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INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DOS MATERIAIS Belo Horizonte 2016 IMPERFEIÇÕES NOS SÓLIDOS INTRODUÇÃO Em um sólido cristalino, temos considerado que, em uma escala atômica, existe uma ordem perfeita ao longo de toda a extensão do material. Entretanto, tal sólido idealizado não existe: todos sólidos contêm um grande número de defeitos e imperfeições. Defeito cristalino: é uma irregularidade na rede cristalina onde uma ou mais das suas dimensões é da ordem de um diâmetro atômico. Determinadas características são intencionalmente alteradas pela introdução de quantidades controladas de defeitos. Exemplos: Processos de cementação e nitretação de aços; Endurecimento de metais e ligas por encruamento (deformação a frio); Refino do tamanho de grão. INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO A classificação das imperfeições cristalinas é feita de acordo com a geometria ou com a dimensionalidade do defeito. Imperfeições que serão discutidas: - Defeitos pontuais; - Defeitos lineares (ou unidimensionais); - Defeitos interfaciais (ou de contornos); - Impurezas em sólidos. Lacuna Auto-intersticial DEFEITOS PONTUAIS – LACUNA E AUTO-INTERSTICIAIS Representações de uma lacuna e de um auto-intersticial. Lacuna: é a falta de um átomo na rede em uma posição que deveria estar ocupada. Auto-intersticial: é o átomo que foi comprimido para dentro de um sítio intersticial, um pequeno espaço vazio que, sob condições normais, não deveria ser ocupado. IMPUREZAS NOS SÓLIDOS NÃO existe metal 100% puro! Impurezas atômicas estarão sempre presentes, sendo que alguns existirão como defeitos de pontos cristalinos. Os metais mais familiares não são puros, ao contrário, eles são ligas, onde os átomos de impurezas foram adicionados para conferir características específicas aos materiais. As ligas é para aumentar a resistência mecânica e à corrosão. Nas ligas, os termos soluto e solvente são muito empregados. IMPUREZAS NOS SÓLIDOS O solvente representa o elemento ou composto que está presente em maior quantidade. O soluto é o elemento ou composto que está presente em menor concentração. Raio atômico cobre = 0,128 e níquel = 0,125 SOLUÇÕES SÓLIDAS Átomos de soluto (elementos de liga) são adicionados intencionalmente ao material hospedeiro (no metal) e a estrutura cristalina é mantida e nenhuma nova estrutura é formada. Os defeitos pontuais podem ser de dois tipos: substitucionais e intersticiais. Substitucional: Prata 925 - com 7,5% de cobre na prata. Intersticiais: Aços extra-doce - os átomos de C ficam alocados nos interstícios das células cristalinas. Átomo de impureza substitucional Átomo de impureza intersticial SOLUÇÕES SÓLIDAS Intersticiais: são átomo de impurezas que preencherão os vazios ou interstícios na rede entre os átomos hospedeiros. Substitucionais: os átomos de soluto (ou de impureza) substituem os átomos hospedeiros na rede. Representações de um átomo de impureza substitucional e de um átomo intersticial. IMPUREZAS Raio atômico: C = 0,071 nm; Fe: 0,124 nm DEFEITOS PONTUAIS DEFEITOS LINEARES Discordância (deslocações): é um defeito linear ou unidimensional ao redor de alguns átomos desalinhados. São introduzidos durante a solidificação do material, durante a deformação plástica e como consequência das tensões térmicas. As discordâncias estão presentes em todos os materiais. Podemos identificar três tipos de discordâncias: - Aresta - Espiral - Mista DEFEITOS LINEARES Discordância em aresta (cunha): é um defeito linear que se centra ao redor da linha que é definida ao longo da extremidade do semiplano de átomos. Átomos acima da linha são pressionados uns contra os outros, os abaixo são puxados um para longe do outro. DEFEITOS LINEARES Discordância em espiral (hélice): pode ser pensada como sendo formada por uma tensão cisalhante aplicada na rede. Linha da discordância Vetor de Burgers b (a) Uma discordância em espiral no interior de um cristal. (b) A discordância em espiral vista de cima. A linha de discordância se estende ao longo da linha AB. DEFEITOS LINEARES Discordância em aresta: vetor de Burgers é perpendicular à discordância Vetor de Burger: é a distância de deslocamento dos átomos ao redor da discordância, ou seja, dá a magnitude e a direção de distorção da rede. DISCORDÂNCIA EM ESPIRAL Discordância em espiral: vetor de Burgers é paralelo à discordância. DEFEITOS LINEARES Discordância mista: têm componentes das discordâncias espiral e aresta. A magnitude e direção da distorção da rede associada com a discordância é expressa em termos de vetor de Burgers, denotado por um b nas figuras anteriores. O vetor de Burgers não é paralelo e não é perpendicular à discordância. As discordâncias podem ser observadas em materiais cristalinos usando técnicas de microscopia eletrônica. Microscopia eletrônica de transmissão de uma liga de titânio onde as linha escuras representam discordâncias. Ampliação de 51.450X. DEFEITOS LINEARES DISCORDÂNCIA E DEFORMAÇÃO MECÂNICA DISCORDÂNCIA E DEF. MECÂNICA DEFEITOS INTERFACIAIS São contornos que têm duas dimensões e normalmente separam regiões dos materiais que têm diferentes estruturas cristalinas e/ou orientações cristalográficas. Estas imperfeições incluem: - contornos de grão; - contornos de macla; - falhas de empilhamento; CONTORNOS DE GRÃO É o contorno que separa dois pequenos grãos (ou cristais) tendo diferentes orientações cristalográficas em materiais policristalinos. Micrografia (microscópio ótico) de uma amostra de ferro policristalino. CONTORNOS DE GRÃO Baixo-ângulo: a desorientação é pequena (até 10°) Alto ângulo: desorientação é superior a ~10° CONTORNOS DE MACLA Contorno de macla: é um tipo que existe uma simetria específica de rede, isto é, átomos de um lado do contorno estão localizados em posições tais como uma imagem num espelho dos átomos que estão do outro lado. Produzidas por tensões de cisalhamento ou durante ao tratamento térmico (recozimento). Diagrama esquemático mostrando um plano ou contorno de macla e as posições atômicas adjacentes. DEFEITOS INTERFACIAIS DIVERSOS Fallhas de empilhamento: são geradas durante a deformação plástica e encontradas em metais CFC quando existe uma interrupção na sequência de empilhamento (ex.:ABCABCAC....) de planos estreitamente compactados. Digrama esquemático da sequência de empilhamento ABCABCAC...
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