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14/6/2013 1 Nutrição, cultivo laboratorial, reprodução e crescimento dos micro-organismos Microbiologia I Josilene Matos Universidade Federal da Bahia Instituto de Ciências da Saúde Departamento de Biointeração UFBA Condições necessárias para o cultivo Fatores físicos: temperatura, pH e pressão osmótica. Fatores químicos: água, fontes de carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, enxofre, fósforo e fatores orgânicos. Fatores metabólicos: enzimas e processos associados aos fatores físicos e químicos. 14/6/2013 2 Nutrição microbiana “ Nutrientes: todos os materiais utilizados pela célula para a construção e manutenção da sua estrutura e organização, inclusive como fonte de energia, quando esta é de natureza química.” Bier, O., Microbiologia e Imunologia, 24a. Ed., 1985. Nutrição bacteriana Degradação de macromoléculas por bactérias através da secreção de enzimas hidrolíticas (hidrolases), proteases, lipases, etc. Nutrição microbiana Mecanismo que fornece às células as ferramentas químicas (nutrientes) necessárias à síntese de moléculas celulares e produção de energia. Importância da nutrição: • Torna possível a reprodução e crescimento bacteriano. Ex: Protéinas estruturais, enzimas, mureína, LPS, polissacarídeos, ácido teicóico, ácidos nucléicos. 14/6/2013 3 Nutrição microbiana - principais elementos Macronutrientes – Carbono • Forma o esqueleto dos carboidratos, lipídeos e proteínas. • Principais fontes Autotróficos: utilizam o CO2 como principal ou única fonte de carbono. Heterotróficos: utilizam compostos orgânicos como principal fonte de carbono (proteínas, carboidratos, lipídeos). Macronutrientes Nitrogênio • Proteínas, ácidos nucléicos, mureína, ácido teicóico. • Principais fontes (diversidade dependente da espécie bacteriana) Nitrogênio atmosférico (N2 NH4+) – fixação do nitrogênio Obtenção a partir de nitrato ou amônia Nitrogênio orgânico (aminoácidos ou peptídeos – fatores de crescimento). 14/6/2013 4 Macronutrientes Enxofre • Síntese de aminoácidos (cisteína e metionina) e vitaminas (tiamina e biotina). • Principais fontes: Íon sulfato (SO42-) H2S Sulfito de hidrogênio (H2S) Aminoácidos que contêm enxofre na estrutura Macronutrientes Fósforo • Compostos orgânicos celulares - ATP, NADP, LPS, fosfolipídeos da membrana celular e ácidos nucléicos. • Principais fontes: Micro-organismo somente obtém na forma de fosfato inorgânico (PO4-3) Potássio, magnésio e cálcio são necessários como co-fatores para as reações enzimáticas. 14/6/2013 5 Classificação dos micro-organismos quanto às fontes de energia e carbono Nutrição microbiana Oligo-elementos ou elementos-traços Elementos exigidos em quantidades muito pequenas: • Ferro, cobre, zinco, cobalto, manganês. • Essenciais para a atividade de algumas enzimas. 14/6/2013 6 Fatores de crescimento Compostos orgânicos que alguns micro- organismos necessitam: • Vitaminas, aminoácidos, purinas e pirimidinas Micro-organismos fastidiosos • Bactérias láticas: Lactobacillus, Leuconostoc, Streptococcus, etc. Cultivo Laboratorial Meios de cultura • Material nutriente preparado no laboratório para o crescimento de micro-organismos (cultura). Aplicação • Isolamento e identificação de micro-organismos Meios quimicamente definidos Meios complexos (indefinidos) • Composição química não definida 14/6/2013 7 Meio quimicamente definido Meio complexo 14/6/2013 8 Quando se utiliza meios quimicamente definidos? Para determinar as necessidades nutricionais de um determinado micro-organismo. Cepa prototrófica • Não requer qualquer suplemento orgânico para crescer Cepa auxotrófica • Necessita de suplementos orgânicos em um meio mínimo para se desenvolver. • Desenvolveu determinada necessidade nutricional em decorrência de uma mutação. Cultivo de micro-organismos Cultivo de bactérias: meios de cultura bacteriológicos. Cultivo de fungos: meios de cultura para fungos. Cultivo de vírus: ovo embrionado ou cultura de células. 14/6/2013 9 Cultivo de bactérias Meios de cultura bacteriológicos • Caldo nutriente (líquido) Extrato de carne Peptona Cloreto de sódio Água • Para solidificar, acrescentar ágar Semi-sólido (0,3-05%) Sólido (1,5-2%) Meio líquido - caldo BHI 14/6/2013 10 Meio sólido em tubo - inclinado Meio sólido em placa de Petri Qual seria a vantagem dos meios sólidos? Imobilizam as células e permitem a formação de colônias • Características coloniais • Pureza de uma cultura Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 14/6/2013 11 Como cultivar bactérias intracelulares? Culturas de células • Cultivos homogêneos que podem ser propagados e manipulados da mesma forma que as bactérias. • Clamídias, riquétsias e algumas espiroquetas são cultivadas em culturas de células. Meios de cultura - conservantes Finalidade bacteriológica: 1. Conservantes • Contém substâncias que inibem as enzimas autolíticas e previnem os efeitos da oxidação • Transporte - Stuart / Amies 14/6/2013 12 Meios de cultura - seletivos Finalidade bacteriológica: 2. Seletivos • Permitem o crescimento de um tipo particular de micro-organismo e suprimem o crescimento de outros. • Mac Conkey/EMB Microbelibrary.org (American Society of Microbiology) Meios de cultura Finalidade bacteriológica: 3. Não-seletivos • Permitem o crescimento de ampla variedade de micro-organismos • Ágar sangue 14/6/2013 13 Meios de cultura Finalidade bacteriológica: 4. De enriquecimento • Aumentar o número de micro-organismos de interesse até níveis detectáveis em uma população mista. • Caldo de tetrationato (Salmonella) Meios de cultura - diferenciais Finalidade bacteriológica: 5. Diferenciais • Estabelecem diferenças entre micro-organismos de características parecidas • Ágar sangue/SS 14/6/2013 14 Meios de cultura - indicadores Finalidade bacteriológica: 6. Indicadores • Possuem substâncias que evidenciam a utilização de determinados substratos • Urease Meios de cultura - redutores Finalidade bacteriológica: 7. Redutores • Agente redutor presente no meio remove o oxigênio para produzir o meio reduzido • Tioglicolato de sódio – combina quimicamente com o oxigênio dissolvido em um meio e torna-o não disponível para os micro-organismos 14/6/2013 15 Crescimento e reprodução microbianos Crescimento e reprodução Crescimento • Aumento no número de células Reprodução • Fissão binária (maioria) • Brotamento (micoplasmas, leveduras) 30 Tortora et al, Microbiologia, 2012 14/6/2013 16 Proteínas importantes no processo de divisão celular em bactérias Proteínas homólogas às do citoesqueleto de células eucarióticas: • MreB (homóloga à actina) – forma celular, segregação dos cromossomos e localização de proteínas. • FtsZ (homóloga à tubulina) – forma celular regulação da divisão celular e segregação cromossômica. Proteínas Fts Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 14/6/2013 17 Tempo de geração Tempo necessário para uma célula se dividir, ou para que a população duplique em número. Fatores que podem influenciar o tempo de geração: • Composição nutricional e as condições físicas de incubação. Tempo de geração – são variados • Escherichia coli 20 - 30 min • Lactobacillus spp 70 - 85 min • Mycobacterium tuberculosis 18 - 20 horas 14/6/2013 18 Tortora et al, Microbiologia, 2012 CRESCIMENTO BACTERIANO N= 2n O aumento do número de células de uma cultura bacteriana em crescimentoexponencial ocorre em progressão geométrica de quociente 2. NF=No2n logNF=logNo +nlog2 Representação gráfica logarítmica x aritmética Tortora et al, Microbiologia, 2012 N (n. de gerações)= logNF-logN0 log2 Exemplo: população final de 10.000.000.000 população inicial de 10 tempo de 20 horas N= log1010-log101 0,3 N= 10-1 = 30 gerações 0,3 TG= tempo N TG= 20 horas x 60 (min) 30 TG= 1200 30 TG= 40 minutos 14/6/2013 19 Curva de crescimento É um gráfico que mostra a variação do número de células viáveis (capazes de se reproduzir) em função do tempo. Esta curva é traçada para uma população em um sistema fechado (tubo contendo meio de cultura). • Nenhum novo nutriente é adicionado ao sistema e nenhum produto de excreção metabólico é removido. Quais são as fases do crescimento microbiano? Tortora et al, Microbiologia, 2012 14/6/2013 20 Métodos para quantificar diretamente o crescimento microbiano Contagem de colônias em placa • Método Pour-Plate (semeadura em profundidade) • Método de semeadura por espalhamento Filtração Contagem direta ao microscópio • Câmara Petroff-Hausser Método do número mais provável (NMP) Diluição seriada– 30 A 300 colônias Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 14/6/2013 21 Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 Contagem de colônias em placa Contagem de colônias em placa É a técnica mais utilizada na determinação do tamanho de uma população bacteriana. Vantagem: • As células viáveis são quantificadas. Desvantagem: • Necessita tempo de incubação, em geral 24h. Deve-se utilizar a diluição seriada. 14/6/2013 22 Contagem de bactérias pelo método de filtração Tortora et al, Microbiologia, 2012 Quando devemos filtrar? Contagem direta ao microscópio Câmara de Petroff-Hausser Vantagem: • Não necessita de período de incubação – resultado rápido. Desvantagens: • Existe dificuldade para a contagem de bactérias móveis • São quantificadas células viáveis e mortas. • Limite de resolução do microscópio 14/6/2013 23 Tortora et al, Microbiologia, 2012 Câmara de contagem Petroff-Hausser Método do número mais provável Utilizado para micro-organismos que não crescem bem em meio sólido. A) diluição a partir de um alto volume de inóculo (ex. 10 mL) B) diluição a partir de um médio volume de inóculo (ex. 1 mL) c) diluição a partir de um baixo volume de inóculo (ex. 0,1 mL) d) contagem do nº de tubos positivos e) estimativa do nº de células/mL de bactérias 14/6/2013 24 Método do número mais provável Tortora et al, Microbiologia, 2012 Métodos indiretos na determinação do número de bactérias Turbidimetria Peso seco principalmente para fungos filamentosos a) fungo é removido do meio por filtração b) seco em dessecador c) posterior pesagem 14/6/2013 25 Cultura contínua Manter uma população microbiana crescendo continuamente em uma taxa particular, na fase logarítmica Quimiostato Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 Efeitos ambientais no crescimento microbiano Fatores físicos • Temperatura • pH • Pressão osmótica • Atmosfera gasosa (reposta ao oxigênio) 14/6/2013 26 Efeitos ambientais - Temperatura Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 Por que logo acima da temperatura ótima, o crescimento cai dramaticamente? Curva de crescimento x variação na temperatura Curva de crescimento característica de diferentes micro-organimos Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 14/6/2013 27 Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 Crescimento de hipertermófilos Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 14/6/2013 28 pH – acidez ou alcalinidade? Maioria dos micro-organismos cresce melhor perto da neutralidade (pH 6,5 – 7,5); Maioria das Bactérias: faixa entre pH 7,0 (neutrofílicos). Exceções: • Bactérias acidófilas: alto grau de tolerância à acidez (Thiobacillus de 0,5 a 6,0 com ótimo entre 2 e 3,5). • Bactérias alcalifílicas: (Bacillus e Archaea) (pH 10 – 11). Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 14/6/2013 29 Efeitos ambientais – pressão osmótica Pressão osmótica Tortora et al, Microbiologia, 2012 Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 Concentração de sal Halotolerantes: não necessitam de sal mas toleram a presença no meio. Halófilos: necessitam de sal em uma concentração moderada. Halófilos extremos: necessitam de sal em altas concentrações. 14/6/2013 30 Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 60 Halofílicos extremos 14/6/2013 31 Classificação de acordo com a atmosfera de cultivo Aeróbios obrigatórios: 21% de oxigênio. Anaeróbios obrigatórios: não podem crescer em presença do oxigênio. Anaeróbios Facultativos: podem crescer na presença do oxigênio ou em anaerobiose. Microaerófilos: oxigênio de 1 a 15%. Anaeróbios aerotolerantes: anaeróbios que não morrem com a exposição ao oxigênio. Utilização de oxigênio AERÓBIO ESTRITOS alta [O2] catalase SOD ANAERÓBIO ESTRITO sem O2 ausência: catalase SOD MICRO AERÓFILO baixa [O2] AERÓBIO FACULTATIVO alta e baixa [O2] catalase SOD alta e baixa [O2] SOD ANAERÓBIO AEROTOLERANTES Catalase e a superóxido dismutase reduzem para H2O os compostos tóxicos. Efeito do oxigênio sobre o crescimento de vários tipos de bactérias. Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 14/6/2013 32 Influência do oxigênio Anaeróbios • Não utilizam Oxigênio para as reações de produção de energia, podendo ser mortos por ele. Methanobacterium – anaeróbio estrito Anaeróbio aerotolerante – Lactobacillus Anaeróbio facultativo – Escherichia coli Microaerófilo – Campylobacter jejuni Aeróbio – Micococcus luteus Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 Por que o O2 é tóxico para os anaeróbios? 14/6/2013 33 Enzimas que inativam o O2 tóxico Superóxido dismutase • Elimina os radicais superóxido, convertendo-os em peróxido de hidrogênio Madigan et al, Microbiologia de Brock, 2010 Incubação de anaeróbios Métodos de produção de ambiente anaeróbio Tortora et al, Microbiologia, 2012 14/6/2013 34 Incubação Métodos de produção de ambiente anaeróbio Injeção de N2, H2 e CO2 Tortora et al, Microbiologia, 2012 LABEM 68 14/6/2013 35 Em posse dos conhecimentos adequados, é possível manipular micro-organismos das mais diversas formas
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