Buscar

TGPp3_Autonomia do direito processual

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
FACULDADE DE DIREITO
TEORIA GERAL DO PROCESSO 
Tema 03 - 	Direito Processual e Direito Material. Autonomia do Direito Processual. O Exercício Jurisdicional. Teorias unitária e dualista (noções).
AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL 
Para melhor compreendermos o direito processual como segmento autônomo da ciência do direito, tomemos o pensamento esposado por Amaral Santos, segundo o qual “uma coisa é o processo, outra, o interesse que se visa proteger, ou o conflito de interesses que por ele se compõe”.
Com efeito, o processo é o instrumento da jurisdição pelo qual se compõem as lides. Os interesses, juridicamente protegidos pelos vários ramos do direito material, inclusive pela Constituição, constituem direitos amparados por lei; o mesmo que dizer interesses tutelados.
Os interesses conflitantes são regulados pelo próprio direito material, que não só expressa tutela a direitos, mas também estabelece garantias dessa tutela, estabelecendo sanções.
De nada adiantaria haver a norma material que tutela o direito, estabelecendo as garantias, não houvesse o direito processual para atuar independentemente como o único instrumento capaz de oferecer, ao Estado, por via da jurisdição, as reais condições de compor os conflitos, dizendo do direito, e fazendo cumprida a sua decisão definitiva, de modo compulsório.
O direito processual regula, por seu turno, com autonomia, o “ modus faciendi ” do proceder da jurisdição. É o instrumento do Estado na distribuição da justiça, pela jurisdição, até alcançar o objetivo final de dar a cada um o que de direito lhe pertence. É a atividade do Poder Judiciário na instauração “lis judicium” pela relação processual, donde emergem as figuras dos sujeitos do processo, que faz atuar o direito substancial no caso concreto, sempre que feneça a força do direito objetivo.
Assim, pois, pode-se afirmar que os princípios e normas que informam o direito processual, são de natureza instrumental.
Dessa forma, também distingue-se o direito substancial (civil, comercial, administrativo, penal, etc.), do direito processual, porque enquanto este DIZ DO DIREITO, pela jurisdição, aquele DIZ O QUE É LICITO FAZER OU DEIXAR DE FAZER, indicando sanções para garantir as suas prescrições.
Precipuamente dessas distinções compreende-se o processo como ramo autônomo do direito, “maxime” em razão do que anteriormente já foi examinado.
O tópico seguinte evidencia, mais ainda, essa autonomia.
DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL
Cabe ao Estado regular as relações intersubjetivas por duas vias de atribuições que lhe são próprias e exclusivas, ou sejam as funções legislativas e jurisdicionais. Essas funções são atributos da soberania.
Pela função legislativa o Estado cria o direito, legislando. Em regra, a fonte do direito positivo é a lei assim criada. A norma legal, de direito material, regula as relações entre as pessoas e destas com o Estado, como pessoa jurídica, estabelecendo regras de conduta, dizendo o que é lícito fazer ou deixar de fazer, ao tempo em que, igualmente, dispõe sobre aquilo que não é lícito, prescrevendo sanções, penalizando os infratores da norma, pelo que pressupõe direitos, proibições, faculdades, poderes, ônus, obrigações e deveres, de forma genérica e abstrata. Não se personaliza. Retrata modelos de condutas “in abstrato”. É o que se denomina de direito objetivo. Assim, abstratamente, também, tipifica condutas e atos considerados ilícitos, estabelecendo penas ou dispondo obrigações decorrentes desses atos, para a reposição do direito atingido pelo ilícito.
A relação obrigacional entre pessoas, tutelada pelo direito material, é de direito privado sempre que disser respeito a interesses privados.
Quando o preceito genérico da lei incide sobre fatos, ajustando-se o fato ao modelo normativo, surge a personalização do direito objetivo, como realidade concreta.
A função jurisdicional tem como finalidade maior administrar justiça, dando a cada um o que por direito lhe pertence ou seja devido, dizendo a vontade da lei que incidiu sobre os fatos, compondo conclusivamente os conflitos de interesses trazidos a juízo.
Torna, por isso mesmo, efetiva a ordem jurídica, pela jurisdição, tutelando os direitos subjetivos, de modo imperativo, ou bem seja, pelo Órgão que a exerce, o Juiz, provocado, por exemplo, pela ação civil ou penal. Este examina a incidência da lei sobre os fatos relevantes da lide dizendo, afinal, a vontade concreta da lei, fazendo-a atuar, ou negando a pretensão quando os fatos comprovados não se ajustaram à previsão da norma aplicável.
Assim, declara ou denega o direito subjetivo das partes. Afirmado o direito ou configurado o ilícito, tutela por ato sentencial a pretensão do demandante, ou seja, o pedido deste, que lhe foi endereçado, restabelecendo o direito lesado ou ressarcindo-o por meio da sanção prevista, sujeitando a parte vencida, ou condenada, ao cumprimento da obrigação, ou a submissão à pena que lhe foi imposta.
Para isso serve-se, o Estado-Juiz, do processo legal, instrumento jurídico pelo qual faz justiça, exercendo a função jurisdicional. É, desse modo, o processo, o meio jurídico pelo qual o Juiz exerce a sua atividade judicante.
Mas, o Juiz ordinariamente só atua provocado pela parte que, dando-se como desatendida em interesse legítimo seu, subordinante ao interesse contrário da outra parte, pede a tutela jurisdicional por via do processo.
É, assim, a prestação jurisdicional do Estado, para acolher a pretensão que, por sua vez, se enquadra e decorre de outra relação jurídica entre o que requer a ação e o réu, apontado este como parte legítima à submissão desejada. Trata-se, neste caso, de uma relação direta entre o autor e o réu (relação de direito material).
O EXERCÍCIO JURISDICIONAL 
Desse modo, compreendemos que a jurisdição é exercida no processo que, por sua vez, envolve uma outra relação jurídica (de direito processual) que se desenvolve entre o autor, que provoca a atuação do Juiz; o Juiz que detém a função jurisdicional do Estado; e o réu que é chamado ao processo para defender-se ou prestar obrigação certa. Essa relação é de direito público, uma vez que uma das partes, precisamente aquela a que se atribui o poder-dever de julgar, representa o Estado no exercício de uma das funções inerentes à soberania. Daí decorre o interesse público, resultante dos próprios objetivos da jurisdição. Assim, pois, essa relação jurídico-processual é autônoma, de direito processual, regrando também direitos, obrigações, deveres, ônus, sujeições e faculdades e poderes distintos, entre a parte autora, o juiz e o réu.
Inicia-se a relação processual com a provocação do autor, ao Juiz, pela ação (exercício do direito de agir), e finda-se com a prestação jurisdicional completa, ou bem seja com a sentença transitada em julgado e o cumprimento do “decisum”, sem o que não há prestação jurisdicional completa.
No entanto, como dito, se agita no processo, para exame e julgamento, uma outra relação jurídica ligando o autor ao réu, de cuja relação é o Juiz pessoa imparcial e completamente desinteressada, porque dela não participa. É esta relação de direito material. Esta relação qualifica a ação, sendo o objeto da sentença de julgamento da lide, onde examinam-se os fatos relevantes da causa, declara-os ou os nega conforme a vontade da lei que sobre eles incidiu. O Juiz faz atuar a lei, individualizando a norma abstrata, pela sua adequação a fatos concretos. Verifica a previsão da lei. Esse acontecer, definindo uma relação de direito material, compondo o conflito de interesses entre o autor e o réu, se realiza no processo que também se desenvolve por via de uma relação mais ampla envolvendo, como visto, além das partes demandantes e demandada, o Juiz e a própria relação de direito material que passa a se submeter de forma conclusiva e completa.Ajuizada a Ação e durante o curso processual, os direitos subjetivos da parte autora apresentam-se como mera expectativa, posto que o seu pretenso titular não tem direito a uma sentença que lhe seja favorável e sim a um julgamento justo. A sua existência, porém, em caso de procedência da ação, só se efetiva de maneira certa e conclusiva, com o trânsito em julgado da decisão. Esta, todavia, não cria o direito positivo. Antes atua o direito material (positivo), dizendo a vontade concreta da lei, de forma irretratável, “ex-vi” das provas que forem carreadas para o processo, e tão somente assim. Isto é verdade processual. Por tudo isso pode, o direito declarado na sentença ou a sua negação, encontrar-se em desacordo com a verdade real.
Vejamos como se posicionam Ada Pellegrini e seus Pares, quando prelecionam derredor do direito material e do direito processual:
“Direito material e direito processual
	Caracterizada a insatisfação de alguma pessoa em razão de uma pretensão que não pôde ser, ou de qualquer modo não foi satisfeita, o Estado poderá ser chamado a desempenhar a sua função jurisdicional; e ele o fará em cooperação com ambas as partes envolvidas no conflito ou com uma só delas (o demandado pode ficar revel), segundo um método de trabalho estabelecido em normas adequadas. A essa soma de atividades em cooperação e à soma de poderes, faculdades, deveres, ônus e sujeições que impulsionam essa atividade dá-se o nome de processo.
	E chama-se direito processual o complexo de normas e princípios que regem tal método de trabalho, ou seja, o exercício conjugado da jurisdição pelo Estado-juiz, da ação pelo demandante e da defesa pelo demandado.
	Direito material é o corpo de normas que disciplinam as relações jurídicas referentes a bens e utilidades da vida (direito civil, penal, administrativo, comercial, tributário, trabalhista, etc).
O que distingue fundamentalmente o direito material e o direito processual é que este cuida das relações dos sujeitos processuais, da posição de cada um deles no processo, da forma de se proceder aos atos deste – sem nada dizer quanto ao bem da vida que é o objetivo do interesse primário das pessoas (o que entra na órbita do direito substancial).
 Direito processual é, assim, do ponto-de-vista de sua função puramente jurídica, um instrumento a serviço do direito material: todos os seus institutos básicos (jurisdição, ação, exceção, processo) são concebidos e justificam-se no quadro das instituições do Estado pela necessidade de garantir a autoridade do ordenamento jurídico. O objeto do direito processual reside precisamente nesses institutos e eles concorrem decisivamente para dar-lhe sua própria individualidade e destingi-lo do direito material.”
 
 - obra citada, pag. 40 -
TEORIAS UNITÁRIA E DUALISTA
Diante desse fenômeno da vida do processo, duas correntes de pensamento surgem tomando posições metodológicas, no estudo científico do direito processual, em relação ao direito material.
Teoria Dualista.
Para a teoria dualista, defendida por Chiovenda, a ordem jurídica bifurca-se em dois segmentos distintos: o direito material e o direito processual . 
O direito material regularia genericamente as relações intersubjetivas, privadas, ou mesmo de interesse público, apresentando os modelos de atuação que se concretizariam ao incidirem sobre fatos. Assim, teriam vida e realidade fora do processo, independente de ato do Juiz. Seriam os direitos subjetivos personalizados.
O direito processual teria como escopo a garantia das instituições jurídicas, no interesse público, e a tutela jurisdicional desses direitos, individuais ou coletivos, negados, lesados ou ameaçados, e observado contudo, o seu regramento (do direito material).
Teoria Unitária.
Para Carnelutti, porém, defendendo a teoria unitária, o direito objetivo não tem condições de previsão disciplinar para todos, ou no todo, os conflitos de interesses que possam surgir na sociedade, sendo necessário o recurso às vias judiciais, ao processo portanto, para a complementação da prescrição normativa. E afirma: “O comando contido nesta é incompleto, é como se fosse um arco que a sentença completa, transformando-o em um círculo”. Desse modo, o processo participa na criação de direitos materias subjetivos, os quais só se efetivam quando respaldados em uma sentença.
Entretanto, claro se apresenta a dicotomia da teoria dualista. O Juiz, no exercício da função jurisdicional, diz a vontade concreta da lei. Isto é, a vontade da lei que incidiu sobre os fatos. Por isso mesmo, declara o direito a eles preexistente. Não cria o direito porque, a criação deste, se enquadra na função legislativa destinada a outro Poder do Estado. O Juiz interpreta a letra da lei dando realidade a vontade nela implícita ou explícita; ou mesmo quando julga por analogia, princípios gerais do direito e pela isonomia, ou mesmo pelos costumes.
Observe-se ainda que as relações interpessoais, tuteladas pelo direito material se realizam e se completam, em maior parte, sem a intervenção da atividade jurisdicional.
_________________________________________________________
APOSTILA DE RESPONSABILIDADE DO PROFº. LUIZ SOUZA CUNHA.
AUTORES CITADOS E CONSULTADOS
Vicente Greco Filho	 	 Direito Processual Civil Brasileiro
	 1º Volume - 10ª Edição - 1995
Moacyr Amaral Santos	 Primeiras Linhas de Direito Processual Civil
	 1º Volume - 15ª Edição
José Frederico Marques	 Manual de Direito Processual Civil
	 1º Volume - 13ª Edição
Antonio Carlos de A. Cintra	 Teoria Geral do Processo
Ada Pellegrini Grinover	 14ª Edição - 1998
Cândido R. Dinamarco
Atenção:	A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica.
	
Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno.
	
Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores.
Atualizada em março/2010
�PAGE �4�
TGPp3_Autonomia do Direito Processual

Outros materiais