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DIREITO CIVIL – Professor: Mario Godoy Tema: Nulidades 1. Conceito. As nulidades correspondem a vícios que impedem a passagem do negócio jurídico pelo plano da validade. Subdividem-se em duas espécies: a nulidade absoluta (ou, simplesmente, nulidade), que incide quando o vício se contrapõe à ordem pública, e a nulidade relativa (ou anulabilidade), quando atinge interesses apenas particulares. 2. Diferenças entre nulidade absoluta e relativa. As hipóteses de nulidade absoluta encontram-se elencadas exemplificativamente no art. 166 do CC. São elas: a) agente absolutamente incapaz; b) objeto ilícito, impossível ou indeterminável; c) quando o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; d) inobservância da forma prescrita em lei; e) preterição de solenidade que a lei considere essencial; f) fraude à lei (imperativa); g) quando a lei taxativamente declarar o ato nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Outrossim, a teor do art. 167 do CC, “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma”. Há de se entender, destarte, que a simulação opera nulidade absoluta, devendo no entanto subsistir o negócio dissimulado, sempre que este preencher os pressupostos substanciais e formais para a sua validade; caso ele não venha a atender tais pressupostos, restará incurso em nulidade absoluta ou relativa, a depender da natureza do vício. Já os casos legais de nulidade relativa estão listados, de forma exemplificativa, no art. 171 do CC. São eles: a) agente relativamente incapaz; b) defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores). Observe-se que a nulidade absoluta, em tese, não acarreta a produção de efeitos, ao passo que a nulidade relativa é capaz de gerá-los até a sentença anulatória; a nulidade absoluta não é suscetível de confirmação, enquanto a nulidade relativa pode ser ratificada; a nulidade absoluta deve ser pronunciada de ofício pelo juiz, já a nulidade relativa depende de alegação da parte interessada; a nulidade absoluta considera-se imprescritível, ao contrário da nulidade relativa, que se sujeita a prazos decadenciais (vide CC, arts. 178 e 179) Afinal, cumpre atentar para a possibilidade de conversão aplicada ao campo da nulidade absoluta. Por conversão entenda-se a transformação de um negócio nulo em um outro negócio de natureza diversa, válido, mediante o aproveitamento de um dos seus requisitos, de modo a atender ao interesse presumível das partes. Referida possibilidade encontra-se ventilada no art. 170 do CC: “Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”. 3. Invalidade parcial. Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. 4. Efeitos da sentença que reconhece a nulidade absoluta ou que desconstitui a nulidade relativa. A sentença que reconhece a nulidade absoluta opera ex tunc, pois se limita a declarar que as partes se situam no mesmo status quo ante que precedia a celebração negocial. No tocante à sentença que desconstitui a nulidade relativa, a doutrina se divide em duas correntes: a) a primeira, defendendo o seu caráter ex nunc, a admitir como válidos os efeitos produzidos até a sentença (é a posição do CESPE e da ESAF); b) a segunda, sustentando o seu caráter ex tunc, por entender que as partes devem ser reconduzidas ao estado em que se achavam antes da formação do negócio. Com efeito, reza o art. 182, 1ª parte, do CC: “Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam” (é a posição da FCC)
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