Buscar

Direitos constitucionais e Fundamentais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

MATERIAL DIDÁTICO 
 
DIREITOS CONSTITUCIONAIS E 
DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 
 
UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE PROTEÇÃO AO 
CONSUMIDOR ....................................................................................................... 05 
 
UNIDADE 3 – O DIREITO À SAÚDE ...................................................................... 14 
 
UNIDADE 4 – INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS ........................................ 20 
 
UNIDADE 5 – TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................... 27 
 
UNIDADE 6 – EVOLUÇÃO DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS ........................ 37 
 
UNIDADE 7 – DIGNIDADE E TRABALHO NA FILOSOFIA DO DIREITO............. 40 
 
UNIDADE 8 – INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIAL ............................................ 46 
 
UNIDADE 9 – AS FUNÇÕES E AS DIMENSÕES DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS .................................................................................................... 59 
 
UNIDADE 10 – TRATADOS DECORRENTES DA CF/88 ...................................... 68 
 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 73 
 3 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
O Direito acompanha os fenômenos sociais procurando adaptar o sistema 
normativo à realidade social. Da Revolução Industrial aos dias atuais, muitas 
transformações ocorreram na sociedade (sociais, políticas, econômicas, etc.), 
desencadeadas, principalmente, pelo avanço do conhecimento humano, científico e 
tecnológico. Um complexo de relações jurídicas foi surgindo, derivado desse 
desenvolvimento tecnológico criador (HOLTHAUSEN, 2006). 
A massificação da produção fazendo com que os produtos deixassem de ser 
produzidos de maneira artesanal passando para produção em escala, decorrente da 
revolução industrial, somando-se ao surgimento das novas tecnologias de 
informação e comunicação que podemos sintetizar no que chamamos movimento da 
“globalização” são alguns dos fatores que fizeram surgir novas relações entre as 
pessoas. Acirramento da competição de um lado e consumismo exagerado de outro 
provocou a necessidade de regulamentos e leis específicas para que essas relações 
fossem mais justas. 
Nesse contexto, momento importante em nossa história, está o 
reconhecimento da existência de direitos inerentes aos homens e na esteira dos 
acontecimentos dessa evolução da humanidade, o direito do consumidor ganhou 
destaque. Essa proteção jurídica vai muito além de um país específico, é um direito 
supranacional como veremos ao longo do curso. 
A tutela do consumidor é matéria da qual a Organização das Nações Unidas 
(ONU) cuidou especificamente por meio da Resolução nº 39/248 de 10 de abril de 
1985, reconhecendo a vulnerabilidade daquele a quem são endereçadas as normas 
protetivas, enunciando-lhes os direitos básicos e propondo medidas que deveriam 
ser adotadas pelos países-membros no intuito de que todos, principalmente os dos 
países em desenvolvimento, viessem a instituir legislação em mecanismos protetivos 
do consumidor. 
No caso do Brasil, dentre os princípios da atividade econômica que está 
muito bem preconizado no art. 170 da CF “(...) fundada na valorização do trabalho 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
4 
 
humano e na livre iniciativa que tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social (...)” temos a defesa do consumidor. 
Sendo redundante por opção, o direito do consumidor é um direito 
constitucional inserido no capítulo dos princípios gerais da atividade econômica, 
assim como a justiça social, a solidariedade e a dignidade do ser humano. 
Dessa maneira, iniciamos nosso curso, como não poderia ser diferente, 
justamente pela base. O arcabouço desta apostila está composto pelos princípios 
constitucionais de proteção ao consumidor, os interesses difusos e coletivos, o 
direito à saúde, a evolução das declarações dos direitos fundamentais, enfim, 
conteúdos que nos levarão a refletir sobre a dignidade humana. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
inúmeras outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de 
todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao 
longo dos estudos. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
5 
 
UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE 
PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR 
 
LUIZ OTÁVIO DE OLIVEIRA AMARAL (2010) nos explica com propriedade 
que todo conhecimento filosófico ou científico implica a existência de princípios, isto 
é, de certos enunciados lógicos admitidos como condição ou base de validade das 
demais asserções que compõem todo o campo do saber. Dessa abordagem lógica 
da palavra “princípio”, pode-se dizer que “os princípios são verdades fundantes” de 
um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por 
terem sido comprovadas. Nesse sentido, podemos classificar os princípios em: 
a) princípios omnivalentes – quando são válidos para todas as formas de 
saber, como é o caso dos princípios de identidade e de razão suficiente; 
b) princípios plurivalentes – quando aplicáveis a vários campos de 
conhecimento, como se dá com o princípio de causalidade, essencial às ciências 
naturais, mas não extensivo a todos os campos do conhecimento; 
c) princípios monovalentes – quando só valem como âmbito de determinada 
ciência, como é o caso dos princípios gerais de direito. 
Se pensarmos o Direito como um sistema, ou seja, uma organização de 
normas, teremos dois tipos fundamentais de normas: normas-princípios (normas de 
otimização do sistema) e normas-regras (normas meramente regradoras de 
condutas). Assim,o direito se mostra um sistema à medida que se apresenta como 
ordem, axiológica ou teleológica, de princípios gerais. 
Princípio se relaciona ao juízo de concorrência, eis que norma que admite a 
concorrência das demais da mesma espécie para as situações idênticas ou 
análogas. Uma definição adequada de princípios aponta para a circunstância de 
serem normas direta e imediatamente referidas a fins (valores) e indireta e 
imediatamente a condutas (fatos), enquanto regras são normas indireta e 
imediatamente referidas a fins (valores) e direta e imediatamente referidas a 
condutas (fatos) (TURA, 2004). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
6 
 
Encontramos na CF/88, os princípios que fundamentam o sistema e a 
política nacional de defesa do consumidor, a começar pelo art. 5º, art. 170 e art. 48 
(ADCT1). 
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
(...) 
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. 
Como Princípios constitucionais que direta ou indiretamente regem, 
superiormente, no Brasil, o direito pátrio e mais especificamente o direito do 
consumidor tem-se: 
1) Princípio da soberania (art. 1º, I, e 170, I, CF) – pode ser entendido como o 
poder absoluto de autodeterminação. No plano individual, pode ser a independência 
de ser livre, ideal sensível e caro aos seres humanos. Em termos de Estado, que é a 
soma dos indivíduos, podemos dizer que a soberania é inalienável, indivisível e 
imprescindível. 
As garantias de justiça social e outros direitos humanos de cunho 
econômico-social (trabalhistas, consumeristas, etc.) conquistados ao longo de 
décadas de lutas, como aproveitamento popular do conceito de soberania nacional, 
hoje vêm sendo ameaçados por ideologias recentes de um mundo globalizado, mas 
cujas vantagens efetivas não são recolhidas a partir de um sistema de equidade 
comercial, antes bem ao contrário. Assim, a soberania do povo dos países não 
hegemônicos tem sido relativizada, senão anulada pelo discurso da globalização. A 
perda do controle efetivo, pelos órgãos da soberania e dos interesses nacionais (ou 
seja, do povo que aqui habita), de setores importantes da economia brasileira em 
troca da “eficiência” e da universalização da prestação pode gerar retrocesso nas 
conquistas sociais (AMARAL, 2010). 
 
1
 Atos das Disposições Constitucionais Transitórias 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
7 
 
Veremos mais adiante que as agências reguladoras para prestarem serviço 
adequado que delas se espera, precisa ter presente essa dimensão social, de 
economicidade para além da eficiência, até mesmo porque isso é mandamento 
constitucional (art. 5º, XXXII, e 170, V). 
 
2) Princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF): 
Contido no art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, in verbis: 
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. 
São dotados de razão e consciência e devem agir uns com os outros com espírito de 
fraternidade. 
Logo após o valor soberania, a Carta Magna elege o valor cidadania (cuja 
vertente econômica traz o cidadão como consumidor) e, em seguida (o melhor seria 
inverter esses dois valores) estampa o valor dignidade da pessoa humana. São três 
princípios cardeais que iluminam todo o texto constitucional, como de resto toda a 
ordem jurídica brasileira. Nenhum outro princípio é tão fundamental quanto o da 
dignidade da pessoa humana, o da soberania é assim como um pressuposto 
existencial, uma base em que podem florescer os demais princípios, pelo menos 
enquanto a humanidade ainda for menos que uma única família global. 
Eis aí a base filosófica de todos os sistemas jurídicos positivados após essa 
proclamação. Esse documento ímpar, a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, mais uma vez se refere à dignidade do ser humano, agora no art. 22: 
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e 
à obtenção, mediante o esforço nacional e cooperação internacional e de acordo 
com a organização e recursos de cada Estado, da satisfação dos direitos 
econômicos, sociais e culturais, indispensáveis à sua dignidade e ao livre 
desenvolvimento da sua personalidade. 
Como se pode perceber, o princípio da dignidade humana é pedra angular 
de todo o microssistema jurídico de defesa do consumidor. É que o consumo, 
independente da sociedade dita de consumo, é essencial ao ser humano. Bem por 
isso que o art. 4° do CDC (Código de Defesa do Consumidor), que dispõe sobre a 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
8 
 
política nacional de relações de consumo, não apresenta a estrutura comum das 
normas jurídicas que, descrevendo uma conduta, cominam uma sanção. Ali se cuida 
de norma-objetivo (Grau, 1993/185-189) ou norma-narrativa (Marques, Benjamin; 
Miragem, 2003/119) que foi positivada no sentido de indicar os fins pretendidos pelo 
legislador, auxiliar na interpretação teleológica, guiando o operador do direito para 
alcançar o efeito útil das normas (princípios e regras) (SANTANA, 2009). 
A dignidade humana no direito do consumidor parece-nos bem aquilo que o 
professor Pacheco Fiorillo chamou de “mínimo vital”, ou seja, para se começar a 
respeitar a dignidade da pessoa humana tem-se de assegurar concretamente os 
direitos básicos, notadamente os sociais e os econômicos (NUNES, 2004, p. 25). 
Aqui vale bem ressaltar, a propósito, que hoje, desde a Emenda 
Constitucional da Reforma do Judiciário (EC nº 45/04), tratados sobre direitos 
humanos passam a ter hierarquia de norma constitucional dentro de nosso 
ordenamento jurídico, nos termos do art. 5º, § 3º, da CF/88. E como os direitos do 
consumidor devem ser tidos como direito humano. Desse modo, todos os tratados 
internacionais de proteção ao consumidor, desde que aprovados em cada Casa do 
Congresso Nacional por maioria de 3/5 e em dois turnos, terão, pois, nível de norma 
constitucional, “consagrando mais uma vez a tutela do consumidor, agente mais 
fraco nas relações de consumo” (ABREU, 2009). 
LUIZ OTÁVIO DE OLIVEIRA AMARAL (2010) abre um parêntese para 
informar que: se no plano interno a proteção do consumidor brasileiro, sobretudo do 
ponto de vista do direito positivo, está bem aparelhada, o mesmo não ocorre no 
plano externo. É que o direito internacional privado e, menos ainda, o direito 
supranacional carecem de normas tutelares desse sujeito de direito já 
hipossuficiente e vulnerável no plano interno e mais ainda no plano externo. Todavia 
numa relação jurídica de consumo (firmada eletronicamente ou do modo tradicional) 
com conexão internacional, há, aindaque mais não seja, o princípio estruturante 
(norma de ordem pública) do direito brasileiro que garante a aplicação da norma 
mais favorável ao consumidor. 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
9 
 
3) Princípio da liberdade (art. 1º, IV, 3º, I, 5º, CF): 
A liberdade focada aqui é a de ação, a liberdade material/real, a liberdade 
instrumental. Assim, é livre a iniciativa de todos e de qualquer um de empreender 
atividade econômica nos termos da legislação. Temos assim a liberdade mais 
voltada ao fornecedor, ao empresário (antítese do consumidor), mas há a liberdade 
garantida constitucionalmente ao hipossuficiente do mercado, o consumidor. A 
liberdade está para o direito assim como o oxigênio está para a vida. 
Com efeito, em toda manifestação de vontade, essência de todo negócio 
jurídico (nos contratos principalmente), essa vontade há de ser livre. O ato para ser 
voluntário (ato é vontade em direito) pressupõe liberdade (a possibilidade de opção) 
que inclusive exige um mínimo de conhecimento sobre o objeto principal dessa 
vontade. Conforme Aristóteles (2001, p. 51 apud AMARAL, 2010) “Tudo que é feito 
por ignorância é não voluntário”. Deste modo, a ignorância é sempre impeditiva da 
liberdade e logo da vontade, assim o negócio jurídico resta inválido. 
Vale ressaltar que os chamados vícios de vontade (erro/ignorância, dolo e 
coação entre os clássicos) são defeitos dos negócios jurídicos exatamente por 
violarem a liberdade volitiva. Mas, sendo assim, nos negócio jurídicos em geral, com 
mais razão ainda será a liberdade, decisiva nos negócios jurídicos de consumo – 
vontade qualificada de consumir. Nessa hipótese, essa liberdade se faz mais 
relevante, dada a situação especialíssima de um dos sujeitos desse negócio, ou 
seja, o consumidor, cuja vulnerabilidade (técnica, jurídica e econômica) impõe um 
tratamento jurídico desigual, como desigual é a dialética fornecedor x consumidor. 
Há nessa questão um pressuposto supranacionalmente acentado e desde 
1985, ou seja, na 106ª Sessão Plenária da Organização das Nações Unidas (ONU), 
por meio da Resolução nº 39/248, fixado como princípio (ou seja, mandamento de 
otimização) a vulnerabilidade do sujeito-consumidor, reconhecendo-o como parte 
mais fraca/frágil na relação sociojurídica dita de consumo. E, por isso mesmo, a 
ONU tornou esse sujeito-frágil merecedor de tutela jurídica específica, no que foi 
seguido pela legislação consumerista brasileira. 
Aqui se exige mais, bem mais, do comportamento (e até da aparência 
jurígena) daqueles sujeitos, principalmente do hipersuficiente (o fornecedor, o 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
10 
 
empresário, pessoa física ou jurídica). Assim, por exemplo, o negócio jurídico de 
consumo há de ter transparência (consciência do consumidor do alcance de seu ato 
jurídico de consumo), boa-fé (dever de lealdade, sinceridade e honestidade máxima 
diante da fragilidade já conceitual, já efetiva do consumidor), entre outros 
pressupostos, mais que noutras relações jurídicas. 
 
4) Princípio da atividade econômica (art. 170, V, CF): 
Nesse artigo constitucional (art. 170) há vários outros princípios de interesse 
para o direito do consumidor além do estampado no inc. V (o da defesa do 
consumidor). O princípio da soberania nacional que já examinamos; o da função 
social da propriedade (inc. II); o da livre concorrência (inc. IV). O imperativo da 
defesa do consumidor entre nós é, inovadoramente, um princípio norteador da 
atividade econômica no Brasil. É assim um farol a iluminar empresários/ 
fornecedores e homens do direito. 
 
5) Princípio da informação ao consumidor 
A CF determina o dever dos órgãos públicos de informar o cidadão, quer 
sejam informações de seu interesse particular, quer sejam de interesse coletivo em 
geral, no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas as informações 
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, 
XXXIII). Também da CF temos como princípio da administração pública, a 
publicidade. Quanto ao CDC, este amplia o direito de informação, incluindo o dever 
de informar aos fornecedores, o que será analisado nos direitos básicos do 
consumidor. 
 
6) Princípio da vulnerabilidade do consumidor 
A CF refere-se ao consumidor entre os direitos e garantias fundamentais, em 
seu art. 5º, inciso XXXII (“O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor” (...)); bem como, entre os princípios gerais da atividade econômica, em 
seu art. 170, V (“A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
11 
 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: ... V - defesa do 
consumidor”). Igualmente, nas Disposições Constitucionais Transitórias, em seu art. 
48 (“O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da 
Constituição, elaborará Código de Defesa do Consumidor”). 
Assim, sempre que faz referência ao consumidor, a CF determina sua 
defesa, ou seja, reconhece necessidade de sua proteção especial, porque 
reconhece a sua vulnerabilidade dentro da relação de consumo. 
A Magna Carta determina o dever dos órgãos públicos de informar o 
cidadão, quer sejam informações de seu interesse particular, quer sejam de 
interesse coletivo em geral, no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, 
ressalvadas as informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado (CF, art. 5º, inciso XXXIII). Da mesma forma, o art. 37 da CF 
dispõe como um dos princípios da administração pública a publicidade (SMANIO, 
2007). 
Então, a Constituição Federal impõe o dever de informar dirigido aos órgãos 
públicos, o que evidentemente inclui a informação devida aos consumidores sobre 
situações de relevância, como riscos, qualidade de produtos e serviços, 
responsabilidade, etc. 
O Código de Defesa do Consumidor amplia o direito de informação, 
incluindo o dever de informar aos fornecedores, o que também será analisado nos 
direitos básicos do consumidor. 
 
7) Princípio da proteção em face da publicidade e propaganda 
A CF trata da publicidade, primeiramente, no art. 37, § 1º, quando 
estabelece para os órgãos públicos o dever de dar caráter educativo, informativo, ou 
de orientação à publicidade de seus atos, programas, obras, serviços e campanhas. 
Dessa forma, o consumidor está protegido quanto à publicidade do Poder Público 
sobre seus serviços e obras que constituam relação de consumo. Isso tudo sem 
contar que o art. 37, caput, da CF, estabelece o princípio da moralidade, o que nos 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Nota
LIMPE
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.brou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
12 
 
leva a afirmar que a publicidade do Poder Público deverá ser verdadeira, tendo em 
vista o valor ético assegurado constitucionalmente (AMARAL, 2010). 
A Carta Magna também estabelece, a respeito da Comunicação Social, que 
a lei federal deverá estabelecer meios legais que garantam à pessoa e à família a 
possibilidade de se defenderem da propaganda de produtos, práticas e serviços que 
possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente (art. 220, § 3º, inciso II, CF). 
Portanto, a saúde e o meio ambiente do consumidor estão protegidos pela 
determinação constitucional, em face da propaganda abusiva. 
Igualmente, a propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, 
agrotóxicos, medicamentos e terapias deverá conter, sempre que necessário, 
advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso (art. 220, § 4º, CF), o que 
assegura ao consumidor proteção específica sobre a propaganda desses produtos 
(SMANIO, 2007). 
 
8) Princípio da informação ou do direito subjetivo de informação 
Este eixo ou princípio tem como premissa o direito/prerrogativa de informar, 
arts. 5°, XlV, e 220; de ser informado, e o de se informar. No âmbito do principante 
direito do consumidor, a informação assume foros de importância fundamental, eis 
que dela vem o conhecimento de causa tão essencial nas manifestações de vontade 
em geral e principalmente nas de consumo. Contudo, no plano constitucional, a 
matéria tem foco genérico, o que não poderia deixar de ser, mas, já no plano 
infraconstitucional, o direito à informação titularizado pelo consumidor é bem 
específico e rico. No CDC há vários dispositivos legais (todos de ordem pública e 
interesse social, o que há de ter consequências efetivas na prática) que cuidam 
desse direito fundamental do consumidor brasileiro2. 
Há ainda outros princípios ou eixos constitucionais que merecem destaque 
porque são do interesse, direto ou indireto, do consumidor brasileiro. Por exemplo, o 
clássico princípio da igualdade que na esfera tão desigual das relações de consumo, 
 
2 O CDC refere-se à informação 28 vezes: arts. 4°, IV, 6°, III, 8°, caput e parágrafo único, 9°, 12,14, 
30, 31, 36, parágrafo único, 37, §§ 1º e 3°, 38, 39, VII, 43, caput, §§ 1°, 3° e 6°, 44, § 1°, 55, §§ 1º e 
4°, 66, 72, 73, 101, lI, e 106, IV No Regulamento do CDC (Dec. 2.181, de 20.03.1997) há muitas 
referências a esse direito de informação. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
13 
 
foco do direito do consumidor (hipossuficiência x hipersuficência), carece de uma 
forte adequação, ou seja, aqui a igualdade é exatamente um tratamento desigual 
conforme a desigualdade efetiva, é não manter a igualdade no desequilíbrio (social, 
econômico, técnico e logo jurídico) da situação concreta subjacente. 
Sucede que o direito não é um fim em si mesmo, mas instrumento (de 
realização de justiça, de equidade), meio (de promoção do bem comum pela 
permanente reconstrução dos conceitos e teorias jurídicas) e assim não é a situação 
concreta que deve adaptar-se ao direito, senão antes ao contrário. A mente jurídica, 
que perdeu essa percepção, já perdeu a noção do que deve ser feito e, pior, do que 
está sendo feito. Não precisamos saber o que é justiça. O que é justo, senão para 
servi-lo, para vivê-lo! 
Mais outro eixo paradigmático de destaque é quanto à erradicação da 
pobreza (art. 3º, III, da CF/1988), ora se o pacto jurídico-político reconhece como 
objetivo da República a erradicação da pobreza, por certo, o julgador se ergue como 
um dos fortes fiadores dessa promessa constitucional e o direito do consumidor 
como campo fértil para esse cumprimento, porque o mercado consumidor é 
constituído em boa parte por pobres – alvos daquela erradicação prometida – e a 
pobreza quando associada à qualidade de consumidor agrava a vulnerabilidade e a 
hipossuficiência que se pretende ver reduzida com o CDC. 
Também essa pobreza-consumidora é alvo de outro objetivo republicano (e 
seria de qualquer outro regime político) que é a solidariedade (art. 3º, I), ou seja, o 
dever ético e social de todos para com todos de assistência e promoção social 
(AMARAL, 2010). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
14 
 
UNIDADE 3 – O DIREITO À SAÚDE 
 
A importância da saúde enquanto relevante garantia da vida com dignidade 
foi reconhecida de forma expressa pela CF/88, ao tutelar a saúde em sua acepção 
ampla, seja como direito coletivo ou como direito individual, protegendo-a, 
promovendo-a e reprimindo os males a ela causados, mas como afirmam SUELI 
GANDOLFI DALLARI; VIDAL SERRANO NUNES JUNIOR (2010) e JOSÉ AFONSO 
DA SILVA (2006), o Direito à saúde, até o advento da Constituição de 1988, foi 
mencionado somente de forma acidental na Constituição de 1934 e representando 
somente mais uma atribuição administrativa da União, no sentido de combate às 
endemias e epidemias. 
O direito fundamental à saúde, certamente, é norma constitucional de 
eficácia plena, embora também seja dotada de caráter programático (ASENSI, 
2012). Dessa maneira, ao mesmo tempo em que o direito à saúde serve de diretriz 
para o legislador, é também verdadeiro direito subjetivo de todos e de cada um. Com 
esse mesmo espírito, INGO WOLFGANG SARLET e MARIANA FILCHTINER 
FIGUEIREDO (2012, p. 33) acentuam que as obrigações decorrentes do direito à 
saúde, podem ser de cunho originário, quando a Constituição, per si, dá 
aplicabilidade ao direito, ou, noutro giro, a obrigação poderá ter caráter derivado, 
quando for imprescindível ao exercício do direito a existência de ulterior 
normatividade infraconstitucional. 
O direito à saúde, da mesma maneira que os demais direitos sociais, tem 
dimensão negativa (defensiva) e positiva (prestacional). Na esfera negativa, há o 
dever de abstenção à inviabilização do direito à saúde e, por outro lado, na esfera 
positiva, fala-se em prestações em sentido amplo (distribuição de recursos pelo 
sistema e organização de procedimentos de acesso à saúde, por exemplo) e em 
sentido estrito (medicamente, cirurgias, consultas, etc.) (VASCONCELOS; MAIA, 
2012). 
O dever de resguardar a saúde é, inicialmente, do Estado, sendo prevista 
“garantia institucional fundamental” (SARLET; FIGUEIREDO, 2012, p. 44), que é o 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
15 
 
Sistema Único de Saúde (SUS). Não obstante o dever de proteção à saúde tenha 
incidência direta sobre o Estado, não se pode esquecer a possibilidade de 
participação livre da iniciativa privada (CF, art. 199), até mesmo complementarmente 
no SUS (§ 1º, art. 199). 
Em verdade, deve-se firmar que os riscos à saúde humana não provêm 
somente do Estado e emana, por vezes, dos particulares. O Direito à saúde, mesmo 
no âmbito privado, deve ser de cogente respeito, ainda mais com a crescente 
aceitação da aplicabilidade dos direitos fundamentais entre particulares, para quem 
a assistência à saúde é livre. Bem ressaltaram INGOWOLFGANG SARLET e 
MARIANA FILCHTINER FIGUEIREDO (2012, p. 41): “a Constituição Federal jamais 
restringiu a destinação dos direitos fundamentais unicamente ao Estado, tampouco a 
aplicabilidade direta das normas de direitos fundamentais”. Assim, pode-se afirmar 
que, nas relações entre particulares, defluem do direito à saúde dois deveres gerais 
básicos: o dever geral de respeito (defensivo) e o dever geral de proteção com base 
na solidariedade. 
O direito à Saúde possui dupla dimensão, sendo, ao mesmo tempo, direito 
individual e coletivo, individual e transindividual. Dessa maneira, pode-se efetivar 
judicialmente, tanto através da tutela coletiva como através de tutela individual, ser a 
tutela coletiva e preventiva preferencial às demais, individuais e preventivas. Isso 
porque essa forma de tutela confere maior amplitude ao acesso à justiça almejado 
judicialmente, resguardando ainda a isonomia substancial (SARLET, 2012). 
O Código de Defesa do Consumidor (CDC), enquanto faceta 
infraconstitucional do direito fundamental estampado no inciso XXXII do artigo 5º da 
Constituição, não olvida do direito à saúde, tutelando-a como direito básico do 
consumidor. O CDC, no afã de bem resguardar o direito à saúde, recorre a outro 
direito fundamental, a informação. É através da informação que o Estado aguarda 
ofertar meios de o próprio cidadão consumidor proteger sua saúde contra produtos 
ou serviços impróprios para uso ou consumo (VASCONCELOS; MAIA, 2012). 
Noutro giro, a Constituição da República também não deixou de contemplar 
a proteção da saúde ao mencionar a devida proteção ao meio ambiente (CF/88, art. 
225), o que também não foi olvidado pelo CDC. Ora, se o meio ambiente 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
16 
 
ecologicamente equilibrado é imprescindível à sadia qualidade de vida, certamente, 
a saúde depende diretamente das condições ambientais a que se expõe a vida 
humana. 
Por que um tópico dedicado à saúde logo no início do curso? Muitos devem 
estar se perguntando. Muito simples: o termo “saúde” é mencionado diretamente 14 
(quatorze) vezes no Código de Defesa do Consumidor, sendo 13 (treze) vezes em 
artigos – um deles tipificando ilícito penal (artigo 68) –, e uma vez em título de seção 
do capítulo IV (“Seção I: Da Proteção à Saúde e Segurança”). Essa reiterada 
utilização do termo demonstra a preocupação dos elaboradores do código com a 
proteção da saúde do consumidor. 
A Política Nacional das Relações de Consumo (PNRC) tem, dentre outros 
objetivos, o respeito à saúde do Consumidor, conforme preleciona o caput do artigo 
4º do Código de Defesa do Consumidor – CDC: 
 
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua 
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, 
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia 
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (...) 
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.008, DE 21.3.1995). 
 
Mas não é só, pois o Código de Defesa do Consumidor (CDC), em seu 
artigo 6º, inciso I, também prevê a proteção da Saúde como direito básico do 
consumidor, ao lado da proteção da vida e da segurança contra os riscos 
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados 
perigosos ou nocivos. 
 A exposição desses direitos básicos revela que a preocupação do legislador 
para com o consumidor vulnerável, vai muito além da mera proteção patrimonial, 
abrangendo também direitos extrapatrimoniais (LISBOA, 2012). 
No capítulo IV do CDC (“Da Qualidade de Produtos e Serviços, da 
Prevenção e da Reparação dos Danos”), mais especificamente na seção I, 
denominada “Da Proteção à Saúde e Segurança”, o direito à saúde é tratado lado a 
lado com o direito à segurança, embora não se confundam. Segundo a doutrina, a 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
17 
 
“segurança é conceito mais amplo que saúde, pois, além de abarcar os problemas 
com a vida, saúde e integridade física, também engloba os possíveis danos de 
ordem material ou econômica, que possam ocorrer ao patrimônio do consumidor” 
(PEREIRA; PEREIRA, 2007, p. 12). 
Avançando na análise do estatuto consumerista, o artigo 8º do Código de 
Defesa do Consumidor expõe a regra maior quando se trata de proteção da saúde 
do consumidor: “Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não 
acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores”. Entretanto, o mesmo 
dispositivo do CDC continua seu texto excetuando a regra em relação aos riscos 
“considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, 
obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações 
necessárias e adequadas a seu respeito”. 
Ainda no afã de proteger a saúde do consumidor, o Código de Defesa do 
Consumidor impõe, por meio de seu artigo 9º, o dever de informar de forma 
ostensiva e adequada acerca da nocividade e periculosidade do produto ou serviço. 
Esse dever de informar, entretanto, não exonera o fornecedor de tomar todas as 
medidas capazes de reduzir a periculosidade ou nocividade do produto. O intuito da 
norma retrocitada, por certo, é motivar os fornecedores à busca contínua da 
proteção da saúde e segurança do consumidor, de modo que se pode afirmar não 
bastar informar, existindo, paralelamente, o dever de minimização de riscos 
(VASCONCELOS; MAIA, 2012). 
O artigo 10 do Código Consumerista, por sua vez, traz consigo regra 
proibitiva cuja finalidade precípua é evitar a colocação, no mercado, de produtos de 
alto grau de nocividade ou periculosidade. Todavia, em caso de conhecimento 
superveniente do alto risco acarretado pelo produto, nos termos dos §§ 1º e 2º do 
artigo 10 do CDC, é imposto também o dever de o fornecedor comunicar as 
autoridades competentes do ocorrido e informar de maneira maciça o consumidor, 
custeando todos os gastos necessários à publicidade. Dever informativo semelhante 
é imposto aos entes federativos (§ 3º, art. 10, CDC). 
A proteção à saúde é também referência para definição de produto impróprio 
para uso ou consumo, pois o produto considerado nocivo à saúde deve ser 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
18 
 
enquadrado na noção de produto impróprio ao consumo e, dessa maneira, pode 
servir para delimitação da responsabilidade por vício do produto. 
O estado de saúde do consumidor também é levado em consideração para 
efeito de definição da prática abusiva. Nessa senda, não pode o fornecedor se valer 
do estado saúde do consumidor para efeito de impor-lhe a produtos e serviços, nos 
termos do art. 39, inciso IV, do Estatuto Consumerista. A finalidade da norma é 
reforçar a proteção do estado de vulnerabilidade agravada do consumidor enfermo. 
Dessa maneira, a proteção legal contra o ato abusivo praticado em desfavor do 
consumidor doente, tem por escopo resguardar não somente a saúde, buscando 
também a implementação de valores constitucionais, como a dignidade, 
solidariedade, igualdade substancial e justiça. 
Em verdade, trata-se o consumidorde saúde débil diferenciadamente em 
relação ao consumidor saudável, pois o legislador reconheceu, nesse aspecto, a 
diferença fática entre ambos. Por certo, é nessa diferença que reside a justiça 
implementada pelo reforço da proteção legal devida ao consumidor enfermo contra 
atos abusivos (VASCONCELOS; MAIA, 2012). 
Segundo consta na sala de notícias do Superior Tribunal de Justiça, o direito 
à saúde foi reconhecido internacionalmente em 1948, quando da aprovação da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas 
(ONU). No Brasil, esse direito é assegurado pela CF/88 que, em seu artigo 196, 
preceitua: 
 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua 
promoção, proteção e recuperação. 
 
No texto constitucional, a saúde passou a integrar o Sistema de Seguridade 
Social. Instituiu-se o Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema de atenção e 
cuidados que não consegue ser suficiente para a efetivação do direito à saúde a 
toda a população. Assim, milhões de brasileiros buscam os serviços de planos e 
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
19 
 
seguros de saúde para poder obter o “verdadeiro” acesso a essa garantia 
constitucional a um custo compatível com o nível de renda de cada um. 
Entretanto, verifica-se que inúmeros planos de saúde adotam práticas 
abusivas em relação ao cidadão-consumidor, como a limitação de internações e 
consultas, a proibição de alguns procedimentos, a rescisão de contrato em razão da 
sua alta sinistralidade, entre outros. Diante dessa realidade, o Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) tem atuado quando as condutas dos fornecedores de planos e seguros 
de saúde violam o direito básico do consumidor, aplicando, por exemplo, o Código 
de Defesa do Consumidor (Súmula 469) para fazer valer os direitos dos segurados 
ou para manter o equilíbrio dessa relação. 
A Súmula 469 do STJ consolida o entendimento, há tempos pacificado no 
Tribunal, de que “a operadora de serviços de assistência à saúde que presta 
serviços remunerados à população tem sua atividade regida pelo CDC, pouco 
importando o nome ou a natureza jurídica que adota” (REsp3 267.530). 
O CDC é aplicado aos planos de saúde mesmo em contratos firmados 
anteriormente à vigência do código, mas que são renovados após sua vigência. De 
acordo com o voto da ministra Nancy Andrighi, no precedente, não se trata de 
retroatividade da lei. “Dada a natureza de trato sucessivo do contrato de seguro-
saúde, o CDC rege as renovações que se deram sob sua vigência, não havendo que 
se falar aí em retroação da lei nova” (LEMOS, 2011). 
Vale ler na íntegra a matéria especial que está no sítio do Superior Tribunal 
de Justiça intitulada “Planos de Saúde: a busca do STJ pela efetividade dos direitos 
do consumidor”, disponível em: 
http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=10 
499, tratando das limitações nos planos; reajuste; cobertura; indenização e 
permanência no plano. 
 
3
 Recurso Especial – número do processo. 
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
20 
 
UNIDADE 4 – INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS 
 
A palavra interesse é plurívoca; possui diferentes sentidos. Entretanto, tem o 
sentido comum de “vantagem, ganho pessoal, lucro” (FERREIRA, 2004). Trata-se, 
então, de uma forma de expectativa de um indivíduo em relação a alguma coisa, ou 
seja, é o que liga uma pessoa a um bem da vida, em razão do valor que esse bem 
representa para aquela pessoa. Pelo fato de estar dentro do campo psicológico do 
indivíduo, dentro da esfera do pensamento, há indiferença por parte dos demais 
indivíduos, bem como por parte do Estado sobre esse interesse, o que faz com que 
não possa ser exigido (SMANIO, 2007). 
No plano fático, os diversos interesses surgem da realidade e podem ser 
compatíveis, concordantes, ou podem trazer conflitos, tendo em vista que a 
valoração fica a cargo dos diferentes sujeitos, dentro da diversidade social. Embora 
interesse tenha sentido mais amplo que o de direito, nossa utilização se restringe a 
esse campo da ciência. 
GOFFREDO TELLES JUNIOR (1980, p. 389) ensina que o Direito Subjetivo 
é a permissão dada por meio de uma norma jurídica. Essa permissão tem duas 
espécies e, portanto, são de duas espécies os Direitos Subjetivos: 
 do primeiro grau são os Direitos Subjetivos comuns da existência, isto é, as 
permissões dadas por meio do Direito Objetivo para a prática dos atos da vida 
corrente; 
 do segundo grau são os Direitos Subjetivos de proteger os direitos comuns da 
existência, isto é, são os direitos de defender direitos, os Direitos-Proteção. O 
Direito Subjetivo não é o interesse protegido, uma vez que o interesse não 
pode constituir uma permissão. O interesse é um bem, um objeto que 
interessa. 
MARIA HELENA DINIZ (1993, p. 226) expõe os motivos pelos quais direitos 
e interesses são distintos, da seguinte forma: 
a) há interesses, protegidos pela lei, que não constituem direitos subjetivos; 
por exemplo, no caso das leis de proteção aduaneira à indústria nacional, as 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
21 
 
empresas têm interesse na cobrança de altos tributos pela importação de produtos 
estrangeiros, mas não tem nenhum direito subjetivo a tais tributos; 
b) há hipóteses de direitos subjetivos em que não existe interesse da parte 
do titular, como: os direitos do tutor ou do pai em relação ao pupilo e aos filhos são 
instituídos em benefício dos menores e não do titular; 
c) na verdade, quando se afirma que direito subjetivo é um 'interesse', o que 
se está dizendo é que o direito subjetivo é um bem material ou imaterial que 
interessa; por exemplo: direito à vida, à liberdade, ao nome, à honra, etc. Ora 
interesse é utilidade, vantagem ou proveito assegurado pelo direito; logo, não tem 
sentido dizer que direito subjetivo é objeto que interessa. 
 
Interesse público e interesse privado 
Outra clássica distinção doutrinária ocorre entre o interesse público e o 
interesse privado. No interesse público, predomina a presença do Estado, que fixa 
seu conteúdo soberanamente pela ordenação normativa. 
Conforme RODOLFO DE CAMARGO MANCUSO (1997, p. 29), a melhor 
explicação para o conceito de 'interesse público' é fornecida por G. Vedel e P. 
Devolvé. Resumidamente, pensam eles que tal noção comporta uma acepção 
política e outra jurídica. Para compreender a primeira, dois erros devem ser evitados: 
(a) supor que o interesse público seja 'Ia somme des intérêts particuliers' 
(isto seria absurdo, porque então se teria, por exemplo, a soma dos interesses dos 
produtores de bebidas com os interesses das vítimas do alcoolismo); 
(b) supor que o interesse público nada tem a ver com os interesses 
individuais ou dos grupos sociais (na verdade, o interesse público só pode ter como 
beneficiários finaisos homens nascidos ou a nascer; mesmo o interesse da Pátria, 
nada mais é do que o interesse dos cidadãos de viver em liberdade e de forma 
honrosa). E, assim, sob essa acepção política, o interesse público se apresenta 
como 'une arbitrage entre les divers intérêts particuliers'. Ora essa arbitragem se 
prende a critério quantitativo (por exemplo, na construção de uma estrada, sacrifica-
se o interesse dos proprietários lindeiros, privilegiando-se os interesses dos que a 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
22 
 
usarão, porque estes são mais numerosos), ora a critério qualitativo (os doentes 
pobres em certa comunidade, podem ser pouco numerosos, mas o valor do 
interesse à saúde pública prevalece sobre os interesses pecuniários dos demais 
cidadãos saudáveis; logo, a estes cabe contribuir para um fundo de assistência 
médica gratuita). 
Ainda para esses autores, o interesse público, sob a acepção jurídica, tem 
por base a questão da competência para a arbitragem entre os interesses 
particulares. 
O interesse privado encontra-se na esfera do particular, do indivíduo, 
cabendo a este sua defesa, beneficiando-se ou sofrendo o prejuízo. É o interesse 
individual que se esgota no círculo de atuação de seu destinatário, não podendo o 
Estado impedir seu exercício. O elemento predominante é o interesse pessoal, que é 
direta e imediatamente atingido, restando apenas, indiretamente afetado, o interesse 
da comunidade (SMANIO, 2007). 
 
Interesses individuais, coletivos e difusos 
Quando a doutrina passou a enfrentar o problema das ações coletivas, viu-
se inicialmente com sérias dificuldades para definir os conceitos dos novos direitos 
que seriam tratados por elas (ZANETI JUNIOR, 2005). Por isso, cabe distinguir os 
direitos individuais e os direitos coletivos e alertar que a sua distinção é feita apenas 
da perspectiva subjetiva, ou seja, da sua titularidade. 
Direitos individuais são, como o próprio nome diz, os direitos de uma só 
pessoa como ser individual e perfeitamente identificável. JOSÉ AFONSO DA SILVA 
(2004) os define como os direitos básicos do homem-indivíduo, e que reconhecem a 
autonomia dos particulares, garantindo a iniciativa e independência aos indivíduos 
diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado. 
Os direitos coletivos são uma categoria especial dos direitos básicos, 
caracterizados, na maior parte, como direitos sociais. São, dentre muitos outros, o 
direito à democracia direta, à fiscalização financeira, à liberdade de reunião e de 
associação, o direito de entidades associativas de representar seus filiados, de 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
23 
 
receber informação de interesse coletivo, a respirar um ar puro, a um meio ambiente 
equilibrado e à qualidade de vida. 
Os direitos coletivos são facilmente diferenciados dos individuais pelo seu 
aspecto transindividual e indivisível, cujos titulares formam um “grupo, categoria ou 
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica 
base” (BRASIL, 1990; BARROSO, 2005). 
GIANPAOLO POGGIO SMANIO (2007) explica que a sociedade de massa 
trouxe fenômenos sociais e jurídicos que não poderiam ser adequadamente 
resolvidos dentro da legislação então vigente, fundamentada na proteção individual. 
Milhares de consumidores de um mesmo produto, de um lado, reclamam 
proteção jurídica ampla; conglomerados econômicos, de outro lado, com seus 
interesses de produção e comércio, inclusive multinacionais, bem como a criação de 
shopping centers cada vez maiores e a possibilidade de compras pela Internet, 
modificam as relações de consumo. 
Os grandes aglomerados urbanos trouxeram a urgência da proteção 
ambiental, inclusive sobre a própria ocupação dos espaços para moradia, além do 
desenvolvimento industrial e econômico, com a necessidade de exploração dos 
recursos ambientais disponíveis. 
Na visão de FÁBIO KONDER COMPARATO (1986), a Revolução Industrial 
trouxe os sintomas da transformação radical da sociedade, com a produção em série 
e o consumo de massas, que implicam novas funções estatais e a mudança do eixo 
central das atividades do Estado, da legislação para a administração, da aplicação 
do direito para a elaboração e execução de programas de ação. A partir disso, surge 
uma conflituosidade de massa, que acentua o caráter supra-individual dos conflitos 
de interesses que passaram a existir. 
Os interesses relativos à qualidade de vida das pessoas, tais como a defesa 
do meio ambiente, a proteção do consumidor, a proteção de valores culturais e 
espirituais das pessoas, a proteção contra a discriminação racial ou sexual, são 
exemplos de interesses metaindividuais que precisaram e ainda precisam de 
tratamento jurídico diferenciado e próprio a suas especificidades. Nesse contexto, os 
interesses difusos são então uma categoria diferenciada das demais, que têm 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
24 
 
tratamento normativo diverso e de acordo com sua essência, que é a qualidade de 
vida das pessoas. 
Diz-se que como gênero, os direitos coletivos são lato sensu, dos quais as 
espécies são os direitos difusos, os direitos coletivos stricto sensu e os direitos 
individuais são homogêneos. 
No caso da tutela dos direitos coletivos lato sensu, o meio para sua defesa 
seria a ação coletiva, definido por ROGÉRIO LAURIA TUCCI (1998) como o 
exercício do direito à jurisdição, pelo Ministério Público, entidade ou pessoa jurídica 
em lei determinada, com finalidade de preservar o patrimônio público ou social, o 
meio ambiente, os direitos do consumidor e o patrimônio cultural, ou de definir a 
responsabilização por danos que lhes tenham causado. É um instrumento essencial 
de acesso à Justiça, nos casos de proteção de direitos difusos e coletivos. 
As ações coletivas têm duas justificativas para a sua existência. A primeira é 
de ordem sociológica que se revela no princípio do acesso à Justiça; e a segunda é 
de ordem judiciária, referente ao princípio da economia processual (PINA, 2012). 
Os direitos difusos constituem direitos transindividuais e indivisíveis, cujos 
titulares são pessoas indeterminadas e indetermináveis. São aqueles que 
ultrapassam a esfera de um único indivíduo e a satisfação desse direito atinge a 
uma coletividade indeterminada, porém, ligada por uma circunstância de fato. Essa 
circunstância pode ser o fato de habitarem em uma mesma cidade, desfrutarem de 
uma mesma paisagem ou dependerem de um mesmo rio para o abastecimento de 
água (BARROSO, 2005). 
Em resumo, são todos aqueles direitos que não podem ser atribuídos a um 
grupo específico de pessoas, pois dizem respeito a toda a sociedade. Desta 
maneira, estariam incluídos nessa classe e reafirmando o já dito, por exemplo, o 
direito a respirar ar puro, a um meio ambiente equilibrado, a qualidade de vida, 
dentre outros que pertençam à massa de indivíduos e cujos prejuízos de uma 
eventual reparação de danos não possam ser individualmente calculados. 
Assim, por exemplo, os direitos ligados à área do meio ambiente têm, em 
regra, reflexo sobre toda a população, pois no caso de danoou mesmo benefício, 
isso afetará, direta ou indiretamente, a qualidade de vida de toda a população. O 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
25 
 
mesmo ocorre com os direitos ligados à preservação do patrimônio sociocultural e 
com os bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico, 
entre outros. 
Percebe-se, portanto, que o conteúdo desse direito é eminentemente não-
patrimonial, característica que influi no tipo de tutela e no provimento jurisdicional a 
ser requerido na ação (PINA, 2012). 
Os direitos ou interesses coletivos são caracterizados por sua 
transindividualidade, indivisibilidade e determinação, conforme previsão do inc. II do 
art. 81 do CDC. Seus titulares estão ligados por uma relação jurídica base entre si 
ou com a parte contrária, sendo seus sujeitos indeterminados, porém determináveis. 
Este é o ponto que os diferencia dos direitos difusos. A determinação dos indivíduos 
componentes do grupo se deve à existência de relação jurídica base entre os 
titulares que os permita ser identificados. 
Nota-se, então, que, ao fazer referência aos direitos coletivos, o CDC 
evidencia que há a identificação clara de uma categoria ou classe de pessoas. Deve 
haver uma identidade segura do grupo, que é assegurada pelo fato de os seus 
membros estarem ligados por alguma relação jurídica base. 
Podem ser sujeitos de direito coletivo os membros de grupos autônomos, 
associados de sindicatos, profissionais vinculados a uma corporação, acionistas de 
uma grande sociedade anônima, entre outros. E a sentença referente a esses casos 
tem eficácia ultra partes, ou seja, se estende além das partes, mas fica restrita ao 
grupo, categoria ou classe, salvo na hipótese de improcedência por insuficiência de 
provas (PINA, 2012). 
Como exemplo de direito coletivo, traz-se à baila o caso clássico de poluição 
do meio ambiente de trabalho por um agente químico nocivo à saúde, que afeta a 
saúde de todos os empregados da unidade da empresa. Assim, é possível a 
identificação da coletividade, quais sejam os empregados daquela empresa, o que 
pode ser verificado pela folha de salários. Assim, a responsabilização da empresa 
seria coletiva, mas os indivíduos que compõem essa coletividade poderiam 
facilmente ser individualizados. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
26 
 
Para finalizar, cabe citar a análise de Gidi (2011, p. 84 apud DIDIER; 
ZANETI, 2011) que distingue os titulares das três espécies de direitos coletivos da 
seguinte maneira: 
 
Quanto à titularidade do direito material (aspecto subjetivo), temos que o 
direito difuso pertence a uma comunidade formada de pessoas 
indeterminadas e indetermináveis; o direito coletivo pertence a uma 
coletividade (grupo, categoria ou classe) formada de pessoas 
indeterminadas, mas determináveis; os direitos individuais homogêneos 
pertencem a uma comunidade formada de pessoas perfeitamente 
individualizadas, que também são indeterminadas e determináveis. (...) É 
imperativo observar que, ao contrário do que se costuma afirmar, não são 
vários, nem indeterminados, os titulares (sujeitos de direito) dos direitos 
difusos, coletivo ou individuais homogêneos. Há apenas um único titular – e 
muito bem determinado: uma comunidade no caso dos direitos difusos, uma 
coletividade no caso dos direitos coletivos ou um conjunto de vítimas 
indivisivelmente considerado no caso dos direitos individuais homogêneos. 
(...) Quem tem o direito público subjetivo à prestação jurisdicional referente 
a tais direitos (direito de ação coletivo) é apenas a comunidade ou a 
coletividade como um todo, através das entidades legalmente legitimadas à 
sua propositura. 
 
 
Enfim, para melhor compreensão do conceito legal dos interesses difusos no 
contexto dos direitos do consumidor, tomemos como exemplo a colocação de um 
produto altamente nocivo no mercado de consumo. Tal fato atinge todos os 
consumidores em potencial, que não estejam vinculados entre si por qualquer 
relação jurídica. Este é o aspecto subjetivo do conceito legal. Enquanto o bem 
jurídico tutelado é indivisível, uma vez que a ofensa atinge a todos os consumidores, 
a retirada do produto do mercado de consumo é uma satisfação que beneficia 
também a todos os consumidores, o que consubstancia o aspecto objetivo do 
conceito legal. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
27 
 
UNIDADE 5 – TEORIA GERAL DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
 
O primeiro passo para estudarmos os Direitos Fundamentais passa 
necessariamente por definirmos seu conceito e esclarecer confusões que se fazem 
entre direitos fundamentais e direitos humanos, uma vez que vários autores fundem 
essa terminologia, sustentando a sua sinonímia. 
Grosso modo, os direitos do homem são os direitos naturais, intrínsecos ao 
homem e reconhecidos em documentos internacionais, já os direitos fundamentais 
tem a marca da positivação, isto é, é um direito reconhecido pelo sistema. 
UADI LAMÊGO BULOS (s.d. apud ABREU, 2010) afirma que os direitos 
humanos, além de fundamentais, são inatos, absolutos, invioláveis, intransferíveis, 
irrenunciáveis e imprescritíveis, porque participam de um contexto histórico, 
perfeitamente delimitado. Não surgiram à margem da história, porém, em 
decorrência dela, ou melhor, em decorrência dos reclamos da igualdade, 
fraternidade e liberdade entre os homens. Homens não no sentido de sexo 
masculino, mas no sentido de pessoas humanas. Os direitos fundamentais do 
homem, nascem, morrem e extinguem-se. Não são obra da natureza, mas das 
necessidades humanas, ampliando-se ou limitando-se a depender do influxo do fato 
social cambiante. 
A expressão “direitos fundamentais” é empregada principalmente pelos 
autores alemães, na esteira da Constituição de Bonn, que dedicava o capítulo inicial 
aos Grundrechte, ou seja, exatamente direitos fundamentais (TORRES, 2006). 
Até a Emenda Constitucional nº 1/1969, o Brasil adotada a expressão 
“direitos individuais”, conforme se infere do seu artigo 153 (Capítulo IV – Dos 
Direitos e Garantias Individuais), como sinônimo da moderna denominação de 
“direitos fundamentais”. Naquela época vingava a influência dos albores do 
liberalismo, e a sua visão eminentemente individualista, que não distinguia as 
liberdades coletivas e não conhecia a definição de pessoa. 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
28 
 
RICARDO LUIS LORENZETTI (1998, p. 151) afirma que a expressão 
“direitos fundamentais” é a mais apropriada porque não exclui outros sujeitos que 
não sejam o homem e também porque se refere àqueles direitos que são fundantes 
do ordenamento jurídico e evita uma generalização prejudicial. 
INGO WOLFGANG SARLET (2007, p. 36) apresenta um traço de distinção, 
ainda que de cunho predominantemente didático, entre as expressões “direitos do 
homem”, “direitos humanos” e “direitos fundamentais”, sendo a primeira de cunho 
jusnaturalista,ainda não positivados; a segunda relacionado à positivação no direito 
internacional; e, a terceira, como direitos reconhecidos ou outorgados e protegidos 
pelo direito constitucional interno de cada Estado. 
Segundo o doutrinador PÉREZ-LUÑO (1998 apud BELLINHO, 2010), os 
direitos fundamentais e os direitos humanos não se diferem apenas pelas suas 
abrangências geográficas, mas também pelo grau de concretização positiva que 
possuem, ou seja, pelo grau de concretização normativa. Os direitos fundamentais 
estão duplamente positivados, pois atuam no âmbito interno e no âmbito externo, 
possuindo maior grau de concretização positiva, enquanto que os direitos humanos 
estão positivados apenas no âmbito externo, caracterizando um menor grau de 
concretização positiva. 
FÁBIO FREITAS MINARDI (2008) afirma que o direito fundamental decorre 
de um processo legislativo interno de um determinado país, que eleva à positivação, 
sendo então um direito outorgado e/ou reconhecido. Já os direitos humanos 
possuem caráter supralegal, desvinculados a qualquer legislação escrita ou tratado 
internacional, pois pré-existe a eles. 
SIDNEY GUERRA (2007, p. 265) explica que a partir da Declaração dos 
Direitos Humanos, adotada em 10 de dezembro de 1948, confirmou-se a ideia de 
que os direitos humanos extrapolam o domínio reservado dos Estados, invalidando o 
recurso abusivo ao conceito de soberania para encobrir violações, ou seja, os 
direitos humanos não mais é matéria exclusiva das jurisdições nacionais. 
Assim sendo, a positivação dos direitos humanos, dando origem aos direitos 
fundamentais, é a nítida amostra da consciência de um determinado povo de que 
certos direitos do homem são de tal relevância que o seu desrespeito inviabilizaria a 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
29 
 
sua própria existência do Estado. Aliás, ninguém mais nega, hoje, que a vigência de 
direitos humanos independe do seu reconhecimento constitucional, ou seja, de sua 
consagração no direito positivo estatal como direitos fundamentais (COMPARATO, 
2003, p. 136). 
No Brasil, os direitos fundamentais estão preconizados no Título II da 
CRFB/88, sendo que o constituinte considerou ilegítima qualquer proposta tendente 
a aboli-los, artigo 60, § 4º, IV da Constituição (as chamadas cláusulas pétreas) 
(MINARDI, 2008). 
Os direitos fundamentais se aplicam tanto às pessoas físicas, quanto as 
pessoas jurídicas. Na primeira situação são titulares: a) brasileiros natos; b) 
brasileiros naturalizados; c) estrangeiros residentes no Brasil; d) estrangeiros em 
trânsito pelo território nacional; e) qualquer pessoa que seja alcançada pela lei 
brasileira (pelo ordenamento jurídico brasileiro). 
É preciso, porém, fazer uma ressalva: existem determinados direitos 
fundamentais cuja titularidade é restringida pelo próprio Poder Constituinte. Por 
exemplo: 
1º. existem direitos que se direcionam apenas a quem esteja pelo menos em 
trânsito pelo território nacional (garantias contra a prisão arbitrária); 
2º. outros direcionam-se apenas aos brasileiros, sejam natos ou naturalizados 
(direito à nacionalidade, direitos políticos); e, 
3º. outros são destinados apenas aos brasileiros natos (direito a não extradição, 
direito de ocupar determinados cargos públicos). 
Pode-se dizer que existe, então, uma verdadeira gradação na ordem 
enumerada anteriormente: os brasileiros natos possuem mais direitos que os 
brasileiros naturalizados que possuem mais direitos que os estrangeiros residentes, 
etc. (CAVALCANTE FILHO, 2010). 
Os direitos fundamentais também se aplicam às pessoas jurídicas (inclusive 
as de Direito Público), desde que sejam compatíveis com a natureza delas4. Assim, 
 
4 É a posição da doutrina e da jurisprudência majoritárias. Há, contudo, discordâncias. Dimoulis e 
Martins consideram que as pessoas jurídicas só são titulares de direitos fundamentais nos casos 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
30 
 
por exemplo, pessoas jurídicas têm direito ao devido processo legal, mas não à 
liberdade de locomoção, ou à integridade física. 
A doutrina reluta em atribuir às pessoas jurídicas (empresas, associações, 
etc.) direito à vida; com razão, prefere-se falar em “direito à existência”. Todavia, em 
concursos públicos, o CESPE/UnB (ver STJ/Técnico Judiciário/Área Administrativa/ 
2004) já deu como correta a questão que afirmava terem as pessoas jurídicas direito 
à vida. 
Por outro lado, é pacífico que pessoas jurídicas não possuem direito à 
liberdade de locomoção. Justamente por isso é que em favor delas não se pode 
impetrar habeas corpus (pois esse é um remédio constitucional que protege apenas 
a liberdade de locomoção: art. 5º, LXVIII) (CAVALCANTE FILHO, 2010). 
Nesse sentido: STF, HC 92.921/BA, 1ª Turma, Relator Ministro Ricardo 
Lewandowski, DJe de 25.09.2008. A ementa do acórdão dá a entender que o HC 
teria sido concedido, mas a leitura do inteiro teor revela: 
 
A Turma, preliminarmente, por maioria de votos, deliberou quanto a 
exclusão da pessoa jurídica do presente habeas corpus, quer considerada a 
qualificação como impetrante, quer como paciente; vencido o Ministro 
Ricardo Lewandowski, Relator. 
 
A jurisprudência considera que as pessoas jurídicas (empresas, 
associações, partidos políticos, etc.) podem pleitear indenização por danos morais: 
“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral” (STJ, Súmula nº 227)5. 
Segundo entendemos, as pessoas jurídicas podem também ser vítimas de 
crimes contra a honra, exceto injúria. Com efeito, calúnia e difamação atingem a 
honra objetiva (como a pessoa é vista pelos outros), o que é compatível com a 
 
explicitados na Constituição (principalmente art. 5º, XVII a XXI). Cf. DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, 
Leonardo. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais, p. 63. São Paulo: RT, 2007. 
É também o que se vê no Direito Comparado. Por exemplo, o art. 19, 3, da GG (Lei Fundamental 
Alemã), dispõe que “Os direitos fundamentais também se aplicam as pessoas coletivas nacionais 
quando a sua natureza o permita”. Da mesma forma, o art. 12º, 2, da Constituição Portuguesa, 
dispõe: “As pessoas coletivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com a sua 
natureza”. (CAVALCANTE FILHO, 2010). 
5 Questão de concurso: Cespe/TRE-MT/Técnico/2010: “O dano moral, que atinge a esfera íntima da 
vítima, agredindo seus valores, humilhando e causando dor, não recai sobre pessoa jurídica”. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
31 
 
situação das pessoas jurídicas. Apenas a injúria, que atinge a honra subjetiva (a 
autoimagem da pessoa) é impossível de ser perpetrada contra pessoa de existência 
meramente jurídica. 
Todavia, essa não é a posição dos tribunais. O STJ considera que as 
pessoas jurídicas não podem ser consideradassujeito passivo de nenhum crime 
contra a honra6. 
Já no STF há um precedente segundo o qual a pessoa jurídica “pode ser 
vítima de difamação, mas não de injúria e calúnia”7. 
É de se relevar, ainda, que mesmo as pessoas jurídicas de direito público 
podem ser titulares de direitos fundamentais. Tal afirmação não deixa de ser 
peculiar: se os direitos fundamentais surgiram para defender o cidadão contra o 
Estado, como justificar que uma pessoa jurídica de direito público (isto é, integrante 
do próprio Estado) possa ter direitos fundamentais? 
JOÃO TRINDADE CAVALCANTE FILHO (2010) explica de maneira bem 
simples: com o agigantamento da Administração Pública, os órgãos e entidades 
passaram a atuar de forma autônoma uns dos outros, o que pode ensejar conflitos 
de interesses, quando surge a necessidade de garantir direitos básicos. Vide o 
exemplo de um órgão que impetre mandado de segurança em defesa das próprias 
prerrogativas. 
Em resumo, podemos dizer que as pessoas jurídicas (inclusive as de direito 
público) são titulares dos direitos fundamentais compatíveis com a sua natureza. 
 
As gerações dos direitos fundamentais 
 
Os Direitos Fundamentais visam assegurar a todos uma existência digna, 
livre e igual, criando condições à plena realização das potencialidades do ser 
humano (BIANCO, 2006). 
Se tomarmos emprestadas as palavras de Alexandre de Moraes (2002), 
temos como definição que os Direitos Fundamentais são um conjunto 
 
6
 STJ, Quinta Turma, HC 42.781/SP, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJ de 05.12.2005. 
7
 STF, Primeira Turma, RHC 83.091/DF, Relator Ministro Marco Aurélio, DJ de 26.09.2003. 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
32 
 
institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade 
básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do 
poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento 
da personalidade humana. 
Por serem indispensáveis à existência das pessoas, possuem as seguintes 
características, as quais já foram citadas na introdução: são intransferíveis e 
inegociáveis, portanto inalienáveis; não deixam de ser exigíveis em razão do não 
uso, portanto, são imprescritíveis; nenhum ser humano pode abrir mão da existência 
desses direitos, ou seja, são irrenunciáveis; devem ser respeitados e reconhecidos 
no mundo todo, o que representa a sua universalidade e, por fim, não são absolutos, 
podem ser limitados sempre que houver uma hipótese de colisão de direitos 
fundamentais que significa a sua limitabilidade. 
É importante salientar que esses direitos são variáveis, modificando-se ao 
longo da história de acordo com as necessidades e interesses do homem. Essa 
transformação é explicada com base na teoria das gerações de direitos 
fundamentais, criada a partir do lema revolucionário francês (liberdade, igualdade, 
fraternidade) (BIANCO, 2006). 
Segundo JOÃO TRINDADE CAVALCANTE FILHO (2010), trata-se de uma 
classificação que leva em conta a cronologia em que os direitos foram 
paulatinamente conquistados pela humanidade e a natureza de que se revestem. 
Importante ressaltar que uma geração não substitui a outra, antes se acrescenta a 
ela, por isso a doutrina prefere a denominação “dimensões”. 
a) Os direitos da primeira geração ou primeira dimensão inspirados nas 
doutrinas iluministas e jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII (individuais ou 
negativos): seriam os Direitos da Liberdade, liberdades estas religiosas, políticas, 
civis clássicas como o direito à vida, à segurança, à propriedade, à igualdade formal 
(perante a lei), as liberdades de expressão coletiva, etc. São os primeiros direitos a 
constarem do instrumento normativo constitucional, a saber, os direitos civis e 
políticos. Os direitos de liberdade têm por titular o indivíduo, traduzem-se como 
faculdades ou atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
33 
 
mais característico, sendo, portanto, os direitos de resistência ou de oposição 
perante o Estado, ou seja, limitam a ação do Estado. 
Foram os primeiros a ser conquistados pela humanidade e se relacionam à 
luta pela liberdade e segurança diante do Estado. Por isso, caracterizam-se por 
conterem uma proibição ao Estado de abuso do poder: o Estado NÃO PODE 
desrespeitar a liberdade de religião, nem a vida etc. Trata-se de impor ao Estado 
obrigações de não fazer. São direitos relacionados às pessoas, individualmente. Ex.: 
propriedade, igualdade formal (perante a lei), liberdade de crença, de manifestação 
de pensamento, direito à vida, etc. 
b) Segunda geração ou segunda dimensão (sociais, econômicos e culturais, 
direitos positivos): seriam os Direitos da Igualdade, no qual estão o direito à proteção 
do trabalho contra o desemprego, direito à educação contra o analfabetismo, direito 
à saúde, cultura, etc. Essa geração dominou o século XX, são os direitos sociais, 
culturais, econômicos e os direitos coletivos. São direitos objetivos, pois conduzem 
os indivíduos sem condições de ascender aos conteúdos dos direitos através de 
mecanismos e da intervenção do Estado. Pedem a igualdade material, através da 
intervenção positiva do Estado, para sua concretização. Vinculam-se às chamadas 
“liberdades positivas”, exigindo uma conduta positiva do Estado, pela busca do bem-
estar social (MORAES, 2002; BONAVIDES, 2007). 
São direitos sociais os de segunda geração, assim entendidos os direitos de 
grupos sociais menos favorecidos, e que impõem ao Estado uma obrigação de 
fazer, de prestar (direitos positivos, como saúde, educação, moradia, segurança 
pública e, agora, com a EC nº 64/10, também a alimentação). 
Baseiam-se na noção de igualdade material (= redução de desigualdades), 
no pressuposto de que não adianta possuir liberdade sem as condições mínimas 
(educação, saúde) para exercê-la. Começaram a ser conquistados após a 
Revolução Industrial, quando grupos de trabalhadores passaram a lutar pela 
categoria. 
c) Terceira geração ou terceira dimensão (difusos e coletivos), que foram 
desenvolvidos no século XX: seriam os Direitos da Fraternidade, no qual está o 
direito a um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, progresso, 
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
JoaoCarlos
Realce
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
34 
 
etc. Essa geração é dotada de um alto teor de humanismo e universalidade, pois 
não se destinavam somente à proteção dos interesses dos indivíduos, de um grupo 
ou de um momento. Refletiam sobre os temas referentes ao desenvolvimento, à paz, 
ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade 
(BONAVIDES, 2007). 
São direitos transindividuais, isto é, direitos que são de várias pessoas, mas 
não pertencem

Outros materiais