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Dignidade da Pessoa Humana e Responsabilidade Civil

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Civil
Aula 9
Na última aula trabalhamos com aspectos de direito objetivo e passamos um trabalho sobre biografias.
Nessa aula começaremos a falar de dignidade da pessoa humana e dano moral. Essa aula será dividida em duas partes, na primei
ra, com os conceitos de um texto da professora Maria Celina sobre dignidade da pessoa humana, é um texto de 2002, mas ajuda
a gente a entender esse conceito tão etéreo de tão fácil e ao mesmo tempo complexo de aplicação.
Isso trará para o curso alguns conceitos de responsabilidade civil que será essencial para o curso e entender o que é o dano
e como funciona sua responsabilização é um instrumental que será demandado de nós para problemas de direito de personalidade,
que é matéria desse período.
- Sumário:
1) Revisão do conceito de dignidade da pessoa humana
2) Noções de Responsabilidade Civil
a) Dano Material
b) Dano Moral ("dano moral como dano à dignidade")
Começando pelo conceito de dignidade da pessoa humana, vemos no texto da Maria Celina. Quando pensamos na dignidade humana, e
é um conceito muito difundido nas matérias de Direito.
Vemos o caso do "lançamento de anão", que o anão foi impedido de ser lançado pela polícia, pelo argumento de que o lançamento
do anão ofende o princípio da dignidade humana. Logo, temos um terceiro que diz o que é digno ou não. O anão abriu um proces
so então para poder voltar a ser lançado, alegando que isso interferia em seu ganho econômico, porém, não foi aceito. Na deci
são, o conceito de dignidade da pessoa humana aparece, mas como uma derivação de um outro conceito, o de "ordem pública".
Logo, a polícia francesa fez isso em nome da ordem pública, que está sendo colocada em questão conta a autonomia privada. Não
caberia ao Estado em nome de qualquer princípio de restringir essa autonomia privada. No caso francês, porém, essa liberdade
é restrita por parte do anão.
O caso do anão se conecta muito em nossa discussão sobre direito objetivo. Será que se pode ter uma restrição na esfera pesso
al em nome da ordem pública? Além disso, temos o Estado francês dizendo que seria indigno o lançamento do anão, apesar de o
próprio anão querer ser lançado, assim, confundindo as percepções de vítma do dano e agente do dano, pois ele ocupa o papel
de agente e vítima ao mesmo tempo.
Então, temos que entender o binômio entre ordem pública e autonomia privada, que nos acompanhará durante o curso.
Esse conceito de dignidade da pessoa humana veio em um momento histórico específico, onde foi necessário que se levantassem
princípios de proteção à humanidade e direitos fundamentais, no pós-segunda guerra mundial, sendo absorvida pelas constitui
ções modernas, sendo a pessoa humana o foco do ordenamento jurídico.
Uma das sugestões que a Maria Celina aponta nessa discussão para identificar a dignidade da pessoa humana, embora não derivem
de uma análise constitucional, mas sim uma questão jurisprudencial, aponta quatro elementos que podemos encontrar dentro des
se princípio: direito a igualdade, integridade física e moral, liberdade e direito-dever de solidariedade social. Por mais
que existam conflitos internos entre esses tópicos, eles não invalidam a discussão, pois esse princípio tem um caráter mais
retórico.
No texto, são revistos alguns casos envolvendo esses componentes. Sobre o direito à igualdade, não apenas formal, mas também
uma substancial. Não estamos apenas vendo a igualdade de todos perante à lei, mas que a lei deve compreender as diferenças
que existem na sociedade e promovendo a igualdade a partir da diferença. Isso aparece para o Direito Civil no conceito em que
se a diferença diminui seu direito, isso deve alavancar uma mudança para que se busque a igualdade, assim como a lei deve pro
teger essa desigualdade para não os descaracterizar.
Temos o caso da PGA Tour contra Martin, que o jogador de golfe, por uma situação de ser portador de necessidades especiais,
ele gostaria de continuar a competir, mas em alguns campos de golfe é requerido andar entre um buraco ou outro. O jogador,
então não pode se locomover essa distância. A discussão é, então, se ele poderia continuar a jogar ou se isso criaria uma van
tagem injusta desse jogador sobre os demais.
Além de igualdade, é discutido o conceito de liberdade, que sua ideia é entender como o conceito de liberdade, que ganha bas
tante predominância com o liberalismo jurídico ao longo do século XIX, protegendo a liberdade nas mais diversas situações,
como a liberdade de religião, pensamento, imprensa e etc. Os casos são dos mais diversos, como discutir se pode-se ter uma
lei que proíba o uso de burcas nas escolas, por questão detrimental da igualdade dos alunos, relativizando a questão da digni
dade em proteger a diferença ou o diferente.
O terceiro componente diz da integridade psicofísica, ou seja, integridade física e mental, e quando se discute dignidade apa
receria em discussão de tortura e penas cruéis, mas isso se estende a questões ligadas à saúde e ciência com o biodireito e
outras questões de dano moral. A integridade psicofísica usualmente rivaliza com a liberdade.
O quarto componente da dignidade para Celina é a ideia que a dignidade tem um componente de solidariedade social, que não
seja apenas um reconhecimento de uma dignidade individual mas sim, que sirva para garantir uma série de direitos constitucio
nais, como o artigo 3º da CRFB.
- Responsabilidade Civil
A ideia de "neminem laedere" (ninguém deve provocar dano) pauta a responsabilidade civil, que trata dos casos em que se tem
um dano causado e deve-se entender como esse dano deve ser reparado com a responsabilidade civil. Esse preceito aparece em um
dever geral de não lesionar terceiros, dever esse que recai a todos. É uma regra geral que vai inspirar várias regras positi
vadas no código civil, como no artigo 927, que diz que quem causar um dano tem a obrigação de repará-lo é um desdobramento
do neminem laedere.
É importante perceber que existe uma situação que, de um lado, se tem um dever jurídico originário de não provocar dano, mas
que violado, dá origem a um dever secundário de reparar o dano causado. Logo, de um lado, entendemos que há um dever que
recai a todos, mas uma vez causado dano a um terceiro, surge um dever jurídico sucessivo de indenizar.
Logo, não existe responsabilidade civil sem dano, pois para reparar o dano que a responsabilidade civil existe.

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