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DIREITO CIVIL 
 
Professor: Mario Godoy 
 
Tema: Defeitos do negócio jurídico 
 
 
1. Conceito e classificação. 
 
Os defeitos do negócio jurídico correspondem a vícios capazes de provocar sua 
anulabilidade, sendo de 4 anos o prazo decadencial para a propositura da competente 
ação anulatória (CC, art. 178, incs. I e II). 
 
Classificam-se em: 
 
a) Vícios do consentimento. São aqueles que embaraçam a livre manifestação da 
vontade. Exemplos: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão. 
 
b) Vícios sociais. Que são aptos a provocar lesão a interesse de terceiros. 
Exemplos: fraude contra credores e simulação. Observação importante: o vício de 
simulação, atualmente, enseja a nulidade absoluta do negócio. 
 
2. Erro. 
 
O erro se revela na falsa percepção da realidade. Para que se justifique a anulação 
do negócio pelo vício do erro, deve ele conter três características essenciais: 
substancialidade (CC, art. 139), escusabilidade (na visão da doutrina) e 
cognoscibilidade (CC, art. 138). 
 
O erro de direito só induz anulabilidade quando não implicar recusa à aplicação da 
lei, e desde que tenha sido ele o motivo único ou principal do negócio jurídico (CC, art. 
139, inc. III). Vale dizer: para que o erro de direito legitime o pedido de anulação, é 
necessário que recaia sobre norma dispositiva. 
 
CC, art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso 
como razão determinante. 
 
CC, art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável 
nos mesmos casos em que o é a declaração direta. 
 
CC, art. 142. O erro na indicação de pessoa ou da coisa, a que se referir a 
declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas 
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. 
 
CC, art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de 
vontade. 
 
CC, art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, 
a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na 
conformidade da vontade real do manifestante – hipótese em que se terá o 
convalescimento da relação. 
 
2. Dolo. 
 
O dolo é o artifício utilizado para induzir a parte ao engano, levando-a a concluir o 
negócio jurídico. 
 
Classifica-se em: 
 
a) Principal. Apresenta-se como a razão determinante da celebração do ajuste. 
Tem como consequência a anulabilidade negocial. 
 
b) Acidental. Quando, a seu despeito, o negócio ainda teria sido realizado, embora 
por outro modo, servindo o dolo apenas para provocar maior onerosidade. Enseja como 
consequência a indenização das perdas e danos. 
 
O dolo ainda pode ser: 
 
a) Recíproco. Se ambas as partes tiverem agido com dolo, hipótese em que 
nenhuma delas poderá alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização (art. 
150). 
 
b) De terceiro. Nessa hipótese, caso a parte beneficiada tenha ou deva ter 
conhecimento do dolo de terceiro, o negócio será anulável; se, ao contrário, ela estiver 
de boa-fé, o negócio subsistirá, respondendo o terceiro por perdas e danos (CC, art. 
148). 
 
3. Coação. 
 
Traduz-se a coação na grave ameaça, apta a provocar na vítima um fundado receio 
de dano iminente à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
 
Para que apure a gravidade, devem-se levar em conta o sexo, a idade, a condição, 
a saúde, o temperamento e todas as demais circunstâncias pessoais da vítima, que 
possam influir na gravidade (CC, art. 152). 
 
A coação também poderá ser exercida por terceiro, hipótese em que, caso a parte 
beneficiada dela tenha ou deva ter conhecimento, o negócio será anulável, e ambos 
responderão solidariamente por perdas e danos; por outro lado, estando a parte 
beneficiada de boa-fé, o negócio subsistirá, respondendo apenas o terceiro pelas perdas 
e danos (arts. 154 e 155). 
 
Art. 153. Não se consideram coação a ameaça do exercício normal de um direito, 
nem o simples temor reverencial. 
 
 
 
 
 
4. Estado de perigo. 
 
Configura-se o estado de perigo quando alguém, sob premente necessidade de 
salvar a si ou a pessoa de sua família, de grave dano, conhecido pela outra parte, assume 
obrigação excessivamente onerosa (CC, art. 156). 
 
5. Lesão. 
 
Ocorre lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, 
se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta (CC, 
art. 157). 
 
Nos termos do § 2º do art. 157, não se decretará a anulação do negócio, se for 
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do 
proveito – ocorrendo, nesse caso, o convalescimento do ajuste. 
 
6. Fraude contra credores. 
 
A fraude contra credores acontece quando o devedor insolvente, ou na iminência 
de se tornar insolvente, pratica negócios capazes de reduzir o seu patrimônio, em 
prejuízo dos seus credores. 
 
A princípio, somente os credores quirografários, porquanto desprovidos do 
direito de preferência, poderão sofrer a fraude contra credores. Excepcionalmente, 
porém, os credores com garantia real também poderão ser por ela prejudicados, toda 
vez que o valor do bem dado em garantia não for suficiente para assegurar o pagamento 
dos seus créditos. 
 
Ressalte-se que a fraude contra credores pode se revelar através de duas formas 
principais: 
 
a) Negócios de transmissão gratuita ou remissão de dívida. Dispensam a prova do 
consilium fraudis (= conluio fraudulento entre o devedor insolvente e o adquirente dos 
seus bens); 
 
b) Negócios de transmissão onerosa. Exigem a prova do consilium fraudis, o qual, 
porém, presumir-se-á quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser 
conhecida do outro contratante (CC, art. 159). 
 
Saliente-se que ação destinada a anular a fraude contra credores recebe o nome de 
ação pauliana, devendo ser proposta, em tese, pelos credores quirografários que já o 
eram ao tempo dos atos fraudulentos, bem como pelos credores preferenciais cuja 
garantia se tornar insuficiente, observada a mesma condição. Devem ser chamados a 
compor o polo passivo o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a 
estipulação fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. E uma 
vez anulada a fraude, a vantagem dela resultante deverá ser revertida em proveito do 
acervo sobre o qual se efetuará o concurso de credores.

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