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WEB
WEB-AULA 1
Teorias e Práticas do Currículo
Desenvolvendo Nossa Sensibilidade Teórica
“Viver é estar juntos. Olhar-se. Querer-se bem”
(Dona Nanda, mãe da Profª. Raquel)
Sejam bem-vindos!
A disciplina1  tem um caráter teórico, mas possui um alcance muito significativo no contexto escolar. Isso nos traz tematizações muito próximas ao cotidiano escolar. Por isso, é tão importante a leitura e estudo atento de todo o nosso material da disciplina: webs, teleaula, fórum, atividades, portfólios... Vamos amarrar nossos conhecimentos para que nossa formação tenha como perspectiva um profissional reflexivo, ok.
1.     Situando a disciplina “Currículo, conhecimento e cultura escolar”.
Veja no quadro como ficará nosso trabalho neste semestre...
O eixo da “Ação na gestão docente” é composto pela disciplina “Políticas e Gestão dos espaços educativos” que expõe conceitos necessários à contextualização das Políticas Nacionais da Educação Brasileira, bem como os princípios da organização do trabalho docente na escola.  A segunda disciplina “Tecnologias da Educação” indicará a importância dos desafios das tecnologias frente às demandas contemporâneas da escola. A disciplina “Metodologia da Pesquisa Científica” apontando a necessidade da formação do professor reflexivo capaz de realizar o seu fazer pedagógico como exercício de pesquisa, reflexão e ação. Em nossa disciplina nos apoiaremos nos conceitos desenvolvidos por todas as disciplinas para construir os conhecimentos e relações entre o currículo, o conhecimento e cultura escolar.
A literatura pedagógica aponta que o currículo constitui na contemporaneidade um tema central que deve estar presente na formação inicial e continuada do educador. As demandas sociais e educacionais têm apontado a necessidade de um professor reflexivo com significativa sensibilidade teórica para elaborar propostas curriculares que venham a favorecer a construção de uma escola democrática e com parâmetros de qualidade.
Comumente se afirma que o currículo é o “coração da escola”, pois ele determina como as “coisas acontecem” no cotidiano escolar (espaço no qual que se concretiza o processo educativo). Daí a necessidade de contínuas reflexões “[...] sobre o currículo, que nos permitam avançar na compreensão do processo curricular e das relações entre o conhecimento escolar, a sociedade, a cultura, a autoformação individual e o momento histórico em que estamos situados (BRASIL, 2007, p.5)”.3
2Ao final dessa unidade espero que você 
Tenha subsídios teóricos para discutir as diferentes teorias curriculares bem como as diferentes concepções de currículo que lhes são correspondentes.
Saiba diferenciar as teorias de currículo: tradicionais, críticas e pós-críticas.
Situando-nos no nosso Plano de Ensino.
Conteúdos a serem abordados:
Teorias do currículo
1.1. O campo do currículo: a construção histórica.
1.2. Teorias críticas.
1.3. Teorias pós¿críticas.
1.4. Tendências contemporâneas do campo do currículo: identidade e diferença; o multiculturalismo.
 
3MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa. Currículo: conhecimento e cultura, In: BRASIL:SALTO PARA O FUTURO, 2009, ano XIX, n.1, abril.
Pedagogia - Licenciatura Página 1 de 8
Unidade 1 - Teorias e Prática do Curriculo
Página 2 
2.            Por que estudar Teorias do Currículo?
Questão bem interessante, não acha? Apresento a você três motivos:
      Os Currículos são orientadores de todas as práticas educativas realizadas na escola.
      O currículo é parte das discussões sobre a educação pública e mobiliza, portanto, múltiplas reflexões acerca das teorias, das tendências e das intenções políticas que permeiam a construção de uma Diretriz Curricular, ou seja, de um Currículo.
      O educador é o grande artífice do currículo que se materializam na escola.
Indicarei a vocês algumas problemáticas que envolvem o estudo da disciplina. Leia abaixo e exponha no Fórum seus argumentos e reflexões.
      Ao refletirmos sobre a noção de currículo, quais os questionamentos que devemos fazer?
      O que da cultura deve ser selecionado para fazer parte do currículo escolar?
      Quais os valores que orientam e as opções implícitas na elaboração curricular?
      Por que se privilegia uma determinada cultura em detrimento de outras?
      Em um país tão diverso, faz sentido a idéia de um currículo nacional?
      Quais as forças que influenciam no planejamento curricular?
Pedagogia - Licenciatura Página 2 de 8
Unidade 1 - Teorias e Prática do Curriculo
Página 3 
3.    Qual a relação entre o Currículo, o Conhecimento e a Cultura Escolar?
4.1 Currículo e Cultura Escolar
No item acima já indiquei a importância de se estudar as teorias do currículo. Pois bem. Existe uma relação muito estreita entre currículo e cultura, pois o primeiro realiza na sua construção a seletividade da cultura escolar. Em outras palavras mais simples: o objeto básico do currículo é a educação escolar que pressupõe uma ideia de homem que quer formar. Sendo assim, o currículo seleciona os valores culturais de uma determinada época histórica. A partir desta época histórica e suas ideologias transmiti às novas gerações os modos de ver, de sentir, de pensar, de sonhar os valores e de compreender as regras sociais.
A Cultura transmitida na escola não é a mesma que aprendemos em outros contextos sociais. Esta é uma questão bem complexa e precisamos afirmar que há especificidades. Que tal, fortalecer nossa sensibilidade teórica? Vamos ao dicionário (“super amigão!), buscar o termo “cultura”.
 
 
	Cultura: Esse termo tem dois significados básicos. No primeiro e mais antigo, significa a formação do homem, sua melhoria e refinamento. [...] No segundo significado, indica o produto dessa afirmação, ou seja, o conjunto dos modos de viver e de pensar cultivados, civilizados, polidos, que também costumam ser indicados pelo nome civilização (ABBAGNANO, 2007, p.261)1 .
 
A primeira noção apresentada por Abbagnano (2007) está relacionada à formação do “homem culto” ou “pessoa culta”, isto é, aquela pessoa que possui peculiaridades que a distingue de outras pessoas que não têm essas peculiaridades. Essas expressões pressupõem uma pessoa que foi instruída e que devido a essa instrução tornou seu modo de ver, sentir, pensar e escolher mais sensível e crítico. Porém, essa noção está voltada ao aspecto da natureza humana. É preciso pensar, como disse acima para você, as especificidades da “cultura escolar”. Para isso, vamos recorrer às Ciências Sociais.
 
	cultura: [...] 3. Em oposição a natura (natureza), a cultura possui um duplo sentido antropológico: a) é o conjunto das representações e dos comportamentos adquiridos pelo homem enquanto ser social. Em outras palavras, é o conjunto histórica e geograficamente definido das instituições características de determinada sociedade, designando “não somente as tradições artísticas, científicas, religiosas e filosóficas de uma sociedade, mas também suas técnicas próprias, seus costumes políticos e os mil usos que caracterizam a vida cotidiana” (Margaret Mead); b) é o processo dinâmico de socialização pelo qual todos esses fatos de cultura se comunicam e se impõem em determinada sociedade, seja pelos processos educacionais propriamente ditos, seja pela difusão das informações em grande escala, a todas as estruturas sociais, mediante os meios de comunicação de massa. Nesse sentido, a cultura praticamente se identifica com o modo de vida de uma população determinada, vale dizer, com todo o conjunto de regras e comportamentos pelos quais as instituições adquirem um significado para os agentes sociais e através dos quais se encarnam em condutas mais ou menos codificadas. [...] (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p.61).
Resumindo: o currículo deve atender às demandas educacionais de um determinado contexto histórico e social, pois é responsabilidade da escola transmitir a cultura que ao longo do tempo foi considerada importante para ser perpetuado e transmitido às novas gerações. Por isso, precisamos selecionar e especificar2os elementos válidos da cultura que devem ser inseridos no currículo e fazer parte da ação docente na escola. Em outras palavras, o currículo deve ser aberto e não pode ser considerado como algo pronto e acabado. Você deve estar pensando: “Professor, você pode dar alguns exemplos de temas relacionados à cultura que foram inseridos no currículo escolar?”. Vamos lá. Alguns exemplos:
      Discussão sobre a inserção ou não do Ensino Religioso no currículo.
      Inserção dos temas transversais como “Orientação Sexual”.
      História da Cultura Africana e Indígena nas escolas.
1ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
2Isso ajudará você a compreender...
Segundo Forquin (1993), a cultura escolar pode ser definida como “o conjunto de conteúdos cognitivos e simbólicos que selecionados, organizados, “normalizados” rotinizados, sob efeitos de imperativos de didatização, constituem habitualmente o objeto de uma transmissão deliberada no contexto das escolas”.
[...] Ainda de acordo com Forquin (1993), “a escola é também “mundo social”, que tem suas características de vida próprias, seus ritmos e seus ritos, seu imaginário, seus modos próprios de regulação e de transgressão, seu regime próprio de produção e de gestão de símbolos. E esta “cultura da escola” [...] não deve ser confundida tampouco com o que se entende por cultura escolar (KOFF, 2005, p.1)”.
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Unidade 1 - Teorias e Prática do Curriculo
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4.2 Currículo e Conhecimento Escolar
O que entendemos por “conhecimento escolar”? Primeiramente apontamos que ele é o ponto central do currículo. O conhecimento escolar constitui um conjunto de saberes socialmente produzidos pela humanidade e que podem ser apreendidos, criticados e reconstruídos pelos alunos. Preciso dar uma pausa aqui...
Você percebeu a importância do currículo? Imagine só: é ele quem seleciona os conhecimentos relevantes para a formação de um grupo de pessoas. Além disso, indica a responsabilidade do educador na sua ação docente em empregar um ensino efetivo (e afetivo também!), que selecione, domine, organize e promova esses conhecimentos. Ao buscarmos uma educação de qualidade a nossa tarefa é construir um currículo que apresente conhecimentos escolares significativos e relevantes1  para mudanças sociais.
	Tarefa: gostaria que você pesquisasse e expusesse seus argumentos no fórum acerca da seguinte questão: ao pensar nos termos “conhecimento”, “informação” e “conteúdo” nos referimos a conceitos semelhantes ou diferentes? O que entendemos por cada um desses termos? Espero suas contribuições.
1“Que aspectos o caracterizam?
Quem o constrói? Onde? Inicialmente, cabe ressaltar que concebemos o conhecimento escolar como uma construção específica da esfera educativa, não como uma mera simplificação de conhecimentos produzidos fora da escola. Consideramos, ainda, que o conhecimento escolar tem características próprias que o distinguem de outras formas de conhecimento. Ou seja, vemos o conhecimento escolar como um tipo de conhecimento produzido pelo sistema escolar e pelo contexto social e econômico mais amplo, produção essa que se dá em meio a relações de poder estabelecidas no aparelho escolar e entre esse aparelho e a sociedade (SANTOS, 1995 apud MOREIRA; CANDAU, 2007, p.22)”.
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Unidade 1 - Teorias e Prática do Curriculo
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4.3 Concepção de currículo
De acordo com Grande (1998)1 , num estudo sobre as definições de currículo no decorrer do século XX, muitas concepções foram apresentadas:
   Pelo senso comum: currículo é tudo aquilo que as escolas ensinam;
   Pela Escola Nova: todas as experiências da criança vividas sob a responsabilidade da escola;
   Pela Tradição Acadêmica: conjunto das matérias ou disciplinas de um curso escolar;
   Pelas Ciências Sociais: currículo é a parcela valorizada da cultura social escolhida para ser ensinada pela escola.
A autora destaca que nenhuma dessas concepções é certa ou errada, falsa ou verdadeira. O que deve ser destacado que é que cada uma delas está relacionada a um determinado momento histórico e seu compromisso2  com uma visão de escola e de educação.
 
	“O currículo, nessa perspectiva, constitui um dispositivo em que se concentram as relações entre a sociedade e a escola, entre os saberes e as práticas socialmente construídos e os conhecimentos escolares. Podemos dizer que os primeiros constituem as origens dos segundos. Em outras palavras, os conhecimentos escolares provêm de saberes e conhecimentos socialmente produzidos nos chamados “âmbitos de referência dos currículos”. Que são esses âmbitos de referência? Podemos considerá-los como correspondendo: (a) às instituições produtoras do conhecimento científico (universidades e centros de pesquisa); (b) ao mundo do trabalho; (c) aos desenvolvimentos tecnológicos; (d) às atividades desportivas e corporais; (e) à produção artística; (f) ao campo da saúde; (g) às formas diversas de exercício da cidadania; (h) aos movimentos sociais (TERIGI, 1999 apud MOREIRA, CANDAU, 2007, p.22)”.
 
O termo “currículo” associa-se a diferentes concepções e relações. Quando falamos do “currículo escolar” referimo-nos a um território específico que expressa os modos como a educação escolar é concebida de acordo com as influências históricas, políticas e sociais que afetam a estrutura da escola e da ação docente. De acordo com Moreira e Candau (2007, p.18)3 , podemos entender o currículo a partir das seguintes contribuições:
      os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
      as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos;
      os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais;
      os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino;
      os processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização.
Porém, precisamos ter muita cautela ao tentar “definir” o currículo, já que não há um consenso sobre uma definição. Por quê? A resposta está no fato de que o currículo está relacionado com a complexidade de desafios e a uma construção cultural, histórica e socialmente determinada. Sendo assim, ao falar de concepções de currículo, devemos contextualizá-las nas teorias que foram construídas ao longo da história da educação. Por essas razões, na próxima webaula estudaremos as concepções de currículo no contexto das chamadas “Teorias do Currículo”, ok.
Espero você na próxima web.
Até! WEB-AULA 2
Currículo, Conhecimento e Cultura Escolar
TEORIAS DO CURRÍCULO
Olá a todos! Bem-vindos à nossa web2. Como foi o seu estudo na WEB1? Ficou alguma dúvida? Caso tenha dúvida ou queira sintetizar aquilo que você aprendeu, vá ao Fórum1  e deixe registrado.
Na web anterior, situamos a nossa disciplina no eixo desse semestre. Além disso, estudamos os conceitos de conhecimento e cultura escolar relacionando-os com o currículo.
Nessa web nossa intenção será discutir os conceitos de currículo dentro do contexto das teorias curriculares. Vocês devem estar se perguntando o porquê dessa contextualização. A justificativa é que não podemos deixar de entender o currículo como um território complexo que pressupõe um modelo de escola, de ideologias, de concepção de homem... Soma-se a isso a concepção básica que o currículo é um instrumento social, educacional e cultural. Agora, vou deixar registrado o meu “super desejo” pedagógico ao escrever essa Unidade I: Que você tenha a possibilidade de desconstruir conceitos sobre o currículo e reconstruí-los mais fortalecidos teoricamente! Vamos lá?
1.    Os conceitos de currículo.
O termo “currículo”, segundo Traldi (1984, p.26), vem do latim “curriculum” e em sua origem etimológica significa “curso, percurso, carreira (...) o que ocorre no curso ou percurso efetuado... até o término da execução do ato”. Sacristán (1998) também relaciona esse conceito acima apresentado com a concepção de currículoescolar. Para ele o currículo é uma espécie de “pista de corrida”. Assim, a escolaridade dos alunos compõe o percurso de caminhada e o currículo é a direção que vamos realizando ao percorrê-lo. Essa direção nos indica como faremos esse percurso e como seremos ao chegar ao seu ponto final.
Creio ser bastante interessante a postura de Menegolla e Sant’ana (2001)2 , ao fazerem um exercício para se pensar o conceito de currículo. Os autores sugerem que se pense naquilo que não constitui um currículo. Por exemplo, não pode ser considerado um currículo uma listagem de conteúdos, a distribuição dos horários de uma disciplina. Tais visões são muito restritas e desconsideram, por exemplo, a relação entre o currículo e a sociedade. Em resumo: o currículo não é neutro!
Importante ressaltar que ao estudarmos as concepções de currículo3 escolar devemos considerar: o contexto histórico, as teorias pedagógicas, sociais e filosóficas4 dentro dos quais ele foi criado. Sem a contextualização podemos cair no erro de interpretações equivocadas ou parciais sobre a realidade educacional. Além dessas noções5  vamos resgatar da web anterior e acrescentar outras maneiras de concebê-lo?
 
        os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
        as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos;
        os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais;
        os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino;
        os processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização;
        como uma série estruturada de resultados;
        como um conjunto de matérias;
        como intento de comunicar os princípios essenciais de uma proposta educativa.
 
1
 
2MENEGOLA, Maximiliano & SANTÃNNA, Ilza M. Por que Planejar? Como Planejar? Petrópolis – RJ. 11ª edição. Vozes; 2001.
3O currículo aparece, assim, como o conjunto de objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar lugar à criação de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos avaliáveis, de modo que se possa manter o sistema numa revisão constante, para que nele se operem as oportunas reacomodações (SACRISTÁN, 2000, p.46).
4Você deve estar pensando: “Lá vem a professora Raquel, com as teorias de novo! Filosofia?! Sociologia?! Já faz tempo que aprendi “alguma coisinha” aqui, outra lá. Além disso, tudo era muito complicado...tantos nomes e ideias “mirabolantes”. Para “dar aula” não preciso de nada disso...”. Pois é. Precisa sim. O legal é quando conseguimos “amarrar as ideias” e não fragmentar nosso conhecimento.
 5Após ler essas noções, tem alguma que chama a sua atenção ou na qual você acredita? Reflita e discuta no fórum.
Diante de tantas noções, parece-nos certo que a tentativa de pensar uma definição única de “currículo” é bem difícil, não acha? Mas essa “dificuldade” em definir o currículo, já nos indica que o campo curricular deve ser considerado a partir das diversas teorias1 elaboradas por sociólogos, filósofos, pedagogos... Porém, podemos nos arriscar e dizer que o currículo2 pode ser entendido como uma seleção de conhecimentos extraídos de uma cultura mais ampla e que fundamenta qualquer sistema de ensino. Ele é gerado contendo todo o conhecimento social que foi selecionado e organizado. Mas...olha só! Esse currículo para “existir” precisa ser concretizado em tudo aquilo que for vivido, percebido e sentido no cotidiano escolar.
Entre as tarefas do educador, destacamos a sua contínua indagação: dentre tantas noções como devo conduzir minhas orientações e escolhas? Como devo olhar o currículo? Para pensarmos juntos, imaginei fazer com você uma “tarefa prática”. Vamos ao passo-a-passo?
1.    Leia atentamente cada uma das afirmativas acima expostas sobre a noção de currículo.
2.    Depois estabeleça um diálogo com cada uma delas perguntando:
	      Que tipo de sujeito essa noção pretender formar?
      Que tipo de sujeito precisamos formar?
      Qual a concepção de escola, de educador e do aprender ela pressupõe?
      Que tipo de sujeito temos e contatamos no dia-a-dia da escola?
      Essa noção “dá conta” dos sujeitos reais que temos na escola?
 
Você consegue perceber que essas são questões centrais quando pensamos na elaboração de um currículo?
Após essas discussões (espero que você esteja “linkado(a)” a mim), faz-se necessário ressaltar, que o conceito de currículo está relacionado com a concepção e o entendimento que temos  dos aspectos que envolvem a ideologia, a cultura e o poder. Sendo assim, o currículo não é apenas um documento que contempla várias disciplinas, pois precisa ser compreendido como um artefato histórico, social e pedagógico. O currículo é um campo permeado de ideologia3, cultura e relações de poder. Como podemos perceber o discurso e a construção curricular no Brasil não se deu sob uma única ideologia, mas com influência de tendências pedagógicas, objetivos e interesses diferentes. Um currículo não surge do nada, mas de uma necessidade social e principalmente econômica atrelada a um modelo de escola, de ensinar, de aprender, avaliar...
Complementando as afirmativas anteriores, Sacristán (2000), analisando o currículo como um projeto seletivo de cultura, nos situa frente a um contexto que serve como base para analisar a complexidade e qualidade da aprendizagem pedagógica que acontece nas escolas. De acordo com o autor, existem três grandes grupos de desafios ou elementos que estão sempre em interação recíprocas que concretizam a realidade curricular como cultura da escola.
   Aprendizagem dos alunos: está organizada tendo como referência um modelo ou projeto cultural de escola. Por essa razão é que o currículo é uma seleção de conteúdos culturais peculiarmente organizados e sistematizados no currículo.
   Modelo cultural de escola: a escola, como segmento da sociedade, submete-se às influências das condições políticas, administrativas e institucionais. A partir dessas influências ela institucionalmente organiza-se por uma série de regras que ordenam a experiência que os alunos e professores terão ao participar desse projeto.
   Currículo como seleção de um campo social: por trás de todo currículo existe, de forma explícita ou não, uma filosofia curricular que orienta teórica e metodologicamente a ação docente na escola.
É aqui que vou contextualizar as teorias do currículo1  (Teorias não-críticas, Teorias Críticas e Teorias Pós-críticas) dentro dos “percursos” que a História da Educação Brasileira e Filosofia da Educação construíram. Antes, é claro, explico a você que temos três grandes áreas teóricas nos estudos do campo curricular:
Lembra-se que no início dessa web eu havia dito “o campo curricular deve ser considerado a partir das diversas teorias elaboradas por sociólogos, filósofos, pedagogos”?. Porém, isso não quer dizer que todas as teorias educacionais e pedagógicas são necessariamente teorias do currículo. Pois bem. Essa será a nossa tarefa para fechar essa unidade: apresentar esse contexto. Para isso, planejei um quadro-resumo indicando as principais ideias. Muitas delas, você já conhece. O quadro fará apenas uma sistematização. Minha intenção é que você apenas situe-se, pois na teleaula iremos discutir mais detalhadamente, ok.
Observe atentamente o quadro. Quais tendências pedagógicas você já ouviu falar? Já estudou alguma mais detidamente? Analise como contextualizei as mesmas dentro das Teorias Curriculares. O importante é que você relacione tais tendências sobre a perspectiva dessas Teorias.
Quadro 1. Teorias Curriculares Não-Críticas ou Tradicionais.
Muitos autores também denominam as Teorias Curriculares não-críticas como Teorias Tradicionais do Currículo. Silva (2001)2  aponta que as tendências pedagógicas expostas são também teorias do currículo. Qual a razão dessa afirmação desse autor? Acontece que as preocupações voltadas para a organização escolar e ao “o que ensinar” já fazem parte da História da Educação3 .De um modo geral, as Teorias não-críticas ou tradicionais tinham como objetivo adaptar, ajustar e moldar o sujeito para que ele aceitasse a estrutura social, política e econômica vigente. A tarefa primordial do currículo era estabelecer as habilidades necessárias para que o sujeito adaptasse ao seu contexto de origem.
O quadro-resumo abaixo apresenta o contexto das Teorias Curriculares Críticas e Pós-críticas que abordam o currículo sem descuidar do seu contexto social, político e econômico. O estudo aprofundado dessas teorias acontecerá na teleaula, denunciam duramente as Teorias não-críticas, as quais pressupunham que o currículo é um instrumento neutro.
O multiculturalismo e suas teorias pós-críticas4 , implica basicamente a transição de uma cultura comum ou homogênea para culturas5 , visando a inclusão dos diversos segmentos sociais vistos como “minorias”, “excluídos”, “inferiorizados”, “diferentes”.
Vamos parando por aqui. Ficou alguma dúvida? Espero que sim!  Nossa discussão continua no Fórum. Até lá!
1Para complementar seus estudos e para que você possa realizar com sucesso nossas avaliações, acesse e leia a entrevista com Tomaz Tadeu da Silva em:
http://pt.scribd.com/doc/520271/Entrevista-Tomaz-Tadeu-da-Silva
Boa leitura. Acrescente no fórum sua "conversa" com Tomaz.
 
2SILVA, T.T.  Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
 
3Entre os exemplos temos o livro escrito por Comenius: Didactica magna. Na verdade, os estudos voltados especificamente ao campo do currículo originaram-se em países europeus e ganhou grande força no contexto norte-americano. Aqui no Brasil, os estudos e modelos curriculares norte-americanos tiveram (e tem ainda!) muita influência.
 
4No contexto educativo, a educação multicultural corresponde a uma ideia de que a educação liberta de preconceitos e promotora da diversidade cultural e do respeito aos grupos sociais, étnicos e sexuais, visa contribuir para mudanças estruturais e institucionais.
Nessa perspectiva critica, o que se propõe é a formação do educador  competente tanto para analisar criticamente a sua prática, com a intencionalidade de aprimorá-la e de desenvolver-se. Além disso, indica que o educador deve conscientizar os alunos acerca da diversidade cultural de nossa sociedade e incentivá-los a questionar as relações de poder envolvidas na construção da diversidade (MOREIRA, 2009).
 
5Outra leitura necessária...Texto: A recente produção científica sobre currículo e multiculturalismo no Brasil de Antonio Flavio Barbosa Moreira. Acesse em:
http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/275/27501807.pdf

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