional do tempo, um de 
nossos bens mais preciosos: 
 
“ - Planeje seu tempo: Essa é a forma correta de 
ganhar tempo para o estudo; 
- Procure utilizar melhor os períodos vagos em sua 
atividade profissional; 
 
 
 
PARA SABER MAIS: 
 
 
Para quem quiser tirar a 
prova do quanto a 
internet pode auxiliar o 
trabalho do pesquisador 
vale consultar o Scielo 
(http://www.

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