Buscar

OS PILARES DO CCB 1916 E SUA EVOLUÇÃO AO CCB 2002

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

OS PILARES DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 E SUA 
EVOLUÇÃO ATÉ CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
Prof. Alexandre Alberton 
 
 O Código Civil de 1916, elaborado por Clóvis Beviláqua, possui normas de cunho 
protetivo em relação ao patrimônio. O Código Civil de 1916 assentou-se em 3 pilares 
fundamentais: a família, a autonomia de vontade (contrato) e a propriedade. 
No entanto, o nosso Direito Civil tradicional amparado por uma legislação 
eminentemente defasada de 1916, de cunho patrimonialista, não conseguia solucionar 
com justiça as questões trazidas pela sociedade do século XXI, haja vista a chamada 
modernização do direito civil, podendo ser constatado: 
 
Propriedade 
A propriedade consiste num dos direitos mais pronunciados de cunho 
individualista, sendo considerado como direito natural do homem, consistia no poder de 
usar, gozar e dispor das coisas (da propriedade) de maneira absoluta e sem qualquer 
forma de limitação. 
Em resumo, sob a ótica tradicional, desenvolveu-se o direito de propriedade como 
uma situação jurídica subjetiva tendo o proprietário particular no polo ativo e todas as 
demais pessoas no polo passivo, as quais têm o dever de respeitar o exercício das 3 
faculdades do proprietário: uso, gozo e disposição. O direito de propriedade é visto como 
absoluto, exclusivo e perpétuo, já que direcionado unicamente para o seu titular 
(proprietário), que utilizava o bem quando, onde, como e enquanto lhe aprouvesse. 
No entanto, mais adiante, surgem as limitações ao direito de propriedade, que 
consistem nos condicionamentos que atingem as características desse direito. 
São espécies de limitações ao direito de propriedade: 
a) Restrições: limitam o poder absoluto da propriedade, como por exemplo, a 
impossibilidade de corte de alguma árvore protegida por lei ambiental. 
b) Servidões: atingem o caráter exclusivo da propriedade, que passa a servir também a 
outra pessoa. Ex.: servidão de passagem. 
c) Desapropriação: afeta o caráter perpétuo da propriedade, porque é o meio pelo qual o 
Poder Público determina a transferência compulsória da propriedade do particular. 
Assim, essa visão de cunho individualista do nosso Código Civil de 1916 em 
relação à propriedade é superada pela sua conformação do seu direito de propriedade ao 
bem-estar social ou à uma função social, estando o titular adstrito ao cumprimento de 
deveres. Sendo o domínio um direito subjetivo, deve ser usado a serviço não somente 
próprio, mas de outros, dando uma função social, conforme estabelece o artigo 182, § 2º 
e 186 da CF/88. 
 
Família 
 O Código Civil de 1916 determinava que a entidade familiar era aquela constituída 
somente pelo casamento. Não havia o reconhecimento da união estável como entidade 
familiar, o que ocorreu somente com a CF/88 e as Leis 8.971/94 e 9.278/96. 
 O casamento, no Código Civil de 1916, era indissolúvel e, em virtude disso, o 
regime de bens legal era o da comunhão universal. Somente a partir da entrada em vigor 
da Lei do Divórcio (Lei 6.515/77) é que foi permitida a dissolução do casamento e, com 
isso, houve a alteração do regime legal de bens para o da comunhão parcial. 
 Em relação aos filhos, o Código Civil de 1916 fazia distinção entre os filhos 
legítimos como aqueles oriundos do casamento e, desta forma, protegidos pela 
legislação civil, daqueles que eram gerados de relações fora do casamento, sem qualquer 
proteção jurídica. 
No entanto, com o passar do tempo, houve modificações na base material da 
sociedade, determinando um novo estilo de vida, repercutindo intensamente na 
organização da família. 
O matrimônio diminui, aumentando a união livre entre os indivíduos, produzindo 
crescentes efeitos jurídicos. 
Procurou-se criar leis visando amparar a companheira como ocorreu com a Lei 
8971/94 e 9278/96, bem como proteger os filhos fora do casamento, o que ocorreu com a 
Constituição Federal de 1988 (art. 227, § 6º da CF/88), equiparando os filhos oriundos de 
dentro e fora do casamento, não mais se falando em filiação legítima e ilegítima. 
 
Autonomia de vontade/contrato 
O individualismo jurídico ergue o contrato à altura de instrumento insubstituível das 
relações humanas. Toda a vida econômica deve ser vivida através dos contratos, fonte 
por excelência das obrigações. No entanto, para que os contratos possam ser 
estabelecidos é necessária autonomia de vontade dos contratantes. 
O contrato, assim, é baseado em dois princípios: a liberdade de contratar e a 
igualdade formal entre os contratantes. 
A liberdade de contratar determina que os indivíduos (contratantes) são livres para 
estipular as cláusulas contratuais previstas nos contratos que vierem a ser realizados. 
A igualdade formal entre os contratantes determina que os contratantes, no 
momento da realização do contrato estão em situação de “igualdade”, ou seja, ambos os 
contratantes estão numa condição em que não há a imposição da vontade de um 
contratante sobre a vontade do outro contratante. 
Nesse contexto, criou-se um modelo de contrato em bases individuais, celebrado 
segundo uma igualdade formal e liberdade de contratar. A igualdade formal entre os 
contratantes era considerada suficiente para uma suposta justiça contratual, pois a 
contratação seria fruto da livre convenção das partes envolvidas. 
Assim, se os contratantes são livres para celebrar um contrato e o fazem, 
assumem todas as obrigações acordadas, segundo a vontade manifestada, devendo ser 
cumprido aquilo que foi acertado (“pacta sunt servanda”). 
No entanto, na atualidade, em função do desenvolvimento da sociedade e das 
relações de consumo, constituindo-se em relações de massa, existem contratos (de 
adesão) em que um dos contratantes (fornecedor – fabricante ou comerciante, por 
exemplo), pelo seu maior poder econômico, faz prevalecer cláusulas que somente o 
beneficiam e que o outro contratante (consumidor), por estar em desvantagem, aceita 
esse contrato, a fim de adquirir determinado bem de consumo. Ex.: contrato de 
financiamento de veículo; contrato de plano de telefonia de móvel; contrato bancário..... 
Com efeito, esses contratos de massa (celebrado por milhares de pessoas), 
celebrado entre consumidores e fornecedores, antes do advento do CDC, tinham um 
tratamento inadequado do Código Civil de 1916, pois tratava as partes segundo uma 
igualdade formal. Na verdade, não havia uma igualdade formal, mas sim uma 
desigualdade entre os contratantes, verificando-se tal situação na condição de 
vulnerabilidade do consumidor (vulnerabilidade técnica, econômica e de informação). 
A vulnerabilidade técnica do consumidor pode ser verificada a partir do momento 
em que o consumidor não tem condições de conhecer a técnica utilizada para a criação 
de determinado produto colocado no mercado de consumo. 
A vulnerabilidade econômica do consumidor fica evidenciada com a 
impossibilidade do consumidor discutir as cláusulas contratuais, pois as mesmas já estão 
pré-estabelecidas em um contrato padrão (contrato de adesão). 
A vulnerabilidade de informação do consumidor existe a partir do momento em que 
o consumidor fica nas mãos do fornecedor, pois é este que detém as informações sobre a 
qualidade e especificações do produto ou serviço adquirido. 
Em virtude desta vulnerabilidade do consumidor, a moderna lei consumerista 
(Código de Defesa do Consumidor) modificou o princípio da autonomia de vontade e da 
força obrigatória dos contratos, criando uma verdadeira revolução doutrinária. 
O Código de Defesa do Consumidor limitou a autonomia de vontade, evitando, 
desta forma, os abusos que eram cometidos pela parte mais forte na relação contratual 
(fornecedor) em relação à parte mais fraca (consumidor) com evidente desigualdade 
material. 
Assim sendo, o Código de Defesa do Consumidor permite a revisão dos contratos 
de consumo buscandoa readequação deste contrato com a eliminação de eventuais 
cláusulas abusivas que determinem uma onerosidade excessiva para o consumidor.

Outros materiais