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TEORIA GERAL DO PROCESSO

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TEORIA GERAL DO PROCESSO
LUIZ GUILHERME WAGNER
Princípio: é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce de onde se irradiam regras de interpretação das normas legais. Não é a mesma coisa que lei. Uma lei contrária à certos princípios previstos pode ser inconstitucional. O princípio está acima da lei. Os princípios são a coluna vertebral do Direito, tudo parte deles e tudo neles se encerra. Por causa do art. 4º do decreto 4657/42 (“ Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”) há, às vezes, a confusão de que o princípio é menos importante que a lei, já que era fonte secundária. Mas essa visão está errada. Se houver hierarquia definida, os princípios prevalecem. O princípio traz algo genérico, a lei algo específico. 
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
Princípios do Acesso à justiça
Princípio da inafastabilidade de jurisdição (art. 5º, XXXV, CF): “a todo cidadão ou pessoa jurídica é assegurada a provocação ao poder judiciário quando diante à uma lesão ou ameaça ao direito. Nenhuma legislação poderá afastar, impedir ou dificultar o acesso à justiça”. Todos têm livre acesso à justiça. (Observação: ser ouvido é diferente de ser procedente).
Será oferecida defensoria pública a quem não puder pagar advogado (art. 185 ao 187)
Gratuidade do processo – justiça gratuita (art. 98 ao 102)
Princípio da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF): desde a reforma do poder judiciário, que se deu com a emenda constitucional 45/2004, ficou assegurado a todos os litigantes de um processo judicial ou administrativo a resolução do seu processo em prazo razoável. Caso o processo demore muito, há possibilidade de acionar o Estado para ter indenização (art. 4º, CPC). 
Princípios do devido processo legal
Princípio da inércia da jurisdição (art. 2º, CPC): é aquele que o interessado foi à juízo. Se a parte não der entrada, não haverá processo. A inércia deve ser rompida com a Petição Inicial. “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”. 
Princípio da ampla defesa e do contraditório (art. 5º, LV, CF): o processo só é justo e aprovado se a parte receber a oportunidade de ampla defesa. 
Contraditório: ciência da parte; possibilidade de reação; diálogo/cooperação entre juiz e partes. Art. 10, CPC: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”. 
Princípio da publicidade (art. 11, CPC): por regra geral, um processo deverá tramitar de forma pública, sendo possível que interessados ou não interessados tenham total acesso aos autos. Excepcionalmente, a lei autoriza que determinados processos tramitem em segredo de justiça – art. 189, CPC. Exemplos: processos de interesse público ou social (celebridades); processos de direito de família; processos com dados protegidos pelo direito constitucional da intimidade; processos que envolvem arbitragem.
Princípio da motivação (art. 11, CPC): toda decisão judicial deve ser devidamente fundamentada com a exposição das razões que levaram o juiz a assim decidir (art. 484, CPC). 
O juiz tem livre convencimento, desde que seja motivado. 
Princípio da boa-fé (art. 5º, CPC): é um elemento externo ao ato, na medida que se encontra no pensamento do agente, na intenção com a qual ele fez ou deixou de fazer alguma coisa. Litigância de má-fé recebe multa. 
Art. 80: “Considera-se litigante de má-fé aquele que: I. Deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II. Alterar a verdade dos fatos; III. Usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV. Opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V. Proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI. Provocar incidente manifestamente infundado; VII. Impuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 
As partes não devem induzir o juiz ao erro. Se for muito grave, pode haver acionamento da OAB contra o advogado.
Princípio da isonomia/igualdade (art. 5º, CF e art. 7º, CPC): é assegurada às partes igualdade de tratamento. 
Igualdade formal: quanto à forma, é absoluta e igual para todos
Igualdade substancial: igualdade de conteúdo. “Os desiguais devem ser tratados de formas desiguais na exata medida de sua desigualdade”. Exemplo: Código de Defesa do Consumidor (benefício do consumidor contra o fornecedor): ação sempre no domicílio do consumidor (contrariando a regra geral, onde normalmente quem processa deve abrir a ação no fórum mais próximo ao réu) e no quesito de ônus de prova (onde quem alega prova) há uma inversão na regra geral, ou seja, aqui o processado deve provar que a alegação não é verdadeira. 
Ônus da prova é de quem alega. Porém, caso quem alega não possui condição de provar, se tem a possibilidade de o réu ter que provar o contrário do alegado (art. 373, p. 1º). Se o réu não provar, o que foi alegado é aceito.
Princípio da proibição das provas ilícitas (art. 5º, CF): temos três correntes: (I) a restritiva – onde a prova ilícita e seus decorrentes são nulos (frutos da árvore envenenada); (II) corrente totalmente aberta – já que a prova chegou ao juiz, a prova é usada, mas quem à levou será punido; (III) corrente intermediária – a prova ilícita, por importância e gravidade de um assunto, deve ser usada (ex: guarda da criança).
Princípio da instrumentalidade das formas: os atos processuais devem ser aproveitados ao máximo e somente serão considerados nulos caso tragam prejuízo às partes. Por regra geral, os atos processuais não dependeram de forma específica e serão considerados válidos ainda que realizados de outro modo (desde que preencham sua finalidade essencial) – art. 188, CPC.
Princípio do duplo grau de jurisdição: quando a decisão de 1º grau dada por um juiz está errada, é assegurado a todo cidadão a possibilidade de revisão (2º grau). Depois da decisão do tribunal – 2º grau –, o sistema até prevê outros recursos (STJ e STF), mas nem todo mundo chega aos tribunais superiores (só quem atende aos requisitos pode entrar com recurso material para o STJ ou o extraordinário para o STF). 
EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
Autotutela: Inicialmente, quando a estrutura de poder da sociedade era incipiente, os conflitos de interesse eram solucionados por meio da autotutela, ou seja, uma parte se impõe sobre a outra, fazendo uso da força física, moral ou econômica. A autotutela é a forma mais primitiva de solução de conflitos. Ocorria quando as pessoas faziam justiça de mãos própria, pois as instituições ainda não estavam aptas a resolver os conflitos: faltava-lhe organização e autoridade. O melhor exemplo que temos é a legítima defesa, o estado de necessidade e a greve.
Arbitragem (lei 9307/96): escolha de um terceiro imparcial para resolução do conflito. 
Jurisdição (dizer o direito): é a atividade do Estado de resolver conflitos na medida em que forem provocados. As lides são resolvidas pelo Estado mediante um processo consensual. 
JURISDIÇÃO
É a atividade do Estado de solucionar um conflito na medida em que é provocado. Ato de dizer o direito. Estado-juiz resolve o problema - ele age em substituição às partes, uma vez que estas não podem fazer justiça com as próprias mãos.
Substitutividade: depois que a sentença for proferida, vai chegar um momento que não caberá mais nenhum recurso. A decisão do juiz substitui a vontade de uma das partes e não é permitido a ninguém deixar de cumprir uma decisão jurisdicional. 
Coisa julgada: imutabilidade de uma decisão judicial. 
Inércia: diz o artigo 2 do CPC/16 que o processo começa “por inciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial (juiz dá encaminhamento ao processo) ”. Na área penal não há essa inércia: o Estado entra com o processo, a parte queira ou não. 
Investidura: só pode exercer jurisdição aqueles que tecnicamente forem investidos no caso. Significao ato pelo qual alguém é nomeado juiz. Por (I) Concurso ou (II) 5º Constitucional (1/5 da constituição de alguns tribunais deve ser feito pela nomeação de advogados e promotores. 
Pessoabilidade (indeligabilidade): as ações precisam ser feitas pessoalmente por aquele que foi investido, sob pena de nulidade. 
Territorialidade (art. 16, CPC): o código é racional, vale para todo pais e a decisão do juiz vale em todo país. 
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
Contenciosa: o objetivo é fazer com que o Estado solucione o conflito. Jurisdição contenciosa é aquela função que o Estado desempenha na pacificação ou composição dos litígios. Pressupõe controvérsia entre as partes (lide), a ser solucionada pelo juiz. (Aqui são chamados de “partes”, pois não estão juntos).
Voluntária: não há conflito, os interesses são os mesmos. Porém, mesmo assim, tem que levar ao Estado, que terá como objetivo homologar, fiscalizar os interesses das partes (aqui são chamados de “interessados”, pois ambos possuem interesse).
Notificação e interpelação – Art. 726: “Quem tiver interesse em manifestar formalmente sua vontade a outrem sobre assunto juridicamente relevante poderá notificar pessoas participantes da mesma relação jurídica para dar-lhes ciência de seu propósito”.
Alienação judicial – Art. 730: “Nos casos expressos em ei, não havendo acordo entre os interessados sobre o modo como se deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão”.
Divórcio e separação consensual – Art. 731: “A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constaram: (I) as disposições relativas à descrição e a partilha dos bens comuns; (II) as disposições relativas à pensão alimentícia entre cônjuges; (III) o acordo relativo a guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e (IV) o valor da contribuição para criar e educar os filhos”. 
Alteração de regime de bens do casamento
Ação de testamento – Art. 735: “Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vicio externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante”.
Herança jacente – Art. 738: “Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens”.
Ação para cuidar de bens dos ausentes – Art. 744: “Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz mandará arrecadar os bens do ausente e nomear-lhes-á curador na forma estabelecida na seção VI, observando-se o disposto em lei”.
Coisas vagas – Art. 746: “Recebendo do descobridor coisa alheia perdida, o juiz mandará lavrar o respectivo auto, do qual constará a descrição do bem e as declarações do descobridor”. 
Interdição – Art. 747.
Tutela (menores) e Curatela (maiores em juízo) – Art. 759.
Organização e fiscalização de fundações – Art. 764
ARBITRAGEM
É a forma alternativa de solução de conflitos em que as partes escolhem um arbitro para solucionar a questão. A sentença arbitral não possui necessidade de homologação pelo poder judiciário e não pode ser recorrida. Ela deve ser composta por maiores capazes. Qualquer pessoa que goze da confiança das partes pode ser o arbitro. Não tem na lei nenhum artigo condicionante restringindo alguém de ser o arbitro, o único requisito é o acordo das partes. A sentença do arbitro deve ser dada em 6 meses; sua decisão é para ser executada, não revisada; o arbitro recebe honorários.
Clausula compromissória: submete a um contrato à arbitragem (se houver lide, será resolvido por arbitragem). Se não há acordo em quem deve ser o árbitro, o juiz, por pedido das partes, escolherá um. (Um dos grandes benefícios da arbitragem é o sigilo).
Contrato de compromisso arbitral: exemplo da batida de carro.
** Anulação de decisão arbitral: árbitro estava recebendo dinheiro de uma das partes; ou o árbitro não ouviu ambas as partes. Em caso de anulamento, começa de novo com outro arbitro. Anulação é por vicio do árbitro, não porque uma das partes não gostou da decisão.
DA AÇÃO
É o direito público, subjetivo (é um direito interior de cada um. Ninguém pode exercer o meu direito por mim. Só o interessado pode exercer respectivo direito de ação) e abstrato de natureza constitucional, regulado pelo código de processo civil, de pedir ao Estado-juiz (Estado se personifica no juiz de direito) o exercício da atividade jurisdicional no sentido de solucionar determinada lide.
O direito de ação – de provocar o Estado para analisar seu conflito – independe de ser a pessoa titular do direito material discutido. Dito em outras palavras, é correto afirmar que até mesmo aquele que foi vencido em uma ação poderia ter legitimamente exercido o seu direito de provocar o Estado.
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
De conhecimento: o juiz vai conhecer do problema e, quando estiver convicto, dará uma sentença. É o levar da lide para o conhecimento do juiz.
Meramente declaratória: declarar ou não a validade de uma clausula contratual, de um cheque, etc. Admite-se que o interessado vá a juízo e pleiteie através de uma ação de conhecimento uma providência meramente declaratória. 
Condenatória: conhecimento que no final vai ter um pedido de condenação. Em toda ação condenatória tem embutida uma declaratória.
Constitutiva: é a providencia que cria, extingue ou modifica uma declaração jurídica. É a ação de conhecimento que tem por fim a criação, modificação ou a extinção de uma relação jurídica, sem estatuir qualquer condenação do réu ao cumprimento de uma prestação, produzindo efeitos ex tunc ou ex nunc. Por exemplo, são ações desse tipo as que visam anulação de um negócio jurídico, por apresentar vício de consentimento (erro, dolo ou coação).
Executivas: já tenho uma confirmação de uma obrigação que não está sendo cumprida. A fase de execução terá lugar quando o interessado já tiver em suas mãos um documento chamado “título executivo” que lhe permitirá exigir em juízo o cumprimento da obrigação. (Quem já tem o título não precisa da ação de conhecimento). 
Executiva de título executivo judicial: obtenho o título executivo em uma ação de conhecimento.
Executiva de título executivo extrajudicial: está liberado da ação de conhecimento, podendo já ser executada. 
Cautelares (tutela/medida de urgência): o objetivo é evitar um dano irreparável numa ação de conhecimento ou executiva. Só serve para reparar danos na I. e na II. 
Mandamental: pede que o juiz dê uma ordem – Ex.: mandado de segurança. O que se pede é ordem imediata. Tudo que, por lei, for seu direito e não estiver sendo cumprido, entra-se com ação mandatória.
Executivas lato sensu: o início da execução se dá de forma automática, sem o interessado precisar dar início à essa execução. Ex.: ação de despejo, onde o juiz dá a sentença e já começa a correr o prazo para pagamento.
CONDIÇÕES DA AÇÃO
Requisitos exigidos por lei para que se possa provocar o judiciário e obter uma decisão de mérito. Na falta das condições da ação há uma “carência de ação” – que é a extinção do processo sem resolução de mérito. Se chega ao mérito se as condições da ação estiverem presentes. 
Legitimidade de parte
Ativa (autor tem que ser legítimo) + Passiva (réu tem que ser legítimo). 
Ordinária (regra geral): uma pessoa só pode em nome próprio entrar em juízo e por interesse próprio. 
Extraordinária (exceção): em nome próprio defender em juízo interesse alheio. Ex.: sindicato; condomínio representando inquilino; ministério público que é responsável por representar a sociedade e seus interesses; etc. Toda exceção deve ser prevista em lei.
Interesse de agir: materializado no binômio de necessidade x adequação. (Art. 19 e 20)
Necessidade: a pessoa deve ter necessidade de entrar com esse processo. O judiciário tem que ser visto como última ferramenta. Deve-se tentar resolver primeiro diretamente com o causador do problema, depois entrar nojudiciário. Se não houver necessidade, o processo poderá ser extinto. 
Adequação: precisa entrar com o pedido adequado às finalidades. Ex.: entrar com processo de execução quando não se tem ainda uma sentença, quando se deveria, primeiramente, ter entrado com um processo de conhecimento. 
Artigo 17: “Para postular em juízo, é necessário ter interesse e legitimidade”.
ELEMENTOS DA AÇÃO
Partes: toda ação envolve autor (polo ativo, é aquele que formula uma pretensão em juízo; aquele que formula o pedido) e um réu (polo passivo, aquele contra quem fora apresentado um pedido). Pode, também, ter intervenção de terceiros – Ex.: quando um advogado contrata uma seguradora em caso de se perder o prazo e ser processado por danos pelo cliente. O processo será: Autor (cliente) versus Réu (advogado) somado do Terceiro (Seguradora).
Causa de pedir (fundamento): é a soma dos fatos com os fundamentos jurídicos; a junção da causa remota e da causa próxima. Ela precisa dessa junção entre remota e próxima para ajuizar a ação. 
Causa remota: será sempre a previsão abstrata para que eu tenha algum direito, para que eu possa exigir alguma coisa. Ex.: contrato. 
Próxima: fato específico. Ex.: faltou pagamento previsto no contrato.
Pedido: pode ser imediato – que será sempre uma providencia jurisdicional (sentença) – ou mediato – é o cumprimento da sentença. 
FENÔMENOS PROCESSUAIS
Litispendência (litis – processo – e pendencia – já existe) – Art. 337, P.1º: considera-se litispendência a identidade (igualdade) – mesmas partes, mesma causa de medir e mesmo pedido, ou seja, os mesmos elementos – de duas ou mais ações. Verifica-se quando se reproduz a ação anteriormente julgada. Daí extingue-se a última ação, sem julgamento de mérito.
Conexão – Art. 59: haverá conexão quando duas ou mais ações tiverem em comum a causa de pedir ou o pedido. A consequência disso é que deverá haver a reunião de todos os processos perante um só juízo (juízo prevento). Tem de haver a reunião de todos os processos porque se correrem em processos diferentes e ambos forem julgados procedentes haverá, então, um conflito de sentenças. 
Juízo prevento: prevenção é um fenômeno que faz com que um juiz passe a se tornar exclusivamente competente para o julgamento daquela questão e de tudo que envolva a mesma. 
Continência: teremos continência entre duas ou mais ações quando elas tiverem as mesmas partes, a mesma causa de pedir, mas o pedido de um ser mais amplo a ponto de englobar a outra.
TEORIA GERAL DO PROCESSO 
LUIZ GUILHERME WAGNER
INCOMPETÊNCIA
Art. 64: “A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. §1º: A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. §2º: Após a manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. §3º: Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. §4º: Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente”. 
Forma de alegação: o réu apresenta a contestação, e é na preliminar da contestação que ele fala da incompetência do juízo e, daí, requer que o processo seja remetido para o juízo competente. Quando há o acolhimento da incompetência, os autos são remetidos para o juiz competente. 
	Observação: a decisão e os efeitos da decisão do juiz incompetente, mesmo sendo dada por um incompetente, será válida até ser julgada pelo juiz competente, que poderá modificar a decisão ou ratifica-la. 
COMPETÊNCIA
Competência relacionada à “atribuição”. É o critério fixado por lei para definir, dentre os vários juízos existentes, quais as atribuições que serão próprias de cada magistrado. A competência deve ser fixada no momento da entrada do processo (no momento da sua distribuição). É a competência de juízo. 
Princípio da perpetuação da jurisdição – Art. 43: “Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta”. Ou seja, o juiz fixado ficará competente pelo processo até o final da ação. 
	Observação: quem for entrar com uma cobrança, deve dar entrada ao processo no domicílio do réu. O fato do réu mudar de domicílio após a entrada não influencia na competência do juiz. São irrelevantes as modificações de fato após a distribuição, exceto: 
Quando houver a supressão do órgão judiciário (o fórum que julgava deixa de existir): os processos serão transferidos para outra comarca, normalmente uma comarca maior. 
Quando houver alteração da competência absoluta: o juiz fica sobrecarregado, normalmente por ter apenas um juiz na vara, e, então, coloca-se outro juiz na vara e dividem-se os processos. 
Espécies de Competência
Competência Absoluta (não permite prorrogação e há possibilidade de alegação de ofício)
Em razão da matéria: pode ser comum (justiça federal ou justiça estadual) ou especializada (trabalhista, art. 111, CF; eleitoral, art. 118, CF; ou militar, art. 122, CF). 
Em razão da pessoa: que terão julgamento em foro específico, como no caso de algumas autoridades que ocupam certos cargos (art. 101, CF) que podem ser julgadas diretamente no STF – diferentemente da regra geral, que começa na justiça de primeiro grau – e que possuem “foro por prerrogativa de função”. 
** Na Competência Absoluta, tudo que for exceção à regra geral deverá estar previsto em lei. 
Competência Relativa (permite prorrogação, tem prazo e pode ocorrer preclusão)
Direito real: ação que envolve uma pessoa e um bem (coisa). Sempre que houver bens imóveis, será no local do imóvel que se entrará com a ação. Art. 47: “Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. §1º: O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. §2º: A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta”. No direito real sobre bens móveis, seguirá a regra geral e a ação deverá ser iniciada no domicílio do réu.
Direito pessoal: tudo que não for de direito real, será pessoal. Ação envolvendo pessoa e pessoa. A maioria dos casos são de direito pessoal, onde a ação será iniciada no domicílio do réu, que é a regra. 
Observações:
Se o réu tiver mais de um domicílio (art. 46, §1) – residencial e profissional, por exemplo -: a ação pode ser iniciada em qualquer um deles, por escolha do autor. 
Se o réu tiver domicílio incerto ou desconhecido (art. 46, §2): o autor pode processa-lo no local onde ele pode ser encontrado, mesmo sem saber se aquele local é, de fato, seu domicílio. Caso não possa ser encontrado, pode-se dar início à ação no domicílio do autor. (Quando não se conhece o domicílio do réu, este será citado por edital). 
Réu sem domicílio ou residência no Brasil (art. 46, §3): a ação também será iniciada no domicílio do autor.
Quando tiver mais de um réu (art. 46, §4): em caso de domicílios diferentes, o autor escolherá em qual domicílio entrar com a ação. 
Em caso de inventário (art. 48): entra-se com a ação no local do último domicílio (onde morou por último, não onde morreu ou onde estava por alguns dias) do falecido, independentemente de onde estão seus herdeiros ou bens. * Se a pessoa morava no exterior, o inventário será feito no local do imóvel. 
Réu ausente (art. 49): sabe-se onde era o domicílio, mas o réu desapareceu. A ação será feita no ultimo domicílio antes de sua ausência.
Réu incapaz (art. 50): quem é incapaz deve ter um representante legal. A ação será no domicílio do representante. 
União e Estado (art. 51 e 52): processos contra órgãos públicos serão feitos no domicíliodo autor. Justiça federal da cidade do autor ou da cidade mais próxima. A união é em varas federais e o Estado em varas da Fazenda Pública.
Foros especiais ou privilegiados
Foros Especiais – Art. 53: “É competente o foro: 
Para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável:
De domicilio do guardião de filho incapaz
Do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz
De domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicilio do casal. 
De domicilio ou residência do alimentando, para ação em que se pedem alimentos (a ação ocorre no domicílio de quem está pedindo por este ser, presumidamente, mais vulnerável)
Do lugar:
Onde está a sede, para ação em que for ré pessoa jurídica
Onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu
Onde exerce suas atividades, para ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica (sociedade que existe sem registro)
Onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação que lhe exigir o cumprimento (só vale para ações onde você quer exigir o cumprimento da coisa)
De residência do idoso, para causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto
Da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício (se o cartório causar um dano, a ação será no domicílio do próprio cartório)
Do lugar do ato ou fato para a ação:
De reparação de dano (a reparação será feita onde ocorreu o dano)
Em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios
De domicilio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves” (a reparação será no local do acidente ou no domicílio do autor).
Foro de Eleição – Art. 63: “As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. §1º: A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. §2º: O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. §3º: Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. §4º: Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão”. 
O foro de eleição é uma cláusula contratual que define o local onde serão resolvidas eventuais lides.
** Regra do §3 – Abusividade: uma parte impõe sobre a outra a decisão do local ou a parte aceita o local porque precisava. O juiz de ofício declarará nulo o foro de imposição (de eleição abusiva) e, anulando-se o foro de eleição, volta-se para a regra geral (domicílio do réu). Caso o juiz não declare nulo, (§4) o réu pode, após a citação, alegar abusividade de cláusula. 
Conflito de Competência
Negativo: dois ou mais juízes se jugam, ao mesmo tempo, incompetentes. 
Positivo: dois ou mais juízes se julgam, ao mesmo tempo, competentes para resolver a ação. 
Nesses dois casos, um órgão acima dos juízes (normalmente o STJ) decide quem é o juiz competente. 
Controvérsia: acerca da reunião ou separação de processos. Ex.: questão da P1, onde não havia necessidade da reunião das ações com um único juiz. 
Aqui, também um órgão superior que decidirá se é necessário reunir as ações e que escolherá quem será o juiz prevento.
PROCESSO
É um instrumento de que se serve o Estado para o exercício da jurisdição. Em outras palavras, é o método de trabalho que se verifica mediante uma sequência de atos tendentes a solucionar uma lide.
Pressupostos Processuais
De Existência
Petição inicial: precisa atender certas formalidades (maiores detalhes no próximo semestre).
Jurisdição: levar a petição inicial para um órgão que tenha jurisdição (que exerça jurisdição).
Citação: todo cidadão têm o direito de tomar ciência do seu nome em um processo (também será vista no próximo semestre).
Capacidade Postulatória: os itens “a”, “b” e “c” devem ser feitos por um profissional da área competente. Só possuem a capacidade postulatória os advogados inscritos na OAB. Exceção: juizados especiais cíveis. 
De Validade: 
Petição inicial apta: que atenda aos requisitos previstos em lei.
Competência e imparcialidade: para ser válido, deve ser levada a petição ao juízo competente. Além disso, o juiz também tem que ser imparcial.
Capacidade de agir: aquela do direito civil; é a de ser titular de direitos e obrigações (ou seja, aquele que nasceu com vida).
Capacidade processual: capacidade de ir à juízo. Se não a tiver, pode ser representado ou assistido por quem de direito. 
Negativos (não podem existir, senão extinguem o processo)
Litispendência: processos idênticos. Extingue o processo.
Coisa julgada: fenômeno que faz algo ser imutável. Já foi julgado, já teve recurso e já se esgotou.
Convenção arbitral: lide resolvida por arbitragem não pode ser julgada novamente. 
Perempção: ação extinta por três vezes porque o autor deixou de dar andamento. É extinta sem sentença. Nenhuma das três ações têm sentença, porque o autor desaparece (a pessoa entra com o mesmo processo três vezes e some no meio do processo nas três vezes, daí se ele tentar entrar com o processo numa quarta vez o juiz nem mesmo irá aceitar o pedido). 
Sujeitos do processo
Partes
Autor: é quem formula uma pretensão em juízo.
Réu: contra quem foi formulada uma pretensão. 
** Quando há pluralidade de partes – Litisconsórcio: pode ser ativo (autores) ou passivo (réus).
Juiz: Pode sofrer impedimento (art. 144) – implica proibição absoluta ao exercício da jurisdição, cabendo ação rescisória da decisão proferida por juiz impedido – ou suspeição (art. 145) – a suspeição apenas autoriza a recusa do juiz, que pode ser aceito pela parte, o que não impede que o juiz de ofício declare a própria suspeição. A sentença proferida por juiz suspeito não é nula nem rescindível. 
Funções – art. 139 – poderes de administração do processo.
Obrigação de julgar – art. 140 
Limite de atuação: o juiz é preso à vontade da parte (Se, por exemplo, o autor pede dez mil reais de indenização e o juiz vê que ele poderia ter pedido vinte, o juiz não pode aumentar a esse valor. Ele deve seguir o que a parte pediu) – Art. 141 e 142
Responsabilidade civil – Art. 143 – o juiz, se agir com dolo ou fraude ou se omitiu-se, pode pagar perdas e danos. 
Ministério Público (representação da sociedade)
Funções – art. 176
Atua de duas formas na área cível: como parte (sendo autor de uma ação – art. 177) ou como fiscal da lei (sujeito imparcial que dá opinião. MP como “custos legis” – art. 178 e 179 – ex.: ação de alimentos).
Possui prazo diferenciado – art. 180: prazo em dobro, porque, como defende a sociedade e tem muita coisa, precisa de mais tempo. 
Responsabilidade civil – art. 181 – será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Auxiliares da Justiça
Escrivão: responsável por tudo que é escrito que o juiz precisa (“mãos” do juiz)
Oficial de Justiça: responsável por tudo que precisar ser feito fora do fórum (“pernas”)
Perito: nos processos em que for necessário um conhecimento técnico, o juiz deverá nomear um perito de sua confiança. É um profissional liberal qualquer (recebe por participações; seus honorários são pagos pelas partes)
Depositário e administrador: o depositário guarda coisas até o final da ação; já o administrador cuida de, por exemplo, empresa que está envolvida no processo. Ex.: dois sócios em briga judicial, a empresa fica com um administrador. 
Intérprete e tradutor: mesmo que o juiz conheça a língua, deve-se contratar um tradutor. 
Conciliadores ou mediadores. 
Advocacia pública – Art. 182 ao 184: defende a União, o Estado e o Município
Defensoria Pública – Art. 185 ao 187: defende a população carente
ATOS PROCESSUAIS
Art. 188: “Os atos e termos processuaisindependem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial”. 
São informais; não tem uma forma específica, salvo definido em lei. O que importa é o resultado, não a forma. Os atos processuais são públicos (art. 189: “Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I. em que o exija o interesse público ou social; II. Que versem sobre casamento, separação de corpos, divorcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III. Em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV. Que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. §1: O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. §2: O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventario e de partilha resultantes de divórcio ou separação”); e devem ser escritos em língua portuguesa (art. 192 – qualquer outra língua deve ser traduzida). 
Tempo dos Atos Processuais
Horário: dias úteis – segunda à sábado – das 6 às 20hrs. Cada estado define o seu horário de funcionamento dentro desse período. Exceções: citação e penhora podem ser feitas fora desse período com a autorização do juiz. (Art. 212)
Férias e Feriados: não são considerados dias úteis (domingo incluso). Não se realizam atos processuais nesses períodos a não ser em caso de dano irreparável. (Art. 214 a 216)
Lugar: a regra geral é que ocorra na sede do juízo. (Art. 217). Exceções:
Em razão de deferência
Por interesse da justiça
Por obstáculo alegado pelo interessado e acolhido pelo juiz. Ex.: testemunha internada.
** Prazos: a não observância de um prazo leva à preclusão. O prazo é de 15 dias úteis. O dia que se entra com o ato processual é excluído, então o prazo corre 15 dias uteis a partir do dia seguinte da entrada do ato (se o dia seguinte não for dia útil, então o prazo começa a correr a partir do próximo dia útil). O dia do final é incluso nesses quinze dias. Se o expediente forense começar ou terminar mais cedo, o prazo também vai para o próximo dia útil.

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