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TGPp4_Jurisdição

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
FACULDADE DE DIREITO
TEORIA GERAL DO PROCESSO
 TEMA 04 - 	Jurisdição. Conceito. Noções históricas. Objetivos principais. Princípios. Ação. Processo e Procedimento. 
JURISDIÇÃO. CONCEITO .NOÇÕES HISTÓRICAS
Etimologicamente, jurisdição significa: dizer do direito, declarar o direito. Procede do latim IUS DICERE. No sentido jurídico, num entendimento de maior amplitude, aplica-se o vocábulo não somente para compreender o poder do Estado de declarar o direito de cada um, nas lides judiciárias, mas também o poder de fazer cumprir a sua declaração. É, em suma, o poder de conhecer o litígio, processar e julgá-lo e de fazer cumprir o “decisum”, administrando justiça, dando à parte o que de direito lhe pertence.
Desse modo, sintetiza-se a jurisdição como o poder atribuído ao Estado para julgar as lides judiciárias e para fazer cumprir o julgado, compulsoriamente, pelos seus Órgãos constitucionalmente competentes.
Esse poder, de declarar o direito de cada um, portanto, é um atributo da soberania, delegado à magistratura em longo período de evolução histórica. Isto já foi dito, enfatizado na afirmativa de que a justiça é do rei. Num dado momento histórico, o próprio soberano julgava os conflitos de interesses porquanto o rei era o juiz dos seus súditos. E sua vontade, expressada no julgamento, era definitiva porque pressupunha-se espelhar de modo irretocável a verdade e a justiça. Esteiava-se na convivência política de que palavra de rei não volta atrás. Não havia, assim, um segundo grau de jurisdição. 
Posteriormente, pouco a pouco, esse poder foi sendo delegado a outras autoridades, dando origem aos juizes do rei e, afinal, à magistratura. Nesse sentido, bem sintetiza Amaral Santos quando preleciona :
“Esta função do Estado é própria e exclusiva do Poder Judiciário. É ele, dentro dessa função, que atua o direito objetivo na composição dos conflitos de interesses ocorrentes.
	É a função do Estado desde o momento em que, proibida a autotutela dos interesses individuais em conflito, por comprometedora da paz jurídica, se reconheceu que nenhum outro poder se encontra em melhores condições de dirimir os litígios do que o estado, não só pela força de que dispõe, como por nele presumir-se interesse em assegurar a ordem jurídica estabelecida.
	
Em outros tempos, é verdade, era função do Rei, em cujo poder estava o de fazer justiça. Assim, em Roma, nos seus dias remotos, pelo Rei diretamente, ou em seu nome, por seus delegados ou funcionários, exercia-se essa função no período da cognoticio extraordinária romana e, ainda, na Alta Idade Média, ao despontar dos tempos modernos. Na Roma Clássica, no sistema formulário, aos magistrados superiores, mais especificamente aos pretores, cumulativamente com as funções de legislar e administrar, cabia o ius dicere. Entre os povos germânicos, ao conquistarem Roma, e ainda por largo tempo, a jurisdição pertencia ao povo, que deliberava nas assembléias populares. Mas o rei, os magistrados, seus delegados e funcionários, e bem assim o povo, personificavam ou representavam o poder soberano, em que se compreendia a jurisdição. Função do Estado, portanto. ” 
 - Obr. cit. pág. 67, vol 1º -
Em largo período histórico, com o descambar das monarquias absolutas, após a Revolução Francesa, foram se delineando e definindo as funções do estado, separadamente, racionalizando-se com Montesquieu, através da sua obra O Espírito das Leis . A tripartição dos poderes do Estado em legislativo, executivo e judiciário, emergiu como postulado inalienável da democracia liberal, triunfante com a revolução.
Ocorreu, assim, de início, a separação dos poderes do Estado, formando-se os órgãos a que se atribuía as funções independentes e harmônicas. Desatendia-se ao conceito de soberania que era indivisível e, por isso, incompatível com a idéia de separação, em órgãos independentes. O que de fato houve foi a separação de atribuições imanentes do poder de império, em órgãos distintos, elevados à categoria de Poderes do Estado, com atuação interdependente, sem que isto comprometesse a soberania.
A função precípua e específica de cada um desses poderes passou a modificá-los, cabendo ao executivo governar, administrando a coisa publica e executando as leis; ao legislativo legislar, criando o direito objetivo; e ao judiciário julgar, aplicando a lei aos casos contenciosos.
Vale salientar, entretanto, como bem diz Castro Neves, que a função específica de cada um dos poderes do Estado, não se exaure no órgão por ela modelado. Trata-se, assim, de função principal e específica, podendo cada órgão, todavia, praticar atos e funções de outra natureza atribuída aos outros poderes sem que haja, com isso, invasão de competência, cujos limites encontram-se estabelecidos na lei constitucional.
E assim aconteceu e acontece porque a justiça, como bem comum e geral visa, tanto assegurar a paz jurídica, como os direitos individuais e a ordem social, o que só pode ser alcançado pelo Estado como poder soberano. Isto é, com força de império para, autoritativamente, fazer cumprir a vontade concreta da lei, afirmada na sentença.
Importante comentarmos, também, o conceito de Ada Pellegrini e seus Pares, acerca da jurisdição:
“Conceito de jurisdição
	Da jurisdição, já delineada em sua finalidade fundamental no cap. 2, podemos dizer que é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça. Essa pacificação é feita mediante a atuação da vontade do direito objetivo que rege o caso apresentado em concreto para ser solucionado; e o Estado desempenha essa função sempre mediante o processo, seja expressando imperativamente o preceito (através de uma sentença de mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o preceito estabelece, (através da execução forçada).
	Que ela é uma função do Estado e mesmo monopólio estatal, já foi dito; resta agora, a propósito, dizer que a jurisdição é, ao mesmo tempo, poder, função e atividade. Como poder, é manifestação do poder estatal, conceituado como capacidade de decidir imperativamente e impor decisões. Como função, expressa o encargo que têm os órgãos estatais de promover a pacificação de conflitos interindividuais, mediante a realização do direito justo e através do processo. E como atividade ela é o complexo de atos do juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo a função que a lei lhe comete. O poder, a função e a atividade somente transparecem legitimamente através do processo devidamente estruturado (devido processo legal).”
......................................................................................................................................................
“Caráter substitutivo
	Exercendo a jurisdição, o Estado substitui, com uma atividade sua, as atividades daqueles que estão envolvidos no conflito trazido à apreciação. Não cumpre a nenhuma das partes interessadas dizer definitivamente se a razão está com ela própria ou com a outra; nem pode, senão excepcionalmente, quem tem uma pretensão invadir a esfera jurídica alheia para satisfazer-se. A única atividade admitida pela lei quando surge o conflito é, como vimos, a do Estado que substitui a das partes.
	Essa proposição, que no processo civil encontra algumas exceções (casos raros de autotutela, casos de autocomposição), é de validade absoluta no penal: nunca pode o direito de punir ser exercido independentemente do processo e não pode o acusado submeter-se voluntariamente à aplicação da pena (sobre a abertura constitucional para a conciliação em matéria penal, v.supra nn.6-7).
	As atividades do Estado são exercidas atravésde pessoas físicas que constituem seus agentes, ou seus órgãos (o juiz exerce a jurisdição, complementada sua atividade pelas dos órgãos auxiliares da Justiça). E, como essas pessoas não agem em nome próprio mas como órgãos do Estado, a sua imparcialidade é uma exigência da lei; o juiz ou auxiliar da Justiça (escrivão, oficial de justiça, depositário, contador), que tiver interesse próprio no litígio ou razões para comportar-se de modo favorável a uma das partes contrariamente à outra (parentesco, amizade íntima, inimizade capital ) não deve atuar no processo: v CPC, arts. 134, 135 e 312; CPP, arts. 95-103, 252, 254.”
 					 	 	- obra citada, pags. 129/131 -
Principais objetivos da jurisdição :
a) assegurar o respeito ao direito objetivo;
b) assegurar a paz social e jurídica;
c) tutelar os direitos privados ; e
d) garantir a liberdade, a propriedade e a dignidade das pessoas.
Esses objetivos se afirmam como deveres do Estado, colimando os seus próprios fins.
Cuida-se de uma função estatal de natureza essencialmente político-jurídica cujo objetivo maior, sem dúvida, é assegurar a paz social e jurídica, pelo respeito ao direito objetivo. 
Espécies de jurisdição:
 CONTENCIOSA
 C I V I L
 ( art. 1º do CPC)	 VOLUNTÁRIA
 JURISDIÇÃO 	 
 GERAL
 		 COMUM 
 JURISDIÇÃO P E N A L	
 		 MILITAR
 CONTENCIOSA ADMINISTRATIVA
 JURISDIÇÃO 
 ESPECIAL ESPECIALÍSSIMA
Jurisdição Geral - Cabe exclusivamente ao judiciário. É a sua função específica, subdividindo-se em jurisdição civil e penal, conforme a natureza material do direito que aplica. Ainda a jurisdição civil pode ser voluntária e contenciosa, enquanto que na penal pode ser comum ou militar.
Na Jurisdição Voluntária não há propriamente um processo, mas sim um procedimento estabelecido por provocação do interessado, perante o Juízo Cível, sem qualquer conotação contenciosa, tanto mais quanto não se trata de litígio. Por isso, o Juiz, quando atua no procedimento da jurisdição voluntária, o faz como representante do Estado na administração do interesse privado. É a função administrativa do judiciário. (vide arts. 1.103 “ usque” 1.210 do CPC - alienações judiciais, separação consensual, testamentos, confirmação do testamento particular, execução dos testamentos, herança jacente, bens dos ausentes, coisas vagas, curatela e interditos, etc). 
A Jurisdição Contenciosa visa o julgamento das lides judiciárias. Objetiva a composição de conflitos de interesses, segundo a vontade da lei. Aí há processo e procedimento.
A Jurisdição Especial foge à competência específica do Poder Judiciário. É atribuída a outros órgãos do Estado, pela Constituição, podendo ser contenciosa administrativa e especialíssima.
O sistema constitucional que adotamos atribui ao judiciário toda a função jurisdicional contenciosa ou voluntária. Filia-se ao princípio que pressupõe concentração jurisdicional nas vias judiciárias, com as mínimas exceções dos Tribunais de Contas e Juizes anômalos. Daí dispor a C.F., expressamente, no Capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais, que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” e que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito ” (art. 5º, II e XXXV).
A Jurisdição é fundamentada em três princípios gerais que regulam o seu exercício, aprioristicamente, além de outros :
O Princípio da Investidura - determina que a função jurisdicional só pode ser exercida por quem dela se ache legalmente investido. A investidura do juiz se regula pela Constituição, observando-se a lei de organização judiciária, ou seja a lei orgânica da magistratura. São absolutamente nulos os atos jurisdicionais praticados por pessoa cuja investidura no cargo de juiz não seja legítima e, com melhores razões, quando inexiste investidura no órgão judicante.
O Princípio da Indelegabilidade da Função - a competência jurisdicional não pode ser delegada. O mesmo que dizer que o exercício da função jurisdicional é indelegável. Não pode o Órgão Jurisdicional ordinário ou especial, sejam os Juizes ou os Tribunais, delegar competência, observados os casos em que a própria Constituição Federal permite, a exemplo das disposições contidas nos arts. 102, I, m; e 109, §§ 3º e 4º, bem assim os casos de modificação de competência conforme previsto na legislação processual, inclusive nas leis orgânicas, como também as substituições.
O Princípio da Territorialidade - O mesmo que dizer do princípio da aderência da jurisdição ao território. A função judicante do juiz, no caso, é exercida em determinado limite territorial, variando a sua extensão segundo a hierarquia do Juiz, nunca, porém, além do território nacional. Jurisdição implica soberania, não podendo estender-se além dos limites territoriais desta (art. 1º do Código de Processo Civil). Saliente-se, também, os limites jurisdicionais das justiças dos estados-membros e tribunais federais.
Neste aspecto, há de se considerar o pluralismo, cingindo-se a jurisdição das justiças locais aos limites territoriais dos estados-membros de que sejam parte integrante.
Ainda em decorrência desse pluralismo, com justiças federais e estaduais, a jurisdição se limita também em razão da matéria e das pessoas, ou partes, quando seja autora, ré ou interveniente, a União. O mesmo ocorrendo com as justiças especiais, tais como a do trabalho e eleitoral.
A Ç Ã O
Todo aquele que tenha direito lesado por outrem, resistido, negado, ou ameaça de lesão, pode postular perante o judiciário, invocando a tutela jurisdicional, na busca de ver reparado o seu dano, ou garantido o seu direito.
A tutela jurisdicional é garantia expressa na Constituição da República, “ ex-vi ” do seu art. 5º, XXXV e LIV, quando declara que “ a lei não excluirá de apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito ”, e que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Estes preceitos constitucionais não só asseguram a tutela do Estado para o caso expresso no direito material, mas também o faz em relação ao direito objetivo não expresso. Conquanto que, aquele que se julgue lesado ou ameaçado, no seu direito, solicite a tutela jurisdicional, porquanto instalado está o litígio, evitando que cada qual promova a autotutela, de modo a deixar para o Estado, que se substitui aos titulares nas suas atividades, o encargo de compor a situação litigiosa, mediante instauração do devido processo legal.
Esclarecendo, toda pessoa que se julgue lesada, ou ameaçada, no seu interesse juridicamente protegido tem o direito de invocar a jurisdição do Estado, instaurar o processo e pedir a tutela jurisdicional. A esse direito se dá o nome de Ação.
É bom fique esclarecido que “ a ação não é direito à tutela jurisdicional,mas apenas o direito de pedir essa tutela ”. Isto porque, a título de exemplo, quando o autor promove a ação, a petição inicial autuada e formalizada já é processo, mas o juiz poderá extingui-lo sem a composição do litígio na conformidade do art. 267, incisos IV e VI, do Código de Processo Civil - CPC :
“	Quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;”
- “	Quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual.”
Sendo a finalidade da tutela jurisdicional a composição da lide, evidentemente que quando ocorre qualquer hipótese dos incisos IV e VI mencionados, e por exemplos, há o exercício do direito de ação, sem a presença da tutela jurisdicional ao direito dito lesado.
No pedido de ação jurisdicional, (exercício do direito de ação), há um outro pedido que é, justamente, aquele pedido para que o juiz satisfaça o que é pretendido pelo autor da ação, cujo direito deve ser reparado na tutela jurisdicional, pelo autor da lesão.
Essa afirmativa se encontra, em parte, expressa no CPC, art. 269, I , preceituando que “há resolução do mérito: quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor ” .
No dizer de Frederico Marques, “ação é direito abstrato, porquanto se trata de direito subjetivo cuja existência independe do resultado obtido. Exercendo a ação, o litigante pede a intervenção jurisdicional do Estado para dar acolhimento a uma pretensão. O pedido pode ficar desatendido logo na primeira etapa, por inadmissível, in casu, a prestação jurisdicional, sem que, com isso, tenha deixado de existir o ius actionis, o qual seu titular exerceu, ainda que improficuamente. A fortiori, houve ação e exercício do direito de ação se, atendido o pedido de prestação jurisdicional, não alcançou o autor o resultado favorável à sua pretensão”.
- Obr. cit. pág. 164, vol. 1º -
A ação é, também, o meio e o modo para se obter a tutela jurisdicional, no atendimento de uma pretensão. Constitui, assim, o instrumento de garantia de interesse juridicamente protegido.
Enquanto o órgão jurisdicional tem como escopo atuar independentemente visando a paz social e o respeito à ordem jurídica, dando a cada um o que por direito lhe pertence, a ação é o meio para a obtenção da tutela jurisdicional plena, visando a garantia do interesse juridicamente protegido.
A ação se exaure, se extingue, quando não há mais atos processuais a serem praticados. Quando o instrumento processual se conclui, atendida ou negada, pelo judiciário, a pretensão do autor, definitivamente está extinta a ação.
A ação, além de direito é também um ônus. Aquele que seja titular de um direito lesado ou ameaçado e quiser ver reparado o seu dano, tem o ônus de intentar a ação. Não propondo a ação, a pessoa não pode instaurar o processo e, por conseqüência, não pode obter a tutela jurisdicional. Isto porque, sem o exercício desse direito pode ficar sem ter reparado o seu dano. Daí a doutrina afirmar que o ônus da ação é “ imperativo do próprio interesse ” .
Através de petição dirigida ao juiz, o interessado propõe a ação pela formulação da pretensão e do pedido, com os fundamentos e pressupostos legais, requerendo a citação do outro litigante para que se instaure a relação processual . “ Proposta a ação e consolidada a relação processual, o autor e o réu ficam vinculados, quanto à lide, à tutela jurisdicional do Estado ” .
Estabilizado o processo, com o estabelecimento da relação que forma o vínculo angular, surge a figura de três protagonistas: autor, juiz e réu.
O Direito Processual é o regulamentador da ação, quando exercido esse direito pelo interessado. Tanto o processo e os atos procedimentais, no curso do processo, como a jurisdição, são objetos das normas processuais.
Tomemos o conceito de ação esposado por Ada Pellegrini e seus Pares, para melhor compreensão:
“Examinado o fenômeno do Estado que fornece o serviço jurisdicional, é mister agora analisar o da pessoa que pede esse serviço estatal. É o que se faz através do estudo do denominado ‘direito de ação’.
	Vedada em princípio a autodefesa e limitadas a autocomposição e a arbitragem, o Estado moderno reservou para si o exercício da função jurisdicional, como uma de suas tarefas fundamentais. Cabe-lhes, pois, solucionar os conflitos e controvérsias surgidos na sociedade, de acordo com a norma jurídica reguladora do convívio entre os membros desta. Mas a jurisdição é inerte e não pode ativar-se sem provocação, de modo que cabe ao titular da pretensão resistida invocar a função jurisdicional, a fim de que esta atue diante de um caso concreto. Assim fazendo, o sujeito do interesse estará exercendo um direito (ou, segundo parte da doutrina, um poder), que é a ação, para cuja satisfação o Estado deve dar a prestação jurisdicional.
	Ação, portanto, é o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de exigir esse exercício). Mediante o exercício da ação provoca-se a jurisdição, que por sua vez se exerce através daquele complexo de atos que é o processo.
	Constitui conquista definitiva da ciência processual o reconhecimento da autonomia do direito de ação, a qual se desprende por completo do direito subjetivo material. Todavia, longo foi o caminho para chegar a tais conceitos, como se verá a seguir, no estudo de várias teorias sobre a natureza jurídica da ação.”
 
- obra citada, pag. 247 - 
PROCESSO E PROCEDIMENTO
O processo tem como finalidade a composição do litígio segundo o direito visando dar a cada um o que é seu. É, o processo, o instrumento assegurador da paz social e o mantenedor do império da ordem jurídica constituída e da justiça.
O processo não se confunde com o procedimento. Este se traduz no rito da prática dos atos processuais, realizados pelos protagonistas do processo, ou sejam o juiz e auxiliares da Justiça, e as partes autora e ré. Tais atos são coordenados, sucessivos e encadeados, sob forma de ritos para que o processo alcance o seu objetivo. 
Enquanto o processo é o instrumento próprio para exercício da prestação da tutela jurisdicional, o procedimento é a prática de atos sucessivos, um após outro, e um pressupondo outro, dentro do processo, para que este possa existir e alcançar o seu escopo e objetivo.
No dizer de Frederico Marques, “ É o procedimento que revela o processo, lhe dá realidade formal e torna possível, mediante o seu modus faciendi, que se atinjam os fins compositivos da jurisdição ” .
Para melhor esclarecimento dessa conceituação, invocamos os ensinamentos de Theodoro Júnior :
“	Procedimento
Em razão de vários fatores, como o valor da causa, a natureza do direito material controvertido, a pretensão da parte etc., a forma com que o processo se desenvolve assume feições diferentes.
Enquanto o processo é uma unidade, como relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.
A essas várias formas exteriores de se movimentar o processo aplica-se a denominação de procedimento.
Procedimento é, destarte, sinônimo de rito do processo, ou seja, ‘o modo e a forma por que se movem os atos no processo’ ”.
									(Obr. cit., pág. 330)
_________________________________________________________
APOSTILA ELABORADA PELOS PROFºS MÁRIO MARQUES DE SOUZA E LUIZ SOUZA CUNHA.
AUTORES CITADOS E CONSULTADOS
José Frederico Marques	Manual de Direito Processual Civil
	1º Vol. - 13ª Edição
Moacyr Amaral Santos	Direito Processual Civil
	1º Vol. - 15ª Edição
Humberto Theodoro Júnior	Curso de Direito Processual Civil
	Vol. I - 18ª Edição
Carlos de A. Cintra	Teoria Geral do Processo
Ada Pellegrini Grinover	14ª Edição - 1998
Cândido R. Dinamarco
Atenção:	A apostilaé, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica.
Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno.
Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores. 
Atualizada em março/2010
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