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e book doula 5 mitos e verdades eleonora moraes

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1 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
2 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
“E ser doula é sem dúvida mais que uma ocupação ou profissão. 
É uma vocação, um chamado da alma que em algum momento 
surge dentro de uma mulher, seja após o parto que viveu, seja 
pela consciência de seu próprio nascimento ou pela banalização 
desta experiência ao seu redor.”
A AUTORA
“Tornei-me doula a medida em que em mim 
nascia cada vez mais forte a consciência do 
verdadeiro desafio de ser mulher em uma 
cultura que pouco acredita na capacidade 
do corpo feminino de gerar, parir e 
amamentar os filhos com segurança. 
Trazer meus filhos ao mundo e acompanhar 
o parto de muitas mulheres, me ensinou 
que dar a luz é um poderoso portal para 
imensas transformações em nossa alma, que nos preparam não só para a 
maternidade, mas para a descoberta profunda de nós mesmas, do nosso 
próprio poder enquanto mulheres, na vivência da nossa sexualidade, na 
vivência dos limites e capacidades do nosso corpo e até mesmo da nossa 
relação com a espiritualidade.
Me formei em psicologia em 1998 e esta escola me deu uma boa bagagem 
para o que vinha a seguir. Tive meus três filhos, vivi experiências muito 
distintas de parto e amamentação, sofri com o desconhecido mas descobri 
como pode ser transformador receber apoio de outras mulheres neste 
processo.” 
 
Eleonora é psicóloga formada pela Universidade de São Paulo (FFCLRP) 
DOULA capacitada pela ANDO (Associação Nacional de Doulas), 
educadora perinatal e instrutora de Yoga. 
Trabalha atendendo gestantes e casais na preparação e acompanhamento 
de partos hospitalares e domiciliares desde 2003, promovendo o parto 
natural e a humanização da assistência. 
É diretora e fundadora do Despertar do Parto. 
Promove a formação de doulas autônomas desde 2010.
3 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
É fácil imaginar que as mulheres sempre estiveram presentes na cena do parto 
na história da humanidade. Aliás, o parto em diversas culturas era um evento 
essencialmente feminino, acontecendo em domicílio e acompanhado por parteiras 
tradicionais. As mulheres da família ou da comunidade, com maior experiência, 
transmitiam o conhecimento que tinham adquirido referente a gestação, parto e 
amamentação, provendo naturalmente o apoio intuitivo e feminino necessários. 
Estas últimas eram as doulas por essência, embora ainda não recebessem este 
nome.
A hospitalização do parto só aconteceu na segunda metade do século XX, há 
poucas décadas atrás, e a padronização desta assistência com rotinas que 
incluíam separar as mulheres de seus parentes, pertences e serem submetidas a 
procedimentos para acelerar o parto sendo assistidas por pessoas desconhecidas, 
acabou por excluir do parto a importância do apoio emocional e físico à parturiente. 
Portanto, aquele apoio intuitivo, próximo e afetivo oferecido por outras mulheres 
antes, perdeu seu lugar e sua importância no decorrer da hospitalização do 
nascimento.
COMO SURGIRAM AS DOULAS
The Birth of Virgin Mary / Giovanni Bellini, Turin (1.500)
Cenário do parto antes e depois da hospitalização 
4 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
As doulas foram descobertas acidentalmente
No final da década de 70, dois médicos 
pediatras norte-americanos, John Kennell 
e Marshall Klaus, realizavam uma pesquisa 
para coletar dados sobre a formação do 
vínculo entre mãe e recém-nascido logo 
após o parto em uma maternidade da 
Guatemala. Entre a equipe de pesquisa 
estava uma estudante de medicina, 
chamada Michele, que falava espanhol e por 
isto recebia as parturientes que chegavam 
no hospital, explicava sobre a pesquisa e 
colhia autorizações das mesmas.
Michele deveria ser acolhedora e amável por natureza porque espontaneamente 
resolveu permanecer ao lado de cada uma das parturientes até o bebê nascer, 
sem exercer função técnica alguma, apenas as confortando e encorajando. Klaus e 
Kennell se surpreenderam ao perceber que os partos em que Michele havia estado 
foram muito mais rápidos e com menos intervenções e complicações obstétricas 
que os partos onde ela não estava presente. 
Curiosos com este resultado, Klaus e Kennell treinaram 3 mulheres da comunidade 
para exercer a mesma função da Michele, de apoio emocional e encorajamento 
às parturientes. Os pesquisadores as chamaram de doulas 1 (termo grego que 
significa “mulher que serve”) e possibilitaram que elas acompanhassem 186 
Marshal Klaus e John Kennell
mulheres em seu primeiro 
parto. Os resultados 
foram comparados a um 
grupo controle com 279 
parturientes sem doula ou 
acompanhantes de escolha. 
Os resultados desta 
pesquisa foram 
surpreendentes. Mostraram 
que os partos com a doula 
reduziram em 50% o tempo 
de trabalho de parto, em 
58% as taxas de cesárea, 
em 84% o uso de ocitocina 
sintética, em 51% das 
complicações perinatais.
 
1 O termo “doula” já havia sido empregado pela médica antropologista Danna Raphael em 1973, em seu 
livro “The Tender Gift: Breastfeeding” referindo-se a mulheres que apoiavam mulheres no pós-parto.
5 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
Desde este trabalho original, publicado em 1986 2, numerosos estudos 
científicos têm sido conduzidos em diversos países, comparando o 
cuidado usual com ou sem doula. Os resultados mostram que a presença 
de acompanhantes especialmente treinadas durante o parto diminui 
dramaticamente as taxas de intervenção e complicações obstétricas, além 
de favorecer o vínculo mãe-bebê e favorecer a amamentação, quando 
comparadas ao grupo controle.
Em revisão sistemática da Biblioteca Cochrane de 2013 3, foram analisados 
22 ensaios clínicos sobre o suporte contínuo, com 15.288 mulheres em 16 
países, confirmando a evidência de que este suporte emocional contínuo 
favorece a redução de cesarianas, de analgesia, encurta o trabalho de parto 
e promove a satisfação da experiência de parto vivida pela mulher.
Mais evidência científica
 
2 Klaus, M.H.; Kennell, J.H.; Robertson, S.S.; Sosa, R. “Effects of Social Support during Parturition on 
Maternal and Infant Morbidity.” British Medical Journal 293 (1986): 585-587
3 Hodnett ED, Gates S, Hofmeyr GJ, Sakala C. Continuous support for women during childbirth. Cochrane 
Database Syst Rev. 2013. doi:10.1002/14651858.CD003766.
6 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
Mitos sobre a Doula
Mito 1
 
A DOULA É A ANTIGA 
PARTEIRA
De forma alguma a doula 
exerce a função da antiga 
parteira. Só quem pode 
exercer o papel técnico no 
parto são os profissionais 
legalmente habilitados para 
esta assistência, a saber: 
médicos, enfermeira obstetra 
e a obstetriz. 
A doula não pode nem deve 
fazer qualquer procedimento 
técnico como aferir pressão, 
suturar o períneo, cortar o 
cordão, fazer exame de toque 
ou ausculta dos batimentos 
cardíacos do feto. Ela não 
é preparada e muito menos 
habilitada legalmente 
para isto. Exercer estes 
procedimentos pode caracterizá-la realizando exercício ilegal da profissão e 
até mesmo trazer riscos à mãe e ao bebê.
Esta confusão entre doula e parteira parecer acontecer porque doulas 
costumam estar presentes em partos domiciliares atualmente, mas é 
fundamental que no mínimo dois profissionais habilitados (enfermeiras, 
obstetrizes ou médicos) ofereçam a assistência adequada para que o parto 
aconteça com segurança.
7 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
 
O papel da doula é o de suporte emocional e apoio físico contínuo no parto.
A doula é uma acompanhante de parto, devidamente treinada e leiga na 
assistência técnica, que se dispõe a oferecer suporte contínuo desde o 
início do processo até as primeiras horas do pós-partoimediato. Podendo 
atuar também nos primeiros dias do pós-parto, auxiliando a mãe com a 
amamentação, apoio emocional e adaptação da família.
No Brasil, as doulas que trabalham de forma autônoma, tem um papel 
muito importante também durante a gestação, auxiliando as mulheres na 
preparação para o parto sobretudo na transmissão de boas informações 
para evitar uma cesariana desnecessária ou intervenções médicas rotineiras 
desnecessárias, dada a nossa realidade de assistência ao parto e a nossa 
própria cultura, que entende a cesariana como um evento corriqueiro e 
cercado de segurança.
Basicamente o suporte exercido pela doula é o de fornecer:
• apoio emocional continuo - favorecendo a autoconfiança materna
• conforto físico com medidas não farmacológicas de alívio da dor
• suporte informativo antes, durante e após o parto
Então, qual é o 
papel da doula?
8 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
 
“A função da doula é a de resgatar a confiança no feminino, a 
sabedoria do corpo materno, oferecer apoio emocional, oferecer 
conforto físico com métodos não farmacológiacos e sobretudo 
normalizar a experiência do processo, acreditando na fisiologia 
e ajudando a mulher em seus processos internos, físicos e 
emocionais, para aquele bebê nascer. “
Mito 2
Doula não é ainda uma profissão e talvez nem venha a ser. No entanto 
é uma OCUPAÇÃO regulamentada pelo Ministério do Trabalho na CBO 
(Classificação Brasileira de Ocupações) com o registro de número 3221-35 
desde janeiro de 2013. 
O que é preciso para ser doula?
Segundo o Ministério do Trabalho, é preciso apenas cumprir 3 critérios:
• Ser maior de 18 anos
• Ter completado o ensino médio
• Fazer um curso de formação (ainda sem definição de carga horária pelo CBO)
Sendo assim, fica claro que a doula não precisa ser profissional de saúde 
para poder atuar. No entanto, o conhecimento anterior da doula pode 
contar muito na qualidade do cuidado prestado (caso seja psicóloga 
ou fisioterapeuta, por exemplo, ela pode agregar este conhecimento no 
atendimento) e a graduação na área da saúde tem facilitado a entrada da 
doula em muitas maternidades brasileiras.
 
PARA SER DOULA É PRECISO SER PROFISSIONAL DE SAÚDE
9 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
Mito 3
 
A DOULA VAI INTERFERIR NA 
CONDUTA MÉDICA
para a equipe médica tem que ser feita pela mulher. 
O papel da doula é de fundir-se emocionalmente com a mulher, sendo 
empática a sua vivência emocional e física, facilitando para que a mesma 
possa vivenciar a experiência de entrega e confiança que o parto exige. Em 
outras palavras, proteger a mulher da liberação exagerada de hormônios de 
stress que podem atrapalhar a fisiologia do seu parto. 
Este mito da “doula briguenta” parece estar relacionado, entre outros 
aspectos, ao modelo de assistência obstétrica vigente em nossa cultura, 
denominado pela antropóloga americana Robbie Davis Floyd como “modelo 
tecnocrático”. Neste modelo, o saber e as decisões sobre as práticas 
obstétricas são centradas na figura do médico. A parturiente assume a 
condição de paciente fragilizada, sem autonomia ou poder de decisão sobre 
a condução de seu trabalho de parto. Sendo assim, os questionamentos 
ou decisões da paciente podem ser entendidos não como um exercício 
verdadeiro da sua autonomia, mas como resultado da orientação de outro 
profissional (no caso, a doula) sobre a paciente. 
Pelo contrário, o modelo de assistência humanizada, aonde a doula está 
inserida, entende que a mulher tem autonomia e capacidade de acessar e 
selecionar conhecimentos sobre a fisiologia do parto, sobre a sua gestação, 
sobre os procedimentos médicos e dialogar com a equipe médica, fazendo 
assim as suas próprias escolhas e assumindo também responsabilidades na 
sua escolha. 
Não compete a doula, de forma alguma, 
discutir procedimentos ou interferir na 
condução da equipe médica. Seu papel é, 
única e exclusivamente, de apoio à mulher e 
seu acompanhante na escolha feita por eles. Em 
vários momentos ela pode ajudá-los a pensar, 
explicar termos técnicos e sugerir alternativas, no 
entanto, as decisões e a comunicação das escolhas 
10 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
Mito 4
 
A DOULA VAI SUBSTITUIR O MARIDO (ou acompanhante de escolha)
De modo algum a doula pretende entrar na cena do parto para substituir 
profissionais ou pessoas de grande proximidade afetiva da gestante e do 
bebê, como o futuro pai. Isto seria um verdadeiro retrocesso na conquista da 
melhoria da assistência hospitalar ao parto. 
Pela lei federal de n.11.108, de 07 de abril de 2005, todo serviço de saúde, 
público ou privado, é obrigado a permitir a presença de um acompanhante 
de escolha da mulher, durante todo o período de trabalho de parto, parto 
e pós-parto imediato. A doula não entra neste lugar do acompanhante de 
escolha, mas sim como uma acompanhante especialmente treinada que 
presta o serviço de suporte contínuo e para tanto, ela precisa de autorização 
e credenciamento em maternidades assim como qualquer profissional que 
preste serviço nas instituições hospitalares públicas ou particulares.
 
E o marido pode ser doula? 
Claro que o marido ou a mãe da parturiente podem oferecer o suporte 
contínuo, sentimento de segurança e algumas técnicas de alívio da dor, 
assim como a doula o faria. No entanto, o familiar tem todo direito de viver 
o papel deles, de pais ou avós, que naturalmente envolve muita ansiedade, 
sentimento de impotência, temor pelo desconhecido, medo de que aconteça 
algo de errado e até a posição de sentir pena da mulher no processo, o que 
acaba por não contribuir no progresso fisiológico do parto.
Doulas são para os pais e familiares também! Ela normaliza a experiência e 
ajuda a reduzir sensivelmente a ansiedade do acompanhante de escolha.
Na mesma revisão sistemática de 2013 da Biblioteca Cochrane (citada no 
Mito 1) concluiu-se que o suporte contínuo traz melhores resultados quando 
este papel é desempenhado por quem não faz parte da equipe hospitalar, 
nem de rede de apoio social da parturiente.
11 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
Mito 5
 
ENFERMEIRA / MÉDICA / OBSTETRIZ 
TAMBÉM PODE FAZER O PAPEL DE DOULA
Este talvez seja o mais delicado e pouco falado dos mitos que envolvem a 
doula. Com o movimento crescente da humanização do parto no Brasil e a 
demanda de hospitais a cumprirem exigências do Ministério da Saúde para 
redução de cesarianas, este debate tenderá a crescer no Brasil. Conselhos 
de classes da medicina e principalmente enfermagem, e principalmente as 
doulas como um grupo organizado, precisam debater esta duplicidade de 
papéis e suas repercussões. 
Vamos aqui entender um pouco mais profundamente esta questão:
De fato, qualquer pessoa da equipe médico hospitalar, com um mínimo de 
treinamento, pode oferecer métodos não farmacológicos de alívio da dor 
como a doula oferece. Fazer massagens, sugerir posturas de conforto ou 
palavras de confiança são medidas simples e que podem fazer enorme 
diferença para uma parturiente. 
No entanto, o papel da doula vai muito além deste conjunto de técnicas. 
A função da doula é o de oferecer suporte contínuo do início ao fim de todo 
processo vindo de uma pessoa que não é da equipe médica e não pode 
resolver o parto para a mulher ou detectar que existe algum problema real 
que precise de intervenção. 
O que norteia a atuação da doula é o de acreditar até o fim na fisiologia 
do parto e não pensar com o olhar de um profissional que teve a formação 
voltada justamente para enxergar possíveis patologias ou complicações 
obstétricas para atuar com prontidão em uma emergência.
A doula não pertence a equipe médica, mas sim exclusivamente à mulher. 
É papel dela apoiar a mulher na escolhado local do parto e da equipe, 
ajudá-la a pensar nas possibilidades de intervenção oferecidas e em como 
irá comunicar à equipe as suas decisões. 
12 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
 
Além das questões de ordem filosófica, do ponto de vista legal e ético, 
alguns fatores importantes entram em conflito e precisam ser aprofundados 
pelos conselhos de classe:
• Por essência e definição, a doula não pode fazer qualquer procedimento 
clínico como ausculta fetal ou exames de toque. Quando uma profissional 
habilitada para procedimentos clínicos no parto intitula-se doula (mesmo 
tendo feito um curso de doula) e oferece também algum procedimento de 
avaliação do parto, está prejudicando a imagem e consolidação do papel 
das doulas de um modo geral e provavelmente fortalecendo o mito de que 
doulas interferem na conduta médica.
• Caso a enfermeira/ médica/ obstetriz opte por atuar simplesmente como 
doula, abrindo mão do seu papel técnico, pode ser responsabilizada por 
negligência médica em alguma situação de emergência onde não tenha 
disponível o material necessário para prestar o socorro imediato, já que 
é proibido ao profissional enfermeiro ou médico negar assistência em 
qualquer situação que se caracterize como urgência ou emergência4. 
Ainda assim, não há dúvidas do quanto os cursos de formação de doula 
no Brasil tem colaborado para a conscientização e melhora da atuação 
da enfermeira/ médica/obstetriz, justamente por trazer o olhar empático 
à mulher, um novo entendimento sobre a fisiologia do parto e explorar os 
métodos não farmacológicos de alívio da dor. No entanto, acredito que a 
tendência, para um futuro breve, seja o surgimento de novos cursos de 
especialização em assistência humanizada para estes profissionais que 
assistem o parto. 
E não há dúvidas do quão valioso é o trabalho de uma assistência centrada 
na mulher, onde o médico obstetra, a enfermeira obstetra, o pediatra, 
assistentes e a doula oferecem o melhor de si, cada qual em seu valioso 
papel, oferecendo confiança e segurança para que a mulher possa ser a 
protagonista do processo.
Desta forma, muito provavelmente garantimos uma diferenciação saudável 
entre os profissionais do parto e a doula, onde todos saem beneficiados, 
principalmente aquela dupla que nos guia para toda esta vontade de sermos 
ainda melhores e de trabalhar com mais verdade e amor: a majestosa mãe 
e o seu bebê. Porque ter bebês bem recebidos, com mães que vivem boas 
experiências de parto, certamente faz nascer não só novos seres, mas um 
mundo cada vez melhor. 
 
4 Código de Ética do Conselho Federal de Enfermagem 311/2007 e Art 4o do Código de Ética Médica - 
Res. (1931/2009) - Capítulo III - Responsabilidade profissional
13 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
 
“Meu sagrado, minha fortaleza, meu aconchego.” 
 Adriana de Lima Mello 
 (enfermeira obstetra em seu próprio parto, 
 referindo-se a sua doula Helena Junqueira)
BIBLIOGRAFIA 
 
DAVIS-FLOYD, R. The technocratic, humanistic and holistic paradigms of childbirth. Austin 
(Tex): International Journal of Gynecology & Obstetrics, 75:5-23. 2001. 
 
DINIZ, Carmen Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos 
de um movimento.Ciênc. saúde coletiva, Set 2005, vol.10, no.3, p.627-637. ISSN 1413-8123 
 
MÜLLER, Elaine ; RODRIGUES, L. ; PORTELLA, M. ; MELO, C. P. L. ; GAYOSO, D. ; SILVA, D. M. O. 
F. ; PEREIRA, R. S. ; SILVA, M. M. T. . 2012. “O relato de mulheres sobre partos e intervenções: 
reflexões sobre saúde, direitos humanos e cidadania”. In: 17º Encontro Nacional da Rede 
Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher e Relações de Gênero. João 
Pessoa, PB. Anais Digital, 2012. 
 
KLAUS, M.H.; KENNELL, J.H.; ROBERTSON, S.S.; SOSA, R. “Effects of Social Support during 
Parturition on Maternal and Infant Morbidity.” British Medical Journal 293 (1986): 585-587 
 
Hodnett ED, Gates S, Hofmeyr GJ, Sakala C. Continuous support for women during childbirth. 
Cochrane Database Syst Rev. 2013. doi:10.1002/14651858.CD003766 
 
MORAES, Eleonora D.V.; JUNQUEIRA, Helena V.A.; BUSSADORI, Jamile C. “Apostila do Curso de 
Formação de Doulas”. Despertar do Parto, 2a edição, 2014.
14 Doula - 5 Mitos e Verdades Eleonora Moraes - Despertar do Parto
11/2015 
Edição - 1.03
www.euqueroserdoula.com.br 
 
Formação de Doulas

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