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Filosofia da Educação II – Educação e Realidade
 
Sumário
Introdução
Parte I – A FILOSOFIA E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR
1. Filosofia, educação e filosofia da educação.
▪ Educação: um trabalho e um saber filosófico.
1. Linguagem, comunicação e pensamento.
▪ Traduzir-se para o aluno, uma arte.
Texto complementar: 1. Antônio Joaquim Severino: A filosofia da educação.
Parte II – REFLEXÃO FILOSÓFICA E PRÁTICA EDUCATIVA
1. Importância do Educador no processo de percepção da realidade pelo aluno.
▪ O saber humano: idéias, comportamento e mecanismo de controle social.
1. Formação técnico-científica e humanística do educador.
Textos complementares: 1. Bogdan Suchodolski: Educação voltada para o futuro.
2. Bernard Charlot: O conceito de desabrochar.
Parte III – CULTURA E HUMANIZAÇÃO
1. Cultura
▪ Conceitos de cultura (diversidade cultural)
▪ A Sociedade e o Indivíduo
▪ Cultura e Educação – Educar para qual cultura?
1. Trabalho e Alienação
3. Professor: mão de obra alienada?
Texto complementar: 1. Henry Giroux: Rumo a proletarização do magistério.
Parte IV – EDUCAÇÃO FORMAL E INFORMAL
1. Educação formal e a instituição escolar
2. Meios de Comunicação de massa
Textos complementares: 1. Jair Ferreira dos Santos: A massa não é mais aquela.
2. Paulo Freire: Professora sim, tia não.
 
Parte V – IDEOLOGIA
1. Os sentidos de ideologia 
▪ Ideologia na educação
▪ Contra-ideologia
Textos complementares: 1. Darcy Ribeiro: Classe e Raça.
2. Maria Rita Kehl: Solidão em cadeia.
Parte VI – IDEOLOGIA E EDUCAÇÃO
1. Caráter ideológico das Teorias Pedagógicas
2. Ideologia, Comunicação de Massa e a Realidade Brasileira
Textos complementares: 1. Pedro Demo: Educação Básica. Pobreza Política.
Parte VII – EDUCAÇÃO E PODER
1. A questão do poder no mundo contemporâneo.
2. Bourdieu e Passeron: exclusão na escola.
3. Dualismo: Baudelot e Establet.
4. Teorias progressistas.
▪ Politicismo pedagógico
▪ Falsa democracia em sala de aula
▪ O preconceito na prática educativa (Herança histórica)
Textos complementares: 1. Georges Snyders: Não se educa inocentemente.
2. Michel Foucault: Vigiar e punir.
Parte VIII – FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
1. A educação no Brasil de hoje.
▪ A valorização do aluno
▪ A valorização do professor
2. A filosofia e os novos paradigmas da educação no Brasil.
Textos complementares: 1. Bárbara Freitag: A importância do professor
2. Afrânio Peixoto: Ensinar a ensinar.
Bibliografia
 
 
Introdução
Participar da construção coletiva da cidadania é fazer da escola uma das principais agências do
modelo democrático e da participação social. Assim, o processo educativo torna-se fundamental
neste caso. A filosofia, fundamentada em uma análise sobre a liberdade, a criatividade, a
solidariedade e, principalmente, integrada a uma realidade de desigualdade social, mas que
pode ser vencida, só vem a contribuir para a qualidade da educação brasileira.
Neste módulo, será analisada a atuação do professor na escola, como ele trabalha seu
conhecimento, como se aceita professor. De importância é examinar o que é filosofia da
educação e os pressupostos filosóficos colocados subjetivamente às práticas educativas, ou seja,
quais os fundamentos culturais, ideológicos, epistemológicos (do conhecimento) e políticos
(poder) envolvidos na educação.
Todas as teorizações que formam a prática pedagógica tornam o processo de aplicação da
filosofia na educação o “solo da realidade”; o aluno poderá ter uma formação humanística e
adquirir uma autonomia crítica, este seria o papel fundamental da educação no processo de
socialização e humanização do ser.
A atuação do homem em sociedade compreende as relações que os mesmos estabelecem entre si
desde os primeiros momentos de sua formação escolar, é quando ele parte para construir sua
existência (relações de trabalho, política e simbologia), determinando seu modo de pensar e agir
frente ao meio social.
Diante dos questionamentos acerca do futuro da educação brasileira, persiste uma certa
perplexidade diante das rápidas mudanças ocorridas no final e início deste novo século, o que
leva a crer que todas as formações teóricas a respeito do que pode ser ou não viabilizadas para a
educação podem ampliar as áreas de estudos pedagógicos, trazendo novos formatos para
auxiliar o trabalho do professor em sala de aula.
Sendo a educação um tema genérico, mais amplo, que ajuda no desenvolvimento do homem
intelectual e moralmente, além de formar habilidades e torná-lo capaz para o viver em
sociedade, seria incorreto afirmar que a educação pode ser compreendida fora de um contexto
histórico-social, exatamente porque a prática social iniciada na escola está relacionada na forma
de adaptação desta ao novo e rompe com as velhas tradições.
A educação não pode ser compreendida à margem da história e também fora das relações de
poder: infelizmente ela não é um processo neutro, mas se acha comprometida com a economia e
a política do seu tempo. Está aí a importância do educador, superando as contradições políticas
para conseguir realizar seu trabalho de maneira justa e menos seletiva, lembrando que a escola
não é transmissora de um saber pronto e acabado, mas sim transmissora de valores humanos,
culturais e políticos.
Este é o modelo de ensino para qual nós estamos voltados, contribuindo para o exercício das
reflexões acerca dos problemas em que está o processo pedagógico que a realidade nas escolas
nos apresenta.
 
Parte I A filosofia e a formação do educador
1. Filosofia, educação e filosofia da educação.
“(…) Qual seria, então, a utilidade da Filosofia? Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos
do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos
poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da
história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política
for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de
suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos
dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.”
(Marilena Chauí, 2001)
Permitir a passagem do senso comum para o senso crítico, da ação assistemática para a ação
sistematizada, da experiência vivida para a experiência refletida é a proposta da filosofia. No
esforço milenar do pensamento racional, que tem que se expandido no campo do ser, do
conhecer e do dever, perceber-se o caráter nitidamente antropológico da filosofia. Nada mais
natural que o homem se preocupar consigo mesmo, como os outros seres humanos e o mundo
circundante. Dentre as atividades intelectuais, a mais estimulante para o homem é saber quem
ele é e o que são as demais coisas para ele.
Seguindo esta linha de raciocínio, de forma alguma poderia ocorrer à construção de uma
cidadania plena sem a interação entre a reflexão filosófica e a educação. A filosofia, ao romper
com o senso comum e o dogmatismo, propicia a abertura para o debate, a crítica e a
manifestação da contradição. E esta deve estar integrada a transmissão do saber propondo não
somente uma visão da realidade atual, mas resgatar as contribuições de pensadores e pedagogos
envolvidos no processo do conhecimento.
Debater com os filósofos a cerca de suas teorias, sobretudo no que diz respeito à prática
educativa, acompanha o “repensar do mundo”, das dificuldades estabelecidas de ordem
racional, como no caso das contradições da ciência, das dificuldades pelas quais passam o
processo civilizatório, interrogando e pensando acerca das manifestações e das diversidades do
ser no mundo.
É através do discurso manifestado pela linguagem na educação que uma sabedoria é capaz de se
impor como verdadeira, de fazer julgamentos, de persuadir. Esta linguagem podeser aplicada
de diversas formas e em diferentes lugares. A filosofia implica em querer saber a causa, a razão
de ser, a essência e os por quês, aspirando um caminho pela qual o homem deve seguir.
Estabelecida como um certo jeito de interrogar, de pensar, de submeter tudo à dúvida, à crítica,
e não a um conjunto de resposta e verdades, a filosofia da educação procura, não apenas ser
educativa em virtude de sua própria natureza, mas refletir de forma rigorosa e até radical o
caminho das teorias e das práticas pedagógicas:
“Além de criarem a razão, a política e a democracia, os gregos souberam, talvez como nenhum
outro povo, valorizar a educação, entendida não como escola, instrumentalização de crianças e
jovens para o exercício de funções e práticas específicas, mas como paidéia(educação do
indivíduo, da alma), cultura, ideal de excelência, trabalho de purificação e elevação da alma à
mais alta perfeição (Peixoto, 2001)”.
▪ Educação: um trabalho e um saber filosófico
No desempenho da profissão de professor, o ato de pensar puro e simples não garante uma
prática pedagógica eficaz. É preciso criar o hábito do pensar reflexivo e, ao mesmo tempo,
construir um percurso com o objetivo de chegar ao progresso teórico, mantendo-se sempre
como observador da sua ação pedagógica, cultivador da investigação reflexiva e
experimentadora das alterações necessárias às práticas educativas.
Para realizar o pensamento reflexivo na educação, é importante partir de determinada situação
(problema ou não), estar interessado em criar atitudes que desenvolvam os pensamentos
efetivos, mantendo uma postura de questionar, problematizar, sugerir, elaborar e,
conseqüentemente, construir o conhecimento. O pensar reflexivo pode transformar idéias em
atitudes, as quais são indispensáveis à ação docente, além de constituir a capacidade de
provocar mudanças de metodologia e estratégias que favoreçam um ensino de qualidade.
Ao pesquisar novas formas de aplicar seus saberes, o professor trabalha sua intuição, emoção e
paixão, elementos que o fazem reagir diante das dificuldades sem causar-lhe “cegueira”,
oferecendo condições de visualizar os diversos aspectos do contexto analisado. Acrescentamos
ainda que a prática faz com que o ato do pensar reflexivo tenha seu real valor e seja distinto
daquela idéia simplista do “pensar por pensar”.
2. Linguagem, comunicação e pensamento.
A linguagem – a fala – é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. A linguagem é
inseparável do homem e segue-o em todos os seus atos. Através dela o homem modela seu
pensamento, sentimentos, emoções, esforços e vontades, influencia e é influenciado, é a marca
da personalidade, da terra natal e da nação, é a própria fonte do desenvolvimento da
humanidade.
Sendo considerada um objeto da ciência, torna-se um meio de expressá-la, e assim como
existem diversos tipos de linguagem, existem várias formas de comunicação e tipos de
pensamento.
Em primeiro lugar, como um dos principais instrumentos na formação do mundo cultural, a
linguagem e o comunicar fazem com que o ser humano deixe de reagir somente ao presente, ao
imediato; e passa a poder pensar o passado e o futuro e, com isso, a construir o seu projeto de
vida. Assim acontece com o professor, assim acontece com o aluno em sala de aula, onde o
passado pode ser transportado ou mesmo “transformado” em realizações que ocorrem no
presente. Em segundo lugar, a aquisição do domínio da fala e das técnicas de leitura e da escrita
se constitui num pré-requisito para uma completa participação dentro de nossa sociedade.
 
 
Traduzir-se para o aluno: uma arte.
A linguagem e os processos de comunicação podem ser simbólicos, estruturados, adequados à
cultura dentro da qual se desenvolvem, adequados aos tipos de pensamento que irão captá-los. 
Conforme o meio de expressão utilizado pelo professor, o aluno poderá ir além do mundo
vivido, do presente, para o mundo das idéias, da reflexão, permite que ele ultrapasse a sua
realidade de vida e entre no mundo das possibilidades; que exerça, enfim, a atividade produtiva
de criar sentidos para o mundo e para sua própria vida.
A linguagem do professor em sala de aula se traduz nos papéis que a criança será solicitada a se
identificar e a representar no meio social. É através desta linguagem que a criança poderá se
sentir ou não aceita em sua primeira experiência em uma comunidade. Por isso a fala do
professor e os meios de comunicação que ele utiliza, o pensamento que ele coloca a seus alunos
são de importância fundamental no ensino. Sem dúvida alguma, tanto a comunicação
professor-aluno como aluno-aluno que valoriza as trocas, discussões e os saberes desperta no
coletivo uma maior dinâmica na relação ensino x aprendizagem, isto porque os alunos entre si
experimentam relações próximas da emoção, sentimentos de alegria ou tristeza, ou seja, entre
eles há uma troca maior de informações e quando ajudados pelo professor o processo ocorre
com maior facilidade: “O aluno constrói seu conhecimento em interação com o seu meio social e
o professor nesta relação deve atuar como mediador entre os alunos e o objeto de conhecimento
(Vygotsky, 1998)”.
Texto Complementar
A filosofia da educação
…Além da qualificação técnico-científica e da nova consciência social, é ainda exigência da
preparação dos professores uma profunda formação filosófica. E esta formação é a tarefa que
cabe à filosofia da educação. A existência de disciplina deste teor no currículo dos cursos de
preparação de professores justifica-se não por alguma sofisticada erudição ou academicismo: é
uma exigência do próprio amadurecimento humano do educador. Coloca-se, com efeito, uma
questão antropológica: trata-se de explicitar qual o sentido possível da existência do homem
brasileiro como pessoa situada na sua comunidade, de tais contornos sociais e em tal momento
histórico.
Esta reflexão filosófica, desenvolvida no âmbito teórico da filosofia da educação, deverá dar ao
futuro educador a oportunidade da tentativa de explicitação do projeto existencial a ser buscar
para a comunidade brasileira, na busca de seu destino e sua civilização. Ou seja, não é possível
compreender um projeto educacional fora de um projeto político, nem este fora de um projeto
antropológico, isto é, de uma visão de totalidade que articula o destino das pessoas como o
destino da comunidade humana.
Assim, cabe à reflexão filosófica explorar o significado da condição humana no mundo. E à
filosofia da educação explicitar esse significado para o educador. Vale dizer, pois, que a filosofia
da educação deve colocar para o educador a questão antropológica, questão que deve equacionar
adequadamente, recorrendo à filosofia social e à filosofia da história, e fundamentando-se numa
antropologia, alicerce último de toda reflexão sobre o realizar-se do homem. Obviamente, a
explicitação do significado da própria atividade filosófica é tarefa preliminar: o alcance do
pensamento humano, o seu equacionamento epistemológico é questão permanente para a
filosofia.
O educador não pode realizar sua tarefa e dar a sua contribuição histórica se o seu projeto de
trabalho não estiver lastreado nesta visão da totalidade humana. À filosofia da educação cabe
então colaborar para que esta visão seja construída durante o processo de sua formação. O
desafio radical que se impõe aos educadores é de um ingente esforço para a articulação de um
projeto histórico-civilizatório para a sociedade brasileira como um todo, mas isto pressupõe que
se discutam, com rigor e profundidade, questões fundamentais concernentes à condição
humana.
(Antonio Joaquim Severino, Educação, ideologia e contra-ideologia, p. XIV e XV.)
 
 
Parte II Reflexão filosófica e prática educativa
1. Importância do educador no processo de percepção da realidade pelo aluno.
Somos todos de certa forma filósofos, na medida em que estamos sempre dando sentido às
coisas, e tendemospara a reflexão, a não ser quando submetidos a uma formação autoritária e
dominadora.
A importância do educador nesse sentido se faz presente no ato de refletir, despertando na
criança ou no jovem o interesse para exercitar esse outro olhar sobre o mundo e sobre si mesmo.
A filosofia torna-se presente no momento em que há indagação sobre todas as coisas, inicia seu
trabalho a partir das tradições existentes em cada cultura em particular. A atitude do professor
não é neutra, pois faz com que o indivíduo à sua frente se situe em seu tempo e busque valores
éticos, políticos e estéticos. Por isso se faz necessário a imparcialidade no ato de transmitir os
conteúdos, desenvolvendo no aluno a capacidade de percepção da realidade à sua volta, “o
mundo como é” e não “como deveria ser”, sendo este capaz de filosofar por si mesmo: “(…)
porque a sala de aula deve ser o espaço por excelência do pluralismo e da diversidade. Donde
decorre a necessária imparcialidade do professor, diante da exigência de colocar os estudantes
em contato com diferentes concepções filosóficas e não só com aquelas de sua preferência”.
(Aranha, 2003).
De qualquer forma, colocar a realidade como um objeto de estudo filosófico torna-se um desafio
nas sociedades atuais. “Perceber” a segregação racial, o preconceito, a exclusão social e a
pobreza seria talvez preparar “um cidadão” consciente de suas responsabilidades, apto para a
vida pública.
▪ O saber humano: idéias, comportamento e mecanismo de controle social.
O professor é um transmissor do conhecimento. Sua cultura, identificando-se com o padrão
dominante da sociedade em que vive, é imposta a todos os alunos, mas isto deve ser feito sem
esquecer de uma questão importante: não desconsiderar as particularidades culturais. Um
professor assim concebido pode trabalhar eficientemente conteúdos que visem à formação de
um espírito patriota ou até de um conjunto de princípios que poderíamos vagamente identificar
como sendo “valores humanos”.
Está certo que o professor em sala de aula possui uma identidade autônoma, ou seja, possui
seus próprios valores, porém, reconhece (ou deveria reconhecer) o outro em sua identidade
própria. Partindo dessa premissa, a tolerância e o reconhecimento dos valores humanos
desponta para a participação democrática em sala de aula. A cidadania se exercita com a
oportunidade de desenvolvimento das competências necessárias para um pensar autônomo.
Um professor-facilitador estaria atento às particularidades de cada aluno, se comportando de
forma a estimular o aluno a desenvolver sua capacidade de argumentação sem, contudo,
interferir em suas opiniões pessoais. O aluno é visto como agente no processo de construção de
seu próprio conhecimento. Tal é, em síntese, o modelo pedagógico da Escola Nova. Porém, essa
concepção possui duas grandes falhas. Em primeiro lugar o educador não pode simplesmente
estimular quaisquer opiniões pessoais dos educandos. Se um dos alunos defender abertamente
o genocídio, por exemplo, é inadmissível não se tome partido contra tal posicionamento. Assim,
seria ingenuidade crer que o docente possa manter-se inteiramente “neutro” frente a um debate
em sala de aula. Daí concepções éticas poderão entrar em ação, o que seria bom ou ruim para a
sociedade como um todo e o que seria bom para a convivência humana, para a organização de
movimentos sociais e para as organizações da sociedade civil, sobretudo nas manifestações
culturais.
 
2. Formação técnico-científica e humanística do educador.
A formação do professor sugere em muito o vetor da promoção social. Sobretudo nas novas
gerações, a mídia, a informática e a Internet possuem um poder (“de promoção social”) que leva
os alunos a se sentirem “inclusos ou exclusos” da sociedade.
Há uma transformação ultra-rápida do ambiente social e cultural na escola, que põe
obrigatoriamente a escola em movimento e que, praticamente, obriga as crianças a
desenvolverem suas potencialidades de acordo com as competências[1], e a maioria dos atores
educativos e dos usuários do sistema escolar e de formação concorda em dizer que é preciso se
adaptar aos “novos tempos”, numa curva espiral de urgência, pois que as novas tecnologias
caminham de forma muito rápida.
A sociedade global exige uma revolução dos sistemas de educação e de formação do professor.
Sendo necessário conceber sistemas para toda a vida ativa do indivíduo, durante a qual deverá
reformular seu pensamento várias vezes para trilhar sempre novos caminhos.
Filósofo e educador, Jean Biarnès[2] coloca que a educação fundamental e a formação
permanente não podem ser mais vistas separadamente. Assim o professor possui um universo
finito, enquanto o formador pensa na continuidade, acrescentando algo mais na formação inicial
e desenvolvendo potencialidades sugeridas pela Nova Ordem Mundial. Para o professor isso
exige pensar, levando em conta a diversidade dos percursos intelectuais (base) e profissionais
(adaptação ao meio econômico-social), transmitindo para o aluno sua formação humanística ao
mesmo tempo em que transmite para o aluno um quadro das exigências da sociedade global,
apontando os possíveis caminhos para que o aluno tenha condições de mais tarde se incluir no
mercado.
Cabe ao educador interagir, tornar sua disciplina um ponto de encontro do saber intelectual e da
formação técnico-científica, através de leituras, de filmes, de palestras ou cursos, se mantendo
atualizado e desenvolvendo seu campo pedagógico, reduzindo o fracasso das aprendizagens na
busca por novas potencialidades.
Texto Complementar
Educação voltada para o futuro
Diz-se que o curso da existência do homem, neste período crítico da nossa história, deve ser
modelado consoante as tarefas históricas, de modo que a nova realidade edificada pelos homens
possa ser melhor e, por conseqüência, tornar os homens mais livres e melhores; se assim é, este
programa educativo torna-se indispensável, especialmente em face da juventude. Compete à
pedagogia contemporânea assegurar a realização deste programa.
Para tal impõe-se à resolução de dois problemas fundamentais, o da instrução e o da educação.
No que respeita à instrução, devemos abandonar numerosos princípios tradicionais que estão
totalmente desadaptados às novas condições da vida social e econômica, assim como a evolução
que prevemos. Temos de introduzir muitas inovações. Todos nós nos apercebemos da
necessidade da instrução politécnica, mas ainda não descobrimos que a formação social é pelo
menos de importância igual, muito embora seja completamente negligenciada. Esta formação
social é fundamental, não só porque um número crescentemente vasto de trabalhadores será
utilizado no setor dos serviços em detrimento do setor da produção, mas, sobretudo porque na
sociedade do futuro cada profissão será revestida de caráter social e cada cidadão tornar-se-á
membro responsável da democracia. O problema da formação social deve ser posto no primeiro
plano das nossas preocupações referentes aos programas de ensino, deve ser considerado em
toda a sua vastidão e ir do conhecimento dos grandes processos sociais do mundo moderno à
capacidade de compreender o meio concreto em que se age e se vive. O ensino politécnico não
pode dar plenos resultados se não for associado à formação social assim concebida; apenas esta
cooperação pode formar o pensamento aliado à prática, produtiva e social, quer dizer, à
realidade plenamente humana. Enfim, no âmbito da formação do pensamento resta resolver
outro problema: a formação dos outros tipos de pensamento, alheios ao pensamento técnico e
social; a formação destes outros tipos de pensamento devia ser sistematicamente fomentada nas
escolas. Referimo-nos a certas concepções modernas da filosofia e da lógica, em especial as
noções de valor.
No domínio da educação, a tarefa mais importante consiste em transpor os grandes ideais
universais e sociais para a vida quotidiana e concreta do homem.No período que acaba de
findar cometemos o grande erro de atribuir muito pouca importância à vida quotidiana do
homem, para realçar a sua participação espetacular nos grandes momentos nacionais;
cometemos o erro de menosprezar a vida interior do homem, para insistir na efetivação de
determinadas funções sociais. A educação moral, justamente, diz respeito à nossa vida
quotidiana em situações sociais concretas. A educação moral é o problema do homem no pleno
sentido da palavra, do homem que vive e que sente. (…)
Uma juventude educada desta maneira fornecerá cidadãos a um mundo que, embora criado há
vários séculos pelos homens, não foi até ao presente um mundo de todos os homens. É somente
através da participação na luta para criar um mundo humano que possa dar a cada homem
condições de vida e desenvolvimento humanos que a jovem geração se pode verdadeiramente
formar.
(Bogdan Suchodolski, A pedagogia e as grandes correntes filosóficas, p. 121-123)
 
O conceito de desabrochar
O pensamento pedagógico comum considera, mais ou menos implicitamente, que a educação
deve permitir à criança realizar-se, desabrochar, tornar-se plenamente ela mesma. Desabrochar!
Pensamos ter dito tudo, ser modernos e liberais, quando proferimos essa grande palavra. Mas o
que é que isso quer dizer, desabrochar? É nos sentirmos bem em nossa pele, no trabalho, nas
relações com os outros? Mas não podemos, então, falar de desabrochamento sem levar em
consideração a realidade econômica, social e política. Não desabrochamos no abstrato. Sentimo-
nos bem ou mal neste ou naquele tipo de situação e de relação, e o desabrochamento pressupõe
condições concretas e sociais de realização. Não desabrocho quando trabalho na linha de
montagem, num compasso infernal, numa fábrica barulhenta, desumanizada, fria e fétida. Não
desabrocho quando devo suportar todo o dia os humores de um chefe de escritório arbitrário.
Não desabrocho quando estou fechado numa escola-caserna sem interesse. Não desabrocho
quando devo suportar cotidianamente as gritarias de meus quatro filhos num apartamento de
sala e quarto. Mas desabrocho quando faço um trabalho que me interessa, quando encontro
pessoas que me agradam, quando tenho tempo para me dedicar a meus filhos num ambiente
agradável. Quando apenas nos contentamos em falar de desabrochamento, somos vítimas de um
dos conceitos mais ideológicos que a pedagogia jamais produziu.
(Bernard Charlot, A mistificação pedagógica, p. 58)
 
 
Parte III Cultura e humanização
1. Cultura
A cultura – palavra e conceito – é de origem romana. Origina-se de colere – cultivar, habitar,
tomar conta, criar e preservar – e relaciona-se com o trato do homem com a natureza, ou seja,
na sujeição da última aos seus modos de vida.
Mas o que queremos dizer exatamente quando utilizamos a palavra cultura? Na linguagem
cotidiana dizemos que uma pessoa tem cultura quando freqüentou boas escolas, leu bons livros,
adquiriu conhecimentos científicos etc. Mas na Grécia antiga o termo cultura estava ligado à
formação individual do homem dentro de sua comunidade.
Para designar com maior clareza o conteúdo daquilo que chamamos por cultura, é importante
dizer que ela é uma realidade humana e, mais do que isso, o humano se dá na cultura. Este
homem realiza ações, consideradas conscientes, dirigidas para uma finalidade, a sobrevivência.
Aprofundando sua consciência no trabalho, percebe-se capaz de transformar a natureza e a si
mesmo, evoluindo no tempo e no espaço. A primeira concepção de cultura, portanto, se remete
a todos os aspectos da realidade social; a segunda refere-se mais especificamente ao
conhecimento, às idéias e as crenças de um povo.
▪ Conceitos de cultura – diversidade cultural
Usada por antropólogos, historiadores e sociólogos, a palavra cultura designa os modos de vida
criados e transmitidos de uma geração para outra, entre os membros de uma determinada
sociedade. Nesse sentido, há uma diversidade cultural, pois as culturas existentes abrangem
conhecimentos, crenças, artes, normas, costumes e muitos outros elementos adquiridos
socialmente pelos homens. Cada cultura pertencente a um grupo social vive de acordo com um
amplo conjunto de conceitos, símbolos, valores e atitudes que modelam os modos de vida,
fazendo com que os indivíduos pertencentes a uma determinada sociedade pensem e exerçam
suas atividades de acordo com os valores já pré-estabelecidos com suas próprias verdades.
Dada a infinita possibilidade humana de simbolizar, as culturas são múltiplas e variadas: são
inúmeras na maneira de pensar, de agir, de expressar anseios, temores e sentimentos em geral.
Não se pode dizer que uma cultura seja necessariamente boa ou justa, porém, ela também pode
ser dominação, de acordo com a realização de determinados trabalhos dentro dela.
Dessa forma, existindo várias culturas, estas não podem ser consideradas superiores ou
inferiores umas às outras, elas são apenas diferentes entre si.
A partir do início do século XX, alguns autores elaboraram diversos conceitos de cultura, segue
alguns deles abaixo:
– Franz Boas (1938) rejeita toda a forma de comparação de culturas em termos de superioridade
ou inferioridade entre elas, e rejeita um esquema único de “padronização” das culturas;
– Bronislaw Malinowski (1944) emprega a teoria funcionalista de que a cultura valoriza afunção
, ou seja, cada parte, realizando uma função que possui um valor específico, colabora para o bom
andamento de todo o sistema;
– Clifford Geertz (1973): “a cultura deve ser vista como um conjunto de mecanismos de controle
–planos, receitas, regras, instituições – para governar o comportamento”;
– Claude Lévi-Strauss (1945) defende uma cisão entre natureza e cultura, os homens constroem
e operam instrumentos e instituições que formam uma estrutura social. Esta estrutura social é
um modelo de análise construído a partir da observação da realidade social.
Dessa forma, a inteligência humana se depara com novos conceitos desafiantes dos quais
passam a refletir. Velhas questões acerca do termo cultura são revigoradas, discutidas e
sistematizadas em novos tons e registros.
 
 
 
 
▪ Sociedade e o indivíduo
A cultura é uma criação do homem, resultante das transformações de seu próprio organismo
que sugere o desenvolvimento de práticas que vão se acumulando na consciência comunitária,
através da criação de símbolos, valores, idéias, linguagem, fantasias e sonhos.
Relaciona-se, dessa forma, ao processo de hominização, não tem data de nascimento definida
nem forma distintiva inicial. Tanto a criação da cultura como a criação do homem é na verdade
duas faces de um só e mesmo processo, que passa do orgânico para o social, em que estes dois
(orgânico e social) se condicionam reciprocamente.
Pode-se dizer que em uma sociedade, a cultura vive nas mentes das pessoas que a possuem. Mas
as pessoas não nascem com ela, adquirem-na à medida que crescem. Conforme dito por um
arqueólogo norte-americano, Braidwood[3], a formação do indivíduo na sociedade (formação de
sua cultura) pode ser caracterizada da seguinte forma:
– adquirida pela aprendizagem, e não herdada pelos instintos;
– transmitida de geração em geração, atreves da linguagem;
– criação exclusiva dos seres humanos, incluindo produção material e não-material;
– múltipla e variável, no tempo e no espaço, de sociedade para sociedade.
Nesse processo de transformação, vale lembrar que a ação humana é coletiva, ninguém pode ser
considerado verdadeiramente solitário, pois sendo a cultura regida por códigos coletivos de
convivência, o homem não poderia fugir de sua condição orgânica, dependendo de outro
homem para sobreviver.
▪ Cultura e educação – Educar para qual cultura?
O mundo humanizado pela cultura é um mundo onde os homens se encontram, produzem,
circulam os bens produzidos, consomem-nos e dão significados a essas ações, hierarquizando-
as, ordenando-as.
Todasas diferenças existentes no comportamento modelo em sociedade resultam da maneira
pela qual são organizadas as relações entre os indivíduos. É por meio delas que se estabelecem
os valores e as regras de conduta que nortearão a construção da vida social, econômica e
política.
Sem desvalorizar determinadas manifestações culturais, a prática da educação não se dá apenas
como um produto, mas também como um processo. Ou seja, reconhece-se que o aluno já traz
consigo uma experiência – ainda que fragmentária e difusa como acontece no senso comum –
mas a partir da qual se inicia o trabalho de crítica desse conhecimento.
A aplicação da filosofia na educação traz para o educador um grande desafio, que reside na
tentativa de conciliar diferentes tipos de culturas sem desprezar os valores de cada ser. A
educação formal traz para o indivíduo a superação do saber ingênuo e não-crítico do que já é
feito e sabido, ampliando os horizontes a fim de recuperar a dimensão humana, quando
alienada. Além disso, a abordagem totalizante do professor supera o saber fragmentado e
estabelece uma interdisciplinaridade. Não que este processo seja contra as culturas existentes,
trata-se, isso sim, de buscar os fundamentos e a gênese das experiências realizadas para que se
possam entender tais manifestações culturais de indivíduo ou grupo presente na escola.
Ao colocarmos a questão “Educar para qual cultura?”, é preciso elucidar os pressupostos
antropológicos – “para quem ensinar? ou “que tipo de humano formar?” – e os pressupostos
epistemológicos – “o que conhecer?” ou “que tipos de conteúdos ensinar?” -, a partir daí,
considerando-se as diferenças culturais, a escola nova[4] trabalharia centrada no aluno. Seriam
valorizados o objeto, o mundo, o professor e, o conhecimento como produto acumulado pelas
experiências e saberes de todos os envolvidos, valorizando também o sujeito, o aluno com sua
experiência de vida e sua capacidade de construção do conhecimento. Ao lado do trabalho
teórico de qualquer aprendizagem, a vinculação do saber novo ao vivido pelo aluno possibilitaria
uma atuação mais segura e precisa na prática social global. O educador seria aquele que
estabelece uma ponte entre a cultura particular do aluno e os valores culturais da sociedade, em
sentido mais amplo. Mediação entre o local e o nacional, entre o particular e o universal, seria,
em resumo, a tarefa da educação numa perspectiva histórico-crítica.
 
2. Trabalho e Alienação
No decorrer da história das diferentes sociedades, foram muitas as concepções sobre trabalho.
Durante a Antiguidade e após este período, na Idade Média, em muitas sociedades da Europa
ocidental, o trabalho manual era considerado uma atividade menor, pouco digna, valorizando-
se o trabalho intelectual, próprio dos homens que podiam se dedicar ao ócio, à contemplação e à
teoria. Santo Tomás de Aquino, teólogo e filósofo italiano (1221-1274) se referia ao trabalho
como um “bem árduo”, por meio do qual cada indivíduo se tornaria um homem melhor; porém
o trabalho mais valorizado ainda seria o intelectual. De acordo com o cristianismo medieval, o
trabalho passou a ser visto como uma forma de sofrimento que serviria para a provação e
fortalecimento do espírito para se alcançar o reino celestial. O trabalho conseguiu
ser revalorizado com o advento do protestantismo, em que o trabalho e o lucro passam a ser
vistos como uma benção de Deus.
De qualquer forma, em sua análise, o filósofo alemão Karl Marx passa a questionar a suposta
liberdade do trabalhador assalariado, uma vez que, sem outra opção, este é obrigado a vender
sua força de trabalho para sobreviver. Nessa análise, desvendou oprocesso de alienação que se
desenvolve a partir do trabalho assalariado.
A palavra alienação vem do latim alienare, “tornar algo alheio a alguém”, isto é, “tornar algo
pertencente a outro”. Segundo Marx, a alienação é um processo pelo qual os atos de uma pessoa
são governados por outros e se transformam em uma força estranha colocada em posição
superior e contrária a quem a produziu: “O trabalho alienado se apresenta como algo externo ao
trabalhador, algo que não faz parte de sua personalidade. Assim, o trabalhador não se realiza em
seu trabalho, mas nega-se a si mesmo. Permanece no local de trabalho com uma sensação de
sofrimento em vez de bem-estar, com um sentimento de bloqueio de suas energias físicas e
mentais que provocam cansaço físico e depressão. Seu trabalho, portanto, não é voluntário, mas
imposto e forçado. O trabalho alienado torna-se um trabalho de sacrifício, pois não pertence ao
trabalhador, mas sim à outra pessoa que dirige a produção (Marx)”.
Perdendo o contato com seu eu legítimo, sua individualidade, o ser humano é atingido pelo
processo de alienação: ele é transformado em simples mercadoria, sente-se uma “coisa” que
precisa alcançar sucesso no “mercado das personalidades”, os valores de mercado se sobrepõem
aos valores da pessoa: o que importa é o sucesso profissional, financeiro, intelectual, social,
político, esportivo etc.
A fuga de si mesmo sugere a venda de suas qualidades no mercado e não sua satisfação íntima e
pessoal, sua auto-estima depende agora de condições que escapam a seu controle. Se ele tiver
sucesso, será “valioso”; se não, imprestável.
3. Professor: mão-de-obra alienada?
Poderia existir um professor alienado em suas funções?
Para responder a esta questão, é de importância explicitar que o fazer educacional, em nome do
desenvolvimento e do progresso, foi reduzido aos níveis técnico e científico, tendo a formação
filosófica perdido seu papel na formação do aluno. A imagem do professor, que assim era
portador de uma imagem de alguém de quem se poderia esperar conselhos e critérios morais,
discernimento político e religioso, além da formação técnico-científica, foi transformada em 
peça das políticas econômicas dos governos.
Dessa forma, o sistema educacional acabou por moldar um professor alienado de suas altíssimas
funções sociais. Pergunta-se hoje: É possível reverter este quadro? Como?
A referência que não se pode perder é a de que o educador é um ser humano dono de uma visão
e um espírito mais expandido. O verdadeiro professor gosta muito daquilo que pratica, é um
otimista apaixonado por ensinar, principalmente a si mesmo; além de otimista é também um
trabalhador sindicalizado, engajado nas lutas do magistério. Esse professor nunca será alienado
e muito menos “massa de manobra”, ele é um formador de opinião sério.
O “ser professor”, nestes tempos de profundas mudanças e crises em todos os campos do saber,
é manter a consciência de sua própria identidade, porém, ajudando no processo de construção
da identidade do outro. Algumas perguntas acerca do processo de alienação do professor podem
ser feitas por ele mesmo, uma reflexão crítica a respeito de suas verdades quanto ao ensinar
poderão conscientizá-lo diante da realidade à sua volta:
– quem sou eu, um profissional do ensino ou um educador?
– tenho consciência de que meus padrões conceituais mudam na mesma proporção em
que a ciência põe por terra muitas de suas antigas verdades?
– como está minha auto-estima?
– será que saí da escola e caí apenas no mercado de trabalho?
Tornando-se crítico, o professor doa-se na prática no ensino e faz nascer no próximo o respeito
próprio e alheio. Quem se faz esta pergunta: “hoje a minha aula não produtiva, sei que meu
aluno não aprendeu, mas e eu?”, reflete suas próprias ações que o fazem entender melhor o que
está acontecendo.
Texto Complementar
 Rumo a proletarização do magistério
O treinamento de futuros professores é um campo no qual o domínio da racionalidade técnica
tem se manifestado. Como Kleibard, Zeichner, Giroux e outros salientaram, os programas de
educação de professores, nos Estados Unidos, têm sido, há muito tempo, dominados por uma
orientação behaviorista, em que se persegue a especialização e o refinamento metodológicos
comobases para o desenvolvimento da competência do professor. (…).
Dentro desse modelo behaviorista de educação, os professores são considerados mais como
obedientes servidores civis, desempenhando ordens ditadas por outros, e menos como pessoas
criativas e dotadas de imaginação que podem transcender a ideologia dos métodos e meios a
fim de avaliar criticamente o propósito do discurso e da prática em educação. Muito
freqüentemente, os programas de formação de professores perdem a visão da necessidade de
educar os estudantes para se tornarem profissionais críticos, mas desenvolvem cursos que
focalizam os problemas imediatos da escola e que substituem pelo discurso do gerenciamento e
da eficiência, a análise crítica, das condições subjacentes à estrutura da vida escolar. Ao invés de
ajudar o estudante a pensar sobre quem é, sobre o que deve fazer na sala de aula, sobre suas
responsabilidades no questionamento dos meios e fins de uma política escolar específica, os
alunos são freqüentemente treinados para compartilhar técnicas e para dominar a disciplina da
sala de aula, para ensinar um assunto eficientemente e organizar o melhor possível as atividades
diárias. A ênfase do currículo de formação do professor está em descobrir o que funciona. (…).
Se os futuros professores são freqüentemente treinados para se tornarem técnicos
especializados, os futuros administradores escolares são formados segundo a imagem do
especialista em ciências econômicas. Richard Bates e William Foster salientaram que muito do
treinamento de administradores escolares, diretores e superintendentes é estritamente técnico,
voltado principalmente pra produzir uma função entre a teoria organizacional e os princípios de
um “saudável” gerenciamento de negócios. Inerente a tal treinamento está a noção de que os
sistemas complexos de linguagem, os controles de gerenciamento e os sistemas de quantificação
colocam-se além da capacidade de entendimento de professores e de pessoas leigas, comuns. A
consciência tecnocrática, incorporada nessa abordagem, não está somente em desacordo com o
conceito de controle descentralizado e com os princípios da democracia participativa, mas
apresenta também uma visão a-histórica e despolitizada da administração escolar. A escola não
é considerada como espaço de luta quanto a diferentes ordens de representação, ou como espaço
que incorpora configurações particulares de poder, que formam e estruturam as atividades da
sala de aula. Ao contrário, a mesma fica reduzida à lógica estéril de gráficos de fluxos, à
crescente separação entre professores e administradores e a uma tendência cada vez maior à
burocratização. A mensagem aqui oculta diz respeito à utilidade da lógica da racionalidade
tecnocrática para evitar que os docentes participem de uma maneira crítica da produção e da
avaliação dos currículos escolares. Por exemplo, a forma tomada pelo conhecimento escolar e a
pedagogia usada para legitimá-lo tornam-se subordinadas aos princípios da eficiência, da
hierarquia e do controle. Uma conseqüência disso está no fato de que são subtraídas, da
influência coletiva dos professores, as decisões e as questões sobre os seguintes temas: o que
vale como conhecimento, o que é importante ensinar, a forma como se julga o objetivo e a
natureza do ensino, a forma como se vê o papel da escola na sociedade e a conseqüente
compreensão dos interesses sociais e culturais que modelam todos os níveis da vida escolar.
(Henry Giroux, Escola crítica e política cultural, p. 13-16).
 
Parte IV Educação formal e informal
1. Educação formal e a educação informal
A educação não é simplesmente um veículo transmissor de conhecimentos, ela trabalha a
formação crítica dos valores herdados e dos novos valores que estão sendo propostos.
A educação formal é aquela chamada como organizada e tem o intuito de ‘padronizar’ os
conhecimentos sobre os indivíduos. A escola seria um dos meios de educação formal mais forte
existentes, embora as forças armadas também trabalhem nesse sentido. Portanto, instituições
organizadas, formais são instituições capazes de transmitir uma educação.
A escola deve assegurar uma mediação entre os indivíduos e os modelos sociais. Ela não poderia
ser vista fora do contexto sócio-econômico em que está inserida.
Já a educação informal aquela em que a criança recebe uma aprendizagem em seu meio
(família, grupos de amigos etc) através da casualidade, empirismo, com base no bom senso. Este
tipo de educação é, de certa forma, exercido através da pressão psicológica, como a religião, a
moral e a moda, e as mensagens transmitidas podem claras ou implícitas.
A família seria a principal porta de entrada para a educação informal, pois através da passagem
dos valores dos pais, na prática do dia-a-dia, a criança poderá obter valores positivos ou
negativos (através do exemplo dos pais a criança poderá formar seus valores).
Atualmente, um novo conceito sobre a educação formal e informal dá ênfase a um trabalho em
conjunto formando a comunidade educativa, em que a comunidade escolar propriamente dita
(organização formal) composta de professores e especialistas se envolvem à comunidade externa
(pais, Secretarias de Estado, comunidade de bairro, associações religiosas, ONGs etc) no sentido
de ampliar o conceito de educação, que não se restringe apenas aos processos de ensino-
aprendizagem no interior de unidades escolares formais. A conseqüência para esta união pode
estar voltada para a transmissão de valores universais mais com consciência, noção da realidade
exterior (trabalhos, renda, paz) e uma cultura política (formação dos valores dos indivíduos
voltados para a cidadania).
Muitos desses novos modelos já foram criados e estruturados, uma união que resulta ao
conhecimento e participação nos serviços públicos (saúde, educação e cultura), aos interesses
gerais da comunidade (meio ambiente, defesa do consumidor, patrimônio sócio-cultural) e aos
interesses de categorias específicas (jovens, idosos, crianças, mulheres etc).
 
 
2. Meios de comunicação de massa
Sendo uma coleção de comportamentos compreendidos, cultura poderia ser considerada como
um conjunto de condutas consagradas, recriadas e transmitidas de gerações em gerações.
Na formação de indivíduos e grupos surgem as diferenças entre as culturas, não podendo ser
consideradas maiores ou melhores umas às outras, apenas diferentes, porém, dentro de uma
sociedade composta por diversas delas, se faz necessário criar uma cultura universal,
uma cultura de massa, comum a todos.
Nos anos 60, a mídia televisiva foi local e assunto de um forte combate entre o professor e a
própria televisão. Esse combate parte da análise da criação de duas visões de mundo, que
partem da escola e da mídia e que envolvem ambos processos educativos. Trazer para a sala de
aula o jornal ou mesmo fazer um comentário sobre o que se passou na tv no dia anterior era
como uma ofensa ao ensino padrão.
Atualmente, relacionar o trabalho do professor ao que se passa na imprensa torna-se
aconselhável, como parte da formação do educando. De acordo com as rápidas transformações
que ocorrem no mundo, a escola e sua relação com os meios de comunicação de massa torna a
educação uma fonte de riqueza de muitos saberes: “Portanto, a introdução da televisão na vida
cotidiana abriu o acesso à informação de todos sobre tudo em tempo real (Tardy, 1973)”.
A televisão, ainda mais forte em sua propagação do que os meios impressos, ainda tem o poder
de causar impactos e agregar valores no ser humano, e os professores, ao desafiarem o impacto
simbólico que ela produz sobre as relações inter-humanas, condenam toda a novidade deste
poder de informação. O educador que possui esta visão leva em consideração a diversidade de
referências, de informações, de verdades que podem ser construídas pelo indivíduo.
É certo que não podemos descartar o lado negativo da aplicação da televisão no ensino,como a
quantidade de ‘lixo televisivo’ veiculado diariamente sem qualquer controle, mas cada ao
educador saber separar o que é bom ou ruim de acordo com os padrões éticos universais que
uma educação de princípios exige.
Até a pouco a massa moderna era industrial, proletária, com idéias e padrões rígidos. Procurava
dar um sentido à História e lutava em bloco por melhores condições de vida e pelo poder
político. Crente no futuro mobilizava-se para grandes metas através de sindicatos e partidos ou
apelos nacionais. Sua participação era profunda (basta lembrar as duas guerras mundiais).
A massa pós-moderna, no entanto, é consumista, classe média, flexível nas idéias e nos
costumes. Vive no conformismo em nações sem ideais e acha-se seduzida e atomizada
(fragmentada) pelo mass media , querendo o espetáculo com bens e serviços no lugar do poder.
Participa, sem envolvimento profundo, de pequenas causas inseridas no cotidiano – associações
de bairro, defesa do consumidor, minorias raciais e sexuais, ecologia.
A esta mudança os sociólogos estão chamando do deserção do social. É como tomar deserta
uma região. Pela desmobilização e a despolitização, o neo-individualismo pós-moderno, que
tende ao descompromisso, ao não tenho nada com isso, vem esvaziando as instituições sociais.
História, política, ideologia, trabalho – instituições antes postas em xeque apenas pela
vanguarda artística – já não orientam o comportamento individual, e seu enfraquecimento é
contínuo nos países avançados. A deserção é uma sacação nova da massa. Ela não é orientada
nem surge conscientemente, como também não visa à tomada do poder, mas pode abalar uma
sociedade, ao afrouxar os laços sociais. Há dados para se avaliar esse esvaziamento, como
igualmente há novas atitudes substituindo as tradicionais. (…).
(Jair Ferreira dos Santos, O que é pós-moderno, São Paulo, Brasiliense, 1986, p. 89-90 e 95-97)
Professora sim, tia não
(…) Ensinar é profissão que envolve certa tarefa, certa militância, certa especificidade no seu
cumprimento enquanto ser tia é viver uma relação de parentesco. Ser professora implica
assumir uma profissão enquanto não se é tia por profissão. (…)
Recusar a identificação da figura da professora com a da tia não significa, de modo algum,
diminuir ou menosprezar a figura da tia, da mesma forma como aceitar a identificação não
traduz nenhuma valoração à tia. Significa, pelo contrário, retirar algo fundamental à professora:
sua responsabilidade profissional de que faz parte a exigência política por sua formação
permanente.
A recusa, a meu ver, se deve, sobretudo, a duas razões principais. De um lado, evitar uma
compreensão distorcida da tarefa profissional da professora, de outro, desocultar
asombra ideológica repousando manhosamente na intimidade da falsa identificação.
Identificar professora com tia, o que foi e vem sendo ainda enfatizado, sobretudo, na rede
privada em todo o país, é quase como proclamar que professoras, como boas tias, não devem
brigar, não devem rebelar-se não devem fazer greve. Quem já viu dez mil “tias”fazendo greve,
sacrificando seus sobrinhos, prejudicando-os no seu aprendizado? E essa ideologia que toma o
protesto necessário da professora como manifestação de seu desamor aos alunos, de sua
irresponsabilidade de tias, se constitui como ponto central em que se apóia grande parte das
famílias com filhos em escolas privadas. Mas também ocorre com famílias de crianças de escolas
públicas.
(Paulo Freire, Professora sim, tia não, São Paulo, Olho D´Água, 1994, p. 10-12.)
 
 Parte V Ideologia
 
1. Os sentidos da ideologia
Em sentido amplo, ideologia é um conjunto de idéias, concepções ou opiniões sobre algum
assunto que está sujeito a discussão, embora orientada para efetivar uma ação por parte
daqueles que acreditam em determinado ideal. A ideologia pode unir as pessoas nos grupos
sociais, fazendo-as defender interesses comuns e elaborar projetos de ação.
Karl Marx utilizou o conceito ideologia para designar que os homens se direcionam por
ideologias que são implantadas pela classe dominante, manipulando a massa trabalhadora. 
Para ele, a sociedade estava dividida em dois grandes grupos: os dominados pelo processo
ideológico e por aqueles que criam tais processos.
Em sua função, a ideologia faz com que o dominado não perceba que está sendo manipulado e
age de acordo a uma determinada maneira, considerada por ele como correta e natural.
Dessa forma, a ideologia oculta as diferenças de classe, facilitando a continuidade da dominação
de uma classe sobre outra. Ela assegura a coesão entre os homens e aceitação sem crítica das
tarefas que foram impostas.
▪ Ideologia na educação
É comum pensar na educação como apolítica, um espaço neutro. Isto é ilusório, pois ela reflete
as forças contrárias existentes na sociedade. Baste rever a história da educação para observar
que ela sempre serviu ao poder de alguma forma, como por exemplo, nossa educação brasileira
na época da ditadura militar. Transmitindo padrões de comportamento, idéias e valores, a
escola não se torna um lugar de “ensino universal”, pois pertence a um determinado segmento
social.
Qualquer teoria ligada à educação deveria partir do exame rigoroso dos problemas da realidade
social e quais meios deveriam servir para orientar a atividade do cidadão. Mas quando uma
determinada teoria pedagógica se desenvolve à margem dos acontecimentos econômicos e
políticos se percebe uma prática ideológica em que os valores das classes dominantes são
impostos.
É certo que a educação promove a construção da personalidade social, mas esta construção
depende diretamente da realidade social em que o indivíduo está inserido, portanto, este
indivíduo já vem inserido em um determinado tipo de ideologia. Estudos realizados sobre livros
didáticos constam diversos tipos de correntes ideológicas e mostra a criança uma realidade
idealizada e deformadora. A sociedade nestes casos é una e harmônica, acreditando a criança
que encontrará um mundo em que todas as portas estarão abertas e a riqueza e a pobreza é
colocada de forma natural, como se já fizessem parte das coisas, não sendo resultado da ação
dos homens. Aos pobres devemos ter paciência e os ricos devem ser generosos.
A família aparece com seus papéis bem definidos, o pai é o trabalhador, a mãe a rainha do lar e a
empregada que geralmente é negra, é feliz por ‘quase’ pertencer à família. Este é um mundo sem
preconceitos. A pátria, o índio e o negro recebem ingênua exaltação, e o aluno que descubra por
conta própria o verdadeiro sentido destas três realidades. Até as disciplinas recebem caráter
ideológico: neutralidade, ausência de interpretação, sendo a história realizada por ‘grandes
homens': a abolição da escravatura é vista sob a ótica dos brancos e os bandeirantes são ‘heróis’
que desbravaram as fronteiras brasileiras (a custa de muito sangue indígena na verdade).
O positivismo na educação brasileira despreza o homem como construtor de seu habitat e se
oculta a ação sobre a natureza dos homens que fizeram a pátria.
Não se pode esquecer também da burocracia, que acaba mais por ‘domesticar’ o aluno, gerando
um autoritarismo e um formalismo próprios do processo ideológico.
▪ Contra-ideologia
 Sendo o discurso ideológico abstrato e vago, separando o pensar o agir, a contra-ideologia
aparece como um discurso não ideológico, denunciando uma prática manipulatória que se acha
oculta. Ela não pode ser confundida com uma ideologia, pois sua função é desmascarar a
dominação, estabelecendo sempre um diálogo entre teoria e prática.
Voltando este processo para a educação, a contra-ideologia deve trabalhar os fatos impostos
partindo da análise a fim de refletir e criticar as teorias anteriormente impostas em sentido
ideológico, avaliando o verdadeiro significado de tais teorias. O papel da filosofia é importante
ao criticar as ideologias, rompendo com as estruturas que identificam formas de dominação. Porisso, a escola não pode ser considerada como ‘fora’ do contexto social, isolada da realidade, deve
sim, desenvolver um discurso contra-ideológico.
 
Textos Complementares
 Classe e Raça
 A classe dominante (brasileira) bifurcou sua conduta em dois estilos contrapostos. Um,
presidido pela mais viva cordialidade nas relações com seus pares; outro, remarcado pelo
descaso no trato com os que lhe são socialmente inferiores. Assim é que na mesma pessoa se
pode observar a representação de dois papéis, conforme encarne a etiqueta prescrita do
anfitrião hospitaleiro, gentil e generoso diante de um visitante, ou o papel senhorial, em face de
um subordinado. Ambos vividos com uma espontaneidade que só se explica pela conformação
bipartida da personalidade.
A essa corrupção senhorial corresponde uma deterioração da dignidade pessoal das camadas
mais humildes, condicionadas a um tratamento gritantemente assimétrico, predispostas a
assumir atitudes de subserviência, compelidas a se deixarem explorar até a exaustão. São mais
castas que classes, pela imutabilidade de sua condição social.
(…) Dentro desse contexto social jamais se puderam desenvolver instituições democráticas com
base em formas locais de autogoverno. As instituições republicanas, adotadas formalmente no
Brasil para justificar novas formas de exercício do poder pela classe dominante, tiveram sempre
como seus agentes junto ao povo a própria camada proprietária. No mundo rural, a mudança de
regime jamais afetou o senhorio fazendeiro que, dirigindo a seu talante as funções de repressão
policial, as instituições de propriedade na Colônia, no Império e na República, exerceu desde
sempre um poderio hegemônico.
A sociedade resultante tem incompatibilidades insanáveis. Dentre elas, a incapacidade de
assegurar um padrão de vida, mesmo modestamente satisfatório, para a maioria da população
nacional; a inaptidão para criar uma cidadania livre e, em conseqüência, a inviabilidade de
instituir-se uma vida democrática. Nessas condições, a eleição é uma grande farsa em que
massas de eleitores vendem seus votos àqueles que seriam seus adversários naturais. Por tudo
isso é que ela se caracteriza como uma ordenação oligárquica que só se pode manter artificiosa
ou repressivamente pela compressão das forças majoritárias às quais condena ao atraso e à
pobreza.
Não é por acaso, pois, que o Brasil passa de colônia à nação independente e de Monarquia à
República, sem que a ordem fazendeira seja afetada e sem que o povo perceba. Todas as nossas
instituições políticas constituem superfetações de um poder efetivo que se mantém intocado: o
poderio do patronato fazendeiro.
(…) A distância social mais espantosa do Brasil é a que separa e opõe os pobres dos ricos. A ela
se soma, porém, a discriminação que pesa sobre negros, mulatos e índios, sobretudo os
primeiros.
Entretanto, a rebeldia negra é muito menor e menos agressiva do que deveria ser. Não foi assim
no passado. As lutas mais longas e mais cruentas que se travaram no Brasil foram à resistência
indígena secular e a luta dos negros contra a escravidão, que duraram os séculos do escravismo.
Tendo início quando começou o tráfico, só se encerrou com a abolição.
Sua forma era principalmente a de fuga, para a resistência e para a reconstituição de sua vida
em liberdade nas comunidades solidárias dos quilombos, que se multiplicaram aos milhares.
(…) As atuais classes dominantes brasileiras, feitas de filhos e netos dos antigos senhores de
escravos, guardam, diante do negro, a mesma atitude de desprezo vil. Para seus pais, o negro
escravo, o forro, bem como o mulato, eram mera força energética, como um saco de carvão, que
desgastado era substituído facilmente por outro que se comprava. Para seus descendentes, o
negro livre, o mulato e o branco pobre são também o que há de mais reles, pela preguiça, pela
ignorância, pela criminalidade inatas e inelutáveis. Todos eles são tidos consensualmente como
culpados de suas próprias desgraças, explicadas como características da raça e não como
resultado da escravidão e da opressão. Essa visão deformada é assimilada também pelos
mulatos e até pelos negros que conseguem ascender socialmente, os quais se somam ao
contingente branco para discriminar o negro-massa.
(…) Nos últimos anos, por efeito do sucesso do negro americano, que foi tido pelos brasileiros
como uma vitória da raça, mas principalmente pela ascensão de uma parcela da população de
cor, através da educação e da ampliação das oportunidades de emprego, o negro brasileiro vem
tomando coragem de assumir orgulhosamente sua condição de negro.
O mesmo ocorreu a muitos mulatos que saltaram para o lado negro de sua dupla natureza. Essa
passagem, de fato, era muito difícil, em razão da imensa massa negra, afundada na miséria mais
atroz, com que não podia se confundir. Massa que compõe a imagem popular do negro, cuja
condição é absolutamente indesejável, porque sobre ela recai, com toda dureza, o pauperismo,
as enfermidades, a criminalidade e a violência.
Isso ocorre numa sociedade doentia, de consciência deformada, em que o negro é considerado
culpado de sua penúria.
(Ribeiro, Darcy. O povo brasileiro, a formação e o sentido do Brasil. São Paulo, Companhia das
Letras, 1995 p. 217-224)
Solidão em cadeia
 Um dia qualquer, uma hora qualquer desses últimos dez anos. Um ponto qualquer do país (o
que em termos de televisão significa qualquer município com mais de 50 mil habitantes; o resto
não conta, porque o mercado consumidor potencial é muito pequeno para justificar qualquer
investimento). Um brasileiro qualquer no isolamento de seu lar liga o aparelho de televisão e
entra em cadeia com todos que supõe seus iguais, pelo território nacional. Um brasileiro
qualquer: o homem isolado, desinformado, conformado. O homem urbano ou subitamente
urbanizado por força de um processo de industrialização violento (se em 1950 o Brasil tinha
40% de sua população nas cidades e 60% no campo, em 77 a população urbana representava
65% do total contra 35% de população rural). O homem moderno e desenraizado cujas
tradições, quaisquer que tenham sido, foram aceleradamente sendo substituídas por crenças
mais seculares e mais coerentes com o ritmo do país: a fé na felicidade via consumo, no poder
das cadernetas de poupança, na viabilidade da casa própria e carro do ano comprado com
crédito facilitado; ufanista do seu terno novo e da bela fachada da agência bancária próxima à
sua residência – assim como do supermercado inaugurado há pouco – para sua maior
comodidade. Este homem convicto do progresso de seu país, que faz dele o cidadão participante
de um novo sonho, endividado e angustiado, assoberbado de trabalho e desejos de ascensão. O
filho calouro na faculdade de fim de semana, a mulher pedindo um segundo carro, a filha de
cabelos cortados à “Pigmaleão 70”, a sogra orgulhosa da nova tevê em cores, a geladeira cheia de
embalagens coloridas – margarina da moda em vez de manteiga, iogurte com frutas, pudim de
pacote, tudo mais sedutor e quem sabe um pouco mais barato?
O homem permanentemente insatisfeito cuja participação no processo político do país ficou
limitada a concordar ou não com os apelos da AERP ou com as mensagens editoriais do Jornal
Nacional. O homem desentendido que perdeu em um curto período de tempo a imagem de seus
país tal como o concebia há dez ou quinze anos atrás (uma imagem carregada de valores rurais,
ainda que defasados em relação à época) e perdeu ao mesmo tempo seus canais habituais de
articulação com a comunidade – “canais” que vão do campinho de futebol de várzea à
participação sindical, da festa de rua às eleições diretas. A este brasileiro resta o consolo da festa
global, resta entrar em cadeia às oito da noite pelo Jornal Nacional, pela novela do momento (e
sendo mulher, mais despudorada desse tipo de envolvimento, quem sabe até enviar uma carta à
Janete Clair pedindo um final reconfortante?). A estehomem expropriado de sua condição de
ser político, resta a televisão como encarregada de reintegrá-lo sem dor e sem riscos à vida da
sociedade, al Lugar Onde as Coisas Acontecem. Pois este lugar é o próprio espaço da imagem
televisiva, e este é o principal papel que a rede líder em audiência representou na década. Ela é
O Veículo. Ela fala para estes brasileiros, como se falasse deles – sem deixar de considerar os
mais marginalizados economicamente, para quem acena a possibilidade de ser como eles. Ela
absorve e canaliza suas aspirações emergentes e, cúmplice, coloca no vídeo sua imagem e
dessemelhança, capitalizando seus desejos para o terreno do possível. Sendo que os limites do
possível também é ela quem condiciona sutilmente impondo, com a força da imagem, padrões
de comportamento, de identificação, de juízo a até mesmo um novo padrão estético compatível
com a nova fachada do país “em vias de desenvolvimento”.
(KEHL, Maria Rita. Um só povo, uma só cabeça, uma só nação. In Anos 70. Televisão. Rio de
Janeiro, Europa, 1980. p. 5-29)
 
 
Parte VI Ideologia e educação
 
1. Caráter ideológico das Teorias Pedagógicas
 A filosofia é muito importante para a pedagogia, pois acompanha de forma reflexiva os
problemas educacionais, a contribuição das ciências nesse campo.
As diversas contribuições teóricas que enriqueceram o sentido da educação e que ainda hoje se
destacam procuram demonstrara a realidade educacional e, a partir da consciência dos
problemas educacionais de seu tempo, o pedagogo estabelece objetivos realizáveis e eficazes.
Através das diversas correntes teóricas existentes no campo da educação, os valores da
sociedade são trabalhados. A seguir algumas correntes pedagógicas:
PENSAMENTO PEDAGÓGICO GREGO – A educação grega, o ensino era estimulado através
das competições, as virtudes guerreiras serviam para estimular a superioridade frente os povos
conquistados. Os gregos deram enorme valor à arte, à literatura, às ciências e à filosofia. A
educação do homem consistia na formação do corpo pela ginástica e na da mente pela filosofia e
as ciências, e na moral pela música e pelas artes. Poucos aprendiam a governar, pois apenas os
livres, os que tinham propriedade, pois os bem educados tinham de saber mandar e obedecer.
Apenas os gregos livres tinham acesso a educação e ao diálogo, já que a educação naquela época,
se dava através do diálogo. Os espartanos davam mais valor a ginástica e a educação moral,
voltada aos interesses do Estado. Enquanto nos atenienses existia um interesse maior pela
retórica e para o exercício da política. O estudo era dividido em escolas que ensinavam desde a
leitura do alfabeto até a retórica e a filosofia, passando pela filosofia e a educação física.
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO ROMANO – Roma e na Grécia, são sociedades escravistas,
onde o trabalho manual não é valorizado, e o trabalho intelectual é considerado trabalho da
aristocracia, que consiste numa pequena parcela da sociedade, os cidadãos livres. Seus estudos
eram na maioria das vezes humanistas, o que caracteriza o homem em todos os tempos e
lugares. Este estudo era dado na escola do “gramático”, que seguia algumas fases; ditado de
fragmento do texto, memorização deste, tradução da prosa em verso, expressão da mesma idéia
em diversas construções, análise das palavras e frases e composição literária. Assim se instruía a
elite romana.
Para os escravos não era permitido o direito de estudar, eram tratados como objetos, aprendiam
a fazer arte nas casas onde serviam. Os romanos impuseram o latim a numerosas províncias,
conquistaram a Grécia, que transmitiu a filosofia da educação aos romanos. Um nobre romano
deveria aprender coisas sobre a agricultura, a guerra e a política. Aos poucos a classe
aristocrática cede lugar a pequenos comerciantes, artesãos e para uma pequena classe de
burocratas. O Império sentiu a necessidade de escolas que preparassem administradores, já que
para a guerra não havia necessidade de escola, os quartéis ou a própria guerra resolviam o
problema. O Estado se ocupa diretamente da educação, treinando supervisores-professor cujo
regimento se parecia com os militares. A educação romana era utilitária e moralista, organizada
pela disciplina e justiça.
Dessa forma os romanos conquistaram um grande Império, fazendo escravos os povos por eles
vencidos.
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO MEDIEVAL – A igreja cristã dá o ponto de partida para esse
pensamento pedagógico. Cristo foi um grande educador, popular e bem sucedido. A partir de
Constantino, o império adotou o cristianismo como religião oficial, e fez pela primeira vez a
escola tornar-se o aparelho ideológico do estado. Surge um novo tipo histórico de educação,
uma nova visão do mundo e da vida, as culturas precedentes foram substituídas pelo poder de
Cristo. Foi criada uma educação par ao povo que consistia numa educação catequética e
dogmática e outra educação para o clérigo humanista e filosófica teológica. Os estudos
medievais compreendiam, o Trivium (Gramática, dialética e teórica) e o Quadrivium
(Aritmética, geometria, astronomia e música). Da briga entre cristãos e árabes inicia um novo
tipo de vida intelectual chamada escolástica, que procura conciliar a razão histórica com a fé
cristã. O maior idealizador desta escola foi São Tomás de Aquino, que afirmava que a educação
habita o educando a desabrochar todas as suas potencialidades, operando assim a síntese entre
a educação cristã e a educação greco-romana. As classes trabalhadoras tinham as educações
orais, transmitidas de pai para filho. A igreja não se preocupava com a educação física,
considerava o corpo pecaminoso. Os jogos ficavam por conta da educação do cavaleiro.
Na Idade Média foram criadas as universidades de Paris, Bolonha, Saleno, Oxford, Hedelberg e
Viena.
 
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO ORIENTAL – Os valores da tradição, da não violência e da
meditação ligados à religião, foi onde firmou-se a transmissão de conhecimento segundo o
Oriente. A doutrina pedagógica mais antiga é o Taoísmo, uma espécie de panteísmo no qual os
princípios recomendam uma vida pacata e tranqüila. Confúcio criou um sistema moral que
cultuava os mortos e que mais tarde tornou-se religião. Ele idealizava famílias patriarcas onde o
pai comparado a um governante centralizava todo o conhecimento desconsiderando todo o
saber e inteligência dos filhos. A educação Hinduísta tendia para a reprodução e contemplação
da casta, dividem a mesma profissão bem como a mesma religião, os casamentos são realizados
entre si. Exaltavam o espírito repudiando o corpo. Aqueles que eram excluídos da sociedade,
bem como as mulheres, não tinham acesso a educação. Os egípcios foram os primeiros a tomar
consciência da importância da arte de ensinar. Criaram casas de instrução onde ensinavam a
leitura, a história dos cultos, a astronomia, a música e a medicina. Poucas informações deste
período foram preservadas. O povo que mais conservou informações sobre sua história, foram
os hebreus, deixando como herança para o mundo um conjunto de doutrinas, tradições,
cerimônias religiosas e preceitos que ainda hoje são seguidos.
De maneira geral os ensinamentos primitivos ocorreram de maneira semelhante entre muitos
povos, marcados pela tradição e pelo culto aos velhos. O tradicionalismo pedagógico é
determinado por tendências religiosas diferentes. Na comunidade primitiva a educação
provinha da própria comunidade, essa se dava através da vida e para a vida. A criança aprendia
no seu próprio dia a dia. Em fim a escola era a própria aldeia.
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO CRÍTICO – Depois de duas guerras mundiais, os
existencialistas e fenomenologistas se perguntavam o que estava acontecendo de errado com a
educação. Entre os maiores críticos, está o filósofo Louis Althusser e os sociólogos, Pierre
Bordieu e Jean Claude Passeron, cujas obras tiveram grande influência no pensamento
pedagógico brasileiro na década de 70. Elas demonstraram o quantoa educação reproduz a
sociedade.
 
Pensamentos dos principais idealizadores do Pensamento Pedagógico Crítico:
· Louis Althusser: A escola-família substitui o binômio igreja-família como aparelho ideológico
dominante. É a escola obrigatória durante muitos anos, na vida do ser humano.
· Bordieu e Passeron: Para eles, toda ação pedagógica é objetivamente uma violência simbólica
enquanto imposição, por um poder arbitrário. A ação pedagógica tende à reprodução cultural e
social simultaneamente.
· Baudelot e Establet: Empreenderam um estudo profundo do sistema escolar, destruindo a
representação ideológica da escola única. Dizem que existe na verdade, duas redes escolares, a
secundária-superior, reservada para a classe dominante, e a primária-profissional reservada
para as classes dominadas.
 
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO ANTIAUTORITÁRIO – Dentre os autores que seguem esta
linha de pensamento pedagógico, foram destacados:
Francisco Ferrer Guardiã (1859 – 1909) que tinha como objetivo abolir da escola todo o
instrumento de repreensão e violência, sua tarefa seria preparar os futuros revolucionários, a
ação pedagógica que ele teoriza a existência da disciplina artificial que é regada pelo
autoritarismo cego, e uma disciplina natural que propõe encontrar um consenso.
Alexander S. Neill (1883 – 1973) que se tornou conhecido no Brasil, através de seus livros
“Liberdade sem medo”, “Liberdade sem excesso”, “Liberdade no lar”, Liberdade na escola” e
“Amor e juventude”. Ele acreditava que a missão do professor era a de estimular o pensamento
da criança, que a dinâmica interna da liberdade se encarregaria de proporcionar as mais ricas e
variadas formas de vivência.
Celestin Freinet (1896 – 1966) afirmava que na medida em que organizamos o trabalho, teremos
resolvido os principais problemas de ordem e disciplina: não de uma ordem e uma disciplina
formal e superficial, que não se mantém senão por um sistema der sanções, previsto como uma
camisa-de-força que pesa tanto a quem recebe como ao mestre que a impõe.
E finaliza com Henry Wallon (1879 – 1962) que enfatizava que o desenvolvimento da criança
decorre em etapas, sendo cada etapa caracterizada por uma atividade preponderante, ou
conflito que a criança deve resolver. O desenvolvimento acontece de modo descontínuo, uma vez
que as crises evolutivas que resultam na reestruturação da conduta infantil não são lineares nem
uniformes.
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO RENASCENTISTA – O pensamento pedagógico
Renascentista influenciou diretamente a educação através da teoria heliocêntrica, defendida por
Copérnico (1473 – 1543). A educação Renascentista visava a formação do homem burguês.
Como principais educadores Renascentistas, foram citados:
Vittorino da Feltre – que defendia uma educação individualizada, o auto governo do aluno e a
competição;
Erasmo Desídoro – para ele, o verdadeiro caminho deveria ser criado pelo homem, enquanto ser
inteligente e livre;
Juan Luis Vives – foi um dos primeiros a solicitar uma remuneração para os professores;
Michel de Motaigne – ele acreditava que as crianças devem aprender o que farão quando
adultos;
Martinho Lutero – para ele a exaltação Renascentista do indivíduo de seu livre arbítrio, tornara
inevitável a ruptura no seio da igreja. Iniciou a Reforma Protestante, que foi considerada como a
primeira grande revolução burguesa.
 
 O PENSAMENTO PEDAGÓGICO POSITIVISTA (Escola Tradicional) – O pensamento
pedagógico positivista consolidou a concepção burguesa da educação. Seu maior expoente foi
Augusto Comte (1798 – 1857), que tem como principal obra o “Curso de filosofia positiva”,
publicado em 1830 e 1842. Comte combateu o espírito religioso, mas acabou propondo a
instituição do que chamou “religião da humanidade” para substituir a Igreja. Segundo ele, a
humanidade passou por três etapas sucessivas: o estado teológico, durante o qual o homem
explicava a natureza por agentes sobrenaturais; o estado metafísico, no qual tudo se justificava
através de noções abstratas como essência, substância, causalidade, etc; e o estado positivo, o
atual, onde se buscam as leis científicas.
Herbert Spencer (1820 – 1903) discípulo de Comte, deixou de lado a concepção religiosa do
mestre e valorizou o princípio da formação científica na educação.
Um dos principais expoentes na sociologia da educação positivista foi Émile Durkhein (1858 –
1917), que considerava a educação como imagem e reflexo da sociedade. A pedagogia seria uma
teoria da prática social. Para os pensadores positivistas, a libertação social e política passava
pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia, sob o controle das elites. O positivismo nasceu
como filosofia, portanto interrogando-se sobre o real e a ordem existente, mas, ao dar uma
resposta ao social, afirmou-se como ideologia. A expressão do positivismo no Brasil inspirou a
Velha República e o golpe militar de 1964. Segundo essa ideologia da ordem, o país não seria
mais governado pelas “paixões políticas”, mas pela racionalidade dos cientistas desinteressados
e eficientes: os tecnocratas.
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO DO TERCEIRO MUNDO – O pensamento pedagógico do
Terceiro Mundo é originário de experiências educacionais dos países colonizados, como os da
América Latina e os da África. Na luta pela sua emancipação, estes países constituíram uma
teoria original. A Europa colonizou os dois continentes, dividindo territórios e tornando estes
países cada vez mais dependentes e subdesenvolvidos. Os colonizadores combateram a
educação e a cultura nativa impondo seus hábitos e costumes e escravizando os nativos de cada
região.
Na África, os colonizadores impuseram uma única língua estrangeira a fim de catequizá-los e
uni-las numa religião universal, sendo que este programa não deu certo porque a tradição
européia era calcada no valor da palavra escrita, ao passo que a tradição africana é dominada
pela oralidade.
Nos anos 70, com a libertação dos países africanos, foram feitas enormes campanhas de
alfabetização, consideradas um fracasso pelos europeus. Mesmo desacreditados, os africanos
obtiveram grandes resultados. Estas campanhas visavam a incorporação dessas massas num
projeto nacional e o fortalecimento do povo como animador coletivo da educação.
PENSAMENTO PEDAGÓGICO MODERNO - Nos séculos XVI e XVII, a sociedade passou por
mudanças significativas, houve a queda do modo de produção feudal. Na educação houve
muitas mudanças, pois o que era ensinado foi considerado obsoleto, alguns filósofos fizeram
grandes descobertas na área da educação, deram um novo ordenamento às ciências. Os
principais filósofos que tiveram maior ascensão nesta época foram:
– René Descartes, que escreveu o “Discurso do Método”, que consistia em quatro grandes
princípios, tais como: jamais tomar alguma decisão sem conhecê-la evidentemente como tal;
dividir todas as dificuldades quantas vezes forem necessários antes de resolvê-las; organizar os
pensamentos começando pelas mais simples até as mais difíceis; e fazer uma revisão geral para
não omitir nada.
– João Amos Comênio, escreveu a “Didática Magna”, considerada como método pedagógico
para ensinar com rapidez. Dizia que a escola ao invés de ensinar palavras, deveria ensinar o
conhecimento das coisas.
– John Locke, combateu o inatismo, dizendo que nada existe em nossa mente que não tenha
origem em nossa mente.
– Francis Bacon, divide as ciências e ainda diz que saber é poder sobre tudo.
O PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO – O pensamento pedagógico teve grande ajuda
dos jesuítas, que difundiram nas classes populares a religião subserviência, da dependência ao
paternalismo, características marcantes da cultura brasileira até os dias de hoje. O primórdio da
educação brasileira foi Rui Barbosa, que pregava a liberdade de ensino, a instrução obrigatória,
este se inspirou no sistema educacional da Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.
Paulo Freire, foi o maior contribuinte da alfabetização de jovens

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