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TGPp6_Condições da ação

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
FACULDADE DE DIREITO
TEORIA GERAL DO PROCESSO
 Tema 06 - 	Condições da ação. O Direito de Ação e seu exercício. Carência e extinção do processo. Possibilidade jurídica do pedido, interesse e legitimidade.
O DIREITO DE AÇÃO E SEU EXERCÍCIO
Podemos considerar o direito de ação como autônomo e abstrato, independente da pré-existência de um direito material lesado ou ameaçado de lesão. Todavia o seu correto exercício subordina-se a condições e pressupostos disciplinados na lei do processo. São requisitos necessários a uma regular, justa e eficaz atividade judiciária. Consubstanciam normas disciplinadoras do direito de ação, evitando o seu abuso ou o inadequado exercício.
Desse modo, o direito de ação, abstrato, de natureza constitucional, público, endereçado ao Estado como parte obrigada, conseqüente da própria situação individual “da pessoa de direitos”, ou seja do “estado de cidadão”, submete-se em seu exercício às leis reguladoras do processo.
Por outro lado, como já foi dito, ao invocar-se a atividade jurisdicional do Estado, também como meio de tutela dos direitos individuais, para compor conclusivamente os conflitos de interesses, pela ação civil, provoca-se uma relação jurídica de natureza processual, que é o albergue da relação de direito material sobre a qual as partes se desentenderam.
Daí porque é condição “sine qua non”, que haja uma correlação entre o exercício do direito de ação e o interesse que se pretende seja tutelado.
CONDIÇÕES DA AÇÃO
CARÊNCIA E EXTINÇÃO DO PROCESSO
Ora, na formação dessa nova relação jurídica, a processual, devem ser observados condições e pressupostos tendentes ao fim útil do processo, ou bem seja a sentença de mérito definidora do conflito. Além dos pressupostos nitidamente processuais, já examinados, a ação deve exercitar-se mediante condições conexas ao direito questionado, e à pretensão, cuja tutela se postula. Assim, portanto, embora o direito de agir seja abstrato, como igualmente abstrato se apresenta o direito objetivo, a atividade judiciária que a ação provoca só se efetiva diante de situações terminantemente concretas.
São situações fáticas e jurídicas que ensejam e permitem o processo e, através deste, a tutela jurisdicional. Por isso, o direito de ação fica condicionado, em seu exercício, à legitimidade das partes, à formulação de um pedido adequado à ordem jurídica e, logicamente, embasado nos motivos factuais e jurídicos deduzidos pelo acionante. Carente desses fatores fica a parte carecedora do direito de ação, por faltar-lhe condições essenciais à conseqüente tutela jurídica.
Estando ausente qualquer das condições da ação, está caracterizada a carência da ação e o processo será extinto sem resolução do mérito, com fulcro no art. 267, VI, do CPC.
Sobre o tema, invocamos os ensinamentos do Mestre Theodoro Júnior :
“Para aqueles que, segundo as mais modernas concepções processuais, entendem que a ação não é o direito concreto à sentença favorável, mas o poder jurídico de obter uma sentença de mérito, isto é, sentença que componha definitivamente o conflito de interesses de pretensão resistida (lide), as condições da ação são três: 
possibilidade jurídica do pedido ;
legítimo interesse de agir ;
	c) legitimidade das partes.” (Obr. cit., pág. 53)
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
A atividade judiciária é provocada pela ação que se manifesta por via de petição escrita, denominada petição inicial. Este é o meio legal de exercer o direito de ação. Por outra face, essa petição inicial deve moldar-se a requisitos que a lei processual indica, tendente a possibilitar a prestação jurisdicional. Assim, formalmente, entre outros requisitos igualmente indispensáveis, deve a petição inicial relatar verdadeiros os fatos e os fundamentos jurídicos e legais do pedido, para que fique manifestada a tutela pretendida. Temos desse modo formulada a pretensão do autor, em termos silogísticos em que os fatos constituem a premissa menor; os fundamentos legais e jurídicos a premissa maior; e o pedido a conclusão lógica.
Ora, se ao primeiro exame do conflito suscitado na petição inicial resultar inadequado e distante o pedido diante das premissas, manifestada desse modo a falsidade do silogismo, evidenciada está a impossibilidade jurídica de atendimento do pedido, ou seja, da tutela invocada, e não há como deferir-se à parte autora a prestação da tutela jurisdicional. Esta é carecedora do direito de ação pela impossibilidade jurídica de ser atendida a tutela pretendida, em face da ordem jurídica. Será aí o exemplo lembrado, de alguém pedir o cumprimento da cláusula enumerada em contrato de casamento comercial; abertura de inventário cujo autor da herança ainda se encontra vivo, mesmo que em fase terminal de vida; pedir liberação de FGTS, quando nunca foi optante, antes da vigência da Constituição de 1988; ou ainda a cobrança de dívida de jogo, não podendo haver, em tais hipóteses, qualquer adequação entre os fatos relatados, o fundamento legal e jurídico (direito) e a pretensão. É, assim, uma tutela impossível de ser atendida porque o nosso direito não reconhece a validade do casamento comercial ou as dívidas de jogo, etc. A ação teria sido, assim, exercitada abusivamente, destoante da ordem jurídica preestabelecida nas leis, no direito.
Mais uma vez, transcrevemos o citado Mestre :
“Pela possibilidade jurídica, indica-se a exigência de que deve existir, abstratamente, dentro do ordenamento jurídico, um tipo de providência como a que se pede através da ação. Esse requisito, de tal sorte, consiste na prévia verificação que incumbe ao juiz fazer sobre a viabilidade jurídica da pretensão deduzida pela parte em face do direito positivo em vigor. O exame realiza-se, assim, abstrata e idealmente, diante do ordenamento jurídico.
	Predomina na doutrina o exame da possibilidade jurídica sob o ângulo de adequação do pedido ao direito material a que eventualmente correspondesse a pretensão do autor. Juridicamente impossível seria, assim, o pedido que não encontrasse amparo no direito material positivo.”
 (Obr. cit., págs. 53/54)
Assim, portanto, toda vez que o pedido for contrário à ordem jurídica, ou nesta não houver qualquer amparo, há carência de ação. Ainda se apresenta como impossível de atendimento o pedido cuja satisfação esteja, pela ordem constitucional, fora da órbita do Poder Judiciário. Entre nós, cabendo, por força da Constituição, a concentração jurisdicional nas vias judiciárias, não é freqüente a exemplificação, salvo nos casos de competência jurisdicional do Tribunal de Contas - julgamento das contas de dinheiros públicos administrados por autoridade. Mas, nos países em que há contencioso administrativo, são freqüentes. Não pode, nestes casos, o Judiciário conhecer do pedido cuja satisfação só caiba realizada por um tribunal administrativo. E porque o pedido não se enquadra no campo de atribuições da justiça, é óbvio recusar o juiz o andamento da ação por vital impossibilidade, cabendo também a extinção do processo, sem julgamento do mérito.
DO LEGÍTIMO INTERESSE DE AGIR
(interesse processual)
Em nosso direito podemos dizer que a medida da ação é o legítimo interesse, o mesmo que interesse processual. Assim como qualquer direito, em regra, até aqueles de ordem natural, como o direito à liberdade, ficam sujeitos a regras disciplinadoras, assim também o direito abstrato de agir, que é o geral, condiciona-se às regras disciplinadoras do processo que é o vínculo, o instrumento de sua realização, em benefício do bem comum e da ordem social. Por isso, pessoa alguma pode exercer o direito subjetivo deação sem que justifique esse exercício por um interesse legítimo (interesse processual). Isto é, um interesse que a lei não repila e que esteja conexo, por via causal, ao direito material deduzido na demanda, sempre que seja o caso. Ainda que seja por equidade, conforme prescreve o art. 127 do CPC .
Enquanto a possibilidade jurídica do pedido prende-se à ordem legal, em termos amplos e gerais, o interesse legítimo vincula-se, em princípio, à ordem de causa e efeito ao direito material que o autor da ação supõe ser titular.
O modo mais eficaz de se identificar o interesse da parte, é considerar-se o prejuízo: ficando provado que se a parte não agir haverá prejuízo, há interesse legítimo.
O interesse é, pois, o proveito que a pessoa pode auferir da ação. É a vantagem real que o autor da ação recolhe de sua procedência, sendo o caso. 
O que não se permite é provocar a atividade judiciária por uma ação, sem pretender qualquer proveito ou vantagem material, de estado ou moral .
Vejamos o que diz Theodoro Júnior sobre o tema, citando inclusive Alfredo Buzaid :
“A segunda condição da ação é o interesse de agir, que também não se confunde com o interesse substancial, ou primário, para cuja proteção se intenta a mesma ação. O interesse de agir, que é instrumental e secundário, surge da necessidade de obter através do processo a proteção ao interesse substancial. Entende-se, dessa maneira, que há interesse processual ‘se a parte sofre um prejuízo, não propondo a demanda, e daí resulta que, para evitar esse prejuízo, necessita exatamente da intervenção dos órgãos jurisdicionais.’ 
........................................................................................................................................
	O interesse processual, a um só tempo, haverá de traduzir-se numa relação de necessidade e também numa relação de adequação do provimento postulado, diante do conflito de direito material trazido à solução judicial.
	Mesmo que a parte esteja na iminência de sofrer um dano em seu interesse material, não se pode dizer que exista o interesse processual, se aquilo que se reclama do órgão judicial não será útil juridicamente para evitar a temida lesão. É preciso sempre ‘que o pedido apresentado ao juiz traduza formulação adequada à satisfação do interesse contrariado, não atendido, ou tornado incerto’. Em outras palavras: 
	‘inadmissível, para o caso levado a juízo, a providencia jurisdicional invocada, faltará legítimo interesse em propor a ação, porquanto inexiste pretensão objetivamente razoável que justifique a prestação jurisdicional requerida. Pas d’interêt, pas d’ action’.
	
Falta interesse, em tal situação, ‘porque é inútil a provocação da tutela jurisdicional se ela, em tese, não for apta a produzir a correção arguida na inicial. Haverá, pois, falta de interesse processual se, descrita determinada situação jurídica, a providência pleiteada não for adequada a essa situação.’ ” 
 (Idem, pág. 55/56)
Alguns autores apontam como características do interesse de demandar as circunstâncias seguintes : 
	a) que o interesse seja legítimo;
	b) que o interesse seja pessoal ;
	c) que o interesse seja atual.
Assim, além da natureza econômica ou moral, do interesse, este deverá ser legítimo, ou seja: que haja possibilidade jurídica de atendimento da pretensão; próprio da pessoa do demandante, ou interessado; e atual, vale dizer tempestivo, ou seja: ainda não alcançado pela prescrição ou decadência. Diz-se também atual ao interesse existente que, no momento seja real, excluindo-se, por inexistência, um futuro ou hipotético interesse.
DA LEGITIMIDADE DAS PARTES
A legitimidade de parte traduz que o direito para o qual a tutela é reclamada, seja pessoal do acionante ou interessado, em condição de ser, no momento, exigido o cumprimento da obrigação, decorrente desse direito, imputável ao réu, ou quando haja interesses comuns ao autor e ao réu, na declaração de existência ou inexistência da relação jurídica. Parte legítima é por exemplo aquela que detém a titularidade de um pretenso direito material (parte credora) ou aquela que esteja ocupando o polo passivo de uma relação jurídica (parte obrigada).
Invocando, mais uma vez, o citado autor, analisaremos os seus ensinamentos:
“Por fim, a terceira condição da ação, a legitimidade (legitimatio ad causam), é a titularidade ativa e passiva da ação, na linguagem de Liebman. ‘É a pertinência subjetiva da ação’. ”	 
 (pág. 56)
...............................................................................................................
 “Destarte, legitimados ao processo são os sujeitos da lide, isto é, os titulares dos interesses em conflito. A legitimação ativa caberá ao titular do interesse afirmado na pretensão, e a passiva ao titular do interesse que se opõe ou resiste à pretensão.” 
 (pág. 57)
CONSIDERAÇÕES PERTINENTES
O atual Código de Processo Civil, preceituando sobre a matéria aqui enfocada, dispõe no art. 2º, que “Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas legais” - E, no art. 3º, completa os parâmetros, dispondo : “Para propor ou contestar a ação é necessário ter interesse e legitimidade.”
 Já o art. 4º do CPC assim disciplina: 
“ O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I – da existência ou inexistência de relação jurídica;
II – da autenticidade ou falsidade do documento.
Parágrafo único – É admissivel a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.”
Ainda mais, o art. 267, inciso VI, prescreve que se extingue o processo, sem composição de mérito (isto é, sem a prestação jurisdicional completa), “quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual”.
No art. 295, o mesmo Código indica os casos em que a petição inicial deve ser indeferida: 
“...............................................................................................................
 II – 	 Quando a parte for manifestamente ilegítima ;
III –	 Quando autor carecer de interesse processual;
IV –	 ..............................................................................
V – 	Quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;”
__________________________________________________
APOSTILA DE RESPONSABILIDADE DO PROFº. LUIZ SOUZA CUNHA.
AUTORES CITADOS E CONSULTADOS
Vicente Greco Filho		Direito Processual Civil Brasileiro
	1º Volume - 10ª Edição - 1995
Moacyr Amaral Santos	Primeiras Linhas de Direito Processual Civil
	1º Volume - 15ª Edição, 1992
José Frederico Marques	Manual de Direito Processual Civil
	1º Volume - 13ª Edição
Antonio Carlos Araújo Cintra	Teoria Geral do Processo
Ada Pellegrini Grinover	14ª Edição
Cândido R. Dinamarco
Humberto Theodoro Júnior	Curso de Direito Processual Civil
	Volume I - 18ª Edição, 1996.
Atenção:	A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado,sob orientação pedagógica.
Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno. 
Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores. 
 Atualizada em março/2010
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TGPp06_Condiçoes da ação

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