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Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 1 TEORIA DO CONSUMIDOR EXERCÍCIOS Exercício 2.1 Restrição orçamental e efeitos da variação dos preços e do rendimento Suponha que um consumidor gasta a totalidade do seu rendimento mensal, no montante de 160 unidades monetárias (u.m.), na aquisição de 2 bens (X e Y) e que o preço do bem X é de 20 u. m. e o do bem Y é de 10 u.m.. O rendimento disponível deste consumidor é fixo, assim como os preços de mercado destes dois bens, no período em análise. a) Deduza a expressão analítica da restrição orçamental para este consumidor, represente-a graficamente e explique o seu significado económico. b) Suponha que o preço de X diminui em 20%, tudo o mais se mantendo constante. Qual é a expressão analítica da nova restrição orçamental? Como se posiciona esta restrição orçamental relativamente à inicial? c) Considere que os preços dos bens são os iniciais e que o rendimento do consumidor aumenta em 50%. Determine a expressão analítica da nova recta orçamental e represente-a graficamente. d) Suponha que, em relação à situação inicial, o rendimento e os preços de cada bem aumentam em 50%. Determine a expressão analítica da nova recta orçamental e compare-a com a inicial. Resolução a) Sendo R = 160 u.m., px = 20 u.m. e py = 10 u.m. e dado que o rendimento é totalmente gasto na aquisição do bem X e/ou do bem Y, a expressão analítica da restrição orçamental é: 160 = 20 X + 10 Y, onde X e Y designam, respectivamente, a quantidade adquirida de cada um dos bens, expressa em unidades; 20 X representa a despesa no bem X e 10 Y a despesa no bem Y. Resolvendo em ordem a Y: A expressão (1) é a equação duma recta que tem: - 16, por ordenada na origem. Exprime o número de unidades do bem Y que o consumidor pode adquirir se gastar a totalidade do seu rendimento neste bem ou seja, é o rendimento real expresso em termos do bem Y; - (-2), por declive (px /py = -20/10). É igual, em valor absoluto, à razão entre os preços dos dois bens e significa que, no mercado, 1 unidade do bem X vale 2 unidades do bem Y, dado que o preço do bem X é duplo do do bem Y. Assim, por cada unidade adicional de X que pretenda adquirir, o consumidor terá que desistir de 2 unidades de Y, mantendo constante a despesa total. Em termos económicos, o declive mede o custo de oportunidade1 do bem X em termos do bem Y. Para representar graficamente a restrição orçamental (R0 no Figura 2.1-a), basta considerar dois pontos: se o consumidor gastar a totalidade do seu rendimento no bem Y, o cabaz de consumo é (X = 0; Y=16), coordenadas da ordenada na origem; se gastar a totalidade do seu rendimento no bem X, o cabaz de consumo é (X=8; Y = 0), coordenadas da abcissa na origem. 1 Trata-se de um custo de oportunidade objectivo, no sentido em que é determinado pelo mercado. X216Y1X 10 20 10 160YX20160Y10 −=⇔−=⇔−= )( Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 2 Figura 2.1-a) A restrição orçamental Significado económico: a restrição orçamental indica todas as combinações de X e Y que o consumidor pode adquirir, sendo dado o seu rendimento e os preços de ambos os bens. Representa as combinações alternativas de ambos os bens que implicam o mesmo nível de despesa total, sendo esta igual ao rendimento disponível do consumidor. Delimita as possibilidades de consumo que estão ao alcance do poder de compra do consumidor. Nota: Em termos genéricos, a expressão analítica da restrição orçamental é: R = px X + py Y onde R designa o rendimento, X e Y as quantidades adquiridas de cada um dos bens e px e py os preços dos bens X e Y, respectivamente. Resolvendo em ordem a Y, obtém-se: b) Se o preço do bem X diminuiu em 20%, então o seu preço (px1 ) passa a ser de 16 u.m.: A expressão analítica da restrição orçamental é: 160 = 16 X + 10 Y, ou seja, Y = 16 -1,6 X A nova restrição orçamental (R1, na Figura 2.1-b) tem por ordenada na origem 16 e, por abcissa na origem2, 10, sendo o seu declive de (-1,6). Verifica-se uma rotação da recta orçamental para a direita em torno da ordenada na origem, uma vez que se mantém o montante máximo que o consumidor pode adquirir do bem Y, se afectasse a totalidade do seu rendimento a esse bem. No entanto, o montante máximo de X que pode adquirir, se nada gastar em Y, será agora de 10 unidades. O declive de R1 é, em 2 Este valor foi obtido dividindo R por Px. declive. o ) (- e origem na ordenada a sendo , y x xy x y p p p RX p p p RY −= .. 16 8,0 x 20 )2,01( 111 muPPPP xxxx =⇔=⇔−= Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 3 valor absoluto, inferior ao de R0, em resultado de o bem X se ter tornado relativamente mais barato do que o bemY3. Figura 2.1-b) Efeito da alteração do preço do bem X na restrição orçamental c) O rendimento do consumidor sofreu um acréscimo de 80 u.m. (0,5 x 160), passando a ser de 240 u.m.. A expressão analítica da nova restrição orçamental é : 240 = 20 X + 10 Y, ou seja, Y = 24 -2 X Relativamente à alinea a), a ordenada na origem passa para 24 unidades de Y (240/10) e a abcissa na origem para 12 unidades de X (240/20) e mantém-se o declive dado que não houve alteração no preço relativo dos bens. O rendimento real do consumidor aumentou e a recta orçamental desloca-se paralelamente para a direita (comparar R1 com R0 na Figura 2.1-c). O consumidor pode adquirir mais de X, mais de Y ou mais de ambos os bens. Se, pelo contrário, o rendimento diminuir, verificar-se-á um deslocamento paralelo da recta orçamental para a esquerda (Figura 2.1-c). 3 Repare que o bem X passou a ser relativamente mais barato, embora o seu preço se mantenha mais elevado em termos absolutos. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 4 Figura 2.1-c) Efeito da alteração do rendimento na restrição orçamental d) Neste caso, a expressão analítica da restrição orçamental é: 240 = 30 X + 15 Y , isto é: Y = 16 - 2X A equação da recta orçamental é igual à obtida na alínea a), dado que o rendimento e os preços aumentaram na mesma proporção. Exercício 2.2 Restrição orçamental não linear A Joana pretende praticar natação num determinado clube. Existem duas modalidades de pagamento: ou paga 5 € de cada vez que utilizar a piscina ou se inscreve como sócia do clube, efectuando um pagamento inicial (a jóia) no valor de 30 € e pagando por cada ida à piscina 2 €. Para a prática da natação e para a aquisição de outros bens, a Joana dispõe de um rendimento de 80 € por mês, que gasta integralmente. a) A partir de quantasidas à natação é que vale a pena à Joana tornar-se sócia do clube? Justifique. b) Qual é a expressão analítica da restrição orçamental? Justifique. Represente-a graficamente. Resolução a) Considere-se que a natação representa o bem X e que Y é o bem compósito, pelo que o seu preço é igual à unidade. - Se a Joana não se inscrever como sócia, a despesa em X (representada por DXns ) será de: DXns = 5 X - Se ela se inscrever no clube, a despesa em X (notada DXs ) será de: DXs = 30 + 2 X Não vale a pena a Joana aderir ao clube, se a despesa realizada com a prática da natação for maior no caso de se tornar sócia, isto é, se: DXs > DXns , ou seja 30 + 2 X > 5 X ⇔ X<10 Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 5 Em conclusão, se a Joana for menos do que 10 vezes por mês à natação, não lhe compensa ser sócia e, se for 10 vezes, tanto lhe faz. Logo, só para mais de 10 idas mensais à natação é que vale a pena à Joana aderir ao clube. b) A restrição orçamental será quebrada, sendo constituída por dois ramos definidos em função do intervalo de valores de X correspondentes à não adesão ou de adesão ao clube. Se não valer a pena aderir ao clube, a equação da restrição orçamental é: 80 = 5 X + Y⇔ Y = 80 – 5 X (equação de R1 da Figura 2.2) No outro caso, será: 80 = (30+2 X)+Y ⇔ Y = 50 – 2 X (equação de R2 da Figura 2.2) Deste modo a restrição orçamental é a linha quebrada ABC da Figura 2.2, cuja expressão analítica é ⎩⎨ ⎧ >−= ≤−= 10 para ,250 10 para ,580 XXY XXY Os dois ramos intersectam-se no ponto (X=10; Y=30). Figura 2.2 Restrição orçamental da Joana Exercício 2.3 Restrição orçamental no caso de racionamento O Joaquim tem um rendimento mensal de 800 euros para gastar em gasolina e outros bens (bem compósito). O preço de cada litro de gasolina é de 0,80 € e o dos outros bens é de 1€. Suponha que o governo institui o racionamento de gasolina. De acordo com o esquema de racionamento, é atribuido a cada consumidor um cupão mensal intransmissível de 50 litros de gasolina. a) Qual o efeito desta medida sobre o conjunto das possibilidades económicas de consumo? b) Admita agora que, recorrendo ao mercado negro, o Joaquim pode adquirir mais do que 50 litros de gasolina por mês, embora ao preço de 2 € por litro. Mostre qual o efeito da existência de mercado negro. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 6 Resolução a) Se não houver racionamento, a restrição orçamental é dada por : 800 = 0,80 X + Y ⇔ Y = 800 – 0,80 X , equação de R0 da Figura 2.3-a) . O montante máximo de litros de gasolina que pode adquirir mensalmente, se nada consumir de outros bens, é de 1000 litros (abcissa na origem); se não consumir gasolina, o Joaquim gasta os 800 € no bem compósito (ordenada na origem). Com o racionamente, para montantes inferiores a 50 litros de gasolina, o Joaquim pode consumir ambos os bens e substituir um pelo outro à taxa de 0,8 € de outros bens por cada litro de gasolina, pelo que, neste intervalo, a sua restrição orçamental coincide com R0. No entanto, a partir de 50 litros de gasolina ele não poderá situar-se ao longo da recta orçamental R0, dado que representa consumos de gasolina que não pode legalmente realizar. O cabaz de bens economicamente acessíveis ao consumidor é definido pela àrea OABC (Figura 2.3-a), sendo que qualquer ponto situado no segmento AB esgota o rendimento do consumidor. Figura 2.3 a) - Conjunto de possibilidades económicas de consumo se existir racionamento de gasolina b) Para adquirir mais do que 50 litros de gasolina por mês, o Joaquim vai ter que pagar cada litro a 2 €. Mas, na aquisição dos 50 litros a que tem direito já gastou 40 €, ficando-lhe 760 € para gastar nos outros bens e na aquisição de gasolina no mercado negro. Se aplicasse esses 760 € apenas em gasolina podia adquirir 380 litros no mercado negro. Como já adquiriu legalmente 50 litros de gasolina, o Joaquim pode, dado o seu rendimento, adquirir no máximo 430 litros (50 + 380), valor da abcissa na origem da restrição orçamental (R1), no caso de existir mercado negro. Por sua vez o declive desta recta orçamental é, em valor absoluto, igual a 2 (nova razão de preços). A restrição orçamental tem dois ramos - até ao ponto B, coincide com R0 e, a partir do ponto B, coincide com R14 - sendo definida pela linha quebrada ABC da Figura 2.3-b). Em termos analíticos: 4 Este ramo da restrição orçamental é dado pela equação da recta que passa pelos pontos de coordenadas (x=50; y=760) e (x=430; y=0) Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 7 ⎩⎨ ⎧ ≤<−= ≤≤−= 43050,2860 500,8,0800 XparaXY XparaXY Figura 2.3-b) Restrição orçamental se existir mercado negro. Exercício 2.4 Curvas de indiferença e taxa marginal de substituição – caso discreto A Carolina ocupa parte do seu tempo livre a ir ao cinema e ao teatro. As suas preferências em relação a estas duas actividades estão descritas no quadro 2.4, no qual U1, U2 e U3 representam os níveis de satisfação e X e Y designam, respectivamente, o número de idas ao cinema e ao teatro por mês. a) Represente graficamente as três curvas de indiferença, explicando o seu significado. b) Considere a curva de indiferença U1. b.1) Calcule a Taxa Marginal de Substituição (TMS) entre os pontos A (X=1, Y=12) e B (X=2, Y=8). Interprete o seu significado económico. b.2) Analise o comportamento da TMS à medida que a Carolina substitui Y por X e interprete o seu significado. Quadro 2.4 Preferências da Carolina U1 U2 U3 X Y X Y X Y 1 12 3 14 5 16 2 8 4 10 6 12 3 5 5 7 7 9 4 3 6 5 8 7 5 2 7 4 9 6 6 1,5 8 3 10 5 Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 8 Resolução a) Uma curva de indiferença mostra as várias combinações alternativas de idas ao cinema e ao teatro por mês, que proporcionam à Carolina idêntico nível de satisfação. Deste modo, para a Carolina é indiferente ir 1 vez ao cinema e 12 ao teatro (ponto A da curva de índice U1 da Figura 2.4) ou 2 vezes ao cinema e 8 ao teatro (ponto B da mesma curva), por exemplo. Comparando as combinações alternativas da curva de índice U2 com as da curva de índice U1, constata- se que ou contêm mais de ambos os bens ou, pelo menos, mais de um dos bens (na Figura 2.4, comparar os pontos B e H e os pontos C e J). Deste modo, a curva de indiferença de índice U2 situa-se à direita da de índice U1, pelo que as combinações alternativas de idas ao cinema e ao teatro que nela se situam representam um nível de bem-estar mais elevado do que o proporcionado pelas que se localizam na curva de índice U1. O mesmo se passa com os pontos ao longoda curva de índice U3 relativamente aos que estão nas curvas de índice U2 e U1. Em suma, quanto mais afastadas da origem e mais à direita se situa uma curva de indiferença, maior é o nível de satisfação que lhe está associado5. Figura 2.4 Curvas de indiferença da Carolina b.1) A taxa marginal de substituição mede, ao longo de uma curva de indiferença, a relação de troca subjectiva entre os dois bens: indica quanto o consumidor está disposto, segundo as suas preferências, a deixar de consumir de um bem para aumentar o consumo do outro, mantendo constante o seu nível de satisfação. Como as curvas de indiferença têm declive negativo, a taxa marginal de substituição é negativa. Adopta-se, contudo, a convenção usual de a determinar em valor absoluto – calculando-a em módulo ou afectando-a do sinal menos – o que requer que, na interpretação do seu valor, se tenha em conta esta convenção. 5 Tal como resulta da hipótese de não saciedade da Teoria do Consumidor. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 9 Pode-se calcular a taxa marginal de substituição para examinar movimentos descendentes ao longo de uma curva de indiferença, caso em que o consumidor substitui o bem Y pelo bem X (taxa marginal de substituição de Y por X6) ou movimentos ascendentes ao longo de uma curva de indiferença, quando substitui X por Y (taxa marginal de substituição de X por Y7). Os valores obtidos para uma são o inverso dos da outra. Neste caso, pretende-se calcular a taxa marginal de substituição de teatro (Y) por cinema (X). :que se- tem, Como , 4 TMS1-2 12-8TMS xx yy TMS BAY,X BA Y,X 12 12 XY =⇔=− −= →→ Ao passar do ponto A para B, a Carolina está disposta a desistir de 4 idas ao teatro para ir mais uma vez ao cinema por mês, mantendo-se o seu nível de satisfação. b.2) Pode concluir-se que a taxa marginal de substituição de Y por X (TMSY,X) é, em valor absoluto, decrescente. Significa que, à medida que substitui Y por X, a Carolina está cada vez menos disposta a renunciar ao consumo de Y (bem que se vai tornando relativamente mais escasso) para aumentar o consumo de X, mantendo constante o seu nível de satisfação. É este comportamento da TMS que explica a convexidade das curvas de indiferença. Exercício 2.5 Curvas de indiferença e taxa marginal de substituição – caso contínuo - e não unicidade da função índice de utilidade Suponha que as preferências da família Gonçalves relativamente ao consumo de peixe (bem X) e de carne (bem Y) podem ser descritas pela seguinte função: U=2X0,5 Y0,5, onde U designa o nível de utilidade e X e Y são, respectivamente, as quantidades de peixe e de carne consumidas mensalmente, expressas em quilogramas. 1-a) Determine a expressão analítica das curvas de indiferença associadas a esta função de utilidade ordinal. b) Represente graficamente as curvas de indiferença de índices de utilidade 10 e 20. 2- Considere a curva de indiferença de índice 10. a) Determine, analítica e geometricamente, a taxa marginal de substituição associada a uma deslocação do ponto A (X=2; Y=12,5) para o ponto B (X=5; Y=5). Explique o seu significado económico. b) Determine, analítica e geometricamente, o valor da taxa marginal de substituição 6 “Marginal rate of substitution of X for Y”, em inglês. 7 “Marginal rate of substitution of Y for X”, em inglês. 5,0 56 25,1 ,1 45 32 ,2 34 53 ,3 23 85 ,,,, =− −==− −==− −==− −= →→→→ FE XYED XYDC XYCB XY TMSTMSTMSTMS Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 10 no ponto B. c) Analise o comportamento da taxa marginal de substituição de Y por X à medida que X aumenta (TMSY,X). Explique o significado económico desse comportamento e relacione-o com a curvatura da curva de indiferença. 3- Admita agora que as preferências desta família em relação a estes dois bens são antes descritas pela função: V= XY, onde V designa o índice de utilidade e X e Y as quantidades consumidas mensalmente de cada um dos bens, expressas em quilogramas. a) Será que houve alteração das preferências desta família em relação a estes bens? Justifique a sua resposta. b) Compare as expressões analíticas das utilidades marginais de cada bem (UMgX e UMgY) fornecidas pelas funções U e V, bem como o seu valor no ponto C (X=20;Y=5). c) Determine o quociente entre a UMgX e a UMgY para cada uma das funções e calcule o seu valor no ponto C. Que conclui? Resolução 1-a) Uma curva de indiferença é, por definição, o lugar geométrico das combinações alternativas de bens que proporcionam ao consumidor o mesmo nível de satisfação, pelo que, ao longo de uma curva de indiferença, o valor do indíce de utilidade se mantém constante. Seja u uma constante positiva qualquer. A curva de indiferença de índice u tem por expressão analítica: ( ) . índice de aindiferenç de curvas da analítica expressão a é (1) Y :quadrado ao equação desta membros os ambos Elevando 2 , 0,5 , ,, u X4 u Y= X2 u X2 u YuYX2 2 50 2 50 5,05050 ⇔⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛= =⇔= 1-b) Para proceder à representação gráfica, há que previamente estudar as características da curva de indiferença: horizontal assimptota é 0lim e verticalassimptota é 00lim 0 2 d e 0 4 0 3 2 2 2 2 2 , X== Y , Y==Y X u dX Y X u dX dY XX ∞+ >=<−= +→+∞→ Conclui-se que as curvas de indiferença associadas a esta função se caracterizam por serem continuamente decrescentes (1ª derivada negativa) e convexas em relação à origem (2ª derivada positiva), tendo por assímptotas os próprios eixos coordenadas e, por isso, nunca os interceptando. Em Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 11 termos geométricos, a curva de indiferença é o ramo de uma hipérbole equilátera definido no 1º quadrante (X≥0 e Y≥0) Substituindo em (1) u pelos valores pretendidos e calculando as coordenadas de alguns dos seus pontos, pode-se efectuar o esboço das curvas de indiferença de índice 10 e 20 - Figura 2.5-a): 100 (3) 4 20 20 ;25 (2) 4 10 10 2 2 X Y= X Y=u = X Y= X Y=u= ⇔⇒ ⇔⇒ Fig. 2.5-a) Curvas de indiferença da família Gonçalves 2- a)8 52TMS 25 5125TMS X YTMS BA XY BA XY BA XY , , ,,, =⇔− −−=⇔∆ ∆−= →→→ Geometricamente, a taxa marginal de substituição é dada pelo declive do segmento de recta que une os pontos A e B - Figura 2.5-b): 2,5TMS BA XY, =⇔=⇔=⇔= →→→→ 3 5,7TMS BD ADTMStgTMS BAY,X BA Y,X BA X,Y α Significa que, quan-do a família Gonçal-ves consome 12,5 Kg de carne e 2 Kg de peixe por mês, para aumentaro seu com-sumo de peixe para 5 Kg por mês, ela está disposta por cada quilograma adicional de peixe a renunciar, em média, ao com-sumo de 2,5 Kg de carne por mês, man- tendo constante o seu nível de satisfação. Fig. 2.5-b) Determinação geométrica da TMSY, X (no arco AB e no ponto B) 8 Ver exercício 2.4, resolução da alínea b.1, para a definição e convenção adoptada no cálculo da TMS. u=10 u=20 X Y X Y 1 25 4 25 2 12,5 5 20 5 5 10 10 10 2,5 20 5 25 1 25 4 0 2 , 5 5 7 , 5 10 12 , 5 15 17 , 5 2 0 2 2 , 5 2 5 2 7 , 5 0 2 , 5 5 7 , 5 10 12 , 5 15 17 , 5 2 0 2 2 , 5 2 5 2 7 , 5 Pei xe (Kg/ mês) u=10 u=20 Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 12 2-b) Pretende-se agora calcular o valor da taxa marginal de substituição num ponto da curva de indiferença (ponto B), estando-se a considerar variações infinitesimais nas quantidades consumidas na vizinhança desse ponto. :menteGeometrica . lim :enteAnalíticam βtgTMS dX dYTMS ∆X ∆Y TMS B Y,X B Y,X0∆X B Y,X = =⇔= → Usando a expressão analítica - equação (2) - da curva de indiferença de índice 10 tem-se que: 1TMS 5 25TMS5,Y=5X=BpontoNo X 25TMS X 25TMS dX dYTMS B X,Y2 B X,Y 2X,Y2X,YX,Y =⇔= =⇔−=⇔= que pelo ),( (4) Geometricamente, a taxa marginal de substituição é igual ao valor absoluto do declive da tangente a esse ponto da curva de indiferença, medindo, em valor absoluto, o declive da curva de indiferença nesse ponto - Figura 2.5-b). 1TMS DB DG OF OETMStgTMS B X,Y____ ___ ____ ___ B X,Y B X,Y =⇔==⇔= β Examinando a expressão (4) da 2X 25 XYTMS =, pode-se constatar que, em valor absoluto, a taxa marginal de substituição de Y por X decresce à medida que X aumenta, dado que o numerador é constante. Alternativamente, pode-se chegar a esta mesma conclusão, através do sinal da 1ª derivada da TMSY,X em ordem a X: ( ) 03X50'X,YTMS:XX25TMS 2X,Y <−−== − a ordem em Derivando Geometricamente, o decrescimento da TMSY,X pode observar-se através da marcação de sucessivas tangentes a pontos desta curva de indiferença - Figura 2.5-c): os ângulos formados vão sendo cada vez mais pequenos, pelo que o valor absoluto da sua tangente trignométrica vai sendo cada vez mais pequeno: εδβλ tgtgtgtg >>> . Figura 2.5-c) Comportamento da TMSY,X ao longo da curva de indiferença(“lei da taxa marginal de substituição decrescente”) Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 13 É este comportamento da taxa marginal de substituição de Y por X, também conhecido por lei da taxa marginal de substituição decrescente, que explica que a curva de indiferença seja (estritamente) convexa em relação à origem dos eixos coordenados. Em termos económicos, evidencia uma relutância cada vez maior, por parte do consumidor, para continuar a substituir o bem Y pelo bem X e manter o mesmo nível de substituição. 3-a) Comparando as funções U e V pode verificar-se que: 2 UYXYX2U 50505050 =⇔= ,,,, Elevando ambos os membros ao quadrado: 0 2 U dU dV 4 U2 dU dV UV 4 UVXYV 4 UXY 2 UXY 222 >=⇔= ===⇔⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛= : a ordem em Derivando :que se- temdosubstituin Como , Deste modo, V(X,Y) é uma função estritamente crescente de U(X,Y), pelo que a função V é consistente com a ordenação das preferências do consumidor descritas pela função U, ou seja, descreve as mesmas preferências desta família em relação a estes dois bens, apenas atribuindo um número de ordem diferente (índice de utilidade) às combinações alternativas destes bens9. Exemplificando: Sejam as combinações de bens A (X=2, Y=12,5), B (X=5, Y=5) e C (X=20, Y=5). Calculando o valor dos índices de utilidade para cada uma das funções: Pontos U= 2 X0,5 Y0,5 V=XY A (X=2, Y=12,5) U= 2 (2 . 12,5)0,5 ⇔ U1=10 V=2 . 12,5 ⇔ V1=25 B (X=5,Y=5) U= 2 (5 . 5)0,5 ⇔ U1=10 V=5 . 5 ⇔ V1=25 C (X=20, Y=5) U= 2 (20 . 5)0,5 ⇔ U2=20 V=20 . 5 ⇔ V2=100 Tem-se assim que, quer usando a função U quer usando a função V, o consumidor é indiferente entre as combinação A e B (situam-se na mesma curva de indiferença) e considera que C é preferível a B e a A (situa-se numa curva de indiferença à direita daquela em que se encontram estas duas últimas, pelo que: U2 > U1 e V2 >V1). 9 Isto acontece porque a função índice de utilidade (abordagem ordinal da teoria do consumidor) não é única, ao contrário do que ocorre com a função de utilidade cardinal. Na abordagem ordinal, a função utilidade descreve a ordenação das preferências do consumidor, enquanto que, na abordagem cardinal, se quantifica a satisfação retirada do consumo de cada cabaz de bens. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 14 Em suma, a ordenação das pre- ferências do consumidor mantém-se, apenas mudando o número de ordem atribuído a cada combinação por cada uma das funções - Figura 2.5-d). As curvas de indiferença associadas a cada uma das funções índice de utilidade são idênticas, embora os valores dos índices de utilidade difiram, sendo que v=u2/4. Tomar uma transformação crescente da função utilidade, equivale a renumerar, em conformidade, as curvas de indiferença. Figura 2.5-d) Curvas de indiferença da família Gonçalves, segundo as funções U(X,Y) e V(X,Y) 3-b) Utilizando a função U=2X0,5Y0,5 2UMg5 20UMg50UMgUMg5, Y20X Y XUMgYXUMg Y UUMg X YUMgYXUMg X UUMg C Y C Y C X C X Y 5050 YY X 5050 XX =⇔==⇔=== =⇔=⇔∂ ∂= =⇔=⇔∂ ∂= − − e 20 5 :)( C ponto No , ,, ,, Utilizando a função V=XY 5UMg20UMg XUMg Y VUMgYUMg X VUMg C Y C X YYXX == =⇔∂ ∂==⇔∂ ∂= e :C ponto No e 3-c) Ao calcular o quociente da utilidade marginal de X e de Y, obtém-se a mesma expressão analítica e o mesmo valor para este quociente no ponto C. Função U Função V Expressão Analítica Valor no ponto C Expressão Analítica Valor no ponto C UMgX X -0,5Y 0,5 0,5 Y 5 UMgY X 0,5Y -0,5 2 X 20 UMgX /UMgY Y/X 0,25 Y/X 0,25 Este quociente é, por sua vez, igual à TMSY,X , o que confirma que as funções U(X,Y) e V(X,Y) descrevem as mesmas preferências. Tem-se, assim, uma forma alternativa de calcular a TMSY,X . Com efeito, considere-se a função U=U(X,Y) e proceda-se à sua diferenciação total: 0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20 22,5 25 27,5 0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20 22,5 25 27,5 Peixe (Kg/mês) u=20; v=100 u=10;v=25 Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 15 De notar que a expressão (5) exprime o facto de, para manter constante o seu nível de satisfação, a diminuição de utilidade associada à redução do consumo de Y ter que ser igual ao aumento de utilidade resultante do acréscimo do consumo de X. Em suma, enquanto que a grandeza das utilidades marginais de X e de Y depende da função índice de utilidade escolhida para descrever as preferências do consumidor – como resulta dos cálculos realizados na alínea anterior – o mesmo não ocorre com a do quociente das utilidades marginais, o qual é independente da forma particular de função índice de utilidade que se utiliza, desde que uma se possa obter da outra através de uma transformação estritamente crescente. Exercício 2.6 Curvas de indiferença e taxa marginal de substituição – preferências (estritamente) convexas Suponha que a ordenação das preferências da Mariana em relação à prática de natação e de ginástica é descrita pela função utilidade U= xy, sendo que x≥0 e y≥0. Nesta função, x e y designam, respectivamente, o número de horas de natação e de ginástica que pratica por mês e U representa o nível de satisfação. a) Determine a expressão analítica das curvas de indiferença associadas a esta função utilidade. b) Represente graficamente as curvas de indiferença associadas aos índices de utilidade 75, 150 e 225. c) Considere a curva de indiferença de índice 75. c.1) Calcule o valor da taxa marginal de substituição associada a uma deslocação do ponto A (x=5,y=15) para o ponto B (x=10,y=7,5) e explique o seu significado económico. c.2) Determine valor da taxa marginal de substituição de ginástica por natação nos pontos A, B e C (x=15, y=3). c.3) Analise o comportamento da taxa marginal de substituição de Y por X à medida que aumenta o consumo de X. Explique o significado económico desse comportamento e relacione-o com a curvatura da curva de indiferença. (5) que pelo altera, se não satisfação de nível o aindiferenç de curva uma de longo ao definição,Por e que sendo , Y X XY Y X XYYX YX UMg UMg TMS UMg UMg dX dY dXUMgdYUMgdYUMgdXUMg0 0dU UMg Y U UMg X UdY Y UdX X UdU =⇔=−⇔ ⇔=−⇔+= = =∂ ∂=∂ ∂ ∂ ∂+∂ ∂= , : Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 16 Resolução a) As curvas de indiferença são definidas no espaço de bens (X,Y), sendo a sua expressão analítica do tipo y=f(x) ou x=g(y). Para qualquer nível de utilidade u, onde u é uma constante positiva, a curva de indiferença que lhe está associada tem por expressão: (1) 1y=ux x u yuxy −⇔=⇔= b) Estas curvas de indiferença são continuamente decrescentes e convexas em relação à origem dos eixos coordenados, uma vez que a 1ª derivada é positiva e a 2ª derivada negativa: 0ux2 dx y 0ux dx dy 3 2 2 >= <−= − − 2d :derivada 2ª ; :derivada 1ª Por outro lado, como 1uxy −= , horizontal assimptota é lim e verticalassimptota é lim 0 , x== y 0 , y=0=y 0xx ∞+ +→+∞→ pelo que as curvas de indiferença admitem como assímptotas os próprios eixos coordenados e, consequentemente, nunca os intersectam. Para u = 75, tem-se, por substituição em (1), que a expressão desta curva de indiferença é igual a y=75/x, ou seja, é o ramo de uma hipérbole equilátera definido no 1º quadrante (x≥0 e y≥0). Analogamente, as curvas de indiferença de índices 150 e 225 têm por expressão analítica y=150/x e y=225/x, respectivamente. Para proceder à representação gráfica destas curvas de indiferença − Figura 2.6-a) − seleccionam-se alguns valores, tais como: u=75 u=150 u=225 x y x y x y 2,5 30 5 30 7,5 30 5 15 7,5 20 10 22,5 7,5 10 10 15 15 15 10 7,5 15 10 20 11,25 15 5 20 7,5 22,5 10 20 3,75 25 6 25 9 30 2,5 30 5 30 7,5 Figura 2.6-a) Curvas de indiferença da Mariana c.1) A taxa marginal de substituição mede, ao longo de uma curva de indiferença, a taxa a que o consumidor está disposto, segundo as suas preferências, a substituir o bem Y pelo bem X; indica a quantidade que está disposto a desistir de Y para aumentar o consumo de X de uma unidade adicional, mantendo constante o seu nível de satisfação. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 17 5,1TMS 5 5,7TMS 510 155,7 TMS X YTMS BAY,X BA Y,X BA Y,XX,Y =⇔−=⇔− −=⇔= →→→ ∆ ∆ Significa que, neste intervalo, para praticar mais 1 hora de natação por mês a Mariana está disposta, em média, a deixar de praticar 1 hora e meia de ginástica, mantendo constante o seu nível de satisfação. Geometricamente, a taxa marginal de substituição no arco AB é dada pelo declive do segmento de recta que une os pontos A e B, como se pode ver na figura 2.6- b), ou seja: 5,1TMS 5 5,7TMS BD ADTMStgTMS BA Y,X BA Y,X BA Y,X BA X,Y =⇔=⇔ ⇔=⇔= →→ →→ α Figura 2.6- b) Representação geométrica da taxa de marginal de substituição c.2) Neste caso, pretende-se calcular o valor da taxa marginal de substituição num ponto da curva de indiferença, a qual mede o valor do declive da curva de indiferença nesse ponto. Geometricamente é dada pelo valor absoluto do declive da recta tangente ao ponto considerado. Com efeito: Analiticamente: dX dYTMS ∆X ∆Y limTMS BY,X0∆X B Y,X =⇔= → Geometricamente: βtgTMS BY,X = Sendo y=75/x a expressão analítica desta curva de indiferença, a expressão analítica da TMSy,x que lhe está associada é: )3(3,0TMS 15 75= TMS15x 75,0TMS 10 75= TMS10x 3TMS 5 75= TMS5x x 75TMS x 75TMS dx dyTMS C x,y2 C x,y B Y,X2 B Y,X A x,y2 A x,y 2x,y2x,yx,y =⇔= =⇔= =⇔= =⇔−⇔−= se-obtem (2) em dosubstituin , C, ponto no se-obtem (2) em dosubstituin , B, ponto no se-obtem (2) em dosubstituin , A, ponto no Como, . (2) c.3) Examinando a expressão (2), pode concluir-se que à medida que aumenta o consumo de X, em valor absoluto, a TMSy,x decresce10, como aliás decorre dos cálculos realizados na alínea anterior. É este decrescimento da taxa marginal de substituição que explica que a curva de indiferença seja estritamente convexa em relação à origem, uma vez que, em valor absoluto, o declive vai sendo cada 10 A idêntica conclusão se chega, derivando a expressão da TMSy,x em ordem a X , uma vez que esta derivada é negativa. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 18 vez menor. Este comportamento exprime o facto de a Mariana estar cada vez menos disposta a reduzir o número de horas que dedica à prática da ginástica para aumentar o tempo que afecta à natação, à medida que vai aumentando o número de horas de prática de natação por mês, mantendo constante o seu nível de satisfação. Exercício 2.7 Curvas de indiferença e taxa marginal de substituição – preferências côncavas Admita que as preferências da Marta em relação à prática de natação e de ginástica são descritas pela função S=2X2+Y2, com X≥0 e Y≥0 , onde X e Y designam, respectivamente, o número de horas de natação e de ginástica que pratica por mês e S representa o índice de utilidade. a) Represente graficamente as curvas de indiferença de índices 600, 900 e 1800. b) Considere a curva de indiferença de índice 600. Calcule a taxa marginal de substituição de Y por X, para X=5, X=10 e X=15. c) Examine o comportamento da TMSY,X à medida que X aumenta e relacione-o com curvatura da curva de indiferença. d) Compare as preferências da Marta com as da Mariana (ver exercício 2.6) em relação à prática destas duas modalidades desportivas. Resolução a) Para proceder à representação gráfica, há que previamente examinar as características das curvas de indiferença associadas a esta função. Seja s uma constante positiva qualquer : 0)X2(sX4)X2(s2 dX Yd: 0)X2X(s2 dX dY : X2s-) Y=+1 ( X2s Ys YX2 5,1225,02 2 2 5,02 22222 <−−−−= <−−= ⇔−=⇔=+ −− − derivada2ª derivada1ª As curvas de indiferença são continuamente decrescentes e côncavas em relação à origem. Intersectam o eixo das abcissas e o eixo das ordenadas, respectivamente, nos pontos de coordenadas: )sY;0X()0Y;2 sX( ==== e Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 19 Substituindo em (1) os valores do índice de utilidade (600, 900 e 1800) obtêm-se as expressões analíticas das curvas de indiferença representadas na figura 2.7, usadas para calcular as coordenadas de alguns dos seus pontos. Figura 2.7: Curvas de indiferença da Marta b) Utilizando a função utilidade: (2) e Y X2TMS Y2 X4TMS UMg UMg TMS Y2 Y SUMgX4UMg X SUMg Y,XY,X Y X X,Y YXX =⇔=⇔= =∂ ∂==⇔∂ ∂= Para calcular o valor da taxa marginal de substituição é preciso conhecer os valores de Y. Considerando a expressão da curva de indiferença de índice 600 – obtida via substituição de s por 600 em (1): 2X2600Y −= – tem-se que, para X=5, X=10 e X=15, os valores correspondentes de Y são: 150Y:15X ; 20 Y=10 . 2-600 Y= :10 X=; 45,23 Y5 . 2-600 Y=:5X= 22 ==⇔≅⇔ Substituindo estes valores de X e de Y na expressão (2) da TMSY,X: 45,2TMS:)25,12, Y15(X 1TMS)20, Y=10 (X= 43,0TMS)45,23, Y5(X= Y,X Y,X Y,X ≅≅= = ≅≅ ponto No : ponto No : ponto No c) Pode concluir-se que, à medida que X aumenta, Y vai diminuindo cada vez mais, pelo que, em valor absoluto, a TMSY,X é crescente, o que explica a concavidade das curvas de indiferença. Significa que, Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 20 para aumentar o número de horas de natação, a Marta está disposta a renunciar a um cada vez maior número de horas de ginástica, mantendo constante o seu nível de satisfação, evidenciando o facto de ela preferir praticar apenas uma única modalidade em vez de praticar as duas simultaneamente. d) Tanto a Mariana como a Marta consideram a possibilidade de substituição de uma modalidade por outra. No entanto, a convexidade das curvas de indiferença, representativas das preferências de Mariana, exprime que este processo de substituição se torna cada vez mais difícil e, no limite, impossível - em valor absoluto, a TMSY,X é decrescente – o que significa que ela prefere diversificar o seu consumo, praticando ambas modalidades desportivas. A Marta, pelo contrário, prefere especializar- se, praticando uma única modalidade desportiva, razão pela qual, em valor absoluto, a TMSY,X é crescente. Exercício 2.8 Curvas de indiferença e taxa marginal de substituição – bens substitutos perfeitos Considere que as preferências da Margarida em relação à prática de natação e de ginástica são descritas pela função utilidade V=X+Y, com X≥0 e Y≥0, na qual X e Y designam, respectivamente, o número de horas de natação e de ginástica que pratica por mês e V representa o índice de utilidade. a) Calcule a expressão analítica das curvas de indiferença associadas a esta função e represente graficamente as de índice 10, 20 e 30. b) Calcule a taxa marginal de substituição de ginástica por natação e explique o seu significado económico. Resolução a) Seja v uma constante positiva qualquer: v=X+Y, pelo que a expressão geral das curvas de indiferença é: Y = v - X. Graficamente, as curvas de indiferença, associadas a esta função, são representadas por linhas rectas com declive igual a (-1) - Figura 2.8. Substituindo os valores de v do enunciado obtem-se a expressão de cada uma das curvas de indiferença pedidas : Y=10-X ; Y=20-X e Y=30-X Figura 2.8 Curvas de indiferença da Margarida Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 21 b) 1TMS dX dYTMS X,YX,Y =⇔= A taxa marginal de substituição é constante, o que significa que, para aumentar o tempo afecto à prática de natação em 1 hora por mês, a Margarida está disposta a desistir sempre do mesmo tempo dedicado à prática de ginástica, mantendo constante o seu nível de satisfação. Isto significa que, para a Margarida, estas duas modalidades desportivas são perfeitamente substituíveis. Como a taxa marginal de substituição é igual a um, significa ainda que ela atribui exactamente o mesmo valor a uma e a outra modalidade. Exercício 2.9 Curvas de indiferença e taxa marginal de substituição – bens complementares perfeitos Suponha que, em relação à prática de natação e de ginástica, as preferências da Maria são descritas pela função : T= min {2X ,Y}. com X≥0 e Y≥0, na qual X e Y designam, respectivamente, o número de horas de natação e de ginástica que pratica por mês e T representa o índice de utilidade. a) Que relação existe entre estas duas modalidades desportivas para a Maria? b) Represente graficamente as curvas de indiferença de índices 5, 10 e 15. c) Examine o comportamento da taxa marginal de substituição de ginástica por natação. Resolução a) Para a Maria estas duas modalidades desportivas são perfeitamente complementares. Para obter um dado nível de satisfação ela tem que praticar simultaneamente as duas modalidades, mas numa proporção fixa. Concretamente, o tempo dedicado à ginástica é sempre metade do que o que é afecto à natação. As curvas de indiferença têm a forma de ângulos rectos, cujos vértices se expandem ao longoda linha que define aquela proporção fixa : Y=0,5 X b) Figura 2.9: Curvas de indiferença da Maria Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 22 c) Considere-se, por exemplo, a curva de indiferença de índice 5, cujo vértice tem como coordenadas (X=10, Y=5). No seu ramo horizontal, a taxa marginal de substituição de ginástica por natação é zero, porque se aumentar a prática desta modalidade para além de 10 horas por mês, a Maria não estará disposta a desistir da prática de nenhuma hora de ginástica, mantendo constante o seu nível de satisfação. No seu ramo vertical, o valor da TMSY,X é igual a infinito, pois para aumentar a prática da ginástica para mais de 5 horas por mês, ela não está disposta a reduzir a prática de natação em menos de 10 horas por mês, mantendo-se constante o seu nível de satisfação. No vértice, a TMSY,X é indeterminada. Exercício 2.10 Equilíbrio do Consumidor Considere as preferências da família Gonçalves em relação ao consumo de peixe (bem X) e de carne (bem Y) do exercício 2.5, descritas pela função: U=2x0,5y0,5 Suponha que o orçamento mensal que esta família dispõe para gastar integralmente na aquisição destes dois bens é de 40 unidades monetárias (u.m.) e que os preços médios de cada um deles são: Px = 4 u.m./kg e Py = 1 u.m./kg. 1-a) Determine a quantidade de cada bem que, em equilíbrio, esta família adquirirá mensalmente. b) Explique por que razão a combinação (x=8; y=8) não é de equilíbrio, bem como o processo conducente ao equilíbrio. Ilustre a sua resposta graficamente. 2) Admita agora que as preferências da família Fonseca em relação a estes dois bens são descritas pela função de utilidade ordinal: T = 2x + y, onde x designa a quantidade de peixe, em kg/mês, e y a quantidade de carne, em kg/mês, e T é o índice de utilidade. Esta família gasta, também, mensalmente 40 u.m. na aquisição destes bens. a) Calcule a TMS y,x e interprete o seu significado. Que conclui sobre a relação entre estes dois bens para esta família? b) Determine a situação de equilíbrio da família Fonseca e ilustre-a graficamente. 3) Examine o efeito da duplicação do preço da carne sobre a situação de equilíbrio de cada uma destas famílias. Ilustre a sua resposta graficamente. Resolução 1-a) O problema a resolver é: yx440 yx2UMAX 5050 yx += = a sujeito ,, , O consumidor está em equilíbrio, maximizando o nível de satisfação que está ao alcance do seu poder de compra, se não for induzido a redistribuir o seu rendimento entre a aquisição dos bens X e Y. Tal Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 23 ocorre quando, em valor absoluto, o declive da curva de indiferença for igual ao declive da recta de orçamento. Isto significa que, em valor absoluto, a taxa a que o consumidor está disposto, segundo as suas preferências, a substituir um bem pelo outro - a razão de troca subjectiva entre os dois bens (TMSy,x) - é igual à taxa a que se podem substituir estes dois bens no mercado , ou seja, é igual à sua razão de preços (Px /Py). Deste modo, para haver equilíbrio é necessário que se verifiquem as seguintes condições: ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = = yPxPR P P TMS yxU yx y x xy, 5,05,02 (1) Estas condições são, também, condições suficientes para a maximização do nível de satisfação, quando a solução de equilíbrio é interior (em equilíbrio o consumidor adquire ambos os bens), o que é o caso presente dado que as curvas de indiferença são estritamente convexas e não intersectam os eixos coordenados. x yTMS UMg UMgTMS x,y y x x,y =⇔= Substituindo os valores em (1) e resolvendo o sistema: ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ = = =⇔= ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += =⇔ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = = 5x 20y 20U20.52U x4x440 x4y ___ yx440 4 x y yx2U 5,05,0 Alternativamente: 2 2 xyxy x4 UTMS dx dyTMS =⇔−= ,, A solução de equilíbrio obtém-se através da resolução do sistema: ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = = = ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = = ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ =⇔ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = = 20y 20U 5x 20y 4yx yy40 yx4yx2 x4U Yx2x4 x16U yx440 4 x4 U yx2U 50505050 22 2 2 5050 __ / ___ ___ ___ ______ ___ ,,,, ,, Em equilíbrio, a família Gonçalves consome mensalmente 5 kg de peixe e 20 kg de carne, situando-se na curva de indiferença de índice 20. 1-b) Se esta família adquirir mensalmente 8 kg de peixe e 8 kg de carne, esgotará o rendimento que utiliza para comprar estes dois bens, mas não alcança a máxima satisfação que está ao alcance do seu poder de compra - ponto A da figura 2.10-a) - pelo que não estará em equilíbrio. Com efeito, nesta combinação a TMSy,x é igual a 1 (TMSy,x = y/x), sendo inferior à razão de preços que é igual a 4. Deste modo, para adquirir uma quantidade adicional de peixe (bem X), esta família está disposta a prescindir de igual montante de carne (bem Y), mantendo constante o seu nível de satisfação, enquanto que no Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 24 mercado terá de renunciar a uma quantidade de carne que é quádrupla daquela, mantendo constante a sua despesa total. Consequentemente, no mercado, o valor do bem X em termos do bem Y é superior ao que esta família lhe atribui, pelo que ela pode aumentar o seu nível de satisfação transferindo dinheiro da compra do bem X para a do bem Y. Por esta via, e mantendo constante a sua despesa, ela vai adquirindo combinações de bens que se situam em curvas de indiferença de nível mais elevado, aumentando o seu nível de satisfação - por ex: ponto B, da figura 2.10-a). Figura 2.10 - a) Equilíbrio da família Gonçalves Este processo de redistribuição do rendimento da compra do bem Y para a compra do bem X cessa quando ela se situar no ponto C da figura 2.10-a), onde a recta de orçamento tangencia a curva de indiferença de índice 20. Neste ponto, a taxa a que esta família está disposta a substituir um bem pelo outro é igual à taxa a que pode substituir um bem pelo outro no mercado, pelo que não poderá aumentar o seu nível de satisfação através da redistribuição do seu rendimento entre a aquisição dos dois bens, tendo alcançado a situação de equilíbrio. 2-a) Família Fonseca: T=2x+y 1UMg y TUMg2UMg x TUMgTMS UMg UMg TMS yyxxxy y x xy =⇔∂ ∂==⇔∂ ∂==⇔= e pois 2,, Significa que para aumentar o consumo de peixe em 1 kg por mês, esta família está disposta a prescindir do consumo de 2 kg de carne, mantendo constante o seu nível de satisfação. Sendo a TMSy,x constante, então para a família Fonseca estes dois bens são substitutos perfeitos. 2-b) Neste caso, o valor da TMSy,x é sempre inferior à razão de preços, pelo que o consumidor está em equilíbrio quando gasta todo o seu rendimento na aquisição do bem Y (solução de canto), adquirindo40 kg de carne por mês (y=R/Py) e nenhum quilograma de peixe (x=0), situando-se na curva de indiferença de índice 40 - figura 2.10-b). De facto, segundo as preferências desta família, o bem X é duas vezes mais Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 25 valioso do que o bem Y (TMSy,x=2), mas custa quatro vezes mais no mercado (Px/Py =4). Em consequência ela desiste de comprar o bem X, pois atribui-lhe relativamente menos valor do que ele custa no mercado, e gasta todo o seu rendimento no bem Y, maximizando o seu nível de satisfação. Figura 2.10-b) Equilíbrio da Família Fonseca 3) Família Gonçalves: ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = = ≅ ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = = − ⇔ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = = 5x 10y 1414U x840 x2y y2x440 2 x y yx2U 5050 , ,, O aumento do preço da carne conduz à diminuição do nível de satisfação desta família, a qual consumirá agora 5 kg de peixe e 10 kg de carne por mês, situando-se numa curva de indiferença que se encontra mais próxima da origem dos eixos- ponto E1 em (i) da figura 2.10-c). Família Fonseca: Se o preço da carne duplicar, a razão de preços entre os dois bens é igual a 2, passando o declive da recta de orçamento a ser igual ao das curvas de indiferença. Deste modo, o valor que esta família atribui ao peixe em termos da carne é igual à taxa a que se troca um pelo outro no mercado. Em consequência, a solução de equilíbrio não é única e é indeterminada, no sentido em que, qualquer combinação de bens que se situe na curva de indiferença de índice 20, que coincide com a recta de orçamento, é de equilíbrio. Esta família poderá consumir só peixe (10 kg por mês), só carne (20 kg por mês) ou qualquer combinação de carne e peixe que lhe seja economicamente acessível – ver (ii) da figura 2.10-c) -, alcançando um nível de satisfação inferior ao que usufruía antes do aumento do preço da carne. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 26 Figura 2.10-c) Efeito da duplicação do preço da carne sobre a situação de equilíbrio 2.11 Equilíbrio do consumidor Suponha que o rendimento afecto mensalmente à prática de natação e de ginástica pela Marta, Mariana, Margarida e Maria, cujas preferências foram examinadas nos exercícios 2.6 a 2.9, é de 60 unidades monetárias: a) Determine a situação de equilíbrio para cada uma delas, admitindo que o preço de cada hora de natação e de ginástica é igual a 2 u.m. b) Examine o efeito sobre a situação de equilíbrio resultante de o preço de 1 hora de natação ter aumentado para 3 u.m. Ilustre graficamente a sua resposta. Resolução a.1) Mariana (exercício 2.6: U=XY) ; X YTMS UMg UMg TMSXUMgYUMg Y,X Y X X,YYX =⇔=== Em equilíbrio: ⎩⎨ ⎧ = =⇔ ⎩⎨ ⎧ = =⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = 15 15 4602260 1 :doSubstituin , X Y X XY YX X Y YPXPR P PTMS YX Y X XY A Mariana praticará 15 horas de natação e de ginástica por mês, ponto que se situa na curva de indiferença de índice 225 (U= 15 x 15), onde a recta de orçamento é tangente a essa curva – ver ponto Eo da figura 2.11-a). a.2) Marta (exercício 2.7 : S=2X2+Y2 e TMSy,x=2X/Y ) (i) Família Fonseca (ii) Família Gonçalves Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 27 Neste caso, como se viu, as preferências são côncavas, pelo que a Marta prefere praticar uma das modalidades desportivas a qualquer combinação das duas, a solução de equilíbrio sendo uma solução de canto. Ela praticará apenas natação (X>0, Y=0) ou só ginástica (X=0, Y>0), escolhendo aquela que, tendo em conta os preços, lhe permita obter a máxima satisfação11. Examinemos cada um dos casos: − Se praticar só natação, com o rendimento que possui, poderá praticar 30 horas desta modalidade por mês (X= R/PX), alcançando a curva de indiferença de índice 1800 (S=2x302+0) - ver ponto Eo da figura 2.11-b) ; − Se praticar apenas ginástica, poderá praticar 30 horas por mês (Y=R/PY) e atingirá a curva de indiferença de índice 900 (S=2x02+302) - ver ponto E1 da figura 2.11-b). Consequentemente, em equilíbrio, a Marta praticará apenas natação (30 horas por mês), pois é essa a situação em que maximiza o seu nível de satisfação - ponto Eo da figura 2.11-b). Note-se que, a solução interior não é de equilíbrio - ver ponto A da figura 2.11-b)-, pois implica um menor nível de satisfação: ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ = = =⇔+= ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = =⇔ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = += 10X 20Y 600S20102S X660 X2Y Y2X260 1 Y X2 YPXPR P P TMS YX2S 22 YX Y X XY 22 . ______ :doSubstituin , a.3) Margarida (exercício 2.8: V=X+Y e TMSy,x=1) Para a Margarida a TMSY,X é constante e igual à unidade. Como a razão de preços é igual a 1, então a recta de orçamento coincide com a curva de indiferença de índice 30 (60=2X+2Y Ù 30=X+Y). Deste modo, a solução de equilíbrio não é única e é indeterminada: praticar só natação ou só ginástica ou qualquer combinação das duas modalidades ao alcance do seu poder de compra proporciona-lhe o mesmo nível de satisfação, sendo qualquer uma dessas alternativas uma solução de equilíbrio - na figura 2.11-c), qualquer um dos pontos situados no segmento AB. a.4) Maria (exercício 2.9: T= min {2X ,Y}) Para a Maria as duas modalidades desportivas são estritamente complementares e praticadas na proporção fixa: Y=0,5 X ⎩⎨ ⎧ = =⇔ ⎩⎨ ⎧ += −⇔ ⎩⎨ ⎧ += = 20X 10Y X502X260Y2X260 X50Y ),( , Consequentemente, em equilíbrio, ela praticará 20 horas de natação, gastando nessa modalidade 40 u.m., e 10 horas de ginástica, onde gasta 20 u.m., esgotando assim o seu rendimento (60 u.m.) - ver ponto Eo da figura 2.11-d). A curva de indiferença mais elevada que alcança é a de índice 10: T=min {2 x 10, 10} Ù T=10 11 Note-se que poderá existir, também, uma solução de equilíbrio múltiplo, caracterizada pelo facto de qualquer uma das soluções (X=0, Y>0) e (X>0, Y=0) poder ser de equilíbrio. Isso acontecerá se a recta de orçamento intersectar a curva de indiferença de nível mais elevado nos dois pontos em que esta curva intersecta os eixos coordenados. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 28 b) Para examinar o efeito do aumento do preço sobre a situação de equilíbrio tem que calcular-se a nova situação de equilíbrio e compará-la com a calculada na alínea a). b.1) Mariana (exercício 2.6) Em equilíbrio: ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = = = ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = =⇔ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = = 10X 15Y 150U X660 X51Y Y2X360 2 3 X YYPXPR P P TMS XYU YX Y X XY , ______ :doSubstituin , O aumento do preço da natação teve por efeito que a Marta reduzisse a prática desta modalidade em 5 horas por mês, embora continue a praticar o mesmo número de horas de ginástica, reduzindo o seu nível de bem-estar. O ponto de equilíbrio deslocou-se de Eo para E1 na figura 2.11-a). Figura 2.11-a) Equilíbrios da Mariana b.2) Marta (exercício 2.7) A solução é de canto: - se só praticar natação: X=20, pois X=R/PX , e o nível de satisfação é: S= 2 x 202+0 Ù S= 800; - se só praticar ginástica: Y=30, pois Y=R/PY , e o nível de satisfação é: S=2 x 0+302 Ù S=900. Consequentemente, em equilíbrio, a Marta passará a praticar apenas ginástica (X=0, Y=30), ou seja, a mudança do preço relativo dos bens provocou que ela alterasse totalmente o seu consumo, deixando de praticar natação e passando a praticar só ginástica – comparar ponto E1 da Figura 2.11-b) com o ponto Eo. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 29 Figura 2.1-b) Equilíbrios da Marta b.3) Margarida (exercício 2.8) Como a TMSY,X=1, en-quanto que a razão de preços é igual a 1,5, em equilíbrio, a Margarida apenas praticará ginástica, pois é uma modalidade relativamente mais barata que a natação e, para ela, a ginástica e a natação são substitutos perfeitos e têm o mesmo valor. Ela gastará todo o seu ren-dimento nesta modalidade e fará ginástica 30 horas por mês, situando-se na curva de indiferença de índice 30. Figura 2.11-c) Equilíbrios da Margarida Neste caso, a alteração dos preços relativos acabou por não afectar o nível de bem-estar, mas provocou uma alteração radical do consumo de equilíbrio. Antes daquela alteração, qualquer ponto do segmento AB da figura 2.11-c) era um ponto de equilíbrio e, após, apenas o ponto B é de equilíbrio. b.4) Maria (exercício 2.9) Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 30 ⎩⎨ ⎧ = =⇔ ⎩⎨ ⎧ += −⇔ ⎩⎨ ⎧ += = 15X 57Y X502X360Y2X360 X50Y , ),( , O aumento do preço da natação vai fazer com que a Maria reduza o número de horas que dedica a cada modalidade, pois para ela as duas modalidades são estritamente complemen- tares, diminuindo o seu nível de bem-estar. A solução de equilíbrio passará a ser de 15 horas de natação e de 7,5 horas de ginástica e situa-se na curva de indiferença de índice 5 – ponto E1 da figura 2.11-d). Figura 2.11-d) Equilíbrios da Maria Nota: Da resolução deste exercício pode concluir-se que a solução de equilíbrio nem sempre é única. Exercício 2.12 Curva Consumo Rendimento, Curva de Engel, Curva Consumo Preço e Curva da Procura Considere que a ordenação das preferências de um consumidor é representada pela função índice de utilidade: U=X1X2, onde X1 e X2 representam, respectivamente, unidades dos bens X1 e X2 consumidas por período de tempo. Os preços dos dois bens são: PX1 = 10 u.m. e PX2 = 4 u.m. e o rendimento gasto integralmente pelo consumidor na sua aquisição é de 80 u.m. a) Qual é a combinação de bens que este consumidor deverá, racionalmente, adquirir? b) Defina curva consumo-rendimento e curva de Engel, explicitando os pressupostos subjacentes a estes conceitos? b-1) Determine as expressões analíticas daquelas curvas e comente o seu significado económico. Represente-as graficamente. b-2) Se, para um rendimento de 60 u.m., este consumidor adquirir 2 unidades do bem X1, estará a ser racional? c) Defina curva consumo-preço e curva da procura do bem X1, explicitando os pressupostos subjacentes a estes conceitos? c-1) Determine as expressões analíticas daquelas curvas e represente-as Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 31 graficamente. c-2) Comente a configuração da curva consumo-preço. d) Calcule as expressões analíticas das elasticidades preço directa e cruzada da procura do bem X1, bem como a sua a elasticidade rendimento. Que conclui? Resolução a) Sendo a função utilidade de tipo Cobb-Douglas12, em equilíbrio o consumidor adquire ambos os bens (solução interior). A combinação óptima de bens é obtida através da resolução do sistema (1), que satisfaz as duas condições de equilíbrio do consumidor: e que dado , pois )( 1X 2 X2X 1 X 1 2X X X XX X 2X1X X X 1 2 X2X1 X XX X XUMg X UUMgXUMg X UUMg X X TMS UMg UMg TMS XPXPR P P X X 1 PXPXR P P TMS 2211 2 1 2 12 1 21 2 1 21 2 12 1 =⇔∂ ∂==⇔∂ ∂= =⇔= ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += =⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = Substituindo os valores de R e dos preços em (1): ⎩⎨ ⎧ = =⇔ ⎩⎨ ⎧ += −⇔ ⎩⎨ ⎧ += =⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = 4X 10X X10X1080X524X1080 X5,2X X4X1080 4 10 X X 1 2 1111 12 21 1 2 , . (2) A combinação óptima de bens é constituída por 4 unidades do bem X1 e 10 unidades do bem X2 por período de tempo. b) A curva consumo-rendimento é o lugar geométrico dos pontos de equilíbrio do consumidor quando varia o seu rendimento nominal, tudo o mais constante. É definida sob as hipóteses de que as preferências do consumidor e os preços dos bens permanecem constantes, apenas variando o rendimento nominal do consumidor. A curva de Engel de um bem é derivada a partir da curva consumo-rendimento, pelo que assenta nos mesmos pressupostos. Mostra a relação entre a quantidade consumida desse bem, no equilíbrio do consumidor, e o rendimento nominal do consumidor, ceteris paribus. b-1) A curva consumo-rendimento é definida no espaço (X1,X2), para R variável. A sua expressão analítica relaciona X1 com X2 e é do tipo X2=f(X1) ou X1=g(X2). É obtida a partir da condição de igualdade entre a taxa marginal de substituição e o preço relativo dos bens13: 12 Uma função utilidade do tipo Cobb-Douglas é igual a U=X1αX2β, α > 0 e β > 0 (neste caso α =1 e β =1) . As curvas de indiferença que lhe estão associadas são ramos de hipérboles ( βα β 1 2 X uX 1 = , onde u é uma constante positiva), cujas assímptotas coincidem com os eixos coordenados. Daí que, a solução de equilíbrio seja sempre, neste caso, uma solução interior. 13 Se apenas variar o rendimento nominal do consumidor, a recta orçamental desloca-se paralelamente a si própria no espaço dos bens (X1, X2). Os sucessivos pontos de equilíbrio são dados pelos pontos de tangência entre as curvas de indiferença e a recta orçamental associada a cada nível de rendimento, satisfazendo portanto a condição de igualdade entre a taxa marginal de substituição entre os bens e a sua razão de preços. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória)_______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 32 12 1 2 X X XX X52X4 10 X X P P TMS 2 1 21 ,, =⇔=⇔= A curva consumo-rendimento é uma recta que passa pela origem dos eixos coordenados e tem declive positivo, o que significa que os bens X1 e X2 são bens normais, dado que o rendimento nominal do consumidor e o consumo de cada um destes bens variam no mesmo sentido, ceteris paribus. A curva de Engel do bem X1 tem expressão analítica do tipo X1=f(R), enquanto que a da curva de Engel do bem X2 é do tipo X2=g(R). Para as calcular, considera-se o sistema definido pelas equações da curva consumo-rendimento e da recta orçamental, considerando-se R variável e PX1 e PX2 constantes (10 u.m e 4 u.m, respectivamente). ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ =⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ − =⇔ ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ =⇔⎪⎩ ⎪⎨⎧ = − ⎪⎩ ⎪⎨⎧ += −⇔⎪⎩ ⎪⎨⎧ += = _ 2X bem do Engel de Curva , 1X bem do Engel de Curva _ , . , (3) 8 R 2X20 R522X 20 R 1X1X20R1X5241X10R2X41X10R X52X 12 Confirma-se que ambos os bens são normais, uma vez que o declive das suas curvas de Engel é positivo. Figura 2-12 a) Curvas consumo-rendimento e de Engel b-2) Utilizando a equação da curva de Engel do bem X1, acima claculada, conclui-se que, para R=60 u.m, X1=3. Consequentemente, se o consumidor adquirir 2 unidades deste bem por período de tempo, Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 33 ele não estará em equilíbrio, pois não maximiza o seu nível de satisfação, não sendo o seu comportamento racional. c) A curva consumo-preço do bem X1 é o lugar geométrico dos pontos de equilíbrio do consumidor quando varia o preço do bem X1, ceteris paribus. Assume-se, portanto, que se mantêm constantes as preferências do consumidor, o seu rendimento e o preço do outro bem. A curva da procura individual do bem X1 é deduzida a partir da curva consumo-preço, pelo que assenta nos mesmos pressupostos que a esta estão subjacentes. Descreve a relação entre o preço deste bem e a quantidade procurada desse bem no equilíbrio do consumidor, ceteris paribus. c-1) A curva consumo-preço é definida no espaço (X1,X2), para PX1 variável e a sua expressão é do tipo X2=f(X1) ou X1=g(X2). Para a calcular considera-se o sistema (4), no qual PX1 é variável e PX2 e R são constantes (4 u.m. e 80 u.m., respectivamente), e resolve-se de modo a encontrar a relação entre X1 e X2 que se pretende: ⎩⎨ ⎧ = −⇔ ⇔ ⎩⎨ ⎧ += −⇔ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += =⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = 1 , X bem do preço-consumo Curva (5) (4) 10X X4X480 X4X X X4 80 X X4 P X4XP80 4 P X X XPXPR P P TMS 2 22 21 1 2 1 2 X 21X X 1 2 2X1X X X XX 1 1 1 21 2 1 12 A curva da procura do bem X1 tem por expressão analítica do tipo: X1 = f(PX1) e obtém-se a partir da resolução do sistema (4)14 , mas de modo a encontrar a relação entre X1 e PX1: X bem do procura da Curva 1⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ =⇔=⇔+= = ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = 1 1 1 1 1 1 1 X 11X 1X 1X 1X 2 21X X 1 2 P 40XXP280 4 XP 4XP80 4 XP X X4XP80 4 P X X A curva da procura é o ramo de uma hipérbole equilátera que tem por assímptotas os eixos coordenados, pelo que se trata de uma curva da procura de elasticidade preço constante e igual à unidade. 14 Note-se que a expressão da curva da procura podia ter sido obtido atrás, se se tivesse completado a resolução do sistema (4), substituindo a expressão obtida para a curva consumo preço na equação (5) desse sistema. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 34 Figura 2.12b) Curva consumo-preço e curva da procura do bem X1 c-2) A curva consumo preço do bem X1 é uma recta com declive nulo (dX2 /dX1 = 0). Se se convencionar representar graficamente o bem X1 no eixo dos abcissas (eixo dos XX) e o bem X2 no eixo das ordenadas (eixo dos YY), obtém-se uma recta paralela ao eixo dos XX, com ordenada na origem igual a 10. Daí decorre que o consumo do bem X2 permanece constante e igual a 10 unidades por período de tempo, quando varia o preço do bem X1, ceteris paribus. Significa que os bens X1 e X2 são independentes no consumo. Mas, se o consumo do bem X2 não se altera, com a variação do preço do bem X1, e uma vez que o preço do bem X2 é por hipótese constante e igual a 4 u.m., então a despesa que o consumidor realiza com a aquisição do bem X2 é sempre a mesma (40 u.m.). Em consequência, a despesa realizada pelo consumidor na aquisição do bem X1 terá, também, de ser sempre a mesma (PX1 X1 = R – PX2 X2), ou seja, de 40 u.m., qualquer que seja o preço do bem X1. Tal significa que a elasticidade preço-directa da procura do bem X1 é constante e igual à unidade. Em suma, quando a curva consumo preço do bem X1 tem declive nulo, a curva da procura do bem X1 é isoelástica e de elasticidade unitária, sendo a elasticidade cruzada da procura do bem X2 em relação ao preço do bem X1 nula15. 15 Note que se está perante um caso especial em que a função procura ordinária de cada bem depende apenas do preço do próprio bem e do rendimento do consumidor, o qual resulta de as preferências deste consumidor serem do tipo Cobb-Douglas. Teoria do Consumidor – Questões Práticas (Versão Provisória) _______________________________________________________________________________ Maria Clementina Santos, Helder Valente e Isabel Godinho 35 d) Em primeiro lugar, tem que se calcular a expressão analítica da procura do bem X1 em função das suas determinantes: X1 = f (PX1, PX2, R), que relaciona a quantidade procurada óptima de X1 com os preços de cada bem e o rendimento nominal do consumidor. X bem do Procura Função - 1 P2 RX XP2R - XPXPR P XP PXPR P XP X XPXPR P P X X 1 111 2 1 21 2 1 21 2 1 X 1 1X1X1X X 1X X1X X 1X 2 2X1X X X 1 2 ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = − ⇔ ⇔ ⎩⎨ ⎧ =⇔⎩⎨ ⎧ +=⇔ ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ += = ⇔ ⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ += = Confirma-se que a função procura16 do bem X1 não depende do preço do bem X2. Utilizando esta expressão da função procura, podem-se calcular as suas elasticidades: • Elasticidade Preço-directa da Procura (EX1, PX1) 1E R P2 P2 RE P2 R P P2 RE X P P X E X1 1 1 1X1 1 1 1 1X1 1 1X1 PX 2 X 2 X PX X X 2 X PX 1 X 1X 1 PX =⇔=⇔⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −−=⇔∂ ∂−= ,,,, • Elasticidade Preço-cruzada da Procura (EX1, PX2) 0 P X 0E X P P X E 2 2Y1 2 2 2Y1 X 1 PX 1 X X 1 PX =∂ ∂=⇔∂= que dado , ,, • Elasticidade Rendimento da Procura (EX1, R) 1E R RP2 P2 1E P2 R R P2 1E X R R X E RX X X RX X X
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