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457 Litíase urinária e endourologiaCapítulo 44 Abordagem endourológica do cálculo ureteral: indicações, técnicas e resultados Dr. Renato Nardi Pedro Dr. Ernesto Reggio Palavras-chave: cálculo, ureter, ureter distal, ureteroscopia, endourologia, litotripsia, Holmium-Yag Laser, cólica renal, ureterolitotripsia, endoscopia urinária Introdução Os eventos de cólica renal que resultam em atendimen- to hospitalar de urgência estão em grande parte relacionados com a presença de cálculos no ureter. Logo, esta entidade representa uma importante fatia na vida do urologista que lida com situações que demandam seu domínio técnico e teórico durante a avaliação e escolha do tratamento definitivo. Neste capítulo abordaremos o tratamento endourológico dos cálculos situados no ureter distal ou inferior, iniciando com informações sobre a anatomia da região em questão. Anatomia O trato urinário inferior inicia na porção ureteral distal ao cruzamento dos vasos ilíacos ou imediatamente abaixo da crista inferior do osso ilíaco (Figura 1). A partir desse ponto as estruturas urológicas que estão mais associadas à presença de litíase são:1 a) Ureter b) Junção ureterovesical c) Bexiga d) Uretra posterior (homens) e) Uretra anterior f) Fossa navicular Entre as estruturas acima mencionadas, a junção uretero- vesical (JUV) é a mais frequentemente obstruída por cálculos, sendo composta pelo meato ureteral, túnel submucoso e túnel intramuscular (Figura 2). Também conhecida como segmento intravesical do ureter, a JUV é a parte mais estreita de todo o trajeto ureteral.2 O endourologista deve sempre ter em mente os estrei- tamentos naturais e curvaturas anatômicas do trato uriná- rio para diagnosticar e programar tratamento adequado a cada paciente, e ao mesmo tempo antever dificuldades cirúrgicas. Figura 1. Pielografia anterógrada evidenciando locais de estreitamento fisiológico do ureter. Note que a porção inferior do trato urinário apresenta 2 estreitamentos fisiológicos que podem dificultar a passagem de cálculos, tornando-se locais de obstrução ureteral por cálculos. 458 Figura 2. A) Tomografia mostrando cálculo obstrutivo em topografia da junção ureterovesical esquerda, local frequente de obstrução por cálculos. B) Urografia excretora mostrando cálculo ureteral em topografia do cruzamento dos vasos ilíacos. História do procedimento A endoscopia do trato urinário inferior representou uma evolução natural do desenvolvimento tecnológico dos endoscópios. Inicialmente, em meados dos anos 70, eram utili- zados cistoscópios pediátricos para avaliação do ureter distal de adultos.3 Entretanto, o tratamento endoscópico de cálculos ureterais distais foi inicialmente realizado com ureteroscópios rígidos de 12F, em combinação com litotridores eletro-hidráulicos ou ultrassônicos.4 Com o desenvolvimento dos equipamentos e uma me- lhor compreensão do funcionamento das fibras ópticas, ocorreu a miniaturização dos endoscópios, possibilitando o surgimento de ureteroscópios finos, semirrígidos, de 7,5F, agora mais precisos e menos traumáticos.5,6 Somado ao sur- gimento do Holmium-Yag Laser como opção de litotripsia para qualquer composição de cálculo urinário, ocorreu uma revolução nos protocolos e tratamento da urolitíase, conso- lidando de uma vez por todas a Endourologia como uma atraente modalidade de tratamento dos cálculos urinários.7,8 Indicações Após ter sido diagnosticado um cálculo na porção infe- rior do trato urinário (ver capítulo 41), o urologista deverá avaliar se o paciente apresenta algum sinal clínico ou sin- tomas que demandem intervenção médica de urgência,9-13 como: a) Febre (ITU) b) Dor forte refratária à medicação intravenosa c) Vômitos recidivantes d) Presença de cálculo em rim único (incluindo monor- reno funcional) e) Cálculo ureteral bilateral f) Alteração da função renal (aguda) g) Rim transplantado h) Obstrução ou dificuldade miccional (cálculos ure- trais ou vesicais) Se algumas das condições supracitadas estiverem pre- sentes, é recomendada a internação hospitalar para esta- bilização clínica e intervenção cirúrgica, endourológica sempre que factível, para resolução da obstrução uriná- ria.13 Vale enfatizar que nessas situações pode-se optar inicialmente pela drenagem da unidade renal comprome- tida (duplo J ou nefrostomia) e resolução “a posteriori” do cálculo obstrutivo.10-12 O planejamento da estratégia de tratamento (definitivo vs. drenagem) a ser empregado dependerá da situação clínica do paciente, experiência do profissional e estrutura hospitalar disponível. Trabalhos recentes já mostraram que a intervenção en- dourológica definitiva (ureteroscopia e litotripsia intracor- pórea) é eficiente e segura nos pacientes em quadro agudo da obstrução urinária (cólica renal) refratária ao tratamen- to analgésico endovenoso.14,15 Tendo sido afastadas as situações emergenciais e estan- do o paciente em seguimento clínico ou em tratamento me- dicamentoso ativo (ver capítulo 42) indica-se o tratamento endourológico dos cálculos do trato urinário inferior nas seguintes ocasiões:13 a) Dores recidivantes, b) Baixa probabilidade de passagem espontânea do cálculo (tamanho) c) Falha do tratamento medicamentoso ativo (> 4 se- manas) d) Opção do paciente (profissional, lazer, etc.) e) Piora da função renal f) Piora da dilatação da unidade renal comprometida g) Baixa aderência do paciente ao seguimento clínico h) Comorbidades clínicas (piora ou descontrole) O fator isolado mais objetivo para determinar se o cál- culo ureteral distal passará espontaneamente é o seu ta- manho. No Guideline de tratamento do cálculo ureteral da AUA de 2007 há descrição de que cálculos ureterais distais menores do que 5 mm apresentam 71 a 100% de elimina- ção espontânea, enquanto para cálculos maiores do que 5 mm essas taxas caem para 25 a 46%.13,16 Portanto, quando um paciente for portador de cálculo ureteral distal de 10 mm, por exemplo, deveremos orien- tá-lo de que suas chances de precisar de um tratamento endourológico são elevadas, mesmo com o advento do tratamento medicamentoso ativo;13,17 entretanto, devere- mos sempre respeitar os parâmetros clínicos, opção do paciente e as indicações de intervenção cirúrgica para de- cidir a conduta final. Técnica Preparo pré-operatório Inicialmente é necessário o exame físico direcionado do paciente, a fim de que sejam detectadas alterações anatômicas que possam dificultar o posicionamento e até mesmo antever situações mais complexas à endoscopia urinária (variações anatômicas, sequelas de trauma, cirurgias, etc.).13,18 459 Litíase urinária e endourologia Quando indicada a ureteroscopia, se possível, des- continuar o uso de antiagregantes plaquetários e solicitar coagulograma, juntamente com urocultura e avaliação da função renal.18,19 Deve-se lembrar que a litíase urinária é recorrente e não é infrequente o tratamento de pacientes com rim único ou déficit funcional grave. Completamos o preparo pré-operatório com dosagem de glicemia, eletró- litos e hemograma.18 Atualmente consideramos importante a obtenção de consentimento informado assinado pelo paciente anterior- mente à internação hospitalar. Recomenda-se individuali- zar o texto do consentimento a cada paciente, de modo a tornar a explicação mais pessoal, compreensível e direta. No planejamento cirúrgico deve-se avaliar as dimen- sões do cálculo, posição, tempo de obstrução e possibili- dade de impactação. Esses dados são importantes no pla- nejamento e escolha do tipo de ureteroscópio, litotridor e até mesmo materiais descartáveis. Essas informações foram coletadas pelos métodos diagnósticos de imagem (Ver capítulo 41). Conforme o Guideline de tratamento da urolitíase re- visado em 20123 está indicada a profilaxia antibiótica de curta duraçãopara a manipulação endoscópica do trato urinário inferior, que deve ser iniciada na indução anes- tésica. Materiais Listaremos abaixo os materiais permanentes necessá- rios para uma endoscopia do trato urinário inferior segura. Cistoscópio Material de extrema importância na avaliação inicial do trato urinário; é utilizado no primeiro e mais importan- te passo do procedimento ureteroscópico: a passagem do fio guia hidrofílico de segurança. Também se torna muito útil no final do procedimento durante a colocação do ca- teter duplo J. Geralmente é utilizado com camisa de 20F e óptica de 30 graus. Ureteroscópio Ureteroscópios semirrígidos mais modernos têm cor- po mais fino na ponta e aumentam de volume na direção de sua extremidade proximal. O tamanho da ponta dos endoscópios analógicos (tradicionais) varia entre 6,0F a 8,0F, enquanto a extremidade proximal do ureteroscópio pode variar entre 7,5F a 11F de acordo com o fabricante e modelo.5,6 Há variações também no canal de trabalho, que pode ser em linha reta ou angulado, único ou duplica- do. Os modelos com único canal para irrigação e tra- balho podem apresentar diâmetros variados entre 4 a 5,4F, por exemplo. Aqueles com dois canais distintos para irrigação e trabalho apresentam diâmetros de 3,4 a 3,6F para trabalho e de 2,3 a 2,5F para irrigação. O co- nhecimento dessas especificações é importante para o planejamento cirúrgico e escolha dos instrumentos au- xiliares como probes, guias, litotridores, etc. Influen- cia também na possibilidade de execução de manobras cirúrgicas, como a utilização do basket ou dispositivos antirretropulsão e da fibra de laser concomitantemente em canais separados para apreensão e litotripsia simultâne- as.20,21 Ureteroscópios mais finos, 7F, com óptica em linha reta e canal de trabalho angulado, podem ser usados em ureteres mais finos, como em crianças.22 Atualmente existem ureteroscópios semirrígidos digi- tais (CCD) que permitem melhor qualidade de imagem sem deterioração da qualidade de imagem com o tempo de uso (Figuras 3, 4 e 5).23 Figura 3. Ureteroscópio semirrígido com óptica angulada. Figura 4. Ureteroscópio semirrígido com canal de trabalho angulado. Figura 5. A) Ureteroscópio semirrígido digital. B) Charged coupled device (CCD) na ponta do endoscópio. Acessórios descartáveis a) Fio-guia A introdução do fio-guia de segurança é essencial durante a realização da ureteroscopia,8 pois mantém o acesso ao trato urinário superior e funciona como uma estrutura de apoio à manipulação do endoscópio dentro do ureter. Os modelos hidrofílicos facilitam o acesso, ultrapassando com maior facilidade cálculos impacta- dos; já os guias teflonados têm menor risco de perda e angulação, bem como também facilitam a introdução de outros instrumentos no ureter.24 Os guias híbridos tentam trazer as vantagens de ambos, tendo a extremi- dade hidrofílica para vencer a obstrução causada por cálculos impactados e o corpo do fio resistente a an- gulação.24 460 Atualmente existem grupos que advogam não ser ne- cessário o uso do fio-guia de segurança em procedimen- tos ureteroscópicos;25,26 porém sugerimos a colocação corriqueira do fio-guia a fim de aumentar a segurança do procedimento e possibilitar ações corretivas de possíveis iatrogenias. b) Balão dilatador Utilizado em meatos ureterais desfavoráveis, punti- formes ou muito estreitos em seu trajeto intramural e estenoses ureterais. Vários modelos estão disponíveis. Apresentam diâmetro de 6F, sendo introduzidos na por- ção do ureter durante a cistoscopia guiado por radiosco- pia. Quando insuflados atingem até 15F. Recomenda-se mantê-lo distendido na porção desejada por 1-2 minutos até que a “cintura” se retifique à fluoroscopia.27 A in- cidência de meatos desfavoráveis que demandam ações para dilatação prévia à inserção do endoscópio gira em torno de 5 a 8%.28 c) Sondas de captura e apreensão - basket Diversos são os modelos disponíveis no mercado. Podem ser confeccionados de aço ou nitinol, com ta- manhos variados, geralmente entre 1,4 e 3,2F. O nitinol aumenta a flexibilidade e memória da sonda, facilitando a apreensão e diminuindo traumas ao urotélio.29 Alguns não têm ponta, reduzindo o risco de lesão da via excre- tora. A maioria é confeccionada com 3 a 6 fios em dife- rentes configurações. As sondas helicoidais apresentam maior força radial, permitindo apreensão dos fragmen- tos com maior facilidade, porém dificultam a liberação do cálculo na via excretora em casos de reposiciona- mento para fragmentação.29 É muito importante ressaltar que está contraindica- da a passagem da sonda de apreensão pelo cistoscópio sem a visualização direta do cálculo ureteral distal (blind basketing). Desde a revolução tecnológica apresentada pelos ureteroscópios, esta recomendação está amplamen- te divulgada nos consensos e Guidelines de tratamento de ureterolitíase.6,13 d) Sondas para oclusão ou prevenção de migração A retropropulsão do cálculo ou fragmentos pode ser fator limitante na litotripsia intracorpórea, principal- mente quando utilizada energia pneumática em cálculos mais proximais. Essas sondas são em formato de cesta multifilamentar, cone ou um filme que moldado impede a retropropulsão e migração dos fragmentos.20,21 Atual- mente outro dispositivo em forma de gel hidrossolúvel é aplicado à montante do cálculo ureteral bloqueando seus movimentos no ureter, sendo então lavado após fragmentação.30,31 Recomendamos usar esses dispositi- vos quando há importante dilatação ureteral à montante do cálculo e não há Holmium-Yag Laser disponível para sua fragmentação. Litotridor intracorpóreo Existem quatro tipos de litotridores que podem ser utilizados durante a uretererolitotripsia intracorpórea, ci- tados a seguir na ordem de recomendação: Holmium-Yag Laser, pneumático, ultrassônico e eletro-hidráulico.32-35 Os litotridores Holmium Yag Laser e eletro-hidráuli- cos são os únicos relacionados com a capacidade de de- sintegrar todos os tipos de cálculos independentemente de sua composição, porém a energia eletro-hidráulica se associa com maior risco de lesão urotelial, sendo pratica- mente abolida da prática atual após o advento e populari- zação do laser.34 A energia pneumática (balística) também é ampla- mente difundida no tratamento do cálculo ureteral distal; porém possui o inconveniente de “empurrar” o cálculo para cima da parede ureteral e deslocá-lo para áreas pro- ximais de maior dificuldade de acesso. Além disso, se relaciona com a capacidade de fragmentação inferior ao laser, dependendo da rigidez do cálculo.33,13 Equipamentos modernos combinam energia balística e ultrassônica com eficiência de fragmentação compará- vel ao Holmium-Yag Laser.35 Atualmente a fragmentação com Holmium-Yag Laser tornou-se muito difundida em nosso meio, podendo ser utilizada em qualquer tipo de cálculo, e suas fibras de fino calibre que permitem utili- zação de endoscópios com canal de trabalho reduzido. Os únicos inconvenientes do sistema a laser são o custo ele- vado da fibra e o risco de lesão pelo endoscópio quando de um disparo inadvertido dentro do canal de trabalho.13 Como eu faço O posicionamento do paciente e dos aparelhos em sala deve seguir as disposições ilustradas a seguir (Figura 6), de maneira a tornar o procedimento mais ergonômico e dinâmico. Figura 6. Disposição da sala operatória durante procedimentos endourológicos (ureteroscópicos). O cirurgião é representado pelo Sol e orbitam ao seu redor o auxiliar (1) e instrumentador (2). Anestesia A manipulação endoscópica do trato urinário inferior pode ser realizada sob sedação, anestesia raquidiana ou anestesia geral. A indicação anestésica dependerá do qua- 461 Litíase urinária e endourologia dro clínico do paciente, da preferência do paciente, anes- tesistae cirurgião. Lembrando que na indução anestésica solicita-se a antibioticoprofilaxia. Cistoscopia Após o paciente ser anestesiado e cuidadosamente posicionado, são colocados os campos estéreis e co- nectados os materiais endoscópicos aos seus distintos aparelhos (vídeo, fonte de luz, irrigação, etc.) de ma- neira que não haja nenhuma restrição de movimento relacionada com cabos curtos. Procede-se então a cis- toscopia: e) Identificação dos meatos – checar morfologia meatal para antever a necessidade de dilatação ou manobras para adentrá-lo. Meatos puntifor- mes podem representar dificuldade na inserção do endoscópio, necessitando dilatação ativa di- retamente com ureteroscópio semirrígido ou ba- lão ureteral. Já em pacientes do sexo masculino com próstatas aumentadas (lobo mediano) os meatos ficam elevados e angulados dificultando seu acesso, dessa maneira ao inverter o ureteros- cópio semirrígido (ponta-cabeça) podemos ter acesso mais direto a ele, sempre guiado pelos fios hidrofílicos. f) Colocação dos fios-guia hidrofílicos – rea- lizado sob visão endoscópia e fluoroscópica, sempre que necessário utiliza-se 2 fios para se conseguir um efeito de “trilho”, que protegerá o ureter e ao mesmo tempo “abrirá” caminho para o endoscópio. Nos casos em que o cálculo é volumoso e muito perto do meato, a colocação de apenas o guia de segurança é recomendada, já que o trajeto até o cálculo é curto e impossi- bilita o efeito de trilho. Ureteroscopia semirrígida O endoscópio é avançado entre os dois fios-guia que funcionam como “trilho” protetor, usando fluxo de soro constante para abrir o meato. Caso o cálculo es- teja na porção intramural do ureter (JUV) introduz-se o endoscópio cautelosamente somente sobre o guia de segurança (fora do canal de trabalho) e após identificado o cálculo, avalia-se a necessidade de fragmentação ou extração com basket.36 Os equipamentos modernos, finos, permitem intro- dução fácil no meato; a navegação pela porção distal do ureter com auxílio dos dois fios guia geralmente não traz grandes dificuldades. Durante a progressão do ureteros- cópio na busca pelo cálculo ureteral, mantém-se o fluxo de soro constante, porém quando visualizado o cálculo, é prudente diminuir o fluxo de soro para não deslocá-lo para cima.36,37 Ocasionalmente, a progressão até o cálculo pode ser dificultada por curvaturas, estenoses e reação inflamató- ria por impactação. Frente a dificuldades que não per- mitam continuação segura do procedimento, é prudente manter o paciente com duplo J e retornar após 14 dias. Esse tempo permitirá uma dilatação do ureter e diminui- ção da inflamação.38 A fragmentação de cálculos do ureter distal pode ser realizada de três maneiras distintas: energia pneu- mática (balístico), ultrassônica e Holmium-Yag Laser. O uso do litotridor pneumático requer mais atenção à retropulsão do cálculo e além disso, está associada a maior injúria ureteral e menores taxas de sucesso.32,33,35 Atualmente o uso do Holmium-Yag Laser é amplamen- te recomendado em razão da alta eficiência, segurança e resultados, tornando-se o método de escolha para li- totripsia intracorpórea no Guideline de tratamento da urolitíase de 2012 (Figura 7).13 Figura 7. Identificação de cálculo ureteral e fragmentação com laser. Note a presença do fio-guia de segurança colocado além do cálculo. Após a fragmentação até o tamanho adequado, os pequenos fragmentos são extraídos com sonda de apre- ensão (basket) com cuidado para prevenir qualquer ris- co de lesão mucosa. O basket deve ser aberto imediata- mente além do fragmento de cálculo, manobrado com cautela para apreendê-lo e fechado anteriormente a sua retirada, impedindo assim abrasão extensa de mucosa quando por exemplo tracionado aberto por longos tra- jetos ureterais.36,38 Ao término da extração dos fragmentos deve ser feita a avaliação final do ureter. Se houver risco de fragmento residual, lesão mucosa, sangramento ou infecção em pa- cientes grávidas, recomendamos a colocação do cateter de duplo J mantendo-o por 7-14 dias. Atualmente não é necessária a utilização de cateter duplo J ao final das ureterolitotripsias sem agravantes.39-41 Sempre que houver qualquer dúvida entre deixar ou não o duplo J, sugerimos optar pela colocação do cateter. Complicações O conhecimento da anatomia endoscópica do ureter, emprego de materiais adequados e manobras delicadas são os fundamentos da prevenção de complicações. Ex- periência com o método, como em qualquer cirurgia, re- duz, mas não extingue o risco de complicações, como as listadas no quadro abaixo (Tabela 1):8,42,43 462 Tabela 1. Tabela com as principais complicações oriundas do procedimento ureteroscópico para o tratamento de cálculo ureteral.42 Complicações URC Intraoperatória 3,6% Lesão mucosa 1,5% Perfuração 1,7% Sangramento 0,1% Avulsão 0,1% Perioperatória 6,0% Febre ou sepse 1,1% Hematúria persistente 2,0% Cólica renal 2,2% Tardias 0,2% Estenose 0,1% Refluxo persistente 0,1% a) Perfuração – mais frequente em grandes an- gulações e tratamento de cálculos impactados. Geralmente ocorre na introdução forçada do fio- guia. Pequenas perfurações geralmente são tra- tadas somente com drenagem com duplo J, com boa evolução e não impedem a continuação do procedimento. Raramente nefrostomia é neces- sária.44,45 Lesões mais extensas podem evoluir para estenose, sendo necessários tratamentos futuros. O cirurgião deve estar atento para ex- trusão de fragmentos pela perfuração e alertar o paciente para interpretação correta dos exames de seguimento.46 b) Avulsão/intuscepção – complicação atualmente rara, ocorre geralmente em cálculos mais volu- mosos, impactados, localizados no 1/3 superior do ureter e que são retirados com sonda extra- tora sem fragmentação adequada. O tratamento cirúrgico imediato é mandatório, sendo a técnica utilizada dependentemente da condição do ureter lesado.47 c) Estenose – relacionada a lesões mucosas, perfu- ração, isquemia por lesão térmica ou procedimen- to prolongado com endoscópio calibroso. O trata- mento depende da extensão e origem isquêmica ou não da lesão; endoureterotomia é empregada em lesões curtas não isquêmicas, sendo reserva- das as reconstruções ureterais para lesões exten- sas isquêmicas.8,45,46 Resultados Antes de iniciarmos a discussão sobre os resulta- dos do tratamento endourológico para cálculos do tra- to urinário inferior, devemos citar outra modalidade urológica (não endoscópica) disponível para a mesma enfermidade. A litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LEOC) que tem ainda papel importante no tra- tamento dos cálculos ureterais distais.48,49 Suas taxas de sucesso variam entre 74 a 86% conforme descrito no Guideline de tratamento da urolitíase da AUA 2012.13 Essa variação está principalmente associada ao tama- nho do cálculo ureteral distal, sendo mais eficiente quanto menor o tamanho do cálculo. Pacientes obesos, distúrbios de coagulação, infecção urinária, anomalias corporais, obstrução urinária distal ao cálculo, cálculos com densidade superior a 1000 Unidades Hounsfield (UH), são alguns dos fatores que contraindicam o tra- tamento por LEOC.13,50-52 O tratamento endourológico para cálculos ureterais distais é representado pela ureteroscopia (URC) semir- rígida, e as taxas de sucesso descritas para esta moda- lidade de tratamento giram em torno de 93 a 97%.13 O tamanho do cálculo ureteral não é tão determinante para o sucesso do método, cujas taxas pouco oscilam com o aumento do volume da pedra. Obesidade, distúrbios de coagulação e alta densidade do cálculo também não constituem contraindicações e nem mesmo atuam signi- ficativamente nas taxas de sucesso do método.13,36 Da mesma maneira que foram comparadas as taxas de sucesso da LECO contra URC, é importantepontu- armos as complicações associadas a essas modalidades de tratamento para a litíase ureteral distal. As taxas gerais de complicações relacionadas aos dois méto- dos são comparáveis, e orbitam em torno de 7%.42 As complicações infecciosas são similares para a LEOC e URC (febre 5%, infecção urinária 3% e sepse 2%).42,43 Porém, complicações ureterais apresentam peculiari- dades entre as duas cirurgias. Lesão ureteral é docu- mentada em cerca de 2% dos casos de URC, sendo que apenas 1% desenvolve estreitamento ureteral. Apesar de não ocorrer lesão ureteral com a LEOC, esta se re- laciona com taxas de 4% de obstrução ureteral aguda imediatamente após o tratamento, demandando trata- mentos subsequentes.44,45 Infelizmente, ainda hoje não existem trabalhos prospectivos randomizados com grande número de participantes comparando eficiência, complicações e repercussões de longo prazo entre LEOC vs. URC na abordagem do cálculo ureteral distal. No entanto, com base em dados da literatura mundial atual e na experiência dos conselheiros europeus e americanos, o tratamento ureteroscópico (URC) dos cálculos ure- terais distais (independentemente de seu tamanho) é recomendado como primeira opção no Guideline de tratamento da urolitíase de 2012.13 463 Litíase urinária e endourologia Finalizando, podemos citar duas recomendações ge- néricas que poderão ser úteis para decidirmos qual mo- dalidade terapêutica, quando estivermos diante de um caso de cálculo ureteral distal, necessitará intervenção cirúrgica: a) Cálculos maiores demandam tratamentos mais in- vasivos (URC), pois modalidades menos intensas (LEOC) asssociam-se a piores resultados. b) Cálculos mais duros (>1000 UH) também deman- dam tratamentos mais invasivos (URC), pois mo- dalidades menos intensas (LEOC) asssociam-se a piores resultados. Sempre que considerarmos necessário um proce- dimento endoscópico das vias urinárias deveremos ter uma sala operatória completa com materiais auxiliares e endoscópicos em boas condições, pois somente com bons materiais e treino o endourologista poderá desem- penhar adequadamente seu procedimento. Referências 1. Kaye KW, Goldberg ME. Applied anatomy of the kidney and ureter. Urol Clin North Am. 1982 Feb;9(1):3-13. 2. Roshani H, Dabhoiwala NF, Verbeek FJ, Kurth KH, Lamers WH. Anatomy of ureterovesical junction and distal ureter stu- died by endoluminal ultrasonography in vitro. J Urol. 1999 May;161(5):1614-9. 3. Lyon ES, Kyker JS, Schoenberg HW. Transurethral ureteroscopy in women: a ready addition to the urological armamentarium. J Urol. 1978 Jan;119(1):35-6. 4. Pérez-Castro Ellendt E, Martínez-Piñeiro JA, Beneitez M, Mora Durban M.[Transurethral ureter-renoscopy. Past, present and futu- re]. Arch Esp Urol. 1984 Dec;37 Suppl 2:725-40. 5. 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