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Instrumentação e controle em uma cervejaria Adair Delgado, Eduardo Marcondes, Fernando Graça, Gabriel Crepaldi, Hugo Martins, Vinicius F. dos Santos Instrumentação e Controle, Instituto de Ciência e Tecnologia, Universidade Federal de Alfenas 59072-970 Poços de Caldas, MG, Brasil E-mails: adairmaga@gmail.com, du_marcondes@hotmail.com, fernandograça.7@hotmail.com, crepaldigabriel.unifal@gmai.com, hgmchg@gmail.com, viniciusfs_rock@hotmail.com Resumo - O presente artigo abrange o processo industrial envolvido na produção de cerveja. Assim, descrevendo todo o processo envolvido na fabricação da cerveja, desde a obtenção da matéria prima, ate a chegada do mesmo ao consumidor. Atingindo o objetivo de descrever alguns instrumentos necessários para realizar o devido controle em tal produção. Para o produto final de qualidade é necessário controle rigoroso nos processos de malteação, mosturação, fermentação e os processos Downstream. Dessa forma, há a necessidade o uso de instrumentos que realizem medições in-line de parâmetros como temperatura, pressão, vazão, entre outros, para manter o processo padronizado e garantir a qualidade do produto, lembrando que, alterações indesejadas de um desses fatores comprometem diretamente os processos fundamentais na fabricação cervejeira. De modo a exemplificar, o descuido com a temperatura compromete a qualidade da fermentação, ou o descuido com a vazão pode acarretar quantidades excessivas ou insuficientes na adição de água cervejeira, entre outros. Palavras-chave - Cerveja; Sensores; Instrumentos. 1. Introdução A cerveja atualmente é a bebida alcoólica mais consumida em todo mundo, sendo a terceira mais popular, perdendo apenas para a água e chá. Historiadores acreditam que essa foi a primeira bebida alcoólica produzida pelo homem a cerca de 10.000 anos atrás. Por ser uma bebida produzida a partir da fermentação de cereais, acredita-se também, que sua essa descoberta ocorreu através do contato de cereais com a água de forma inusitada. Arqueologicamente falando, devido a artefatos encontrados, atribui-se sua criação aos povos Sumérios. Antigamente a bebida era muito utilizada em comemorações, tratamentos médicos e como presentes entre reinados. Na idade média devido a grande aceitação da bebida, a mesma passou a ser usada como moeda de troca. Assim muitos povos antigos iniciaram sua produção, inclusive monges, que produziam a bebida em seus mosteiros adicionando diferente ervas com o intuito de criar modificações no gosto da bebida. Também é atribuído aos monges o característico gosto amargo proveniente do lúpulo. A cerveja consumida hoje em dia possui basicamente os mesmo ingredientes, onde as diferenças são dadas basicamente pela distinção em quantidades de cada matéria prima adicionada, bem como a forma de produção e armazenamento das mesmas. Sendo essas a água, a cevada, o lúpulo e a levedura. 2. Processo de produção Após a aquisição das matérias primas iniciam-se os processos fundamentais que caracterizam a cerveja de acordo com a variação do gosto de cada mestre cervejeiro. A mínima variação no tempo de algum processo ou adição de um dos ingredientes pode apresentar grandes diferenças nos diversos tipos de produção. O processo a ser apresentado consiste o método básico que todo o mestre cervejeiro deve seguir para adquirir um produto final com qualidade pilsen. 2.1. Malteação A malteação consiste em germinar os grãos cereais. Para essa germinação, os grãos são umedecidos ate um certo teor sob condições de temperatura e tempo controlados, logo que começam a germinar os grãos são mantidos em estufa por cerca de 7 dias, tempo o qual as raízes de uma nova planta começa a brotar. Esse processo de germinação é interrompido quando os grãos são colocados no forno com temperatura por volta de 45ºC, temperatura que é elevada para cerca de 100º após a secagem iniciando-se o processo de caramelização, resultando no malte. 2.2. Mosturação A mosturação caracteriza uma das etapas mais importantes no processo. Nessa etapa o corre a moagem dos grãos, com o intuito de expor o amido e as proteínas. Em seguida ocorre a maceração, onde ha o aquecimento dos grãos em água, ativando as enzimas que quebrarão as moléculas complexas, tornando possível a solubilidade em água. Logo após, é feita a filtração do mosto e a fervura do mosto ate seu ponto de ebulição a fim de inativar as enzimas e esteriliza-lo. 2.3. Fermentação A fermentação é feita em duas etapas, na primeira etapa ocorre a fermentação aeróbica, onde é realizada a reprodução das leveduras. Em seguida inicia-se a segunda etapa, fermentação anaeróbica, convertendo os açucares presentes em 𝐶𝑂2 e álcool, além de outros componentes responsáveis pelo sabor e aroma da bebida. Após a fermentação, ocorre a carbonização, todo esse processo deve ser feito em temperatura controlada, por volta de 10ºC. Ao fim desse processo, a bebida já compõe grande características do produto final, como cor e aroma. Seguinte a fermentação, ocorre o processo de maturação, onde a cerveja é mantida em repouso de 15 a 60 dias, de modo a separar partículas em suspensão por meio de decantação. 2.4. Filtração A filtração tem o objetivo de remover partículas incapazes de serem extraídas por decantação. Tal processo é realizado de forma comum, por filtros de vela. Junto a filtração, ocorre a injeção de gás carbônico. Nesse ponto já temos o produto final, que é armazenado em adegas de pressão, as quais mantem temperatura e pressão controladas, a fim de manter o sabor e o gás da bebida. 2.5. Envase e Pasteurização As etapas de envase e pasteurização caracterizam o final da produção. Após a filtração a cerveja já pronta para o consumo é guiada ás enchedoras, que realizam o processo de envase em latas, garras ou barris. Devido a possíveis impurezas que possa comprometer a validade do produto há a necessidade da pasteurização, que caracteriza um processo de esterilização, eliminando microrganismos, onde o produto é aquecido ate 60º e resfriado rapidamente. Após todo o processo de produção a bebida já pode ser transportada ate o consumidor. 3. Instrumentos Abordados A fim de manter a eficiência na produção foram escolhidos 3 sensores que controlam variáveis fundamentais para que a linha não pare. Esses sensores são o ultrassônico Easytrek da Nivelco para níveis, o Serie 2551 da linha GF Signet para vazão e o capacitivo E2K-C para identificação de presença, sendo um destinado ao monitoramento do nível em tanques, outro ao monitoramento da vazão e por ultimo um capacitivo destinado a identificar possíveis garrafas vazias. 3.1. Easytrek Ultrassônico A flexibilidade apresentada pelo presente sensor se da em diversos fatores, tanto pelo seu alcance (25m) quanto pelo ângulo reduzido (entre 5 e 7º). Além dessas características especificadas pelo fornecedor, esse sensor também pode ser aplicado tanto para líquidos como para sólidos. Tendo em vista que os tanques a serem utilizados para o armazenamento das matérias primas, separadamente, podem ser da mesma dimensão (3 metros de altura e 1 metros de diâmetro), conferindo uma padronização no setor ao utilizar o mesmo sensor, porem com configurações diferentes. O sensor Easytrek é um sensor ultrassônico muito indicado para medição de nível em líquidos alimentícios, pois o mesmo efetua medição continua e sem necessidadede contato com o liquido. Seu funcionamento se da de forma simples, onde o sensor envia sinais ultra sônicos, os quais chegam a superfície do liquido e são refletidos devido a energia sonora. Dessa forma, como o sensor já é pré configurado com as dimensões do tanque, o próprio sensor é capaz de efetuar os cálculos e envia a resposta de forma continua, assim podendo saber o nível a qualquer momento desejado, mantendo o controle do mesmo. Figura 1: Representação do sensor Ultrassônico Easytrek. 3.2. Serie 2551 Eletromagnético Para medir a vazão da água, tanto residuais quanto para a distribuição industrial, o sensor eletromagnético Serie 2551 da linha GF apresentou as características mais indicadas para ambas as aplicações, já que o mesmo apresenta ótima resistência, suporta sólidos em suspenção e opera para vazões com velocidade entre 0,05 e 10 m/s. Esse tipo de sensor realiza a medição a partir da lei de Faraday, a qual afirma que todo condutor em movimento com certa velocidade em uma tubulação com diâmetro conhecido em um campo magnético da origem a uma força eletromotriz. Dessa forma, esse sensor possui duas bobinas que geram um campo magnético na seção transversal da tubulação e dois eletrodos alinhados um de frente para o outro. Então o campo magnético aplica uma força sobre as partículas, que são separadas entre positivas e negativas, assim gerando a tensão que será detectada pelos eletrodos. Essa tensão é proporcional a velocidade do fluido, que ao multiplica-la pera área da seção em questão pode-se chegar a vazão nesse momento. Figura 2: Representação do sensor Eletromagnético Serie 2551. 3.3. E2K-C Capacitivo O Sensor E2K-C é um sensor capacitivo com boa indicação para identificar líquidos dentro de recipientes de vidro, podendo ser esses líquidos espumantes. O sensor também trás a ótima vantagem de poder regular a distancia de detecção. Para a identificação de um liquido dentro de um objeto a constante dielétrica do liquido deve ser maior do que a constante do material que a envolve. Neste caso o recipiente envolvente é feito de vidro, que possui constante dielétrica entre 6 e 10 (F/m) e o liquido dentro do recipiente é a cerveja, que possui constante maior que 20 F/m. Dessa forma, deve-se configurar o sensor para ser sensível apenas a matérias com essa constante maior do que 11 F/m, por exemplo. Assim, após a realização do envase, enquanto ocorrer a alteração capacitiva no sensor, para valores maiores do que 11 F/m, ele não enviara sinal de saída, pois entendera que esta dentro do padrão desejado, ou seja, garrafas com cerveja. E ao passar um material pela face sensora com uma constante menor do que a pré-estabelecida o sensor não sofrerá alteração alguma, provocando o envio do sinal para o controle, ou seja, identificando que falta cerveja em determinada garrafa. Figura 3: Representação do sensor Capacitivo E2K-C. 4. Conclusão Sendo um processo de grande complexidade, devido as pequenas variações que influenciam diretamente no produto final, há a necessidade de um controle rigoroso na adição de cada matéria prima, bem como, o controle em cada processo. A fim de manter a produção ativa em todo o momento, deve-se escolher minuciosamente os instrumentos necessários, desde sensores, recipientes de armazenamento, bem como os materiais que os compõem. Referencias Bibliográficas [1] SALGADO, A. Tecnologia de produção de bebidas fermentadas. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: http://semanadaquimica.org/semana17/mate rial/Bebidas03.pdf Acesso em 21 jan. 2013. [2]A CervA Carioca, Manual Básico Cervejeiro. Associação dos Cervejeiros Artesanais Carioca. Disponível em: http://www.acervacarioca.com.br/index.php ?option=com_content&view=article&id=13 :manual-basico- cervejeiro&catid=1:processo&Itemid=2 [3] Como Fazer Cerveja. Matérias-Primas. Disponivel em: http://www.comofazercerveja.com.br/conte udo/view?ID_CONTEUDO=14 [4]Sensor capacitivo com ajuste de sensibilidade. Digel Eletrica LTDA. Disponível em: http://www.digel.com.br/novosite/index.ph p?page=shop.product_details&flypage=flyp age.tpl&product_id=809&category_id=26& option=com_virtuemart&Itemid=73 [5]BRAGA, N. C. Constante Dieletrica de Alguns Materiais. Instituto Newton C. Braga. Disponível em: http://www.newtoncbraga.com.br/index.ph p/almanaque/406-constante-dieletrica-de- alguns-materiais.html [6]NIVETEC. Medidor de Nível Ultrassônico. Disponível em: http://www.nivetec.com.br/produto.asp?cat =2&pro=19 [7]NIVETEC. Medidos de Vazão Eletromagnético. Disponível em: http://www.nivetec.com.br/produto.asp?cat =5&pro=201 [8]OMRON .Sensores Capacitivos. Disponível em: http://industrial.omron.com.br/e2k-c/ Anexos Anexo 1: Fluxo grama do processo de produção de cerveja. Anexo 2: Datasheet do sensor ultrassônico Easytrek. Anexo 3: Datasheet do sensor 2551 Eletromagnético. Anexo 4: Datasheet do sensor capacitivo E2K-C.
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