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Aula 1 - Constitucional I

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1 
Aula 1 
 
O Direito Constitucional 
Conceito, objeto e relação com as demais áreas do direito 
 
Nesta aula serão abordados os primeiros aspectos relativos ao direito 
constitucional. Para facilitar a compreensão do aluno serão retomadas algumas 
noções introdutórias sobre o Direito, situando o Direito Constitucional no seu aspecto 
essencial que é o de limitação do poder político. 
Após, serão expostos os aspectos c74onceituais do direito constitucional, 
também a partir de uma classificação conceitual do direito (ciência do direito, direito 
positivo e direito subjetivo). Deve-se ter presente, no ponto, que toda a tentativa de 
conceitualizar e definir algum instituto jurídico é perigosa, conforme já advertiam as 
fontes romanas no (Digesta 50.17.202) com o brocardo ommins definitio in jure civili 
periculosa est. Portanto, o objetivo será apenas de familliarizar o aluno com algumas 
perspectivas de estudo do Direito Constitucional e com o seu objeto. 
Por fim, o Direito Constitucional será sistematizado na sua relação com as 
demais áreas do direito. Nesse ponto, busca-se oferecer ao aluno a possibildiade de 
compreender de que modo todo o direito encontra-se hoje “constitucionalizado” e, 
pois, tem seus alicerces no Direito Constitucional. 
 
Bibliografia básica: 
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 27ª ed. atualizada. São 
Paulo: Malheiros, 2012. 
 
BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os 
conceitos fundametnais e a construção do novo modelo. 2ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2010. 
 
Bibliografia complementar: 
BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do 
Direito (o triunfo tardio do direito constitucional no Brasil). Revista de Direito 
Administrativo, Rio de Janeiro, v. 240, p. 1-42, abr./jun. 2005.
 2 
1 Noções introdutórias sobre o Direito e sobre o Direito Constitucional 
O Direito Constitucional ocupa um papel proeminete no âmbito do Direito, 
na medida em que, atualmente, todos os ramos do direito devem estar em 
conformidade com a Constituição. No entanto, longo é o caminho percorrido, no 
curso da história, para que o Direito Constitucional viesse atingir o seu status 
atual, até porque, cientificamente, é bastante novo, se comparado com outras 
matérias, como, por exemplo, o direito civil. 
Para que se possa ter uma compreensão adequada acerca do Direito 
Constitucional, é necessário, atende de mais nada, mencionar, ainda que de 
forma superficial, alguns aspectos relativos ao próprio Direito. O Direito é sem 
dúvida um produto do homem, feito pelo homem para o próprio homem, afinal 
este, como já disse Protágoras, é a medida de todas as coisas. Não é um produto 
da natureza, não se encontra em estado líquido, gasoso ou sólido1. Como o home 
é um ser social, ele necessita de regras de convívio, regras capazes de regular a 
vida em sociedade. É o que se encontra sintetizado nos brocardos “ubi homo, ibi 
societas” (onde há homem, há sociedade) e “ubi societas, ibi jus” (onde há 
sociedade, há direito). 
 
No princípio era a força. Cada um por si. Depois vieram a família, as tribos, a 
sociedade primitiva. Os mitos e os deuses – múltiplos, ameaçadores, vingativos. 
Os líderes religiosos tornaram-se chefes absolutos. Antiguidade profunda, pré-
bíblica, época de sacrifícios humanos, guerras, persguições, escravidão. Na noite 
dos tempos, acendem-se as primeiras luzes: surgem as leis, inicialmente morais, 
depois jurídicas. Regras de conduta que reprimem os instituos, a barbárie, 
disciplinam as relações interpessoais e, claro, protegem a propriedade. Tem início 
o processo civilizatório. Uma aventura errante, longa, inacabada. Uma história 
sem fim2. 
 
Nas primeiras civilizações, como ensina Barroso, a lei assume sua 
dimensão simbólica, ainda como ato divino, o pacto de Deus com o povo 
escolhida, tendo persistido a força da lei religiosa com o cristianismo, dando 
origam à tradição milenar batiada como judaico-cristã. 
 
1
 CALMON DE PASSOS, José Joaquim. Democracia, participação e processo. In: 
PARTICIPAÇÃO e processo. 1. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988, p. 83 
2
 BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos 
fundametnais e a construção do novo modelo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 3. 
 3 
Nas primeiras civilizações, a lei assume sua dimensão simbólica, ainda 
como ato divino, o pacto de Deus com o povo escolhido. A força política da lei 
religiosa prosseguiria com o cristianismo, dando oirgem à tradição milenar 
batizada como judaico-cristã3. Ainda sem adentrar em diferenciações entre direito 
e lei, pode-se fizer que está tem o sentido de impor limites ao homem, de 
interdição. E, nisso, vem a regrar o homem em sociedade. 
 
• Na medida em que o Direito deixa de ser algo divino, e passa a ser 
produzido pelo homem, por instâncias de Poder (como é o caso do Estado), como 
colocar freios ao Poder? A ideia que está no germe do constitucionalismo e do 
Direito Constitucional é justamente a de contenção do Poder; 
 
2 Classificação conceitual do Direito e do Direito Constitucional 
O vocábulo Direito presta-se a acepções amplas e variadas, designando 
um conjunto heterogêneo de situações e possibilidades. Para os fins aqui visados, 
é de proveito demarcar três sentidos que, embora diveros, integram-se para 
produzir um conjunto harmonioso. Direito, assim, pode significar: 
(a) um domínio científico, isto é, o conjunto ordenado de conhecimentos 
acerca de determinado objeto: a ciência do direito; 
(b) as normas jurídicas vigentes em determinado momento e lugar: o 
direito positivo; 
(c) as posições jurídicas individuais ou coletivas instituídas pelo 
ordenamento e a exigibilidade de sua proteção: os direitos subjetivos. O direito 
constitucional se amolda sem embaraços a essa classificação conceitual. 
 
• Atenção: o Direito é uma ciência que não pode ser estudada como 
as ciências da natureza, como as ciências matemáticas. Trata-se de distinção 
entre ciências do espírito e ciências da natureza. 
 
 
3
 BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos 
fundametnais e a construção do novo modelo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 4. 
 4 
O direito constitucional também costuma ser classificado como ciência do 
direito constitucional, direito constitucional positivo e direito constitucional como 
direito subjetivo 
 
(a) a ciência do direito constitucional 
Como domínio científico, o direito constitucional procura ordenar elementos 
e saberes diversos, relacionados a aspectos normativos do poder político e dos 
direitos fundamentais, que incluem: as reflexões advindas da filosofia jurídica, 
política e moral – filosofia conceitual e teoria da Constituição; a produção 
doutrinária acerca das normas e dos institutos jurídicos – dogmática jurídica; e a 
atividade de juízes e tribunais na aplicação prática do Direito – jurisprudência. 
Nele se inclui a identificação ou elaboração de determinados princípios 
específicos, a consolidação e sistematização dos conhecimentos acumulados e, 
muito importante, o oferecimento de material teórico que permita a formulação de 
novas hipóteses, a especulação criativa e o desenvolvimento de ideais e 
categorias conceituais inovadoras que serão testadas na vida prática4. 
 
(b) o direito constitucional positivo 
O direito constitucional positivo é composto do conujunto de normas 
jurídicas em vigor que têm o status de normas constitucionais, isto é, que são 
dotadas de máxima hierarquia dentro do sistema. A conquista de normatividade 
foi capítulo decisivo na ascensão científica e institucional do direito constitucional. 
Do ponto de vista formal, tododispositivo que integre o corpo da Constituição 
desfruta da posição especial referida acima. O direito constitucional positivo 
consiste, em primeiro lugar, nas normas que compõem a Constituição.5 
 
• Atenção: atualmente o direito positivo costuma ter seu “conceito” 
alargado, para abranger também a Imporância assumida pela jurisprudência; 
 
 
4
 BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos 
fundametnais e a construção do novo modelo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 47-48. 
5
 BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos 
fundametnais e a construção do novo modelo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 49. 
 5 
(c) o direito constitucional como direito subjetivo 
Direito é, também, em uma terceira acepção, a possibilidade que o 
beneficiário de uma norma tem de fazê-la atuar em seu favor, inclusive por meio 
de recurso à coação estatal. Normas jurídicas e, ipso facto, normas 
constitucionais tutelam bens jurídicos socialmente relevantes e interesses 
individuais. Um direito subjetivo constitucional confere a seu titular a faculadde de 
invocar a norma da Constituição para assegurar o desfrute da situação jurídica 
nela contemplada. Consoante doutrina clássica, é o pdoer de ação fundado na 
norma para a tutela de bem ou interesse próprio.6 
 
3 Objeto do Direito Constitucional 
No seu conceito clássico, de inspiração liberal, o Direito Constitucional tem 
basicamente por objeto determinar “a forma de Estado, a forma de governo e o 
reconhecimento dos direitos individuais” (Esmein)7. Em suma, o estabelecimetno 
de poderes supremos, a distribuição da competência, a transmissão e o exercício 
da autoridade, a formulação dos direitos e das garantias individuais e sociais são 
o objeto do Direito Constitucional contemporâneo. Revela-se este mais pelo 
conteúdo das regras jurídicas – a saber, pelo aspecto material – do que por efeito 
de aspectos ou considerações formais, dominantes historicamente no 
constitucionalismo do Estado liberal8. 
 
4 Relação do Direito Constitucional com demais áreas do Direito 
Divide-se o Direito Público em duas partes fundamentais: o Direito Público 
externo (Direito Internacional) e o Direito Público interno. O primeiro regula 
relações entre Estados, o segundo marca a extensão da ordem jurídica 
relativamente a um determinado Estado. 
 
6
 BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos 
fundametnais e a construção do novo modelo. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 50. 
7
 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 27ª ed. atualizada. São Paulo: Malheiros, 
2012, p. 37. 
8
 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 27ª ed. atualizada. São Paulo: Malheiros, 
2012, p. 38. 
 6 
A disciplina básica do Direito Público interno é o Direito Constitucional, que 
fixa as normas fundamentais da organização jurídica e condiciona, debaixo de 
seus princípios, os demais ramos do Direito Público, com os quais se relaciona9. 
Segundo Mario Bernaschina González, “as Constituições clássicas 
continham somente princípios relativos ao governo e às garantias individuais: hoje 
em dia as leis fundamentais assinalam as bases primárias de toda organização 
jurídica do Estado e daí suas múltiplas e importantes relações com outros ramos 
do Direito”10. 
Essa relação pode ser vista, dentre outras, das seguintes maneiras: 
 
Direito Constitucional e o Direito Administrativo 
Direito Constitucional e o Direito Penal 
O Direito Constitucional e o Direito e o Direito Processual 
O Direito Constitucional e o Direito do Trabalho 
O Direito Constitucional e o Direito Financeiro e Tributário 
O Direito Constitucional e o Direito Internacional 
O Direito Constitucional e o Direito Privado 
O Direito Constitucional e a Ciência Política 
O Direito Constitucional e a Teoria Geral do Estado 
 
• Atualmente, todas as áreas do Direito encontram-se 
“constitucionalizadas”. Exemplo privilegiado disso é a “constitucionalização do 
Direito Privado”. 
• Um bom exercício para compreensão do tema é analisar de que 
modo o princípio da dignidade da pessoa humana têm influenciado o direito 
privado. 
Quadro sinótico 
 
 
Classificação conceitual do Direito Constitucional 
 
 
9
 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 27ª ed. atualizada. São Paulo: Malheiros, 
2012, pp. 45-46. 
10
 Constitución Política y Leyes Complementarias, 2ª ed., p. 31. 
 7 
Teoria do Direito Direito Constitucional 
 
Ciência do 
Direito 
Conjunto de 
conhecimento sobre 
determinado domínio 
científico 
Ciência do 
Direito 
Constitucional 
Estudo da Teoria do 
Direito Constitucional 
e da Constituição 
dos saberes relativos 
aos aspectos 
normativos do poder 
político e dos direitos 
fundamentais 
Direito Positivo 
Estudo das normas 
jurídicas vigentes Direito 
Constitucional 
Positivo 
Estudo das normas 
jurídicas que 
compõem a 
Constituição (normas 
constitucionais) 
Direito Subjetivo 
Posições jurídicas 
instituídas pelo 
ordenamento jurídico 
e sua proteção 
Direito 
Constitucional 
como Direito 
Subjetivo 
Estudo dos direitos 
subjetivos conferidos 
pela Constituição e a 
possibilidade do seu 
beneficiário buscar a 
sua atuação

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