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e seja q “x2 é positivo”. Para mostrar que p1 → q é verdadeira, note que quando x é positivo, x2 é positivo, pois é o produto de dois números positivos, x e x. Para mostrar que p2 → q, note que, quando x é negativo, x2 é posi- tivo, pois é o produto de dois números negativos, x e x. Isso completa a demonstração. Solução: O problema com a demonstração que demos está no fato de não notarmos o caso x = 0. Quando x = 0, x2 = 0 não é positivo, portanto o suposto teorema é falso. Se p é “x é um número real”, então podemos demonstrar resultados em que p é a hipótese com três casos, p1, p2 e p3, em que p1 é “x é positivo”, p2 é “x é negativo” e p3 é “x = 0” uma vez que temos a equivalência p ↔ p1 ∨ p2 ∨ p3. ◄ Demonstrações de Existência Muitos teoremas são afirmações de que determinados objetos de certo tipo existem. Um teorema desse tipo é uma proposição da forma ∃x P (x), em que P é um predicado. Uma demonstração de uma proposição da forma ∃x P (x) é chamada de demonstração de existência. Existem muitos meios de demonstrar um teorema desse tipo. Às vezes, uma demonstração de existência de ∃x P (x) pode ser dada encontrando-se um elemento a tal que P (a) é verdadeira. Essas demonstra- ções de existência são chamadas de construtivas. Também é possível dar uma demonstração de existência que seja não construtiva; ou seja, não encontramos um elemento a tal que P (a) é verdadeira, mas podemos provar que ∃x P (x) é verdadeira de alguma outra maneira. Um método comum de fornecer uma demonstração de existência não construtiva é usar a demonstração por contradição e mostrar que a negação da quantificação existencial implica uma contradição. O conceito de demonstração construtiva de existência é ilustrado no Exemplo 10 e o conceito de não construtiva, no Exemplo 11. EXEMPLO 10 Demonstração de Existência Construtiva Mostre que existe um inteiro positivo que pode ser escrito como a soma de cubos de duas maneiras diferentes. Solução: Depois de considerável trabalho (tal como uma procura computacional), encontramos 1.729 = 103 + 93 = 123 + 13. Como mostramos um inteiro positivo que pode ser escrito como a soma de cubos de dois modos diferentes, está feito. ◄ EXEMPLO 11 Demonstração de Existência Não Construtiva Mostre que existem números irracionais x e y, tal que xy é racional. Solução: De acordo com o Exemplo 10 na Seção 1.6, sabemos que 2 é irracional. Considere o número 2 2 . Se ele é racional, temos dois números irracionais x e y com xy racional, ou seja, x = 2 e y = 2 . Por outro lado, se 2 2 é irracional, então podemos tomar x = 2 2 e y = 2 , logo xy = ( ) .( )2 2 2 22 2 2 2 2= = =⋅ Esta demonstração é um exemplo de demonstração de existência não construtiva, pois não encontramos números irracionais x e y, tal que xy é racional. No entanto, mostramos que ou o par x = 2 , y = 2 ou o par x = 2 2 , y = 2 tem a propriedade desejada, mas não mostramos para qual dos dois pares isso funciona! ◄ Demonstrações não construtivas de existência são delicadas, como o Exemplo 12 ilustra. EXEMPLO 12 Chomp é um jogo para dois jogadores. Nesse jogo, biscoitos são dispostos em uma grade retan- gular. O biscoito na ponta esquerda é envenenado, como mostra a Figura 1(a). Os dois jogadores fazem movimentos alternadamente, um tem de comer um biscoito restante, junto com todos os biscoitos à direita e/ou abaixo deste (veja a Figura 1(b), por exemplo). O perdedor é o jogador que não tiver escolha e tiver de comer o biscoito envenenado. Perguntamos se um dos dois joga- dores pode ter uma estratégia vencedora. Ou seja, pode um jogador sempre fazer movimentos que garantam a ele a vitória? Solução: Vamos dar uma demonstração de existência não construtiva de uma estratégia vencedo- ra para o primeiro jogador. Ou seja, vamos mostrar que o primeiro jogador tem uma estratégia vencedora sem descrevê-la explicitamente. Primeiro, note que o jogo tem um fim e não pode terminar empatado porque, com cada mo- vimento, ao menos um biscoito é comido; portanto, depois de m × n, o jogo chega ao fim, em Exemplos Extras Links 1-91 1.7 Métodos de Demonstração e Estratégia 91 92 1 / Os Fundamentos: Lógica e Demonstrações 1-92 que a grade original é m × n. Agora, suponha que o primeiro jogador comece o jogo comendo exatamente o biscoito no canto direito inferior. Existem duas possibilidades, esse é o primeiro movimento de uma estratégia vencedora para o primeiro jogador ou o segundo jogador pode fazer uma jogada que seja o primeiro movimento de uma estratégia vencedora para o segundo jogador. Nesse segundo caso, em vez de comer o biscoito no canto inferior direito, o primeiro jogador poderia ter feito o mesmo movimento que o segundo jogador fez como seu primeiro movimento de uma estratégia vencedora (e então continuar seguindo aquela estratégia vencedo- ra). Isso garantiria uma vitória para o primeiro jogador. Note que mostramos que uma estratégia vencedora existe, mas não especificamos uma tal estratégia. Conseqüentemente, a demonstração é não construtiva. De fato, ninguém foi capaz de descrever uma estratégia vencedora para o Chomp que se aplique para todas as grades retangula- res, e descreva os movimentos que o primeiro jogador deve seguir. No entanto, estratégias ven- cedoras podem ser descritas para determinados casos especiais, como quando a grade é quadrada e quando tem apenas duas linhas de biscoitos (veja os exercícios 15 e 16 na Seção 4.2). ◄ Demonstrações de Unicidade Alguns teoremas afirmam a existência de um único elemento com uma determinada propriedade. Em outras palavras, esses teoremas afirmam que existe exatamente um elemento com essa pro- priedade. Para demonstrar uma sentença desse tipo, precisamos mostrar que um elemento com essa propriedade existe e que nenhum outro elemento tem essa propriedade. As duas partes de uma demonstração de unicidade são: Existência: Mostramos que um elemento x com a propriedade desejada existe. Unicidade: Mostramos que se y x, então y não tem a propriedade desejada. Equivalentemente, podemos mostrar que se x e y têm ambos essa propriedade, então x = y. Observação: Mostrar que existe um único elemento x, tal que P (x) é o mesmo que demonstrar a sentença ∃x (P (x) ∧ ∀y (y x → ÿ P (y))). Vamos ilustrar os elementos de uma demonstração de unicidade no Exemplo 13. FIGURA 1 (a) Chomp, o Biscoito na Ponta Superior Esquerda é Envenenado (b) Três Movimentos Possíveis EXEMPLO 13 Mostre que se a e b são números reais e a 0, então existe um único número real r, tal que ar + b = 0. Solução: Primeiro, note que o número real r = −b/a é uma solução para ar + b = 0, pois a (−b/a) + b = −b + b = 0. Conseqüentemente, um número real r existe para o qual ar + b = 0. Esta é a parte de existência da demonstração. Segundo, suponha que s é um número real, tal que as + b = 0. Então, ar + b = as + b, em que r = −b/a. Subtraindo b de ambos os lados, encontramos ar = as. Dividindo ambos os lados dessa última equação por a, que não é zero, vemos r = s. Isso signifi ca que se s r, então as + b 0. Isso estabelece a parte da unicidade da demonstração. ◄ Estratégias de Demonstração Encontrar demonstrações pode ser um trabalho desafi ador. Quando você é confrontado com uma sentença para demonstrar, você deve primeiro substituir os termos por suas defi nições e, então, cuidadosamente analisar o que as hipóteses e a conclusão signifi cam. Depois disso, você pode ten- tar demonstrar o resultado usando um dos métodos de demonstração avaliados. Geralmente, se a sentença é uma sentença condicional, você deve primeiro tentar uma demonstração direta; se esta Links GODFREY HAROLD HARDY (1877–1947) Hardy, nascido em Cranleigh, Surrey, Inglaterra, foi o mais velho de dois fi lhos de Isaac Hardy e Sophia Hall Hardy. Seu pai era mestre em geografi a e desenho pela Escola