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Direito Civil FICHA EXTRA 03

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DIREITO CIVIL 
 
Professor: Mario Godoy 
 
Tema: Pessoas jurídicas 
 
 
1. Conceito. 
 
Pessoas jurídicas são entidades para as quais a lei reconhece personalidade civil. 
Gozam de autonomia em face de seus instituidores. 
 
2. Classificação. 
 
Quanto à estrutura, podem ser: 
 
a) Universitas personarum. Formadas a partir da reunião de duas ou mais pessoas. 
Exemplos: sociedades e associações; 
 
b) Universitas bonorum. Constituídas em torno de um patrimônio destinado a um 
fim. Exemplo: fundações. 
 
Quanto à atuação, classificam-se em: 
 
a) Pessoas jurídicas de direito público externo. Correspondem a entidades 
públicas reconhecidas internacionalmente. Exemplos: ONU, OIT, República Federativa 
do Brasil, etc.; 
 
b) Pessoas jurídicas de direito público interno. Traduzem entes públicos 
reconhecidos no plano interno do País. Exemplos: União, Estados, Municípios, 
autarquias, fundações públicas, agências reguladoras etc.; 
 
c) Pessoas jurídicas de direito privado. Não integram a esfera pública. Exemplos: 
sociedades, associações, fundações, partidos políticos, organizações religiosas, 
empresas individuais de responsabilidade limitada, etc. 
 
 3. Constituição. 
 
Constituem-se as pessoas jurídicas a partir da inscrição do seu ato constitutivo no 
respectivo registro. 
 
Nos termos do art. 45, parágrafo único, do CC, a inobservância das formalidades 
registrais acarreta a anulabilidade de sua constituição, sujeita ao prazo decadencial de 3 
anos, contados da publicação de sua inscrição no registro. 
 
 
 
 
 
 
4. Administração. 
 
Obrigam as pessoas jurídicas os atos dos administradores, exercidos nos limites de 
seus poderes definidos no ato constitutivo 
 
Tendo a pessoa jurídica administração coletiva, as decisões serão tomadas pela 
maioria dos votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso 
(CC, art. 48, caput). 
 
E em consonância com o art. 48, parágrafo único, do CC, decai em 3 anos o 
direito de anular as decisões tomadas pela administração, quando violarem a lei ou o 
estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. 
 
5. Desconsideração. 
 
Consiste na suspensão temporária da autonomia da pessoa jurídica, de modo a 
estender a execução aos bens particulares dos sócios e administradores. 
 
Fundamenta-se na idéia de abuso de personalidade, que pode se verificar em duas 
situações distintas: 
 
a) Desvio de finalidade; ou 
 
b) Confusão patrimonial. 
 
Observe-se que a desconsideração da personalidade jurídica deve ser decretada 
pelo juiz, o qual não pode, contudo, agir de ofício, e sim mediante provocação de 
qualquer interessado ou do Ministério Publico. 
 
6. Extinção. 
 
A extinção da pessoa jurídica pode ser: 
 
a) Convencional. Quando promovida por seus próprios integrantes; 
 
b) Legal. Decretada nos casos previstos em lei; 
 
c) Administrativa. Pautada em decisão do poder público que cassa a autorização 
para seu funcionamento. 
 
Seja qual for o caso que implique sua extinção, a pessoa jurídica subsistirá para 
fins de liquidação, até que esta se conclua. Somente após o encerramento da liquidação 
é que se poderá promover o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
7. Associações 
 
São pessoas jurídicas constituídas pela união de pessoas que se organizam para 
fins não econômicos. 
 
Os requisitos para a elaboração do seu estatuto encontram-se listados no art. 54 do 
CC, com a ressalva de que omissão de qualquer um deles enseja nulidade. 
 
Nos termos do art. 56 do CC, a qualidade de associado é intransmissível, se o 
estatuto não dispuser o contrário. Porém, se o associado for titular de quota ou fração 
ideal do patrimônio da associação, admite a lei que esta possa ser transferida a terceiro, 
mas sem importar, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou 
herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. 
 
As funções da assembléia geral da associação encontram-se previstas no art. 59 do 
CC, sendo elas: 
 
a) Destituir os administradores; 
 
b) Alterar o estatuto. 
 
No caso de ser dissolvida a associação, o seu remanescente patrimonial líquido, 
após deduzidas as quotas ou frações ideais dos associados, será destinado a uma 
entidade de fins não econômicos designada no estatuto. Sendo este omisso, passará, por 
deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual, federal ou do Distrito 
Federal de fins idênticos ou semelhantes, onde a associação tiver sede. Inexistindo 
instituição nessas condições, o patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do 
Distrito Federal ou da União, onde a associação for sediada (art. 61 do CC). 
 
8. Fundações. 
 
São pessoas jurídicas constituídas em torno de um patrimônio destinado a um fim. 
Elas poderão ser criadas para as seguintes finalidades: assistência social; cultura, defesa 
e conservação do patrimônio histórico e artístico; educação; saúde; segurança alimentar 
e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do 
desenvolvimento sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias 
alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de 
informações e conhecimentos técnicos e científicos; promoção da ética, da cidadania, da 
democracia e dos direitos humanos; atividades religiosas (CC, art. 62, p. único). 
 
Sua constituição passa por quatro etapas fundamentais: 
 
a) Dotação. É o ato unilateral por cujo intermédio o fundador separa uma parcela 
de seu patrimônio e a destina à criação do ente fundacional. Pode ser promovida inter 
vivos, por escritura pública, ou causa mortis, através de testamento. 
 
b) Estatuto. Pode ser elaborado pelo próprio fundador ou pela pessoa que ele vier 
a credenciar. 
 
c) Aprovação do Ministério Público. Com a ressalva de haver possibilidade de 
suprimento judicial, caso o órgão do MP a denegue. 
 
d) Registro. A ser implementado no Registro de Pessoas Jurídicas. 
 
Cumpre observar que as fundações serão fiscalizadas pelo Ministério Público do 
Estado onde se situarem. Caso estendam suas atividades por mais de um Estado, caberá 
a veladura, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. E se funcionarem no 
Distrito Federal ou em Território, a fiscalização competirá ao Ministério Público do 
Distrito Federal e Territórios (art. 66 do CC). 
 
Com relação ao estatuto das fundações, para que se possa alterá-lo, faz-se mister 
que se observem os seguintes requisitos (art. 67): 
 
a) deliberação de 2/3 dos competentes para gerir e representar a fundação; 
 
b) que não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
 
c) aprovação do órgão do Ministério Público, no prazo máximo de 45 dias. Caso 
este a denegue, ou uma vez transcorrido o prazo, admite-se a possibilidade de 
suprimento judicial, a requerimento do interessado. 
 
Salienta, afinal, o art. 69 do CC, que a fundação será extinta quando se tornar 
ilícita, impossível ou inútil a finalidade por ela visada, ou quando vencer o prazo de sua 
existência, hipóteses em que o seu patrimônio, salvo disposição contrária no ato 
constitutivo, deverá ser incorporado ao de outra fundação de fim igual ou semelhante.

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