Buscar

MATERIAIS DE CONSTRUÃO COMBUSTÍVEIS E INCOMBUSTÍVEIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP
Departamento de Engenharia de Construção Civil
ISSN 0103-9830
BT/PCC/222
Proposta de Classificação de
Materiais e Componentes
Construtivos com Relação ao
Comportamento Frente
ao Fogo - Reação ao Fogo
Marcelo Luis Mitidieri
Eduardo loshimoto
São Paulo - 1998
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Departamento de Engenharia de Construção Civil
Boletim Técnico - Série BTIPCC
Diretor: Prof. Dr. Antônio Marcos de Aguirra Massola
Vice-Diretor: Prof. Dr. Vahan Agopyan
Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alex Kenya Abiko
Suplente do Chefe do Departamento: Prof. Dr. João da Rocha Lima Junior
Conselho Editorial
Prof. Dr. Alex Abiko
Prof. Dr. Francisco Cardoso
Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr.
Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves
Prof. Dr. Antônio Domingues de Figueiredo
Prof. Dr. Cheng Liang Yee
Coordenador Técnico
Prof. Dr. Alex Abiko
O Boletim Técnico é uma publicação da Escola Politécnica da USP/Departamento de
Engenharia de Construção Civil, fruto de pesquisas realizadas por docentes e
pesquisadores desta Universidade.
Este texto faz parte da dissertação de mestrado de mesmo título que se encontra à
disposição com os autores ou na biblioteca da Engenharia Civil.
INTRODUÇÃO
A segurança contra incêndio, no Brasil, tem estado em evidência nas últimas décadas, pois
grandes sinistros levaram esta questão a ser repensada com mais atenção.
As conseqüências que os incêndios causam à sociedade são notórias. Ocorrem perdas sociais,
econômicas e humanas. Apesar dos trabalhos já realizados na área, muito ainda deve ser estudado,
pesquisado, planejado e introduzido em nossas regulamentações para que possamos alcançar um nível
aceitável de segurança contra incêndio para toda a população brasileira.
O desenvolvimento tecnológico trouxe profundas modificações nos sistemas construtivos,
caracterizadas pela utilização de grandes áreas sem compartimentação; pelo emprego de fachadas
envidraçadas e pela incorporação acentuada de materiais combustíveis aos elementos construtivos. Tais
modificações, aliadas ao número crescente de instalações e equipamentos de serviço, introduziram riscos que
anteriormente não existiam nas edificações.
Sabe-se que eliminar todo risco oriundo de um incêndio para com a segurança humana é uma
tarefa impossível. Sabe-se também que esforços não planejados realizados neste sentido resultam em uma ação
anti-econômica. Para se obter um nível aceitável de segurança contra incêndio e pgr parcelas ponderáveis de
custo, faz-se necessário um estudo mais amplo e aprofundado. E preciso conhecer os objetivos da segurança
contra incêndio e saber como atuar na prevenção e proteção, desde o ante-projeto até a construção, operação
e manutenção de um edifício. Grande parte da segurança contra incêndio é resolvida na fase de projeto. E
muitas diretrizes também são encaminhadas para a solução geral do problema nesta fase.
Neste trabalho, a reação ao fogo de materiais utilizados no revestimento/acabamento de paredes e
tetos e dos incorporados aos sistemas construtivos será tratada através da verificação do maior ou menor
potencial que eles possuem para contribuir para o desenvolvimento do fogo, quando submetidos à uma
situação definida de combustão.
A reação ao fogo dos materiais contidos na edificação, quer seja como mobiliários (estofamentos,
cortinas, objetos de decoração, etc.), ou então como agregados aos elementos construtivos (revestimentos de
paredes, tetos, pisos e fachadas), destaca-se como um dos principais fatores responsáveis pelo crescimento
do fogo, pela propagação das chamas e pelo desenvolvimento de fumaça e gases tóxicos, contribuindo para
que o incêndio atinja fases críticas e gere pânico e mortes.
A maior parte das regulamentações existentes tratam da reação ao fogo dos materiais utilizados no
acabamento de paredes e tetos. Isto acontece porque análises de sinistros ocorridos nos Estados Unidos
demonstraram que os pisos tradicionais (madeira, vinílicos e à base de resinas) apresentam contribuição
reduzida para a propagação do fogo nos primeiros momentos do incêndio, ao passo que os revestimentos e
acabamentos de paredes e tetos, quando em contato com fontes de ignição, podem se envolver logo nos
primeiros instantes (UBC Handbook, 1995).
O objetivo deste trabalho é propor um modelo de classificação dos materiais utilizados como
revestimento e acabamento de paredes e tetos, bem como dos materiais incorporados aos elementos que
compõem o sistema construtivo, de modo que se possa selecioná-los conforme seu desempenho frente ao
fogo, prevenindo-se, assim, os riscos de ignição, crescimento e propagação do fogo e, consequentemente,
aprimorando a salvaguarda da vida humana e dos bens.
O trabalho foi estruturado em cinco capítulos:
Capítulo1 - O Sistema Global da Segurança Contra Incêndio,
Capítulo2 - Análise das Regulamentações e Normas Vigentes na Área de Segurança Contra Incêndio de
Algumas Cidades Brasileiras;
Capítulo3 - A Classificação dos Materiais de Revestimento/Acabamento e dos Incorporados aos Elementos
que Compõem os Sistemas Construtivos;
Capítulo4 - Avaliação do Desempenho Frente ao Fogo dos Produtos Utilizados na Construção Civil na
Europa e;
Capítulo5 - Proposta de uma Classificação dos Materiais em relação à Reação ao Fogo.
1. O SISTEMA GLOBAL DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E A REAÇÃO AO FOGO
Para que um edifício seja seguro contra incêndio, deve-se de antemão saber quais os objetivos
dessa segurança e os requisitos funcionais a serem ali atendidos.
As ações adotadas para se alcançar uma segurança adequada em um edifício devem ser coerentes
e implantadas de maneira conjunta. Essas ações constituem o Sistema Global de Segurança Contra Incêndio, o
qual é particular a cada edifício, e sua concepção e. seu desenvolvimento cabem a uma equipe de profissionais,
devido ao grande número de aspectos abordados.
1.1 A tradução de um edifício seguro contra incêndio e os objetivos da segurança contra incêndio
Considerando que a segurança está associada à probabilidade de risco de ocorrência de
determinados eventos que proporcionam perigo às pessoas e aos bens, percebe-se que ela pode ser obtida
através da isenção de tais riscos. Como a isenção total de riscos, na prática, é algo utópico, pode-se entender
a segurança contra incêndio como o conjunto de vários níveis de proteção aos mesmos.
As categorias básicas de riscos associados ao incêndio são: a) risco de início de incêndio; b) risco
do crescimento do incêndio; c) risco da propagação do incêndio; d) risco à vida humana; e) risco à
propriedade.
O nível de segurança contra incêndio obtido para um edifício está diretamente ligado ao controle
das categorias de risco, tanto no processo produtivo dessa edificação como na sua utilização.
Os objetivos da segurança contra incêndio, quando relacionados às categorias de risco, são
divididos em gerais e específicos.
Os objetivos gerais abrangem todas as categorias de risco e visam à redução de perdas humanas,
econômicas e sociais. Deve-se observar que a redução de perdas econômicas não consta dos objetivos gerais
quando é abordada a categoria de risco à vida humana.
Os objetivos específicos dizem respeito à segurança da vida humana, da propriedade atingida e
das adjacentes. A segurança da propriedade atingida e das adjacentes é atribuída apenas nas categorias de
risco de propagação do incêndio e risco à propriedade. 0 único objetivo específico da categoria de risco à vida
humana é a segurança da vida humana.
Apresentamos, a seguir, de maneira esquemática, a relação entre os objetivos gerais e os
específicos e as categorias de risco:
1.2 O edifício seguro e seus requisitos funcionais
Os requisitos funcionais a serem atendidos por um edifício seguro estão ligados à seqüência de
etapas de um incêndio, as quais se desenvolvem no seguinte fluxo: início do incêndio,crescimento do incêndio
no local de origem, combate, propagação para outros ambientes, evacuação do edifício, propagação para
outros edifícios e ruína parcial e/ou total do edifício.
Estabelecida a seqüência de etapas de um incêndio, pode-se considerar que os requisitos
funcionais atendidos pelos edifícios consistem em:
a) dificultar a ocorrência do princípio de incêndio;
b) ocorrido o princípio de incêndio, dificultar a ocorrência da inflamação generalizada1 do ambiente;
c) possibilitar a extinção do incêndio no ambiente de origem, antes que a inflamação generalizada ocorra;
d) instalada a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio, dificultar a propagação do mesmo
para outros ambientes,
e) permitir a fuga dos usuários do edifício;
f) dificultar a propagação do incêndio para edifícios adjacentes;
g) manter o edifício íntegro, sem danos, sem ruína parcial e/ou total;
h) permitir operações de natureza de combate ao fogo e de resgate/salvamento de vítimas.
1.3 Sistema global da segurança contra incêndio
O Sistema Global de Segurança Contra Incêndio resulta da garantia do atendimento aos requisitos
funcionais, que devem ser contemplados no processo produtivo e no uso do edifício.
Segundo BERTO (1991), as medidas de prevenção e proteção contra incêndio, quando
relacionadas aos requisitos funcionais visando a garantia de níveis adequados de segurança contra incêndio são:
a) "precaução contra o início do incêndio;
b) limitação do crescimento do incêndio;
c) extinção inicial do incêndio;
d) limitação da propagação do incêndio;
e) evacuação segura do edifício;
f) precaução contra a propagação do incêndio entre edifícios;
g) precaução contra o colapso estrutural;
h) rapidez, eficiência e segurança das operações relativas ao combate e resgate".
A precaução contra o incêndio constituí-se de medidas que se destinam a prevenir a ocorrência do
início do incêndio. Já as medidas de proteção contra incêndio são aquelas que visam à proteção da vida
humana, da propriedade e dos bens materiais dos danos causados pelo incêndio instalado no edifício.
Dentro do Sistema Global de Segurança Contra Incêndio, as medidas de proteção se manifestam
quando as medidas de prevenção falham, ocasionando o surgimento do incêndio. Estas
1 Inflamação superficial num mesmo instante de todos os materiais combustíveis, contidos no ambiente, submetidos
à uma radiação.
medidas compõem os elementos do sistema global, ou seja, limitação do crescimento do incêndio, limitação da
propagação do incêndio, evacuação segura do edifício, precaução contra o colapso estrutural e rapidez,
eficiência e segurança nas operações de resgate e combate.
Para uma melhor compreensão do sistema global, as medidas que o compõem podem ser
dispostas com relação aos aspectos construtivos (resultantes do processo produtivo do edifício) e ao uso do
edifício (resultantes das fases de operação e manutenção do edifício).
A TABELA 2 mostra as principais medidas de prevenção e proteção contra incêndio no âmbito
do processo produtivo e do uso dos edifícios, atribuídas aos elementos do sistema global.
1.4 A reação ao fogo dentro do contexto do sistema global
Considerando que a reação ao fogo dos materiais de revestimento/acabamento de paredes e tetos
e dos incorporados aos elementos construtivos é objeto deste trabalho, deve-se observar que ela aparece, de
maneira explícita e contundente, no Sistema Global de Segurança contra Incêndio, entre as medidas relativas
ao processo produtivo do edifício.
O controle das características de reação ao fogo dos materiais incorporados aos elementos
construtivos, no processo produtivo do edifício, está associado à limitação do crescimento do incêndio, à
limitação da propagação do incêndio, à evacuação segura do edifício e à precaução contra a propagação do
incêndio entre edifícios (vide TABELA 2).
Já no processo de uso do edifício, a reação ao fogo dos materiais está diretamente vinculada ao
controle de materiais trazidos para o interior do edifício e à disposição dos mesmos no ambiente. Os elementos
do Sistema Global de Segurança contra Incêndio aos quais tal controle encontra-se associado são a limitação
do crescimento do incêndio, a limitação da propagação do incêndio e a precaução contra a propagação do
incêndio entre edifícios.
A reação ao fogo dos materiais é considerada, dentro do sistema global, no processo produtivo
do edifício e interfere diretamente nos elementos: limitação do crescimento do incêndio, limitação da
propagação do incêndio, evacuação segura do edifício e precaução contra a propagação do incêndio entre
edifícios.
O presente trabalho tem como abordagem os ensaios laboratoriais aplicados aos materiais de
revestimento e acabamento de paredes e tetos e aos incorporados aos sistemas construtivos. Os ensaios
permitem conhecer e controlar as características de reação ao fogo que esses materiais apresentam,
possibilitando uma seleção dos mesmos de modo a obter-se níveis aceitáveis de segurança contra incêndio já
no processo produtivo do edifício.
1.5 As fases de um incêndio associadas às categorias de risco
Considerando o Sistema Global de Segurança Contra Incêndio como um conjunto de ações que
se contrapõe ao início do incêndio, o qual resulta das atividades desenvolvidas e das características dos
edifícios, ele deve ser estabelecido para cada novo edifício que se conceba, sendo específico para as
particularidades do risco de incêndio que se deseja restringir.
Os riscos de início, crescimento e propagação do incêndio estão diretamente relacionados à
evolução do incêndio no edifício e à sua propagação para os edifícios adjacentes.
A evolução do incêndio é caracterizada por três fases: a fase inicial (primeira fase), a fase de
inflamação generalizada (segunda fase) e a fase de extinção (terceira fase). A FIGURA 1 apresenta a evolução
típica de um incêndio com suas três fases características.
Na fase inicial, o incêndio está restrito a um foco, representado pelo primeiro material ignizado e
pelos possíveis materiais em suas adjacências. Nesta fase a temperatura do ambiente sofre uma elevação
gradual. A seguir, tem-se a fase da inflamação generalizada, caracterizada pelo envolvimento de grande parte
do material combustível existente no ambiente, a temperatura sofre elevação acentuada, não sendo possível a
sobrevivência no recinto. A fase de extinção é quando
grande parte do material combustível existente no ambiente já foi consumido e a temperatura entra em
decréscimo.
A maioria dos incêndios ocorre a partir de uma fonte de ignição nos materiais contidos no edifício
e não nos materiais incorporados ao sistema construtivo. Uma vez que o material que esteja em contato com a
fonte de ignição se decomponha pelo calor , serão liberados gases que sofrem ignição. Quando a ignição está
estabelecida, o material manterá a combustão, liberando gases/fumaça e desenvolvendo calor. 0 ambiente,
então, sofrerá uma elevação gradativa de temperatura, e fumaça e gases quentes serão acumulados no teto.
Através da condução, radiação e convecção, poderá ocorrer a propagação do fogo para materiais
combustíveis que estejam nas adjacências.
A probabilidade do surgimento de um foco de incêndio a partir da interação dos
materiais combustíveis trazidos para o interior do edifício e dos materiais combustíveis integrados ao sistema
construtivo caracteriza o risco do início do incêndio.
Caso haja uma oxigenação do ambiente através de comunicações (diretas ou indiretas) com o
exterior, o fogo irá progredir intensamente, atingindo o estágio de inflamação generalizada. Grande quantidade
de fumaça e gases quentes são gerados, e os materiais combustíveis do ambiente, aquecidos por convecção e
radiação, inflamar-se-ão conjuntamente. O fogo, então, atingirá rapidamente sua máxima severidade.
A probabilidade de o incêndio passar da fase inicial para a fase de inflamação generalizada,isto é,
a probabilidade de o foco de incêndio evoluir até atingir a inflamação generalizada caracteriza o risco do
crescimento do incêndio.,
Durante esta segunda fase, os gases quentes e fumaça gerados no local de origem podem ser
transferidos para outros ambientes, dentro do próprio edifício, através das aberturas de comunicação entre os
mesmos. Em função da alta temperatura, o fogo se propagará para esses ambientes com maior rapidez, e os
materiais combustíveis ali existentes também se queimarão com rapidez e intensidade maiores, se comparadas
ao ambiente de origem.
As altas temperaturas e os gases quentes emitidos através das janelas e/ou outras aberturas
existentes na fachada ou na cobertura (provocadas pela ruína parcial) ocasionam a propagação do incêndio
para os edifícios adjacentes. Com a ocorrência da propagação do fogo entre os ambientes do edifício de
origem, os mecanismos de radiação e convecção serão acentuados, provocando uma incidência maior de
fluxos de calor nas fachadas dos edifícios vizinhos. Somente quando grande parte dos materiais combustíveis
forem consumidos é que o fogo entrará no processo de extinção.
A probabilidade de propagação do incêndio, a partir da inflamação generalizada no ambiente de
origem, para outros ambientes e/ou edifícios adjacentes caracteriza o risco da propagação do incêndio.
A geração de fumaça e de gases tóxicos, a redução da quantidade de oxigênio disponível e o calor
desenvolvido em estágios mais avançados são fatos característicos das distintas fases do incêndio e que
oferecem risco à vida humana.
A probabilidade de os fenômenos associados ao incêndio (fumaça, gases nocivos, calor e falta de
oxigenação) provocarem lesões aos ocupantes do edifício, tanto os usuários como as pessoas envolvidas no
salvamento e combate, define o risco à vida humana.
0 risco à propriedade está presente desde o momento do início do incêndio e pode evoluir
gradativamente atingindo a inflamação generalizada no ambiente e a propagação do fogo para outros ambientes
e edifícios vizinhos. A fumaça, os gases quentes e o calor danificam os materiais e equipamentos contidos no
edifício, assim como o próprio edifício (ou seja, os seus elementos construtivos) e os edifícios adjacentes.
Portanto, o risco à propriedade é caracterizado pela probabilidade de ocorrência desses fatores.
Quanto mais suscetível for o sistema construtivo à ação do incêndio, maior será o risco à
propriedade. 0 colapso estrutural de partes do edifício pode implicar em danos à áreas não atingidas pelo fogo
e também à edifícios vizinhos.
De acordo com o exposto, as cinco categorias de risco apresentam-se intimamente
interrelacionadas. Qualquer dispêndio para o controle de uma delas redunda no controle das outras, exceto
quando se refere ao risco à vida humana, pois esta é conseqüência do controle de todas as outras categorias e
beneficia-se de todos os controles efetuados. Por se tratar da categoria mais importante, o risco à vida humana
incentiva o controle das outras quatro categorias de risco. Ele também justifica quaisquer controles extras que
não resultam em benefícios aos demais riscos como, por exemplo, o controle da evacuação segura do edifício.
2 - ANÁLISE DE REGULAMENTAÇÕES E NORMAS VIGENTES NA ÁREA DE
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
2.1 A Regulamentação contra Incêndio e o Poder Público
Nas últimas décadas, o desenvolvimento tecnológico trouxe profundas modificações nos sistemas
construtivos. Trata-se da utilização de grandes áreas sem compartimentação, do emprego de fachadas
envidraçadas e da incorporação acentuada de novos materiais aos elementos construtivos.
Tais modificações, aliadas ao número crescente de instalações e equipamentos de serviço,
introduzem riscos de incêndio que anteriormente não existiam. As regulamentações deveriam refletir e
acompanhar todo e qualquer tipo de evolução que viesse a ser introduzido, tanto no processo produtivo como
no uso do edifício, contribuindo para a implantação efetiva de um Sistema Global de Segurança Contra
Incêndio.
No Brasil, as perdas por incêndios são pouco conhecidas. A influência das modificações nos
sistemas construtivos, contudo, devem ser consideradas relevantes para o acréscimo do número de sinistros,
como pode ser comprovado através de dados do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo,
apresentados na FIGURA 2.
0 poder público, incumbido de providenciar a salvaguarda da vida humana e dos bens frente a
uma situação de incêndio, deveria atuar ativamente em seis frentes básicas: regulamentação, normalização,
fiscalização, educação, combate, pesquisa e estatística (BERTO, 1991).
Através da regulamentação, são definidas as condições mínimas de segurança contra incêndio que
devem ser compulsoriamente atendidas em todos locais e atividades. A ela também são atribuídos os critérios
gerais de atuação do poder público visando garantir a sua aplicação.
A regulamentação deve atuar de maneira a satisfazer as partes envolvidas, isto é, deve atender aos
interesses da administração pública, dos consumidores e dos empresários. Ela deve ser de fácil compreensão e
prática. Não deve conter detalhes técnicos de cada medida de prevenção e proteção contra incêndio, pois
estes são objeto da normalização.
A normalização, portanto, deve conter detalhes técnicos que providenciam a sustentação da
regulamentação., Deve contemplar, especialmente, as condições relativas ~ ao projeto, fabricação/construção,
instalação, funcionamento, uso, manutenção e avaliação dos dispositivos utilizados na garantia da segurança
contra incêndio dos edifícios. Diz respeito também às instalações de serviço e equipamentos tendo sempre
como objetivo minimizar o risco de início de incêndio.
Assim como a regulamentação, a normalização é resultado do consenso entre as partes envolvidas
e os interessados na questão.
Os serviços de avaliação de projetos e acompanhamento da construção, do controle da operação
e da manutenção dos edifícios são atividades relacionadas à fiscalização, cujo objetivo é verificar o
atendimento à regulamentação.
A fiscalização exige a formação de equipes vinculadas, mesmo que em caráter não oficial, ao
Corpo de Bombeiros e à Administração Municipal. Tais equipes devem ser constituídas por profissionais
especializados, os quais, além da fiscalização, devem estar aptos a resolver solicitações de profissionais do
mercado, bem como a esclarecer casos particulares e que não são abordados na regulamentação.
As atividades de educação envolvem a conscientização e o esclarecimento da população em geral,
através de veículos de massa, informando a respeito dos perigos do incêndio. A formação geral de
trabalhadores também é um quesito importante, pois o risco de incêndio nos locais de trabalho é acentuado.
Portanto, conscientizar para a importância da prevenção e proteção contra incêndio, durante o uso do edifício,
é um parâmetro educacional ligado à formação dos trabalhadores. Destacam-se também a importância da
formação de responsáveis pela segurança contra o incêndio nas empresas e da formação de arquitetos e
engenheiros especializados, capacitando para a área pessoal de nível superior.
O serviço de combate a incêndio deve ser executado por pessoal capacitado e devidamente
treinado. O contingente de pessoal para tal atividade deve ser grande e alocado em número adequado de
postos de combate, com o objetivo de minimizar o tempo de chegada ao local onde o fogo está instalado.
O conhecimento aprofundado da segurança contra incêndio e da sistemática de como os incêndios
se iniciam, se desenvolvem e se propagam possibilita a interrupção de sua evolução durante as fases iniciais do
processo, reduzindo as perdas que poderão vir a ocorrer. Para isto, uma ferramenta indispensável e de grande
valia é a aquisição, de maneira sistemática, dos dados de incêndio, pois eles, quando tratados de maneira
correta, fornecem subsídios essenciais à pesquisa e realimentam.todas as frentes de atuação do poder público,
dinamizando-as, atualizando-as e otimizando-as.
A TABELA 3 relaciona a estatística de incêndio e pesquisa com as demais frentes de atuação do
poder público.
Das frentes de atuação do poder público, sem dúvida, a regulamentação é o elemento que se
destaca. Entretanto, o mau funcionamento de qualquer outro elemento compromete o desempenho final,
resultado da ação conjunta de todos os elementos. Não adianta se ter uma boa regulamentação, se a mesma
não apresenta dinamismo quanto à sua otimização com relação ao desenvolvimento tecnológico na área de
segurança contra incêndio, ou mesmo se a fiscalização for incapaz de orientar os profissionais envolvidos e
efetivar o seu correto cumprimento.
Sabe-se que os gastos com prevenção e proteção contra incêndio não apresentam resultados
imediatos ou mesmo palpáveis. Isso leva a segurança contra incêndio a ser menosprezada. Portanto, é dever
do poder público estabelecer regulamentações, de caráter compulsório, não deixando que o nível de risco de
incêndio seja estabelecido por iniciativas de caráter particular, pois, neste caso, as ações necessárias tenderiam
ao sub-dimensionamento.
2.2 Análise de Regulamentações Vigentes no País
Para a análise das regulamentações vigentes no país, foram selecionados o Distrito Federal e os
estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná Rio de Janeiro e suas respectivas capitais. Tal seleção baseou-se
nas concentrações populacionais mais elevadas e na existência de legislações sobre a segurança contra
incêndio, seja no âmbito estadual ou no municipal. Nesta análise, foram examinadas as exigências existentes
com relação à reação ao fogo dos materiais incorporados aos sistemas construtivos.
2.2.1 Município de São Paulo
No município de São Paulo as regulamentações que contêm exigências de segurança contra
incêndio são as seguintes:
- Lei Municipal N' 11.228 de 25 de junho de 1992, Anexo I - Código de Obras e Edificações do Município
de São Paulo - (C.O.E.);
- Decreto Municipal N.º 32.329 de 23 de setembro de 1992, que regulamenta a Lei N.º 11.228 de 25 de
junho de 1992 - (L.O.E.);
- Decreto Estadual N.º 38.069 de 14 de dezembro de 1993, que aprova as Especificações para Instalação de
Proteção contra Incêndio;
- Instrução Técnica CB-02.33-94 - Proteção contra incêndio para estruturas metálicas.
A análise das exigências municipais foram realizadas em conjunto, uma vez que são complementares,
citando-se as fontes quando necessário.
Antes da análise das exigências específicas, é importante ressaltar alguns aspectos citados no Capítulo 9
-Componentes - Materiais, Elementos Construtivos e Equipamentos, do C.O.E.:
a) 0 item 9.1 do C.O.E. e a Seção 9.A do L.O.E. referem-se ao desempenho de materiais e elementos
construtivos (os quais devem apresentar estabilidade, salubridade e segurança da obra ou edificação),
garantido através do dimensionamento, especificação e emprego dos materiais constantes das N.T.O. (Normas
Técnicas Oficiais, registradas na Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT).
b) Segundo os itens 9. 1.1 e 9. 1.2 do C.O.E., para o emprego de componentes ainda não consagrados pelo
uso, bem como quando em utilizações diversas das habituais, deve-se garantir o desempenho, no mínimo,
similar aos padrões estabelecidos no C.O.E.. A obtenção desta garantia fica sob inteira responsabilidade do
profissional que os tenha especificado ou adotado. Por outro lado, a Prefeitura Municipal de São Paulo
(P.M.S.P.) poderá tanto desaconselhar o emprego de componentes
 considerados inadequados, como referendar a utilização de outros de qualidade notável.
As exigências específicas de reação ao fogo, constantes no Capítulo 12 - Circulação e
Segurança do C.O.E. e no Anexo 12 - Circulação e Segurança do L.O.E., apresentam-se resumidas na
TABELA 4.
Os revestimentos de paredes e pisos dos Espaços de Circulação Protegidos (item 12.9 do
C.O.E.) devem atender aos índices indicados na TABELA 8, de acordo com o uso da edificação, quando
ensaiados segundo as normas indicadas a seguir:
• Revestimento de Parede - NBR 9442/1986 - Materiais de Construção - Ensaio de Propagação
Superficial de Chama - Método do Painel Radiante.
• Revestimento de Piso - NBR 8660/1984 - Revestimento de Piso - Determinação da Densidade Crítica
de Fluxo de Energia Térmica.
Os tipos de proteção contra incêndio recomendados no Decreto Estadual N.º 38.069/93
constam do seu Capítulo V, onde se destaca a expressão proteção estrutural, que abrange as
compartimentações horizontal e vertical.
O Decreto não faz referência a nenhuma exigência de reação ao fogo dos materiais de
revestimento.
2.2.2 Município do Rio de Janeiro
Sobre o município do Rio de Janeiro, foram analisadas as regulamentações que contêm
exigências de segurança contra incêndio, ou seja:
- Decreto Estadual N-O 897, de 21 de setembro de 1976 (Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico -
COSCIP);
- Resolução N-' 142, de 15 de março de 1994 (Res. 142/94);
As exigências quanto à reação ao fogo dos materiais de acabamento são escassas nessas
regulamentações e só especificam o desempenho dos materiais para os seguintes casos:
- revestimento de edifício garagem (Art. 56 do COSCUP) - incombustível;
- peças de decoração, cenários e montagens transitórias para locais de reunião de público (Art. 92 do
COSCIP) - incombustíveis ou tratados;
- coberturas e barracas de parques de diversão (Art. 94 do COSCIP) - incombustíveis;
- materiais de construção dos circos (Art. 95 do COSCIP) - tratados com substâncias retardantes ao fogo;
- dutos e equipamentos do sistema de ar-condicionado isolados termicamente com materiais incombustíveis ou
com velocidade nula de propagação de chamas (Art. 75 da Rês. 142/94).
2.23 Município de Belo Horizonte
No município de Belo Horizonte, as regulamentações que contêm exigências de segurança contra
incêndio são as seguintes:
- Decreto Municipal N.º 2912, de 03 de agosto de 1976;
- Código Estadual de Proteção contra Incêndio de Minas Gerais (em fase de projeto).
O Decreto Municipal menciona exigências relativas ao emprego de elementos e materiais
construtivos, de acordo com a TABELA 5.
O Código Estadual de Proteção contra Incêndio de Minas Gerais se constituí numa proposta de
regulamentação, a qual ainda não se encontrava em vigor. No entanto, julguei interessante a sua inclusão já que
poderá vir a complementar as regulamentações existentes na área de segurança contra incêndio do Município de
Belo Horizonte.
Em relação à reação ao fogo dos materiais, exige-se somente que os revestimentos de
edificios-garagem. sejam incombustíveis (Art. 78, parágrafo 1).
2.2.4 Município de Curitíba
No Município de Curitiba, as regulamentações que contêm exigências de segurança contra incêndio
são as seguintes:
- Decreto Municipal W 73 1, de 16 de junho de 1969, que aprova o "Regulamento das Edificações Habitacionais e
de Edifícios Comerciais;
- Regulamento de Prevenção Contra Incêndios, Boletim CCB-098 de 25 de maio de 1992, do Corpo de
Bombeiros do Paraná.
As exigências relativas à reação ao fogo constantes no Decreto Municipal são reduzidas, conforme é
apresentado na TABELA 6.
O Regulamento de Prevenção contra Incêndio do Corpo de Bombeiros do Paraná estipula exigências
em relação à reação ao fogo que constam da TABELA 7.
2.2.5 Distrito Federal
Do Distrito Federal, analisou-se a regulamentação que contém exigências de segurança contra
incêndio, o Decreto Ne 11.258, de 16 de setembro de 1988 - Regulamento de Segurança contra Incêndio e
Pânico.
Suas exigências quanto à reação ao fogo dos materiais de acabamento são poucas e só
especificam o desempenho dos materiais para os seguintes casos:
- revestimento de edifício garagem (Art. 1531) - incombustível;
- peças de decoração, cenários e montagens transitórias para locais de reunião de público (Art. 104) -
incombustíveis outratados;
- coberturas e barracas de parques de diversão (Art. 106) - incombustíveis;
- materiais de construção dos circos (Art. 107) - tratados com substâncias retardantes ao fogo.
2.2.6 Norma Brasileira (ABNT)
A norma brasileira que fixa as condições mínimas de segurança para saídas de emergência e que
contém exigências de resistência e reação ao fogo é a NBR 9077/1993 - Saídas de emergência em Edifícios.
Suas exigências de reação ao fogo estão apresentadas na TABELA 8.
3 - A CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE REVESTIMENTO/ACABAMENTO E DOS
INCORPORADOS AOS ELEMENTOS QUE COMPÕEM OS SISTEMAS
CONSTRUTIVOS
A classificação dos materiais que constituem os revestimentos/acabamentos e dos incorporados
aos sistemas construtivos das edificações é um meio considerável para se providenciar a segurança contra
incêndio. Através da proteção contra o risco do crescimento e da propagação do incêndio, contra o risco à
vida humana e à propriedade, ela garante a eficácia do Sistema Global de Segurança contra Incêndio.
Dando continuidade à análise de regulamentações, porém com ênfase às classificações que as
mesmas apresentam, foram pesquisadas regulamentações estrangeiras, que propõem classificações para os
materiais quanto à reação ao fogo, dos seguintes países: Japão, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Ao
contrário do que aqui foi visto sobre o Brasil, esses países apresentam regulamentações eficazes na área de
segurança contra incêndio e possuem entidades de pesquisa que providenciam urna constante revisão e
atualização das mesmas, através de estudos e desenvolvimentos tecnológicos.
3.1 Japão
As regulamentações que contém exigências de segurança contra incêndio são as seguintes:
- Introduction to 77ie Building Standard Law;
- Mie Building Standard Law of Japan (BSL);
- The Building Standard Law Enforcement Order (BSLEO);
- lhe Building Standard Law Enforcement Regulation (BSLER);
- Notifications of Ministry of Construction.
As restrições para a utilização de materiais de acabamento dos edifícios aplicam-se para tetos e
paredes, de acordo com o tipo de uso, altura e construção, tendo como propósito a proteção contra os riscos
associados ao início, ao crescimento e à propagação do incêndio. 0 desenvolvimento de fumaça e gases
tóxicos também é verificado, de modo a garantir que os acessos às rotas de fuga sejam alcançados, permitindo
a evacuação segura do local do sinistro.
3.1.1 A classificação requerida pelo Ministério da Construção
Os tetos, paredes e respectivos revestimentos são objetos de restrições, pois os acabamentos que
recebem devem atender a requisitos impostos pelo Ministério da Construção, que os classificam como
materiais não-combustíveis, materiais semi-combustíveis e materiais fogo-retardantes.
O artigo 2, itens 7, 8 e 9 (9-2, 9-3 a. b.) do BSL e a parte 1(b) do Introduction to The Building
Standar Law estabelecem algumas terminologias, que são utilizadas em todas as regulamentações vigentes:
Edifícios resistentes ao fogo são aqueles que não têm sua estrutura comprometida, quando
exposta a uma situação de incêndio, e que não oferecem, riscos de propagação para as edificações vizinhas. A
lei define esses edifícios corno sendo aqueles que possuem suas principais partes (paredes, pisos, lajes, vigas,
pilares, telhados e escadas) construídas; com materiais resistentes ao fogo e que também têm portas e
vedações do tipo corta-fogo em áreas suscetíveis à passagem das chamas.
Construções em concreto armado, construções com estrutura de aço protegida contra a ação do
fogo e demais construções que apresentem um bom desempenho com relação a segurança contra incêndio são
classificadas como construções resistentes ao fogo.
Edifícios semi-resistentes ao fogo são aqueles que apresentam desempenho inferior aos edifícios
resistentes ao fogo com relação a segurança contra incêndio. Eles não são facilmente comprometidos pela ação
do mesmo e também não proporcionam sua propagação para as edificações vizinhas. São construídos com
materiais não-combustíveis e possuem paredes externas de acordo com as construções resistentes ao fogo.
Materiais não-combustíveis ou incombustíveis são aqueles que, quando submetidos a uma
combustão, não apresentam rachaduras, derretimento, deformações excessivas e não desenvolvem elevada
quantidade de fumaça e gases. Os materiais enquadrados nesta categoria geralmente são inorgânicos, como:
concreto, tijolo, cobertura para telhado, placa de amianto, aço, alumínio, vidro, argamassas ou outros similares,
que estejam em conformidade com os requisitos de incombustibilidade estabelecidos no BSLEO -
Notification N.º 1828.
Materiais semi-combustíveis são aqueles que apresentam baixa taxa de queima e pouco
desenvolvimento de fumaça ou gases, quando submetidos a um processo de combustão. Também não
apresentam rachaduras, derretimentos ou deformações excessivas. Fazem parte desta categoria de materiais os
painéis de gesso e os revestimentos metálicos que contêm quantidade mínima de madeira, papel ou plástico, e
apresentam-se em conformidade com os requisitos de combustibilidade estabelecidos no BSLEO -
Notification N.º 1231.
Materiais fogo-retardantes são aqueles como a madeira e o plástico que sofreram tratamentos
químicos para melhorar suas características de reação ao fogo, ou aqueles protegidos com superfícies
incombustíveis ou com produtos que apresentem dificuldade de queima, quando expostos a um processo de
combustão. Eles devem estar em conformidade com os requisitos de combustibilidade estabelecidos no
BSLEO - Notification N.º 1231.
3.1.2 Os métodos de ensaio
Para a classificação dos materiais e elementos construtivos com relação à combustibilidade, devem
ser realizados os ensaios descritos nas Notificações Nº 1231 -Designation of Quasi-Noncombustible
Materials and Fire Retardant Materials e Nº 1828 -Designation of Noncombustible Materials, do
Ministério da Construção.
A TABELA 9 apresenta os ensaios que classificam os materiais e componentes quanto à sua
combustibilidade.
3.2 Estados Unidos
3.2.1 O Uniform Building Code
O Uniform Building Code, constituído por três volumes, é o código que abrange de maneira
mais ampla a segurança contra incêndio nos Estados Unidos.
As restrições para a utilização de materiais de acabamento interno dos edifícios, estabelecidas
pelo ICBO através do UBC, aplicam-se para tetos e paredes, de acordo com o tipo de ocupação (uso) da
edificação. Seu propósito é o retardamento do crescimento do incêndio, controlando tanto a propagação do
fogo, como o desenvolvimento de calor.
3.2.2 Os materiais de revestimento e acabamento
Os acabamentos internos englobam lambris, painéis ou qualquer outro material aplicado com
finalidades estruturais ou decorativas, correção acústica, isolamento térmico, saneamento e propósitos
similares. Os requisitos mencionados no capítulo 8 não se aplicam para adornos (por exemplo: quadros),
móveis, rodapés e corrimãos, portas e janelas (ou guarnições) ou para materiais com espessura inferior a 0,9
mm (filmes), aplicados diretamente sobre tetos e paredes e que possuam características de propagação de
chamas não mais relevantes que as de uma folha de papel da mesma espessura, aplicada sobre base de
material incombustível.
Espumas plásticas não devem, ser utilizadas como acabamento interno de edificações, exceto
quando empregadas com a função de isolamento térmico. Neste caso, além de serem sobrepostas por
barreiras resistentes ao fogo, devem apresentar índice de propagação superficial de chama não superior a 75 e
índice de fumaça não superior a 450, quando submetidas ao ensaio segundo o método descrito na norma UBC
Standard 8-1, equivalente ao método de ensaio descrito na norma ASTM E 84.
3.2.3 A classificação dos materiais
As características de propagação superficial da chama são determinadas a partir do ensaio
descrito no UB.C. Standard 8-1 - Test Method for Surface-burning Characteristicsof Building Materials.
As classes em que o material pode se enquadrar dependem do índice de propagação superficial
de chama obtido, conforme é apresentado na TABELA 10. A densidade de fumaça, determ i nada também
através do UBC Standard 8-1, não deve superar o valor de 450.
3.2.4 Os revestimentos têxteis
Materiais têxteis quando utilizados como revestimento de paredes e tetos devem ser ensaiados
conforme o método disposto na norma UBC Standard 8-2 - Standard Test Method for Evaluating Room
Fire Grouth Contribution of Textile Wall Covering. (ver FIGURA 8). Este ensaio é o mesmo adotado pela
ISO 9705 - Fire tests - FuIl-scale room test for surface products.
Carpetes utilizados como revestimento de tetos e/ou pisos (ou qualquer outro material similar)
devem estar enquadrados na Classe I de propagação superficial de chama.
3.2.5 A limitação do uso dos materiais em função da classe em que se enquadram e do tipo de
ocupação
A limitação das classes de propagação superficial de chama para os materiais utilizados no
acabamento de paredes e tetos obedecem ao disposto na TABELA 11.
Notas:
1 - Espuma plásticas devem estar de acordo com o anteriormente exposto (Capítulo 7 do UBC).
- Carpetes aplicados sobre tetos devem sempre pertencer à classe 1.
- Acabamentos têxteis, de parede devem pertencer à classe 1 para ambientes protegidos com sistema de
chuveiros automáticos ou serem aprovados no ensaio segundo o método UBC Standard 8-2 - Standard
method for evaluating room fire growth contribution of textile wall covering, testados conforme aplicados
"in loco", isto é, com cola e quaisquer outros materiais envolvidos na aplicação.
2 - A classificação para acabamentos não é aplicável para paredes e tetos de varandas e sacadas externas,
3 - No grupo A, divisão 3 e divisão 4, a classe III pode ser utilizada,
4 - No grupo I divisão 2 e divisão 3, a classe II pode ser utilizada, ou a classe III desde que o ambiente seja
provido de sistema
de chuveiros automáticos
5 - Em locais em que as liberdades pessoais dos internos são restringidas, deve ser utilizado apenas material
classe 1,
6 - Acima de dois pavimentos deve ser utilizado classe II,
7 - Propagação superficial de chama não é aplicável para cozinha e banheiros do grupo R- divisão 3 de
ocupação.
Algumas exceções são consideradas:
• Exceto para o Grupo I de ocupação e para rotas de fuga enclausuradas verticais, pode ser utilizado
materiais enquadrados na Classe IH de propagação de chama nas áreas destinadas a outras rotas de fuga.
Da mesma forma, tais materiais são permitidos quando utilizados como placas de revestimento (com altura
máxima de 1219 mm acima do nível do piso) de paredes e/ou placas de fixação de papéis e/ou boletins,
porém não devem ocupar mais que 5% da área total da parede;
• Quando o ambiente apresenta sistema de chuveiros automáticos a classe da propagação superficial de
chama pode ser reduzida em um nível, porém nunca devem ser utilizados materiais que apresentem valores
do índice de propagação superficial ide chama maiores do que os estabelecidos para a Classe III.
3.3 Canadá
Nesta pesquisa, tomou-se como objeto de estudo o Natíonal Building Code of Canada -NBC
(1990), onde estão apresentadas não só as classificações dos materiais utilizados como acabamento e/ou
incorporados aos sistemas construtivos em função do tipo de ocupação, como também os requisitos para os
acabamentos internos das edificações,
Os materiais utilizados como acabamento interno de tetos e paredes são restringidos em função da
propagação de chama, da quantidade de fumaça que desenvolvem, do tipo de ocupação e do local da
edificação onde serão utilizados.
3.3.1 A classificação dos materiais
A determinação das taxas de propagação de chamas e de desenvolvimento de fumaça é obtida
através do método de ensaio descrito na norma CAN/ULC - S1022 - M -Standard Method of Test for
Surface Burning Characteristics of Flooring, Floor Covering and Miscellaneows Materials and
Assemblies.
As classes de enquadramento dos materiais em função do índice de propagação de chamas
obtidas são: Classe 1 (0-25), Classe 2 (26-75) e Classe 3 (76-150).
O ensaio segundo a norma CAN/ULC - S1022 - M para determinação do índice de propagação
de chamas é bem similar ao utilizado nos Estados Unidos (UBC Standard 8-1), com exceção no
procedimento de cálculo, que fornece valores para o índice de propagação de chamas ligeiramente maiores, e
no limite superior da terceira classe, adotado como 150, enquanto o UBC Standard 8-1 estabelece o valor de
200.
3.3.2 Os máximos valores da propagação superficial de chama por tipo de ocupação, localidade ou
elemento
O NBC considera como acabamento interno qualquer material que seja utilizado em superfície de
piso, parede, divisória ou teto, como:
(a) acabamentos internos de argamassa plástica, madeira ou cobertura (telha);
(b) acabamentos em tecido, pintura, plástico, folheado de madeira ou papel de paredes;
(c) portas, janelas e adereços;
(d) elementos de iluminação incorporados à cobertura (difusores e/ou domo);
(e) material do tipo carpete.
O índice de propagação superficial de chama para acabamentos internos de paredes e tetos,
incluindo tetos envidraçados e clarabóias, não pode apresentar valores de propagação de chama superiores a
150, conforme é apresentado na TABELA 12.
3.3.3 Os edifícios altos
Experiências com edifícios altos têm mostrado que o tempo requerido para uma total evacuação
das pessoas pode exceder àquele considerado necessário para a saída segura de todos os ocupantes. Estudos
sobre o efeito chaminé (chimney effect) e observações da movimentação da fumaça em incêndios reais têm
mostrado que os dispositivos e soluções adotados para a compartimentação do fogo, usualmente, não
promovem uma estanqueidade vertical eficiente entre áreas, isto é, há pouca estanqueidade da fumaça e dos
gases quentes entre os pisos e através do poço do elevador, das escadas e das passagens verticais. A
TABELA 13 apresenta os máximos valores da propagação superficial de chama e densidade de fumaça para
os edifícios altos.
Os ocupantes dos edifícios considerados altos, particularmente os que estão nos andares mais
elevados, em geral se deparam com condições severas de exposição à fumaça, numa situação de incêndio
ocorrido nos andares inferiores.
3.4 Inglaterra
O Building Regulation (BR) de 1991 entrou em exercício a partir de junho de 1992, em
substituição ao Building Regulations de 1985, consolidando todas as revisões das regulamentações. Este
documento é de responsabilidade do Department of the Environment and the Welsh Office e foi aprovado
pela Secretary of State.
A segurança contra incêndio fica reservada ao Building Regulations - Fire Safety, Part B, o
qual se constitui de cinco capítulos: B1. Rotas de fuga; B2. Propagação do fogo - Interna (revestimentos); B3
Propagação do fogo - Interna (estrutura); B4. Propagação do fogo - Externa e B5. Acessos e meios de
combate.
Os materiais utilizados como acabamento interno são restringidos em função da facilidade de
ignição e da taxa de desenvolvimento de calor, características estas que estão diretamente relacionas com o
tempo necessário para eles alcançarem a inflamação generalizada e haver a propagação das chamas para
outros ambientes.
3.4.1 Os métodos de ensaios
Os métodos de ensaios que constam nas BS (British Standard), propostos pelo Building
Regulations (1991), e que providenciam restrições com relação ao comportamento frente, ao fogo e à
propagação superficial de chama são BS 476.Part6:1989 Fire on Building Materials and Structures - Part
6 Method of test for fire propagation for products e BS 476-Part7:1997 Fire Tests on Building Materials
and Structures - Part 7 Method of test to determine the classífication of the surface spread of
flame of products, respectivamente.
No método de ensaio descrito na norma BS 476:Part 6, a amostra é submetidaà um regime
específico de aquecimento. São medidas características de vários efeitos combinados, tais como: ignição do
material, quantidade e taxa de desenvolvimento de calor e propriedades térmicas que o material apresenta,
relacionadas a sua capacidade de contribuir para o incêndio.
O índice de propagação do fogo fornece uma medida comparativa que os materiais planos
oferecem ao crescimento do fogo. Este ensaio em primeiro lugar, ao estudo do comportamento dos materiais
de acabamento/revestimento interno de paredes e tetos frente ao fogo.
O método de ensaio segundo a BS 476:Part 7 consiste em submeter a amostra à um regime
específico de aquecimento e ignição - São medidas características de vários efeitos combinados, tais como as
características de ignição e a extensão de propagação de chama sobre a superfície do material. O resultado do
ensaio é dado em função da distância e da taxa de propagação de chama que o material apresenta.
As classes propostas pela BS 476:Part 7 variam desde a Classe 1 (que denota o melhor
desempenho) até a Classe 4 (que denota o pior desempenho). Este ensaio fornece dados para uma
comparação entre os materiais utilizados, como revestimento final de paredes e tetos.
3.4.2 A classificação requerida dos materiais em função da localidade a que são destinados
As definições de paredes e tetos que o Building Regulations (1991) apresenta, em sua seção 6,
são as seguintes:
(a) são admitidos como paredes: superfícies envidraçadas (exceto vidros em portas) e qualquer parte do teto
que esteja disposta de modo a formar um ângulo maior que 70º com a horizontal. Não são consideradas,
como paredes, portas e/ou batentes, guarnições de janelas, vigas e materiais estofados aplicados.
(b) são admitidos como tetos: superfícies envidraçadas e qualquer parte de parede que esteja disposta de
modo a formar um ângulo igual ou inferior a 70º com a horizontal. Não são considerados, como tetos, as
portas de alçapão e suas guarnições, guarnições de janelas ou clarabóias e vigas.
A TABELA 14 específica a classe a qual determinado material de revestimento e/ou. acabamento
deve pertencer em função da localidade em que será utilizado.
(*) A classe 0, não estabelecida na norma, representa a melhor classificação de comportamento do material frente ao
fogo e é obtida para materiais que sejam enquadrados na Classe 1 pela BS 476:Part7 e apresentem índice de
propagação (I) não superior a 12 e subíndice (i) não maior que 6 (BR, 1991, p. 94 item A12).
OBSERVAÇÃO: o material de revestimento de parte das paredes que compõem um ambiente pode estar enquadrado
em classe inferior às apresentadas na tabela, porém nunca inferior a classe 3, desde que a área total destas partes de
parede não excedam a metade da área do piso do ambiente em questão e sendo esta área total limitada em 20 m2 para
edifícios residenciais, e 60 m2 para edifícios não-residenciais.
4 - AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS PRODUTOS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO
CIVIL NA EUROPA
Frente às exigências do Mercado único Europeu, o Comitê Europeu de Normalização (CEN)
criou um grupo técnico de estudos (CEN/TC 127: Fire Safety in Building) com a finalidade de harmonizar os
ensaios de resistência e reação ao fogo.
Todos trabalhos e esforços dispensados têm como objetivo buscar uma uniformização e
padronização da regulamentação de segurança contra incêndio, para obter uma classificação dos produtos
utilizados na construção civil quanto à reação ao fogo.
4.1 As Euroclasses
A solução proposta, conhecida como Euroclasses, na realidade, contempla a identificação de
métodos de ensaios europeus já existentes e em desenvolvimento Deve-se levar em conta que, uma vez
definidos os métodos de ensaios, deve-se ter liberdade para determinar (BERNA, 1996):
(a) o número de classes (relacionado com um ou mais tipos de uso previstos: revestimentos de estruturas de
aço, paredes, fachadas, etc.);
(b) a ponderação dos parâmetros fundamentais (inflamabilidade, propagação de chamas, quantidade de
calor desenvolvido, etc.);
(c) as regulamentações nacionais (decisão unilateral de que classe de produto pode ser utilizada,
dependendo da configuração construtiva e de sua finalidade).
Baseada na informação recompilada dos Estados membros e na identificação da filosofia que está
por trás dos requisitos de cada Estado, a Comissão da Comunidade Européia (CCE) adotou, em 1994, uma
decisão relativa à classificação européia para os materiais de construção, concernentes a suas características de
reação ao fogo. Tal decisão estabelece dois grandes grupos: I. materiais e produtos de construção com
exclusão de pisos e R. materiais para pisos.
Em função do objetivo proposto pela presente pesquisa, será analisado aqui o desempenho frente
ao fogo apenas dos materiais e dos produtos abrangidos pelo grupo 1. 0 grupo 1 é formado pelos seguintes
itens:
(a) produtos para paredes e tetos, incluindo seus revestimentos superficiais;
(b) produtos incorporados ao sistema construtivo;
(c) tubulações em geral;
(d) produtos para fachada e/ou muros exteriores.
As Euroclasses previstas para o grupo 1 são seis: A, B, C, D, E e F, sendo a Classe A destinada
aos materiais com melhor desempenho e a Classe F aos materiais com pior desempenho (ver TABELA 15).
As características de cada classe são:
Classe F. Nenhuma característica determinada: materiais aos quais não são especificadas características
de reação ao fogo ou que não podem ser enquadrados nas Classes A, B, C, D ou E.
Classe E. Reação ao fogo aceitável: produtos com capacidade de resistir, durante um breve período de
tempo, à exposição de uma pequena chama, sem que se produza uma substancial propagação da mesma.
Classe D. Contribuição ao fogo aceitável: produtos que cumprem os requisitos da classe E e que são
capazes de resistir, durante um período maior de tempo, à exposição de uma pequena chama, sem que se
produza uma substancial propagação da mesma e com limitação quanto ao gotejamento em chamas. Quando
submetidos ao ensaio SBI (small burning item), que está definido em 4.4.3, esses produtos devem
apresentar:
- tempo para ignição suficientemente grande;
- propagação de chama, desenvolvimento de calor e fumaça limitados;
- gotejamento em chamas e desprendimento de partículas carbonizadas reduzidos.
Classe C. Contribuição ao fogo limitada: como na classe, D, porém cumprindo requisitos mais severos.
Classe B. Contribuição ao fogo muito limitada: produtos que cumprem requisitos mais severos que os da
classe C. Porém, em condições de um incêndio completamente desenvolvido, eles não contribuem para um
significativo aumento da carga térmica do recinto, bem como para o desenvolvimento do fogo.
Classe A. Nenhuma contribuição ao fogo: produtos que não contribuem para o incêndio, mesmo numa
situação em que o sinistro se encontre completamente desenvolvido. Por esta razão, admite-se que eles
cumprem automaticamente todas as exigências estabelecidas para as classes anteriormente mencionadas.
Os critérios de aceitação apresentados na última coluna da Tabela 24 são provenientes das
experiências do comportamento dos produtos durante um incêndio, levando-se em consideração suas
condições de uso final.
Aspectos importantes como o desenvolvimento de fumaça, o gotejamento em chamas, a
toxicidade dos gases desenvolvidos e o pré-condicionamento dos corpos-de-prova são também considerados
por alguns Estados membros. 0 desenvolvimento de fumaça, o gotejamento em chamas e a contração do
material são aspectos abordados no ensaio SBI (single burning item). Para as classes C, D e E o
gotejamento em chamas e a contração dos materiais também podem ser verificados através do ensaio SF
(small flame).
5 - PROPOSTA DE UMA CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS EM RELAÇÃO À REAÇÃO
AO FOGO
Através de estatísticas, ficou provado que a maioria dos incêndios tem início através da ignição
dos materiais trazidos para o interior do edifício e não nos agregadosao mesmo. Contudo, todos os materiais
combustíveis presentes, sejam os trazidos para o interior do edifício, sejam os utilizados como
acabamento/revestimento de tetos e paredes ou os incorporados aos sistemas construtivos, podem contribuir
para o desenvolvimento do fogo.
Os materiais combustíveis podem envolver-se em variadas fases dos incêndios. Como
conseqüência, os ensaios de reação, ao fogo devem apresentar diferentes níveis de exposição, simulando as
fases do incêndio, desde seu início (primeira fase) até quando ele se mostra completamente desenvolvido
(segunda fase).
Neste trabalho, a classificação proposta visa avaliar o comportamento, do material ainda na
primeira fase, ou seja, antes do momento de ocorrência da inflamação generalizada, podendo-se, deste modo,
controlar os riscos de crescimento e propagação do fogo no ambiente de origem. Como conseqüência, tem-se
o prolongamento do tempo para o ingresso na segunda fase do incêndio, favorecendo a fuga dos ocupantes e
as operações de combate e resgate, ainda na primeira fase.
A FIGURA 3 apresenta as fases de um incêndio associadas às propriedades de reação ao fogo
como, por exemplo: a ignitabilidade, a propagação das chamas e o calor desenvolvido.
O comportamento dos materiais ao fogo é, de maneira geral, muito complexo e não depende
apenas da composição química destes. A sua forma física, a área superficial exposta, a inércia térmica e a
orientação (vertical ou horizontal) são fatores que influenciam no desempenho dos materiais, quando
submetidos a uma fonte de calor.
Deve-se ressaltar que o ambiente e os tipos de serviço ali desenvolvidos, a intensidade de uma
provável fonte de ignição e o tempo de sua aplicação e ainda as condições de ventilação durante o processo
de combustão podem influenciar decisivamente no comportamento dos materiais frente ao fogo.
5.1 A associação dos elementos do Sistema Global de Segurança contra Incêndio aos ensaios para o
controle das características de reação ao fogo dos materiais
Os materiais utilizados no acabamento/revestimento de tetos e paredes e os incorporados aos,
sistemas construtivos podem influenciar na evolução de um, incêndio de duas maneiras.
A primeira ocorre em função do posicionamento do material no ambiente. Por exemplo, a
propagação de - chamas na superfície exposta de um teto mostra-se mais crítica para o desenvolvimento do
fogo do que sua propagação pelo piso, pois a transferência de calor, a partir de um foco de incêndio, é muito
mais crítica no teto.
A localização dos materiais dentro dos ambientes caracteriza a segunda maneira. A propagação
do fogo nos tetos próximos às janelas é muito, mais, crítica do que quando afastados das mesmas. Isto ocorre
porque, além da emissão de chamas para fora das janelas, o que poderá provocar a propagação do fogo para
os andares superiores, a evolução do incêndio poderá ter a contribuição das chamas e gases quentes oriundos
de andares inferiores, se houver a ocorrência de um sinistro nesses pavimentos.
Portanto, o controle das características de reação ao fogo dos materiais associa-se aos elementos
limitação do crescimento e propagação do incêndio e precaução contra a propagação do incêndio entre
edifícios, constituintes do Sistema Global de Segurança contra Incêndio.
O elemento do sistema global denominado evacuação segura do edifício, pode ser influenciado
por outra característica de reação ao fogo que é a fumaça gerada pelos materiais durante o processo de
combustão.
5.2 A classificação proposta
Os ensaios adotados para a definição do comportamento dos materiais frente ao fogo seriam:
- ISO 1182 – Fire test - Building Materials - Non-combustíbilíty test;
- NBR 9442 - Materiais de construção - Determinação do índice de propagação superficial de chama pelo
método do painel radiante;
- ISO 9705 - Fire tests - FuIl-scale room test for surface products;
- ASTM E 662 - Specific optical densíty of smoke generated by solid materials;
- ISO 1716 - Building materials - Determination of calorific potential.
Os valores para cada determinação estão apresentados na TABELA 16.
Através dos ensaios propostos, é possível selecionar os materiais utilizados como
revestimentos/acabamentos de tetos e paredes e os incorporados aos sistemas construtivos ainda no processo
produtivo dos edifícios, proporcionando melhoria significativa na segurança contra incêndio em relação ao
desenvolvimento da primeira fase do sinistro, antes da ocorrência da inflamação generalizada.
BOLETINS TÉCNICOS PUBLICADOS
BT/PCC/202 Áreas de Risco (Associado a Escorregamentos) para a Ocupação Urbana: Detecção e Monitoramento com
o Auxilio de Dados de Sensoriamento Remoto - MARIA AUGUSTA JUSTI PISANI, WITOLD ZMITROWICZ. 19
p.
BT/PCC/203 Um Sistema para Planejamento Econômico-Financeiro de Empreendimentos Imobiliários ELIANE SIMÕES
MARTINS, JOÃO DA ROCHA LIMA Jr. 35 p.
BT/PCC/204 Proteção do concreto - Uma Necessidade em Indústrias de Celulose e Papel WELLINGTON L. REPETTE,
PAULO HELENE. 16 p.
BT/PCC/205 Intervenção Habitacional em Cortiços na Cidade de São Paulo: 0 Mutirão Celso Garcia FRANCISCO DE
ASSIS COMARÚ ALEX KENYA ABIKO. 20 p.
BT/PCC/206 Mutirão Habitacional: Adequação de Processos e Sistemas Construtivos - VIVIANE PALOMBO CONCÍLIO,
ALEX KENYA ABIKO. 20 p.
BT/PCC/207 Reconstituição de Traço de Argamassas: Atualização do Método IPT - VALDECIR ANGELO QUARCIONI,
MARIA ALBA CINCOTTO. 27 p.
BT/PCC/208 Avaliação de Desempenho de Componentes e Elementos Construtivos Inovadores Destinados a
Habitações. Proposições Específicas à Avaliação do Desempenho Estrutural - CLÁUDIO V. MITIDIERI
FILHO, PAULO R. L. HELENE. 38 p.
BT/PCC/209 Base de Dados Espacial Computadorizada para o Projeto Colaborativo na Área de Edificações - SÉRGIO
LEAL FERREIRA, ALEXANDRE KAWANO. 15 p.
BT/PCC/210 Metodologia para Elaboração do Projeto do Canteiro de Obras de Edifícios - EMERSON DE ANDRADE
MARQUES FERREIRA, LUIZ SÉRGIO FRANCO. 20 p.
BT/PCC/211 Reflexões sobre uma Experiência Realizada no Curso de Engenharia Mecânica da UNESP Campus de Ilha
Solteira - ZULIND LUZMARINA FREITAS, DANTE FRANCISCO VICTÓRIO GUELPA. 10 p.
BT/PCC/212 Inibidores de Corrosão - Influência nas Propriedades do Concreto - RENATO LUIZ MACEDO FONSECA,
JOÃO GASPAR DJANIKIAN. 20 p.
BT/PCC/213 Ray Tracing Parametrizado Incremental - EDUARDO TOLEDO SANTOS, JOÃO ANTÔNIO ZUFFO. 09 p.
BT/PCC/214 Modelo para Previsão do Comportamento de Aquecedores de Acumulação em Sistemas Prediais de Água
Quente - ARON LOPES PETRUCCI, EDUARDO IOSHIMOTO. 26 p.
BT/PCC/215 Influência da Formulação das Tintas de Base Acrílica como Barreira Contra a Penetração de Agentes
Agressivos nos Concretos - KAI LOH UEMOTO, VAHAN AGOPYAN 20 p..
BT/PCC/216 Análise da Porosidade e de Propriedades de Transporte de Massa em Concretos - NEIDE MATIKO NAKATA
SATO, VAHAN AGOPYAN. 20 p.
BT/PCC/217 Estruturação Urbana: Conceito e Processo. WITOLD ZMITROWICZ. 51 p.
BT/PCC/218 Formação da Taxa de Retorno em Empreendimentos de Base Imobiliária. JOÃO DA ROCHA LIMA JUNIOR.
36 p.
BT/PCC/219 Ligação de Peças Estruturais de Madeira com Tubos Metálicos. CARLOS ROBERTO LISBOA, JOÃO CESAR
HELLMEISTER. 28 p.
BT/PCC/220 Contribuições para a Estruturação de Modelo Aberto para o Dimensionamento Otimizado dos Sistemas
Prediais de Esgotos Sanitários. DANIEL C. SANTOS, ORESTES MARRACCINI GONÇALVES. 12 p.
BT/PCC/221 Implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade em Empresas de Arquitetura. JOSAPHAT LOPES BAÍA,
SILVIO BURRATTINO MELHADO. 21 p.
BT/PCC/222 Proposta de Classificação de Materiais e Componentes Construtivos com Relação ao Comportamento
Frente ao Fogo - Reação ao Fogo. MARCELO LUIS MITIDIERI, EDUARDO IOSHIMOTO. 25 p.

Outros materiais