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Árabe I Professor: Marcos Daud E-mail: marcosdaud@gmail.com 1 Índice Introdução 1- O alfabeto árabe 2- As vogais em árabe 3- Letras especiais 4- Os sinais ortográficos 5- Acento e pronúncia 6- O artigo definido árabe 7- O gênero em árabe: feminino e masculino 8- Pronomes demonstrativos 9- Fazendo perguntas em árabe 10- Os pronomes pessoais de sujeito 11- Saudações e cumprimentos 12- Os pronomes possessivos 13- Tanwin ou nunação 14- A frase nominal 15- Preposições 16- Os países árabes 17- Adjetivo nisba 18- Os numerais cardinais 19- Bibliografia 20- Sites relacionados Anexo: Reportagem da Revista de História da Biblioteca Nacional – Julho 2009: “Árabes somos nós” – As origens que o Brasil desconhece 2 Introdução A língua árabe (ةَّيًب ىرىعٍلا يةىغُّملا- 'al-lughatu l-carabiyyah) pertence à família das línguas semíticas, assim como o hebraico, o aramaico, o amhárico (etíope) etc. Sendo o idioma oficial em 22 países do Norte da África e do Oriente Médio, é também uma das línguas que possui maior número de falantes. Constitui-se também na língua sagrada do Islã, tendo exercido notável influência sobre os idiomas de povos não árabes que adotaram esta religião (como os turcos, iranianos, paquistaneses, indonésios etc.) desde os primórdios de sua expansão, a partir do século VII. O próprio português, assim como o espanhol, sofreu considerável influência do árabe durante o domínio islâmico na Península Ibérica, incorporando em seu vocabulário centenas de palavras. Por razões de ordem histórica, social, geográfica e cultural, a língua árabe desenvolveu duas modalidades bem distintas de expressão (fenômeno denominado diglossia), as quais normalmente são objeto de estudo separado nos manuais e gramáticas de árabe: uma é o árabe clássico ou "literário", e a outra o árabe dialetal ou "coloquial". 1. O árabe clássico ou literário (ىىحٍصيفٍلا يةَّيًب ىرىعٍلا 'al-carabiyyatu l-fus-haa) é a forma erudita do idioma, padronizada na literatura árabe clássica e, incrementada ou "modernizada" em diversos aspectos, é hoje utilizada tanto nos meios acadêmicos, nos círculos literários e nas cerimônias de caráter solene e religioso, como nos meios de comunicação de massas (rádio, televisão, jornais e periódicos). O grau de domínio de um indivíduo (inclusive árabe) sobre essa forma de expressão depende dos seus estudos e da sua frequência nos meios em que é utilizada. 2. Como modalidade do árabe falado no dia-a-dia, em situações de informalidade, o árabe dialetal ou coloquial (ةَّيِّماىعٍلا يةَّيًب ىرىعٍلا- 'al-carabiyyatu l-caammiyya) aparece no ambiente familiar e nas conversas cotidianas, no comércio, na música, e, ao contrário da sua variante erudita, passa por constantes mudanças e adaptações, variando de país para país, de região para região. Como forma de expressão natural e apreendida desde a infância, é o árabe cuja proficiência depende, para os não naturais, principalmente da convivência e adaptação cultural do indivíduo. Apesar dessa diferenciação, claramente definida no aprendizado da língua, a realidade é que, no seu uso prático, ambas as formas de expressão se combinam, com preponderância ora da linguagem literária, ora da forma mais popular - de acordo com a necessidade de uma situação mais ou menos formal. O ideal para alguém que se proponha a uma experiência transcultural, com ênfase no contato e na convivência com um povo árabe, seria tanto o estudo do árabe clássico como do coloquial, a fim de que tenha acesso a todos os níveis de conversação. Por outro lado, àqueles que se interessam pela cultura árabe no seu aspecto religioso, literário, ou mesmo àqueles que desejam apenas entender o que lêem e escutam, o estudo do árabe clássico deve bastar. 3 Mapa 1: Regiões onde a língua árabe é o idioma oficial e é falado pela maioria da população (verde escuro) e regiões onde o árabe é falado por uma minoria (verde claro). Mapa 2: Os diferentes dialetos da língua árabe 4 1- O alfabeto árabe A escrita árabe baseia-se num alfabeto de 28 letras, que se escrevem da direita para a esquerda e se unem umas às outras dentro de uma mesma palavra (como as nossas letras "de mão"), assumindo formas ligeiramente diferentes de acordo com sua posição na palavra, quer seja inicial, medial, final ou isolada. Como nas demais línguas semíticas, o alfabeto árabe é formado exclusivamente por consoantes, ao passo que as vogais, quando precisam ser escritas, representam-se por meio de sinais diacríticos (escritos em cima ou embaixo das letras), que estudaremos na próxima lição. Vejamos, por hora, o alfabeto árabe em sua forma isolada. Letra Nome Transliteração خ khaa kh ح haa H ج jiim j ث thaa th ت taa t ب baa b ا álif a Letra Nome Transliteração ص saad S ش shiin sh س siin s ز zaay z ر raa r ذ dzaal dh د daal d Letra Nome Transliteração ق qaaf q ؾ faa f غ ghayn gh ع cayn c_ ظ zaa DH ط taa T ض daad D Letra Nome Transliteração ي yaa y و waaw w ه haa h ن nuun n م miim m ل laam l ك kaaf k Como foi dito acima, as letras árabes unem-se umas às outras, adquirindo formas diferentes de acordo com a posição em que se encontram na palavra. Os quadros a seguir mostram como fica cada uma das letras de acordo com a sua posição, seja ela isolada, inicial, medial ou final. 1º grupo Final Medial Inicial Isolada ـب ــبـ ـب ب تـ ـتـ ـت ت ثـ ـثـ ـث ث نـ ـنـ ـن ن يـ ـيـ ـي ي 5 2º grupo Final Medial Inicial Isolada جـ ـجـ ـج ج حـ ـحـ ـح ح خـ ـخـ ـخ خ 3º grupo Final Medial Inicial Isolada سـ ـسـ ـس س شـ ـشـ ـش ش 4º grupo Final Medial Inicial Isolada صـ ـصـ ـص ص ضـ ـضـ ـض ض 5º grupo Final Medial Inicial Isolada طـ ـطـ ـط ط ظـ ـظـ ـظ ظ 6º grupo Final Medial Inicial Isolada عـ ـعـ ـع ع ػـ ـؽـ ـؼ غ 7º grupo Final Medial Inicial Isolada ؾـ ـفـ ـف ؾ قـ ـقـ ـق ق 6 8º grupo Final Medial Inicial Isolada كـ ـكـ ـك ك لـ ـلـ ـل ل مـ ـمـ ـم م هـ (ligado) ه (não ligado) ـهـ ـه ه 9º grupo (só se ligam com a letra anterior) Final não ligada Final ligada Medial Inicial Isolada ا اـ اـ ا ا د دـ دـ د د ذ ذـ ذـ ذ ذ ر رـ رـ ر ر ز زـ زـ ز ز و وـ وـ و و فيرامىت - Exercícios 1. Copie em seu caderno cada uma das 28 letras do alfabeto árabe, escrevendo-as nas formas isoladas e ligadas, observando o exemplo a seguir: ببب = ب + ب + ب 2- Ligue as letras abaixo: _______________________________________ =م + ث + ت + ب _______________________________________ =ب + م + ث + ت _______________________________________ =ت + ب + م + ث _______________________________________ =ث + ت + ب + م ___________________________________________ = ج +ح +خ ___________________________________________ = ح +خ +ج 7 ح+ ج+ خ = ___________________________________________ ش+ س+ ش+ س = ______________________________________ س+ ش+ س+ ش = ______________________________________ ض+ ص+ ض+ ص = ____________________________________ ص+ ض+ ص+ ض = ____________________________________ ظ+ ط = _______________________________________________ط+ ظ = _______________________________________________ غ+ ع+ غ+ ع = _______________________________________ ع+ غ+ ع+ غ = _______________________________________ ؽ+ ؼ+ ؽ+ ؼ = ______________________________________ ؼ+ ؽ+ ؼ+ ؽ = ______________________________________ ه+ ـ+ ؿ+ ؾ = ________________________________________ ؾ+ ه+ ـ+ ؿ = ________________________________________ ؿ+ ؾ+ ه+ ـ = ________________________________________ ـ+ ؿ+ ؾ+ ه = ________________________________________ ك+ ز+ ر+ ذ+ د+ ا = ___________________________________ :sarvalap odnamrof ,riuges a sartel sa eugiL .3 م+ س+ ر+ ؾ =_______________________________________ ر+ ا+ ت+ ؼ+ ـ = _____________________________________ ؽ+ ك+ د+ ف+ ص = ____________________________________ ف+ ك+ م+ ز+ ؼ+ م+ ؿ+ ت =__________________________ ؿ+ ا+ ز+ ؿ+ ز =______________________________________ ب+ ؿ+ ؾ =___________________________________________ 8 ___________________________________________= ؽ +ؿ +ب ____________________________________= ص +ا +ب +ك +ف 4. Desmembre as letras das palavras a seguir, escrevendo-as em sua forma isolada: _____________________ تيب _____________________ تنب ___________________ دلك _________________ سكماق _________________ ؽيدص ___________________ ديس __________________ جكزتم __________________ رشكم 9 2- As vogais em árabe Como vimos no alfabeto, o árabe é essencialmente consonantal. Porém, 3 consoantes foram transformadas em vogais longas: ا ك م a longo u longo i longo Ex.: اب /ba:/ ou /baa/ كب /bu:/ ou /buu/ يب /bi:/ ou /bii/ Paralelamente a essas 3 vogais longas existem 3 vogais que possuem o mesmo som das longas sendo, porém, breves. As vogais breves não são letras nem constam no alfabeto; são sinais diacríticos (ou acentos) que se colocam em cima ou embaixo das consoantes. Logo, as 3 vogais breves correspondentes às vogais longas são: َى َي ًَ Fatha (a breve) Damma (u breve) Kasra (i breve) Ex.: ىب /ba/ يب /bu/ ًب /bi/ Consoantes com vogais longas Consoantes com vogais breves يب /bi:/ كب /bu:/ اب /ba:/ ًب /bi/ يب /bu/ ىب /ba/ يت /ti:/ كت /tu:/ ات /ta:/ ًت /ti/ يت /tu/ ىت /ta/ يث /thi:/ كث /thu:/ اث /tha:/ ًث /thi/ يث /thu/ ىث /tha/ يج /ji:/ كج /ju:/ اج /ja:/ ًج /ji/ يج /ju/ ىج /ja/ يح /Hi:/ كح /Hu:/ اح /Ha:/ ًح /Hi/ يح /Hu/ ىح /Ha/ يخ /khi:/ كخ /khu:/ اخ /kha:/ ًخ /khi/ يخ /khu/ ىخ /kha/ 10 مد /di:/ كد /du:/ اد /da:/ ًد /di/ يد /du/ ىد /da/ مذ /dhi:/ كذ /dhu:/ اذ /dha:/ ًذ /dhi/ يذ /dhu/ ىذ /dha/ مر /ri:/ كر /ru:/ ار /ra:/ ًر /ri/ ير /ru/ ىر /ra/ مز /zi:/ كز /zu:/ از /za:/ ًز /zi/ يز /zu/ ىز /za/ يس /si:/ كس /su:/ اس /sa:/ ًس /si/ يس /su/ ىس /sa/ يش /shi:/ كش /shu:/ اش /sha:/ ًش /shi/ يش /shu/ ىش /sha/ يص /Si:/ كص /Su:/ اص /Sa:/ ًص /Si/ يص /Su/ ىص /Sa/ يض /Di:/ كض /Du:/ اض /Da:/ ًض /Di/ يض /Du/ ىض /Da/ يط /Ti:/ كط /Tu:/ اط /Ta:/ ًط /Ti/ يط /Tu/ ىط /Ta/ يظ /DHi:/ كظ /DHu:/ اظ /DHa:/ ًظ /DHi/ يظ /DHu/ ىظ /DHa/ يع / c i:/ كع / c u:/ اع / c a:/ ًع / c i/ يع / c u/ ىع / c a/ يغ /ghi:/ كغ /ghu:/ اغ /gha:/ ًغ /ghi/ يغ /ghu/ ىغ /gha/ يف /fi:/ كف /fu:/ اف /fa:/ ًؼ /fi/ يؼ /fu/ ىؼ /fa/ يق /qi:/ كق /qu:/ اق /qa:/ ًؽ /qi/ يؽ /qu/ ىؽ /qa/ يك /ki:/ كك /ku:/ اك /ka:/ ًؾ /ki/ يؾ /ku/ ىؾ /ka/ 11 يل /li:/ كل /lu:/ لا /la:/ ًؿ /li/ يؿ /lu/ ىؿ /la/ يم /mi:/ كم /mu:/ ام /ma:/ ًـ /mi/ ـي /mu/ ـى /ma/ ين /ni:/ كن /nu:/ ان /na:/ ًف /ni/ يف /nu/ ىف /na/ يى /hi:/ كى /hu:/ اى /ha:/ ِه /hi/ ِ ه /hu/ ِه /ha/ مك /wi:/ كك /wu:/ اك /wa:/ ًك /wi/ يك /wu/ ىك /wa/ يي /yi:/ كي /yu:/ اي /ya:/ ًم /yi/ يم /yu/ ىم /ya/ فيرامىت - Exercícios 1. Transcreva as palavras a seguir em caracteres latinos, conforme o exemplo: /kursy/ = يك ًسري ___________________ = ًم ىتفرا __________________ = يص يدنؽك __________________= ًت ًفيم ًزفكي ___________________= ًز ىزلؿا ___________________= ىكبم ___________________= ىقبم _________________= ىص ًدؽي 2. Escreva em árabe as palavras transcritas abaixo, conforme o exemplo: /qalam/ = ـىمىق /falak/ = _________________________________ /c ayn/ = _________________________________ /dhahab/ = _______________________________ /bayt/ = _________________________________ /bint/ = _________________________________ /kita:b/ = ________________________________ /Ta:lib/ = ________________________________ /jamal/ = ________________________________ 12 3- Letras especiais 3.1- Laam alif لا e لاػ O laam seguido de álif assume a forma especial chamada laam álif. Esta forma não se liga à letra posterior, escrevendo-se لا na forma isolada e لاػ quando ligada à letra anterior. Ex.: بلايط = alunos دلاىكىأ = crianças 3.2- TaamarbuuTa A letra ta ت, além das formas apresentadas no alfabeto, possui uma forma variante chamada taa marbuuTa ة. Representa foneticamente o “t” comum e gramaticalmente indica em grande parte o gênero feminino dos nomes em árabe. Ex.: ةَسَرْدَم escola ِرَجةَدي jornal O ة aparece geralmente em final de palavras, tomando a forma do ه final, porém com 2 pontos sobre ela. A consoante que o preceder levará vogal fatha. َةـ (ligado) ة َـ (não ligado) Na pausa ou em vocábulos isolados pronuncia-se brevemente ou apenas com som de /a/. Todavia, seguindo de pronome sufixo (explicado mais à frente), torna-se t comum. ٍد ىم ىرةىس = م + ٍدىم ىر ىسيت ًر ىج ىدي = ىؾ + ة ًر ىج ىدي ىؾيت 3.3- Álif maqSuura ى A letra ي sem os pontos pode aparecer no final de algumas palavras e recebe o nome especial de alif maqSuura, isto é, álif de som reduzido. Esta letra ocorre apenas no final das palavras e existe devido a razões de origem etimológica. Da mesma forma que no ة, a consoante que a preceder levará sempre a vogal fatha. َىلَع sobre ىَمَر arremessar َىفَْشتْسُم hospital َىفَطْصُم Mustafá; o eleito, o escolhido O ى, ao receber um pronome sufixo, transforma-se em álif normal ou yaa, de acordo com a sua derivação etimológica. ُهاَمَر = ُه + ىَمَر َكيِلإ = َك + ىلإ 13 3.4- Hamza ء É um pequeno sinal que indica uma pronúncia glotal. Pode vir no início, meio ou final das palavras, tendo regras específicas para cada posição. a) Em início de palavras, o hamza só aparece sob o suporte da letra álif. Pode vir em cima e receber as vogais fatha ىأ ou damma يأ ou vir embaixo e receber a vogal kasra ًإ. ٌـيأ mãe ذاتٍسيأ professor ىفيىأ onde? رىبٍكىأ o maior ـلاٍسًإ Islã فاريًإ Irã b) No meio de palavras, o hamza pode ter o suporte não só do álif como também de ي e و. Porém, quando o ي serve de suporte para ohamza, ele perde seus dois pontos. ىأ ؤ ئ ٍتىلىأىس ela respondeu ؿاؤيس questão ةئٍيىى Organização ر ِّخىأىتيم atrasado ثَّنىؤيم feminino رئًب bem c) Quando o hamza aparece no meio de palavras, após a letra و como vogal longa ou após o álif com som de /a/, ele fica sem suporte de nenhuma letra. ىؿىءاىت ele perguntou ةىءكريم valor d) No final de palavras, o hamza pode vir: sem nenhum suporte, se precedido de vogal longa: ءكديى calma ءانيم porto ءمرىب livre sem nenhum suporte, se precedido de consoante com sukuun ْـ : ءٍبًع carga, fardo ءٍيىش coisa ءٍذ يج parte, divisão com suporte de ا , ك ou م se vier precedido de vogais breves correspondentes à essas letras: ؤُّبىنىت profecia ئًفاد quente أ ىدٍب ىم princípio 14 4- Os sinais ortográficos 4.1- Sukuun ﹿ É um minúsculo zero que se coloca em cima das consoantes para indicar que estas não possuem vogal breve. A letra que levar sukuun formará sílaba com a anterior. lição darsu يسٍرىد 4.2- Shadda ﹽ É um sinal parecido com um minúsculo w que se coloca sobre as consoantes, fazendo com que estas fiquem dobradas ou geminadas. mãe ‘umm ٌـيأ 4.3- Alif madda ﺁ Equivale, aproximadamente, à crase em português, sendo o resultado da contração de um hamza vocalizado em fatha com um álif. Tem a mesma duração de tempo na fala do álif e pode aparecer no início, meio ou final das palavras. يؿيكآ (eu como) فآريقلا (Alcorão) 4.4- WaSla ﭐ É um pequeno sinal parecido com o “Sad” inicial que se coloca somente sobre o álif no início da palavra, em substituição ao hamza de separação, indicando, assim, a elisão de sua vogal, de modo que os dois vocábulos se pronunciam como se fossem uma só palavra. Denomina-se hamza(t) aluaS, isto é, hamza de ligação. a porta da casa ba:bulbayti يبابﭐ ًتٍيىبٍل 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 5. Acento e pronúncia Não existem sinais gráficos para indicar o acento tônico das palavras em árabe. Dividindo-se em sílabas, pode-se determinar onde o acento cairá. As palavras constituem-se de 2, 3 ou 4 sílabas, podendo ser divididas em breves ou longas. A breve consiste em consoante + vogal breve; a longa em consoante + vogal longa, sendo que ambas as sílabas podem vir acompanhadas por uma consoante “sukunada”. REGRAS: I- Em duas sílabas breves, a tônica é a penúltima e, em três ou quatro, é a antepenúltima. Tradução Transcrição Palavra lição darsu يسٍرىد ele viu ra’a لىأىر ele escreveu kataba ىبىتىك degrau darajatu ية ىجىرىد os livros dele kutubuhu يويبيتيك ele partiu ‘intalaqa ىؽىمىطٍنًإ II- As letras dobradas devem ser destacadas, mas sem serem alongadas, mesmo que as preceda uma sílaba longa. fazer escrever kattaba ىبَّتىك rapaz sha:bbu ُّباش III- Na pausa, a acentuação final pode ser omitida, assim como o dobramento final. casa baytu bayt يتٍيىب تٍيىب doméstico bayti:u bayti: ُّيتٍيىب ٌيتٍيىب 44 IV- A sílaba longa pode ser estendida à vontade. apóstolo rasu:lu يؿكسىر carros say:a:ratu يتاراٌيىس V- O acento nunca cairá na última sílaba, mesmo que esta seja longa (incluindo os casos e finais de verbos), com exceção dos duais, mas cairá na penúltima ou antepenúltima. meu livro kita:bi: يباتًك meus livros kutubi: يبيتيك eles escreveram katabu: اكبىتىك VI- O acento nunca cairá no artigo determinado “al”, pois trata-se de elemento separável da palavra. 45 6- O artigo definido árabe O artigo definido para todos os gêneros, números e casos é ؿىأ (o, a, os,as). É escrito ligado ao nome. باتًك - باتًكٍلىأ Porém, ao utilizar o artigo ligado a um nome, deve-se considerar a divisão das letras do alfabeto árabe em 14 lunares e 14 solares. Letras lunares: não causam nenhuma alteração quando ligadas ao artigo e o lam é pronunciado normalmente. ب أ م ك ق ـ ؾ ؽ ؼ غ ع خ ح ج camelo jamalu يؿىم ىج o camelo al-jamalu يؿىم ىجٍلىأ Chamam-se lunares porque fazem parte do grupo da letra “qaf”, que inicia a palavra qamar (lua). Letras solares: quando o palavra a ser determinada é iniciada por uma consoante dita solar, o lam do artigo perde o sukuun e não é pronunciado, assimilando-se à consoante solar, a qual recebe o sinal shadda ﹽ ِ ف ؿ ظ ط ض ص ش س ز ر ذ د ث ت rio nahru يرٍيىن o rio annahru يرٍيَّنلىأ Chama-se solares porque fazem parte do grupo da letra “shin”, que inicia a palavra shams (sol). Exercício: Determine as palavras a seguir com o artigo definido, observando se a letra inicial é lunar ou solar. ٌر ىض (dano,prejuízo) ٌدىسىأ (leão) باغيض (uivo do lobo) ساٍجًإ (pera) 46 فكي ىض (gato) فيذيأ (orelha) بىمىط (pedido) بىدىأ (educação,cultura,literatura) بًلاط (aluno) تٍيىب (casa) دارًط (caça) ؿاقيتٍريب (laranja) ٌؿًظ (sombra) ضٍيىب (ovo) ىأ ىمىظ (sede) فكيزًفًمًت (telefone) ةَّميظ (toldo) حافيت (maçã) فيىع (olho) جات (coroa) بىنًع (uva) جٍمىث (gelo) دكماع (poste) رٍكىث (touro) بًلاغ (vencedor) ـكث (alho) ءارٍب ىغ (terra, solo) سىرىج (sino) ةىفاَّرىغ (garrafa) بًراىك ىج (meias) ؾىمىف (constelação) ؿىم ىج (camelo) شًئاف (fanfarrão) ةىمًفاح (ônibus) ة ىحاَّتىف ةَّي ىح 47 (saca-rolhas) (cobra) بٍمىق (coração) فاصًح (cavalo) ـىمىق (caneta) ـًتاخ (anel) ةىمًباىق (parteira) ةىمًداخ (empregada doméstica) بٍمىك (cachorro) ٌمركيد (animal doméstico) ءيًفىك (par) رىتٍفىد (caderno) باتًك (livro) راد (lar) حٍكىل (quadro) بىىىذ (ouro) ةىداَّبيل (gorro) ةىناَّبيذ (mosca) فىبىل (coalhada) ركرىذ (pó) بكتٍكىم (destino) كيًدار (rádio) حاتٍفًم (chave) بًىار (monge) ٌثىم (suor) ٌبير (compota,doce de fruta) ؿًدان (garçom) ؿازٍلًز (terremoto) دًقان (crítico) ةىيناز (adúltera) ذيبىن (vinho) فكبىز (cliente, freguês, amante) 48 ؼًتاى (telefone) ؿًحاس (litoral,praia) ةىبٍديى (cílio) ةىعاس (hora, relógio) ٌيقكطٍرىى (herege) ة ىحٍبىس (pântano) ؽىرىك (papel) سٍمىش (sol) حاك (oásis) بًراش (bigode) ثًراىك (herdeiro) كبٍماش (xampu) ةىطًفاىي (placa) ؽكدٍن يص (baú) ـامىي (pombo) ةىكٍب ىص (paixão juvenil, desejo ardente) سابىي (seca) ٌيًف يحيص (jornalista) 49 7- O gênero em árabe: feminino (ثَّنيؤيم) e masculino (رَّكىذيم) Os substantivos e adjetivos em árabe sempre têm um gênero definido, podendo ser masculino ou feminino. O árabe distingue duas categorias de substantivos: aqueles que se referem a seres humanos e aqueles que se referem aos não-humanos. O gênero dos substantivos humanos, tais como ذاتسأ ou ةىبًحاص, incluindo nomes próprios, como ايم e ديمحىم, segue o sexo da pessoa. Na categoria de objetos inanimados, cada substantivotem o seu próprio gênero, que não muda. Vale lembrar que uma palavra feminina em árabe não necessariamente será feminina em português e vice- versa. Não existe gênero neutro em árabe; você sempre terá de se referir a uma palavra em árabe usando “este” ou “esta”, “ele” ou “ela”, “aquele” ou “aquela”, dependendo do gênero do substantivo a que você estiver se referindo. O gênero da palavra deve ser aprendido, porém a forma da própria palavra quase sempre indica se ela é masculina ou feminina. A letra que determina o gênero feminino na grande maioria das palavras em árabe é ة. É importante prestar atenção ao gênero dos substantivos, pois adjetivos, pronomes e verbos que se referem a esses substantivos devem concordar em gênero com eles. professora ةىسِّرىديم escritora ةىبًتاك Há nomes femininos que não provêm do masculino. tribunal ةىمىكٍحىم paraíso ةَّن ىج Há alguns nomes femininos terminados em ل, ءا e ا. lembrança لىرٍكًذ amarela ءارٍف ىص mundo اينيد São femininos os nomes que indicam partes ou membros duplos do corpo: olho فيىع 50 mão دي orelha فيذيأ pé ؿٍجًر Consideram-se alguns nomes femininos por conta do seu significado: mãe ٌـيأ irmã تٍخيأ noiva سكرىع Alguns nomes são femininos por convenção: fogo ران sol سمىش São femininos os nomes de cidades: Beirute تكرٍيىب Damasco ؽشىمًد Cairo ةىرًىاقٍلا Há alguns nomes que podem ser femininos e masculinos. caminho ؽيرىط alma حكر 51 Exercícios 1- Reescreva as palavras a seguir no feminino (ثَّنيؤيم), traduzindo-as para o português: دىل ىك (menino) دًلاك (pai) ؿىمٍرىأ (viúvo) ٌـ ىع (tio paterno) بًحاص (namorado) ؿاخ (tio materno) ٌبىأ (pai – papai) ٌد ىج (avô) فٍبًإ (filho) ديف ىح (neto) ٌخىأ (irmão) دٌيىس (senhor) ؿيجىر (homem) جٍك ىز (marido) بٌيطىخ (noivo) ؽَّمىطيم (divorciado) 2- Reescreva as palavras a seguir no masculino (رَّكىذيم) e traduza-as para o português: ةىميٍكىط (longa) ةىريبىك (grande) ةىفيطىل (gentil) ةىميم ىج (bonita) ة ىضيرىم (doente) ةىديد ىج (nova) ةىناعكج (faminta) ةىريغ ىص (pequena) ةىنلاعىز (triste) ةَّيب ىرىع (árabe) 52 3- Associe os substantivos da 1ª coluna com os adjetivos da 2ª, respeitando a concordância de gênero entre eles. ةىنلاعىز ( ) ةىراٍيىس (1) ؿيٍكىط ( ) ةىبًلاط (2) ةَّيب ىرىع ( ) تٍيىب (3) ةىريبىك ( ) تٍنًب (4) ؼيطىل ( ) عًراش (5) ريغ ىص ( ) ؿيجىر (6) Vocabulário extra ةىرٍسيأ (família próxima e imediata: pais e irmãos) ةىمًئاع (família completa: pais, irmãos, avós, tios, primos e cunhados) ةىسًنآ (senhorita) كم ىح (sogro/sogra) 53 8- Pronomes demonstrativos Os pronomes demonstrativos podem ser de proximidade ou de afastamento e podem assumir a função de sujeito ou predicado na frase. Devem concordar em gênero com o ser/objeto a que se referem. Pronomes demonstrativos de afastamento Pronomes demonstrativos de proximidade ىؾًلىذ (aquele) اذىى (este/esse) ىؾٍمًت (aquela) ًهًذىى (esta/essa) Exemplos: . اذىى هدىل ىك (Este é um menino.) ... يدىل ىكٍلىأ اذىى (Este menino...) . ًهًذىى ًب هتٍن (Esta é uma menina.) ... ًهًذىى ًبٍلىأ يتٍن (Esta menina...) . ىذ ىؾًل هباتًك (Aquilo é um livro.) ... ىذ ىؾًل يباتًكٍاىأ (Aquele livro...) . ىؾٍمًت هةىلًكاط (Aquilo é uma mesa.) ... ىؾٍمًت يةىلًكاٌطلىأ (Aquela mesa...) Observações: 1) Note que o ser/objeto ao qual o pronome demonstrativo se refere pode estar determinado por artigo ou não e, dependendo disso, teremos estruturas diferentes com significados também diferentes. 2) Embora tenhamos pronomes demonstrativos especificamente masculinos e femininos, na tradução para o português, por exemplo, isso pode se alterar, fazendo com que um pronome masculina seja traduzido como feminino. Isso acontece porque palavras masculinas em árabe não necessariamente serão masculinas em português e vice-versa. .ةىراٍيىس ًهًذىى (Feminino em árabe) Este/isto é um carro. (Masculino em português) 54 9- Fazendo perguntas em árabe O árabe possui dois tipos básicos de perguntas: questões que exigem uma resposta “sim” ou “não”; questões que requerem uma informação sobre quem, o que, quando, por que e como. 9.1- Perguntas cujas respostas são sim ou não Há perguntas que exigem como resposta ـىعىن (sim) ou لا (não). O árabe forma questões usando a mesma ordem das palavras e estrutura, modificando apenas a entonação, como fazemos no português. No árabe falado, tais perguntas são formuladas variando a entonação, de acordo com a região. Já no árabe formal, questões de sim/não são introduzidas pela partícula interrogativa ؿىى, que não tem tradução em português. ؟ةَّيرٍصًم ايم ؟ةَّيرٍصًم ايم ؿىى . َّيرٍصًم ايمة ؟ةىبًلاط ًتٍنىأ ؟ةىبًلاط ًتٍنىأ ؿىى .ةىبًلاط ًتٍنىأ 9.2- Perguntas de informação Estas questões servem para obter uma informação específica e, para realizá-las, utiliza-se das seguintes partículas interrogativas: O quê? (em questões sem verbos) ؟ام O quê? (em questões com verbos) ؟اذام Qual? ؟ ٌّمىأ Quem? ؟ٍفىم Onde? ؟ ىفٍيىأ Como? ؟ ىؼٍيىك Quando? ؟ىَّتىم Quanto? ؟ ٍـ ىك 55 A seguir têm-se algumas preposições que são muito usadas em perguntas: com ىعىم em يف de (origem) ٍفًم para ىلًإ Alguns exemplos de vários tipos de perguntas em árabe: O que é isso? (masculino) ؟اذىى ام O que é isso? (feminino) ؟ًهًذىى ام O que Maha estuda? ؟ايم يسيرٍدىت اذام Em qual universidade Maha estuda? ؟ايم يسيرٍدىت ةىعًماج ِّمىأ يف Com quem Maha estuda? ؟ايم يسيرٍدىت ٍفىم ىعىم Quem é ela? ؟ ىيى ٍفىم Onde mora Maha? ؟ايم يفوكٍسىت ىفٍيىأ De onde você é? ؟تٍنىأ ىفٍيىأ ٍفًم Como dizemos? ؟يؿكقىن ىؼٍيىك Como estão as coisas? ؟ؿاحلا ىؼٍيىك Exercícios de diálogo: Objetos na sala de aula ؟ًهًذىى ام؟ ىؾٍمًتام ؟ ىؾًلىذ ام ؟اذىى ام هةىلًكاط (mesa) هرادًج / هطًئاح (parede) هةىذًفىن (janela) هرىتٍفىد (caderno) 65 لىٍمبىةه )adapmâl( ًكتابه )orvil( كىرى قىةه )lepap( قىمىـه رىصاصه )sipál( ًمٍمحاةه )ahcarrob( طىٍبشكره )zig( ًمٍبراةه )rodatnopa( كيٍرسيه )ariedac( 57 10- Os pronomes pessoais de sujeito Os pronomes pessoais podem servir como sujeito da oração nominal, ou como elemento disjuntivo (separando e distinguindo) entre um sujeito e um predicado determinados. Na oração verbal, empregam-se apenas para ênfase do sujeito. Dual Plural Singular - يفٍحىن Nós انىأ Eu اميتٍنىأ Vocês dois ٍـيتٍنىأ Vocês (masculino) ىتنىأ Você (masculino) اميتٍنىأ Vocês duas َّفيتٍنىأ Vocês (feminino) ًتنىأ Você (feminino) اميى Eles dois ٍـيى Eles ىكيى Ele اميى Elas duas َّفيى Elas ىيًى Ela 58 11- Saudações e cumprimentos ! ىحاب ىص ركُّنلا (Bom dia!) resposta ! ىحاب ىص رٍي ىخٍلا (Bom dia!) durante a manhã ! نلاٍىىأ نلاٍيىس ىك (Seja bem vindo!) ! ٍـ يكيرايىن ديعىس (Bom dia!) a partir das 12h até as 18h ! ىءاسىم ركُّنلا (Boa noite!) resposta ! ىءاىسىم رٍي ىخٍلا (Boa noite!) ! ناب ىحٍرىم (Oi! Olá!) ! نلاٍىىأ (Oi! Olá!) ! انىأ رٍي ىخًب (Estou bem!) ىؼٍيىك ؟ؾيلا ىح (Como você está?) !انرٍكيش (Obrigado!) ! انرٍكيش نلايز ىج (Muito obrigado!) ! ٍفًم ؾًمٍصىف (Por favor! Por gentileza!Com licença!) !انكفىع (De nada! Desculpe!) !انٍف َّرىشىت (Prazer em conhecê-lo/la!) !ؿَّضىفىت (Tenha a bondade! Por gentileza!) ام ًا؟ ىؾيمٍس (Qual o seu nome?) para homens ام ًا؟ًؾيمٍس (Qual o seu nome?) para mulheres ! ىىلًإ ءاقِّملا (Até logo!) ... انىأ يًمٍسًا (Meu nome é...) ! ٍـلاىس (Tchau!) ! ىعىم ةىملاَّسلا (Até logo!) ! ـى يكٍيىم ىع ـلاَّسلا (Que a paz de Deus esteja contigo!) Resposta ! ـيلاَّسلا ٍـيكٍيىم ىع (Que a paz de Deus esteja contigo!) Saudação islâmica 59 12- Os pronomes possessivos Os possessivos possuem a forma de sufixos e são derivados dos pronomes pessoais. Quando sufixados a um nome (substantivo ou adjetivo) correspondem aos nossos possessivos de fato. Plural Singular انيػ ( يفٍحىن) nosso, nossa يًػ (انىأ) meu,minha ـيكيػ( ٍـيتٍنىأ) vosso, vossa, de vocês ىؾيػ ( ىتنىأ) seu, sua (masculino) ًؾيػ ( ًتنىأ) seu, sua (feminino) ـيييػ ( ٍـيى) deles, delas يويػ ( ىكيى) dele ( ىيًىاييػ ) dela Exemplos: انيت ىراٍيىس (nosso carro) يًتىراٍيىس (meu carro) انيتيىب (nossa casa) يًتيىب (minha casa) ٍـ يكيت ىراٍيىس (vosso caro, carro de vocês) ىؾيت ىراٍيىس (seu carro) ـيكيتيىب (vossa casa, casa de vocês) ىؾيتيىب (sua casa) ًؾيت ىراٍيىس (seu carro) ًؾيتيىب (sua casa) ٍـيييت ىراٍيىس (carro deles) يويت ىراٍيىس (carro dele) ـيييتيىب (casa deles يويتيىب (casa dele) اييت ىراٍيىس (carro dela) اييتيىب (casa dela) Observação: Ao acrescentar um pronome sufixo em palavra terminada por ة, este se transforma em ت para receber o sufixo. 60 13- Tanwin ou nunação / Os casos em árabe = Posição sintática na oração são marcados no final da palavra, na última letra; Genitivo (Objeto indireto, adjunto adnominal ou adjunto adverbial) Som: “ i ” ِ Acusativo (Objeto direto) Som: “a” ِ Nominativo (Sujeito/predicativo do sujeito) Som: “u” ِ ًبًلاٌطلىأ ىبًلاٌطلىأ يبًلاٌطلىأ ًةىبًلاٌطلىأ ىةىبًلاٌطلىأ يةىبًلاٌطلىأ nos exemplos acima, a tradução da palavra dada é “o aluno”ِna 1ª linha e “a aluna” na 2ª linha; o que muda em cada coluna é a sua função sintática, a qual vai variar de acordo com o acento final da palavra; os acentos de caso são duplicados quando queremos INDETERMINAR os nomes; é a ocorrência do chamado tanwin ou nunação: Tanwin em Kassra ou Kassratan Som: “in” ٍ Tanwin em Fatha ou Fathatan Som: “an” ٍ نا Tanwin em Damma ou Dammatan Som: “un” ٍ وبًلاط ًابِلاط * هبًلاط وةىبًلاط نةىبًلاط هةىبًلاط as traduções das palavras são “um aluno” na 1ª linha e “uma aluna” na 2ª. Novamente, o que muda em cada coluna é a função sintática de cada palavra. Note que um nome, ao ser indeterminado, deve perder o artigo definido. 61 * Obs.: Note que ao ocorrer a nunação em fatha (acusativo/objeto direto), a palavra ganhou um álif ortográfico após a letra final. É obrigatório acrescentar esse álif ortográfico quando ocorrer tanwin em fatha, EXCETO se o nome a ser indeterminado terminar com hamza precedido de vogal longa ou tamarbuta: نةىعاس (uma hora) نةىذاتٍسيأ (uma professora) نءاسىم (uma noite) نءامىس (um céu) نلاىم ىج (um camelo) انذاتٍسيأ (um professor) انباتًك (um livro) انتٍيىب (uma casa) Exemplos: :ةىمًثٍمىأ 1- O aluno saiu. . ىؾىرىت يبًلاٌطلىأ 2- Visitei o aluno. . يتٍر يز ىبًلاٌطلىأ 3- Ele saiu com o aluno. . ىؾىرىت ىعىم ًبًلاٌطلىأ x 4- Um aluno saiu. . ىؾىرىت هبًلاط 5- Visitei um aluno. . يتٍر يز نابًلاط 6- Ele saiu com um aluno. . ىؾىرىت ىعىم وبًلاط 62 14- A frase nominal Recebem esse nome todas as frases que, em árabe, começam por um nome. Embora em árabe a ordem preferencial das frases seja VERBO + SUJEITO + OBJETOS (caso de uma frase verbal, pois começa com verbo), essa ordem pode se modificar e começar pelo SUJEITO, tornando a frase nominal. Porém, esse caso será estudado a partir do Árabe II; vamos nos limitar por enquanto ao estudo das frases nominais de estado, ou seja, as que indicam estado ou qualidade (como em português). Observe os exemplos: . ىكيى يف ًراطىملا (Ele está no aeroporto.) .داريم ٍفىس ىح انىأ (Eu sou Hasan Murad.) . ًهًذىى هةىراٍيىس (Isto é um carro.) . ىيًى ٍفًم ايركيس (Ela é da Síria.) Note que em todas essas frases nominais: o verbo ser/estar não está escrito no presente; ele é subentendido; o predicativo do sujeito (palavra que qualifica o sujeito) sempre vem no caso nominativo, recebendo duas dammas; quando existe uma preposição, ela leva a palavra seguinte ao caso genitivo (kasra). Frase nominal Sentença nominal . يتٍنًبٍلىأ هةىقًداٌص (A menina é sincera.) هةىقًداص هتٍنًب (uma menina sincera) يتٍنًبٍلىأ يةىقًداٌصلىأ (a menina sincera) 63 15- Preposições Elementos de ligação entre os termos de uma oração; leva o nome que rege ao caso genitivo. Lista das principais preposições usadas em árabe: de, desde (origem)= فًم Para = ىلًإ para = ًؿ É usada ligada ao nome Em = يف sobre =ىم ىع com (para pessoas) = ىعىم sem = لاًب com (para objetos) = ًب É utilizada ligada ao nome 64 16- Os países árabes O mundo árabe ou arabofonia refere-se ao conjunto de países que falam o árabe e se distribuem geograficamente do oceano Atlântico, a oeste, até o mar Arábico, a leste, e do mar Mediterrâneo, a norte da África, até o nordeste do oceano Índico. É constituído por 22 países e territórios com uma população estimada em 360 milhões de pessoas, abrangendo o Norte de África e a Ásia Ocidental. A denotação linguística e política inerente ao termo "árabe" é geralmente dominante sobre as considerações genealógicas. Assim, os indivíduos com pouca ou nenhuma ascendência direta da Península Arábica poderiam identificar-se ou serem considerados como árabes, em parte por força da sua língua de origem. Essa identidade, no entanto, é contestada por muitos povos de origem não-árabe. A Liga Árabe, uma organização regional de países destinada a enquadrar o mundo árabe, define um árabe como sendo: "(...) uma pessoa cuja língua é o árabe, que vive em um país de língua árabe e que tem simpatia com as aspirações dos povos de língua árabe." Capital País ضايرلا daiR ةيدكعسلا Arábia Saudita رئازجلا Argel رئازجلا Argélia ةمانملا aiaiai فيىرٍحىبلا Bahrein ينكركم Moroni رمقلا Comores 65 يتكبيج Djibouti يتكبيج Djibouti ةرىاقلا Cairo رصم Egito يبظ كبأ Abu Dhabi ةدحٌتملا ةٌيبرعلا تاراملإا Emirados Árabes Unidos ءاعنص Sana فىمىيلا Iêmen دادغب Bagdá ؽارعلا Iraque فامع Amã ةٌيٌندرلأا Jordânia تيككلا Kuwait تيككلا Kuwait تكريب Beiruteفاىنٍبيل Líbano سمبارط Trípoli ايبيل Líbia طابرلا Rabat ةيبرغملا Marrocos طكشكاكن Nouakchott ايناتيركم Mauritânia طقسم Mascate فامع Omã ةيقرشلا سدقلا Jerusalém Oriental (reivindicada) فيطسمف Palestina ةحكدلا Doha رطق ritiC فكيعلا El Aaiún ءارحصلا Saara Ocidental 66 يؽشىمًد Damasco ةيركس Síria كشيدقم Mogadíscio ؿامكصلا Somália ـكطرخلا Cartum فادكسلا Sudão سنكت Túnis سنكت Tunísia 67 17- Adjetivo nisba(t) A palavra nisba(t) refere-se gramaticalmente à classe de adjetivos formados a partir de nomes pelo acréscimo do sufixo ٌم para o masculino e ةَّي para o feminino. Esses adjetivos indicam origem ou nacionalidade. Adjetivo feminino Adjetivo masculino Nome ةَّيًس ىرٍدىم (escolar) ٌيًس ىرٍدىم (escolar) ةىسىرٍدىم (escola) ةَّيعًماج (universitária) ٌيعًماج (universitário) ةىعًماج (universidade) ةَّيرٍصًم (egípcia) ٌمرٍصًم (egípcio) رٍصًم (Egito) No árabe formal o shadda no ya’ final do adjetivo nisba(t) é claramente pronunciado; porém no árabe coloquial normalmente não é pronunciado para o masculino. Muitos nomes de família vêm de adjetivos nisba(t) e referem-se à cidade natal do grupo familiar: de Fez ٌيسافلىأ Para se formar o adjetivo nisba(t) a partir de um nome de lugar, siga os seguintes passos: 1º) Remova o artigo definido, TaamarbuuTa ou álif final, se houver, no nome de lugar; 2º) Acrescentar ٌم para o masculino e ةَّي para o feminino. 86 sianidrac siaremun sO -81 ًصفر ٠ 0 كاحد ١ 1 اثنىاف ٢ 2 ثىلاثة ٣ 3 أربعة ٤ 4 خى ٍمسىة ٥ 5 ًسٌتة ٦ 6 سىبعة ٧ 7 ثماًنية ٨ 8 ًتسعة ٩ 9 عىشىرة ٠١ 01 69 19- Bibliografia AL-BATAL, M.; AL-TONSI, A.; BRUSTAD, K. Alif Baa: Introduction to Arabic Letters and Sounds. 3rd Edition. Washington DC: Georgetown University Press, 2010. 251p. (Al-Kitaab Arabic Language Program). __________. Al-Kitaab fii Tacallum al-cArabiyah, al-juz’ al-awwal - Part One. 2nd Edition. Washington DC: Georgetown University Press, 2004. 493p. (Al-Kitaab Arabic Language Program). Duruus fi l-carabiyah. London: Linguaphone InstituteLimited, 1977. Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha e Consejería de Educación. Diccionario básico castellano- árabe. Disponível em: <http://www.educa.jccm.es/educa-jccm/cm/recursos/tkContent?idContent=10857>. Acesso em 01 de fev. de 2013. KRAHL, G.; REUSCHEL, W.; SCHULZ, E. Standard Arabic: An elementary-intermediate course. Cambridge: Cambridge University Press, 2004. 641p. SABBAGH, A.N. Dicionário árabe-português-árabe. Rio de Janeiro: UFRJ PROED e Ao Livro Técnico, 1988. __________. Dicionário árabe-português. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional e Almádena, 2011. WEHR, H. Dictionary of Modern Written Arabic. 4ª ed. Ithaca, NY: Spoken Language Services. [1979] 1994. 70 20- Sites relacionados http://www.aljazem.com/arabic-english-dictionary Dicionário online árabe inglês. http://www.al3arabiya.org Site de download de diversos materiais, gramáticas, métodos e livros para aprendizado da língua árabe. http://www.aljazeera.com Página da emissora de TV catarense Al-Jazeera em Inglês. É possível assistir à programação ao vivo. http://www.almadrasa.org Curso online de árabe com diversos materiais. Em espanhol. http://www.arabic-keyboard.org Teclado árabe virtual. http://www.bibliaspa.com.br Página da Biblioteca América do Sul – Países Árabes. http://www.ccab.org.br/arabe-brasil/br/home.fss Página da Câmara de Comércio Árabe-brasileira. http://www.ibeipr.com.br/index.php Página do Instituto Brasileiro de Estudos Islâmicos. http://www.icarabe.org Página do Instituto da Cultura Árabe, sediado em SP. http://ihdina.net/pt-br/alcorao Página onde é possível ouvir e baixar o Alcorão recitado em árabe e português. http://www.islam.com.br Página do Centro Cultural Beneficente Islâmico de Foz do Iguaçu (PR). http://www.letrasorientais.fflch.usp.br/arabe Página da pós-graduação em Língua, literatura e cultura árabe da USP. http://www.livestation.com/ar# Site onde é possível assistir a vários canais de TV de notícias em árabe, como Al-Jazeera, BBC Arabic, DW Welle e CNBC Arabia. http://orientaiseeslavas.blogspot.com.br Página do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ. http://www.paroquiasaobasiliorj.com.br Página da Igreja Católica Melquita de São Basílio, no Rio de Janeiro. Missas em árabe. http://www.purposegames.com/ww-search.php?q=arabic Página de jogos didáticos diversos para aprendizado da língua árabe. t I Íq ruUUUlmtUtUU[ ttuuutltl AtCAN ls OTEBIBLI t-{ rn ú DA ÂNo 4 na 46 | ns 8,9o I JULHo 2oo9 ::, ' I rlìÌ ..: , - ,',... . OSWALDO TRUZZI Verd€,omorelo, szule mouro Mot''canLe-s cln ri{)-\.irì L'rlf rilri Lie-'ijg rt cal onizttçao, o.s ii t'ri li.':, sd ii tÌ il Irii I l'il lll nu"útabem n,o ljrr-çf i, fJ l lÌrirsri rl úlrs EJA poR sua pRoFUNDa rNrruÊxcra rlr Ponrucer, seja pela forte imigração no último século, a cultura árabe tem presença garantida na história e na socie- dade brasileiras. Junto com os colonizadores, no sécuio XVI, de- sembarcaram heranças de sua língua, música, culi- nária, arquitetura e decoração, técnicas agrícolas e de irrigação, farmacologia e medicina. É que os árabes dominaram por quase oito séculos a Penín- sula Ibérica. Significativamente, Granada, seu últi- mo reduto em solo europeu, foi conquistada pelos cristãos em L492, mesmo ano em que Colombo chegava à América. Foram os árabes que inÍoduziram na Europa coisas tão básicas como os algarismos decimais - ein substituiçáo aos romanos, dificeis de usar para iálculos -, jogos, como o xadrez, e a própria arte raligráfica, pois encaravam a palawa escrita como o meio por excelência da reveÌação divina. Na culi- rária, difundiram o uso do café, de doces próprios e produtos de pastelaria, do azeite, em substituição a proibida gordura de porco, e de muitos outros Iemperos, como o aça6:ão, a noz-moscada, o cravo, e canela e Pimentas. Recebemos tudo isso indiretamente, úa coloni- zação, em uma ampla variedade de aspectos. Até rÌesmo o bom costume da limpeza pessoal, que mÌritos atribuem somente aos indígenas, deve um [ibuto aos árabes. Foi Gilberto Fre).re, em seu Co- :a-Crende E S€nzQio, quem apontou o contraste da -nigiene verdadeiramente felina dos maometanos com a imundície dos cristâos". Na música, o alaúde teve vasta descendência nas Arnéricas, procriando verdadeiras farníüas de rnsÌr-umenlos caribenhos, o bandolim e o cavaqui- nho brasileiros, â charanga do altiplano ãndino e o banjo dos negros norte-americanos. A gaita áÍabe é possível antecessora da gaita ibéricã, e o adufe, pre- cursor do pandeiro. A aridez dos solos desérticos capacitou-os como iÌìestres nas técnicas agrÍcolas e de irrigação. im- portando para a Europa o moinho d'água, avô do engenho colonial, e 1á semeando o algodão, a la- lanjeira, a cúação do bicho-da-seda, o cultivo do ar- loz e da tão "bÌasileiE" cana-deaÉcar. As próprias récnicas construtivas, como a telha de baïro do ti po capa e canal, ou ainda a taipa de pilão, tão do- minante nos primeiros séculos do Brãsil, são de in- fl uência nitidamente fu abe. O segundo movirnento marcante foi a chegada direta de imigrantes, sobretudo sírios e libaneses, a pârtir do final do século XIX. É possível que â vi- sita do imperâdor D. Pedro ÌI a Beirute e a Damas- co, em 1876, tenha servido como primeira aproxi- mação cultural entre as áreas de origern da imigração árabe e o Brasil. Mas essa circunstância, poÍ si só, nãoseria capaz de lançar tantos espíri- tos inquietos na âventura de uma odisseia tão dis- tante. A pretensão Ínicial era uma migïação tem- porária, para amenizar as dificuÌdades financeiras enfÍentadas por suas famílias. Viüam um tempo de restrições econômicas, por conta da entrada de produtos industrializados europeus (que minou a renda derivâda da produção artesanal), de algu- mas pragas agrícolas e da necessidade de mais ter- d\ i) t:it:..':,i;: lr" ;tt11t.11ria.tirÌ1a.;,,rrji,.! i) iliiittt-t)r,;ir., I t) (-iì'.1ttl:itì:i:.) r'ttr:ti.l,: ii;,,.t I't t ia a l 1 t'.:.i r tii) t.'0iit!\.1]t) "t';" ç' ', *,"'.#- rrilfl É ",'"'-, ras para a incorpoÉção de herdefuos. Além desses motivos econômicos, outros fatoÍes re1€vântes in- fluenciaram â decisão de partir, como a competi- ção por südrüs entre famílias nas aldeias e os fÌe- quentes conflitos religiosos entre cristãos e muçulmanos. Preocupante também era o reüuta- mento militar obrigatório empreendido pelos tur- cos, em uma época de riscos provocados pela de- cadência do Império Otomâno. N.ì prnrLril dc Pedro Américo (1884), r bela lnstrumento i€ oigem árabe Libà'ìo, dócãda dc De qualquer modo, os migrantes não erâm l95o.Apesar de aventureiros isolados, mas indiüduos inseridos acostumados aô tra num contexto familiar, dispostos a acumul capi- bâho rurà enr seus tal durante certo tempo e depois voltar ao seio da Dàis.s .rs a ibcs .hc - iamíUa e da aldeia de origem. Entretanto, o quepar'am ão B,asìl o:ìra Dretendia ser provisóúo acabou se tonando per- ser-.m don')s de manente: em vez de o imigËnte retornar, em mui- serrs prof,rlol rrego .or.au,,o, o port^ tos casos foi o restante da família que veio se jun- dc santos torado Lom tar a ele no Brasil. a chegacìa dc imigran Redes de palentes, amigos e contemâneos se ar- tes no;Íìícto cJo sécu- ticularam, fornecendo referências valiosas aos que lo XX decidiam vir Na mente de cada emigrante formou- i)jltlt' t!ltt'1 illrf i.lj fj:.i ,5:., i.'Ì I , f lli;ll aÌlItrri','ìíl.i aj,:, , .,,, . t . , \.i, : I ,,, , ,r, rl , j :,,. .1 l,.l',:l , .. r "', , se uma geografia imaginária: um tio em São Pau- lo tomava aquela capiul brasileira ntais próxima de sua aldeia na Sída ou no Líbano do que a Es- panha, ali do outlo lado do Mediterrâneo. Inte- resses e favores dos muitos conhecidos propícia- vam o início da vìda rlo novo país: casa, trabalho, escola para os fllhos. Muitos dos já estabelecidos ofereciam um crédito inicial - sob a forma de mercadorias, por exemplo - aos recém<hega- dos. Esse intenso movimento migïatório alcan- çoü os rincôes mais remotos do continente. Onde quer que chegassem, eram chamados da mesma forrna; "turcos". Uma confusão que os olendia duplamenre - pelo equívoco geo- gráfico e por referir-se a seus dominadores his- tóficos. Culpa dos passapones que usavam, até a Pdmeira Guena MundiaÌ (191+1918)ex- pedidos pelo Ìmpédo Otomano. No Brasil, a maioda era de origem libanesa ou síria. Sua principal ocupação nos países de origem havia sido a agricultura, nas por aqui abraçararn como profissào o comércro. Perseguiam a autono- mia de gerir seu própdo negócio, âinda que este fosse minúsculo a ponto de caber em uma caixa de vendedor ambulante. A nlâior concentração ocor- reu em São Paulo, mas os "turcos" se espalharam por todo o pais. Exemplo curioso ciessa abrângên- cia geogÍáfica: foi unÌ mâscate libanês quem fil- rnou as únicas imagens conhecidâs do cangaceiro lampião, na década de 1930. Benjamin Abrahão, que era tambén fotógrafo e homem de confiança do padre Cícero, infiltrou-se no bando e gravou mo- mentos do seu cotidiano, como narra o filrne "Baile perÍìrmado" (Paulo Caldas e Lírio Ferreira, 1996). Os árabes mascateavam também pelas zonas ru- rais, mas fixaram-se sobretudo nas ciclades. inicial- 2 õ õ Í â a â l= Na tágina segulnte. inleg.aíÌtes da fã'ìi|a de imgraatcs Cassrb em lrcnlc ão l'luseu do lplrangà Alé hoje São Paulo é urÌr dos Ìnâiores Ìedutos de dcscendenles .ie ára i: mente em cortiços, moradias populares com cômo- dos para alugar, onde se aglomeravam famílias in- Ìeiras em espaço reduzido. Á vida giravâ em torno da família e do trabalho. Lojâ na ÍÌente, casa nos tundos ou no ândar de cima do sobrado, família -mourejando", trabalhando "como mouros". Mas o balcão das lojas não seda o ponto de che" gada de suas trajetódas. De mascates a pequenos comerciantes, depois varejistas, atacadistas e in- dustriais. Vencidas as dificuldades da primeira ge- ração, os pioneiros trataram de buscar para seus fi- lhos a ascensão socioeconômica via educação. Queriam vêìos como doutores - especialmente médicos e advogados -, e assim muitos o fizeram, aproveitando-se, no início, de clientelas cultivadas na própria colônia, depois estendidas a outros es- tratos sociais. A partir de então, a inserção privilegiada e o amplo conhecimento social angariado desde os tempos de mascate, aliados à legitimidade que um diploma conferia, frutificaram em caneiras públi- cas. Em todo o continente menciona-se o grande número de descendentes de áÍabes na poütica, co- mo os presidentes Turbay Ayala na Colômbia, Ab- dalá Bucaram no Equador e Carlos Menem na Ar- gentina. De posições destacadas em áreas como a ünguística e â medicina, a presença árabe chegou ao que há de mais popuÌar no Brasil: o futebol, o jogo do bicho, as escolas de sambâ. O que demons- tra, apesar da origem cultural relativamente dis- tante, uma extraordinária capacidade de adapta- ção à nova telra. Outla peculiaddade que ilustra essa integração vigorosa é a incorporação de iguarias à culinária 1o- cal. Em São Paulo, de acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, um qua.rto das refeições servidas provém da culinária árabe. Algumas receitas difundidas pelos imrgrantes irÌte- gïam hoje a dieta habitual da classe média brasilei- ra, como o quibe, a esiila, o tabule, a coalhada. o babaganouche, o pão sírio e a lentilha. Restaurantes especializados em cozinha árabe {ou em âdapta- ções inspiradas nelâi proÌiferãrâm de ta1 forma que não há guiâ gastronômico sem uma seção dedicada a eles ou shoppirxg center em cuja praça de alimenta- ção um deles não esteja presente. Até hoje, mais de um século após a únda dos prirneiros imigrantes, nas entrevistas coÌhidas en- tre os mais velhos, entre aqueles capazes de olhar para trás conscientes das dificuldades enfientadas e do caminho percorïido, o balanço da trajetória e da vida não deixa de registrar depoimentos emo- cionados, 'Na yida brasileira a gente adquire desde a inf;ância uma tolerância que não existe lá (...) Eu estou satisfeito da minha vida, confio no Brasil, aqui é minha teüa". Esse sentimento de $atidão e confiança, em geral embalado por uma considerável mobilidade socioeconômica, resume a bem-sucedida história dos imigrantes sírios e libãneses no Brasil, um país tributário da culturã árabe desde a alvorada da colonização. H Soibd líois FREYRE Gilbe.to. Cosú- G/orde & Senzolo. Rio de Olympio Êditora, 1969. GREIBÊR, BeÌt/ Loeb et àlii. Menótios do lniqo çôÕ-íbonesesesírios em 5õo Pdula São PãuLo: Discurso Ediiorial, 2000. KAMf1,l.I Um ollro orobescoi err'cdddê e'úo- lboneso no Srosrl neolbe- /dl 5ão Pàulo. l',]adìns Fonter2008. KNOWLTON, Ciark S 5É rios e libúnesesr mobllido- de soc,ol € especioi. São Paulo:Anhambi, 1961. A inflLrêníâ árãbe Íìcar:o csludantc bÌà- 3leìro toca o derbd(k. instí.ljmento de per oswALDoïRuzzI É PROFESSOR DA UNIVERS]DADE CI]sSàO' SEU SOM ÍTC FÊDERAL DE SÃo cARLos E AUïOR DE pÀÌRíc,Os , jiRtos E çu-'nternenle embalâ LIBANESES EM sÃa pAULa (NUctrEC )997) dançarìnâs do venrre. I 3 9 9 ü é õ .8"1 +t *:. h, & lJil :," Li i JOHN TOFIK KARAM Estátúã na Rua da Alfândega, no Rro de Janeìro. O ponto, qle servia de enlreposlocomerciãl pafa os mâscaies no início do século XX, é marcâ do pelo cômércio popuÌar alé hoje. Fios orobes, tecido brosileiro Desde o início da semlo XX, .iírir;s, iil*nísgs e palestittos exercein sx"LLi ilsLucitt füttiJÍ"1ILì] nos qual.ro canLls clo 1r111'. CoMERCTANTËS ESpERTos, o "mascate" árabe e o "turco da lojinha" são persG nagens que perambulam pelos contos de Cornélio Pires, pela poesia de Carlos Dmmmond de An- drade e pelos romances de Jorge Arnado. A fama vai além dâ imaginação litÈ rária. Passando por cam- pos, estuadas e igarapés, os imigrantes áÍabes e seus descendentes também marcaram a ramificação do ca- pitaüsmo tardio no pâís. No final do século XD( a produção cafeeira em São Pau- 1o serviu de contexto pâra a chegada de sírios, libaneses, palestinos. Ao contÌário de outros imigÌantes da época, estes não únÌÌam trabalhar nas lavouras, e sim abastecer como mascates (vendedores itinerantes) os moradores das roças e fazendas - de peões a fazendeiros. A iniciaüva ga- rantiu aos árabes um vhtual monopólio da- quele comércio de pôrta em porta: em 1895, eles representavam 90% dos mascates oficialmente listado-ç na cidade. Um dos mais farnosos foi o libanês Benja- min Jafet. Em 1887, ele se rocou para o interior paulista mascateando linhas, agulhâs, tecidos e ou- tÍos artigos de armarhìo. Com o lucro acumula- do, juntou-se aos imãos para estabelecef na ca- pital uma das maiores indúsrias rêxteis do país. Assad Abdalla e Najib Salem foram outros pionei ros, abrindo na década de 1890 um "armazérn de revenda" na atual Rua 25 de :\larço, bem no cen- tÌo da cidade. Esses rrês negociaÍÌtes faziam parte de uma rede de fornecimento de produ- tos para seus conÌerâÍìeos que mascatea- vam nas periferias. Áté 1930. muitos desses mas- cates se transformariam também em'donos de loji- nha". dominando o amcado de tecidos e amadnhos em grande quantida- de. Em pouco tem- po eram centenas, e. concenhados na 25 de Março, res- pondiam poÌ me tade dos lucros do atacado no setot têxtil brasileiro. Não se restringiam ao coméÌcio: quândo a soúe lhes sorria, adquiriam suas próprias indústrias. Em 1945, estavam no comando de 27% das fábricâs paulistas de fiâção e tecelagem de algodão, seda, rayon, li e linho. Completavam, assim, toda a ca- deia de produção e distribuição: os industriais ven- diam seus rolos de tecidos aos atacadistas majorita- riamente iíËbes, que então os revendiam aos donos de confecções. O Rio de Janeiro também tinha a sua 25 de Mar- ço. Como em São Paulo, os primeiros sírios e liba- neses que aportaÌam na capital carioca no final do século XIX instalaram-se em pontos próximos à Íe- de ferroviária e ao porto. Em pouco tempo, a Rua da Alfând€ga servia de enbeposto de fornecimento e revenda, onde os mascates iam aceÍar suas con- tas e buscar as miudezas que vendiam nas fregue- sias urbanas e rurais. Em meados do século )ü, o comeÌciante libanês Jorge Tanus Bastani e seu pai costumavam encher seus baús de "meias, linha, al- godão, quinquilhaÌias, anéis, medalhões e pulsei- ras de fantasia, aglúhas, pentes, sabão e uma infi- nidade de ouúos objetos", antes de partir "em direção às fazendas". Como ocorreu em São Paulo, mascates como o pai de Bastani viÍaram lojistas na Alf,ândega e nas redondezas, dominando o comércio atacadista de tecidos e artigos de armarinho. Em 1962, decidi ram se juntar e fundar uma associação, a Socieda- de dos Ámigos e Adjacências dã Rua da Alfândega, ou simplesmente Sâara, siglâ que acabou batizan- do todâ a área. Segundo seu fundador, DemétÍio Charl Habib, o objetivo inicial era defender a re. gião de um plano de renovâção urbana do recém- cdado Estado da Guanabara: a reforma atravessa- ria o meio da rua- quase uma década depois, os comerciantes árabes de São Paulo também cria- ram sua associação, a Uniúnco, União dos Lojistas da 25 de Março. Hoje em dia, esses lugares são si- nônimo de comércio populãr e ficaram marcados com monumentos em homenagem à figura do vendedor itinerante áÌabe. Na região da Saara é "O Mascate"; na área da 25 de Março é a "Amizade Sírio-Libanesa". Se no Sudeste esses imigïantes foram atraÍdos pela industrialização, na Grande Amazônia os ne gócios se enhelaçarãm com a produção da bona- cha. Ao chegarem à região no final do século XIX, os vendedores itinerantes árabes ficaram conheci- dos como "regatões". Na primeira década do sécu- lo )OL já haviam alcançado boa parte das margens fluüais do Rio Amazonas. À sornbra das frrmas es- trangeiras exportadoras, muitos regatões pÌospera- ram no incipiente mercado de consumo da Íegião, Nos anos 1920, com a queda do preço da borracha, alguns dos chamados "turcos" comprâÍam Êrmas de lmigrantes já estabelecidas em Belém do Pará. Outros preferiram ficar no comércio na fronteira Brasil-Boiíviã. A inauguração da Zona FÍancâ de Manaus, em 1957, facilitou âindâ mâis a abertum de novos negócios. Meu bisavô, Abdo Bichara Ghosn, foi um dos que tÍocaram o Iíbano por Porto Velho, no atual es. tado de RondônÌa, logo após a ürada do século XX. No BËsil, ficaria conhecido como Abidão Bichara. Junto com dois cunhâdos, desceu o Rio Madeim até os povoados de AbEnã e Guajará-Mfuim.  empr€sa famiüar encomendava a mercadoria, principal- mente secos (grãos), de Manaus e Be1ém perto do fi- nâl da época das chuvas. Estocava o material em um armazém no centÌo de Porto Velho e aguardã- va o início do peúodo da seca. quando os estoques de outlas lojas já €stãvam esgotados, aí, sim, Bicha- ra e seus cunhados punham sua mercadoria à ven- da, por um preço elevado. Memórias semelhantes têm os descendentes de árabes que vìviam no Oeste do PaËná e na região da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argen- tina. Embora essâ zona fosse âtravessada por mas- cates desde o final do século XIX, sírios e libaneses só se instalaram de modo defiútivo em 1951. Os éí4 (^- I k\r \,6 :1 J' 9 -2 4 -l _9 :J, p Í Soibo Mois LE5SËR Jêfi-rey Negociún- da o ldenüdade Norìonol: lnigúntes, Minüias e o Luto pelo EtÌicidade no 8/osiJ. 5ão Paulo. Êditora Unerp,2001. TRLTZZI, Oswâldo 5íri6 e Libdnesesi Ndíotiyos de Paulo: Companhia Edito- ra Nacional,2005. Das vendas de porta ern Porta no século XlX. os mascates tor, naram-se lojistas e industriais. lornal Aboü Houl em 1939. Na página seguinte: nâ Região Nofte, os enriqueceràm com a queda do preço da borracha. Na foto, lota de árÀbes em Catranhal, Pârá. úFW" primeiros haüam pârtido de Ba11ou1e de Lala, duãs cidades úzinhas do Vale do Bekú, no Líbâno. Per- conendo as ruas sem asfalto de Foz do Iguâçu e de Ciudad Presidente Stroessner {hoje Ciudad del Es- te), no Paraguai, ofereciam seus produtos de porta em porta. Como haüa poucos armarinhos, confec- ções e manufaturados nacionais na região, decidi- ram abú, no centro de Foz do lguaçu, as primeiras lojas para atender clientes brasileiros e paraguaios. A partir clos anos 1970. com a chegada contí, nua de patrícios do ïale do Bekaá e do sul do Li bano, os árabes dominaram o comércio nos bair- ros próximos à PonÌe da funizade, que une as cidades dos dois países. Como Ìíderes do chamado "comercio de exporiar ào-. revendiam para os im- portadores paraguaìos produros das índústrias de São Paülo ou de SanÌâ Caiadna. Ás leis federais de incentivos fiscais à expoúação de manuíaturados, criadas na década de 1960. só aümentaram seus lucros. E ainda diminuíram os preços dos produ- tos. Nos anos 1980. os árabes estavam à fiente de muitas das 600 empresas exporradoras de Foz do Iguaçu, suposramente envoii'endo 70% da popula- çào economicamente atrva do município. Enquanto os álabes que r.iriam em São Pau- lo, no Rio de Janeiro e na Grande Amazônia de- senvolviam seus negócios à sombra do impe- rialismo econômico do Norte. no Paraná e na zona fronteiriça da.\mérica do Sul seusconter- râneos matcavam a ascensào do Brasil como po- der regionai sui-americano depois da Segunda Guerra Mundial. H 9 = Damas.o, Ì960. A Rua da Allândega (RJ) e a 25 de lYarço (SP) toanaram-sc redutos genuinos de conìér aio, co ìo os t.ad cìo nais nìercados árâbes. JOHN ïOFIK ..r -\j./SRSIDADE DIPAU: El :-- : :_ ::_-a: l: -.'OUÍROÁRÂBES- co Ëi\ralj:i j: , -:r ::_ , ::i_ .!i_r3EÊÁl (r,rARrir.s :l -,: : -t :: ìt PAULO GABRIEL HILU DA ROCHA PIN Todo formo deÍé # IJ'Ìrií{,{..i liil, iilttl4t"ctt ri ii Ì i rl,s'" Mtt ril rí tl.í.is, i; t"ï r;drixí )s ilii r y', u t tii n1 ts.ftas )iiil"! i{"}il'ïi.itiÍtJr.tlic-ç srgti{111'1.fïi'iii'::; t.:ititiu hr;fr ' , ì. ! í a .ìttL/"-ì i".r,;t;ti_Ílti!.t14L.1.t--ì ,1\-(,,t,r. Ét: .j rr r r r.ì!-.r t,t i r rt4.rJ rrdl-JL ,:ilk ..+-: t' ?Ê\sAR quÊ roDo ÁR,{BE É uuçuruano é um gerações. Os ritos e dogmas das igrejas oti"ft"it, equívoco reconente ainda hoje. Os povos árabes do no entanto, câusavam estranhamento na sociçalade Cdente Médio ostentam uma eDorÍne diversidade brasileira, que pressionava os imigraltes ár$es$' deüâdiçõesecrençascristãs'muçulmanasejudai-adotaremaspIáticasdocatolicismoromano. cas. Os milhares de imigrantes sírios, libaneses e A comunidade ortodoxa foi uma das prímeiras a lalestinos que desembarcararn no país enüe o fim criar instituições próprias no Brasil. Cristã, mas não io século XIX e as primeiras décadas do XX contri" católica, ela contava com ÍecuÍsos Íansnacionais Prirìre;ro ìemplo buíram parâ ampliar a pluralidade religiosa na so- da I$eja Ortodoxa Anúoquina, cuja origem temete muçulmano em estio .iedade brasileira. aos primórdios do cristianismo. Liderada pelo Pa- á,:bê do Nô\'o Até meados do sécu1o xx, â imigração prove- úiarca de Antióquia, foi controlada por monges lYundo' a llesqLJita niente do Oriente Médio foi predominantemente grcgos até o século XIX, quando o surgimento dos Brasrl (arlnìa nlma idsrã. Marcnitas, melquitas, ortodoxos do dto an- ideais de nacionaüsmo entre os fuabes levou à ele! maquete) ío corìs rioquino, siÌíacos, católicos romanos e protestan- ção de um patriarca dessa origem. Na rnesma épo- truida em são Palrlo res. A maioria dos libaüeses era maronita, enquân- ca, a lgreja Antioquina também estabeleceu rela- na dócadã de 1950 to os sÍrios costumavam ser oúodoxos. Entre 1908 ções com a Rússia, o que levou a um processo de e 1947, 65% dos sírio-libaneses que entraËm pelo renovação religiosa em língua árabe. Foi a casa real porto de Santos erâm mâronitâs, melquitas e cató- da dinastia Íussa dos Romanov que financiou, em licos romanos, 20% eram cdstãos ortodoxos e 15%, muçulmanos. Estes podiam ser sunitas, xiitas, irrl ,r illllitj!Íirl l'/i:i:{i íJ{i:ì iiiiìÌli,iittI i.;ilc /tliilr .1,,1. alauítas ou drusos- Havia ainda imigrantes judeus r,jil l.tìll, 1i i t'ìiiÌ ,li{lti! ìiJ i;i tltlf!í-i.) i{'ÌlÌillij de fala e cultura arabe. A pleservação da identidade religiosa era im- irlii)i]alii) lli' ijl,l:lil pofiante para aqueles que permaneciam ligados à comunidade sírio{ibanesa ou mantinhãm laços 1917, a construção do primeiro templo ortodoxo do com o território de origem. Já no início do século Brasil: a Igreja de São Nicolau, no Rio de Janeiro. XX, diferentes instituições religiosas começaram a Mas desde 1897 essa comunidade já possuia uma ser criadas pelos árabes no Brasil. No princípio sociedade própria, em São Paulo. Hoje os ortodoxos eram sociedades beneficentes, sociedades de se- se otganizam em torno de dois arquimandritas (re nhoras e "centros de juventude", para só depois presentantes patriarcais) - um no Rio e outro em inaugurarem seus locais de culto. A intenção era São Paúo - com jurisdição sobre paróquias lidera- promover formas de solidadedade entre os mem- das por padres em ouüos estados: P aná, Goiás, bros e compartilhar suãs tradições com as novas Rio Gmnde do Sul e Minas Gerais. A liturgia era ini- Catolicismo eÌì eíilo árabe: interìor da igrcja nrarrnitã de Nossa Senhola do janeirc. por ocasião da vlsita do patriarcã. eÍì 1997. cialmente feita em árabe com trechos em gÌego, mas desde 1938 é celebrâda em português, embora tenham sido mantidos trechos em árabe e grego e os cantos que a carâcterizam. A adoção do portu- glrês mosfa a crescente importância da segunda e da teÌceiË geração de descendentes de imigrantes. A primeira Sociedade Maronita de Beneficência tâmbém surgiu em 1897, em São Paulo, e o templo foi erguido seis anos depois. A liturgia maronita se parece bastante com a dos católicos lomanos, mas é conduzida com ritual próprio em português, com 'i .. rri i,.', ., ,/, trechos em aramaico. Essa Igreja deriva da prega- ção de São Marun, que viveu no século IV na Síriâ. Como os cristãos ortodoxos perseguiam os maroni- tâs como heréticos, eles se rcfugiaram no Monte Lí- bano e criaram sua lgreja a partir do século tr1[. Du- rante âs Cruzadas, os maronitas entralam em contato com o catolicismo romano, e no século XV aceitaram a autoridade papal, preservando, porém, suâ autonomia eclesiástica. Os melquilas. :a:rr€T. ::::.-ri:-ìs- til,eram pre- sença imponanre e:aË :,r :::-:::::::les árabes desde o século Xl\. Ì-nai ;i=:::::= ; ãarÍrar sua auto- nomia denÍo do ca:c::,:::=r --ras;leìro - sua pri- meira igreja, a de )ài 3-:*..1 :r: R-o de Janeiro, se- da erguida somenie i::- 19-i Desde então surgiram templos tai:l:É=.::- S5o Paulo, Minâs Gerais e Ceará. -\ pala',r. =el:.:::a çem do árabe maliki, que quer djze. -aq:r:. :.. ao rei/impera- doÌ". Este era o nome c-:r- l!]a onodoxos, cris- tãos fiéis ao imperador ìrrza:l:ro. -\pós um cisma na lgÌeja OÍtodoxa nc ser.*;lq \-r lii. pane do clero e seus fiéis ãceitaram a ai:r3riiàce rapal, manten- do suas diferenças tnlta.". i r:rou-se assim a lgïeja Melquita, com setle er:: Daaasco. Às cerimô- nias melquitas sâo celebrada: en com:guês, com algumas passagens em árabe Outras comuúdades reLig:to!ãs rnenos nume& sas também se organizaram ;]a pr,rrleira metade do século XX, corno os judeus .-idos no Rio de Janeiro, os árabes protestantes em Sào Paulo e os cristãos si- úacos isirirm) em São Paulo e Belc Horizonte. Os árabes muçulrnanos criararn suas instituições reügiosas mais taÌdiamente que os crisÌãos. A Socie- dade Beneficente Muçulmana cie 5ão Paulo foi cria- da em 1929. Ernbora fosse marcadamente sunita, { ì ir),r 1r l) .{)iìl', l-i,íiil': ir.r i'ìjri ,,. ! lij t!itití:t r,.ti 'ilit, i|: itt,;t'jrr-r 1 li jli:ir.1..t,' i\.iriii:rlijrr 5 Na pá9. seguinte. unì postal reh_ata Lríìa Ìnulher judia 5rì iar1 5iÍìal de unr rirundo onde c'enças e PcÌ_Ìenças rclrêiosas ulirapassam âs í,-oni€ ràs élnicâr. eLa também era referência para os xiitas. que não contavam com uma instituição própria. Ês- sas duas correntes sectárias do Islã sur- gAam após a morte de Maomé, no século VII. Os sulitas foram os que aceitaram a sucessão do profeta por Abu Bakr, que durant€ o exílio de Maomé havia sido encarregado por ele de dirigir as ora- cões comunitárias em seu lugar. O termo sunita prG i'ém de sunno cl-nabi e sig- nifica "hadição do profetâ". os sunitas comespondem a cerca de 85% dos muçulrnanos de todo o mundo. Os xütas - 'partido de Ali" - defendiam que a liderança da reügião deveria ser exerci- da por descendentes de Maomé. AIi era pdmo e genro do profetâ. Em São Paulo, os rituais islâmicos, como as orações diárias e a festa do fim do Râmadã tmês do jejum), eram celebrados no salâo da Socieda- de Beneficente até 1950, quando passaram a ocupar a Mesquita Brasil, a primeila do paÍs, cuja construção se estendeu de 1942 a 1960. Como não se identificam com a interyretação do Islã praticada pelos sunitas, os muçulrnanos drusos e alauítas também criamm suas próprias institui ções, Os aÌauítas são uma seita xiita que segue os ensinamentos de Muhammad lbn Nusalr, um disci pulo do 11" Imã (descendentede Maomé). A Socie- dade Beneficente Alauíta foi fundada em 1931 no Rio de Janeiro. Os drusos, que se autodenominam "unitaristâs", surgirarn no século X e têm uma in- terpretação esotéúca do Islã. Possuem doutrinas que lhes são específicas, como a crença na reencar- nação. Como a principâl árca de imigação dos dru- sos foi Minas Cerãis, lá se concentaram suas insti- tuições. Em 1929, foi fundada a Sociedade Beneficente Dmziense ern Oliveira (MG), transferi- da para Belo Horizonte em 1956. Em 1969, foi cria- do o Lar Druso Brasileiro em São Paulo, e mais re- centemente, um Lar Druso em Foz do Iguaçu. A vinda de árabes para o Brasil entrou em decli nio após 1940, devido a medidas restdtivas do go- verno brasileiro, que impôs cotas à imigração, e à independência da Síria e do Líbano. Porém, com a guerra civil libanesa (1975-1990), as guerras árabe- israelenses, a ocupação isÍaelense dos territórios pa- lestiaos e do sul do Líbano (1982-2000) e a crise eco- nômica, novas levas migÌatórias cheganm ao Brasil a partir dos anos 1970. Desta vez, eram muçulma- nos em sua maioria. Nas últimás duas décâ- das, foram erguidas mesquitas sunitas no Paraná, em Sâo Paulo, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. A do Rio de Janeúo só passou a abrigar as orãções em 2007, estaqdo ainda em constu- ção. Mesquitas xiitas tam- bém foram construídas em São Paulo e Foz do lguaçu. Algumas comuni- dades muçuLmanas, como a de Curitiba, tornaÌam-se mistas sunita/xiita. Desde a década de 1990, cresce também o número de bra- sileims não árabes convertidos ao Islâ e, em menor escala, às igrejas OÍto- doxa e Maronita. O poftuguês passou a ser ado tado no sermão das sextas-feiras em comunidades muçulÍranas com grande número de convertidos, como a do RÍo de Janeiro, e é crescente a oferta de cursos de língua árabe. A entrada de brasileiros não árabes nas comunidades religiosas criadas pelos imi gÌantes árabes mostra como elas já fazem parte da paisagem religiosa da sociedade brasileira. H Sdiba Mois KARAÍ John. Um O!.io Anbes.a: Lthiedod. Si ia L,bonesd ro 8r0Ír Neol, Derol. São Paulo: lÍailins Fontes,2009. KNOWLTON. Clark. 5í rios e tócieses, Mobildo de lo.ióÍe Espo.ial5ão PãuÌo:Anhambi Ì960 LESSER Jelïrcr Á Nego- ooçAô do lde.Írdade No- .,ôroi /mr!,drtes € ütrÌo. Etnrcdode no B,úri. Sâo PaLrlo:Uncsp, 2001 . SAFAIJY Jorge A lúi8,"- (I88o l97I).Tese de dôúorado em História: FFLCH/UsE I972. tYudd ;ì t)iì \Jgenì rch br asricir .r: ro ìbàixo. .i paulo caBRrEL H.LU DA RocHA prNTo . pRor L\5oR | 1r | ' 'l' r' / DE ANTRopoLoGtA N uNrvÊRsTDADE FEDERAL LguaçL <k'romít.rr1,t FLUI'I|NENSE (uFF) Ê CoORDINADOR Do NúcLEo DE Ornì' li),ì,Ai KhiìÌ;rl) c ESruDos sogRE o oRrENÌE ptÉDlo (NEot1/uFF). coní,!úlr €nì tg8t {rï;. , d;&: j a.,.)Ò.)---.r. êÌ PAULO DANIEL FARAH in"|luint:i.u ri .l ì t .1 ú) Alicerces, recifes e ocepPes U tí.ntbe tcnt A Ntair, recém-caso.d.a, mora nos aftabaldes de [ma oldeia do interior, põe o seulestià.o de chita e o xale. Pega o garo- to, um azougue de menino,lala-o e passe-Ihe talco, Se o ga- roto tosse, dó-Ihe uma colher de xarope, empapq o olgod,ão em cânfora e faz massagem nas nns costas. Vai à cistema, prende a azêmola na atgola da manjoïa, põe óguo na modesta jarïa. Uai Jazer mfé e adoça-o com so.boroso oçu- car-cande- O msrido, um mameluco, conhecido pela alcu- rha Boca-Torta, bem cedinho, jó se levonta com enxaqxe- co, põe as ceroula5 o temo cóqui, bemlavadínho com anil, toma um trago de coÌthaErc de alcah^o São João da Bof- ra ou, se não o tem,llai ao alambique, sorve um gole d.e je- ropiga. Toma o tíftqÍa e vai pescar no aqtde. jutras lezes, prefere caçar jovalí; limpa o azinhavre d.a espingard.a de m a,t t utïrb ern ! t f er tírio,'r'rl li:-l osrt rr r'Ì I 1i r r r i i I tÌ1.ïrúi pi'ir-,siÌì{:r.i liii iilt.,;lii iri)/ lll {itasú1. L[1tt cl1(g,ll í.i(i ]ìl'írsii r iitrgil,;iii-rt. Srosso calibre, sai $m 0 i-d l(i isÌr.i',) úi:!l rtlad o Sultão e vol- ta com algumas otl obds oc i.,.-:i .:j . 'çrus. Á hí)rc d0 ei- moço, Altair lhe tr?z urÌlds (1:-?it,-ìÌl.i-r. süttlì-se com €l€, e pincípiam umo solodn de alliicc i'err; regqtlo a ozeite. Vem depois o espínafi'e, a cabideÌrt, d .rì ìrìi oir 0 pc ixe escabeche, ou com alcapan'a, que ingrru conl rrn o: ben soltínho. EIa Ihe oÍerece um prato coÌn ítrelg.Ì. qlri ! et.itd. Prefere alca- chofra, por catsa do figodo. \/d i torì o ri íio Ì'l tidi co de tamo- rindo. À sobremesa, umaboaloronjü sel.]td. A pr€sença dãs palawas de origem árabe na lín- gua poÌt-rguesa é tão vasta que ,{ÍÌrônio José Che- diak pronunciou um discur'.o no Í esrival Á.rabe de 1972 no qual utilizon m núnìero impressiona[te de vocábulos com essa o genr. Em sua permanência de quase oiro séculos na Peninsula lbérica. os árabes conrribuíram com cen- tenas de vocábulos para o lérìco da língua poúu- guesa, ainda durante seì.ì período de formação. Se- gundo Antônio Houaiss {1915-19991. do total de cetca de três miÌ palawas do ponì.lsuès primit ivo. no mínimo 800 têm origem áÌabe.  paÌtir do sé- culo XII, quando começa a esbocar-se a consolida- ção da línguâ portuguesa conlo raÌ. o árabe estava presente, mas com esta dualidade: enquanto o ára- be da Península lbérica era o de úma Ìíngua de cu! tura, o português, ou aquilo que de\.eril ser o por- tugì.rês da Península lbérica. era uma língua natural, O árabe, como tal, teria rodas as condições para prevalecer, e estava yisil'elmente prevalecen- do na Peninsula lbérica, onde se radicara. Foi só rY P z 5 I com a Reconquista que houve a expulsão dos ára- bes e dos arabizados, graças ao que o português pô- de conquistar teneno', expÌica Houaiss. As contribuições lexicais árabes se fazem perce- ber em áreas diversas. como as ciências exatas, a âdministração, a religião, a agricultura, a arqúte- tuÌa, a cuÌináda e a literatura. Em portug!ês, é ex- pressivo o número de palawas que começam pela letra "a" e que têm origem árabe - entÌe muitas ou- tÌas, alvará (documentada em poÍtuguês desde 1331), alfaiate, açúcar, arroz, azeite, alface, alfân- dega, alÍnofada, almôndega, açude, aldeia, algema, ãlgodão, alicerce e alquimia. "Á1" é o artigo definido em árabe - independen- temente do gênero e do número. Com ÍÌequência, os porrugueses o incorpotavam às palavras que ou- viam, sem compreender que se tratava do artigo. Ao compararmos a palavra "al-godão" com cotÍol1, em inglês, coüon, em ftancês, ou cotone, em italiano, isso fica claro. O mesmo se verifica qüando compa- Íamos a palaua "âr-roz" com rice, em inglês, riz, em francês, ou riso, em italiano. A única diferença é que, por uma questâo fonética. ocorre uma assi- miÌação - como acontece no caso das letras ditas solarcs. Assim, não se fala "al-ruzz" em árabe, mas "aÌ-ruzz" (daí "arroz"). Na passagem do árabe para o portu$tês, é co- mum enconbar redirecionamentos semânticos - ou seja, palawas cujo sentido soÍieu algum tipo de alteração. É o caso de "acepipe" (petisco), que odginalmente (az-zebtb ou az-zqbíb\ designava "pas- sa de uva", bastante apreciâda rras regiões árabes, como comprova o ditado "Dú1rb a.l-hahíb, atJ qz- zabíb" - "A bordoada de al$Ìém querido é como degustar uva-passa". A mesma alteração de sentido ocorreu com "açougue", que vem do árabe as-súq, ou .merca- do". Ainda hoje, é comum a referência ao merca- do árabe como siq. Em português, virou local que vende carne. "Álarife" (mestre de obras, arquiteto, construtor) tem como origem o árabe al-aif, "aquele que sabe e está bem infomado.. .'Ácool", () ito;ttr,i.iu r I I r i I r : i i j r. i i j i: i ; i' i i ri i í .i . r I j I I i i I a , ,.!l ji tt il,ir ri..r_ilil il.l-sSílii .ì a1(.ri!11{t; {t j I I i Ì í lr) I í I atí{ì iiii iliiiti. l:ii;i iÌci lÌIii;(.r !,,j, ('/i "íIIj;tii i:,Ì1ì{," composto que, por extensâo, passou a denominar
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