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provas vestibulares / avaliação vestibular

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1 
PROVAS VESTIBULARES 
 
I – INTRODUÇÃO 
 
Vertigem é um dos sintomas mais freqüentes relacionados à pratica médica de um 
otorrinolaringologista. Na América, aproximadamente 90% dos indivíduos com mais de 65 
anos procuram um médico, ao menos uma vez, com queixa de vertigem. 
Pacientes com queixas como vertigem, alterações de equilíbrio, hipoacusia e zumbido 
são candidatos a uma avaliação otoneurológica que se constitui de anamnese detalhada, 
exame físico completo, exames laboratoriais, radiológicos, audiométricos, 
eletronistagmografia e provas rotatórias. 
O objetivo dessa avaliação consiste em identificar se existe algum distúrbio dos sistemas 
relacionados com o equilíbrio, diferenciá-los entre centrais e periféricos, grau de 
acometimento, etiologia e prognóstico. O grande elemento semiológico do labirinto é o 
nistagmo e sua avaliação é de fundamental importância diagnóstica. 
 
ANAMNESE 
 
 Vertigem é uma sensação subjetiva na qual o indivíduo sente-se rodar no ambiente ou 
sente que este gira em sua volta. Essa vertigem, também denominada rotatória, é atribuída por 
muitos autores a um distúrbio labiríntico-periférico. Ela pode ou não ser acompanhada de 
sintomas neurovegetativos, como náuseas, vômitos, sudorese e palidez. Aproximadamente 
três quartos dos pacientes com vertigem podem ser diagnosticados pela história. 
Do ponto de vista otoneurológico é de grande importância a vertigem acompanhada de 
sintomas labirínticos, como queda de audição e zumbido,que acontecem, por exemplo, na 
doença de Menière. Além de rotatórias as vertigens podem apresentar sensação de flutuação, 
instabilidade, quedas e cabeça vazia. 
Devemos caracterizar os sintomas como aparecimento relacionado a algum 
acontecimento não habitual, com duração, intervalo, sintomas associados, envolvimento de 
outros pares cranianos, antecedentes pessoais e hereditários. 
 
 
II – EXAME OTONEUROLÓGICO 
 
Tabela 1. Exame Otoneurológico 
• Pressão Arterial nos Braços sentado e deitado (teste para 
hipotensão ortostática) 
• Ausculta Cardíaca 
 
 
1. Exame Físico Geral 
• Ausculta de frêmitos cervicais 
 
• Andar Sensibilizado 
• Teste de Romberg clássico e sensibilizado 
 
 
2. Marcha e Equilíbrio • Teste da marcha de Fukuda 
 
• Força Muscular 
• Função Cerebelar (dedo-nariz-dedo, calcanhar-joelho-
tornozelo, diadococinesia) 
• Reflexo profundo do tendão e resposta plantar 
 
 
3. Exame Sensitivo e Motor 
• Propriocepção 
 
• Acuidade visual (com correção) à distância 
• Acuidade visual dinâmica (com 1 Hz de balanço na 
cabeça) 
 
 
4. Visão 
• Campo de confronto visual 
 2 
 
• Fundo de olho 
• Observação do nervo óptico com o olho oposto ocluído 
(para detectar nistagmo espontâneo com fixação 
removida) 
 
 
 
5. Oftalmoscopia 
• Observação do nervo óptico durante rotação vertical e 
horizontal da cabeça (para avaliar ganho de VOR) 
 
• Pupilas, procura por ptose 
• Tamanho e reação da pupila 
• Fixação – procura por nistagmo espontâneo, movimentos 
sacádicos 
• Fechamento do olho – procura por desvio com os olhos 
fechados, mudanças no nistagmo (inchaço da córnea) 
• Alinhamento ocular 
• Variação do movimento extraocular 
• Convergência - incluindo mudanças no nistagmo com 
mudanças na borda 
• Movimentos sacádicos – rapidez, precisão e latência 
• Atividade suave 
 
 
6. Movimentos do olhos, 
 Pálpebras e Pupilas 
 
 
 
• Nistagmo optocinético 
 
• Lenta Rotação passiva da cabeça com mira estacionária 
• Fixação suprimida do VOR (fixação do alvo móvel) 
 
 
7. Reflexo Vestíbulo Ocular • Head thrusts with fixation of stationary target – low 
excursion (10-20°) but rapid, high acceleration head 
rotations 
 
• Manobra de Dix-Hallpike 
8. Testes Posturais • Suprine and either ear dependent 
 
• Teste de Rinnie 
• Teste de Weber 
 
9. Audição 
 
 
• Nistagmo espontâneo sem fixação ocular 
• Posição Orbital com dependência do nistagmo 
• Efeito das mudanças com a posição da cabeça na rotação 
lateral 
• Balanço horizontal e vertical da cabeça 
• Movimento circular da cabeça 
• Manobra de Valsalva, teste de Tullio, Hiperventilação 
• Compressão do tragus (sinal de Hennebert) 
 
 
 
 
 
 
10. Exame de Frenzel 
• Mastóide e vibração do pescoço 
 
• Reflexos da Córnea (V) 
• Sensibilidade facial ao toque leve e alfinete (V) 
• Sensibilidade no conduto auditivo externo (VII) 
• Força Facial (VII) 
• Elevação do palato e reflexo... (IX, X) 
• Movimentação do esternocleidomastoídeo e trapézio (XI) 
 
 
 
11. Outros pares cranianos 
• Protrusão e movimentação da língua (XII) 
 
 
 
III. TESTES DE EQUILÍBRIO 
 
 3 
A) Equilíbrio Estático 
 
Teste de Romberg 
 
O paciente é colocado em posição ortostática, com os calcanhares unidos e pontas dos pés 
separados em 30°, cabeça reta, braços ao longo do corpo na posição anatômica, olhos fechados 
(para inibir a visão) durante um minuto. O exame é considerado alterado se houver queda. 
Quando o teste traz dúvidas, podemos sensibilizá-lo através de algumas manobras: 
- Manobra de Jendrassik: mãos em oposição e cotovelos na horizontal. 
- Romberg-Barre: colocando-se em pé um diante do outro, em linha reta, diminuindo a 
base de sustentação. 
- Oscilar cabeça no plano horizontal, de olhos fechados. 
 Romberg-Barré sensibiliza o látero-pulsão, mas dificulta a observação da ântero ou 
retropulsão, que podem ser melhor observados no Romberg clássico. 
Nas afecções centrais, a queda ocorre geralmente para frente ou para trás (Romberg-
clássico) enquanto nos distúrbios do sistema proprioceptivo, não há lado preferencial para a 
queda. Nas cerebelopatias o paciente procura manter a base alargada (abasia), caindo ao 
aproximar os pés, mesmo de olhos abertos. Classicamente quando há queda com lateralização 
para direita ou esquerda pede-se ao paciente para girar a cabeça primeiro para a direita e depois 
para a esquerda para observar se há alteração na direção da queda, dependendo da posição do 
labirinto posterior. Isto caracteriza um Romberg Vestibular. 
 
 
 
Figura 1: Visualização de vestíbulo e canais semi-circulares 
 
 
Apoio Monopodal de Uemura 
 
É um teste de altíssima sensibilidade que consiste em equilibrar-se sobre um pé com os 
olhos fechados. 
 4 
Classicamente observa-se um indivíduo com déficit vestibular uni ou bilateral não 
consegue equilibrar-se sobre um pé com os olhos fechados. 
 Obs: Após os 55 anos de idade é quase impossível não haver alteração neste teste. 
 
Braços Estendidos 
 
O paciente deverá permanecer com os braços estendidos à sua frente, paralelos entre si, 
com os dedos indicadores apontando para frente. Em seguida, solicitamos que feche os olhos, 
observando se o paciente é capaz de manter os braços em posição inicial. 
O resultado é considerado normal se houver ausência de desvio dos braços após 1 a 2 
minutos e alterado se houver desvio de 2 a 3 cm durante o mesmo período. 
 Nas patologias centrais, ocorre queda de um ou de ambos os braços e os desvios não são 
conjugados enquanto nas periféricas observa-se desvio conjugado dos braços para o lado 
lesado. 
 
B) Equilíbrio Dinâmico (marcha) 
 
Teste de Babinski-Weil (Prova de Marcha às Cegas) 
 
O paciente deve caminhar, de olhos fechados, para frente e para trás num percurso 
aproximadamente de 1,5m. 
Espera-se em indivíduos saudáveis que não ocorra desvio da marcha. No caso de lesão 
vestibular unilateral, o tônus muscular será assimétrico, provocando desvio da marcha para o 
lado lesado, descrevendo uma marcha em estrela. Pode-se encontrar uma alternância de 
desvio (passo para frente desviado para um lado e passo para trásdesviado para outro), que 
reflete a látero-pulsão do déficit vestibular. Quadros acentuados de Neuronite Vestibular, por 
exemplo, por exemplo podem apresentar perfil de estrela muito alterado. 
Marcha Ebriosa (Patologia Cerebelar): 
• a cada passo ocorre um desvio excessivo de todo o corpo; 
• início indeciso da marcha; 
• retardo da marcha; 
• paradas incertas; 
• passo desigual e irregular; 
• membros inferiores muito projetados; 
• tronco inclinado para trás. 
Outros tipos de marcha patológica podem ser observados como: marcha ceifante 
(hemiplegia) e marcha talonante (lesão do funículo posterior – exemplo: sífilis). 
 
Teste de Fukuda 
 
O teste é realizado sobre três círculos concêntricos desenhados no chão, cujos raios têm 
0,5m de diferença entre si. Estes círculos são divididos em 12 partes iguais, por retas que 
cruzam o centro, formando um ângulo de 30°. 
O paciente marcha, elevando os joelhos aproximadamente 45° sem deslocar-se, 
executando 60 passos (um por segundo) com os braços estendidos e os olhos fechados. 
São considerados resultados patológicos se houver deslocamento maior do que 1m e/ou 
rotação superior a 30°. Este teste é útil no acompanhamento de pacientes com patologias 
periféricas durante o tratamento, pois fornece sinais de compensação vestibular. 
 
Teste de Unterberger 
 
 5 
É uma variante do teste e Fukuda. O paciente executa 90 passos, sem deslocar-se. São 
consideradas apenas variações na rotação. 
Para que os três testes acima sejam valorizados é importante que não haja fonte de luz e 
sonora, evitando qualquer tipo de orientação. 
 
 
 
 
IV. TESTES DE COORDENAÇÃO (função cerebelar) 
 
Prova de índex-nariz/índex-índex/index -joelho 
 
Índex-índex: paciente realiza movimento de elevação e abaixamento dos braços, com 
os olhos fechados, usando os dedos do médico como referência. Se o paciente tocar o ponto 
de partida a prova é negativa. 
Índex-nariz: de braços estendidos ao lado do corpo, com os olhos fechados, o paciente 
deverá realizar manobras tocando com a ponta de seu indicador a ponta de seu nariz. 
 Índex-joelho: com o indicador e os olhos fechados o paciente toca várias vezes o 
joelho. 
 Quando a lesão é periférica, o desvio é harmonioso e só se verifica com os 
movimentos do mesmo lado. Nas patologias centrais e cerebelares os erros da manobra são na 
medida. 
 
 
 Diadococinesia 
 
O paciente realiza movimentos repetitivos e alternados em pronação e supinação das 
mãos sobre os joelhos. 
Este teste estará alterado em patologias cerebelares. A incoordenação unilateral dos 
movimentos, nos diversos testes, sugere o comprometimento do hemisfério cerebelar 
homolateral enquanto a incoordenação bilateral pode ocorrer em afecções do vermis cerebelar, 
entretanto a freqüência de normalidade é maior nestas condições. 
 
 
Nistagmo e nistagmografia 
 
 Nistagmo pode ser classificado por tremor associado dos globos oculares. De acordo 
com a origem podemos encontrar os seguintes nistagmos: 
 - Fisiológico: encontrado nas posições extremas do olhar. 
 - Dos Mineiros: ocasionado pela falta de luminosidade. 
 - Mutans: pode aparecer no recém-nascido entre o 4° e o 18° mês de vida e desaparece 
dentro de um ano. Sua causa não é conhecida. 
 - De fixação: pode ser de três tipos: Amblióptico (pessoas com pouca visão), 
congênito (aparece com a fixação e se acentua com o desvio ocular diminuindo com o fechar 
dos olhos) e de fixação adquirido (são centrais e a lesão é no cerebelo ou no tronco cerebral). 
 - Optocinético: induzido por um estímulo óptico em movimento 
 - Vestibular: è o que se origina no órgão vestibular, nas vias e núcleos vestibulares, 
tronco, cerebelo e até no diencéfalo. É bifásico composto por fases lenta e rápida que acredita-
se originar respectivamente no órgão vestibular e central. A componente lenta é a que desloca 
o olho da posição central e a componente rápida o traz de volta. 
 
 
 6 
V. EXAME COM LENTES DE FRENZEL 
 
Nistagmo espontâneo 
 
A visualização de nistagmo espontâneo pode ser obtida através do uso das lentes de 
aumento de Frenzel (aumentam 20 dioptrias), que impedem a fixação do olhar para que o 
nistagmo de origem periférica não seja inibido, diminuindo a sua amplitude em menos de 
50%. O nistagmo de origem central na maioria das vezes não se atera com o uso destas lentes. 
(Figura 2) 
O nistagmo espontâneo deve ser pesquisado com o paciente sentado e imóvel, com os 
olhos centralizados e a cabeça reta, utilizando-se as Lentes de Frenzel. Sua presença sempre é 
patológica. 
Deve observar a direção do nistagmo, suas alterações com a mudança do olhar ou da 
posição da cabeça, dissociação entre o nistagmo em cada olho, e então executar manobras 
provocativas como hiperventilação e manobra de Valsava e finalmente executar as manobras 
posicionais. 
Nistagmo horizontal com a velocidade e direção constante, inibidos com a fixação do 
olhar, são típicos de distúrbios vestibulares. Nistagmo vertical ou em múltiplas direções, com 
velocidade variável e não inibível com a fixação do olhar é sugestivo de patologias centrais. 
Nistagmo vertical-torsional pode estar relacionado a VPPB. 
 
 
 Figura 2: Óculos de Frenzel 
 
Manobras Provocativas (com lentes de Frenzel) 
 
Hiperventilação: Deve-se pedir ao paciente que respire profundamente por 30 a 60 
segundos e então observar seus olhos através das lentes de Frenzel. Nistagmo pode ser 
observado em pacientes com lesões desmielinizantes, como neuroma do acústico, portadores 
de esclerose múltipla etc. 
Manobra de Valsalva: Deve-se pedir ao paciente que tente expirar com a glote fechada 
(como se fosse levantar um peso) e depois com a boca e o nariz tapados. Pode-se observar o 
aparecimento de nistagmo, por aumento na pressão intracraniana e na orelha média, em 
pacientes portadores de malformações como Arnold Chiari, malformações de cadeia 
ossicular, fístula perilinfática etc. 
Pressão em Conduto Auditivo Externo: A pressão no tragus pode ser transmitida ao 
tímpano e cadeia ossicular desencadeando nistagmo (sinal de Hennebert) em pacientes com 
fístula ou deiscência de canal semicircular. 
Ruídos Intensos (Sinais de Túlio): Pode provocar nistagmo por mecanismo semelhante 
ao da compressão em CAE. 
 
Manobras Posicionais 
 
Manobra de Dix-Hallpike: É o teste proposto por Hallpike (1952) para nistagmos 
posicionais. 
 7 
O paciente é colocado sentado inicialmente. Em seguida é posto rapidamente em DDH, 
com a cabeça pendente na superfície (posição de Rose), ao mesmo tempo em que a cabeça é 
girada 45° para o lado. É mantido nesta posição por 10 a 15 segundos, observando-se o 
aparecimento de nistagmo. Então o paciente volta para aposição sentada e repete-se a 
manobra para o lado oposto. 
Nos indivíduos normais, são observados poucos batimentos de nistagmo até cessar o 
movimento da cabeça. A prova é positiva se aparecer nistagmo com os olhos abertos, 
acompanhados de vertigem. 
Os pacientes com vertigem posicional benigna desencadeiam o nistagmo durante a 
realização da prova e, na sua maioria, tendo lesão vestibular unilateral, apresentam um 
nistagmo ao girar a cabeça para o lado lesado. Este nistagmo tem latência, ocorrendo em 
crescendo-decrescendo, normalmente geotrópico (bate em direção ao chão), devido ao 
envolvimento de canal semicircular posterior, principalmente na VPPB, acompanhado de 
vertigem e é esgotável. A manobra de Dix-Halpike é específica para VPPB. (Figura 3) 
 
 
 
 
 
Figura 3: Manobra de Dix-Hallpike 
 
 
 
 
Manobra Liberatória de Semont: Não é específica para VPPB. Trata-se de uma 
manobra que pode ser ao mesmo tempo diagnóstica e de reposicionamento. 
Com o pacientesentado na maca pede-se para que esse vire sua cabeça para a esquerda e 
então mova o seu corpo rapidamente para decúbito lateral direito, mantendo a cabeça virada 
para a esquerda. Então se pede para que se mova para decúbito lateral esquerdo, mantendo a 
cabeça na mesma posição inicial. 
Com essa manobra ocorre hiperestimulação do canal semicircular posterior, que contém 
debris e se tenta transpor tais debris do canal para o utrículo. (Figura 4) 
 8 
 
Figura 4: Manobra Liberatória de Semont 
 
Head-Shaking Nystagmus: É um método de Avaliação do Reflexo Vestíbulo-ocular no 
qual o paciente, utilizando as lentes de Frenzel é submetido a oscilações da cabeça em 
diferentes direções, por cerca de 18 segundos. Estas oscilações são repetidas três vezes e 
então é registrado o movimento ocular observando-se parâmetros de nistagmo, como latência 
direção e velocidade angular. É um teste bem tolerado pelo paciente e não requer 
equipamento sofisticado. Como desvantagem tem o desencadeamento do reflexo cérvico-
ocular, que pode mimetizar ou desmascarar uma alteração vestibular. 
 
Tabela 2. Principais síndromes e associação com sintomas 
Sintomas e sinais Síndrome Periférica Unilateral Aguda VPPB 
Síndrome 
Periférica Bilateral 
Síndrome 
Vestibulocerebelar 
Vertigem + + + + ++ - + + 
Náusea + + + +++ - + 
Desequilíbrio + - + + + + + 
Oscilopsia + + + + + + + 
Nistagmo 
Espontâneo Unidirecional com 
supressão visual Nada Nada 
Pouca supressão 
visual. Direção 
variável. 
Marcha Desviada para o lado 
hipofuncionante Normal 
Base normal e 
Romberg positivo 
Atáxica com base 
alargada 
 
 
VI. EXAMES LABORATORIAIS 
 
Alguns exames laboratoriais são solicitados de rotina com o objetivo de descartar 
patologias metabólicas, alterações hematológicas, hormonais e auto-imunes. 
Assim, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, costuma-se pedir 
rotineiramente: 
- Hemograma Completo (anemia/policitemia). 
 9 
-Glicemia de jejum e, quando necessário, GTT de 5 horas/Curva Insulinêmica (distúrbio 
no metabolismo de carboidratos). 
- Dosagem de triglicérides, colesterol total e frações. 
- T3, T4, TSH (Tireoidopatias, com conseqüentes distúrbios metabólicos); 
- Sorologias: Sífilis Lyme. 
- Raio-X de coluna cervical (síndrome cervical). 
Nos casos em que existe forte suspeita de alterações hormonais, como na síndrome do 
climatério, podem ser solicitadas dosagens hormonais. Da mesma forma, na suspeita de 
doenças da imunidade, convém a solicitação de VHS, mucoproteínas, dosagem de 
complementos, imunocomplexos circulantes, pesquisa e anticorpo anticolágeno II e fator anti-
núcleo (FAN). 
 
 
VII. EXAMES AUDIOLÓGICOS 
 
São de fundamental importância para o diagnóstico de vertigens decorrentes de 
distúrbios otológicos. Devem incluir audiometria vocal e tonal, além de timpanometria e 
pesquisa do reflexo estapediano. 
Um BERA pode ser útil no screening e casos com suspeita de neuroma do acústico. 
Eletrococleografia pode ser usado na detecção precoce de hidropsia endolinfática. 
 
 
VII. ELETRONISTAGMOGRAFIA 
 
A eletronistagmografia é o teste mais freqüentemente utilizado para avaliar pacientes 
com queixa de tontura. 
É um exame relativamente simples, não invasivo, que permite a análise dos nistagmos 
espontâneos e provocados, através do registro dos movimentos oculares que podem ser 
sacádicos ou de rastreio. 
É baseada no princípio de captação da diferença de potencial entre a córnea e a retina 
durante a movimentação ocular (Potencial córneo-retiniano). 
Segundo DuBois-Raymond (1849), nota-se que há uma diferença de potencial elétrico 
entre córnea (positiva) e a retina (negativa), o que faz que o globo ocular seja um dipolo 
elétrico que modifica o campo gerado de acordo com a movimentação ocular. 
Um outro método de captação e registro dos nistagmos é a videonistagmografia (VNG) 
com raios infra-vermelhos de House. A VNG permite a observação e o registro do nistagmo 
através de uma espécie de óculos contendo várias microcâmeras. Os olhos são iluminados por 
uma luz de comprimento de onda próximo ao infra-vermelho que não é visível ao paciente, 
mas permite que as microcâmeras presentes nos óculos captem imagens dos olhos do 
pacientes e projetem-nas nos monitores de video. Assim podem ser avaliados o nistagmo 
espontâneo, nistagmos posicionais, torção cervical e prova calórica. Existe ainda um aparato 
com pontos luminosos no interior destes óculos que permite o registro e observação dos 
movimentos oculomotores de perseguição, sacádicos e nistagmo semi-espontâneo. (Figura 5) 
As vantagens da videoeletronistagmografia em relação à eletronistagmografia 
convencional são: elimina os artefatos decorrentes da colocação de eletrodos, não há a 
necessidade de calibração, nistagmos verticais podem ser identificados acuradamente, 
nistagmos torcionais podem ser visualizados e registrados sem supressão pela fixação e 
movimentos oculares desconjugados são mais facilmente identificados. Como desvantagens 
temos o alto custo, necessidade do uso de óculos. 
Estão sendo desenvolvidas e ainda em fase experimental sistemas de realidade virtual 
com a produção de estímulos visuais antes impossíveis de serem obtidos. As imagens são 
produzidas num display visual e através de um software podem ser manipuladas pelo 
operador de forma rápida e com grande flexibilidade. 
 10 
A seguir, será descrito o exame realizado no HCFMUSP que é a eletronistagmografia 
convencional. 
 
 
 Figura 5: Videoeletronistagmografia 
 
A) Aparelho 
 
O aparelho (eletronistagmógrafo) é constituído basicamente por eletrodos que captam a 
diferença de potencial. Um amplificador amplia os potenciais registrados em dez vezes, 
podendo ser de corrente contínua ou alternada; os de corrente contínua registram o nistagmo 
com maior exatidão, mas não mantém a linha de base estável. Já os amplificadores de corrente 
alternada são menos fidedignos quanto ao registro, pois a própria corrente alternada desloca a 
pena de inscrição simulando movimento ocular. O registrador em geral, contém a pena de 
inscrição e três canais (dois ativos e um terra). Registra o exame na velocidade de 10 ou 
20mm/segundo. 
Vários tipos de eletrodos foram testados para a captação dos potenciais córneo-
retinianos. Os mais utilizados são os de superfície colocados na pele, próximos aos olhos. 
Para registrarmos os movimentos oculares horizontais, são colocados três eletrodos: dois 
ativos (externamente a rima de cada olho) e 1 terra (na glabela). 
Os movimentos verticais podem ser registrados se os eletrodos ativos forem colocados 
acima e abaixo de cada olho na linha da pupila. 
Com os três canais ativos de registro, é possível a análise simultânea de movimentos 
oculares horizontais, verticais e oblíquos (Vectoeletronistagmografia). 
Cada movimento ocular leva a um deslocamento da pena de inscrição. 
É estabelecido (convecção) que para movimentos oculares para a direita ou para cima, a 
pena deslocar-se-à para cima. Para movimentos oculares para esquerda ou para baixo, a pena 
será deslocada para baixo. Quando um nistagmo é detectado, sua direção é sempre 
determinada ela componente rápida (exemplo: é dito que o nistagmo “bate” para a direita 
quando a sua componente rápida é para a direita do paciente). 
 
B) Pré-requisitos 
 
• Acuidade visual suficiente; 
• Sistema vestíbulo-ocular íntegro para que o indivíduo seja capaz de seguir objetos com o 
olhar (movimentos de rastreio) e de alternar o olhar rapidamente de um ponto para o outro 
(movimentos sacádicos); 
• Ausência de patologias como paralisias oculares que levem a movimentos oculares 
desconjugados; 
• Compreensão do paciente quanto as fases do exame. 
 
C) Limitações 
 11 
 
Os resultados obtidos refletem apenasuma parte do sistema de equilíbrio, principalmente 
o reflexo vestibulocular. Não avalia o trato vestíbulo-espinhal, que também representa 
importante papel na manutenção do equilíbrio. 
A estimulação dos órgãos vestibulares periféricos, por alteração da temperatura ou por 
aceleração da cabeça e do corpo em provas rotatórias, limita-se aos canais semicirculares 
horizontais a ao ramo superior do nervo vestibular. Os outros canais semicirculares,órgãos 
otolíticos e ramos inferiores dos nervos vestibulares não são estimulados diretamente com as 
técnicas de rotina. 
Sensibilidade de registro dos movimentos oculares: são captados apenas movimentos 
maiores que 1°. Na prática isto não é significante, pois os nistagmos clinicamente importantes 
são, geralmente, maiores que 1°. É interessante, no entanto, que o examinador sempre 
acompanhe os movimentos oculares do paciente durante o exame para que os nistagmos 
menores não registráveis, sejam notados. 
Da mesa forma, alguns nistagmos rotatórios de fixação do olhar, sem movimentação 
ocular no sentido horizontal, não são registrados pelos eletrodos, porém são perceptíveis à 
inspeção visual. 
 
D) Vantagens 
 
Possibilidade de registrar e medir o nistagmos, permitindo uma avaliação mais objetiva, 
além da realização de testes seriados para acompanhar evolução do paciente. 
Pode ser realizado com os olhos fechados ou abertos, sendo capaz de estudar os efeitos 
da fixação ocular sobre o nistagmo. 
Permite o estudo da intensidade do nistagmo em relação à intensidade do estímulo. 
Dentre os parâmetros quantitativos mais expressivos, destaca-se a Velocidade Angular da 
Componente Lenta (VACL) do nistagmo. Pode ser calculado da seguinte maneira: 
- Escolha do nistagmo de maior amplitude, contido em uma salva de batimentos, que 
exprima o ritmo da prova. Os nistagmos devem apresentar a mesma linha de base. 
- Uma reta tangente à componente lenta e outra tangente à linha de base são traçadas. 
Estas retas acabam se cruzando em um ponto, a partir do qual, é determinado um segmento 
(com 10 a 20mm de comprimento, dependendo da velocidade do papel) sobre aquela reta que 
tangencia a linha de base. 
- Traçando uma reta perpendicular ao segmento na linha de base, até o encontro com a 
reta da componente lenta, determinamos a VACL em graus (cada milímetro do papel 
corresponde a 1°). 
 
 
CÁLCULO DA VACL 
 
E) Exame 
 
Calibração 
 
 12 
Para que todos os traçados sejam realizados nas mesmas condições, é imprescindível a 
calibração dos movimentos oculares. 
Estudos mostram que o grau de desvio ocular e a diferença de potencial gerada são 
proporcionais. Portanto, através da calibração, podemos conhecer com exatidão a amplitude 
do movimento ocular. 
O paciente, com a cabeça imóvel, em decúbito dorsal horizontal (DDH) a 30°, deve 
fixar o olhar alternadamente em 2 pontos fixos, que têm uma distância pré-determinada entre 
si e dos olhos, de modo que quando o paciente transfere o olhar de um ponto para outro, no 
plano horizontal ou vertical, os olhos executam um desvio de 10°. 
O fundamento da calibração é o conhecimento de que o cérebro procura manter os 
objetos alvo na mácula da retina. Buscamos o objeto através de dois tipos de movimento 
ocular: o sacádico, que procura e o de perseguição, que acompanha o deslocamento do objeto. 
Na calibração, são observados os movimentos sacádicos e na prova pendular, os de 
perseguição. 
Os movimentos sacádicos são movimentos rápidos dos olhos em resposta ao 
aparecimento de alvos no campo visual. Têm a função de redirecionar os olhos de um alvo 
para outro, além de adequar a fixação do olhar, corrigindo os erros de posicionamento do alvo 
sobre a retina, deslocando o objeto da maneira mais rápida possível ate a fóvea (local de 
melhor acuidade visual). 
Em indivíduos normais, os movimentos sacádicos se manifestam como movimentos 
oculares rápidos e precisos, sendo o seu registro uma onda de aspecto regular e constante. 
Podem ser observadas algumas anormalidades na calibração que podem ser relacionadas 
a certas anomalias: 
1) Lesões Musculares (MOE): diminuição da velocidade dos movimentos sacádicos. Ex: 
Miastenia Grave (ocorre queda de velocidade ao longo do tempo de exame). 
2) Lesões dos Nervos Oculomotores: 
• VI – diminuição da velocidade dos movimentos sacádicos em abdução do lado da 
lesão. 
• III – diminuição da velocidade de abdução ipsilateral e lesão. 
3) Lesões Centrais: 
• Lesão do Núcleo do VI: paralisia conjugada com diminuição da velocidade 
ipsilateral. 
• Lesão em Ponte: oftalmoplegia ipsilateral e hipermetria da abdução contralateral. 
• Lesão extrapiramidal (exemplo: Parkinson): aumento da latência com hipometria. 
• Lesões Cerebelares Dorsais Medianas (Vermis, Paravermis, Lóbulos): pode haver 
tanto hipo como hipertemia, com um traçado dismétrico. 
• Lesões Frontoparietais: hipometria. 
 
Nistagmo Espontâneo 
 
É o nistagmo gerado sem nenhum estímulo externo. É normal até 3°. 
A gravação é realizada com os olhos fechados por 20 segundos e com olhos abertos por 
10 segundos. 
Se o nistagmo aparecer com os olhos fechados e desaparecer com a abertura ocular, 
provavelmente a origem deste nistagmo é periférica. No entanto, se aparecer somente com os 
olhos abertos, é de origem central. 
Quanto a direção, os nistagmos horizontais e oblíquos são geralmente periféricos e os 
verticais, centrais. 
Na fase aguda de lesões deficitárias periféricas (labirintectomia, IVB), o nistagmo 
espontâneo é em direção ao lado oposto à lesão, diminuindo progressivamente até 
desaparecer. Nas lesões periféricas agudas irritativas (neuronite vestibular, hidropsia na fase 
 13 
aguda) o nistagmo costuma ser para o lado lesado. Com o tempo, em ambos casos, podem 
ocorrer inversão do sentido do nistagmo, indicando a compensação central. 
O nistagmo de direção múltipla é, a princípio, de origem central. 
 
Nistagmo semi-espontâneo (direcional ou de fixação) 
 
É aquele que está ausente na posição central, mas aparece nas posições cardinais do olhar. 
A função do sistema de fixação é a de manter a imagem sob a fóvea, onde a acuidade visual 
é maior. No paciente com fixação normal, o olhar se mantém fixo focalizar um objeto. 
A pesquisa do nistagmo semi-espontâneo tem especial importância, pois apenas a 
observação de suas características permite identificar e localizar uma lesão central (ex: a presença 
de nistagmo vertical para baixo reflete as lesões baixas de tronco cerebral). 
O nistagmo semi-espontâneo é testado solicitando-se ao paciente que fixe com o olhar alvos 
estacionários colocados a sua frente, a mais ou menos 50cm de distância, provocando desvios de 
até 30° (para não desencadear nistagmos fisiológicos). São realizados movimentos para a direita, 
esquerda, para cima e para baixo. 
A presença de nistagmo semi-espontâneo é sempre patológica, resultante de lesões centrais 
e periféricas, assim como do uso de drogas como álcool, narcóticos e hipnóticos. Deve ser 
diferenciado de nistagmo fisiológico, o qual aparece com o desvio do olhar para os lados, maiores 
que 30°. 
Podem ser encontrados os seguintes tipos de nistagmo: 
- Nistagmo de Direção Alternada: bate na mesma direção do olhar do paciente, mudando a 
direção do batimento conforme a direção do olhar. Inibido com o fechamento ocular (lesão de 
SNC – tronco ou cerebelo). 
- Nistagmo de Direção Fixa: bate sempre na mesma direção, independenete da direção do 
olhar do paciente (lesão vestibular periférica unilateral, aguda, contralateral ao batimento do 
nistagmo). 
- Nistagmos Rotatórios: geralmente causados por lesões de tronco (núcleos vestibulares) ou 
desordens cerebelares. 
- Nistagmos Verticais: lesões centrais (anomalia em fossa posterior), o nistagmo que bate 
para baixo sugere anomalia de junção cervicomedular, como ArnoldChiari. Lesões cerebelares e 
de tronco geralmente causam nistagmos verticais que batem para cima, mas que podem bater para 
baixo, quando o olhar estiver centralizado. 
- Ondas Retangulares: em pacientes ansiosos ou com lesões se SNC (neste último caso, a 
amplitude e a freqüência são maiores e o nistagmo é inibido com o fechamento ocular). 
 
 
Estímulo Visual Pendular ou de Rastreio 
 
Assim como os movimentos sacádicos, o movimento de ratreio ou perseguição é usado 
como mecanismo para manter a imagem do objeto sobre a fóvea. 
O paciente deve acopanhar o movimento de um pêndulo que fica a uma distância 
aproximda de 1 metro, com amplitude de movimento de 30°, a uma velocidade de 30 a 40 
ciclos por minuto. 
O registro é uma curva sinusoidal que pode ser classificada, segundo Benitz (1970) em: 
- Tipo I: sinusóide e sem entalhes. É considerado normal; 
- Tipo II: entalhes em alguns batimentos, pode ser normal ou indicar lesão periférica. 
- Tipo III: movimentos sacádicos substituem o rastreio (morfologia em escada) ou 
muitos nistagmos superpõem a curva (morfologia em serra). Podem ocorrer em patologias 
centrais (ex.: Parkinson) ou periféricas (ex.: Neuronite Vestibular). 
- Tipo IV: traçados desorganizados, anárquicos são de maior valor localizatório, pois 
com freqüência significam lesão hemisférica unilateral ou lesão assimétrica de fossa posterior. 
 14 
A curva do exame pendular pode ser modificada por lesões da musculatura ocular 
extrínseca, desatenção do paciente, intoxicação por drogas ou na fase aguda labirintopatias 
periféricas. 
 
Nistagmo Optocinético 
 
É o nistagmo induzido por estímulos contínuos e com velocidade constante. 
O mecanismo utilizado envolve as vias oculomotoras de forma involuntária e sob 
controle voluntário. 
Utiliza-se o tambor de Bárany (cilindro pintado com faixas verticais claras e escuras 
alternadamente), que ocupa todo o campo visual do paciente, evitando a influência de outros 
estímulos ópticos. Este tambor possui dispositivos que variam a velocidade e direção do 
movimento. 
- Nistagmo Optocinético Involuntário: o paciente é orientado a olhar um ponto fixo do 
tambor que se movimenta. São desencadeados movimentos de perseguição involuntários com 
correção do olhar para o ponto de fixação. 
- Nistagmo Optocinético Voluntário: o paciente deve acompanhar o dedo do 
examinador, o qual é colocado sobre uma faixa de tambor em movimento, até que ela 
desapareça. A seguir, o dedo é colocado sobre outra faixa e assim sucessivamente. São 
desencadeados movimentos sacádicos e de perseguição, alternadamente. Considera-se como 
resposta normal a simetria entre os lados, isto é, com velocidades angulares, amplitudes e 
freqüências iguais ou semelhantes em ambos os lados. 
É patológico quando observamos: 
- Assimetria: diminuição ou ausência de respostas em um lado (lesões no hemisfério 
cerebelar ou tronco). Pode haver interferência na resposta pelo nistagmo espontâneo. Em 
casos duvidosos, pode-se aumentar a velocidade do tambor, acentuando a assimetria, se ela 
existir. 
- Diminuição ou Abolição Bilateral: alteração bilateral. Podem aparecer ondas 
quadráticas (lesões da face dorsal do tronco, uso de barbitúricos e anticonvulsivante). 
- Inversão da resposta: a associação de nistagmo vertical leva a resposta em sentido 
oblíquo (lesão em tronco). 
- Microescritura: respostas de alta freqüência e baixa amplitude (insuficiência vértebro 
basilar e outras lesões de SNC). 
 
Nistagmo de Posição 
 
Aparece quando o indivíduo muda a cabeça e posição em relação ao espaço. Pode estar 
presente nos indivíduos normais, porém somente com olhos fechados. A existência de 
nistagmo posicional nítido, com freqüência e velocidades razoáveis, sempre indica patologia 
(central ou periférica). 
A causa do nistagmo posicional pode ser relacionada com a sensibilidade dos órgãos 
otolíticos às mudanças gravitacionais causadas pela movimentação da cabeça. 
O objetivo do teste de nistagmo de posição é verificar se alterações na posição da cabeça 
causam nistagmo ou modificam as características de nistagmos já presentes. 
O paciente é colocado em diversas posições, mantendo os olhos fechados, para suprimir 
o efeito de fixação ocular. 
- Decúbito lateral (esquerdo/direito): o paciente é posicionado do decúbito dorsal 
horizontal (DDH) para o decúbito lateral esquerdo ou direito (DLE/DLD), de forma a rodar 
sua cabeça junto com o resto o corpo, a fim de evitar estimulação por torção cervical. O 
registro é feito durante 30 segundos com os olhos fechados e, a seguir, por 10 segundos com 
abertura ocular. Testa o nistagmo posicional (estímulo sobre o canal semicircular lateral). 
- Posição de Rose: paciente em DDH, com a cabeça pendente fora da maca. Testa 
hipofluxo e propriocepção. 
 15 
- Posição Sentada: do DDH, passa-se à posição sentada rapidamente. Testa hipofluxo. 
Os nistagmos de posição devem ser avaliados quanto à presença ou ausência de latência, 
duração e direção. 
Quando de origem periférica, os nistagmos posicionais apresentam algumas 
características como: latência (até 60 segundos), direção fixa com mudança da cabeça, 
esgotabilidade e associação com vertigem (ao contrário das lesões centrais). 
Anormalidades do sistema visual raramente cursam com nistagmos posicionais e, 
quando presentes, se manifestam de maneira mais intensa com a abertura ocular. 
Quando o nistagmo espontâneo estiver presente, só serão considerados nistagmos 
posicionais os que apresentarem uma VACL maior que 3°/s em relação ao espontâneo. 
 
 
Nistagmo de Torção 
 
Este nistagmo resulta da torção cervical em relação o corpo. 
Duas teorias são propostas: 
- Proprioceptiva: estímulo de proprioceptores cervicais (é a mais aceita) 
- Vascular: diminuição de fluxo arterial no território vértebro basilar (Insuficiência 
Vértebro-Basilar – IVB). Apenas esta teoria não pode explicar este nistagmo, pois o hipofluxo 
desencadeado pela torção (diminuição de 50% do fluxo vértebro-basilar contralateral a torção) 
seria clinicamente expresso só após três minutos de estímulos (prova de privação) 
Com o paciente em DLE, promove-se a torção cervical E através da rotação do corpo 
para o decúbito dorsal (DDH), mantendo-se a cabeça fixa. 
A maioria dos autores considera a presença do nistagmo de torção cervical (NTC) como 
indicativo de patologia cervical (alteração propioceptiva). Geralmente, o NTC ocorre em 
direção oposta à rotação. 
Da mesma forma do nistagmo de posição, em presença de nistagmo espontâneo, 
consideramos NTC se houver variação de 3°/s em relação ao espontâneo. 
 
 
Nistagmo de Privação Vértebro-Basilar 
 
A pesquisa do nistagmo de privação permite uma avaliação barata, de baixo risco, dos 
casos onde há suspeita de insuficiência vértebro-basilar. A rotação do pescoço, com 
hiperextensão provoca diminuição do fluxo arterial do lado oposto do giro. A diminuição do 
fluxo chega a 50% na artéria vertebral oposta à rotação. 
Se houver placas de ateroma ou qualquer outro fator que agrave a redução do fluxo, o 
débito sangüíneo pode diminuir a tal ponto, causando vertigem e nistagmo. 
Em DDH, após a pesquisa de nistagmo espontâneo, o paciente é colocado de olhos 
fechados, em posição e Rose, com a cabeça rodada para a esquerda. Grava-se o exame por 30 
segundos e o aparelho é desligado. O paciente é mantido naquela posição por mais três 
minutos e então, o aparelho é novamente ligado. A prova é repetida com a rotação da cabeça 
para a direita. 
Se houver aparecimento de nistagmo (geralmente batendo para o lado da rotação), a 
prova é positiva. É um indício de insuficiência no território vértebro-basilar. 
Na presença de nistagmo espontâneo, será considerada positiva a variação de 3°/s. 
 
 
Nistagmo pós-estímulo calórico 
 
 16 
Este nistagmo resulta da estimulaçãolabiríntica com água ou ar a 44° e a 30° C (7° 
acima e abaixo da temperatura corporal média). Na ausência de resposta, estimula-se a 18 ou 
10°C. 
Trata-se de um procedimento não fisiológico que produz fluxo endolinfático no canal 
semicircular lateral, devido a um gradiente de temperatura entre as porções lateral e medial o 
canal. 
A teoria mais aceita como explicação da estimulação térmica do labirinto é dada por 
Bárany (teoria hidrodinâmica) que mostra a formação de correntes de convecção dentro do 
labirinto membranoso durante a estimulação térmica. Com o aquecimento do CAE, a 
endolinfa da região, mas lateral do canal semicircular lateral vai sofrer elevação da 
temperatura, com conseqüente diminuição da densidade e aumento do volume. Assim, a 
endolinfa aquecida sobe a endolinfa mais distante (mais fria), desce, criando uma corrente de 
convecção. Na estimulação pelo frio, é o oposto. 
- Vantagens do exame: pode-se estimular cada orelha individualmente e o estímulo é 
facilmente aplicado e bem tolerado pelo paciente. 
- Desvantagens do exame: produz náusea, não é ideal para avaliações seriadas e pode 
sofrer interferência de acordo com o fluxo sanguíneo, fluído de orelha média e espessura do 
osso temporal. 
 
 
F) Técnica 
 
O paciente é mantido em DDH, com a cabeça elevada a 30° em relação ao plano 
horizontal. Assim, o canal semicircular lateral permanecerá em posição vertical, ficando com 
a ampola para cima. 
Com estímulo quente, aparecerá uma corrente ascendente em direção à ampola 
(ampulípeta), deslocando a cúpula no sentido do utrículo, desencadeando um batimento 
nistagmo para a orelha estimulada. 
Com o estímulo do frio, ocorre uma corrente ampulífuga, desencadeando um 
batimento do nistagmo em direção contrária ao ouvido estimulado. 
Cada orelha deverá ser estimulada separadamente com água, a 30 e 44°C, num volume 
igual a 240ml. A duração do estímulo deve ser de 40 segundos e o intervalo entre cada 
irrigação deve ser de 5 minutos. Terminada a irrigação, aguarda-se 20 segundos, e então, 
inicia-se o registro da prova, com olhos fechados, durante 30 segundos. Em seguida, o 
paciente abre e fixa o olho, registrando-se por mais e 15 segundos. 
A seqüência da prova é: orelha esquerda a 44ºC; orelha direita a 44ºC; orelha esquerda 
a 30ºC e orelha direita a 30ºC. 
Outro método utilizado por vários autores é o estímulo bitérmico de Brookler, no qual 
os dois CAE são irrigados simultaneamente com água a mesma temperatura (30 e 44ºC). 
Em caso de perfuração timpânica, a prova deverá ser realizada com ar (onde é 
utilizado um fluxo de 10 litros de ar, a temperatura de 24 a 27º e 47 a 50ºC, durante 60 
segundos). Outra possibilidade é a oclusão da perfuração com filme plástico. 
 
 
G) Resultados 
 
Quantitativos 
 
Predomínio Labiríntico (PL): é um índice utilizado pra avaliar as respostas de um 
labirinto em relação a outro. É calculado pela fórmula: 
 
 17 
PL = (A+C) – (B+D) x 100 
A+B+C+D 
 
Preponderância Direcional (PD): relação da diferença entre nistagmos para direita e 
para esquerda, sobre a soma de todos nistagmos. É calculado por: 
 
PL = (A+D) – (B+C) x 100 
A+B+C+D 
 
VACL = velocidade angular da componente lenta do nistagmo pós-calórico 
O VACL é o parâmetro mais utilizado. Seu valor é considerado normal entre 7 e 50º. 
Se VACL < 7º : hiporreflexia 
Se VACL > 50º : hiperreflexia 
A = VACL da prova quente à direita 
B = VACL da prova quente à esquerda 
C = VACL da prova fria à direita 
D = VACL da prova fria à esquerda 
 
Em indivíduos normais, as respostas a estímulos calóricos são simétricas de um lado 
para outro. O predomínio labiríntico (PL) e a preponderância direcional (PD) são normais se 
menores que 20% (alguns autores toleram um PL e PD de até 33%). 
A presença de PL > 20% sugere que: 
• A lesão localiza-se no labirinto oposto (labirinto oposto hipofuncionante); 
• Nas síndromes vestibulares periféricas é comum a presença de uma hiporreflexia do 
lado afetado; 
• Não progressão do impulso através do VIII par; 
• Não progressão do impulso entre os núcleos vestibulares e oculomotores. 
Portanto, a presença de PL pode ser periférica ou central. 
A PD alterada ocorre como conseqüência de uma lesão nos elementos que influem no 
tônus vestibular de um dos lados, levando a uma “facilitação” para o nistagma. O tônus 
vestibular resulta do equilíbrio entre impulsos facilitadores (provenientes da mácula do 
utrículo) e inibidores (cerebelo). 
Quando os impulsos facilitadores (utrículo) estão comprometidos, o nistagmo gerado 
bate para o lado oposto à lesão. 
Se a lesão envolver os impulsos inibidores (cerebelo), que é raro, o nistagmo bate para o 
mesmo lado da lesão. 
• Arreflexia: é a expressão máxima da PL. Em vigência de lesão completa do sistema 
periférico, não há resposta à estimulação calórica. 
• Hiperreflexia: quando a VACL > 50º. Segundo alguns autores, esta alteração seria 
sempre de origem central, pois o vestíbulo não é capaz de gerar estímulos por si 
mesmo (depende de um comando central). 
No entanto, está presente também nos casos de disfunção de ATM e Síndrome Cervical, 
sugerindo poder ser resultante de processo irritativo de origem neural. 
 
Qualitativos 
 
Disritmias: alteração na amplitude ou freqüência (lesões cerebelo-vestibulares). 
Pausas: acentuação da disritmia ou ausência de inibição do paciente durante a prova. 
Ausência do efeito Inibidor da Fixação Ocular: O nistagmo pós-calórico tende a ser 
inibido pela fixação ocular. Consideramos como normal a diminuição e 50% da VACL com a 
abertura ocular. 
 18 
Em alguns casos, o nistagmo pode não reduzir ou até aumentar com a fixação ocular. 
Isto pode ser indicativo de lesões de tronco, com comprometimento das vias da fixação visual 
e/ou seguimento. 
Pode ocorrer inversão do nistagmo com a abertura ocular quando a formação reticular 
estiver comprometida. 
Micrografia ou pequena escritura: diminuição acentuada da amplitude (<5º) e grande 
aumento da freqüência, com manutenção da velocidade angular. 
Comum em idosos, pelo envelhecimento do sistema vestibular. 
Alguns autores atribuem a microescritura como conseqüência de IVB e sofrimento 
cerebral difuso. 
Alteração da Componente Rápida: Pode ocorrer devido a IVB, por lesão na formação 
reticular que seria a responsável pela geração da componente rápida do nistagmo pós-calórico. 
Nistagmo invertido/pervertido: denota alteração central. 
 
 
VIII. PROVAS ROTATÓRIAS 
 
Os canais semicirculares têm propriedade para perceber movimentos de rotação da 
cabeça aceleração angular. Esta propriedade pode ser avaliada através das Provas Rotatórias. 
As provas rotatórias baseiam-se no princípio da inércia: quando um canal semicircular é 
estimulado por estímulo rotatório e cessa-se bruscamente este estímulo, a endolinfa desloca-se 
por inércia, no sentido da rotação, deslocando a cúpula. O estímulo da cúpula chega aos 
núcleos vestibulares, provocando nistagmo e vertigem. Ao submetermos os canais a rotações 
com velocidades variáveis, acelerando e desacelerando, a cúpula sofrerá deflexões 
proporcionais à intensidade dos estímulos variáveis, acelerando e desacelerando, a cúpula 
sofrerá deflexões proporcionais à intensidade dos estímulos. 
Estas provas permitem a observação da relação quantitativa entre os estímulos e as 
respostas nitágmicas, dando informações de como o SNC é capaz de integrar o sistema visual 
e o vestibular. As provas rotatórias podem ser: 
• Provas Pós-Rotatórias: estudam o nistagmo após a rotação 
• Provas Per-Rotatórias: estudam o nistagmo durante a rotação. 
 
Provas Pós-Rotatórias 
 
O paciente é colocado em uma cadeira rotatória com a cabeça fletida, pendente a 30 
graus, para que os canais semicirculares laterais fiquem horizontalizados e possam ser 
adequadamenteestimulados durante a prova. A cadeira é girada em sentido horário por 10 
voltas, num período de 20 minutos, sendo parada bruscamente. Observa-se a presença de 
nistagmo de direção contrária à direção do giro. 
O teste é repetido no sentido anti-horário. As respostas obtidas são comparadas (devem 
ser simétricas na estimulação de cada labirinto). 
 
 
Provas Per-Rotatórias 
 
Atualmente, a prova mais realizada é aquela que utiliza estímulos decrescentes 
denominada Prova Rotatória Pendular Decrescente (PRPD). 
 
 Prova Rotatória Pendular Decrescente 
 
O paciente é submetido a uma estimulação de pendulação, alternadamente, em sentido 
horário e anti-horário, progressivamente decrescente, até parada total do movimento. 
 19 
Segundo Steinhausen, a cúpula se comporta como um pêndulo de torção frente aos 
deslocamentos da endolinfa. 
O equipamento é composto de um sistema estimulador (suporte vertical com barra de 
torção, agindo sobre uma cadeira com apoio para os braços e pés). O paciente utiliza um 
capacete que fixa a cabeça e um polígrafo que grava os seus movimentos oculares, devendo 
também estar com a cabeça pendente em 30 graus para horizontalizar o CSC lateral. 
O deslocamento da cadeira para o sentido anti-horário provoca nistagmo para a 
esquerda, enquanto que o sentido horário provoca nistagmo para a direita. 
Analisa-se a simetria das respostas e o limiar do nistagmo. Se as respostas são 
simétricas, o exame é normal. As respostas assimétricas são patológicas. 
Preponderância direcional (PD): nos casos de assimetria, existe PD de um dos lados. O valor 
de normalidade da PD varia conforme o autor (14% a 23%) 
Limiar e Excitabilidade: permite individualizar o limiar de desencadeamento do nistagmo. 
Em indivíduos normais este limiar é de 0,8º/s2 a 1,5º/ s2. 
O ritmo, morfologia, direção do movimento tônico dos olhos, sensação de inversão da 
rotação, vertigem têm pouca importância clínica, pois são muito variáveis mesmo em 
indivíduos normais. 
Na fase aguda de distúrbios periféricos, a resposta pode ser assimétrica. Nos casos 
crônicos, a simetria pode estar presente devido a compensação vestibular central. 
Por ser um exame que avalia os dois vestíbulos em conjunto, a prova pendular permite 
avaliar a compensação central. Isto é útil para acompanhamento e laudos periciais. 
A comparação entre duas provas, realizadas com intervalo de alguns minutos, permite 
estudar o fenômeno de habituação (alteração quantitativa das respostas nistágmicas em provas 
repetidas no mesmo dia). É raro em indivíduos normais, esporádico nas síndromes periféricas 
e freqüentes nos distúrbios centrais. 
 
 
 
IX. POSTUROGRAFIA 
 
O estudo da função vestibular não se deve limitar apenas ao reflexo vetibulocular, 
devendo incluir também um estudo dos reflexos vestibuloespinais, responsável pela 
estabilidade postural do corpo em condições dinâmicas e estáticas. A avaliação desta 
estabilidade postural não deve levar em conta apenas os aspectos da função vestibular, mas 
também outros distúrbios em sistema nervoso periférico e central que podem envolver todo 
complexo sistema que mantém o equilíbrio 
Sabe-se que o equilíbrio resulta da integração de aferências vestibulares e, 
principalmente, de aferências visuais e proprioceptivas. A posturografia dinâmica 
computadorizada é um estudo que testa o equilíbrio dinâmico e estático, com a capacidade de 
controlar as contribuições relativas das aferências visuais, proprioceptivas e vestibulares 
podendo fazer com que o indivíduo utilize apenas a aferência vestibular para manter seu 
equilíbrio. (Figura 6) 
Entre as desvantagens desta técnica está a incapacidade de se fazer um diagnóstico 
diferencial entre as diversas partes do labirinto, já que durante os exames, vários subórgãos do 
labirinto podem ser estimulados simultaneamente (como os canais semicirculares e os órgãos 
otolíticos). Outra desvantagem é devida ao tamanho físico do aparelho, que limita a amplitude 
de variações dos movimentos. 
Porém, mais do que servir como um teste específico de uma condição patológica, a 
posturografia pode ser utilizada como teste de screening para distúrbios do equilíbrio e 
funcionalmente definir diferentes tipos de distúrbios centrais e déficits sensoriais podendo ser 
usada como guia de uma terapia de reabilitação do equilíbrio, além de poder monitorar o 
progresso da recuperação de paciente com determinada patologia. 
 
 20 
 
Figura 6: Esquema mostrando etapas da posturografia 
 
 
O exame 
 
O paciente é colocado em pé, descalço, com a base largada, sobre uma plataforma 
circundada por um panorama visual podendo ser movimentados, em balanço, com eixo ântero 
posterior. O balanço do corpo do paciente é monitorizado por sensores pressóricos localizados em 
cada quadrante da plataforma. É realizada uma análise computadorizada das respostas sensoriais, 
comparando-se automaticamente com o padrão de normalidade, de acordo com o peso, altura e 
idade. 
A Posturografia é utilizada para realização de vários testes de avaliação das estratégias de 
equilíbrio utilizadas por cada paciente (Sensory Organization Test, Motor Control Test, 
Adaptation Test, Limits os Stability), bem como procedimentos para Reabilitação do Equilíbrio ao 
executar exercícios que podem treinar habilidades vestibulares, proprioceptivas e visuais. 
O principal teste de avaliação é o Sensory Organization Test em que o paciente é submetido 
a seis situações, com duração de 20 segundos, repetidas três vezes consecutivas: 
- Visão normal, plataforma fixa: avalia sistema visual, proprioceptivo e vestibular; 
- Visão ausente, plataforma fixa: propriocepção e vestíbulo; 
- Visão oscilante, plataforma fixa: propriocepção, vestíbulo e principalmente visão; 
- Visão normal, plataforma oscilante: principalmente propriocepção; 
- Visão ausente, plataforma oscilante: propriocepção e vestíbulo em condições de 
sobrecarga; 
- Visão oscilante, plataforma oscilante: propriocepção, vestíbulo e visão. 
No relatório do exame podem constar: 
- Índice de equilíbrio em cada situação; 
- Análise do comportamento de cada sistema/grau de preferência do paciente; 
- Análise de estratégia do paciente para manutenção do seu equilíbrio; 
- Alinhamento do centro de gravidade durante o exame. 
 
Achados patológicos 
 
1) Lesão Vestibular Periférica Unilateral: Inicialmente o paciente tende a cair para o 
lado do labirinto hipofuncionante (Romberg). O paciente não é sensível as variações visuais 
apenas, porém quando a aferência proprioceptiva é modificada pelo aparelho, ao mesmo 
tempo em que a aferência visual, o paciente perde o equilíbrio. O tempo e latência entre o 
estímulo e o reflexo do paciente, em geral, são iguais ao indivíduo normal. Tanto para uma 
lesão unilateral aguda ou crônica, as provas vestibulares clássicas são mais eficientes para 
identificação da lesão, porém a posturografia pode ser muito útil na monitorização da melhora 
do paciente. 
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2) Lesão Vestibular Periférica Bilateral: Assim como as lesões unilaterais, o paciente só 
perde o equilíbrio quando lhe é retirada a aferência visual e estressada a proprioceptiva 
simultaneamente, porém, a estratégia para manutenção do equilíbrio é alterada; o paciente 
passa a utilizar mais os tornozelos do que a cintura e os joelhos. Além disso, a movimentação 
da cabeça em relação ao resto o corpo também é alterada. 
 
 
X. AVALIAÇÃO OTONEUROLÓGICA INFANTIL 
 
Os testes vestibulares na faixa etária pediátrica são bastante prejudicados devido à 
baixa tolerância da criança a estímulos desconfortáveis, sua inabilidade para obedecer a 
comandos verbais e adequar-se às exigências do exame. Algumas modificações têm sido 
propostas para a avaliação: 
- Prova Calórica Monotérmica: apesar do menor tempo necessário para a realização da 
prova e domenor desconforto para o paciente, seus resultados tem sido criticados; 
- Provas Rotatórias: geralmente são bem realizadas nestes pacientes inclusive em 
menores de um ano de idade, que podem fazê-las no colo da mãe; 
- Posturografia: melhor em crianças de mais idade, por necessitar de sua colaboração 
(geralmente crianças após cinco anos de idade). 
 
 
XI. BIBLIOGRAFIA 
 
1. Rosenberg ML, Gizzi; Neuro-Otologic History. Otolaryngologic Clinics of North 
America, Vol.33 Number 3, 2000 
2. Apostila do Departamento de Otoneurologia da Divisão de Otorrinolaringologia do 
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 
3. Baloh RW, Halmagyi GM; Overview of Common Syndromes of Vestibular Disease. In 
Clinical Evaluation. Disorders of the Vestibular System. 1º Ed., Oxford University, 1996 
4. Baloh RW; History I. Patient with Dizziness. In Clinical Evaluation. Disorders of the 
Vestibular System. 1º Ed., Oxford University, 1996 
5. Bottino, Marco Aurélio – Tratado de Otologia, 1º Ed., 1998 
6. Fetter M., Dichgans J; Vestibular Tests in Evolution. II Posturography. Clinical Evaluation 
7. Furman JM, Cass SP; Laboratory Evaluation. In Clinical Evaluation. Disorders of the 
Vestibular System. 1º Ed., Oxford University, 1996 
8. Goebel JA; Management Options for Acute Versus Chronic Vertigo. Otolaryngologic 
Clinics Of North America, Vol 33 Number 3, 2000 
9. Halmagyi GM; History II Patient with Vertigo. In Clinical Evaluation. Disorders of the 
Vestibular System. 1º Ed., Oxford University, 1996 
10. Walker MF, Zee DS; Bedside Vestibular Examination. Otolaryngologic Clinics Of North 
America, Vol 33 Number 3, 2000 
11. Zee DS, Fletcher WA; Bedside Examination. In Clinical Evaluation. Disorders of the 
Vestibular System. 1º Ed., Oxford University, 1996 
12. Parnes LS Atlas JT; Benign Paroxysmal Positional Vertigo: mechanism and management 
. Current Opinion in Otolaryngology Head and Neck Surgery 9:284-289, 2001 
13. Seminário dos Residentes do HC – FMUSP de 2004 
 
 
 
 
 
 
Rodrigo Fischer da Silva

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