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Adaptação na Escola Infantil
O período de adaptação é uma fase normalmente delicada e permeada por muita ansiedade, principalmente por parte dos pais que, por vezes, ficam em dúvida se o filho irá realmente se adaptar. 
 	 Para superar esta fase delicada, a família e a criança precisam contar com a experiência da escola lhes fornecendo o suporte necessário para que sejam capazes de ultrapassar as dificuldades que surgem nesta ocasião. Algumas escolas dispensam o período de adaptação, mas sua importância na Educação Infantil é inquestionável.
 Ao entrar na escola, um mundo novo e diferente se revela à criança que até então estava acostumada à rotina da sua casa e seus parentes mais próximos. A escola é, na maioria das vezes, o primeiro lugar da sociedade que ela frequentará “sozinha”, longe da companhia das pessoas com quem já tem um vínculo afetivo.
  A reação da criança ao entrar na escola dependerá muito das suas experiências anteriores. Aquela habituada a uma vida social mais intensa em contato com pessoas diferentes do seu convívio diário, provavelmente apresentará maior facilidade em adaptar-se. Em contrapartida, aquela acostumada apenas à companhia dos pais, precisará de mais tempo para se adaptar. 
  Sua reação dependerá também da segurança dos seus pais em confiá-las a esta nova realidade sob os cuidados dos professores. Segundo o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil, “a maneira como a família vê a entrada da criança na escola tem uma influência marcante nas reações e emoções da criança durante o período de adaptação” (RCN vol. 1: 80). 
  O período de tempo necessário para uma real adaptação varia de acordo com cada criança. Mas sempre tem uma relação direta com o grau de segurança que os pais depositam na sua capacidade de se libertar, e, na escola, de amá-la, guiá-la e protegê-la.
  Durante a primeira infância a criança ainda não compreende que permanecerá na escola algumas horas, e que em seguida, os pais irão apanhá-la. A sensação que a criança sente quando não visualiza os pais por perto é de abandono. Ela só compreenderá que os pais não desapareceram vivenciando a rotina de cada dia na escola, em que os vê partindo e chegando para buscá-la e ouvindo as explicações deles e de seus professores, clarificando a situação da criança no ambiente escolar.
  O vínculo da criança com os professores não se estabelece de imediato, ela precisa de um tempo de convivência para que este laço se concretize. Aos poucos, através do convívio diário, a criança vai estreitando o laço afetivo com o professor ao vivenciar os cuidados que tem com ela, a atenção que lhe dá e as atividades atrativas que propõe. Ela vai percebendo que o professor não lhe oferece perigo e que pode compartilhar seu dia ao lado de alguém que lhe transmite confiança. 
  A rotina da escola e a companhia de adultos e crianças que não conhece lhe causam estranheza. As situações são diferentes da sua casa onde as atenções estão totalmente voltadas para ela.
A todas estas novas situações, a criança poderá reagir por meio de atitudes de tristeza, choro, birra, irritação, falta de apetite, agitação durante o sono, entre outras, demonstrando seu desagrado, já que ainda não é capaz de compreender este novo mundo que lhe foi apresentado e se conformar com a ausência de alguém mais conhecido. Sua angústia, muitas vezes, não lhe permite experimentar as possibilidades oferecidas pela escola. 
  Da mesma forma que a criança, a família também passa por um conflito, ficando dividida entre compartilhar o amor da criança com os novos professores ou tê-la somente para si.  Entre proteger a criança do sofrimento da separação ou cortar o “cordão umbilical”, permitindo que ela supere a angústia com ajuda dos professores e se adapte a escola. Estes sentimentos confusos e de ansiedade podem ser transferidos para a criança, provocando nela uma sensação de incerteza que não coopera com a sua tranquilidade no novo ambiente.
  Como é um período delicado, é recomendado que a adaptação se dê de forma gradativa. A criança permanece na escola por um período breve que vai aumentando a cada dia conforme vai se adaptando. Isto permite que ela vá aos poucos estabelecendo um vínculo com os professores, compreendendo o funcionamento da rotina da escola e descobrindo todas as atividades interessantes que pode participar. Também ajuda para que ela compreenda que a escola é um lugar onde permanecerá apenas um período brincando para depois ser apanhada pelos pais para dormir em casa. 
  Caso tenham disponibilidade, os pais devem participar do período de adaptação “para que a criança possa enfrentar o ambiente estranho junto com alguém com quem se sinta segura” (RCN, vol.1: 82) e para isto devem se organizar com a ajuda da escola. “A presença de uma figura familiar à qual a criança seja fortemente apegada (a mãe, o pai ou quem cuidou dela) é certamente uma condição importante para que a criança aceite com alegria e curiosidade o novo ambiente e esteja disponível a estabelecer novos relacionamentos” (Mantovani e Terzi, in Bondioli e Mantovani, 1998: 176).
  Para cooperar com a adaptação, os pais devem permanecer preferencialmente em um ambiente onde não serão facilmente percebidos pelas outras crianças que não estejam na companhia dos seus, e, por este motivo possam sentir sua falta. Eles podem permanecer próximos ao seu filho alternando períodos onde se afastam um pouco mais, observando a reação da criança. Devem tomar cuidado para não intervir na dinâmica escolar. Quando forem chamados pelas crianças ou quando estas estiverem chorando devem atender ao seu pedido se aproximando e acalmando-a. Quando ela estiver mais tranqüila devem conduzi-la de volta ao grupo e aos professores, sem forçá-la a se aproximar, se esta não for a sua vontade. Ao perceberem que a criança está distraída brincando, podem ir se afastando permitindo que ela se acostume com a sua ausência. 
  Os pais devem estar cientes de que estão ali para cooperar com a adaptação e devem possibilitar o vínculo da criança com o professor. Por este motivo quando a criança fizer alguma solicitação, devem remetê-la aos professores para que ela possa perceber que naquele espaço, são eles os responsáveis. Por exemplo: se a criança estiver com sede e vier pedir água, eles poderão dizer: “Vamos pedir para o professor?” Assim, a criança vai percebendo que o funcionamento da escola é diferente do funcionamento de casa. Isto facilita o vínculo com os professores e deixa claro para a criança que o espaço não é dos pais e sim das crianças e seus professores. São eles que podem permitir o seu acesso a todos os brinquedos e materiais interessantes que existem na escola, assim como à satisfação das suas necessidades básicas. O papel dos pais é ir caminhando junto com seu filho, até que chegue o momento e deixá-lo sozinho. 
  Nestes primeiros dias os chamados “objetos de transição” podem ser utilizados para auxiliar a adaptação. Chupetas, cheirinhos, bichos de pelúcia, entre outros podem estar com a criança para que ela tenha a garantia de algo mais conhecido, o que diminui a angústia da separação. Eles servem de apoio para estabelecer novas relações. Aos poucos, à medida que a criança ganha confiança, estes objetos vão sendo naturalmente deixados de lado. Como objeto de transição também pode ser utilizado algum pertence dos pais, para que a criança sinta mais concretamente a presença deles.
  Com a ajuda de todos, a criança vai compreendendo que este mundo desconhecido da escola lhe proporciona alegria e satisfação, pela variedade de opções de descobertas e brincadeiras que estão a sua disposição.
  Os adultos muitas vezes pecam por acreditar que crianças desta idade pouco entendem e acabam suprimindo as informações que são essenciais para que ela compreenda uma situação. Desde o princípio os pais, mas também os professores deverão explicar para a criança sobre sua entrada na escola. É natural que mesmo desta maneira a criança ainda apresente resistência, mas a palavra do adultotem um peso importante na vida dela e logo ela aprenderá a acreditar ou duvidar no que dizem, conforme o comportamento dos adultos em relação a ela. Por este motivo não se admite que se utilize a mentira, porque depois de perdida a confiança, será difícil restabelecê-la. Falar sempre a verdade para que a criança continue confiando na palavra do adulto. Esta atitude coopera muito para a efetivação do vínculo e da confiança entre eles. 
  O período de tempo necessário para uma real adaptação varia de acordo com cada criança. Há as que não vão expressar o menor desconforto e há os casos mais especiais daquelas que necessitam de um tempo maior para se adaptarem. Isto não quer dizer que aquela criança que a princípio se demonstrou feliz e segura no ambiente escolar, não possa chorar depois de alguns dias. E também aquelas que resistiram no princípio, depois se adaptaram, podem também apresentar algumas recaídas, principalmente após os finais de semana e feriados prolongados.
Como os pais podem ajudar:
1- Explicando, antes de levar a criança para a escola, o que ela irá fazer lá. Que é um lugar para as crianças brincarem e aprenderem enquanto os pais trabalham. Que os professores tomam conta das crianças realizando muitas atividades diferentes como: levar ao parque, brincar na areia, de massinha, com tinta, e que lá ela ficará um período curto de tempo, que logo irão buscá-la para ir dormir em casa porque à noite ninguém fica na escola.
2 - Obedecendo à risca os horários estabelecidos pela escola desde o primeiro dia de aula até quando a criança permanecer na escola por todo período.
3- Evitando faltas nos primeiros dias, mesmo que a criança chore para vir à escola, pois a rotina lhe dará a segurança necessária para sua adaptação. Sendo firme e acalmando a criança ao dizer que ela irá para a escola porque tem aula e os professores e seus amigos estão esperando por ela e que alguns dias da semana não há aula e nestes, ela ficará em casa com os pais.
4- Seguindo as recomendações da escola, mesmo quando chegar a hora de ir embora deixando o filho aos prantos. Se isto acontecer, é porque os professores já sabem que o choro logo cessa, quando os pais não estiverem mais por perto. 
5- Evitando as mentiras. Quando estiverem indo embora, dizer a verdade. Enquanto estiverem aguardando uma eventual chamada em algum local da escola, informem seu filho que estão por perto se ele precisar. 
6- Permitindo que a criança traga um “objeto de transição” caso ela se demonstre muito angustiada pela sua ausência, até que os professores julguem necessário. 
7- Tecendo sempre comentários positivos em relação à escola, ao professor e seus colegas. Mesmo que ainda não fale corretamente, a criança entende perfeitamente o que os adultos falam e os comentários dos pais podem ou não ajudar na adaptação. Os comentários positivos levam a criança a se sentir segura de que esta escola foi escolhida porque seus pais julgam que é o melhor para ela. 
8- Evitando perguntar se a criança gostou do professor e da escola. Nos primeiros dias a criança ainda não é capaz de fazer este julgamento, mesmo porque ainda não tem qualquer laço afetivo com o professor e a escola que lhe permita responder que sim. Muito provavelmente ela responderá que “não”. Em vez disso, perguntar o que foi que ela fez na escola e tecer comentários tais como: “Tenho certeza que você deve ter feito coisas muito legais, como brincar no parque, lanchar, cantar, pintar e brincar”. No momento em os pais estão dizendo frases como estas, ela está imaginando tudo isso e começa a construir um conceito positivo da escola.
9- Evitando demonstrar-se aflito ou angustiado quando a criança chorar, negar-se a entrar ou não querer se aproximar de ninguém. Deixando-a ficar ao seu lado até que se acalme, aos poucos os professores conseguirão levá-la novamente para o grupo.
10- Dando um voto de confiança aos profissionais da escola. Um dos objetivos das escolas de Educação Infantil é que seus alunos sintam-se felizes no ambiente escolar, possam vivenciar um ambiente diferenciado e sintam-se seguros como se estivessem com sua própria família. Os pais precisam confiar que os profissionais que ali trabalham estão fazendo o melhor para que isto se realize o mais rápido possível.
AGORA VOCÊS JÁ ESTÃO PREPARADOS PARA COOPERAR CONOSCO PARA A INTEGRAÇÃO DO SEU FILHO À ESCOLA E, COM A SUA SEGURANÇA E O CARINHO DAS PROFESSORAS EM RECEBER O SEU FILHO, ESTE PERÍODO SERÁ MUITO TRANQUILO PARA TODOS NÓS. 
CONTEM CONOSCO PARA O QUE FOR NECESSÁRIO, POIS O NOSSO OBJETIVO É O MESMO DE VOCÊS: A FELICIDADE DOS NOSSOS PEQUENOS.
Texto de Mariliz Zanetti Ordine – Psicóloga (PUC) e Especialista em Educação Infantil (UFPR)

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